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Surgimento da Filosofia
A Filosofia, como conhecemos hoje, ou seja, no sentido de um
conhecimento racional e sistemático, foi uma atividade que,
segundo se defende na história da filosofia, iniciou na Grécia
Antiga formada por um conjunto de cidades-Estado
(pólis) independentes. Isso significa que a sociedade grega
reunia características favoráveis a essa forma de expressão
pautada por uma investigação racional. Essas características
eram: poesia, religião e condições sociopolíticas.
A partir do século VII a.C., os homens e as mulheres não se
satisfazem mais com uma explicação mítica da realidade. O
pensamento mítico explica a realidade a partir de uma
realidade exterior, de ordem sobrenatural, que governa a
natureza. O mito não necessita de explicação racional e, por
isso, está associado à aceitação dos indivíduos e não há espaço
para questionamentos ou críticas.
É em Mileto, situado na Jônia (atual Turquia), no século VI a.C.
que nasce Tales que, para a Aristóteles é o iniciador do
pensamento filosófico que se distingue do mito. No entanto, o
pensamento mítico, embora sem a função de explicar a
realidade, ainda ecoa em obras filosóficas, como as de Platão,
dos neoplatônicos e dos pitagóricos.
A autoria da palavra “filosofia” foi atribuída pela tradição
a Pitágoras. As duas principais fontes sobre isso
são Cícero e Diógenes Laércio. Vejamos o que escreve Cícero:
“O doutíssimo discípulo de Platão, Heráclides Pontico, narra que
levaram a Fliunte alguém que discorreu douta e extensamente com
Leonte, príncipe dos fliúncios.
Como seu engenho e eloquência tivessem sido apreciados por Leonte,
este lhe perguntou que arte professasse, ao que ele respondeu que
não conhecia nenhuma arte especial, mas que era filósofo.
Admirado Leonte diante da novidade daquele termo, perguntou que
tipo de pessoas eram os filósofos e o que os distinguia dos outros
homens.
(...)
[Pitágoras respondeu] Outrossim, os homens (…) comparam-se com
os que vão da cidade a uma festa popular: alguns vão em busca de
glória enquanto outros de ganho, restando, todavia, alguns poucos
que desconsiderando completamente as outras atividades,
investigam com afinco a natureza das coisas: estes se dizem
investigadores da sabedoria - quer dizer filósofos - e como é bem mais
nobre ser espectador desinteressado, também na vida a investigação
e o conhecimento da natureza das coisas estão acima de qualquer
outra atividade”.
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Percebemos, por meio desse fragmento de Cícero que:
1) A fonte na qual ele se baseia para escrever sobre Pitágoras é
Heráclides Pontico, discípulo de Platão, mas que era também
influenciado pelos pitagóricos. No entanto, não se sabe da
veracidade a respeito dessa informação, como nota Ferrater
Mora que também observa que não é possível saber se “filósofo”
para Pitágoras significa o mesmo que significaria para Platão ou
Aristóteles.
2) Pitágoras em vez de se denominar como “sábio”, prefere se
denominar “filósofo”, ou seja, aquele que tem amor pela
sabedoria. Também percebemos que aparece nome “filósofo”
e não “Filosofia” que, como atividade, tem origem posterior.
Como se pode ver no fragmento, não havia na época uma “arte
especial”.