Você está na página 1de 2

UOL

São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPORTE

Comércio paralelo pode servir para burlar a taxa de


administração

Perueiro admite vender passe a


camelô
DO "AGORA"

Parte dos 5.132 perueiros de São Paulo deixou de repassar à


prefeitura os passes que recebe dos passageiros. A SPTrans
(empresa que administra o sistema de ônibus) reconhece o
golpe e diz que as lotações serão punidas.
Dois dos oito consórcios cadastrados para transportar os
usuários confirmaram ontem à reportagem que até 50% dos
seus perueiros não repassam os passes às cooperativas.
"Estamos tentando orientá-los sobre esse problema" disse
Senival Pereira de Moura, diretor da CooperAlfa.
De acordo com Moura, como as lotações demoram cinco
dias para serem reembolsadas pela prefeitura, os perueiros
preferem vender os passes a camelôs -o que é possível
porque não há catraca nas lotações. "Os motoristas precisam
pagar suas contas e não podem esperar."
Na hora de repassar o dinheiro aos perueiros, a SPTrans
desconta R$ 0,02, taxa cobrada para gerenciamento,
fiscalização e planejamento do sistema. Na negociação direta
com os camelôs, os perueiros se livram da taxa e a SPTrans
deixa de ganhar o dinheiro.
De acordo com o diretor financeiro do sistema, Adalto
Farias, com o comércio ilegal dos passes, a empresa deixa de
produzi-los, já que o mesmo pode ser usado diversas vezes.
Segundo ele, a SPTrans recebe 13 milhões de passes por
mês. "Calculo que nessa venda paralela 2% dos passes não
retornam diretamente à SPTrans", disse.
São os próprios motoristas que declaram quantos passageiros
transportaram e, consequentemente, quanto de taxa serão
obrigados a pagar à prefeitura.

Menos fiscalização
O dinheiro que a SPTrans deixa de arrecadar com a
negociação paralela de passes entre perueiros e camelôs é
destinado, originalmente, a gerenciamento, fiscalização e
planejamento do sistema de transporte da capital.
Se houver fraude, a prefeitura terá menos dinheiro, por
exemplo, para gastar com a contratação e deslocamento de
fiscais. Com menos fiscalização, atrasos de partidas e
circulação de clandestinos deixam de ser punidos. No final,
quem acaba pagando a conta é o usuário do sistema.
O reembolso também é usado, segundo a SPtrans, para
descontar multas que os perueiros não pagam após o
vencimento.
A obrigatoriedade da troca de passes com a prefeitura entrou
em vigor em abril, quando o contrato emergencial de
perueiros começou a valer.
Até a conclusão desta edição, a SPTrans não havia
informado o valor do prejuízo que está tendo com o
comércio clandestino de passes.

Texto Anterior: Trânsito bate recorde de lentidão no ano


Próximo Texto: Ibirapuera: Prefeitura não tem data para
reduzir horário de parque
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.

Você também pode gostar