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PAOLIELLO, C. (2016) Relatório de Pós-doutoramento.

Faculdade de Belas-
Artes, Universidade de Lisboa, p.199-213

| Do artesanato para o fazer local |

| introdução |
Este texto tem como objetivo apresentar os diversos conceitos de artesanato
para definir, ao final, o conceito de ‘fazer local.’ O aparente excesso de
citações foi intencional. Foi uma licença textual escolhida para apresentar na
íntegra os pensamentos e as palavras dos autores estudados. Vale dizer que
não se trata de um estado da arte sobre o artesanato, mas sim de uma coleta
feita ao longo deste último ano nos diversos textos lidos. Os trechos foram
dispostos de maneira a facilitar o entendimento dos importantes pontos sobre
este assunto para fundamentar o que denominei por ‘fazer local’.
Vale iniciar com as palavras de Cavalcante (2014) sobre o artesanato.
O artesanato, de modo geral, se mantém presente em
diferentes culturas, ao longo dos séculos, e mesmo com o
avanço da industrialização os artesãos dão continuidade às
suas tradições passando de geração a geração seus saberes
e registrando nos artefatos seus conhecimentos.
(CAVALCANTE, 2014, p.34)

Estudar o artesanato é entender como uma sociedade se organiza, como ela


se coloca e se materializa em seus objetos. É que estes “são capazes de
transcender as fronteiras do tempo e do espaço” (NOGUEIRA, 2002). Em sua
concepção, perpassam aspectos culturais e sócio-econômicos; viabilidade
técnica; exigências de utilidade e durabilidade; facilidade de fabricação,
reprodução, manutenção e reposição; economia de materiais; além da
discussão da atribuição de valores e funções simbólicas, educativas,
estéticas e éticas.
Ou como colocado por Cavalcanti, Andrade e Silva (2009),
Os artefatos revelam hábitos, valores, conhecimentos,
conceitos e necessidades que analisadas em conjunto
permitem compreender o processo da evolução da
humanidade. Como testemunhas silenciosas da nossa
civilização, os artefatos representam a nossa cultura, material
e imaterial, revelando a diversidade dos modos de fazer, das
formas de organização e gestão, entre outros. (CAVALCANTI,
ANDRADE e SILVA, 2009, p.72)

No Simpósio Crafts and the international market: trade and customs


codification promovido pela UNESCO em 1997, foi colocado que o carácter
especial dos produtos artesanais decorre das suas características distintivas,
que podem ser utilitárias, estéticas, artísticas, criativas, ligadas a uma cultura,
decorativas, funcionais, tradicionais, religiosas e socialmente simbólicas e
significativas (UNESCO, 1997, p.3).
Estudar os diversos conceitos ao redor destes objetos e desta importante
prática, faz-se então necessário e é o objetivo maior deste artigo,
principalmente porque, durante o estudo de pós-doutoramento, foi possível
visualizar uma diferença entre a definição de artesanato no Brasil e em
Portugal. Espera-se esclarecer ao longo do texto este ponto, apresentando
os conceitos e expectativas de cada país.
Há divergências e imprecisão na definição do termo porque
(...) os produtos considerados artesanais modificam-se ao se
relacionarem com o mercado capitalista, o turismo, ‘a
indústria cultural’ e com as ‘formas modernas’ de arte,
comunicação e lazer. (CANCLINI, 1983, p.79)

| artesanato: definições e classificações |


Começar-se-á com a definição da UNESCO para patrimônio imaterial
colocada durante a Convenção de 2003.
Entende-se por “património cultural imaterial” as práticas,
representações, expressões, conhecimentos e competências
– bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços
culturais que lhes estão associados – que as comunidades,
grupos e, eventualmente, indivíduos reconhecem como
fazendo parte do seu património cultural. Este património
cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em
função do seu meio envolvente, da sua interacção com a
natureza e da sua história, e confere-lhes um sentido de
identidade e de continuidade, contribuindo assim para
promover o respeito da diversidade cultural e a criatividade
humana. (UNESCO, 2003, p.3)

O fazer artesanal é, provavelmente, uma das manifestações mais tangíveis


deste patrimônio intangível, tendo como foco principal os conhecimentos e
capacidades envolvidas no artesanato.
Segundo o dicionário Houaiss (2001), artesanato é “a arte e a técnica do
trabalho manual não industrializado, realizado por artesão, e que escapa à
produção em série; tem finalidade a um tempo utilitária e artística”.
Neto (2009, p.3) também entende que “podemos compreender como
artesanato toda atividade produtiva de objetos realizados manualmente, ou
com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com habilidades
destreza, apuro técnico, engenho e arte”. Para este autor, a técnica, a
herança e a identidade estão no cerne do que é o artesanato.
Já de acordo com Dantas, Guimarães e Almeida, (2009)
o artesanato pode ser caracterizado como uma atividade
produtiva realizada individualmente ou em pequenos grupos
de pessoas em que o trabalhador é tanto dono dos meios de
produção que utiliza quanto do próprio produto produzido.
Nesta atividade, geralmente, usa-se instrumentos de trabalho
mais simples, como também não se percebe uma divisão de
tarefas em escala sofisticada. Ao contrário, os artesãos tem
completo conhecimento de todas as etapas de produção,
executando-as totalmente ou quase todas. Se existir divisão
técnica do trabalho, esta se apresenta bastante rudimentar.
Nestes termos, a produção artesanal pode se destinar tanto
ao consumo próprio quanto ao mercado. (DANTAS,
GUIMARÃES e ALMEIDA, 2009, p.2)

Bolognini (1988, p.101) classifica o artesanato em “erudito” que ocorre


quando se tem o artesanato dirigido e ensinado e o “folclórico” quando a
atividade é exercida de forma espontânea. Neste último, o conhecimento de
materiais e técnicas é transmitido pela herança e pela história oral, e
considera as particularidades constitutivas da formação social de uma
comunidade, de seu tempo e espaço.
Entretanto, o trabalho mais completo sobre este termo é o elaborado pelo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),
importante instituição brasileira, no seu Termo de Referência de 2010. Além
da definição, ele apresenta uma classificação em categorias que considera o
processo de produção, a origem, o uso e o destino dos produtos artesanais.
A partir do conceito proposto pelo Conselho Mundial do
Artesanato, define-se como artesanato toda atividade
produtiva que resulte em objetos e artefatos acabados, feitos
manualmente ou com a utilização de meios tradicionais ou
rudimentares, com habilidade, destreza, qualidade e
criatividade. (SEBRAE, 2010, p.12)

Sua produção é feita de pequenas séries com regularidade, seus produtos


apresentam semelhanças mesmo sendo diferenciados entre si, existe um
compromisso com o mercado e, normalmente, é fruto de uma
necessidade. Destaca-se ainda quatro categorias:
− Artesanato indígena: São os objetos produzidos no seio de uma comunidade
indígena, por seus próprios integrantes. É, em sua maioria, resultante de
uma produção coletiva, incorporada ao cotidiano da vida tribal, que prescinde
da figura do artista ou do autor.
− Artesanato tradicional: Conjunto de artefatos mais expressivos da cultura de
um determinado grupo, representativo de suas tradições, porém
incorporados à sua vida cotidiana. Sua produção é, em geral, de origem
familiar ou de pequenos grupos vizinhos, o que possibilita e favorece a
transferência de conhecimentos sobre técnicas, processos e desenhos
originais. Sua importância e seu valor cultural decorrem do fato de ser
depositária de um passado, de acompanhar histórias transmitidas de
geração em geração, de fazer parte integrante e indissociável dos usos e
costumes de um determinado grupo.
− Artesanato de referência cultural: São produtos cuja característica é a
incorporação de elementos culturais tradicionais da região onde são
produzidos. São, em geral, resultantes de uma intervenção planejada de
artistas e designers, em parceria com os artesãos, com o objetivo de
diversificar os produtos, porém preservando seus traços culturais mais
representativos.
− Artesanato conceitual: Objetos produzidos a partir de um projeto deliberado
de afirmação de um estilo de vida ou afinidade cultural. A inovação é o
elemento principal que distingue este artesanato das demais categorias. Por
detrás desses produtos existe sempre uma proposta, uma afirmação sobre
estilos de vida e de valores, muitas vezes explícitos por meio dos sistemas
de promoção utilizados, sobretudo àqueles ligados ao movimento ecológico e
naturalista. (SEBRAE, 2010, p.14)

Para Filipa Sousa (2010)


(...) o “artesanato original” transporta memórias de um saber
fazer que acarreta ligações estreitas com um património
sociológico, histórico e cultural específico. Os produtos são
fruto da habilidade e criatividade manual do artesão que
busca o seu constante aperfeiçoamento na perspectiva do
utilizador. Neles impera o trabalho manual, recorrendo a um
mínimo de ferramentas, o que permite um controlo quase
absoluto do seu ciclo. (SOUSA, 2010, p.15)

A mesma autora acrescenta uma preocupação sobre o crescimento do


‘artesanato tradicional de cópia’ que reproduz as peças originais sem a
qualidade devida e os traços característicos e históricos (SOUSA, 2010, p.22).
Como afirmado por Cortez (1983), o “(...) artesanato é o homem - o homem
caracteriza-se pelo seu artesanato” (p.69) “(...) devem ser sempre afastados
os habilidosos que se intrometem por entre as actividades do artesão, deve
ser repudiado qualquer trabalho de mãos que não tenha nível tradicional”
(p.72).
Estes se diferem de arte popular e dos chamados trabalhos manuais, ou
manualidades. Arte popular trata do conjunto de atividades expressivas que
configuram o modo de ser e de viver de um povo de um lugar. Ela tem como
características: a produção de peças únicas e a construção de arquétipos. O
compromisso é consigo mesmo pois é fruto de uma criação individual. Já os
trabalhos manuais utilizam moldes e padrões predefinidos, resultando em
produtos de estética pouco elaborada. Ainda segundo o texto do Termo de
Referência do SEBRAE (2010), a produção deste último é assistemática,
baseada na reprodução ou cópia. Trata-se de uma ocupação secundária que
utiliza do tempo disponível entre as tarefas domésticas.
Vale colocar a célebre frase de Lina Bo Bardi, “Eu não entendo nada disso
tudo. Para mim a arte popular não existe. O povo faz por necessidade coisas
que tem relação com a vida” (BARDI in GUEDES). Para ela, “o artesanato
popular era uma forma de agremiação, de encontro social por um motivo
comum a todos, que era o trabalho gerando uma defesa mútua (BARDI, 1994,
p.12)
Lina ainda percebia uma diferença entre o artesanato realizado na região
sudeste do Brasil o qual era influenciado pela imigração e divulgação do
conhecimento, e o artesanato do Nordeste, classificado como pré-artesanato,
muito mais rudimentar, retrato fiel do produtor e de suas condições de vida.
Consciente das particularidades de se entender e mostrar o potencial deste
artesanato brasileiro, Lina afirmou “a grande dificuldade está em olhar para
estes objetos como sobrevivências naturais de uma manualidade e não por
uma exigência turística de que o que é feito a mão é melhor do que o feito a
máquina” (BARDI, 1994, p.26).
Existem também em acordo com o SEBRAE (2010), os produtos semi-
industriais - industrianato - e industriais que têm “produção em grande escala,
em série, com utilização de moldes e formas, máquinas e equipamentos de
reprodução, com pessoas envolvidas e conhecedoras apenas de partes do
processo (SEBRAE, 2010, p.13).
A fala de Arturo Carlo Quintavelle posiciona mais sobre a diferença entre
indústria e artesanato.
Se pensarmos bem, a distinção entre indústria e artesanato,
do ponto de vista da produção de objectos acaba por
evidenciar, ou provocar, uma ruptura entre produção de
grande e de pequena escala; entre dois tipos diferentes e
não entre produtos estruturalmente diferentes.
(QUINTAVELLE, 1993, p.3)

Atualmente, também existe a classificação “Artesanato Contemporâneo” ou


“Artesanato Urbano’ que se coloca com intervenções do campo das artes.
Como no ‘artesanato de referência cultural’ todo o passado e o contexto
social permanecem agregados aos produtos feitos, mas agora de forma
renovada. Verificam-se alterações formais e estéticas de modo a enquadrá-
los ao comércio atual, e faz-se também produtos completamente novos, nos
quais permanece a aplicação de técnicas tradicionais.
Embora do ponto de vista da mão-de-obra em ambos
prevaleça a componente manual, o artesanato urbano aborda
temas universais, através de canais e noções que são
comuns ao ser humano independentemente da sua geografia
(CORREIA, 2003, p.10).

Entretanto, o artesanato denominado de ‘artesanato de referência cultural’ é


o que mais se aproxima das práticas do design. Conforme colocado por
Botelho (2005), agregar valor ao artesanato e ao seu produto seria
atribuir ao objeto artesanal uma identificação com a
comunidade que o produz, uma embalagem adequada
contendo a história de sua origem e produção, ser produzido
[de modo] ecologicamente correto e com um padrão de
qualidade compatível com o que o mercado estipula.
(BOTELHO, 2005, p.26)

Para o SEBRAE este artesanato é um dos mais promissores para o


incremento competitivo do artesanato brasileiro, pois seus produtos são
concebidos dentro de uma lógica de mercado e orientados para uma
demanda. Dá-se importância aos produtores, melhora-se a produção,
aumenta a produtividade, otimiza os custos e torna o trabalho mais eficaz,
além de favorecer a ampliação de postos de trabalho (SEBRAE, 2010, p.41).
Neste processo, a referência mais forte e essencial, na qual o
design pode apoiar-se é a tradição do artesanato que através
de suas formas reproduz a história de vida de um lugar,
construindo uma memória material e imaterial. (CARVALHO,
1996)

A relação entre design e artesanato também já foi algo muito discutido,


inclusive, em alguns dos textos deste pós-doutoramento. Vale apenas, antes
de voltar com as definições sobre o artesanato, explicar a de design. Para tal,
usa-se de uma denominação generalista proposta por Y. Soloviev,
O Design é uma actividade criativa, que tem por objectivo a
constituição de um ambiente material coerente para
responder de forma optimal às necessidades materiais e
espirituais do homem. Esta finalidade deve ser atingida
através de uma determinação das propriedades formais dos
produtos industriais. Não se devem entender por
propriedades formais, exclusivamente as características
exteriores e superficiais mas as relações estruturais que
conferem coerência formal e funcional a um sistema e
contribuem ao mesmo tempo para o incremento da
produtividade. (SOLOVIEV in BONSIEPE, 1992)

Ou como posto pelo International Council of Societies of Industrial Design


(2002)
Design is a creative activity whose aim is to establish the
multi-faceted qualities of objects, processes, services and
their systems in whole life cycles. Therefore, design is the
central factor of innovative humanization of technologies and
the crucial factor of cultural and economic exchange.

Design seeks to discover and assess structural,


organizational, functional, expressive and economic
relationships, with the task of: enhancing global sustainability
and environmental protection (global ethics); giving benefits
and freedom to the entire human community, individual and
collective; final users, producers and market protagonists
(social ethics); supporting cultural diversity despite the
globalization of the world (cultural ethics); giving products,
services and systems, those forms that are expressive of
(semiology) and coherent with (aesthetics) their proper
complexity.1 (ICSID, 2002)

Por estas definições generalistas, é possível entender que o caminho para o


                                                                                                               
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Design é uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as multifacetadas qualidades de
objetos, processos, serviços e seus sistemas em ciclos para toda a vida. Portanto, design é o
fator central para a humanização inovadora de tecnologias e o fator crucial para o
intercâmbio cultural e econômico. O Design procura descobrir e avaliar relações estruturais,
organizacionais, funcionais, expressivas e econômicas, com a tarefa de: aumentar a
sustentabilidade global e a proteção ambiental (ética global); dar benefícios e liberdade para
toda a comunidade humana, individual e coletiva; os usuários finais e os produtores são os
protagonistas de mercado (ética social); apoiar a diversidade cultural, apesar da globalização
do mundo (ética cultural); ofertar produtos, serviços e sistemas expressivos (semiologia) e
coerentes com (estética) sua próprias complexidades.
 
desenvolvimento de ambas as áreas não é a partir da separação, mas sim a
partir da sua união.
Até porque a principal característica do Design é a sua
vocação para a interdisciplinaridade evidenciada pela sua
especial tendência para se conectar com outras áreas do
saber e da prática. O artesanato sempre foi uma
possibilidade de apoio para a indústria e o Design,
oferecendo algum contributo produtivo quando os produtos
não conseguiam ser feitos industrialmente, por isso agora
chegou a altura do Design apoiar e valorizar o artesanato de
forma a resgatar uma autenticidade perdida, (...). (BRANDÃO,
2003, p.11)

Afirma-se então que o design é, afinal, uma cultura artesanal (LEON, 2005,
p.65).
Ele é uma fonte de reflexão e de inspiração inesgotável, que
pode levar à criação de objectos contemporâneos adequados
às necessidades dos nossos dias, mas que ao mesmo tempo
reflictam um percurso próprio assente nas artes e saberes do
passado. Desta forma é possível delinear um futuro com
individualidade mas identitário (BRANCO, 2004, p.12).

Rena (2008) já colocava além, definindo o artesanato como “uma atividade


com um elevado potencial de geração de renda e inclusão social, que
posiciona-se como eixo estratégico de valorização e desenvolvimento dos
territórios. Vinicius Botelho (2005) afirma algo parecido,
O artesanato tem exercido um papel preponderante na
ocupação e geração de renda no Brasil. O artesanato
emprega mão-de-obra, em geral, utiliza de forma
ecologicamente correta os recursos naturais, e explora a
riqueza e o repertório cultural existentes. Desta forma,
estimular o desenvolvimento do artesanato significa abrir
possibilidades de atenuação das desigualdades sociais e,
também, promover a preservação de valores da cultura
popular local. (BOTELHO, 2005, p.12).

É verdade, que este é um importante setor da economia deste país, colocado


em muitas literaturas como uma das alternativas de geração de emprego e
renda. O próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Brasileiro, em 2004, afirmou que “o artesanato brasileiro é um segmento da
economia cujo crescimento possui alto potencial de geração de trabalho e
renda, de maneira descentralizada" (Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio, 2004, p. 25).
Enquanto isso em Portugal, aparece a frase de Manuel Telles apresentando
uma direção oposta,
ningu'm duvida que o artesanato do nosso País está a morrer.
Muitas modalidades desapareceram nos últimos anos e
outras estão prestes a desaparecer, terminando assim
ingloriamente produtos de arte e da vida popular, muitos dos
quais com séculos de existência. ... dia a dia perde-se o
riquissimos património cultural que constituia a identidade do
nosso povo e da nossa vivência. (TELLES, 1981, p.3)

Será que é possível um artesanato morrer? No Colóquio sobre artesanato


realizado em Coimbra em 1983 (p.5), foi colocado que a inexistência de um
artesanato deve ser avaliado como uma “perda real para a população
envolvida em termos psicológicos, sociais e económicos, que pode afectar
gravemente o seu equilíbrio”, e provocar alterações profundas na identidade
cultural das regiões afetadas.
Com a certeza de que o artesanato é um fazer cultural, acredita-se que não.
Mesmo porque, para além dos que percebem esta importância, o setor de
turismo vive e viverá cada vez mais da identidade cultural dos povos que se
visitam, das diversas artes, paisagens, folclore, gastronomias, e culturas.
Já nos cadernos do III Salão Nacional de Artesanato na Semana
gastronómica de Trás-os-Montes (1983), a percepção sobre o artesanato foi
colocada de maneira diferente:
o artesanato movimenta verbas muito apreciáveis; orienta
fluxos humanos, nacionais e estrangeiros, que nem sempre
procuram o exótico, mas se deixam atrair pelo diferente; em
tempo completo, ou como actividade secundária, ocupa
muita gente válida, jovem ou idosa, que mutuamente se
enriquece e completa: na transmissão de conhecimentos e
técnicas que s'na roda da vida se adquirem e na lenta
inovação que a audácia da juventude vai introduzindo. O
artesanato é memória de um povo, árvore fecunda com
raízes bem fundas, tronco no tempo actual e frutos a
alimentar gerações - cada um de nós que recebe e transmite.
(III Salão Nacional de Artesanato, 1983, p.3)

Deve-se verificar que existe o caráter lendário atrativo da profissão,


expressão singular de um modo de ser e fazer. Em Portugal, a palavra
artesanato é similar ao termo ‘Artesanato tradicional’ já apresentado embora
em algumas situações ela se refere ao ‘artesanato urbano’.
O artesanato tradicional utiliza técnicas de produção manual pouco
difundidas e variáveis de região para região, se colocando como um reflexo
do imaginário popular, regional e local. Já o artesanato urbano ou
contemporâneo, diferencia-se por considerar os interesses da sociedade
atual. Para isso, este último cria novos objetos e reavalia outros a partir da
criatividade e das técnicas tradicionais (com base nas técnicas industriais e
processos de design).
Entretanto, existe o pensamento de que esta não é uma profissão ou um
fazer que propicia uma remuneração garantida. Em Portugal, ele ainda é
vista como uma atividade de pouca rentabilidade econômica, com
necessidade constante de se obter apoios financeiros e técnicos junto ao
Ministério do Trabalho e à Secretaria de Estado do Emprego, como
explicitado no texto a seguir.
Foi criada uma estrutura experimental regionalizada de
enquadramento, dinamização e apoio ao artesanato:
comissão interministerial para o artesanato (CIPA), comissão
executiva para o artesanato (CEA) e núcleos de apoio
regional ao artesanato (NARA). Os apoios podem ser
solicitados para construção, reparação, adaptação ou
trespasse do estabelecimento, aquisição de ferramentas e
pequena maquinaria de apoio, aquisição de matéria-prima ou
constituição de um fundo de maneio. Estes são
reembolsáveis. Os não reembolsáveis são: bolsas de
formação, contratação de estagiários. Podem solicitar apoio
os artesãos a trabalhar isoladamente ou em unidades
familiares, os artesãos organizados em cooperativas ou
outras formas associativas, empresas de produção de
artesanato que empreguem até 5 trabalhadores. Aos NARA
compete: fazer o levantamento da situação do artesanato,
fomentar a livre associação e criação de centros de
artesanato, pronunciar sobre o valor sociocultural das
espécies de artesanato, promover estudos sobre a fixação de
recursos humanos e a manutenção de postos de trabalho e
dar parecer sobre os pedidos de apoio feitos pelos artesãos.
(II SALÃO NACIONAL DE ARTESANATO, 1982, p.14 e 15)

Atualmente, através do Decreto de lei no 110/2002, de 16 de Abril ,existe o


Programa para a promoção dos ofícios e das microempresas artesanais -
PPART - que tem os objetivos de:
- desenvolver projectos piloto que contribuam para fortalecer
a interdisciplinariedade e a complementaridade entre as
diferentes áreas artísticas e os ofícios artesanais,
nomeadamente através das realização de oficinas e
encontros temáticos, de projectos de experimentação e
criatividade, estágios profissionais, entre outras iniciativas; -
encorajar e apoiar o desenvolvimento de trabalhos que
assentem no binómio tradição/modernidade, partindo da
experiência consolidada ao nível do têxtil artesanal para a
intervenção qualificada noutros domínios das produções
artesanais. (GASPAR, 2003, p.29)

O PPART conseguiu formalizar as bases jurídicas e normativas do setor


artesanal com a implementação da Carta de Artesão. Este consiste num
documento profissional que reconhece o domínio de saberes e técnicas
inerentes à atividade. Este mesmo decreto define a atividade artesanal e o
artesão, respectivamente, como
Actividade artesanal - a actividade económica, de
reconhecido valor cultural e social, que assenta na produção,
restauro ou reparação de bens de valor artístico ou utilitário,
de raiz tradicional ou contemporânea, e na prestação de
serviços de igual natureza, bem como na produção e
preparação de bens alimentares.

Artesão – Entende-se por artesão o trabalhador que exerce


uma actividade artesanal, por conta própria ou por conta de
outrém, inserido em unidade produtiva artesanal reconhecida.
O exercício da actividade artesanal supõe o domínio dos
saberes e técnicas que lhe são inerentes, bem como um
apurado sentido estético e perícia manual. (Decreto-lei
110/2002)

Independente da classificação usada, a produção artesanal desafia a todos


que dela participam “a aprender a questionar, observar e interpretar as
formas de uma comunidade, geografia ou grupo de pessoas, bem como a
trabalhar com os seus recursos naturais e económicos” (NASCIMENTO,
2011). Mais que isso, se esta produção for entendida como um ‘fazer local’
serão levadas em conta, para além da cultura e da economia, as questões
relativas à sua localidade.
| o ‘fazer local’ |
Como ‘fazer local’ entende-se aquele conjunto de ações e,
consequentemente, seus produtos que são demarcados por características
locais e regionais, expressão de um coletivo, de um povo, ou de um único
artesão. Os objetos desta produção conseguem carregar em si as
particularidades da cultura local.
Trata-se da redescoberta do lugar no artesanato como proposto no texto
‘Design e território’ de Lia Krucken de 2009,
(...) podemos considerar, portanto, que um artefacto é tempo
e matéria condensado no espaço. (...) Perceber um artefacto
desta forma nos estimula a pensa-lo como uma testemunha
do tempo e uma manifestação cultural localizada no espaço.
Talvez, por este motivo, o artesanato seja um produto tão
interessante. (Krucken, 2009, p.23)

Considera-se que os produtos do ‘fazer local’ são exemplos de uma


cartografia geográfica, social e cultural de maneira que não existe
dissociação entre as pessoas inseridas neste processo de produção e a
localidade a qual elas pertencem. Nesta definição, faz-se fundamental a
escolha de materiais acessíveis, o domínio das técnicas utilizadas, a escolha
por processos de produção sustentáveis e da pertinência dos equipamentos
e instrumentos usados. Prioriza-se também a valorização do contexto
socioeconômico atual e considera-se as histórias, memórias, crenças,
tradições e simbolismos próprios dos produtores.
Como afirmado por Claudia Albina (2012) apud UNESCO (1992),
como o produto da relação enunciada entre artesão
(tradicionalmente associado à ideia de localidade) e designer
(tradicionalmente associado a ideia de globalidade) só pode
ser entendida como a materialização do patrimônio cultural,
construtora de territórios humanizados, é fundamental, neste
contexto, perceber como se organizam os territórios da
contemporaneidade, enquanto lugares civilizacionais, das
pessoas e dos objetos ou, se quisermos, das paisagens
culturais (UNESCO, 1992). o conceito de paisagem cultural
permite entender o território de forma dinâmica, porque
possibilita ler a relatividade e a pluralidade de valores que se
podem atribuir ao patrimônio cultural, pela sua variabilidade
em função dos momentos históricos, e dos contextos
socioculturais. (ALBINA, 2012, p.XX)

É que o ‘fazer local’ se coloca como uma representação do mundo do artesão,


expressão de uma vivência em uma determinada região. Mais do que os
produtos, resultado desta prática, faz-se importante entender pessoas, sua
forma de criar, trabalhar e viver e é fundamental perceber o território no qual
elas estão inseridas.
Sugere Canclini (1982, p.51) que existe a necessidade de "estudar o
artesanato como um processo e não como um resultado, como produtos
inseridos em relações sociais e não como objetos voltados para si mesmos."
Desta maneira, vale ainda dizer que não se pode restringir essa análise
apenas ao ato de produzir, mas as etapas de produção, de circulação e de
consumo.
O ‘fazer local’ não prega o isolamento, característico de movimentos
nacionalistas, ou autárquicos (centralismo e autossuficiência). Ao contrário,
entende-se a pluralidade e o multiculturalismo existente no mundo atual.
Entretanto, acredita-se na valorização da identidade e da singularidade local
que concilia com essas estruturas políticas, institucionais e culturais mais
amplas como fator de diferenciação do que se é feito. Como colocado por
Valarinho (2009),
(…) num mundo cada vez mais igual nos hábitos e consumos
de largos milhões pessoas, a valorização das identidades
locais no contexto dos fenômenos de globalização e as
claras vantagens competitivas que certos produtos ganham
quando remetem para uma particular origem geográfica.
VALARINHO (2009).

Acredita-se também na importância do debate geográfico para se entender o


território no qual o fazer é realizado, a qualidade de vida e a integração social
da comunidade produtora. Vale, inclusive, a discussão a cerca dos papéis
econômicos da cultura existente dentre os quais se destacam as questões da
imagem construída, o marketing territorial e a economia induzida pela cultura.
Como aponta Certeau (1994) que entende que o homem não é sujeito
passivo à ordem dominante e resiste a ela, reinventando o seu cotidiano à
sua maneira e segundo seus fins.
Assim, trata-se a paisagem como projeto e para tal é necessário saber olhar.
Sugere-se demorar um tempo a observar com critério para aprender a
decodificar a beleza oculta que os locais cotidianos escondem. Como
colocado por Krucken,
Esta consideração evidencia a necessidade de desenvolver
estratégias para proteger e valorizar os conhecimentos locais
e os recursos naturais, buscando alternativas de
transformação e renovação do território e das tradições.
(Krucken, 2009, p.25)

O ‘fazer local’ irá se constituir como um produto deste conhecimento; um


saber-fazer, um processo localizado e determinado por um lugar. Seu
objetivo primordial é a satisfação das necessidades humanas, ou seja, do
bem-estar social com ênfase nas relações entre as pessoas e destas com
seu ambiente.
Recupera-se um valor fundamental da arte: o prazer de fazer. A ação está
impregnada do prazer de manusear o material, de optar por métodos de
criação plásticas que permitissem a proximidade corpórea entre o artista e a
obra como colocado por Fachone (2012). É que existe uma outra dimensão
que o ‘fazer local’ traz embutido que é a experiência, o conhecimento tácito.
Considera-se o corpo como lugar, o território primeiro de onde tudo se origina.
Como colocado no lindo texto de Saramago,
(…) o que os dedos sempre souberam fazer de melhor foi
precisamente revelar o oculto. O que o cérebro possa ter
percebido como conhecimento infuso, mágico ou
sobrenatural, seja o que for que signifiquem sobrenatural,
mágico e infuso, foram os dedos e os seus pequenos
cérebros que lho ensinaram. Para que o cérebro da cabeça
soubesse o que era a pedra, foi preciso primeiro que os
dedos a tocassem, lhe sentissem a aspereza, o peso e a
densidade, foi preciso que se ferissem nela. só muito tempo
depois o cérebro compreendeu que daquele pedaço de rocha
se poderia fazer uma coisa a que chamaria faca e uma coisa
a que chamaria ídolo. (SARAMAGO, 2000, p.XIII)

Brandão ainda enfatiza que


o artífice nunca deixa de ter em conta <<a presença>> do
artefacto, que ele próprio está a produzir. Os conceitos de
<<pertença atraente>>, de forma <<expressiva>> ou - se
quisermos - de <<beleza>>, estão implícitos em cada gesto e
nos sentido de cada forma; mesmo que essa forma esteja em
principio subordinada a exigências exclusivamente
<<funcionais>>. No trabalho do artífice, é inevitável o
acréscimo de <<valor expressivo>> ou de <<sentido
mágico>> que introduzem a dimensão estética como
determinante. (BRANDÃO, 2003, p.6)

Faz-se interessante denominar os usuários deste labor por artífices. Susana


Correia esclarece com rigor etimológico que quase não existe diferença entre
artesão, artista e artífice.
Artesão, artista e artífice, são evoluções do mesmo radical
"arte" (ars, artis) palavra latina para definir habilidade técnica
ou conhecimento sobre o fazer. Convirá aprofundar que a
romana "ars" tem hoje na língua portuguesa os seguintes
significados: maneira de ser ou agir, habilidade, talento, arte,
ofício, profissão, trabalho ou obra; convergindo portanto,
qualidades estéticas, técnicas e éticas. (CORREIA, 2003,
p.16-18)

Entretanto, aprecia-se mais a definição desenvolvida por Sennet (2013).


Desta maneira, sugere-se que os artesãos sejam assim denominados,
ampliando o conceito para o de trabalhadores que buscam a qualidade e a
confecção de um bom trabalho.
| considerações finais |
Primeiramente, vale colocar que a proposta pelo emprego dos termos como
‘fazer local’ e artífice faz-se válida para o entendimento e diferenciação desta
prática e deste prático quando imbuídos da localidade.
O que se pretendeu foi defender que a prática artesanal tenha raízes nas
tradições e modos de fazer locais e que esteja enquadrada na cultura
material e imaterial regional. Espera-se que seus produtos retratem um modo
de ser e de usar, que sejam imbuídos de significados locais e que façam
sentido na cultura na qual são originados.
O ‘fazer local’ se revela no ato de interpretação da paisagem. Defendê-lo é
discutir sobre o resgate da identidade local, o valor das tradições, a interface
íntima com o lugar e sobre a relação simbólica do artífice com a peça criada.
O conjunto de significados que possibilitam sua identificação é bastante
amplo, resultado da interface entre homem - outros homens e entre homem –
ambiente, apreendida na vida cotidiana.
Medidas para promoção e divulgação do conhecimento deste patrimônio
imaterial para identifica-lo, classifica-lo, promover seu uso, respeita-lo e
valoriza-lo são fundamentais. Há de se pensar em ações educativas e de
promoção de consciência para que o mesmo seja cultivado, expandido e
renovado continuamente. Pensar e sistematizar estas ações ficam como
sugestão para pesquisas futuras.
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