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METODOLOGIA, O QUE É ISSO?

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA
METODOLOGIA CIENTIFICA NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DO ALUNO DE
GRADUAÇÃO

Josivan dos Santos Moura1


Adilson Silva Santos2
Ilmara Santos de Jesus3
Joelma Vidal dos Santos4

GT10 - Práticas Investigativas na Educação Superior

Resumo

Para May (2004), o pesquisador qualitativo desejoso de produzir conhecimento deve fazer uso da
metodologia científica e dos seus métodos de pesquisa, de forma a contemplar as exigências da sua
área investigativa. Com base nesse pressuposto teórico o presente artigo tem como objetivo
demonstrar os resultados de uma pesquisa realizada durante as aulas de metodologia científica para os
alunos dos cursos de Pedagogia, Letras e Biologia de uma determinada IES. O Estudo de Caso teve
como objetivo investigar a importância da disciplina metodologia científica na formação acadêmica do
aluno de graduação. Para efetivar o estudo observamos e colhemos depoimentos dos alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Metodologia científica, métodos de pesquisa, investigação


qualitativa, educação.

Resumen

Para May (2004), el investigador cualitativo deseoso de producir conocimiento debe hacer uso de la
metodología científica y de sus métodos de investigación, de forma a contemplar las exigencias de su
área investigativa. Con base en esa presuposiciónón teórica el presente artículo tiene como objetivo
demostrar los resultados de una investigación realizada durante las clases de metodología científica
para los alumnos de los cursos de Pedagogía, Letras y Biología de una determinada IES. El Estudio de
Caso tuvo como objetivo investigar la importancia de la disciplina metodología científica en la
formación académica del alumno de graduación. Para efetivar el estudio observamos y cosechamos
testimonios de los alumnos.

PALABRAS-LLAVE: Metodología científica, métodos de investigación, investigación


cualitativa, educación.

Introduzindo a questão

1
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), professor do ensino superior e membro do
grupo de pesquisa Educação e Movimentos Sociais do Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Educação da
Universidade Federal de Sergipe. Email: profjosivanmoura@gmail.com
2
Mestrando em Educação, professor do ensino superior. Email: adiltico@yahoo.com.br.
3
Estudante de Pedagogia. Email: negmara@hotmail.com.
4
Estudante de Letras. Email: joelmaaraujo22@hotmail.com
2

Elaboramos este artigo com base na experiência de ser professor há mais de 15 anos.
Durante esse período trabalhamos em diversas IES - Instituição do Ensino Superior - em
diferentes disciplinas. Em alguns trabalhos docentes fui professor da disciplina Metodologia
Científica atuando tanto em cursos de Pós-Graduação quanto em cursos de Graduação cuja
específica disciplina fazia parte da exigência curricular. Para a elaboração desse artigo
utilizamos a experiência in lócus de sala de aula ministrando o curso de Metodologia
Científica para uma turma de mais de 45 alunos dos cursos de Pedagogia, Letras e Biologia de
uma determinada IES no município sergipano no semestre 2015.1 como campo empírico da
pesquisa.
O que nos levou a querer realizar uma pesquisa com o referido tema foi a inquietude
por querer investigar ao longo desses anos de docência o que de fato os alunos acham da
disciplina Metodologia Científica? Como eles se apropriam dos conteúdos da disciplina? E,
principalmente, dos métodos científicos concernentes à Metodologia Científica para
alavancarem trabalhos acadêmicos durante a vida acadêmica na faculdade? Durante a
realização da pesquisa tivemos a participação efetiva do professor Adilson Silva Santos e dos
alunos Joelma Vidal dos Santos, Rivanisson Santos da Cruz, Ilmara Santos de Jesus e Patrícia
Dias dos Santos.
Objetiva-se com este estudo comprovar que a disciplina Metodologia Científica é
eminentemente prática, importante e apresenta instrumentos necessários para a realização de
trabalhos científicos, buscando a construção do conhecimento dos alunos de forma a
favorecer-lhes uma leitura e escrita mais eficientes, através da pesquisa e redação com
embasamento científico elaborado segundo normas científicas vigentes. Através da análise
dos principais conceitos que compõem a disciplina de Metodologia Científica e de seus
métodos, buscou-se afirmar a importância da disciplina para a vida acadêmica do aluno de
graduação.

O porquê desse trabalho

Em meio ao desejo e motivação para a pesquisa está a inquietude de que querer


investigar a relação do aluno de graduação com a disciplina de metodologia, por conta disso,
elaboramos a seguinte pergunta de partida: metodologia, o que é isso? A importância da
disciplina metodologia científica na formação do aluno de graduação. Esta é a pergunta que
nos guiou a investigar a relação do aluno de graduação com a disciplina de metodologia.
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Investigamos não só os alunos que estavam estudando os conteúdos da disciplina no semestre


vigente, mas, principalmente, os alunos que já estudaram a disciplina, alunos do 5º, 6º e 7º
períodos dos seus respectivos cursos, por conta da seguinte problemática: Infelizmente, esses
alunos em qualquer fase de período não conseguem desenvolver com eficiência qualquer
trabalho acadêmico, principalmente, quando é solicitado pelos professores a utilização dos
princípios metodológicos da metodologia cientifica na elaboração dos seus trabalhos
acadêmicos.
Na verdade, há um desconhecimento profundo da disciplina de metodologia científica
que resulta na falta de habilidade e de conhecimento dos alunos para lidarem com os afazeres
acadêmicos na graduação. Por isso, sem querer fazer generalizações precipitadas, podemos
afirmar que dentro no universo de alunos observados na IES, a grande maioria desses alunos
passam por sérias dificuldades quando o assunto é lidar com os conteúdos da disciplina de
metodologia cientifica na execução de trabalho acadêmicos de qualquer ordem. Na prática,
eles não conseguem sequer elaborar um resumo de uma leitura qualquer, ou até mesmo fazer
um fichamento simples dessa mesma leitura. É uma triste realidade educacional que precisa
ser levada a sério. Haja vista, que a falta de conhecimentos metodológicos e científicos
impacta diretamente no processo de produção de conhecimento através das pesquisas e de
seus métodos, uma vez que os alunos não conseguem produzir um simples fichamento como
forma acadêmica de arrumar em ficha de leitura as principais ideias de um texto e,
paralelamente, os professores precisam ajudá-los a compreender melhor o que foi lido e
utilizar de tal conhecimento no dia a adia da vida acadêmica.
Nesse modo, fica difícil para os professores mediarem com os alunos e,
consequentemente, fazê-los produzir trabalhos acadêmicos, como resenhas, artigos etc.
Enfim, trabalhos que exijam um fôlego maior como, por exemplo, pesquisas de estudos de
casos, estudos explorádicos e/ou estudos descritivos entre outros tipos de pesquisas com o
objetivo de levá-los aprender cada vez mais pelo processo de produção de conhecimento
através de técnicas de estudos individualizados e/ou coletivos (também colaborativos).

Um pouco de metodologia científica

A evolução da ciência se deu com a evolução da inteligência humana, que passou do


medo do desconhecido ao misticismo, numa tentativa de explicar os fenômenos através do
pensamento mágico, das crenças e das superstições e, finalmente, evoluiu para a busca de
respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a ciência
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metódica, que procurava sempre uma aproximação com a lógica. O ser humano é o único
animal na natureza com capacidade de pensar. Esta característica permite que os seres
humanos sejam capazes de refletir sobre o significado de suas próprias experiências.
Assim sendo, é capaz de novas descobertas e de transmiti-las a seus descendentes.
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua
característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro, que,
por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a ciência. Segundo
Oliveira (1999), a Ciência num determinado período da história acabou sendo mitificada,
principalmente a partir do séc. XVIII mas hoje ela é entendida como sendo qualquer assunto
que possa ser estudado pelo homem, pela utilização do Método Científico e de outras regras
especiais de pensamento. O autor destaca ainda que [...] a Metodologia estuda os meios ou
métodos de investigação do pensamento concreto e do pensamento verdadeiro, e procura
estabelecer a diferença entre o que é verdadeiro e o que não é, entre o que é real e o que é
ficção.
O aprofundamento em um conjunto de processos de estudos, de pesquisa e de
reflexão, passa a exigir do estudante uma nova postura de atividade didática mais crítica e
rigorosa. Para Gil (2002, p.17), o desenvolvimento de produções científicas só se dá de
maneira efetiva “[...] mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização
cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos [...]”. O método científico
visa descobrir a realidade dos fatos que, uma vez descobertos, devem guiar o uso do método.
Cervo e Bervian (1983, p.125) destacam que [...] o método não é apenas um meio de acesso:
só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são. O método científico
percorre os caminhos da dúvida sistemática, que não pode ser confundida com a dúvida
universal dos céticos. Mesmo no caso das ciências sociais, o método deve ser positivo e não
normativo. Em outras palavras, a pesquisa positiva deve se preocupar com o que é e não com
o que se pensa que deve ser.
No mundo acadêmico, fazer ciência é importante para todos porque é por meio dela
que se descobre e se inventa, e o método representa, portanto, uma forma de pensar para se
chegar à natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para
explicá-lo. Nesse sentido, para qualquer aluno de graduação podemos afirmar que dialogar
com a metodologia científica durante todo percurso acadêmico é de suma importância. Isto
porque a metodologia é a disciplina curricular que instrui e capacita o estudante a elaborar
pesquisas e trabalhos científicos durante a sua vida acadêmica.
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Além disso, é através do ensinamento da metodologia científica que o aluno se depara


com as ideias do nascimento do saber científico. Ele aprende que existem dois tipos de
saberes, os espontâneos e os científicos (saberes adequado). É justamente, nesse momento que
o aluno deve romper com as suas ideias de senso comum, como se elas fossem unânimes e
determinantes a partir das suas experiências de vida. Embora, de fato o saberes espontâneos
sejam importantes e fundamentais para a vida de qualquer sujeito, esses saberes são
adquiridos a partir da experiência, da observação e intuição e, portanto, devemos desconfiar
deles. Haja vista, que:
o senso comum não deixa de produzir saberes que, como os demais, servem
para compreensão de nosso mundo e de nossa sociedade, e para nela viver
com o auxílio de explicações simples e cômodas. Mas deve-se desconfiar
dessas explicações, uma vez que pode ser um obstáculo a construção do
saber adequado, pois seu caráter aparente de evidencia reduz a vontade de
verificá-lo. (LAKATOS; DIONNE, 1999, p. 19).

Sendo assim, a metodologia cientifica é a disciplina que vai dá as condições iniciais


para que o aluno perceba e compreenda de que forma os saberes espontâneos e os científicos
se relacionam com a vida em sociedade. Tratando-se de analisar, especificamente, a
importância da disciplina metodologia cientifica na formação do aluno de graduação, sabemos
que o papel da metodologia científica é servir de guia de orientação para o pesquisador, em
qualquer nível em que ele se encontre. Nesse sentido, é sempre prudente que, somente após a
compreensão de alguns dos seus requisitos essenciais (métodos, técnicas etc.), aconteça,
então, a elaboração e execução de uma pesquisa científica. Logo, o pesquisador deve
apropriar-se dos seus requisitos metodológicos a fim de conduzir a pesquisa nos moldes da
exigência da academia.
Daí a importância dos métodos de pesquisa e de suas técnicas investigativas.
a metodologia científica, mais do que uma disciplina, significa introduzir o
discente no mundo dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da
formação tanto do estudioso quanto do profissional, pois ambos atuam, além
da prática, no mundo das ideias. [...]. Podemos afirmar até: a prática nasce da
concepção sobre o que deve ser realizado e qualquer tomada de decisão
fundamenta-se naquilo que se afigura como o mais lógico, racional, eficiente
e eficaz. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 12).

Quando perguntados os alunos demonstraram ter o seguinte pensamento de


metodologia científica:

 Ilmara “tem uma grande importância na formação do aluno de graduação. Ela


favorece uma formação que não só se limita a sala de aula”.
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 Patrícia “a necessidade dessa disciplina na formação do aluno é extremamente


de suma importância, pois à medida que os alunos vão se desenvolvendo no
meio acadêmico tronam-se mais produtivos, com mais qualidades em suas
produções”.

 Rivanisson “o estudante acadêmico caminhando para a conclusão do ensino


superior deverá buscar uma forma de aperfeiçoar seu entendimento nessa área,
porque ela é considerada como uma das principais disciplinas de nível
profissional do ensino superior e sua importância torna-se grandiosa e cresce a
cada dia de forma significativa, ficando cada vez mais presente na vida das
pessoas que por ela passaram”.

 Joelma “a metodologia é o estudo dos métodos, especialmente dos métodos


das ciências. É um processo utilizado para dirigir uma investigação da verdade,
no estudo de uma ciência ou para alcançar um fim determinado, ou seja, é o
conjunto de técnicas e processos empregados para a pesquisa e a formulação de
uma produção científica”.

Parafraseando os alunos, entendemos que, de um lado, os métodos de pesquisa servem


para desenvolver experiências a fim de produzir conhecimento científico consoante a
metodologia científica; de outro, as técnicas investigativas servem como procedimentos
indispensáveis para auxiliar os alunos na coleta de dados. Por isso, se exige deles um conjunto
de procedimentos regulares, explícitos e passíveis de serem repetidos para se alcançar
resultados, sejam materiais ou conceituais. Desse modo, os alunos que por hora também se faz
pesquisador desejoso de produzir conhecimento deve fazer uso do método, ou dos métodos de
pesquisa e suas técnicas investigativas de estudos de forma a contemplar as exigências
acadêmicas.

Na prática, agora o(s) método(s)

Falar do(s) método(s) é uma ação primordial para os professores que lecionam a
disciplina metodologia científica. Conosco não foi diferente, sentimo-nos responsabilizados
em passar para os alunos a importância da apropriação dos métodos, em particular, dos
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métodos científicos na condução das pesquisas, ou até dos mais simples trabalhos acadêmicos
realizados por eles.
Tivemos apenas a preocupação de separarmos a ideia do que seria método no sentido
usual do “senso-comum” e científico.
Pois, sob o ponto de vista científico e é esse que nos interessa:
É imprescindível trabalhar com rigor, com método, para assegurar a si e aos
demais que os resultados da pesquisa serão confiáveis, validos. [...]. O
método são regras precisas e fáceis, a partir da observação exata das quais se
terá certeza de nunca tomar um erro por uma verdade, e, sem aí desperdiçar
inutilmente as forças de sua mente, mas ampliando seu saber por meio de um
contínuo progresso, chegar ao conhecimento verdadeiro de tudo do que se é
capaz. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 11).

Seguindo tais pensamentos é importante darmos ênfase aos métodos qualitativos.


Estes fazem parte de um arcabouço teórico que dá conta da maioria dos trabalhos
desenvolvidos nas ciências humanas e sociais. São eles que dão suporte à educação, por
exemplo. De acordo com Flick (2004), o método qualitativo oferece um processo contínuo de
propagação, com o surgimento de novas abordagens e novos métodos. “Cada método baseia-
se em uma compreensão específica de seu objeto”, (FLICK, 2004, p. 18).
Certo disso, o pesquisador qualitativo tende a ficar mais tranquilo, porque, de certa
maneira, ele pode lançar mão de um, dois ou mais métodos para atender as diferentes etapas
do processo de pesquisa que, muitas vezes, se exigem na pesquisa em educação. Além disso,
o método qualitativo oportuniza estabelecer o embate de ideias, perspectivas, teorias e
práticas. Igualmente, possibilita um diálogo interativo e “aberto” com os sujeitos envolvidos
em uma pesquisa. Como lembra May (2004), o pesquisador qualitativo considera necessário
vivenciar pessoalmente o evento ou o relacionamento a que se faz referência para analisá-lo
ou entendê-lo.
Já sabemos que dialogar com a metodologia científica se faz necessário para a
objetivação de qualquer pesquisa no sentido de estudar, retraçar e interpretar o objeto de
pesquisa. Daí a importância dos métodos de pesquisa. No entanto, devemos dizer que eles de
acordo com Gatti (1998) são constituídos, no exercício do “fazer a pesquisa”. Embora, ainda,
sigam um receituário próprio, eles não são estanques em si: portanto,
não se pode deixar que prescrições metodológicas aprisionem o pesquisador
como uma couraça. Os métodos de pesquisa oferecem a orientação de base
necessária à garantia de consistência e validade, mas eles não podem virar
uma ‘camisa de força’... Os métodos são vivos. (GATTI, 1998, p.17).

Dessa forma, entendemos, que os métodos de pesquisa ou de leitura, escrita etc. acima
de tudo servem para desenvolver experiências a fim de produzir conhecimentos úteis para a
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vida de qualquer cidadão. Então, o pesquisador desejoso de produzir conhecimento, deve


fazer uso do(s) método(s), às vezes, até em forma de simples roteiros, de forma a contemplar
as exigências da academia ou, então, especificamente a exigência de um orientador ao
solicitar para seus alunos a elaboração de qualquer trabalho acadêmico, seja ele um resumo,
resenha, artigo ou um simples fichamento. Afinal, “método é o caminho pelo qual se chega a
determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido de antemão refletido e
deliberado” (HEGENBERG, 2005, p. 115).

Alguns tipos de métodos

Ao falarmos de métodos científicos, de imediatos dois tipos ou níveis de pesquisas


vêm à tona: a pesquisa exploratória e a descritiva. Isto porque, elas são bastante utilizadas na
área de educação. Duverger (1962) citado por Gil (2009, p.27) “distingue três níveis de
pesquisa: descrição, classificação e explicação”. Já Selltiz et al. (1967) também citado por Gil
(2009, p. 27) “classificam as pesquisas em três grupos: estudos exploratórios, estudos
descritivos e estudos explicativos.
Não resta dúvida que esse três modelos de pesquisas de fato abrangem muitas das
pesquisas realizadas tanto na área social quanto na área educacional. Por isso mesmo, não
podemos abrir mão de falar sobre esses tipos de pesquisa. É essencial dialogarmos com os
alunos, no sentido de deixá-los atentos e a par de como tais modelos de pesquisa influenciam
ou podem influenciar nas pesquisas, nos estudos etc. que eles, por ventura, venham a fazer.

O método exploratório de pesquisa

Os estudos exploratórios devem ser utilizados na pesquisa científica com o rigor


característico de um trabalho científico. Ele deve ser utilizado quando o pesquisador, por
exemplo, precisa um campo empírico da pesquisa e estabelece os primeiros contatos com os
sujeitos da investigação. A partir daí, o pesquisador estabelece as idas e vindas com o objeto
de pesquisa com o objetivo de realizar as primeiras investigações exploratórias e,
consequentemente, criar meios que possa fornecer, posteriormente, subsídios a outras etapas
da pesquisa a partir da utilização de outros métodos de pesquisa.
Um dos métodos de pesquisa que pode exigir a utilização do método exploratório é o
método descritivo de pesquisa. Para Triviños (2006), os estudos descritivos exigem do
pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar. Por isso, que em
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muitos casos de pesquisa descritivas estão atrelados a esse método os estudos exploratórios.
Embora a utilização dos estudos exploratórios em muitos casos tenham apenas a intenção de
fornecer subsídios necessários para o bom andamento dos estudos descritivos, eles não só
forneceram tais subsídios como também, a partir deles, é possível que o pesquisador conheça
a dinâmica do campo empírico da pesquisa e, consequentemente, possa estar criando uma
relação mútua de respeito e ajuda com os respondentes do campo empírico da pesquisa.

O método descritivo de pesquisa

Os estudos descritivos nos permitem descrever de modo preciso os fatos e fenômenos


de uma determinada realidade humana e social. Por isso, eles são bastante utilizados, pois
servem de guias para as pesquisa das ciências humanas e sociais, por exemplo. De acordo
com Triviños (2006), o foco desses estudos reside no desejo de conhecer a comunidade, seus
traços característicos, seus integrantes, seus problemas, etc. Além disso, “a maioria dos
estudos que se realizam no campo da educação é de natureza descritiva” (TRIVIÑOS, 2006,
p. 110).
Sem dúvida, os estudos descritivos são bastante consistentes durante o percurso de
investigação de qualquer pesquisa. Eles são utilizados, justamente, para investigar o
comportamento dos sujeitos diante do objeto investigado. Desse modo, o pesquisador deve
estar atento para captar os sentidos e olhar tudo que for possível para, a partir daí, poder
descrever e processar as informações e sentidos com mais acuidade, a fim de ter uma boa
análise de conteúdo dos dados colhidos, pois “o ponto de partida da análise de conteúdo é a
mensagem, seja ela verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou
diretamente provocada”, (FRANCO, 2003, p. 13).

As técnicas de obtenção de dados

No contexto da proposta do método descritivo, a aplicação da observação participante


permite conhecer mais profundamente a dinâmica dos envolvidos na pesquisa. May (2004)
reforça os motivos que justificaria a escolha da observação participante como uma das
técnicas de coleta de dados:
É importante participar das relações sociais e procurar entender as ações no
contexto de uma situação observada. Por quê? Porque é argumentando que
as pessoas agem e dão sentido ao seu mundo, se apropriando de significados
a partir do seu ambiente. Assim, os pesquisadores devem tornar-se parte
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daquele ambiente, pois somente então podem entender as ações daqueles que
ocupam e produzem culturas, definidos como os aspectos simbólicos e
aprendidos do comportamento humano, os quais incluem os costumes e a
linguagem. (MAY, 2004, p. 175-176).

Então, por diversas vezes o pesquisador deve se deparar com o ambiente da pesquisa
observando e, às vezes, interagindo com os sujeitos da pesquisa. Pois May (2004) defende
que o pesquisador deve tornar-se parte do ambiente investigado. Dessa forma, cada vez mais,
o pesquisador pode estabelecer uma interação cada vez maior de confiança com os sujeitos da
pesquisa.

O uso do questionário nas pesquisas

Para Laville e Dionne (1999) o questionário “se presta, às vezes admiravelmente, a


casamentos com outras técnicas e instrumentos” (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 182).
Para May (2004, p. 124) os questionários quando são confeccionados com perguntas
abertas “dão aos sujeitos uma liberdade maior para responder, porque eles o fazem de uma
maneira que é adequada à sua interpretação”. Diferentemente das perguntas fechadas que
requer um tratamento estatístico, as abertas são mais representativas das pesquisas em
Ciências Humanas. Nesse sentido, elas complementaram as observações realizadas, porque
fornecem outras possibilidades, não só de interpretação, mas também de diálogo com as
teorias sociais.
Para completar o quadro metodológico, durante o andamento de uma pesquisa o
pesquisador deve selecionar com certo cuidado os teóricos que irão ajudar na fundamentação
teórico do trabalho. Pois, a pesquisa bibliográfica, segundo Macedo (1994, p. 13) “busca
informações bibliográficas, seleção de documentos que se relacionam com o problema de
pesquisa (livros, verbetes de enciclopédia, artigos de revistas, trabalhos de congressos, teses
etc.) para que sejam posteriormente utilizadas”.

Considerações finais

A presença das regras, detalhes, indicações rígidas para digitação e formatação do


texto atendem o que determinam os métodos científicos de pesquisa. Se por um lado, as
técnicas de coleta de dados parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e escrever, por
outro lado, a ausência de exigência metodológica faz com que o estudo de metodologia
científica nas IES raramente seja bem aceito pelos alunos. A metodologia, porém, objetiva
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bem mais do que levar o aluno a elaborar projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou
um artigo científico como requisito final e conclusivo de um curso acadêmico. Ela almeja
levar o aluno a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento
estruturado, plausível e convincente, através de regras que facilitam e estimulam a prática da
leitura, da análise e interpretação de textos e, consequentemente, a formação de juízo de valor,
crítica ou apreciação com argumentação plausível e coerente.
O método, por exemplo, quando incorporado a uma forma de trabalho ou de
pensamento, leva o indivíduo a adquirir hábitos e posturas diante de si mesmo, do outro e do
mundo, que só tem a beneficiar a sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica
e cultural. Com base em métodos adequados e técnicas apropriadas, o estudante terá
condições, a partir da conscientização de um problema, de ir em busca das respostas ou
soluções para o mesmo. A atividade científica é, acima de tudo, o resultado de uma atitude do
ser humano diante do mundo que o cerca, do qual ele mesmo é parte integrante, para entendê-
lo, reconstruí-lo e, consequentemente, torná-lo inteligível.
As regras e passos metodológicos que são ensinados nas IES visam, portanto, a
inserção do aluno no mundo acadêmico-científico desenvolvendo nele hábitos que o
acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura e o espírito crítico maduro e
responsável. A disciplina de metodologia científica ajuda os alunos na experiência de
sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis e os auxilia a administrar suas emoções, a
exercitar o bom senso e a enfrentar desafios na conquista de suas metas.

Referências bibliográficas

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TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: A


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