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CENTRO DE ENGENHARIA

DA MAIA EXPORTA 90% DA Vinho


PRODUÇÃO Carros elétricos
comandados por telemóvel e
português
o avião militar KC 390 são
projetos em carteira E16
conquista
a China
BRIC: a atual
crise pode Exportações dos
retirá-los produtores nacionais
crescem 62% em
do pedestal E8 seis meses E20

Expresso

ECONOMIA 2094
15 de dezembro de 2012
www.expresso.pt

Últimas Efromovich oferece “Portugal


negociará de
joelhos em
Banca financia economia
do mar O BPI, o BES e o Banco
Popular vão abrir linhas de cré-
dito para quem investir em pro-
mais ¤150 milhões 6 meses”

pela TAP
jetos ligados ao mar, ao abrigo
do programa PROMAR. Em ONU contesta programa
2011 foram investidos 90 mi- de ajustamento e diz que
lhões de euros neste domínio. Portugal terá uma
Só na aquacultura, os projetos convulsão social grave
aprovados, duplicarão a produ- em 2013 se não negociar
ção atual no espaço de dois
anos. Desemprego de 24% em
2014 e bolsas de extrema po-
Emprego cai 4,1% no 3º tri- breza é o cenário traçado pa-
mestre O número de pessoas
empregadas em Portugal caiu > Proposta entregue a 7 de dezembro era de ¤200 milhões > Oferta ra Portugal se se mantiver o
atual programa. Artur Baptis-
4,1% no terceiro trimestre de
2012, face aos números do ano
chega agora aos ¤351 milhões > Estado recebe ¤35 milhões > Negócio ta da Silva, da ONU, apresen-
ta solução para poupar ¤10,3
anterior. Segundo os dados do da manutenção no Brasil sai do universo TAP e entra no grupo Synergy E10 mil milhões. E12
Eurostat, este recuo foi superior
à média da zona euro, que se si-
tuou nos 0,7%. Entre os Estados-

António
-membros, apenas a Grécia re-
gistou uma queda superior à
portuguesa: 8,9%.
Hotéis e
campos de
Inflação cai na zona euro A
taxa de inflação anual na zona
Quina golfe caem
euro passou de 2,5% em outu-
bro para 2,2% em novembro, re-
vela o Eurostat. A mesma enti-
explica nas mãos
dade revela que o Produto Inter-
no Bruto (PIB) per capita portu- colapso de fundos E14

guês, em paridades de poder de


compra, caiu 2,9% em 2011, rela-
tivamente ao ano anterior, re-
gredindo para 77,4% da média
de A Vida AGRICULTURA
PERDEU METADE
da União Europeia.
é Bela DOS FUNCIONÁRIOS
EM SEIS ANOS Em
Epopeia dos Descobrimen- 2004, o Ministério da
tos Mário Ferreira (Douro Agricultura tinha 12.255
Azul) vai investir ¤10 milhões
na instalação no Porto de um funcionários. Em 2010
centro interativo inspirado na já eram só 6471. Agora
epopeia dos Descobrimentos. É rondam os 6000 E26
um conceito híbrido, algures en-
tre o museu e o parque lúdico,
assente na tecnologia digital.

Lisboa campeã da qualida-


Galp
de-preço O Tripadviser, um
dos maior sites web de viagens,
abandona
elegeu a capital portuguesa co-
mo a que tem melhor relação
poço de
qualidade-preço do mundo para
turistas, à frente de Budapeste e
petróleo de
Banguecoque. Lisboa consegue
ser também a cidade europeia
A VIDA JÁ NÃO É BELA Antó-
nio Quina, criador das caixas de
Alcobaça E18

mais ‘amigável’, sendo apenas experiências da marca A Vida é


ultrapassada no mundo por Tó- Bela, explica o que levou uma das
quio e Cancún. mais promissoras empresas de
APOSTA NAS
turismo e lazer em Portugal a en- RESIDÊNCIAS
Porto de Leixões atinge re- trar em colapso: além da crise, UNIVERSITÁRIAS
corde de carga O porto de diz que foi vítima de notícias alar- A Universidade de
Leixões deverá atingir nos próxi- mistas e da mudança de compor- Lisboa está a negociar
mos dias o recorde de carga mo- tamento dos consumidores. Para
com um grupo privado
vimentada num só ano, ou seja, 2013 fica a promessa de ressurgir
um total de 600 mil unidades com um novo modelo de negó- a exploração de uma
equivalentes a contentores de cio, que está a ensaiar no Brasil. residência universitária
20 pés. FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA E22 para 400 estudantes E27

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02 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

ALTOS Índice Gaspar


Álvaro
Nova recuperação em semana de ‘revolução’ nos EUA
Santos Pereira
Ministro
da Economia O felino Gaspar continua a saltitar em verdade, essa é uma realidade ainda Europeu — conhecido pela sigla OMT amigo do crescimento (que já inspirou
torno dos 75%. Umas vezes distante. O próprio Governo não se — ainda não foi testado mas já se Londres), a decisão de avançar com a
aproximando-se do mercado, outras compromete com emissões este ano, a percebeu que Frankfurt só intervém supervisão bancária europeia ou o
recuando ligeiramente. Esta semana, o julgar pelo Orçamento do Estado, e o quando Portugal já estiver no mercado desbloquear da tranche grega. Isso
Durante muito tempo, foi despreza- índice voltou a subir ligeiramente para mais provável é que a estratégia passe de forma bem-sucedida. Esta semana, pode ter ajudado a animar o ‘nosso‘
do dentro e fora do Governo e mui- 74,8%. Mantém-se acima do limiar por operações de troca de dívida como houve algumas notícias positivas para gato que, mesmo assim, prefere ver
tos vaticinaram que não ia ficar mui- mínimo para poder sonhar com uma a que já foi realizada. O novo programa os mercados, como o novo paradigma para crer. Afinal, 2013 é sempre longe
to tempo com a pasta da Economia. emissão de obrigações mas, na de compra de dívida do Banco Central da política monetária nos EUA mais de mais.
Agora ei-lo a dar cartas a nível euro-
peu, assinando um documento com
os seus pares de Espanha, França,
Itália e Alemanha, com ampla divul-
gação, em que preconiza a reindus-
trialização da Europa, ao mesmo
tempo que aparece como o defen-
sor de alternativas ao buraco sem
fim das políticas de austeridade. Ál-
varo Santos Pereira tem reunido
com os sectores de atividade mais
representativos, o que os empresá-
rios apreciam, e, não fossem as de-
clarações ‘trapalhonas’ sobre a ne-
cessidade de reduzir as preocupa-
ções ambientais na Europa, teria ti-
do uma semana em grande.

Pedro Soares
dos Santos
Administrador-
-delegado
da Jerónimo Martins

O desempenho da Jerónimo Mar-


tins continua a impressionar — o METODOLOGIA O índice é medido entre 0 e 100 e pretende avaliar a capacidade de acesso de Portugal aos mercados. Valores abaixo de 50 representam um mercado
que pode justificar a subida da cota- fechado, entre 50 e 70 um acesso muito difícil e só acima deste valor se torna possível. Tem duas componentes: uma nacional calculada a partir de indicadores como os
ção, na sequência da apresentação, juros, os spreads ou o investimento estrangeiro, e uma externa com base no índice dos CDS da Europa Ocidental. Para mais detalhes ver www.expresso.pt/indicegaspar
no Dia do Investidor, das perspeti-
vas para os próximos anos. Atingir,
na Polónia, as 3000 lojas da cadeia
Biedronka em 2015, desenvolver o FIGURA DA SEMANA GERMÁN EFROMOVICH Regimes autoritários CRESCIMENTO
conceito de drogarias HeBe neste
país e abrir no mínimo 150 lojas na estão contra
Colômbia até 2015 são alguns dos a internet livre Reindustrializar
objetivos. a Europa
— o tema entrou
Mira China, Irão e Rússia estão entre os na agenda
Amaral países que lutaram esta semana no
Presidente do Banco Dubai, na conferência organizada
BIC Português pela União Internacional de
Telecomunicações (UIT), por um
novo tratado que permita facilitar a ‘‘Se é verdade que
censura na internet. Do outro lado durante muitos anos
Defendeu esta semana que os parti- da barricada estão a Comissão
dos do Governo e da oposição se jun- Europeia, a americana Federal o país não teve um
tem para, de uma vez por todas, Communications Commission modelo económico,
avançarem com a reforma do Esta- (FCC) e a Google, pela voz de Vint agora já temos.
do. Além disso, o Banco BIC Portu- Cerf, um dos pais da internet, a
guês acabou por aproveitar mais re- baterem-se pela manutenção do
Chama-se
cursos do antigo BPN do que aquilo princípio de uma rede aberta e sem reindustrialização’’
que se esperava — em vez de manter barreiras. À hora do fecho da ÁLVARO SANTOS PEREIRA
apenas 750 colaboradores, ficou edição, não eram conhecidas MINISTRO DA ECONOMIA
com 1100 o que, nos tempos que cor- quaisquer decisões, mas havia
rem, é uma boa notícia. receios de que nesta conferência da Lê-se o documento “Uma
UIT (organização das Nações nova política industrial para a
Unidas), que reuniu 2 mil delegados Europa” e concluem-se de
Tomás de mais de 160 países, as forças não imediato duas coisas: por um
Correia democráticas pudessem levar a lado, parece conversa fiada,
Presidente melhor. Mas, mesmo que o tratado mas, depois, percebe-se que é
do Montepio consagre limitações no acesso à ali assumido que a política
internet, a verdade é que competirá económica europeia falhou.
aos governos a implementação (ou Só assim se entende que os
não) das regulamentações da ministros da Economia de
Foi reeleito para mais um mandato, conferência do Dubai. Portugal, Espanha, França,
de 2013 a 2015, com 72,6% dos votos, Alemanha e Itália tenham dito
nas eleições mais concorridas de sem- — e foi publicado no “Wall
pre, com mais de 85 mil associados, e Street Journal” de terça-feira
após ter sido acusado pelos adversá- BIC fica com — que a Europa, constrangida
rios de esconder informação. Uma pela crise financeira, não está
das ideias fortes do novo mandato é o 1100 colaboradores a saber lidar com a situação
reforço da presença em África. do BPN de debilidade económica a
que chegou. Ou seja, é o
reconhecimento do falhanço
de uma parte do projeto

E BAIXOS Germán Efromovich, único candidato


à privatização da TAP, foi o protagonis-
ta da semana. Depois de ter apresenta-
com), António de Sousa ( ex-presiden-
te da Caixa Geral de Depósitos) e o ad-
vogado e consultor Evaristo Mendes.
O presidente do Banco BIC
Português quer transformar os
bancos que se fundiram — BIC e
europeu. Há ainda outro
efeito provocado por esta
‘carta de intenções’ assinada
do a sua proposta vinculativa na sexta- Germán Efromovich tem afirmado BPN — “numa história de sucesso”. pelos ministros daqueles cinco
Vasco -feira, dia 7 de dezembro, foram várias que a sua oferta é “muito agressiva”, O número de colaboradores com países: o assunto da
de Mello as opiniões que ecoaram no mercado. tendo em conta a dívida da TAP. que o BIC vai ficar superou em reindustrialização já entrou na
Presidente Sobretudo contra a operação que o em- O empresário é dono do grupo brasi- muito o número a que estava agenda política europeia. E
da Brisa presário quer fechar. leiro Synergy, que controla a Avianca obrigado por via do contrato com o não entrou apenas na agenda
Houve quem fizesse as contas ao va- Taca e a Avianca Brasil (ex-Ocea- Estado português: dos 1200 dos políticos como também
lor do negócio, análises financeiras da nAir). Em Portugal, está representa- trabalhadores comprometeu-se a entrou na dos empresários.
TAP e muitos comentários sobre a for- do pela consultora financeira 3angle- ficar com 750 mas o número ficou Por exemplo, a intenção de
Não está fácil retirar a Brisa da Bol- ma como o processo de privatização es- capital e pela sociedade de advogados nos 1100. Além disso, decidiu reduzir a taxa de IRC para 10%
sa, como pretende a Tagus, a maior tá a ser conduzido. Os partidos da opo- Linklaters. manter 200 unidades comerciais, anunciada por Santos Pereira
acionista da Brisa e que resulta de sição falam de “falta de transparência” Germán Efromovich nasceu na Bolí- quando se tinha comprometido a já estará a travar alguns
uma parceria entre a José de Mello e e exigem a suspensão da venda da com- via, naturalizou-se brasileiro, tem na- ficar com pelo menos 160. À investimentos, que aguardam
a Arcus. As divergências com a Co- panhia. Os sindicatos da empresa vão cionalidade colombiana e é filho de agência Lusa, Mira Amaral, apenas uma resposta formal
missão do Mercado de Valores Mobi- pelo mesmo caminho e querem partici- pais polacos, o que lhe atribui a cidada- presidente do Banco BIC Português, de Bruxelas para avançarem.
liários sobre a forma como essa reti- par na discussão. Ainda ontem arran- nia polaca e facilita a operação de com- afirmou que a fusão jurídica está Ou seja, se a Comissão
rada de Bolsa poderá ocorrer arris- caram as audiências parlamentares na pra da TAP. As normas comunitárias feita e que a estratégia do BIC tem Europeia não autorizar essa
cam mesmo transferir-se para o tri- comissão de Economia e Obras Públi- impedem que companhias aéreas não- como objetivo reforçar o alteração, todos os projetos
bunal. Ao mesmo tempo, a Brisal, cas, que decorrerão até terça-feira. -europeias detenham mais de 49% das financiamento às pequenas e de investimento poderão
concessionária da Autoestrada A17 e O Governo criou entretanto um comi- europeias. Com cidadania na Europa, médias empresas (PME) parar, pelo menos no que
na qual a Brisa tem 70%, vai deixar té de sábios para acompanhar os pro- esta é uma questão que deixa de se co- exportadoras, em particular às que respeita a Portugal. Falta ver
de pagar a dívida que tem à banca. cessos de privatização da TAP e da locar para Germán Efromovich. Entre- têm negócios com Angola. Mas se os outros países não
Pedro Lima ANA, composto por José Manuel Ama- tanto, a opinião pública vai colocando quer expandir para o Brasil, Cabo querem o mesmo.
plima@expresso.impresa.pt do da Silva (ex-presidente da Ana- outras. Verde, Namíbia e Congo.

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 03

Indemnizações por despedimento


voltam a cair já em 2013 Daniel Bessa

Prognóstico
O Governo pretende reduzir as indemnizações para 12 dias por ano, protegendo
os direitos adquiridos e avançando, ao mesmo tempo, com o fundo de garantia
Depois de diminuírem de 30 dias de mas que é “totalmente falso” que os
1 As regras antigas, em vigor
3 Contratos de trabalho anteriores endo a dar

T
salário, por cada ano de trabalho, 12 dias estabelecidos pelo Governo até novembro de 2011 a novembro de 2011 importância a datas.
para 20 dias, as indemnizações por correspondam a essa média. Até Os trabalhadores afetados por Quem já tinha 12 anos de trabalho a 31 Fazem história, bem
despedimento devem cair para 12 dias porque em Portugal as indemnizações processos de despedimento coletivo, de outubro de 2012 (início da sei que de índole
já em 2013. Mas os direitos adquiridos são calculadas tendo em conta o por extinção de posto de trabalho ou convergência), já tinha direito a mais de meramente factual;
vão ser protegidos (ver caixa). Essa é salário base e as diuturnidades, despedimento por inadaptação tinham 12 salários. Por isso, aplica-se apenas a mas ajudam-me a
a proposta do Governo, em linha com enquanto noutros países é direito a uma compensação fórmula antiga, ficando a compensação ‘organizar a cabeça’, e as ideias.
o memorando de entendimento, que considerada toda a retribuição correspondente a 30 dias de salário congelada. Por exemplo, quem tinha 20 Foi no dia 13 de maio de 2010.
previa um intervalo entre oito e 12 auferida pelo trabalhador, incluindo base e diuturnidades por cada ano anos receberá sempre 20 salários se for Numa conferência de imprensa,
dias para aproximar o valor das diversos subsídios. Por isso, João trabalhado, com o limite mínimo de despedido. Para quem ainda não tinha José Sócrates afirmou: “O mundo
compensações da média europeia. A Proença considera a medida três meses e sem limite máximo. essa antiguidade, a compensação terá mudou muito nos últimos 15
proposta deve ser aprovada já este “totalmente inaceitável e viola os várias parcelas: a primeira, de 30 dias por dias” (continuo, até hoje, a tentar
mês em Conselho de Ministros, sendo
depois discutida com patrões e
sindicatos, antes de ser apresentada
compromissos assumidos”.
Também os patrões têm reticências,
já que o Governo pretende que o novo
2 Contratos de trabalho assinados
a partir de novembro de 2011
A indemnização por despedimento
ano, desde o início do contrato até
outubro de 2012, a segunda, de 20 dias
por ano, desde novembro de 2012, e, se
saber o que se terá passado de
tão extraordinário entre os dias
28 de abril e 13 de maio de 2010),
no Parlamento. fundo de compensação do trabalho, devida aos trabalhadores diminuiu de estas duas não atingirem o teto fixado tirando daí a consequência de
A discussão na concertação social que servirá para garantir o 30 dias por cada ano de casa para 20 (12 salários ou ¤116.400), uma terceira que seria necessário “um esforço
promete ser acesa. As centrais pagamento destas indemnizações, e dias, com um teto de 12 salários e de parcela, correspondente a 12 dias por adicional”, que “os portugueses
sindicais já se manifestaram que será, pelo menos em parte, ¤116.400. Quando entrar em vigor a ano de trabalho, desde a entrada em entenderiam bem” — até porque,
frontalmente contra esta proposta. financiado pelas empresas, avance ao nova referência de 12 dias por ano de vigor da nova lei. facilitando o “entendimento”, se
Inclusive a UGT, que assinou o acordo mesmo tempo. Vieira Lopes, trabalho (se não sofrer alterações na o não fizessem, “o financiamento
tripartido para a competitividade, o
crescimento e o emprego, que previa
a aplicação da redução das
presidente da Confederação do
Comércio e Serviços de Portugal, já
afirmou que as empresas não estão
concertação social), o valor das
compensações irá incorporar duas
parcelas: a primeira corresponde a 20
4 Novos contratos
Os contratos assinados após a
entrada em vigor da nova lei (prevista
à nossa economia não estaria
assegurado”.
Antes disso, em março de 2010,
compensações a todos os contratos de preparadas para a constituição do dias por ano e abrange o tempo de para o primeiro trimestre de 2013) já havia sido aprovado o PEC1, em
trabalho, salvaguardando os direitos fundo, porque este significa mais um trabalho até à entrada em vigor da só darão direito uma indemnização de que se recusara qualquer
adquiridos. João Proença, líder da encargo financeiro, numa altura em nova legislação; e a segunda, 12 dias por cada ano de trabalho. A aumento de impostos exceto
UGT, já salientou que o acordo prevê que muitas estão numa situação correspondente a 12 dias, aplica-se a redução face ao regime original (30 sobre as mais-valias. Podemos,
o alinhamento com a média europeia, muito vulnerável. partir dessa data. dias por ano de trabalho) é de 60%. por comodidade, considerá-lo
pré-história. A história começou,
verdadeiramente, em maio de
2010, com a aprovação do PEC2.
O ritmo a que os
QUIZ DA SEMANA
Capital de Risco por Rodrigo de Matos acontecimentos se sucederam foi
vertiginoso. Quando, no dia 21 de
março de 2011, o Governo

1 Qual a palavra mais dita


por Álvaro Santos Pereira?
apresentou na Assembleia da
República o PEC4, o PSD, que
havia apoiado os três PEC
a) Refundação anteriores, falou de
b) Reindustrialização incompetência, de austeridade
c) Reestruturação incomportável (e sem resultados)
e fez saber que votaria contra o

2 A nova supervisão
bancária europeia arranca em:
PEC4, fazendo cair o Governo —
tendo, entretanto, sido aprovado
o Memorando de Entendimento
a) Janeiro de 2013 com os credores internacionais.
b) Junho 2013 Com novos protagonistas, a
c) Março de 2014 história ganhou novos contornos
mas nem desacelerou nem

3 Que responsável
da troika fez esta semana
mudou no essencial. Esta última
afirmação pode parecer injusta e,
pior, sentida como tal por quem
uma conferência em Lisboa? se tem empenhado num
a) Durão Barroso programa de reformas
b) Abebe Selassié estruturais, ainda que mais bem
c) Olli Rehn sucedidas umas do que outras.
Posso até concordar com o facto

4 Qual a queda homóloga


das vendas de telemóveis em
de que a economia portuguesa
está hoje melhor do que há dois
anos (refiro-me às suas condições
Portugal no terceiro trimestre? de crescimento a médio e longo
a) 18% prazo), mas não é essa a
b) 25% perceção da maior parte da
c) 41% população, subjugada ao império
de um imediato caracterizado

5 O Fisco está a cobrar


retroativamente IMI nos casos
pela recessão e pelo agravamento
das condições de vida — e em
que nada, até hoje, conseguiu
em que houve: introduzir uma luz de esperança.
a) Festas Com ou sem razão, o PS não se
b) Concertos mostra mais paciente do que o
c) Obras
EM OFF mas mesmo tanta, que um jovem agri-
cultor quis instalar-se no ramo dos laticí-
da apenas os 19 dias. O que vale é que
esse “ex-jovem” não desiste facilmente
PSD. Apoiou as primeiras
medidas, ainda se absteve no

6 Que milionário está


interessado na Pearson, que
A irresistível visita à refi-
naria A associação europeia da indús-
nios e candidatou-se a uma compartici-
pação quanto tinha 37 anos. No entan-
to, só viu o seu projeto aprovado quando
e acabou por avançar com o seu projeto,
apesar de ter sido fortemente penaliza-
do no acesso aos fundos comunitários.
OE-2012, mas radicalizou
quando, poucos dias depois do
“discurso do Pontal”, em agosto
detém o “Financial Times” e tria petrolífera tem em curso uma iniciati- já tinha mais de 41. Ou seja, deixou de deste ano, Passos Coelho teve de
parte da “The Economist”? va para divulgar o sector junto da popula- ser jovem aos olhos dos burocratas e, Portugueses em grande inverter a narrativa de sucesso
a) Michael Bloomberg ção europeia. Não é preciso ter muito tra- com isso, perdeu o direito aos apoios a no Nobel A cerimónia de entrega que vinha utilizando até então:
b) George Soros balho. Basta passar pelo seu site “Forne- que tinha direito. Felizmente que hoje do Prémio Nobel da Paz, que decorreu não porque o mundo tenha
c) Warren Buffett cendo Energia para o Futuro da Europa”, em dia a aprovação de um projeto ron- esta semana em Oslo, teve uma partici- mudado de novo mas, mais
preencher um inquérito e esperar ser um pação portuguesa fora do comum. Du- prosaicamente, porque foi

7 Que banco central


anunciou uma meta de 6,5%
dos três felizes contemplados no sorteio.
É fácil, é barato mas, infelizmente, não dá
milhões. O prémio é uma viagem, com es-
rão Barroso, enquanto presidente da
Comissão Europeia, foi um dos repre-
sentantes de Bruxelas que foi ao palco
devidamente informado sobre a
situação do país.
A história voltou a acelerar, no
para o desemprego? tada incluída, para visitar uma refinaria para receber a distinção. E a animação mesmo sentido: medidas
a) Reserva da Nova Zelândia na Europa. Um programa que deve dei- da cerimónia foi confiada à banda adicionais para 2012, um “brutal
b) Banco do Japão xar louco de alegria qualquer enge- portuguesa OrqueStrada. E, nu- aumento de impostos” no
c) Reserva Federal dos EUA nheiro do sector mas que, para ma das conferências paralelas OE-2013, redução de despesa da
muitos europeus, não será as- à entrega do Prémio, Jaime ordem dos ¤4 mil milhões em
sim tão excitante. Além dis- Quesado fez uma apresen- 2014, venha ou não a tomar o
so, convém que escolham tação sobre a “expe- nome de “refundação do Estado”.
uma refinaria com pouco fu- riência portugue- É certo que, ao contrário do que
mo para não obrigar os visi- sa na ino- sucedia em 2011, o Governo é
ILUSTRAÇÃO PAULO BUCHINHO

tantes a levar máscara de vação e co- hoje apoiado por uma maioria
gás na bagagem. Senão, o pas- nhecimen- parlamentar. Mas dificilmente
seio pode não ser assim tão agra- to nos últi- resistirá a qualquer narrativa
dável e irresistível como parece mos 10 anos”. que, depois de conhecida a
à primeira vista. Para um país execução orçamental do primeiro
que teve ape- semestre de 2013, venha
Jovem fica velho de nas dois Nobel, anunciar que “correu mal,
6 — a); 7 — c)
Soluções: 1 — b); 2 — c); 3 — b); 4 — a); 5 — c);
tanto esperar A burocracia não deixa de ser exigindo medidas de austeridade
no Ministério da Agricultura era tanta, motivo de orgulho. adicionais”.

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04 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 05

Cem por Cento


Nicolau Santos
nsantos@expresso.impresa.pt

Alô, Bruxelas! Nós atamancamos isto, descansem!


aríssimos eurocratas, como do o que tem a ver com o sector auto- nho cara de nojo por 80% da suposta Portanto, por via das dúvidas, aceita-

C
sabem temos um ministro móvel. Vocês, claro, foram compreen- redução do défice vir de um brutal au- O extraordinário não ram o OE-2013, mas pediram ao dr.
das Finanças de que gos- sivos, até porque a receita foi subscrita mento de impostos e só 20% de cortes Gaspar para vos dar uma garantia de
tam muitíssimo por pensar por vocês e nunca imaginaram que a na despesa, quando vocês tinham escri- é vocês aceitarem o que desta vez, se houver derrapagens,
exatamente como vocês. economia fraquejasse tanto com o tra- to, preto no branco, que o ajustamen- método. O extraordinário haverá calços e travões para não saí-
Como têm visto, ele não só tamento brutal que lhe aplicaram. A to deveria vir 2/3 do lado dos cortes na é o germânico dr. Gaspar rem de novo mal na fotografia. E o dr.
aplica à risca a receita que vocês nos realidade, realmente, só atrapalha os despesa e 1/3 do lado da receita. Mas estar a render-se Gaspar assim fez e mandou-vos uma
passaram, como tem aumentado a do- melhores modelos econométricos. quando as coisas começam a não cor- carta onde garante que já está a prepa-
se de forma considerável. O objetivo é Por causa disso, foram compreensi- rer bem, tanto faz que o gato seja pre- ao português que tinha rar medidas que representam 0,5% do
o regresso aos mercados em setembro vos com o nosso ministro das Finanças to como branco, desde que cace ratos, dentro dele PIB, cerca de ¤830 milhões, contem-
de 2013, ou melhor, era. Segundo ele e magnanimamente deixaram que a já dizia Deng Xiaoping, que teve uma plando sobretudo reduções adicionais
nos explicou, esse objetivo que antes meta do défice para este ano passasse acidentada mas longa vida política. E nos salários dos funcionários públicos.
era um momento, agora já não é um de 4,5% para 5%. É claro que têm cons- se é o dr. Gaspar que diz que tem de Assim, estão mais descansados. Já sa-
momento, mas um processo que vai de- ciência de que também este valor não ser assim, vocês acreditam e perdoam bem que o orçamento vai falhar. Mas
correndo e que um dia acabará por será cumprido, mesmo que uma parte ao dr. Gaspar este pequeno desvio no estão rendidos ao método nacional de
acontecer. venha de uma receita excecional, a pri- vosso infalível plano. atamancar a situação. Não é muito
Como também sabem, a execução or- vatização da ANA, coisa que vocês ti- Deram, pois, o vosso aval ao docu- científico nem muito exportável mas é
çamental para este ano correu excecio- nham dito que não autorizariam. E já mento, mas com uma pedra no sapato. o que temos por cá. Faz-se um orça-
nalmente bem, não fosse o pormenor começaram a desvalorizar o facto de o E se isto não resulta outra vez? E se o mento que está errado à partida e de-
de as pessoas terem deixado de consu- défice este ano ir ficar várias décimas modelo econométrico não acerta de pois atamanca-se para acertar. O ex-
mir e de terem sido despedidas aos mi- acima dos 5%. Fazem bem. É que vo- novo? E se realidade teima em desmen- traordinário não é vocês aceitarem o
lhares, o que deu cabo das previsões cês são corresponsáveis pelo sucesso tir os pressupostos em que assenta o método. O extraordinário é o germâni-
que havia para as receitas fiscais, no- ou fracasso da receita. orçamento e evita que a nossa receita co dr. Gaspar estar a render-se ao por-
meadamente no que toca ao IVA e tu- Para 2013, vocês fizeram um bocadi- seja um enorme sucesso? tuguês que tinha dentro dele.

Nas fotografias mais antigas


ainda uso óculos: memória
das lentes riscadas e paninhos
de flanela. Um dia as dioptrias
desapareceram (“óptimo”, disse
o oftalmologista) e fiquei a ver
melhor ao longe — mas não tão
longe que consiga alcançar, hoje,
o que via quando as hastes me
magoavam atrás das orelhas.

FOTO TIAGO MIRANDA


José Mário Silva,
‘Hipermetropia’ in “Luz Indecisa”

O pai de toda a supervisão Comprar O melhor negócio do ano


o Belenenses
acordo para a criação de um continuem a desenvencilhar-se dos tí- orque decide uma pessoa melhor negócio do ano vai ser truir novos aeroportos. A ANA cobra

O supervisor bancário único é


uma boa notícia para os 17 Es-
tados da zona euro e uma vitó-
ria para a Alemanha. Com efeito, ao
conseguir que só sejam abrangidos os
tulos de dívida pública dos países em
maiores dificuldades. Dito isto, é de
saudar o novo supervisor bancário,
que vai controlar cerca de 200 entida-
des. É de supor que não haverá com-
P comprar um clube de futebol
falido, mesmo que desembol-
sando a irrisória quantia de
469 euros, que poderá aumentar
430 euros se todos os acionistas ven-
O a privatização da ANA. Quem
ganhar leva um porquinho
mealheiro que lhe permitirá
recuperar rapidamente e em seguran-
ça o que oferecer pela empresa, como
demasiado pelos serviços que presta —
e se o INAC não travou isso até agora,
não terá mais força para o fazer depois
da venda. E os clientes da ANA não
têm alternativa. Não se vislumbra,
bancos com ativos superiores a ¤30 placências que podem sempre ocorrer derem? É claro que o acrisolado lhe garantirá um negócio com uma pois, melhor negócio do que este. Mas
mil milhões ou a 20% do PIB do Esta- entre os bancos centrais e os seus su- amor ao Belenenses pode justificar o rentabilidade operacional na casa dos sobram as interrogações: o vencedor
do-membro, Berlim consegue colocar pervisionados. E fica claro quais são os ato. Mas tendo em conta o passado 50% (onde é que existe hoje outro ne- será obrigado a investir em todos os
fora desta supervisão os seus bancos bancos com risco sistémico e os que turbulento de Rui Pedro Soares nos gócio assim?!) e, a cereja em cima do aeroportos ou apostará só no de Lis-
regionais, onde se supõe que existem não o têm. Por outras palavras, com o negócios, não é de excluir que as bolo, sem concorrência, nem agora boa? E como fica a construção de um
enormes debilidades. E ao arrastar o supervisor europeu não teria havido boas intenções acabem numa forte nem no futuro! Com efeito, a ANA ge- novo aeroporto? Pouco importa. O en-
processo para 1 de março de 2014 dá caso BPN. Ou, se houvesse, havia exce- embrulhada. Esperemos que não. O re os aeroportos nacionais — e não de- caixe é agora. O futuro é um prado
margem para que os principais bancos lentes razões para o deixar falir. Belém e os seus sócios não merecem. vem aparecer interessados em cons- que a vaca comeu.

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06 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

CRISE

} Inflação recua
em novembro,
segundo o INE
A taxa homóloga diminuiu
para 1,9% no mês passado.
Em outubro tinha sido 2,1%
‘‘A decisão do
Eurogrupo assegura
que a dívida da
Grécia baixará para
124% do PIB em 2020
e que estará
Tempos de mudança
na política monetária
BANCOS CENTRAIS A Reserva Fe-
deral dos EUA definiu um objeti-
vo para o desemprego que guiará
as mudanças nas taxas de juro.
A RESERVA FEDERAL AVANÇOU COM
UM TERCEIRO PROGRAMA DE “ALÍVIO
6,5
Passou a ser a percentagem
de desemprego nos EUA que
No domingo, o Japão vai a elei- a Reserva Federal considera
substancialmente ções e o provável vencedor fala QUANTITATIVO”, COM COMPRAS DE como limiar abaixo do qual

] PIB per capita


mais longe
abaixo de 110%
em 2022’’
em alterar as regras do Banco do
Japão. No Reino Unido, o chance-
TÍTULOS “INICIALMENTE DE 45 MIL
MILHÕES DE DÓLARES POR MÊS”. BEN
poderá considerar a subida da
taxa diretora de juros. Até lá
da União Europeia ler do Tesouro, George Osborne, os juros manter-se-ão
CHRISTINE LAGARDE admitiu que se discuta o abando- BERNANKE CONFESSOU QUE NÃO próximo de 0%. É a primeira
O produto interno bruto diretora-geral do FMI no do objetivo dos 2% de infla- vez que é definida tal regra.
per capita baixou 2,9 pontos ção, substituindo-o por uma me- CONSEGUIRÁ COMPENSAR O IMPACTO
para 77,4% da média europeia ta amiga do crescimento. TOTAL DO PENHASCO ORÇAMENTAL.

Do ‘grande DECISÕES & PENDENTES

salto’ n Criação de um supervisor


bancário único operacional
a partir de março de 2014

ao passo n Novo supervisor vigiará


diretamente 200 bancos mas
poderá intervir noutros em
casos pontuais

‘histórico’ n Novo supervisor abre a porta


à recapitalização direta
da banca pelo fundo de resgate
do euro, em 2014

n Recapitalização direta poderá


acontecer em 2013 “sob certas
condições”
Integração da zona euro privilegia n No próximo ano, a Comissão
política dos pequenos avanços Europeia apresentará uma
proposta de fundo de resolução
em detrimento do salto federalista comum para a banca, cujo
quadro legislativo deverá estar
O acordo para a criação de um BCE, para preservar a sacrossan- completo até meados de 2014
supervisor bancário único euro- ta independência da instituição,
peu foi rapidamente rotulado co- as responsabilidades de supervi- n Não há ainda planos para
mo “histórico” por vários res- são ficarão entregues a um “con- garantia europeia de depósitos
ponsáveis comunitários. Mas a selho de supervisão” presidido
adjetivação não esconde o facto por uma personalidade externa n Os eurobonds (obrigações
de o entendimento, arrancado ao banco central sediado em europeias, que funcionariam
pelos ministros das Finanças Frankfurt. No entanto, o BCE po- como mutualização da dívida
dos 27 na madrugada de quinta- derá chamar à responsabilidade soberana) não constam do novo
-feira e ratificado pelos líderes e exigir supervisionar qualquer roteiro
pouco depois em cimeira, ser outro banco que não encaixe nos
uma versão minimalista das in- critérios estabelecidos. n Os países do euro vão assinar
tenções iniciais. A criação do supervisor foi “contratos” que os vincularão
O próprio “roteiro” esperado uma condição prévia imposta pe- à implementação de reformas,
para aprofundar e completar a la Alemanha para viabilizar a re- para as quais poderão contar
União Económica e Monetária capitalização direta de bancos com apoios financeiros pontuais
(UEM), com decisões concretas em dificuldades pelo novo Meca-
a tomar em datas precisas ao nismo Europeu de Estabiliza- n O Eurogrupo desbloqueou
longo dos próximos anos, aca- ção, mas só depois de o supervi- o pagamento de várias tranches
bou por ser, também, uma som- sor estar operacional. Mais im- de apoio financeiro à Grécia
bra do esperado. portante do que isso, a zona eu- num total de 49,1 mil milhões
ro acredita que a nova realidade de euros, em que 34,3 mil
Voar baixinho permitirá colocar um ponto fi- milhões serão desembolsados
nal no contágio entre risco ban- na próxima semana e os
Durão Barroso referiu-se ao no- cário e risco soberano, um dos restantes 14,8 mil milhões em
vo supervisor como “o navio-al- elementos mais desestabilizado- tranches no primeiro trimestre
mirante” da união bancária: res durante a crise das dívidas de 2013
“lembrem-se de que quando falá- na zona euro.
mos disto há algum tempo, al- De acordo com uma fonte go- n Não houve ainda acordo sobre
guns disseram que não iria voar. vernamental, Portugal vê nes- o resgate a Chipre. As
Está a voar”. É caso para dizer ta evolução “um passo muito negociações entre Nicósia e a
que está a voar, mas baixinho. importante para uma econo- troika prosseguirão em janeiro
“Não foi nada de revolucioná- mia como a portuguesa, con-
rio”, diria Barroso no final do frontada com problemas de cré-
primeiro dia de trabalhos do dito e custos de financiamento
Conselho Europeu. muito altos”.
O novo supervisor ficará entre-
gue ao Banco Central Europeu O que ficou pendente
(BCE) e, em princípio, deverá es-
tar operacional a partir de mar- Para completar a união bancá-
ço de 2014, embora os regula- ria fica a faltar a criação de um
mentos prevejam a possibilida- mecanismo de resolução co-
de de isso acontecer mais tarde mum e de um fundo europeu de
(recorde-se que a sua criação garantia de depósitos.
chegou a ser apontada para o iní- Em relação ao primeiro, a Co- Mais uma cimeira marcada pela agenda eleitoral de Angela Merkel FOTO OLIVIER HOSLET/EPA
cio de 2013). missão Europeia deverá apre-
Mas, ao contrário do proposto sentar uma proposta no decor- lação ao segundo, a partilha de correspondente integração finan- mais uma vez hoje foi claro”, “capacidade orçamental” na zo-
pela Comissão Europeia, e por rer de 2013 e os 27 países-mem- responsabilidades pela garantia ceira, económica e orçamental. afirmou Barroso, que explicou na euro, um embrião de orça-
imposição de Berlim, a sua res- bros comprometeram-se a com- dos depósitos, essencial para evi- Mas, em vez do “grande salto em que “os países que estão a sentir mento comum, foi expurgada
ponsabilidade direta incidirá pletar o respetivo quadro legisla- tar o risco de fuga de capitais en- frente” prometido ao longo dos maior a pressão querem obvia- do texto final do encontro. Que,
não sobre todos os seis mil ban- tivo “o mais tardar” antes do fim tre países da zona euro, as con- últimos meses, de Bruxelas saiu mente decisões mais ambicio- no entanto, explica que o presi-
cos da zona euro, mas apenas so- da atual legislatura do Parla- clusões do Conselho Europeu pouco mais do que uma mão- sas. Portugal, Espanha, Grécia, dente do Conselho Europeu de-
bre os cerca de 200 que corres- mento Europeu (PE), ou seja, são omissas. Enquanto a criação -cheia de intenções. Não obstan- e Itália queriam decisões mais verá apresentar até junho do
pondem aos critérios definidos em meados de 2014, mas sem destas estruturas europeias per- te, Barroso considera que os no- cedo e, sobretudo, decisões de próximo ano uma proposta para
(como por exemplo ativos supe- qualquer data para a sua entra- manece uma miragem, os 27 vos poderes do BCE são “muito maior alcance”. concretizar a ideia de “contra-
riores a 30 milhões de euros, di- da em funcionamento. Já em re- querem concluir até meados de comparáveis com a Reserva Fe- A referência à criação de uma tos” a assinar pelos países da zo-
mensão transfronteiriça e te- 2013 o processo de aprovação deral nos Estados Unidos”. na euro e as instituições euro-
rem sido recapitalizados por fun- das diretivas que visam aproxi- A pompa dos grandes desíg- peias destinados a promover a
dos europeus). No grupo de 200 A criação do supervisor mar as diferentes regras nacio- nios deu lugar ao pragmatismo Portugal, Espanha, convergência económica e o re-
estarão seis bancos nacionais foi uma condição prévia nais nestes dois domínios. do que é realisticamente possí- Grécia e Itália forço da competitividade. Nes-
(CGD, BES, BPI, BCP, Santan- imposta pela Alemanha Por sua vez, a união bancária é vel. Uma evolução a que não se- queriam decisões tes casos existirão “mecanismos
der Totta e Banif). considerada a “pedra angular” rá alheia a sensação de alívio em de solidariedade” para financiar
Além disso, para responder a para viabilizar da arquitetura que falta para relação à crise da dívida sobera- mais cedo e, sobretudo, os esforços destes países.
outra exigência de Angela Mer- a recapitalização completar a UEM, para colma- na: “Há, como eu já disse, uma decisões Daniel do Rosário
kel de separar a política monetá- direta de bancos tar o “pecado original” da cria- diferença quanto ao sentido de de maior alcance correspondente em Bruxelas
ria da supervisão no seio do ção do euro: uma moeda sem a urgência nalguns países, e isso economia@expresso.impresa.pt

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 07

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08 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

EMERGENTES

Uma das cidades-fantasmas


mais célebres da China é Ordos
na Região Autónoma da Mongólia
com ruas de duplexes vazios.
Ordos significa palácios...
FOTO DAVID GRAY / REUTERS

Os BRIC são um tigre de papel DUAS PERGUNTAS A

ou vão dominar o mundo? Ruchir Sharma


Diretor de Mercados Emergentes
e Macroeconomia Global na Morgan Stanley
International Management

O futuro deste bloco alternativo ao G7 é incerto. Para alguns analistas vai cair do pedestal
Os BRIC — o acrónimo para Brasil, Rús- emergentes, crescimentos abaixo de mento (como o da foto) inundados de O livro de Sharma, publicado este
sia, Índia e China — continuam a ser 6% são normalmente considerados co- ervas daninhas. Quanto à “doença ho- ano, provocou inclusive um ‘choque’
um tema fraturante. “As expectativas mo alerta laranja. landesa”, Sharma pressente alguns si- nas elites dos BRIC. Em “Breakout Na-
sobre a sua morte próxima são manifes- Mas Ruchir Sharma e Frederico Gon- nais de uma euforia do tipo dot-com tions: In Pursuit of the New Economic
tamente exageradas”, diz-nos Oliver zaga Junior, da Universidade Federal nos exportadores que vivem de petro- Miracles”, o indiano alega que o foco
Stuenkel, professor na Fundação Getú- de Minas Gerais, não creem que haja dólares ou de euros do gás. Como o Bra- geopolítico deve virar-se, agora, para
lio Vargas, em São Paulo, adaptando risco de um rebentar de “bolhas” na sil com a euforia do pré-sal (e o filão da as próximas economias emergentes
um célebre dito do escritor Mark China e no Brasil, apesar da inacreditá- partilha de royalties em perspetiva por que chegarão aos 2 biliões de dólares
Twain. Mas Ruchir Sharma, diretor da vel especulação imobiliária que torna a parte dos estados costeiros) e a Rússia de PIB. Surpreendentemente, poderão
área de Mercados Emergentes e Ma- China a pátria das cidades-fantasmas, que continua a ser o maior exportador brotar das grandes democracias muçul-
croeconomia global da Morgan Stanley dos blocos de condomínios vazios e dos mundial de crude e de gás natural. Mas manas.
(MS), é perentório, em entrevista ao Ex- projetos megalómanos de entreteni- a situação ainda não é alarmante, diz o
presso: “Na realidade, nunca pertence- diretor da MS. Por seu lado, o consul- Ideia concorrente no ‘Sul’ Há o risco de rebentarem bo-
ram ao mesmo acrónimo”. O especialis- tor Ashutosh Sheshabalaya, da India lhas na China e no Brasil?
ta indiano vai mais longe: nunca foram Advisory, garante que “a Índia está O célebre acrónimo criado há onze Não. Na frente económica, a Chi-
e nunca serão um bloco nem geopolíti- mais bem posicionada do que a própria anos pelo britânico Jim O’Neill, da na continua a abrandar gradual-
FACTOS SOLTOS
co nem económico. China para enfrentar a crise financeira Goldman Sachs, pretendia chamar a mente, e não catastroficamente.
Os rumores espalharam-se rapidamen- global”. Oliver Stuenkel conclui que a atenção para quatro grandes econo- Quanto ao Brasil, já abrandou sig-
te neste ano do Dragão de água, fazendo pior dor de cabeça para os BRIC, no mias emergentes que iriam marcar o nificativamente, para um cresci-
jus à imprevisibilidade e carga de stresse BRASIL Os últimos números foram um curto prazo, não vem de dentro, vem início do século XXI. O acrónimo, de- mento à roda de 1%. No mercado
que acompanha o personagem mitológi- ‘choque’, A taxa de crescimento foi de da evolução da crise na Europa e nos pois, transformar-se-ia num clube polí- de capitais, a China tem um desem-
co do zodíaco chinês: risco de um reben- 0,6% no terceiro trimestre em relação Estados Unidos. tico, numa primeira cimeira, em 2009, penho muito fraco há mais de uma
tar de “bolhas” na China e no Brasil, ao anterior. em Ecaterimburgo, sem que os funda- década e o Brasil desde há um ano
ameaça do Brasil e da Rússia se torna- Cisnes cinzentos dores tivessem convidado O’Neill para e pouco. Estas bolsas não estão em
rem prisioneiros da “doença holandesa” RÚSSIA É dos quatro o que tem um a boda a quatro. Em 2011, juntou a Áfri- níveis de bolha atualmente.
dependendo exageradamente da euforia nível de vida mais elevado, que deverá A grande recessão surgida em 2007 ofe- ca do Sul, passando de BRIC a BRICS,
em torno das exportações de recursos subir para mais de 50% do nível médio receu ao grupo uma projeção geopolíti- para espanto do consultor britânico. O bloco dos BRIC vai desmoro-
energéticos, e de a Índia “contaminar” da zona euro no próximo ano. A ca assinalável, que fez definitivamente Em virtude da heterogeneidade de es- nar-se?
toda a economia do sudeste da Ásia, co- dependência dos preços do petróleo e mossa no G7 das sete economias desen- pecializações económicas e dos siste- Do meu ponto de vista, os
mo alertou este mês o Banco Asiático de do gás natural é o calcanhar de volvidas. Mas a continuação desta crise mas políticos no seio do grupo inventa- BRICS nunca foram e nunca serão
Desenvolvimento. Aquiles. sistémica além do que se previa, pode do por O’Neill, Sheshabalaya é partidá- um bloco geopolítico e económico.
Olhando os números divulgados em retirar o grupo do pedestal. “Três das rio de um alinhamento geopolítico dife- Na realidade, nunca pertenceram
outubro pelo Fundo Monetário Interna- ÍNDIA Um dos problemas atuais é a grandes economias dos BRIC, nomea- rente, em que a Índia, o Brasil e a Áfri- ao mesmo acrónimo. O Brasil e a
cional para este conjunto, que deveria loucura em torno da importação de damente o Brasil, a Índia e a China, são ca do Sul se complementam como po- Rússia são exportadores de com-
ser o novo farol sem mácula, as desilu- ouro. As importações de ouro fontes de eventos de alto risco, são po- tências do Índico e do Atlântico Sul. O modities, a China e a Índia são im-
sões são muitas: o trambolhão monu- representam 80% do défice externo. O tencialmente ‘cisnes cinzentos’”, diz- grupo já tem um acrónimo — IBSA. portadores. Há democracias e esta-
mental do Brasil vai continuar, de 7,5% investimento em ouro é encarado -nos o economista russo Constantin Provavelmente, aplicar aos BRIC a cé- dos totalitários nesse grupo. Há
em 2010 para uma previsão de 1,5% es- como a melhor segurança social. Gurdgiev, um dos blogueiros mais ati- lebre frase de Mao Tsé-Tung sobre os países com baixa inflação e altas ta-
te ano; a Rússia abranda de 4,3% para vos na área da economia. “Cisne cinzen- tigres de papel (então os Estados Uni- xas de investimento, como a Chi-
3,8% no mesmo período; a Índia tam- CHINA Ruchir Sharma acha que o país to” é um acontecimento que pode ser dos) é um exagero, mas as dúvidas acu- na, em contraste com países com
bém dará um trambolhão de 10,1% pa- não vai “seguir o estado de negação” antecipado, mas que é considerado im- mulam-se sobre se será o bloco domi- uma dinâmica de inflação persis-
ra 4,9%; e o crescimento na China des- que foi típico do Japão nos anos 1990. provável. A cor cinzenta pretende dife- nante do futuro, mesmo com uma Chi- tente e baixas taxas de investimen-
cerá, este ano, abaixo do limiar político Para o FMI, só a China pertence ao renciar do “cisne negro”, um conceito na bem destacada como segunda econo- to, como o Brasil. É mais plausível
dos 8%, com as estimativas a variar en- clube das cinco economias inventado pelo ensaísta Nassim Taleb mia do mundo. que cada um destes países se afir-
tre 7,7% e 7,8%, depois de ter crescido “sistémicas”, juntamente com os EUA, para definir acontecimentos totalmen- Jorge Nascimento Rodrigues me como líder regional do que
10,4% há dois anos. Nas economias zona euro, Japão e Reino Unido. te imprevisíveis. economia@expresso.impresa.pt cresçam como um bloco global.

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 09

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10 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

PRIVATIZAÇÃO

Desfecho da operação
deverá ser conhecido
Quanto
no dia 20
FOTO TIAGO MIRANDA
vale
a TAP?
A dívida é fulcral para
determinar o valor da
companhia. Mas também
a capacidade que tem
de gerar fundos
No início da semana, depois de o
único candidato à privatização da
TAP ter entregue a sua proposta
para comprar a companhia aérea
portuguesa, foram várias as vo-
zes que questionaram o valor da
oferta. Ricardo Cabral, professor
de Economia na Universidade da
Madeira, fez contas e veio dizer
que Germán Efromovich deveria
oferecer ¤700 milhões pela TAP.
Para o economista, um valor
mais adequado do que aquele
que o empresário teria apresenta-
do seria 1000 milhões (sem des-
contar a dívida). Descontando os
cerca de ¤300 milhões a injetar
no capital, o valor a pagar deveria
ser de ¤700 milhões.
Fonte próxima do processo
adianta que a avaliação da TAP
que o Governo encomendou aos
bancos BESI, Barclays Capital,
Credit Suisse e Citi Bank variou
entre zero e ¤400 milhões negati-
vos. A mesma fonte acrescenta
que o mercado está a avaliar as
empresas de aviação europeias
com base num múltiplo de 4,6 ve-
zes o EBITDA, em média, e avan-
ça que a TAP contabiliza este ano

Efromovich pagará o restante valor (mais


¤25 milhões) e injetará mais de
50% dos ¤316 milhões no capital
da empresa. A restante tranche
(M&E) no Brasil em definitivo.
Fonte próxima do processo
avança que esta subsidiária do
grupo TAP tem ¤300 milhões de
menta Álvaro Costa, professor
da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto.
“O pior que pode acontecer à
um EBITDA de cerca de ¤200 mi-
lhões. Assim, a preço de merca-
do, a TAP poderia, de facto, valer
perto de ¤1000 milhões.

dá ¤351
será paga no espaço de um ano. prejuízos acumulados, contin- TAP é manter o Estado como pa- Contactado pelo Expresso, João
A proposta pressupõe ainda gências acima dos ¤500 milhões trão”, diz ao Expresso Eduardo Cravinho, antigo ministro das
que o comprador assuma a dívi- e custos mensais com pessoal de Catroga, atual presidente do Obras Públicas, diz desconhecer
da da TAP, que já ascende a ¤5 milhões. Conselho Geral e de Supervisão a proposta, mas adianta que a
¤1500 milhões (dívida bancária, da EDP. O economista recorda questão da dívida é fulcral para se

milhões rendas do leasing operacional


dos aviões e fundo de pensões).
Tudo junto, Efromovich oferece
¤1851 milhões.
Desde que entregou a propos-
Manutenção no Brasil
sai da órbita da TAP
O plano de Germán Efromovich
para a ex-VEM no Brasil, segun-
que a TAP está para ser privati-
zada desde 1997 e, desde então,
têm-se perdido oportunidades.
A TAP necessita de ter a sua es-
tratégia bem clarificada, mas o
calcular o valor da TAP. “A dívida
pode ser assumida com prazos di-
ferentes para efeitos de vencimen-
to, pelo que, para analisar o valor
da proposta, é preciso conhecer
ta, intensificou-se também o com- do soube o Expresso junto de Estado, enquanto acionista, está que compromissos e com que ca-
promisso assumido pelo empre- fontes próximas do processo, é impossibilitado — por normas lendários se assume essa dívida”.
sário. A proposta finalizada, que, retirar a empresa do universo europeias — de meter dinheiro A dívida atual da TAP, apurou o
Proposta para ficar com a TAP além da oferta financeira, inclui
minutas do contrato, estabelece
TAP e parqueá-la numa empre-
sa do grupo Synergy, no Brasil,
na empresa”.
O antigo ministro das Obras
Expresso, chega aos ¤1500 mi-
lhões. O “Jornal de Negócios” no-
foi revista em ¤150 milhões que, em caso de incumprimento,
Germán Efromovich perde todo
aliviando as contas da compa-
nhia aérea portuguesa e usando
Públicas João Cravinho realça
que o facto de Efromovich ter fi-
ticiava ontem que a TAP prevê re-
duzir o passivo bancário em cerca
e prevê um sinal de ¤10 milhões o dinheiro que já tiver dado. Se a empresa de manutenção para cado sozinho na corrida, “facili- de ¤200 milhões até fim do ano.
falhar a segunda injeção de capi- os aviões da Avianca no Brasil. ta-lhe a vida”. Além disso, “des- O economista Eduardo Catro-
São 89 as páginas que compõem ¤1200 milhões. Em declarações tal, por exemplo, não recupera o conheço a mais-valia, se é que ga, presidente do Conselho Geral
a oferta vinculativa finalizada (fi- ao Expresso, o empresário brasi- que já investiu na primeira. existe, numa sinergia entre a e de Supervisão da EDP, esclare-
nal binding offer) para a privatiza- leiro-colombiano recusa confir- O Expresso sabe que a propos- Sem opção de Avianca e a TAP, e desconheço ce que o valor de uma empresa
ção da TAP que a Parpública está mar quaisquer números. “Não ta inicial, entregue há uma sema- recompra, o Governo até que ponto é que essa siner- depende de uma série de fatores,
a analisar desde quinta-feira. De- posso nem vou falar sobre a pro- na, era de ¤200 milhões, tendo venderá o negócio da gia pode, ou não, ser feita à cus- como a sua capacidade de gerar
pois de ter entregue a proposta posta entregue, mas uma coisa entretanto sido atualizada para manutenção no Brasil ta de rotas da TAP. É preciso sa- cash flows (fluxos de caixa) no fu-
vinculativa para comprar a TAP garanto: 90% do que se tem escri- ¤351 milhões, e previa menos ga- ber quanto valem as sinergias”. turo e do seu nível de endivida-
na sexta-feira, 7 de dezembro, o to está errado. São especulações. rantias de pagamento. Agora, o de forma definitiva Para já, o Governo mantém o mento. O antigo ministro das Fi-
único candidato à privatização da Chega a ser irresponsável”. E rei- grupo Synergy passa a servir tam- objetivo de decidir o futuro da nanças esclarece que o que conta
companhia aérea esteve a clarifi- tera: “A oferta vinculativa é me- bém como garantia corporativa O tema da privatização da TAP no Conselho de Ministros numa operação de venda é o en-
car com o Governo português os lhor do que a não-vinculativa”. para a operação. TAP tem gerado fortes críticas do próximo dia 20. Até lá, cabe- terprise value, “o valor do negó-
últimos detalhes da sua oferta. O Ao que o Expresso apurou jun- Conforme previsto no caderno por parte da oposição ao Gover- rá à comissão de acompanha- cio menos a dívida financeira”, ex-
documento entregue na quinta- to de fonte próxima do processo, de encargos, o comprador tem no, que diz que há “falta de mento especial da privatização plica. “Dificilmente a TAP vale
-feira pressupõe um maior com- a oferta final contempla um paga- compromissos como manter a transparência” e exige a suspen- (que será a mesma para a priva- mais do que a sua dúvida”, opina.
promisso por parte de Germán mento ao Estado de ¤35 milhões sede da empresa em Portugal e são da venda da TAP. O próprio tização ANA) — constituída por Outras fontes contactadas pelo
Efromovich, quer a nível financei- e uma injeção no capital da em- manter e desenvolver o hub (pla- Governo já admitiu que essa é José Manuel Amado da Silva, Expresso salientam a importân-
ro — mais ¤150 milhões — quer a presa de ¤316 milhões a curto ca giratória). E o Estado portu- uma possibilidade que permane- António de Sousa e Evaristo cia que os slots (faixas horárias)
nível contratual, com condições prazo. Como explica a mesma guês reserva um direito de pre- ce em cima da mesa. Mendes — validar o documento da TAP têm no valor da compa-
mais exigentes. fonte, o Governo pretende assi- ferência vitalício em caso de “É muito complicado que o Es- da proposta. As administrações nhia, destacando que foi por isso
Na semana passada foi noticia- nar o acordo de venda até ao fi- venda da companhia. De fora tado não privatize um ativo que da Parpública e da TAP também que a norte-americana Delta com-
do que a oferta de Efromovich nal do ano, pagando um sinal de deste acordo fica o negócio da está no mercado concorrencial, terão uma palavra a dizer. No prou 49% da britânica Virgin
passava pelo pagamento de ¤20 ¤10 milhões, mas o fecho da ope- manutenção no Brasil, que é de- que não devia ser dele, e privati- fim, o processo será entregue ao Atlantic. Ironias à parte, ambas
milhões ao Estado, uma injeção ração só deverá ocorrer no prazo ficitário desde sempre. O Gover- ze um ativo que detém um mo- Tribunal de Contas. chegaram a levantar o memoran-
de capital de ¤300 milhões e a de três a quatro meses. Só nessa no português vai vender a TAP nopólio (a gestora aeroportuá- Margarida Fiúza do informativo da TAP, mas não
assunção de uma dívida de altura é que o dono da Avianca Manutenção & Engenharia ria ANA), que devia manter”, co- economia@expresso.impresa.pt entregaram propostas. M.F.

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 11

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ENTREVISTA

Artur Baptista da Silva Coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para o Sul da Europa

“Se Portugal não negociar agora irá


fazê-lo daqui a seis meses de joelhos”
A equipa que coordena falou Porquê o enfoque no Sul da A seguir à crise do subprime, nunca o juízo: isto não é passível possível que, em cada avaliação
Texto Anabela Campos
com o Fundo Monetário Interna- Europa? e com a eclosão da crise grega de ser aprovado. da troika à Grécia e a Portugal
e Jorge Nascimento
cional (FMI), a Comissão Euro- A Europa tem sido um tam- com consequências sociais gra- — como acontecerá também
Rodrigues peia (CE) e o Banco Central Euro- pão que permite uma zona de víssimas, o secretário-geral deci- Muitos dos nossos responsá- com Espanha e Itália no futuro
Foto José ventura
peu (BCE) expressando preocu- paz social, e é um paradigma da diu chamar a si o dossiê da Euro- veis políticos passam a vida a di- —, se venha reconhecer que está
pação e alertando para os riscos coexistência pacífica dos povos. pa do Sul. Criou uma equipa de zer que não negoceiam porque pior do que estava antes. Mas se
A Organização das Nações Uni- no Sul da Europa. Porquê? Agora, no Sul da Europa, pela sete economistas que vêm do não há abertura para o fazer... continue a avançar.
das (ONU) teme uma situação O mundo e a ONU estão can- primeira vez desde a Segunda PNUD. Dirigimos programas As Nações Unidas o que di-
de risco geopolítico e social na sados de procurar resolver pro- Guerra Mundial, nesta zona in- em países onde este paradigma zem aos Estados-membros da A troika diz, que no caso de
Europa do Sul em virtude dos blemas quer bélicos quer de con- termédia entre a África do Nor- do ajustamento já foi aplicado Europa do Sul é que é preciso Portugal, está a cumprir-se o fi-
programas de ajustamento, que flitos sociais que depois não re- te e o Médio Oriente, está a com resultados muito graves. E que haja legitimidade das posi- xado no programa...
são uma reposição do que foi fei- solvem bem, porque atuam já criar-se uma mancha que pode onde foi preciso depois injetar ções. Têm de se afirmar enquan- Sim, mas os resultados são
to na América Latina e na Ásia depois de acontecerem. A mis- gerar a passagem, por osmose, capitais das Nações Unidas para to membros de pleno direito. péssimos. Então há, certamen-
no século passado. O secretário- são da ONU é evitar que as coi- dos problemas do Sul para o que as pessoas saíssem de uma te, um logro nos pressupostos.
-geral Ban Ki-moon nomeou, sas aconteçam, quer por via di- Norte. Uma mancha de descon- pobreza extrema, gerada por pa- Como surge a vossa proposta Quando as etapas intermédias
por isso, uma equipa de sete eco- plomática ou, então, por via da trolo, o que preocupa a ONU. radigmas cuja aplicação teve re- de renegociação dos termos de vão sendo queimadas e não são
nomistas que trabalhou no tema elaboração de diagnósticos que sultados absolutamente tenebro- assistência a Portugal? atingidos todos os parâmetros e
durante mais de um ano e que possam gerar, a jusante, uma te- Temem uma mancha de po- sos, como no caso da América Dizemos, no nosso relatório, se assiste a um agravamento das
apresentará um relatório no se- rapêutica alternativa àquela que breza extrema na Europa? do Sul e depois a Ásia. A Europa finita causa cessat efectus (finda condições, o que é que há a fa-
gundo trimestre de 2013. O coor- está a criar o problema. Para o PNUD, que combate a é, agora, o terceiro caso da apli- a causa cessa o efeito). Não é zer? Refazer o resto do clausula-
denador desse trabalho foi o por- pobreza a nível mundial, é preo- cação desse paradigma. do contratual.
tuguês Artur Baptista da Silva, cupante que aos 780 milhões de
um quadro do Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvi-
mento (PNUD), que ficará encar-
regado do Observatório Econó-
‘‘
A elaboração prospetiva
pessoas que vão morrer este
ano de fome, se juntem novas
bolsas de pobreza em países que
estão no primeiro pelotão do de-
Dos encontros que tiveram a
nível internacional que reação
acharam mais marcante?
Um aspeto que nos marcou
‘‘
É inacreditável que o
A ONU propõe renegociar a
parte do sobre-endividamento
português que deriva de razões
externas, ou seja, das condições
mico e Social das Nações Unidas que a ONU faz a médio senvolvimento humano. Como é foi a afirmação de Durão Barro- governador do banco central impostas pela CE para acesso
para a Europa do Sul, a instalar prazo leva-nos a crer possível, no mundo rico, apare- so de que, no exercício do seu tenha sido eleito aos fundos estruturais entre
em Portugal, por dois anos, a que Portugal entrará cerem bolsas de pobreza de mi- cargo, aprendeu o princípio bási- vice-presidente do BCE. Foi 1986 e 2011?
partir de 2013. Preocupada com em graves dificuldades lhões de pessoas com menos de co de que na União Europeia uma decisão política para Analisámos os fundos estrutu-
o impacto da crise em Portugal de controlo social dentro sete euros por dia? Em Portugal “tudo é negociável em todo o cobertura de erros de rais país a país, projeto a proje-
ao nível do desemprego, pobre- de seis meses são dois milhões. É o limiar da tempo”. E que não há propostas política económica europeia to, e chegámos à conclusão que,
za e coesão social, a ONU apre- indigência. No limiar da pobre- desonestas, há propostas legíti- no caso de Portugal, o mais gra-
sentou ao Governo e a várias au- za, fixado nos ¤14/dia, são três mas desde que apresentadas ve a seguir à Grécia, 41% do to-
toridades uma proposta de rene- milhões de pessoas no país. por um Estado-membro. São to- tal da dívida soberana que calcu-
gociação da dívida total (pública das apreciadas pela Comissão lámos advém da obrigatorieda-
e privada) e das condições do Quando é que começaram a Europeia. Por conseguinte, o Es- de do cofinanciamento pelo Or-
resgate da troika (ver artigo). detetar esse risco? tado-membro não pode fazer çamento do Estado (OE) portu-

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 13

Conferência NAÇÕES UNIDAS PROPÕEM RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA

sobre a dívida
dos “periféricos”
1 3
A renegociação da dívida Banco Central Europeu (BCE) à RENEGOCIAÇÃO COM
soberana portuguesa tem FINANCIAMENTO PELO taxa de referência de 0,25%, O FMI DA PENALIZAÇÃO
surgido no debate público BCE DE 41% DA DÍVIDA com um prazo a 10 anos. A CAMBIAL SOFRIDA
“A única solução viável é um ultimamente. Depois da equipa defende a suspensão do
corte de cabelo (hair cut) não só proposta de Miguel Cadilhe O endividamento do Estado artigo 123 dos estatutos do BCE A parcela de empréstimo
para a Grécia mas para toda a que o Expresso divulgou, a português derivado por uma década, para que o por parte do Fundo Monetário
periferia do Sul, pelo que equipa de sete economistas do da estratégia dos fundos banco central compre dívida Internacional (FMI) no plano de
propomos uma conferência nos PNUD, coordenada por Artur estruturais de 1986 a 2011 soma soberana no mercado primário. resgate a Portugal usa
moldes da que se realizou em Baptista da Silva, avança com 121 mil milhões de euros. os direitos de saque especiais
Londres em 1953, que perdoou uma proposta original de A equipa da ONU propõe que (DSE) como unidade monetária.

2
cerca de 60% da dívida alemã”, renegociação de 41% da dívida esta parte da dívida soberana NEGOCIAÇÃO Ora estes DSE (SDR,
afirmou Alexis Tsipras, líder do soberana consolidada seja tratada em separado, pois DE UM “DESCONTO” no acrónimo em inglês) estão
Syriza e da oposição projetada a 5 anos e de revisão nada tem a ver com o DE 15% NOS JUROS indexados à cotação de quatro
parlamentar grega, ao jornal de duas condições do plano de endividamento motivado por moedas — dólar, euro, iene
inglês “The Guardian”. Artur resgate acordado com a troika. razões políticas internas, por A equipa das Nações Unidas e libra esterlina —, cuja
Baptista da Silva, coordenador O ganho com esta proposta “constantes políticas erráticas propõe também que a troika valorização face ao euro
do Observatório para o Sul da rondaria os ¤10,3 mil milhões, dos diversos governos”. Estes aceite um desconto global de “era previsível”, refere
Europa criado pelas Nações o que daria para cobrir um 121 mil milhões resultam da 15% sobre o total dos juros a o economista das Nações
Unidas, vê com bons olhos esta défice orçamental de 4,5% e comparticipação pagar, na ordem dos 34,4 mil Unidas. A penalização cambial
iniciativa. Na Conferência de ainda deixaria de saldo cerca do Orçamento do Estado milhões de euros, pelo sofrida por Portugal é estimada
Londres de 1953, os credores da de ¤2,3 mil milhões, que português nos projetos empréstimo acordado no plano em 8% no período de 2012
Alemanha, liderados pelos poderiam ser aplicados na dos fundos estruturais desde de resgate. Esse montante de a 2015. Segundo Baptista
Estados Unidos, resolveram devolução de um dos subsídios a adesão à União Europeia. Para juros é superior a 40% do total da Silva, “como consequência
inverter a estratégia seguida retirados aos funcionários poupar 3,1 mil milhões de euros do empréstimo, o que “é um da inépcia dos negociadores
após a Iª Guerra Mundial que, públicos e aos pensionistas e com esta operação, a proposta absurdo para um fundo que se portugueses, o país terá
então, sufocou a Alemanha. Em no reforço do fundo de é que essa parte da dívida a diz de assistência”, salienta de pagar mais 2 mil milhões
outubro de 1950, uma troika de emergência social. vencer seja refinanciada pelo Baptista da Silva. de euros em capital em dívida”.
países — EUA, Reino Unido e
França — concordou num
projeto de redução da dívida
pública e privada alemã, que
acabaria por ser assinado em
Londres a 27 de fevereiro de
1953 implicando um hair cut de
62,6%. A aposta foi numa
estratégia de crescimento que
aceitou que o serviço de dívida
não excedesse anualmente 5%
das exportações alemãs — na
realidade, em média, situou-se
em 4,2%. “O problema, diz-nos
Nick Malkoutzis, diretor-adjunto
da edição inglesa do jornal
grego “Kathimerini”, é que os
atores-chave atuais não
concordarão nunca com tal
proposta”. E, da parte dos
principais interessados, não se
vê a possibilidade de criação de
uma frente comum sobre o
assunto.

guês. Ou seja, os nossos credo- cos centrais de outros Estados-


res europeus, quando exigiram -membros, ou seja, nada.
essa comparticipação para o uso
dos fundos estruturais, sabiam A vossa proposta implicaria
bem que esse dinheiro teria de que o BCE alterasse os estatutos
ser emprestado já que o nosso para poder financiar Estados.
OE era deficitário, e foram eles O que nós sugerimos é que se
que definiram as regras do servi- suspenda o artigo 123 dos estatu-
ço da dívida. tos do BCE — que impede a com-
pra direta de dívida pública —
Porque é que foram por uma durante dez anos. Portugal paga-
via nova e não pelo tipo de rees- ria à cabeça um juro de 0,25%, o
truturação de dívida que a troi- mesmo que o BCE aplicou ao
ka tem advogado para a Grécia? empréstimo de ¤55 mil milhões
Percebemos que a reestrutu- ao Hyppo Bank.
ração aplicada à Grécia gerou
um maior endividamento. O Aconselharam o Governo por-
que propomos é separar clara- tuguês a negociar com a troika
mente a dívida que resulta da com base nos três pontos da vos-
má gestão política dos governos sa proposta que levariam a uma
locais, da que é da responsabili- poupança de ¤10,3 mil milhões?
dade das autoridades europeias. Falámos com todos os órgãos
A UE sabia qual era o nosso défi- de soberania: Assembleia da Re-
ce e o nosso nível de endivida- pública, Presidente da Repúbli-
mento, e continuou a dizer que, ca e Governo. E com todos os
para Portugal ter acesso aos fun- parceiros sociais. Alguns diri-
dos comunitários, teria de se en- gentes responderam que assina-
dividar a juros de 5% e 6% junto riam por baixo e que delega-
dessa mesma União. E, assim, riam na ONU a negociação.
se chegou a 340% do PIB de en-
dividamento global. Não há ne- Se não negociarmos em bre-
nhuma razão para que durante ve, o que acontecerá?
década e meia os bancos portu- Se não negociarmos já, estare-
gueses tivessem ultrapassado mos a fazê-lo dentro de seis me-
em empréstimos em média ses de joelhos. Toda a elabora-
170% dos seus depósitos, quan- ção prospetiva que fazemos da
do é recomendado que seja 85%. evolução da economia, dívida,
desemprego leva-nos a crer que
A falta de regulação em Portu- Portugal entrará em graves difi-
gal não teve grandes consequên- culdades de controlo social den-
cias. O então governador do Ban- tro de um semestre.
co de Portugal (BdP), Vítor Cons-
tâncio, foi promovido a vice-pre- O Governo mostrou vontade
sidente do BCE... de avançar para uma renegocia-
Não é normal que um país ção com o FMI, BCE e CE?
com o nível de endividamento e Não tem havido vontade políti-
o desvio no défice orçamental ca do Estado-membro. Isso dei-
que Portugal já tinha, e no meio xa-nos preocupados, porque
de uma crise de dívida como o quem tem legitimidade para pe-
país vivia, o governador do ban- dir a negociação é o Governo
co central tenha sido eleito vice- português. A ONU só poderá
-presidente do BCE. Foi inacredi- dar conselhos. Da parte da FMI,
tável. Foi uma decisão política pa- BCE e CE ninguém nos disse
ra cobertura de erros de política que estava fechado a negociar.
económica europeia. Mas o BdP E a CE é o pivô político.
fez o mesmo que fizeram os ban- acampos@expresso.impresa.pt

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14 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

TURISMO

Dívidas Com as insolvências a multiplicar-se, os bancos já são os novos


donos dos resorts turísticos por via dos fundos de reestruturação

Hotéis vão parar


às mãos
dos bancos
passado estes mesmos hotéis “estraga- dinheiro e a tempo arranjou-se alterna-
Textos Conceição Antunes ram” o mercado com preços de quase tiva”, acrescenta, frisando haver muito
e Isabel Vicente
dumping. “Ao fazer parcerias com em- mais hotéis em risco no Algarve. Para
presas como Pestana, Vila Galé ou Tivo- Duarte Correia. “os fundos estão a re-
ma espécie de troika li, os fundos estão a contribuir para um solver um problema da nação”, apesar

U
com programas de desenvolvimento turístico mais profis- de não ser “com a rapidez desejada”.
resgate está a varrer sional. Podemos aportar aqui mais coe- Dívidas e problemas financeiros es-
os empreendimentos rência comercial e em preços”. tão a atingir a generalidade dos PIN
turísticos em Portu- Os hotéis Vila Galé também estão a (projetos de potencial interesse nacio-
gal. A banca fechou a ser sondados, mas mantêm algumas re- nal), anunciados quando Manuel Pi-
torneira do crédito, servas. “Perdemos um ano em negocia- nho era ministro da Economia. A ban-
as dívidas estão a le- ções com o BCP, que nos contactou pa- ca deixou de dar crédito abundante e
var a insolvências em ra assumir a administração do Campo esta alteração nas condições de finan-
série nos hotéis e resorts, que assim pas- Real, onde a dívida era de ¤48 mi- ciamento também levou o empresário
sam para a mão dos seus principais cre- lhões”, adianta Jorge Rebelo de Almei- José Roquette a parar o seu projeto
dores, os bancos, e estes estão a passá- da, presidente do grupo Vila Galé. “Nós em Alqueva.
-los para fundos especiais. só fazemos negócios que tenham pés e
“Estamos todos a pagar o preço da in- cabeça. Se no tempo das vacas gordas “Arrumar a casa” antes de atrair
competência dos bancos, dos operado- não fizemos disparates, não é agora investidores internacionais
res e dos investidores que entraram no que vamos fazer”, frisa. “Quem fez dis-
negócio da hotelaria pelo dinheiro fá- parates financeiros, que arque com os “Alguns projetos já encontraram o seu
cil”, considera Dionísio Pestana, presi- prejuízos. Não vão ser os grupos hote- caminho. A situação hoje, nos casos
dente do grupo Pestana, que acabou de leiros portugueses saudáveis a assumir mais graves, é apesar de tudo mais cla-
acordar com o fundo ECS a gestão do esses buracos”. ra que há um ano, já não há explosões
Colombo’s Resort, empreendimento Para os operadores turísticos, hotéis a descontroladas”, frisa Henrique Veiga,
que era do grupo SIRAM e cuja obra encerrar por insolvência não é anima- presidente da Aequitate, empresa fi-
parou há três anos em Porto Santo. “Já dor. “As insolvências criam uma situa- nanceira que está a trabalhar na rees-
temos um primeiro caso de sucesso, o ção grave para os operadores, que com- truturação de vários projetos turísti-
Vila Sol, no Algarve, que caiu nas mãos pram as camas por antecipação. O ris- cos. “Por este escritório passam por
da banca, e com o qual fizemos um con- co é grande e cria desconfiança, levan- ano várias centenas de milhões de eu-
trato de exploração por cinco anos”, do à retração dos investimentos no des- ros de crédito que têm de ser reenqua-
adianta Dionísio Pestana, referindo-se tino, passando a exigir garantias bancá- drados. Para cada projeto é preciso en-
ao processo negociado com o Santan- rias”, adverte Duarte Correia, adminis- contrar novas equações económicas e
der. O grupo Pestana está a ser “muito trador da TUI Portugal. Nos hotéis de financeiras, o que tem de ser visto caso
consultado” por bancos e fundos e assu- Carlos Saraiva que fecharam no Algar- a caso”.
me-se aberto a analisar projetos com ve, e que tinham sido contratados por No curto prazo, o foco é “arrumar a
“interesse estratégico” para a marca. operadores, “acabou por não se perder casa, pegando nos casos um a um. É
Os projetos insolventes são também
um novo negócio dos fundos financei-
ros, que compram as dívidas aos ban-
cos dando-lhes em troca unidades de
difícil hoje atrair investidores com o ra-
ting que temos”, adverte Henrique Vei-
ga. “Vamos fazer este trabalho de casa
primeiro até poder pensar em investi-
Espírito Santo
participação. O destaque vai para a
ECOS Capital, de António de Sousa e
Fernando Esmeraldo, que assumiu al-
mento internacional”. Frisa ainda que
“alguns investidores internacionais es-
tão a olhar Portugal numa lógica de in-
quer criar fundo
para golfes junto
guns dos maiores dossiês no sector do vestimento oportunístico. Querem vir
turismo, como o processo ainda por fe- às compras e comprar barato”.
char dos hotéis de Carlos Saraiva, en- Para o presidente da Aequitate, há
volvendo uma dívida global de ¤1116 mi- que terminar os projetos que estavam
lhões, ou o do xeque árabe Al Saber nos
hotéis Penina e Dona Filipa no Algarve
(ver caixas).
“Vivemos tempos difíceis. Mas pior
em construção. “Não tem sentido ne-
nhum deixar hotéis a meio. Não esta-
mos em condições de deixar cair esses
projetos”, sustenta. “O sector do turis-
a Lisboa
que a insolvência é ficar abandonado”, mo está a aprender com isto tudo. Mui-
considera Francisco Calheiros, presi- ta gente entrou neste sector só para
dente da Confederação do Turismo Por- dar uma volta”.
tuguês. Num processo em que o desti- “Há dezenas de exemplos de projetos Objetivo é juntar a operação dos até porque o grupo tem participações
no a dar aos hotéis está do lado dos ban- feitos em sítios que não lembra ao dia- campos da Quinta do Peru, Santo em alguns destes projetos, como é o
cos e dos fundos, Francisco Calheiros bo. Enterrou-se dinheiro bom em cima Estêvão, Ribagolfe, Aroeira e caso dos dois campos do Ribagolfe,
lembra que “há cadeias de hotéis nacio- de uma má localização”, sustenta, fri- Montado e criar à volta de Lisboa em Benavente.
nais muitíssimo boas, e é importante sando que “às vezes, duzentos metros é uma oferta integrada de golfe Segundo adiantou ao Expresso o ad-
não se esquecerem delas para a gestão a diferença entre o sucesso e o insuces- ministrador do BES António Souto, o
desses ativos”. so, e não é em qualquer lado que se po- O BES está a analisar a criação de um que está a ser estudado no âmbito des-
“OS PROJETOS de fazer um hotel de cinco estrelas”. fundo que junte vários campos de gol- te processo “é a forma de se otimizar
Pestana, Tivoli e Vila Galé “Muitos fizeram empreendimentos fe na área da Grande Lisboa que se de- a gestão de campos de golfe à volta de
sondados pelos fundos
TURÍSTICOS TÊM em terrenos que já tinham, nem sequer batem com dificuldades financeiras e Lisboa, com benefícios evidentes para

À semelhança do grupo Pestana, tam-


DE SER escolheram a localização certa, o dispa-
rate começou aí”, acrescenta. “Hoje as
operacionais. Esta solução poderá es-
tar fechada até ao final do ano, e o obje-
a rentabilização e eficiência de um pa-
cote de oferta hoteleira que faça de
bém a cadeia Tivoli, do grupo Espírito
Santo, está a ser consultada pelos fun-
RECICLADOS. empresas estão a voltar ao básico, estu-
dam bem a localização e as formas de
tivo passa por chegar a uma gestão
conjunta destes campos de golfe que
Lisboa um verdadeiro destino interna-
cional de golfe”.
dos de recuperação na mira de vir a as- ESTAMOS financiamento. Já não há espaço para lhes permita maior eficácia e rentabili- António Souto salienta ainda que “es-
sumir a gestão de hotéis insolventes, co- fazer disparates daquele calibre”. dade, criando-se também um destino te conceito só pode existir se houver
mo as unidades de Carlos Saraiva. “É A APANHAR UM Não deixar morrer os projetos e evi- de golfe à volta de Lisboa, à semelhan- uma oferta integrada, até porque
uma grande oportunidade para os fun-
dos, já que têm de assumir esses ativos
CHOQUE TÉRMICO tar o encerramento de unidades é a
prioridade para Henrique Veiga. “Es-
ça do que se conseguiu no Algarve.
A análise que está a ser feita pelo
quem joga golfe gosta de o fazer em
campos diferentes”.
em dificuldades, de os voltar a colocar MAS ESTAMOS NO tes investimentos têm de ser recicla- BES envolve os campos de golfe da A operação que está a ser estudada
no mercado de forma profissional, po- dos. O paradigma mudou e temos de Aroeira, Montado (Palmela), Santo Es- ajuda, por um lado, os bancos expos-
tenciando as capacidades das empresas BOM CAMINHO”, ver isto como um processo natural. Es- têvão e Ribagolfe (Benavente) e Quin- tos (neste caso, o BES) e as empresas
turísticas nacionais”, salienta Alexan-
dre Solleiro, diretor executivo da Tivoli
DEFENDE tamos a apanhar um choque térmico,
mas estamos no bom caminho”.
ta do Peru (Azeitão). O banco presidi-
do por Ricardo Salgado é um dos mais
que também querem recuperar o in-
vestimento. Mas se as dívidas ao BES
Hotels & Resorts, lembrando que no HENRIQUE VEIGA cantunes@expresso.impresa.pt expostos a este tipo de investimentos, forem superiores à avaliação feita aos

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 15

PROJETOS ‘EXPLOSIVOS’
O Colombo‘s Resort, um ‘elefante ALVO DE INTERVENÇÃO
branco’ na paisagem do Porto
Santo, vai finalmente continuar
a obra e ser entregue à gestão COLOMBO’S RESORT
do grupo Pestana ß Porto Santo O dossiê acabou
de ser resolvido pela ECS
Capital, e será o grupo Pestana
a assumir a gestão do
inacabado empreendimento
no Porto Santo, lançado pelo
grupo madeirense SIRAM. Fonte
oficial da ECS adianta que
o objetivo é acabar a obra
a tempo da operação do verão
de 2013, mas já não seguindo
o projeto inicial do arquiteto
Ricardo Bofill, “que estava
direcionado para ser
de ultraluxo, o que não é
compatível com o destino Porto
Santo”. Segundo a ECS,
o projeto do casino também irá
cair, e nesta primeira fase
o Colombo’s Resort vai incluir
um hotel com 100 unidades de
alojamento, dois núcleos com
78 apartamentos turísticos, um
conjunto de 12 vilas, além de
equipamentos de lazer. Numa
segunda fase, após 2014, está
previsto um ‘suite-hotel’ com 61
unidades e mais um núcleo com
51 apartamentos turísticos.

AQUAPURA
ß Douro O hotel de Diogo Vaz
Guedes e Miguel Simões de
Almeida (que inicialmente
também integrava uma
pequena participação de
António Mexia) teve luz verde
dos seus proprietários para ser
integrado num fundo.
O Expresso apurou que o fundo
Discovery, da Explorer
(de Rodrigo Guimarães) está
a analisar a compra da dívida
do hotel Aquapura no Douro
ao BCP, o seu maior credor.
Ao Expresso, Diogo Vaz Guedes
apenas diz: “Demos indicação

FOTO SARAIVA & ASSOCIADOS ARQUITECTURA URBANISMO


de que estamos disponíveis
para ser integrados num fundo,
porque tendo sido o projeto
de um grupo hoteleiro
interrompido faz sentido que
um fundo possa desenvolver
e gerir o hotel numa ótica
de portefólio com uma marca
que é forte”.

GRUPO VIGIA
ß Algarve O acumular
de dívidas levou à insolvência
de várias empresas do maior
grupo de resorts, imobiliário
turístico e golfe na costa
vicentina (com destaque para
o Parque da Floresta), pedida
ativos, os donos poderão ter de sair. pelo próprio grupo Vigia, num
O administrador do BES não quis
adiantar o montante das dívidas dos A ‘embrulhada’ do caso Carlos Saraiva processo em que os principais
credores são o Banif, Barclay’s,
campos de golfe que estão a ser anali- fundo Fliptrel, da ECS Capital
sados com vista a integrar um fundo O processo está na reta final mas têm cerca de ¤700 milhões. Carlos Saraiva e Caixa Agrícola. “Era
com unidades de participação. A possi- sido muitos os avanços e recuos. É o mantém outros hotéis em operação importante arranjar um
bilidade de alguns dos seus proprietá- maior e mais complexo caso de que não estão dentro do pacote investidor que pudesse pegar
rios poderem ou não vir a fazer parte empreendimentos hoteleiros e poderá negociado com a ECS. As negociações, no grupo como um todo,
do fundo vai depender do montante ir parar às mãos da ECS Capital. A que não têm sido fáceis, estão para ser desenvolver os projetos que
de endividamento e da avaliação de ca- dívida do empresário Carlos Saraiva fechadas há duas semanas, mas, ao que estão pensados, rentabilizar
da um dos campos de golfe. ascende a ¤1116 milhões, dos quais apurou o Expresso, Carlos Saraiva está o património, liquidar as dívidas
O Expresso conseguiu apurar, junto ¤957 milhões à banca, sendo os a tentar ficar com um dos hotéis que aos credores e salvar muitos
de uma fonte do sector, que o valor principais credores o BCP (com 40%), o estão incluídos no pacote da dívida postos de trabalho”, sublinha
patrimonial dos campos de golfe em BES (30%), o Banco Popular, a CGD e o bancária. A recuperação e viabilização Adelino Soares, presidente
causa (Aroeira, Peru, Ribagolfe, Mon- Banif. Em causa estão cinco hotéis que destes hotéis, que totalizam 8000 da Câmara de Vila do Bispo,
tado e Santo Estêvão) ronda entre irão integrar um fundo criado para o camas, é tido como um ativo de risco credora de dívidas de ¤1,8
“¤50 milhões e ¤60 milhões”. O pro- efeito (o FRT). Uma das dificuldades da sistémico, devido ao número de postos milhões de duas empresas
cesso habitual, neste tipo de interven- negociação está na desvalorização de trabalho que envolve. Quando tudo (Vale da Raposa e Quinta
ção, é o fundo assumir a dívida e os brutal dos ativos em causa, que ficar fechado, cabe à ECS designar da Colina), relativas a obras
donos negociarem a sua saída. chegaram a valer ¤1,4 mil milhões e no quem irá assumir a gestão destas e falta de pagamentos de água.
A Espírito Santo Ativos Financeiros início de 2012 caíram para metade, unidades hoteleiras.
(ESAF) já tem um fundo que gere o HOTÉIS HILTON E CONRAD
campo de golfe da Quinta do Peru, in- ß Ex-Imocom Com a
serido na propriedade da família Espí-
rito Santo em Azeitão. Para a ESAF, Xeque e ECS disputam Penina e D. Filipa insolvência da Imocom,
decretada em tribunal
coloca-se a questão de poder gerir os em agosto de 2011, a ECS
campos da área da Grande Lisboa, di- É outro caso ‘bicudo’ que está nas tinha prometido pagar em dinheiro e comprou aos bancos CGD, BCP,
mensionando eficazmente a gestão mãos da ECS Capital, envolvendo os não o fez, mas “há uma proposta de BES, BPI, Santander e Banif a
do golfe e da oferta turística. Mas o hotéis Penina e Dona Filipa, no pagamento que pressupõe um dívida da Mourastock,
desenho final da operação não está Algarve. Os créditos foram comprados investimento adicional do grupo JJW participada da Imocom e
ainda fechado. “Cada caso é um ca- aos bancos credores, mas o fundo ECS Hotels & Resorts, para resolver as detentora do hotel Hilton As
so”, como frisou fonte próxima do e o proprietário, o empresário árabe dívidas”, garante fonte da ECS. Esta Cascatas em Vilamoura,
processo. E entre as soluções que es- Al-Jaber, não se entendem. Para a semana, no decurso do processo de tornando-se no principal credor.
tão na calha, uma delas, provavelmen- ECS, o xeque não ofereceu garantias insolvência levantado pelos credores e Foi o fundo de António de
te a menos habitual, será a criação de de ter capacidade para comprar os de um Processo Especial de Sousa e Fernando Esmeraldo
uma sociedade que junte estes cam- créditos, cifrados em ¤70 milhões, Revitalização (PER) apresentado por que assumiu a continuação da
pos numa única sociedade. A opção mas cujo valor nominal ascendia a Al-Jaber, a ECS, que é o maior credor, construção do hotel Conrad na
de um fundo perfila-se como a mais ¤140 milhões. A ECS terá pedido que votou contra, representando 97%, Quinta do Lago, iniciada pela
interessante, até porque, sendo um o dinheiro fosse transferido para um havendo apenas 3% de votos a favor Imocom. O hotel Conrad
fundo aberto, pode atrair investimen- banco ou os fundos avalizados por do plano apresentado pelo xeque. Não Algarve, marca de luxo da
to de terceiros, incluindo hotéis inte- alguns bancos que ela indicasse. Do é o fim da “novela”: falta ainda a Hilton, abriu em setembro e
ressados em ter uma oferta turística lado de Al-Jaber, garante que há decisão final do tribunal, que irá envolveu investimentos de ¤220
de golfe. fundos para pagar. O empresário declarar ou não a insolvência. milhões.

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16 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

ENGENHARIA

Indústria O CEIIA está envolvido em mais de 30 projetos e exporta 90% do que desenvolve e produz

O futuro inventa-se na

O automóvel elétrico BE, controlado


através do telemóvel, teve estreia
mundial no Brasil, na semana passada,
numa exposição sobre Portugal
FOTO FERNANDO VELUDO / NFACTOS

tro de engenharia e que hoje Hoje o CEIIA, que trabalha pa- para usar no espaço urbano de
Anabela Campos tem mais de 50 associados. É ra algumas das maiores empre- forma partilhada (bike sharing).
um projeto que une universida- sas de aeronáutica e automóvel O protótipo estará pronto em
á um maravi- des e empresas. do mundo, como a Embraer, abril e sua produção e comerciali-

H
lhoso mundo Na área da aeronáutica, avan- AgustaWestland, Volkswagen e zação ficam a cargo de uma em-
novo em de- ça José Rui Felizardo, presiden- Nissan, exporta mais de 90% do presa Águeda, embora seja tam-
senvolvimen- te da comissão-executiva do que produz. O negócio tem cresci- bém um projeto internacional.
to e constru- CEIIA, os projetos mais emble- do a todo o vapor. As receitas, Já para o automóvel BE —
ção no centro máticos em que o centro está en- adianta Felizardo, deverão ascen- apresentado na semana passa-
de engenha- volvido são o cargueiro militar der a ¤12 milhões este ano, saltan- da no Brasil no âmbito da mobi-
ria da Maia: KC-390, desenvolvido com a bra- do para ¤17 milhões em 2013. Se lidade inteligente — há duas pro-
automóveis sileira Embraer, o programa pa- tudo correr bem, em 2015 chega- postas para fabricação, mas pa-
elétricos comandados através do ra o helicóptero militar da anglo- rão aos ¤50 milhões. ra já Felizardo não quer avan-
telemóvel, helicópteros que vão -italiana AgustaWestland e o çar os nomes dos potenciais in-
sendo construídos virtualmente, programa da Sokata, empresa Objetivo: produção teressados. Admite, porém, que
triciclos elétricos para usar dos 6 que está a trabalhar com a fran- industrial um deles opera em Portugal. A
aos 76 anos, aviões não tripula- cesa Dassault na construção do
dos, novos conceitos de partilha novo Falcon. Não há crise para o CEIIA, que
de bicicletas em centros urbanos. Já na mobilidade e no automó- espera terminar o próximo ano O protótipo da bicicleta
Estes são alguns dos projetos que vel, o CEIIA está a desenvolver o com uma equipa de 200 enge- elétrica, com a qual se
estão em curso no Centro para a BE, um automóvel elétrico que nheiros — longe dos 18 com que pode interagir através de
Excelência e Inovação na Indús- funcionará em sistema de subsi- começou em 2006. Avançará um telefone inteligente,
tria Automóvel (CEIIA). diação (quem o comprar não pa- em fevereiro também com a estará pronto em abril
A cada porta que se abre desco- ga o valor do equipamento, fican- construção de uma nova unida-
bre-se um novo conceito em de- do no entanto vinculado ao paga- de de aeronáutica, situado em
senvolvimento pela equipa de mento de alguns serviços que pas- REALIDADE VIRTUAL A indústria aeronáutica portuguesa Matosinhos, onde serão investi- viagem ao Brasil, onde foi apre-
cerca de 160 engenheiros que sam pela energia, telecomunica- começou a dar os primeiros passos quando, há seis anos, no âmbito dos ¤8,5 milhões. sentado também o triciclo elétri-
faz parte do CEIIA, metade dos ções ou seguros), o MY, um trici- das contrapartidas, o CEIIA assinou com a AgustaWestland um O objetivo, reconhece José Rui co, serviu para reunir com elé-
quais são engenheiros de aero- clo elétrico desenhado para pe- contrato de ¤25 milhões. Hoje, o centro está a desenvolver projetos Felizardo, é que os protótipos de- tricas e operadores de telecomu-
náutica. Há atualmente mais de quenas deslocações, um novo au- de engenharia para os diferentes modelos de helicópteros da senvolvidos pelo CEIIA em Portu- nicações. Ambos parceiros rele-
30 projetos considerados inova- tomóvel da McLaren, o veículo anglo-italiana. O centro tem um sistema que lhe permite trabalhar gal tenham produção industrial. vantes já que a generalidade
dores nas mãos deste organis- sem condutor MIC e uma bicicle- protótipos de forma virtual (como o da foto), e esta, a par de Mas nem sempre tal é possível, dos conceitos desenvolvidos pe-
mo, criado em 1999 para apoiar ta elétrica para uso em espaço ur- recursos humanos altamente qualificados, é uma das mais-valias. lamenta. Um dos próximos proje- lo CEIIA envolvem a interativi-
o sector automóvel nacional, a bano com capacidade para intera- Ganha-se tempo e reduzem-se custos, um trunfo num mercado tos a ser produzido no país será a dade entre equipamentos e há
funcionar há seis anos como cen- gir com telefones inteligentes. muito competitivo. bicicleta elétrica — desenvolvida muitos na área da mobilidade

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 17

BCP

Julgamento do processo

Maia movido pela CMVM acaba em janeiro


Alegações finais no
processo movido pela
CMVM terminam em
janeiro. O regulador foi
acusado de mentir
suas alegações finais. Mas só no
dia 7 de janeiro este processo
chegará ao fim, já que ficou ain-
da por falar um outro diretor do
banco. Só depois disso será
anunciada a decisão do tribunal.
a acusação não tinha nada a ver
com as denúncias do sr. Berardo,
não atuou com as mãos limpas,
adulterou a realidade e distorceu
os factos para acusar os argui-
dos”. A resposta da CMVM não
so há que dar gás ao processo.
Acusados de dois crimes pelo
Ministério Público — manipula-
ção de mercado e falsificação de
documentos —, Jorge Jardim
Gonçalves, Filipe Pinhal, Antó-
O julgamento que resulta do pro- Este processo da CMVM resul- tardou. O regulador contesta as nio Rodrigues e Christopher de
cesso movido pela Comissão do tou da acusação de prestação de acusações, referindo que não uti- Beco arriscam prisão até três
Mercado de Valores Mobiliários informação financeira não ver- lizou um único documento dos anos ou uma multa.
TRANSPARÊNCIA
(CMVM) contra ex-administra- dadeira e incompleta ao merca- que foram entregues pelo acio- Já o recurso da condenação
dores do BCP, entre os quais o do. As coimas somam ¤4,3 mi- nista Joe Berardo. Diz também dos ex-administradores do BCP
fundador do banco, Jardim Gon- lhões, dos quais ¤1 milhão é apli- que as investigações já decor- foi interrompido por ter sido pe-
Simulador çalves, está a chegar ao fim. Pre-
vê-se que acabe já em janeiro.
cado a Jardim Gonçalves.
O fundador do BCP repetiu a
riam há mais de seis meses.
O julgamento do processo-cri-
dida a nulidade por parte dos ar-
guidos, mas o Tribunal da Rela-
mede risco Mas ainda estão para durar o re- acusação de que “o banco foi to- me começou em setembro e há ção não aceitou esta pretensão.
lacionado com o Banco de Portu- mado de assalto” e ainda de que pressa em terminá-lo: os factos Estava também implícita a ideia
de corrupção gal (BdP) e o processo-crime mo- “o processo contra o BCP foi polí- relativos a 2002 prescrevem en- de que o supervisor tinha assen-
vido pelo Ministério Público. tico e as acusações não têm fun- tre maio e junho de 2013. O rep- te a sua acusação nas denúncias
“Só se trabalha com Esta semana, na segunda-fei- damento”. Já Filipe Pinhal, que to lançado pela juíza que presi- de Berardo. Mas o processo vai
determinados players mundiais ra, sete ex-administradores e presidiu ao banco durante pou- de ao julgamento, Anabela Mo- voltar a tribunal e arrisca-se a
na indústria aeronáutica e da um diretor-geral do banco, que cos meses, em 2007, não teve ro- rais, a 26 de setembro, foi claro: começar tudo de novo.
defesa se demonstrarmos que foram alvo de contraordenações deios e afirmou mesmo que “a está em exclusividade por existi- Isabel Vicente e Pedro Lima
temos boas práticas e formos pela CMVM, apresentaram as CMVM mentiu quando disse que rem prescrições à vista e por is- ivicente@expresso.impresa.pt
transparentes”, afirma José Rui
Felizardo. Por isso, para o
CEIIA, o código de ética e
conduta e as regras de
transparência são elementos
de trabalho essenciais. O
código tem de ser assinado
pelos trabalhadores no âmbito
do contrato de trabalho e o
incumprimento pode dar lugar
a despedimento. Há uma
direção de governo da
sociedade — cuja missão é
supervisionar esta área — que
reporta à comissão executiva e
ao conselho de administração.
Existem também regras de
transparência para os
fornecedores. E a partir de
2013 haverá um selo da
transparência dado aos
fornecedores no início do
projeto e baseado num
compromisso entre as partes
de respeito por um conjunto de
princípios de boas práticas. Se
um deles for violado, o selo é
retirado e é comunicado aos
restantes parceiros dos
projeto. A Inteli, associada do
CEIIA, criou e apresentou esta
semana uma ferramenta para
quem quer investir ou exportar
para o exterior. Trata-se de um
simulador que permite às
instituições aferir qual a
exposição ao risco, mediante o
negócio, em determinado país.
Pode ser consultado em
www.gestaotransparente.org.

elétrica. “Nestes projetos, mui-


tos dos equipamentos são co-
mandados através do telemóvel
OS DOIS GRANDES
e são elétricos”, explica.
PROJETOS
“O Brasil é, do ponto de vista
aeronáutico, um mercado fantás-
tico. A Embraer hoje é o tercei- KC 390, avião militar
ro maior construtor de aviões do da Embraer
mundo, mas em breve será o O CEIIA está a desenvolver
maior. E o Brasil está envolvido partes do novo avião da
na área da mobilidade em tudo o brasileira Embraer desde a fase
que são infraestruturas móveis e de conceção, nomeadamente a
físicas. É um espaço de oportuni- zona do trem de aterragem
dades muito importante para (sponson), o leme traseiro
nós”, reconhece o presidente do (elevator) e a fuselagem central.
CEIIA. Os laços com o Brasil são Envolve uma equipa de 90
relevantes, o KC 390, novo engenheiros
avião da Embraer, tem módulos
desenvolvidos pelo CEIIA e será CARRO BE, Veículo Elétrico
em parte fabricado em Portugal É um novo conceito de carro
pela OGMA. elétrico que funcionará de
Financiado em 30% pelo IAP- forma subsidiada. Ou seja, o
MEI e os restantes 70% por priva- carro custará zero no ato da
dos, o CEIIA recruta em todas as compra e será pago durante a
universidades — há engenheiros utilização através da fatura da
de seis nacionalidades — mas é eletricidade, telecomunicações
ao Instituto Superior Técnico, à ou outras. O CEIIA está agora à
Universidade da Beira Interior e procura de parceiros para os
à Universidade de Engenharia fabricar e comercializar
do Porto que vai buscar mais en-
genheiros. Atualmente tem equi-
pas a trabalhar diretamente com
os clientes no Brasil, Inglaterra,
França e Itália.
acampos@expresso.impresa.pt

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18 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

MERCADOS

PSI-20 EM DESTAQUE INTERNACIONAIS

Bolsa sobe para níveis de abril Saída da Brisa ações que ainda têm em

}
de Bolsa só
carteira. Na prática, a CMVM
apresentou este projeto de ] 1,19% } 3,5%
Foi uma semana de ganhos na decisão, que impõe à Tagus — PSI-20
Bolsa lisboeta, que subiu para
com condições empresa que lançou a OPA
FTMIB
Itália Portugal
os níveis de abril. São várias sobre a Brisa — a compra das
as ações a subir, mas uma das A Comissão do Mercado de ações aos minoritários. A
6,66%
que mais se destacou foi a PT.
A operadora subiu 8,5% desde
Valores Mobiliários (CMVM)
impõe condições para a saída
Tagus ficou com 15 dias
(partir de 10 de dezembro) ] 0,05% } 3,05%
segunda-feira até quinta, da Brisa de Bolsa. O regulador para se pronunciar sobre este BEL-20 Athens OMX HEL 20
animada pelas perspetivas exige contrapartidas para os projeto. Após a apresentação Bélgica General Helsínquia
positivas para o sector em pequenos acionistas da Brisa, dos argumentos por parte da Grécia
2013 na Europa. Ainda assim, quer que lhes seja assegurada Tagus, a CMVM irá analisar a
a PT está a negociar 13% pela Tagus, holding do Grupo resposta e tomar uma decisão
abaixo do nível em que se Mello e do fundo de definitiva. A Brisa é uma das
encontrava no final do ano investimento Arcus, a empresas mais relevantes da
passado. possibilidade de venderem as Bolsa de Lisboa.

Galp larga poço de petróleo em Alcobaça


O otimismo sobre a possibilidade de extrair petróleo de Alcobaça foi anulado pelo fraco resultado de um furo
A perspetiva de extrair petróleo va, disse que havia “boas perspe- Galp, Stephen Whyte, afirma Sobre os projetos no offshore nico, António Mouraz Miranda,
em Alcobaça revelou-se mais di- tivas de este projeto ser bem su- que a sua empresa está a traba- do Alentejo, Stephen Whyte a perfuração em Alcobaça tem
fícil do que parecia no final do cedido”. O ministro da Econo- lhar “para que Portugal conste adianta que “os dados já obtidos de ser feita “com tecnologia co-
“ALJUBARROTA-3”
último verão. A Galp decidiu mia deu como certo que a Moha- no mapa das descobertas petrolí- mostram um potencial relevan- mo a que é utilizada nas prospe-
DESILUDE GALP
abandonar o poço de explora- ve ia investir ¤230 milhões nos feras”, mas diz que “ainda é ce- te na área, mas estamos ainda a ções de gás de shale”. Isto é,
ção que perfurou na zona, reve- próximos cinco anos, criando do para discutir um eventual ní- realizar mais estudos para que com “sondagens dirigidas”, refe-
lou ao Expresso o administra- 200 postos de trabalho diretos e vel de produção”. possamos reduzir o risco asso- re, explicando que “depois da
dor executivo Stephen Whyte, 1750 indiretos. “Detemos participações quer ciado à área e decidir sobre a lo- n Em junho a Galp perfuração atingir determinada
ex-vice-presidente da Shell. Em junho, a Galp tinha pago onshore, quer offshore, sendo calização do primeiro poço ex- comprou 50% da concessão profundidade tem de curvar, pa-
Anunciado a 7 de setembro, pe- ¤3,3 milhões para comprar 50% que no onshore, mais concreta- ploratório, que poderá aconte- “Aljubarrota-3” por ra continuar na horizontal”.
lo ministro da Economia, Álva- da concessão da zona “Aljubar- mente, na região de Alcobaça, cer em 2014”. Os trabalhos de- ¤3,3 milhões Mouraz Miranda diz que “esse
ro Santos Pereira, este projeto rota-3”, o que implica que a pe- perfurámos um poço de explora- senvolvidos pela Galp no Alente- furo terá de ser injetado a alta
de prospeção petrolífera inte- trolífera portuguesa seria res- ção este ano que, embora tenha jo serão “de extrema importân- n Mohave Oil diz que tem pressão até fraturar o subsolo
grou a Galp e a Mohave, detida ponsável por metade dos investi- mostrado indícios positivos, foi cia” para avaliar o potencial do potencial para produzir 8000 para extrair petróleo e gás”. O
pela canadiana Porto Energy. mentos. Nos trabalhos de perfu- considerado não comercial e, co- outro projeto offshore, em Peni- barris de petróleo por dia especialista do Técnico diz que
Na altura, o responsável da Mo- ração deviam ter encontrado mo tal, abandonado. Estamos che, “podendo vir a reduzir a in- “em 90 dias fazem-se dois furos
have, Arlindo Alves, admitiu a mais de 5 milhões de metros cú- neste momento a analisar e a dis- certeza em torno desta área, on- n Stephen Whyte, da Galp, destes e com 230 milhões de eu-
possibilidade de serem produzi- bicos de gás natural quando atin- cutir com o nosso parceiro os re- de também já realizámos alguns anuncia que abandona poço ros até podiam fazer mais de 40
dos 8 mil barris de petróleo diá- gissem uma profundidade de sultados obtidos, para decidir so- trabalhos exploratórios”, diz. poços”.
rios, enquanto o vice-presidente- 3000 metros. bre a melhor forma de prosse- Para o especialista em georre- J.F. Palma-Ferreira
-executivo da Galp, Palha da Sil- O administrador-executivo da guir”, esclarece. cursos do Instituto Superior Téc- jpferreira@expresso.impresa.pt

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 19

CHINA

Crescer
no mercado
interno
é imperativo
Cui Zhiyuan, economista chinês,
defende modelo social a meio
caminho entre China e Europa
Economista, Cui Zhiyuan, aponta- banas e rurais”, diz. Mas para que
do como um dos pensadores da isso aconteça, esclarece, é preciso
Nova Esquerda chinesa, defende dar às pessoas das zonas rurais
que a China está a abrir-se ao uma autorização (registo/cader-
mundo, é hoje um país mais de- neta) que lhes permita circular e
mocrático e pretende aproximar- ter acesso a serviços de saúde e
-se mais do modelo económico e educação, emprego e habitação. O economista da Nova Esquerda esteve recentemente em Lisboa a apresentar o livro “China 3.0” FOTO NUNO BOTELHO
social europeu do que do norte- A nova geração de líderes chine-
-americano. ses, sublinha Cui Zhiyuan, está
A China, considera em entrevis- consciente da urgência desta mu-
ta ao Expresso, terá de virar-se pa- dança de estratégia e está a traba-
ra dentro e desenvolver o merca- lhar nisso.
do interno, por forma a que haja Cui Zhiyuan garante também
uma melhor e mais equilibrada que apesar dos grandes investi-
distribuição dos rendimentos. mentos que a China tem feito no
“Defendo políticas sociais e econó- mundo, nomeadamente em Por-
micas mais inclusivas e igualitá- tugal — é hoje o maior acionista
rias. É a chave para o próximo da EDP e da REN —, o país de
passo na China. Nas últimas duas Mao Tsé-Tung não quer aprovei-
décadas a China desenvolveu-se tar-se da crise que tem abalado os
com muito sucesso nas exporta- países do Ocidente desde 2008.
ções. Mas, por causa de uma cer- “A crise do Ocidente é uma par-
ta crise no Ocidente, já não o po- te dos problemas que temos em
de fazer. Precisamos, por isso, de comum, até porque nos últimos
desenvolver o mercado domésti- dois anos a China exportou me-
co, também para que os chineses nos. Não penso que a China de-
beneficiem disso. Tem de haver va ou queira aproveitar-se da cri-
uma melhor distribuição da rique- se europeia. Em Espanha, 51%
za. Precisamos urgentemente de dos jovens estão desemprega-
reduzir a diferença de rendimen- dos, em Portugal são 39%. É um
to entre as pessoas das zonas ur- problema muito grave. Talvez
este nível de desemprego resul-
te do facto de Portugal e Espa-
nha terem uma boa proteção pa-
ra os trabalhadores que estão
PONTO DE VISTA
no ativo. Ou seja, há uma lei la-
boral demasiado rígida e prote-
tora de quem está no mercado,
n A China, diz Cui Zhiyuan, o que faz com que muita gente,
deverá desenvolver o mercado nomeadamente os jovens, não
interno, para fazer face consiga entrar. Na China, é o
à quebra das exportações, oposto, não temos tanto desem-
e melhorar o rendimento prego, mas a proteção social é
dos camponeses demasiado baixa. Nós precisa-
mos de mais proteção social e a
n A economia chinesa deverá Europa de menos. Talvez o cami-
manter uma economia mista nho certo esteja no meio”, avan-
de empresas públicas çou Cui Zhiyuan. Em Portugal,
e privadas. A manutenção no âmbito do lançamento do li-
de empresas públicas vro “China 3.0” — uma publica-
rentáveis, defende ção que reflete o que pensam as
o economista, permite elites académicas sobre a nova
ao Estado arrecadar China a nível económico, políti-
importantes receitas e ter co e de política externa —, Cui
melhores políticas sociais Zhiyuan olha para a receita da
e impostos mais baixos. austeridade que está a ser aplica-
Demasiados impostos é um da em Portugal e na Grécia de
dos problemas do Ocidente uma forma crítica. “Não acho
que a China deve evitar que austeridade seja o caminho
a seguir. Reduzir a dívida é im-
n A China defende um papel portante, mas parece-me que
no plano internacional mais crescer é mais importante ain-
próximo do desempenhado da. Se a austeridade tiver um im-
na Europa, no sentido pacto negativo no crescimento,
de não intervir em países torna impossível reduzir a dívi-
estrangeiros da. Tem de haver uma gestão
equilibrada entre as políticas so-
n Mais democracia, melhores ciais e de emprego”, reconhece.
condições de vida, mais Cui Zhiyuan considera que de-
participação são grandes via haver um maior conhecimen-
ambições dos chineses. to entre o Ocidente e a China
Há pessoas muito ativas porque há muitas problemáti-
na internet a exigir maior cas comuns, mas também por-
abertura. A nova geração que seria positivo que o investi-
de políticos, admite, é mais mento externo fosse baseado
aberta, mas ainda há algumas em compromissos e interesse
restrições e controlo económico de benefício mútuo.
Sobre as relações entre Portu-
gal e a China diz que seria bené-
fico haver mais trocas comer-
ciais e culturais. E esclarece que
Macau poderá desempenhar
um papel importante na aproxi-
mação entre os dois países. “Chi-
na e Portugal têm de trabalhar
mais juntos e Macau pode ser
uma ponte importante”, diz.
Anabela Campos
acampos@expresso.impresa.pt

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20 ECONOMIA Expresso, 15 de d

EXPORTAÇÕES
Potencial Atentos à expansão do mercado chinês, os produtores
nacionais afinam estratégias para matar a sede ao dragão asiático

Vendas
de vinho para
a China crescem

62%
Duplicar vendas é a meta para 2014
nas “a compra de vinhos caros para janta- ra somar ¤24 milhões no triângulo Chi-
Textos Margarida Cardoso
res de negócio e ofertas, não para consu- na, Hong Hong, Macau. Em 2013, vai
Ilustração Helder Oliveira
mo pessoal”. A população que compra vi- aplicar ¤700 mil, 10% do seu investimen-
nho para beber, por prazer, representa to, em feiras e provas neste mercado.
empre que se referem a metade do consumo total, mas apenas Trabalhar à escala do gigante chinês re-

S
Portugal, os chineses 30% do valor das vendas. vela as fragilidades do sector vinícola na-
pensam em vinho. É que Em Portugal, os produtores fazem uma cional, com “marcas prestigiadas, mas
Portugal, em chinês, diz- análise mais simples. Sabem que 80% do sem a dimensão necessária para uma
-se Pu Tao Yá e os dois vinho consumido na China são de produ- ofensiva firme”, reconhece Jorge Montei-
primeiros caracteres (Pu ção local, os chineses valorizam de forma ro, presidente da Viniportugal. As estatís-
e Tao) querem dizer ‘u- especial a importação dos tintos de Bor- ticas são, no entanto, animadoras e, se a
va’. Uma ‘coincidência’ déus e até têm investido em produtoras base de partida é baixa, a valorização dos
que resulta da constru- emblemáticas da região. Mas acreditam vinhos portugueses é evidente: depois da
ção fonética de nomes para os quais não que os rótulos nacionais, acompanhados duplicação das exportações entre 2010 e
há tradução em mandarim. das notas de mérito conquistadas em pro- 2011, para os ¤8,2 milhões, as vendas au-
Esta pode ser uma vantagem inesperada vas mundiais, também podem triunfar. mentaram 21% em volume e 62,1% em va-
para a promoção dos vinhos portugueses No quinto lugar no ranking das exporta- lor no primeiro semestre do ano.
na China, mas ao certo não se sabe se tem ções portuguesas de vinho, a China é
tido influência nos bons resultados dos pro- “um alvo prioritário” na estratégia de O ponta de lança Mateus
dutores nacionais no país: nos primeiros promoção da Viniportugal, que pretende
seis meses do ano, as exportações cresce- duplicar as vendas na região até 2014, pa- Atenta aos números, a Comissão Vitiviní-
ram 62,1%, uma percentagem construída a cola Regional do Tejo tem incentivado os
partir da soma de pequenos negócios, mas seus produtores a investir no segundo
suficientemente tentadora para mobilizar maior mercado da região fora da União
cada vez mais empresas do sector. Porto de honra Europeia. A adesão é crescente, como
“O potencial do país é enorme, justifica prova a presença de 14 vitivinicultores do
atenção e persistência”, afirma Mário “A China tem potencial e interesse, Tejo, em novembro, na International Wi-
Monteiro, presidente da Adega de Fa- mas não vai explodir da noite para ne & Spirits Fair, em Honk Kong, e na
vaios, que se estreou a vender 10 mil gar- o dia. Criar lá um mercado vai levar Interwine Fair, em Guangzhou, contra
rafas na China em 2011 e conseguiu multi- no mínimo 10 anos e muito apenas oito no ano passado.
plicar este número por quatro em 2012. trabalho”, comenta Paul Symington, A exportar desde 2003 para a China, a
“Fizemos testes de mercado e percebe- presidente da Symington Family Quinta de Alorna participou nestes even-
mos que os chineses gostavam dos nos- Estates, consciente das dificuldades tos “consciente de que ter sucesso aqui
sos vinhos, mas foram precisos cinco que o vinho do Porto enfrenta para exige visitas regulares e um acompanha-
anos de trabalho para conseguir os pri- conquistar o reconhecimento dos mento constante dos clientes”, diz a dire-
meiros resultados”, acrescenta o gestor. consumidores chineses. Com um tora comercial, Dora Martins. Com 280
Para reforçar a quota da China no total escritório em Hong Kong desde hectares de vinha e uma produção anual
de 1,5 milhões de garrafas vendidas junho, não revela as suas vendas na de 1,5 milhões de garrafas exportadas pa-
anualmente pela sua adega em 22 merca- Ásia, mas comenta: “Dizer que a ra 25 países, a empresa já celebrou acor-
dos, confia especialmente no moscatel de China é o próximo grande mercado dos com dois agentes locais e quer seguir
Favaios. “Os chineses gostam de coisas é fácil, mas as vendas totais de “uma estratégia de longo prazo” no país.
doces e estão a usá-lo para misturar com vinho do Porto no país estão nas As abordagens ao mercado são várias.
outras bebidas”, comenta. seis mil caixas e eu conheço uma A Sogrape, que enviou o Mateus Rosé co-
Falar do gosto chinês será uma missão cadeia de supermercados de média mo ponta de lança para a China em 1983,
difícil, como alerta um estudo recente da dimensão em Lisboa que vende tem escritório em Hong Kong. A Eno-
consultora inglesa Wine Intelligence, mais do que isso”. Apesar do futuro port, com escritório de representação
atenta à diversidade de um mercado gi- da ligação entre o vinho do Porto e em Xangai desde 2000, criou, agora, a
gantesco, ainda numa fase inicial de de- a comida chinesa ser, ainda, uma primeira distribuidora de vinhos lusos na
senvolvimento. A sua análise sobre as ten- incógnita para o sector, os números China. As Caves Arcos do Rei optaram
dências de consumo dá, no entanto, algu- mostram que o avanço das suas por uma parceria local. A Adega de Bor-
mas indicações claras: a próxima etapa marcas na China tem sido modesto, ba foi ao China Sommeliers Wine Chal-
das importações pode privilegiar vinhos mas exponencial, passando de 1200 lenge 2012 conquistar oito medalhas.
brancos e tintos mais doces. Já na seg- para 6200 caixas de 9 litros entre A apoiar a ofensiva lusa, o guia Portu-
mentação do mercado, um quinto dos 2007 e 2011, pouco mais de meia gal Wine Guide, já na terceira edição, pas-
consumidores respondem por 40% do va- dúzia de gotas no total de 9 milhões sou a ter uma versão em mandarim.
lor das vendas, mas está em causa ape- de caixas comercializadas por ano. mmcardoso@expresso.impresa.pt

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dezembro de 2012 ECONOMIA 21

Esporão despertou Dão Sul aposta em


para o mercado parceria e trabalha
chinês em 2004 com sócios locais
A Herdade do Esporão chegou à China Para conquistar o gigante chinês, a Dão
em 2007, um ano marcado pelo Sul tem uma pessoa a trabalhar no país
crescimento recorde de 138% na há dois anos, fez uma parceria com
importação de vinhos engarrafados no uma trading sedeada em Macau e abriu
país, mas já tinha incluído este mercado uma empresa em Zhuai. “Já vendíamos
no seu projeto de exportação em 2004. A alguma coisa, mas assim demos um
abordagem foi definida com o agente da salto brutal em termos de penetração e
empresa em Macau, “numa parceria de conseguimos um crescimento de 800%
interesses mútuos”, e “a criação de uma nas vendas”, diz o administrador Paulo
estrutura local está, agora, na agenda da Amorim, animado pela dimensão e
administração”, adianta o diretor potencial do mercado a desbravar. No
comercial, Diogo Melo e Castro. A dia em que o Expresso falou com a Dão
estratégia definida assenta na previsão Sul, seguiu para a China um contentor
de crescimentos anuais de 10% a 15% de vinhos topo de gama, no valor de
para as importações de vinho no país até ¤90 mil, mas a empresa vende todo o
2017, mas a China ainda ocupa um seu portefólio no país, dos ¤1,80 à porta
modesto 20º lugar no ranking de da adega até aos ¤60. Da sua
destinos do Esporão, com uma quota de experiência, “o mais difícil de vender
1% nas suas vendas ao exterior. A atuar será o vinho verde” e a Dão Sul poderia
em cinco centros estratégicos — ter a ganhar na oferta de mais marcas.
Guangzhou, Zhuai, Xangai, Pequim e “Já somos multirregionais, com várias
Wenzhou —, o Esporão teve de se marcas, mas muitos clientes querem
adaptar a algumas especificidades locais exclusivos”, explica. Sabe que os
como a legalização de marcas por estado chineses não se interessam por
provincial ou a obrigatoriedade de pequenos negócios, mas estão atentos
rotulagem em chinês. A dimensão do às pontuações atribuídas pelos
país, o estado embrionário da cultura do principais críticos internacionais a cada
vinho, a falta de distribuidoras de vinho e pormenores como o facto do
primeira linha a trabalhar com vinhos presidente chinês ter sido fotografado a
portugueses, as barreiras culturais e brindar com um copo de Cabriz tinto
geográficas e a falta de notoriedade de numa receção oficial, em Portugal,
Portugal dificultam o trabalho. No pesam nas vendas. O Cabriz é, aliás, o
entanto, há caminhos possíveis, da recordista de vendas da Dão Sul na
segmentação do mercado ao China. Sem dar números do negócio, a
investimento na educação vínica dos empresa refere que este mercado já
consumidores, abertura de um escritório vale 15% das suas exportações e as
de representação ou venda direta por vendas para o país cresceram 200% no
geografia, canal e produto, sublinha o primeiro semestre “sobre números já
diretor comercial. À espera de um muito significativos registados em
volume total de vendas de ¤40 milhões 2011”. A trabalhar todos os canais de
este ano, mais de 50% do qual venda, Paulo Amorim vê oportunidades
proveniente da exportação, o Esporão a explorar em várias frentes, da
acredita ter, ainda, “muitos patamares comunidade chinesa residente em
para crescer na China”. Quanto à Portugal e que pode enviar vinho para a
procura, os chineses dividem-se entre os China, à captação de clientes entre as
vinhos Reserva e o Monte Velho, com os visitas de negócio a empresas lusas.
rótulos do segmento mais elevado e os Presente em 30 países, a Dão Sul está,
de preço mais reduzido a “baterem-se ainda, a usar a plataforma chinesa para
equitativamente”, um indicador da chegar a outros mercados na região
evolução do consumidor local. como a Malásia, Tailândia e Indonésia.

Monte da Ribeira Vallado fala em


está a investir com mandarim para
“paciência de chinês” conquistar mercado
A Herdade Monte da Ribeira tem Atento ao potencial da China, João
clientes em Portugal que valem mais Álvares Ribeiro visitou pela primeira vez
para a empresa do que o grande o mercado há quatro anos e começou
mercado da China, mas decidiu investir quase de imediato a vender, “nem
no país com “paciência de chinês” sempre aos mesmos intervenientes
desde há um ano. Até agora, seguiram locais”. A pequena dimensão da empresa,
duas paletes em novembro, duas em com vendas de ¤3 milhões em 2011, face
abril e seis a meio do ano. A empresa ao mercado em causa condiciona a
da Vidigueira acredita que se a cada abordagem, mas a Quinta do Vallado fez
três meses vender mais uma palete que “uma aposta de longo prazo no país e
no ano anterior “será muito bom”. A tem vindo a crescer”. A favor dos seus
produzir 500 mil garrafas por ano, a vinhos, conta com as boas classificações
herdade decidiu “perspetivar o atribuídas pelas mais prestigiadas
potencial da China e ir insistindo”, revistas internacionais. “Uma boa nota
refere o diretor de vinhos. António de Robert Parker ou da ‘Wine Spectator’
Nora. Uma das apostas passa pela tem impacto imediato nas vendas”, diz o
hotelaria e pela entrada dos seus vinhos administrador, consciente, no entanto,
nas cartas de alguns hotéis chineses de de que os vinhos portugueses “estão a
referência. A abordagem a “um milhas de distância do prestígio atribuído
mercado difícil, com muitos entraves à pelos chineses aos vinhos de Bordéus”.
importação”, está a ser feita com o Das 500 mil garrafas vendidas num ano,
apoio de Rui Ribeiro, das Caves Arco do coloca umas 30 mil na China, mas
Rei, já com alguma experiência no país, reconhece alguma “irregularidade nos
a participação em feiras, ações negócios”. “Talvez por ser um mercado
promocionais em hotéis e publicidade ainda emergente, há negócios que se
própria em mandarim. No futuro, a fazem e, depois, não se repetem, mas
empresa vai privilegiar ações isoladas, basta chegar lá para levar uma injeção
como provas ou jantares. As vendas de otimismo”, diz o gestor. Ainda à
cobrem toda a oferta da herdade, “mas procura da melhor estratégia para o país,
os rótulos mais caros têm mais começou a trabalhar com um novo
procura”, comenta António Nora, certo parceiro importador e adivinha “um
de que a abordagem para esta corrida crescimento exponencial no futuro”, em
de fundo “deve ser feita pelo segmento especial para os vinhos mais caros. Com
alto”. Aliás, é frequente um crescimento de 33% nas vendas
perguntarem-lhe: “Quantas garrafas totais dos seus vinhos no primeiro
produzem do vinho mais caro? Posso semestre, viu os negócios com a China
comprar tudo?”. Avaliando as crescerem de ¤15 mil para ¤98 mil entre
exigências especiais de rotulagem da os seis primeiros meses de 2011 e o
China em “pelo menos 15 cêntimos por mesmo período de 2012 e até já teve um
garrafa”, reconhece que a procura importador interessado em comprar
distingue os vinhos franceses e ainda uma participação no Vallado. Para se
falta notoriedade aos vinhos aproximar do consumidor local, a marca
portugueses, mas os consumidores duriense investiu, também, na criação de
locais “são muito sensíveis a prémios e uma versão em mandarim do seu sítio na
medalhas”. “Quem compra, também internet.“É uma opção estratégica, pelo
pede para tirar fotos ao nosso lado, forte potencial de crescimento do
com a garrafa na mão. Dizem que ajuda mercado do Oriente, onde muitos não
a vender o vinho aos clientes”, refere. dominam o inglês”, justifica.

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22 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

NEGÓCIO DE EXPERIÊNCIAS

A vida
já não é bela

António Quina na praia da Terra Estreita, em Tavira, transformada no verão de 2010 em “Experience Beach”

O criador dos presentes Aviso à navegação: o empresário Antó- te de 80% no mercado dos pacotes de mos à espera. E o Natal representa va o negócio. “Era essa margem que nos
nio Quina afirma que não fugiu para o experiências. Otimista, o criador de A Vi- 70% da faturação.” permitia inovar, fazer negociação, produ-
de experiências da marca Brasil e que a marca A Vida é Bela conti- da é Bela tinha investido ¤5,3 milhões António Quina apresenta a razão prin- zir as caixas, armazená-las e expedi-las,
A Vida é Bela diz que nua a ser sua — e não do portal Descon- em publicidade e produção em 2010, e cipal para o crescente desequilíbrio das pagar ordenados aos funcionários e fa-
tos.pt, como foi noticiado. Além disso, mais ¤3,58 milhões em 2011. “Hoje consi- contas: o facto dos portugueses, face à zer investimentos de comunicação e di-
notícias alarmistas tenciona apresentar no início do próxi- dero que esse foi um enorme erro de ges- crise terem passado a usar mais, e mais vulgação da marca e dos nossos fornece-
e o boicote de alguns mo ano, em Portugal, um “modelo ino- tão. Nunca deveria ter gasto tanto em pu- cedo, os pacotes oferecidos. E é aqui que dores”, revela. O empresário dá como
vador de negócio” na área do turismo e blicidade, divulgação e produção. Queria o negócio começa a falhar. Porquê? Por- exemplo os vouchers até ¤30. Aqueles
fornecedores de lazer que lhe permitirá pagar “tudo o promover os serviços dos parceiros e que o segredo do lucro desta empresa que não eram usados davam a lucrar à
serviços, que recusavam que tem em dívida com clientes, forne- não me preocupei com os meus resulta- que vendia experiências a muito baixo empresa 58% do valor total (cerca de
vouchers nas épocas cedores e banca”. dos líquidos.” custo (a partir dos ¤15) residiu funda- ¤17). Os restantes 42% ganhos eram gas-
De momento, aguarda a aprovação mentalmente, durante anos, nos vou- tos na distribuição, custos de logística,
altas, ditaram o colapso de um Processo Especial de Revitaliza- Previsões furadas chers que não eram usados. Ou seja, gran- custos de impressão de guia e embala-
do negócio. Isso ção (PER) e a nomeação de um admi-
nistrador por parte do tribunal. Se este António Quina chegou a prever ter um
de parte dos pacotes de experiências ofe-
recidos no Natal, em aniversários, ou
gens. No caso dos pacotes que eram usa-
dos, 22% de valor faturado eram gastos
e a súbita mudança plano SOS avançar, e for aprovado pe- volume de vendas de ¤200 milhões pa- noutra data especial qualquer, eram em em custos diretos, tidos com as comis-
de comportamento los bancos, os principais credores, An- ra este ano, juntando a faturação de grande parte arrumados e esquecidos nu- sões à distribuição dos pacotes, acresci-
tónio Quina promete pagar de forma Portugal, Espanha e Brasil. Foi um tiro ma gaveta por falta de tempo, lembran- do de verbas para espaços adicionais,
dos consumidores sistemática, e no prazo de um ano, os ao lado na previsão e o terreno come- ça, ou vontade do cliente. Bem à portu- marketing e promoção. E o lucro corres-
cerca de ¤1,5 milhões que deve aos çou a ficar mais nebuloso a partir de guesa. Basta dizer que em 2009 a taxa pondia apenas a 6% do total — em 2011 o
clientes com vouchers por gozar. Prevê outubro de 2011. Os portugueses aper- de vouchers não usados (taxa de não re- lucro foi de apenas ¤214 mil.
também saldar, em dois anos, os ¤2 mi- taram mais umas casas ao cinto e as denção) era de 46%, ou seja, quase meta-
lhões que deve aos fornecedores, e até vendas caíram mais de 50% nos meses de das experiências não eram gozadas. E Vouchers mais utilizados
sete anos os ¤9 milhões que ficaram de novembro e dezembro. “Não estáva- em grande medida era isso que financia-
por entregar à banca. Os problemas agravaram-se com a mu-
Atualmente a residir no Rio de Janeiro, dança de comportamento do público.
A NOVA VIDA DE QUINA
e com escritório montado em São Paulo Só no final do ano passado é que a em-
com três colaboradores, o empresário de- presa se apercebeu de que a taxa de uti-
cidiu contar pela primeira vez, ao Ex- ano passou a ser um exemplo de lização dos vouchers de 2010 tinha subi-
presso, os bastidores do seu negócio e as
razões que levaram ao colapso de uma
“Acordo cheio empreendedorismo. De momento
diz-se focado em reerguer a marca
do para os 78% e, no ano passado, ascen-
dia aos 86%.
das mais bem-sucedidas empresas de tu- de vontade de e continuar a estimular o turismo A somar a isso, de acordo com o empre-
rismo em Portugal. Um buraco financei- em Portugal. “Os momentos de sário, houve um aumento das taxas de
ro que o levou a suspender há um mês a ir distribuir guias sucesso são mais difíceis de gerir. juro, um atraso no pagamento por parte
venda de pacotes de experiências. Numa
conversa tida por Skype, no seu escritó-
para a rua” Neste momento acordo cheio
de vontade de ir distribuir guias
da distribuição, redução dos plafonds de
crédito, uma dívida do Estado que ascen-
rio em São Paulo, o empresário recorda para a rua, de assinar contratos, de a mais de ¤2 milhões de reembolsos
como em 2011 a empresa A Vida é Bela António Quina não é um estreante de recomeçar. E continuo de IVA e atrasos nos pagamentos de fun-
tinha aumentado em ¤13 milhões as re- a reinventar-se depois de andar a acreditar que A Vida é Bela dos comunitários já aprovados e contra-
ceitas, para ¤46 milhões, entre Espanha na mó de baixo. Em 2001, era sócio proporcionou alegrias e sensações tualizados. Para aguentar o barco, Antó-
e Portugal, e prometia um... belo futuro. gerente de uma empresa fortes a muitos portugueses e tem nio Quina fez no início deste ano um for-
Presente em Espanha desde 2007, e no de publicidade e viu-se obrigado sido fundamental para a divulgação te corte de custos (mais de ¤1 milhão),
Brasil desde 2009, a empresa tinha no a despedir mais de duas dezenas e dinamização das pequenas reduzindo os colaboradores de 80 para
mercado português uma quota dominan- de funcionários. Num espaço de um empresas de turismo e lazer.” pouco mais de 30. O empresário diz ter

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 23

António Quina Fundador


e presidente de A Vida é Bela Fornecedores e clientes
‘‘Não fugi ficaram a ‘arder’
para o
Brasil. Vou Deco totaliza 1600 queixas
de clientes contra
pecial na época baixa, garantin-
do taxas de ocupação interessan-

voltar. Errei A Vida é Bela.


Fornecedores somam
dívidas de ¤2 milhões
DÍVIDAS
tes.

Incrédulos com falência


e aprendi do modelo de negócio

a lição’’
A Associação de Defesa do Con-
sumidor (Deco) contabilizou
desde o início do ano até terça-
-feira um total de 1600 queixas
contra A Vida é Bela. Segundo a
empresa de experiências, há cer-
3,5
milhões de euros
José Carlos Pires não consegue
compreender como foi possível
este modelo de negócio falhar.
“A estrutura de custos era redu-
zida, ficavam com uma margem
ca de ¤1,5 milhões em dívida a é o montante das dívidas de 30% sobre o preço de venda e
clientes com vouchers que deixa- de A Vida é Bela, entre ainda há todos os vouchers que
ram de ser aceites. O número de os ¤2 milhões que não pagou não foram pagos aos fornecedo-
fornecedores que ficou a perder aos fornecedores res”, resume.
A empresa Maritz Marketing — dona é mais difícil de contabilizar, e os cerca de ¤1,5 milhões que O dono de um pequeno negó-
da marca A Vida é Bela — tem suspen- mas representa dívidas de ¤2 mi- deve aos clientes que têm cio de turismo de habitação em
sa a venda de vouchers de experiências lhões, de acordo com a empresa vouchers que não conseguem Trás-os-Montes, que pediu para
em Portugal e deixa dívidas à banca de A Vida é a Bela. utilizar. Um número que está não ser identificado, faz uma
¤9 milhões. O que pensa fazer no futu- A Deco aconselha a quem ad- em crescimento porque ainda análise idêntica do potencial de
ro com a A Vida é Bela em Portugal? quiriu os pacotes de experiên- há clientes que não lucro da empresa A Vida é Bela
Entregámos um Processo Especial de cias diretamente através de A reclamaram os vouchers e lamenta a descredibilização de
Revitalização (PER) aos tribunais que vai Vida é Bela a pedir o reembolso uma solução que também lhe as-
ter que ter o acordo dos principais credo- no site da marca, reclamar jun- segurava “boas taxas de ocupa-
res. E estamos a todo o momento à espe-
ra da sua aprovação para voltarmos a tra-
balhar na empresa em Portugal, senão
vamos para a insolvência. Só este ano fo-
ram liquidados mais de ¤7 milhões a for-
necedores. Cerca de ¤2 milhões estão
to do provedor das agências de
viagem e turismo associadas da
APAVT (Associação Portugue-
sa das Agências de Viagens e
Turismo) ou pedir o respetivo
crédito através do Processo Es-
200
mil euros é o montante
ção da casa na época baixa”. A
participar no projeto desde o iní-
cio, diz que os problemas come-
çaram há um ano, com os pri-
meiros atrasos nos pagamentos.
Mas, se durante algum tempo as
por liquidar. O plano básico de revitaliza- pecial de Revitalização ao qual que A Vida é Bela dívidas iam sendo pagas, desde
ção é criar um clube de descontos e vanta- a empresa aderiu. Ana Sofia deve ao Grupo Pestana, agosto os incumprimentos so-
gens para os nossos futuros associados. Ferreira, jurista da Deco, desa- confirmou ao Expresso mam ¤3000.
Em troca do pagamento de uma mensali- conselha, no entanto, que os o grupo hoteleiro esta semana. A dada altura, conta, pediram-
dade poderão usufruir de todos os servi- consumidores raspem os vou- O Pestana é um dos maiores -lhe um prolongamento do pra-
ços e preços especiais negociados com os chers para colocarem no formu- credores da empresa zo de pagamento, mas nem isso
nossos parceiros. Restaurantes, hotéis, lário de reembolso o código de de experiências foi cumprido. Lamenta as difi-
spa e outros serviços com enorme des- ativação solicitado no site. “De- culdades que foi tendo em en-
conto. Se montarmos esse negócio va- pois de raspado, o voucher fica contrar alguém para atender o
mos propor às pessoas que têm vouchers inutilizado”, salienta. telefone do outro lado, quando
por gozar que os troquem por esse novo Se a compra tiver sido feita tentava obter explicações e não
MÁS EXPERIÊNCIAS
produto de A Vida é Bela. Propondo a tro- noutras lojas, os procedimentos compreende o comunicado en-
ca dos atuais vouchers pela subscrição do dependem da existência ou não viado em outubro, a pedir “pa-
novo produto por xis tempo de acordo do talão de compra. Esta sema- ciência aos fornecedores” e a jus-
com o seu valor. Aos parceiros iremos ca- na, a Deco anunciou que seis Deco aconselha a não raspar tificar os incumprimentos com
nalizar um fluxo de clientes segmentado. pontos de venda (Best Travel, código de ativação atrasos nos reembolsos de IVA
Esse é o nosso plano A para saldarmos Fnac, Halcon Viagens, Rádio Po- No site de A Vida é Bela no valor de ¤800 mil e na entre-
dívidas com os fornecedores, clientes e pular, Staples e Livro do Dia) é possível preencher um ga de fundos do QREN.
banca. Acreditamos que em sete anos vão reembolsar ou compensar formulário para pedir Continua a atender telefone-
conseguimos fazê-lo. O plano B , é bê de mesmo quem não tenha o talão o reembolso do dinheiro. mas a pedir reservas com A Vi-
Brasil. Continuarmos a reinventar-nos de compra, recorrendo aos siste- Entre os vários procedimentos, da é Bela. “Explicamos que tive-
deste lado do Atlântico. Um país com um mas informáticos internos. é pedida a introdução mos de deixar a parceria porque
fortíssimo crescimento no turismo. Pelo contrário, a Auchan, o El do código de ativação. infelizmente não pudemos recu-
Corte Inglés, a Media Markt e a Ana Sofia Ferreira, jurista perar o dinheiro em dívida. As
Porque é que foi para o Brasil? Sonae recusam-se a ressarcir os da Deco, desaconselha pessoas nem sempre compreen-
Fico triste e desiludido que as pessoas clientes que não tenham com- que se raspe e ponha a dem”, conta.
sejam mesquinhas e fazerem uma leitu- provativo da aquisição. A Deco descoberto esse número, A diretora de um hotel com
ra tão errada de que fugi para o Brasil revela ainda que o Pingo Doce, porque o voucher fica SPA da zona centro, que integra
tido conhecimento de alguns vouchers após a crise na minha empresa. Não foi os Correios e a Bertrand se mos- automaticamente inutilizado. vários pacotes da marca, deixou
que estavam a ser recusados por parte este ano que abri A Vida é Bela no Bra- traram indiferentes, não mani- de aceitar clientes dos vouchers
de hotéis, restaurantes e gabinetes de es- sil. Foi em 2007. Ora, até 2010 estava festando de que forma preten- Pingo Doce, Correios no final do primeiro trimestre,
tética. “Mas era uma situação controla- muito concentrado no mercado portu- dem defender os interesses dos e Bertrand indiferentes mas optou por dizer apenas que
da e as queixas de clientes eram resi- guês que estava a correr bem, com uma seus clientes. O ecoresort O Pingo Doce, os Correios tinha esgotado a quota de reser-
duais. Isto até saírem notícias sensacio- equipa estabilizada e profissional. O ano ZMAR, na Zambujeira do Mar, e a Bertrand mostram-se vas e sugere que contactem a
nalistas. Até 14 de outubro tínhamos me- passado combinei internamente que iria também decidiu aceitar clientes indiferentes em relação empresa. No entanto, continua
nos de 50 queixas na Deco, referentes dedicar-me mais ao mercado brasileiro de A Vida é Bela que contratem ao reembolso a quem a aceitar os clientes que já ti-
aos últimos dois anos, e estávamos a que era o que estava a correr menos serviços seus com o dobro do va- não tem talão de compra, nham feito reserva. Sem rece-
reembolsar quem não se sentia satisfei- bem até agora. Ao todo tenho investidos lor do voucher. E o parque de porque, segundo a Deco, ber desde o início do ano, não
to.” Após a primeira notícia sair as ven- na empresa brasileira ¤2,5 milhões. campismo de Cerdeira, no Ge- não manifestaram de que forma adianta o valor da dívida. “A-
das caíram 85%. “Foi um ataque à marca Mais coisa menos coisa. Em termos prá- rês dá direito a uma terceira noi- tencionam ressarcir brange vários hotéis do grupo”,
e à confiança que os portugueses tinham ticos estou a viver no Brasil desde feve- te de alojamento grátis na com- os seus clientes. Auchan, Sonae, comenta, pedindo para não ser
em nós.” A associação de defesa do con- reiro de 2011, só tive noção do estado da pra de duas dormidas. El Corte Inglés e Media Markt identificada.
sumidor diz que desde o início do ano e empresa em Portugal a partir de março Ana Sofia Ferreira alerta ain- não pagam a quem não tenha “Até 2011 não tivemos qual-
até terça-feira recebeu 1600 queixas. de 2011, por causa da subida das taxas da para a utilização dos cupões fatura, uma decisão que afeta quer problema”, reconhece a di-
“Havia atrasos nos pagamentos, mas es- de uso dos vouchers e das devoluções de no site descontos.pt, porque “o um elevado número de pessoas retora de um centro de estética
távamos a pagar a todos. Não percebo Natal. E a empresa só começou a correr consumidor perde direitos so- porque grande parte dos do Porto que também não quer
como atrasos de 90 dias podem ser notí- mal em dezembro de 2011. Estou no úni- bre eles”. vouchers foram oferecidos ser identificada. Após vários me-
cia no momento atual do nosso país.” co sítio onde tenho condições para traba- Um dos maiores credores é o como presente. ses em atraso, recorreu a um ad-
António Quina aponta o dedo ao “jogo lhar e recuperar. Sou dos poucos portu- Grupo Pestana, que tem a rece- vogado e, em setembro, recupe-
na sombra” feito por “alguns parceiros” gueses que têm o privilégio de trabalhar ber cerca de ¤200 mil. Com Dívidas tocam a todo o tipo rou a dívida acumulada desde
que quebravam “constantemente” o con- no mercado que mais vai crescer nos uma dívida com menos zeros de fornecedores maio num conjunto de 20 paco-
trato que tinham com a empresa. “Não próximos anos no sector de turismo. Pa- (¤1500), o parque de Cerdeira é Desde o Grupo Pestana, tes, com ofertas várias, desde au-
aceitavam os vouchers na época em que ra poder voltar e pagar o que devo. Por- outro dos cobradores de A Vida ao Parque de Campismo las de ioga a massagens e cursos
tinham mais gente, como no verão. Mui- que eu vou voltar. é Bela. José Carlos Pires, diretor de Cerdeira passando de maquilhagem. “Neste mo-
tos recusavam-se a reservar porque ga- do parque de campismo, suspen- por um centro de estética mento, a verba em falta é de
nhavam mais com os clientes com paga- O negócio no Brasil também assenta deu a colaboração com a empre- no Porto, todos ficaram com ¤600, relativa ao período entre
mento direto.” Uma esperteza de comer- na venda de vouchers de experiências? sa de experiências logo que se dinheiro por receber 20 de setembro e 10 de outu-
ciante porque ao venderem diretamente Eu errei e aprendi a lição. Agora estou apercebeu de perturbações no de A Vida é Bela. bro”, refere.
ao cliente final os fornecedores de servi- a trabalhar num produto tripartido. Que pagamento, no final de 2011. Os montantes em dívida No seu caso, a principal queixa
ços tinham 60% de lucro, em vez dos não assenta só no negócio dos vouchers, Preocupado com a possível di- oscilam entre centenas e diz respeito a problemas com
30% contratados. mas também em descontos de serviços e mensão do problema, ainda ten- centenas de milhar de euros clientes com voucher que que-
Nestes últimos três anos, A Vida é Bela em guias de turismo ilustrados, qualifica- tou contactar outros fornecedo- rem ser atendidos. “Tentamos
faturou ¤40 milhões em Portugal e com- dos e segmentados para São Paulo e o res à procura de uma concerta- explicar que não temos contrato
prou ¤27,8 milhões de serviços aos par- Rio de Janeiro. E tudo se poderá asso- ção de posições da parte dos le- com a empresa, uma decisão
ceiros. “O que hoje se está a falar é de ciar, com um preço acrescido. Um guia sados, mas apesar de haver mui- unilateral por incumprimento,
dívidas a fornecedores que são menos de pode vir com um cupão de descontos e tos outros operadores na mes- mas as pessoas sentem-se enga-
5% daquilo que nós lhes comprámos nos um voucher de experiências. O produto ma situação não teve sucesso. nadas por nós, o que acaba por
últimos três anos. Se não fôssemos nós, a é inovador. Vamos vender, por exemplo, “É cada um por si”, comenta. prejudicar a imagem da nossa
crise nos pequenos operadores seria mui- guias de restaurantes no Rio a ¤50. E Enquanto tudo correu bem, a empresa”, lamenta.
tíssimo maior.” esses guias poderão ser usados em qual- participação do parque nos pa- Catarina Nunes
Bernardo Mendonça quer lado através de uma aplicação no cotes de A Vida é Bela revelou- e Margarida Cardoso
bmendonca@expresso.impresa.pt telemóvel. É o futuro. -se, até, bastante positiva, em es- cnunes@expresso.impresa.pt

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24 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

Negócios Cada vez mais empresas portuguesas estabelecem-se no Dubai.


Com os olhos postos num dos mercados mais atrativos do mundo

Dubai A porta para a


riqueza do Médio Oriente

presas portuguesas interessadas em in- definição em torno da construção do


Joana Pereira Bastos vestir num dos sete estados que formam maior campo solar do mundo, a Martifer
a confederação dos Emirados, nomeada- ambiciona ter “um papel significativo”
uando a carga fiscal mente no Dubai ou em Abu Dhabi, os no projeto. “Para isso, precisamos de to-

Q
em Portugal não para mais conhecidos e desenvolvidos do pon- do o apoio político. Aqui, o Estado é negó-
de aumentar, a ideia to de vista económico. cio, pelo que é fundamental o trabalho da
de investir num país O sector da energia é uma aposta forte embaixada e do Governo português”, sa-
onde não há impostos nos EAU. O país tem a sexta maior reser- lienta Eduardo Pereira.
e tudo o que se ganha va de petróleo do mundo, mas quer diver- A diplomacia económica portuguesa sa-
é lucro é especialmen- sificar os recursos energéticos e desenvol- be-o. Na quinta-feira, o ministro dos Ne-
te atrativa. Se nesse ver as energias renováveis, tendo anuncia- gócios Estrangeiros, Paulo Portas, e o
país abundar o dinhei- do este ano o projeto de construir no Du- presidente da AICEP, Pedro Reis, esta-
ro do petróleo, o consumo estiver a cres- bai, até 2030, o maior campo de energia rão no Dubai na conferência Caminho
cer e os vizinhos forem alguns dos Esta- solar a nível mundial. Em outubro reali- das Exportações, promovida pelo Ex-
dos mais ricos do mundo, então o negó- zou-se, também no Dubai, o Fórum Mun- presso, que reunirá empresários dos
cio parece ter tudo para correr bem. A dial da Energia, que pela primeira vez de- dois países.
ideia tem vindo a seduzir cada vez mais correu fora da sede da ONU, o que funcio- Ao contrário da energia, o sector da
empresários portugueses, que veem nos nou como um reconhecimento da posição construção regista algum abrandamen-
Emirados Árabes Unidos (EAU), e em estratégica dos Emirados nesta área. Em to, apesar da existência de projetos como
particular no Dubai, uma porta de entra- janeiro, o Dubai vai acolher outro impor- a extensão do aeroporto ou o metro de
da para todo o Médio Oriente. tante acontecimento no sector da ener- superfície no Dubai. Grandes grupos na-
Em cinco anos, de 2007 a 2011, o núme- gia, a Masdar Sustainability Week, onde é cionais como a Soares da Costa ou a Visa-
ro de empresas portuguesas que expor- esperada, segundo a AICEP, “uma forte beira já têm presença nos Emirados.
tam para os EAU aumentou 18% e já ul- representação nacional”. Atenta às mui- Mas, segundo a AICEP, existem, sobretu-
trapassa as 500. Segundo o Instituto Na- tas oportunidades que os EAU têm para do, “muitas oportunidades para empre-
cional de Estatística, as exportações por- oferecer, a empresa portuguesa Martifer sas de materiais de construção, desde tra-
tuguesas para aquele país do Golfo Pérsi- Solar abriu este ano uma delegação no balhos iniciais até acabamentos e decora-
co cresceram 16,6% só no último ano. E, Dubai. “É um verdadeiro centro de negó- ção”, incluindo áreas de gestão de resí-
no mesmo período, a comunidade portu- cios, o sítio ideal para chegar ao Médio duos e saneamento. Num país onde prati-
guesa residente nos Emirados, a grande Oriente”, resume Eduardo Pereira, res- camente toda a alimentação é importa-
maioria no Dubai, disparou 66%. As rela- ponsável local da empresa. da, o sector agroalimentar é outro “onde
ções entre os dois países nunca estiveram Apesar de ainda haver uma grande in- existem nichos que podem ser explora-
tão próximas. dos pelas empresas portuguesas”, apon-
Nos EAU desde o ano passado, o embai- ta a AICEP. No início deste mês, várias
xador de Portugal, Jaime Leitão, tem as- marcas nacionais participaram numa fei-
sistido de perto ao reforço das relações ra internacional dedicada ao sector, que
bilaterais. Aos empresários portugueses, teve lugar em Abu Dhabi, e fizeram suces-
não hesita em aconselhar que invistam ENERGIA, so. Quatro foram premiadas.
na região. O Dubai, diz, “é uma montra
por excelência” e a chave para chegar a
CONSTRUÇÃO, “Oportunidades não faltam”, resume
João Menezes de Aguiar, empresário
países vizinhos, como a Arábia Saudita, AGROALIMENTAR português há 22 anos a viver no Médio
“onde o dinheiro nasce do chão e cada
vez há mais apetite pelo consumo” (ver
E TURISMO SÃO Oriente. O diretor da Executive Gour-
met, empresa de catering para aviões de
entrevista ao lado). OS SECTORES luxo e jatos privados, não tem dúvidas:
Segundo a Agência para o Investimen- “Aqui não há impostos de qualquer espé-
to e Comércio Externo de Portugal (AI- COM MAIOR cie. Tudo o que se ganha é lucro. É qua-
CEP), os sectores da energia, construção,
agroalimentar e turismo são os que têm
POTENCIAL se um paraíso para o investimento es-
trangeiro”.
maior potencial de negócio para as em- DE NEGÓCIO jbastos@expresso.impresa.pt

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 25

O número de portugueses no
Dubai cresceu 66% no último ano. DISSERAM
E há cada vez mais empresas
nacionais a investir na região
‘‘Os Emirados Árabes
Unidos são uma
porta para todo o
mercado do Médio
Oriente (...) O Dubai
é uma montra por
excelência’’
JAIME LEITÃO
Embaixador de Portugal
nos Emirados Árabes Unidos

‘‘Não há impostos
de qualquer espécie.
Tudo o que se ganha
é lucro. É quase
um paraíso para
o investimento
estrangeiro’’
JOÃO MENEZES DE AGUIAR
Diretor da Executive Gourmet,
dedicada ao fornecimento
de aviões de luxo e jatos privados

‘‘É um mercado
particularmente
dinâmico. Existe
vontade de o
dinamizar e muito
dinheiro. As
oportunidades
estão aqui’’
FRANCISCO SILVA
Diretor da empresa portuguesa
de iluminação Castros para a região
do Médio Oriente

“O Dubai é um centro
de negócios.
É o sítio ideal para
chegar a todo
o mercado do Médio
Oriente. Mas
é fundamental
trabalhar com
parceiros locais”
EDUARDO PEREIRA, Administrador da
Martifer Solar para o Médio Oriente

NÚMEROS

TRÊS PERGUNTAS A CURIOSIDADES

Jaime Leitão Embaixador de Portugal nos Emirados Árabes Unidos

Que vantagens podem os Emirados


512
empresas portuguesas exportam
n Os Emirados Árabes Unidos
vão construir no Dubai o maior campo
de energia solar do mundo,
com capacidade para gerar 1000
Árabes Unidos (EAU) oferecer a um em- os seus produtos para os Emirados megawatts de energia.
presário português? Árabes Unidos (EAU) Anunciado no início deste ano
Os EAU são uma porta para entrar em com o objetivo de reduzir a
todo o mercado do Médio Oriente, no- dependência face ao petróleo e ao gás
meadamente nos países da região do Gol-
fo Pérsico, como a Arábia Saudita, onde o
dinheiro nasce do chão e cada vez há
mais apetite pelo consumo. Por isso, o
mercado do Médio Oriente é particular-
mente atrativo. Mas os EAU são também
16,6%
é o crescimento das exportações
natural, o projeto vai ocupar uma área
de 48 quilómetros quadrados e deverá
estar concluído até 2030

n O aeroporto do Dubai
— o Al Maktoum International AirPort
SUCESSO Com mais de 20 anos
de experiência no mundo da
moda, a Sacoor Brothers, que
surgiu em 1989 numa pequena
uma plataforma para chegar a outros portuguesas para os EAU entre 2011 (cujo nome homenageia a família real loja na Estefânia, em Lisboa, é
mercados, como a Ásia do Sul e a África e 2012 dos Emirados Árabes Unidos), hoje uma empresa de sucesso
Oriental, que são muito grandes e tam- mais conhecido como Dubai World internacional, com presença em
bém têm potencial. O Dubai é uma mon- Central — é um dos maiores oito países europeus e asiáticos,
tra por excelência. Há muitas feiras de ne-
gócios realizadas ao longo do ano, como
as feiras da alimentação, da aviação ou da
construção, por exemplo, onde vêm clien-
tes de toda a região para quem o dinheiro
não é um problema. São uma ótima opor-
1674
é o número de portugueses que
complexos aeroportuários do mundo,
com capacidade para acolher
até 160 milhões de passageiros
e 12 milhões de toneladas de carga
por ano
de Singapura a Inglaterra. A
aposta nos Emirados Árabes
Unidos foi um êxito. Com 12
lojas abertas no Dubai e na
capital Abu Dhabi, a empresa
é responsável por um dos
tunidade para fazer bons negócios. residem nos EAU. A comunidade n O arranha-céus mais alto do mundo maiores investimentos
cresceu 66% no último ano está no Dubai. Com 828 metros de portugueses naquele país.
Um empresário português tem facili- altura e mais de 160 andares, o Burj
dade em estabelecer-se no Dubai? da empresa. Os restantes 51% têm de per- Khalifa custou 1,5 mil milhões de
Primeiro, tem de vir apalpar o terreno, tencer a um cidadão emiradense, uma es- dólares e foi inaugurado em janeiro
estudar empresas congéneres e estabele- pécie de “padrinho” que habitualmente de 2010
cer contactos, o que é fundamental para funciona como um “sócio adormecido”, o
uma empresa poder vir para cá. Há ques- que significa que recebe parte dos lucros, n O elevador mais rápido do mundo
tões jurídicas que é importante ter em con- mas não interfere na gestão. está localizado no Burj Khalifa.
ta. Uma empresa pode estabelecer-se livre- Com uma velocidade de 65 km/hora,
mente nas zonas francas — há 30 espalha- O choque cultural pode constituir permite subir 18 metros por segundo
das pelos EAU — mas, se o fizer, não pode um obstáculo?
concorrer diretamente aos concursos pú- Eu diria que não há grande choque cul- n O recorde de altura não
blicos, nem vender diretamente para o tural. Dos seis países que integram o Con- vai apenas para o Burj Khalifa.
mercado interno. Apenas pode vender pa- selho de Cooperação do Golfo (Arábia Sau- Situado na Rose Tower, o Rose Rotana
ra o estrangeiro. Se não quiser ter estas dita, Omã, EAU, Qatar, Bahrein e Ko- Suites é o hotel mais alto
restrições, tem de estabelecer-se como weit), os Emirados são o mais aberto. Mais do mundo, tendo ultrapassado
companhia limitada, mas nesse caso o em- de 80% da população são estrangeiros. E o o luxuoso Burj Al Arab, também
presário português só pode deter até 49% Dubai é profundamente cosmopolita. no Dubai

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26 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA BREVES

Número Sumol multada por


omissão de factos

de funcionários
DECISÃO A Sumol foi conde-
nada pelo Tribunal de Pe-
quena Instância Criminal
de Lisboa a pagar uma mul-

caiu para ta de ¤32.500, por omis-


são de factos relevantes,
em 2005, aquando a com-
pra da Compal. O processo

metade foi julgado pela segunda


vez por este tribunal, por-
que o anterior julgamento

em seis anos
redundou em absolvição, o
que motivou o pedido de re-
curso.

Em 2004, o ministério
730
milhões de euros
é o valor das exportações
tinha 12.457 trabalhadores. do sector da saúde
até setembro, segundo
Hoje são cerca de 6000 O Ministério da Agricultura chegou a ter 5435 funcionários só em Lisboa FOTO ALBERTO FRIAS cálculos do Health
Cluster Portugal,
O Ministério da Agricultura per- tas voltou a ver subir o número centrais em Lisboa. Só no Insti- gumas estruturas, acabou por to, o que prejudicou muito o de- com base em dados
deu quase metade dos seus fun- de funcionários para os 10.574. tuto Nacional de Investigação dispensar pessoas que eram in- senvolvimento do sector”. do Instituto Nacional
cionários em seis anos. De acor- A verdade é que a estrutura Agrária e das Pescas havia 1479 dispensáveis”, nota um dirigen- O Expresso apurou que para já de Estatística (INE)
do com os dados apurados pelo adstrita à Agricultura tem de funcionários. te de uma associação agrícola. não estão previstas mais saídas
Expresso, em 2004 trabalha- facto metade dos trabalhadores Com tantos investigadores se- A mesma fonte nota que as dis- do Ministério, a não ser, natural-
vam 12.255 pessoas naquele Mi- que tinha em 2004. ria de esperar grandes avanços pensas feitas por Jaime Silva ao mente, aposentações. ANF denuncia caso
nistério mas, em 2010, o núme- na lavoura nacional só que, co- nível do IFAP-Instituto de Finan- Uma coisa é certa: continua a à Procuradoria
ro tinha caído para 6471. Só en- Um funcionário para cada mo ironizava, na altura, Jaime ciamento da Agricultura e Pes- haver “uma grande aposta na
tre 2004 e 2007 houve uma re- quatro agricultores Silva, ministro da Agricultura cas, por exemplo, foram de tal simplificação de processos, pois RECEITAS A Associação Na-
dução de 4457 funcionários, dos do primeiro governo Sócrates, ordem que “acabaram por estag- ainda há algumas situações de cional das Farmácias (ANF)
quais 1445 foram colocados no Recorde-se que, naquela altura, “a única inovação que vi foi uma nar o ritmo de atribuição de ver- duplicação de tarefas e outras denunciou à Procuradoria-
quadro de mobilidade especial e o Ministério da Agricultura ti- nova pasta de azeitona que um bas para projetos de investimen- que se estão a revelar completa- -Geral da República um ca-
mais de 2900 aposentados. nha praticamente um funcioná- dia me foi apresentada. Até esta- mente inúteis”, nota uma fonte so de suspeita de fraude
Já em 2010 saíram mais 445 rio por cada quatro agriculto- va saborosa mas, naturalmente, do Ministério. E acrescenta que, com receitas. Em Cascais,
funcionários tanto como refor- res. Ou seja, para lidar com 500 isto assim não pode ser”. Não estão previstas mais “numa altura em que não há di- um utente tentou aviar deze-
mados como para o quadro da mil ativos no sector agrícola, Só durante o seu exercício à dispensas, mas continua nheiro para quase nada temos nas de receitas, passadas a
mobilidade. Entretanto, já em dos quais 10% tinham naquele frente do Ministério dispensou de simplificar a vida às empre- vários doentes, onde consta-
2011, depois da fusão da Agricul- ramo a sua atividade principal, perto de 5000 funcionários. Ge- a haver duplicação sas que querem investir na agri- vam medicamentos que be-
tura com o Ambiente e Ordena- o Ministério tinha mais de 12 mil rou muita polémica mas não he- de tarefas e a prioridade cultura. Isso é uma garantia”. neficiam de comparticipa-
mento do Território o novo me- funcionários, dos quais 5435 es- sitou em cortar a direito nas gor- é simplificar Vítor Andrade ções elevadas do Estado.
gaministério de Assunção Cris- tavam instalados nos serviços duras. “Cortou tanto que, em al- vandrade@expresso.impresa.pt

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15 de dezembro de 2012 Expresso bpiexpressoimobiliario.pt 27

E AINDA NO EXPRESSO LIGA E OLIVEDESPORTOS LEVAM BRAÇO DE FERRO PARA OS TRIBUNAIS


Rescisão de contrato leva Liga de Clubes a pedir ¤5 milhões de indemnização à
OPINIÃO WOLFGANG KEMPER Olivedesportos. Acumulam-se as queixas e acusações entre as duas partes E36 LEADERSHIP
O administrador da Filkempo NA ÁFRICA DO SUL
lamenta que os gestores e A consultora vai abrir
empresários de firmas de capital escritório em Joanesburgo
estrangeiro continuem a ser com o objetivo de apoiar
vistos como “eles”, não estando empresas portuguesas
representados nos conselhos que queiram desenvolver
de administração da maioria negócios neste país.
das associações empresariais E38 Angola, Moçambique,
Cabo Verde, Estados
Unidos, Espanha e Brasil
são os outros países onde
a Leadership já faz
negócios. E35

IMOBILIÁRIO
Residências
universitárias
imunes
à crise

As residências universitárias já começam


a ser encaradas como rentáveis ativos de
investimento imobiliário. A Universidade
de Lisboa está a negociar junto de um
privado a exploração de um megaespaço
com capacidade para 400 estudantes As Residências Universitárias da antiga Fábrica Viúva Lamego, em Lisboa, estão a rentabilizar um espaço difícil de comercializar

toria da UL. “Muito recentemen- quatro edifícios propriedade da existem vários fatores que limi- Para a sociedade imobiliária
Texto Marisa Antunes te fomos contactados por um UL e os restantes arrendados) tam o interesse neste negócio, Garlea (empresa pertencente ao
Foto Nuno Fox
grande grupo português — que com um total de 710 camas. “A entre os quais a existência de di- universo onde se insere a céle- Chineses
O mercado das residências uni-
atua em diversas áreas — que es-
tá muito interessado em parti-
pulverização por pequenas resi-
dências é uma situação que se
versas residências de estudantes
organizadas e coparticipadas pe-
bre fábrica de azulejaria Viúva
Lamego), converter alguns dos
dão empurrão
versitárias exploradas como ati- lhar connosco a gestão de uma está a tornar ingerível. É consen- las respetivas universidades pú- seus imóveis em alojamento pa-
vos imobiliários é um fenómeno grande residência com capacida- sual que a Universidade de Lis- blicas e também algumas priva- ra estudantes do programa Eras- Tradicionalmente dominado
recente que está em crescendo a de para 400 estudantes”, adian- boa, mesmo na sua atual realida- das e a subsistência de um mer- mus acabou por ser uma forma por operadores-promotores,
nível mundial, valendo já 200 ta Luís de Carvalho, chefe de ga- de (ainda sem a UTL) ou já co- cado paralelo de subarrenda- de rentabilizar espaços difíceis o sector das residências
mil milhões de dólares (cerca de binete da reitoria da UL. mo a nova Universidade de Lis- mento que predomina em gran- de comercializar com a atual universitárias a nível mundial
¤152 mil milhões). São contas Uma proposta que está em aná- boa, considera prioritário au- des polos universitários, como conjuntura. está a despertar um interesse
do mais recente estudo da con- lise mas que se enquadra, desde mentar o número de oferta de Lisboa, Porto e Coimbra”. As duas residências universitá- crescente de fundos de capital,
sultora Jones Lang LaSalle já, dentro dos novos moldes de alojamentos em residências pa- Para que o investimento seja viá- rias — com capacidade para 65 fundos soberanos e fundos de
(JLL) e que revelam o potencial gestão desejados pela UL, que ra estudantes. A construção de vel, defende, “é necessário que estudantes — que a Garlea gere pensões que nos últimos anos
de um sector que está em contra- atualmente gere 13 residências uma nova residência, de maio- exista uma escala significativa”. na Almirante Reis têm uma ocu- têm vindo a integrar estes ativos
ciclo com o resto do sector imo- universitárias (instaladas em res dimensões, que permita Como já acontece, aliás, no Rei- pação média anual de 80%, com nos seus portefólios, numa ótica
biliário (ver caixa). uma gestão mais integrada e sus- no Unido, onde só este ano o in- valores a variar entre os ¤280 e de diversificação do risco, revela
Em Portugal, o mercado é ain- tentada tem várias alternativas vestimento e transações implíci- os ¤350. Só neste quarteirão, a o mais recente estudo da
da dominado pelas residências Ao contrário do Reino e modelos. Consideramos que tas neste mercado ultrapassa- empresa tem mais quatro edifí- consultora Jones Lang LaSalle.
geridas pelas próprias universi- Unido ou dos EUA, os uma grande residência, com ca- ram os três mil milhões de dóla- cios, neste momento todos ocu- O interesse não é para menos:
dades e por uma imensa oferta pacidade para 350 a 400 estu- res (¤2,25 mil milhões), valor pados para outros fins. só entre 2009 e 2011 foram
desordenada assegurada por estudantes são um nicho dantes, é essencial no futuro pró- que duplicou os níveis transacio- “Foi uma opção estratégica. transacionados 10,2 mil milhões
múltiplos particulares. Mas, de mercado ainda pouco ximo”, reforça Luís Carvalho. nados em 2011. Já nos Estados Este modelo é o adequado para de dólares (¤7,14 mil milhões),
também por cá, os grandes in- explorado em Portugal Unidos, o volume de investimen- o local. Até há bem pouco tem- em todo mundo, com taxas de
vestidores privados já percebe- Investir, só com escala to nesta classe de ativos imobiliá- po, a zona da Almirante Reis ti- retorno na ordem dos 11% a
ram que este é um filão a explo- rios está próximo dos dois mil nha uma patologia social gran- 15%. O crescimento rápido do
rar, dado os bons níveis de ocu- Para Fernando Vasco Costa, res- milhões de dólares (¤1,5 mil mi- de pois era muito frequentada sector assenta no aumento
pação durante todo o ano: os es- ponsável pelo departamento de lhões). “A natureza de contraci- por traficantes, proxenetas e exponencial do número de
tudantes a ocupar o espaço du- consultoria estratégica da JLL, clo deste sector, já que as matrí- prostitutas. Agora tem estudan- estudantes universitários em
rante o inverno, os turistas low “as residências para estudantes, culas nas universidades crescem tes. Mas não podemos pensar todo o mundo que necessitam
cost (baixo custo) no verão. em Portugal, ao contrário do de forma consistente durante pe- que vai haver uma consolidação de alojamento em épocas de
A fusão, para breve, da Univer- que já acontece no Reino Unido ríodos de baixa económica”, e o desta zona de um dia para o ou- contraciclo. Em 2000 existiam
sidade de Lisboa (UL) e da Téc- e nos Estados Unidos, são um ni- aumento do número de estudan- tro. É preciso dar tempo”, diz 98 milhões de estudantes, em
nica de Lisboa já está a fazer me- cho de mercado ainda muito tes universitários (ver caixa) ex- Duarte Garcia, um dos sócios 2011 eram já 165 milhões. Mais
xer o mercado, como confirma pouco explorado pelos promoto- plicam esta aposta imobiliária, da Garlea. de metade são oriundos da Ásia,
ao Expresso fonte oficial da rei- res e investidores. Isto porque remata Fernando Costa. mvantunes@impresa.pt em especial China e Índia.

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28 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 15 de dezembro de 2012

MERCADO À espera Consultório ESPAÇOS


&CASAS

Luxo em alta 1
milhão de euros é quanto
custa a Pousada de Elvas
A Pousada de Santa Luzia,
Urbanístico
Sofia Plácido
de Abreu
Sócia da Pares Advogados
spa@paresadvogados.com

em Elvas, a mais antiga do Posso responsabilizar


país, está à venda por ¤1 a imobiliária que me Relações entre
Os turistas milhão, tendo já surgido vendeu a fração, por ter
o porto e a cidade
“dois ou três investidores” garantido que eu teria
estrangeiros, em que acabaram por não o uso exclusivo de uma
especial angolanos concluir o negócio, revelou arrecadação na cave?
à Lusa o vice-presidente do Caso pretenda utilizar
e brasileiros, estão município, Nuno Mocinha. esta arrecadação de forma
a contribuir cada vez O imóvel pertence à Enatur. exclusiva o que será
necessário fazer?
mais para (Rosa Esteves)
o dinamismo
do retalho de luxo ¤16 milhões A afetação do uso exclusi-
vo da arrecadação à sua
para Fátima fração implica necessaria-
A Avenida da Liberdade, em Lis- mente uma alteração do tí-
boa, está mais dinâmica do que tulo constitutivo da pro-
nunca na instalação de lojas com A Câmara Municipal de priedade horizontal que
marcas de luxo. O mais recente Ourém vai inaugurar no fi- pressupõe o acordo de to-
“Business Briefing Comércio de nal de janeiro, em Fátima, dos os condóminos. Esta
Luxo”, da consultora Cushman & obras de requalificação ur- alteração deverá ser for-
Wakefield (CW) divulgado esta bana orçadas em quase ¤16 malizada por escritura pú- A RETE — Associação para a
semana, dá conta que esta arté- milhões. blica ou documento parti- colaboração porto e cidade, foi
ria, e a zona de Avis, no Porto, Com as obras, a autarquia cular autenticado. Assim, criada em 2001 e promove o
são as localizações por excelência espera retirar o trânsito da basta que um condómino estudo sobre esta temática. O
do segmento de luxo. proximidade do Santuário, discorde da alteração do tí- aproveitamento dos vazios
Na Avenida da Liberdade, 80% criando-se zonas de uso pe- tulo constitutivo para que criados pelas áreas portuárias
das marcas são internacionais. donal e ciclovias. A requalifi- essa alteração não seja desativadas, as vivências entre
Desde a 2ª edição do “Business cação realizada pelo municí- possível e, consequente- porto e cidade e suas relações
Briefing”, em dezembro do ano pio de Ourém e pelo Santuá- mente, fique inviabilizada económicas são desafios que se
passado, registaram-se novas rio de Fátima obteve com- a afetação do uso exclusi- abrem no espaço urbano.
aberturas, como a Gucci, Stivali, participação em cerca de vo da arrecadação. A res-
Boutique dos Relógios Plus e Offi- 80% através de fundos co- ponsabilidade da imobiliá-
cine Panerai. Em breve inaugura- munitários. ria deve ser aferida tendo SIC Esperança apoia
rão outras insígnias de renome, em conta o disposto no re- idosos de Porto Salvo
como Cartier, Miu Miu, Guess e gime jurídico do exercício
Max Mara. das atividades de media-
Entretanto, “o Chiado continua
a ser a zona mais trendy de Lis-
Sika Portugal ção e angariação imobiliá-
rias (DL 211/2004, de
Durante três dias, os
colaboradores da SIC, do
boa”, sublinha-se no relatório, e é solidária 20/08, na redação dada pe- Expresso e de outras
procurada por um conjunto de tu- lo DL 69/2011, de 15/06). publicações do grupo Impresa
ristas e pessoas ligadas ao mundo Este diploma sujeita as foram incansáveis a recuperar
da cultura e das artes. A compro- O Pai Natal chegou mais ce- empresas de mediação e remodelar o Centro de
vá-lo estão as opções feitas pela do a quatro Instituições Par- imobiliária a um conjunto Convívio do Centro Social
Hermès ou Swarovski ao elege- As primeiras marcas de luxo instalaram-se no Chiado em 1999 ticulares de Solidariedade de deveres, nomeadamen- Paroquial da Nossa Senhora de
rem esta zona para se instalarem. Social (IPSS) do Norte do te fornecer, de forma obje- Porto Salvo.
No Porto, além da zona do Avis, Segundo dados da Global país, trazendo com ele mais tiva e adequada, informa-
destaque-se ainda a zona do Pas- Blue, que gere processos de de 13 mil quilos em mate- ção sobre as característi-
seio dos Clérigos, parcialmente
Os turistas angolanos são reembolso do IVA (tax free), os riais de construção e contri- cas do imóvel, preço e con-
os que mais adquirem em “Um café
em funcionamento desde setem- clientes angolanos são os que buindo para ajudar na repa- dições de pagamento, pro-
bro deste ano e que tem atraído Portugal, representando mais adquirem em Portugal, ração das suas instalações. cedendo de modo a não in- e um projeto, sff”
muitas insígnias. já 44% das vendas tax contando com 44% das vendas A ação solidária é da respon- duzir em erro os interessa-
Aliás, nestas zonas centrais de free. Logo de seguida, neste sistema, seguidos por tu- sabilidade da Sika Portugal, dos. A imobiliária poderá
Lisboa e Porto, “uma parte im- o destaque vai para ristas provenientes do Brasil, especialista em reabilitação, ser responsabilizada caso
portante dos clientes das lojas de os turistas brasileiros, Rússia e China. As vendas tax que vai intervir no Instituto tenha efetivamente incum-
retalho de luxo é composta por russos e chineses free referem-se aos montantes Profissional do Terço, Cen- prido algum dos deveres
turistas, em especial para aqueles transacionados pelos turistas tro Social de Santo Adrião, que lhe são impostos no
que não têm este tipo de oferta extracomunitários, que lhes em Braga, Cooperativa da exercício da sua atividade
nos seus países de origem ou cujo permitem assegurar o reembol- Comunidade Inclusiva e As- e daí venham a resultar da-
valor dos produtos é mais eleva- so do IVA em todos os bens de sociação Nun’Álvares de nos patrimoniais para o
do, nomeadamente os países PA- consumo não imediato que le- Campanhã, no Porto. comprador.
LOP e Brasil”, aponta-se ainda. vem consigo.

CERTIFICADOS ENERGÉTICOS EM QUEDA


Opinião
Luís Lima A Ordem dos Arquitetos quer
Presidente da Direção levar a arquitetura até aos
Nacional da APEMIP lisboetas. E, para fazê-lo, está a
organizar todos os meses uma
apresentação de projetos à
Melhor que subsídio hora do pequeno-almoço, em
diversos cafés. Numa das
é criar mais emprego edições realizadas no
Caffeehaus, no Chiado,
assistimos à apresentação de
projetos dos ateliês Rua e do
a profusão de soluções para a resolução da atual crise da LikeArchitects.

N zona euro, o presidente do Conselho Europeu, Herman


Van Rompuy, num texto chamado “roteiro para corrigir
as falhas estruturais da zona euro e garantir a
sobrevivência do euro”, defende a criação de uma “capacidade
orçamental” para a região, vocacionada, por exemplo, para pagar
Minuto Imobiliário

subsídios de desemprego dos países em crise. As dificuldades na venda de


Este plano, tornado público num jornal espanhol, país onde uma casas estão a dar um novo
em cada quatro pessoas está no desemprego, contará com o apoio impulso à troca, ou seja, à
de políticos europeus como Mario Draghi, Jean-Claude Juncker e permuta de imóveis. A ver.
Durão Barroso. O fundo preconizado poderá funcionar como minuto@apemip.pt
complemento ou mesmo como substituto dos sistemas nacionais
que asseguram subsídios aos desempregados, com eventuais
Entre janeiro e agosto de 2012, foram emitidos Considerando apenas o ano de 2012 (janeiro limitações no tempo e sazonalidade do desemprego. Espaços & Casas
cerca de 58.915 registos em termos do Sistema a agosto), essa representatividade é de 87,4%, Esta proposta parece tentar conciliar a recusa alemã
de Certificação Energética (SCE), observando- no entanto registou-se um decréscimo de relativamente à emissão das chamadas eurobonds, num esforço de
na SIC Notícias
-se uma contração de 25,9%, face a período ho- 27,1% em termos de volume face a 2011, tendo equilíbrio diplomático que não melindre a França e, em parte, Sábado 8h30
mólogo de 2011. Apesar deste menor dinamis- os edifícios de serviços registado uma quebra também a Comissão Europeia, que defendia aquela receita sempre Repetição Segunda-feira 20h30
mo, o Sistema de Certificação Energética, em de 17,1%. repudiada pela senhora Merkel, internamente muito reforçada, o
termos cumulativos, no período temporal decor- Nos edifícios de serviços, a relevância dos Cer- que faz com que a Europa tenha de admitir a sua influência por Programa com o apoio de
rente de junho de 2007 a agosto de 2012, conta- tificados Energéticos foi igual, evidenciando muito mais tempo.
bilizou mais de 535 mil certificados emitidos. um crescendo ao longo do ano de 2012, com Independentemente de todos estes jogos, em Portugal, em
A classificação do desempenho energético do janeiro a registar um valor de 6,1% e agosto um Espanha, na França, na Itália, na Grécia e por aí fora, países onde,
edificado nacional continua amplamente cen- valor de 7,6%. Nos “Grandes Edifícios de Servi- com maior ou menor intensidade, o desemprego existe e cresce, de
trada em termos cumulativos nos prédios resi- ços”, como nos “Pequenos Edifícios de Servi- forma ainda mais preocupante entre jovens, o importante, queiram
denciais, que representam estruturalmente cer- ços”, a classe mais representativa é a B-. ou não a senhora e os senhores mais importantes da Europa, é que
ca de 90% dos registos emitidos. Fonte: Gabinete de Estudos da APEMIP se adote uma agenda de crescimento que faça diminuir o
desemprego pela criação de emprego.

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15 de dezembro de 2012 Expresso bpiexpressoimobiliario.pt 29

PROMOÇÃO IMOBILIÁRIA

Investidores brasileiros já estão a chegar


Belas Clube de Campo Edifício Fernando Pessoa, Lisboa

O sucesso da Mostra A 1ª edição da Mostra de Imobi-


liário de Portugal (MIP), que
promotores e outras entidades
presentes. Para a CGD, por
sileiros, mas também do seg-
mento institucional “interessa-
Brasil. Os brasileiros milioná-
rios estão ávidos por diversifi-
ou negócios, especifica Patrí-
cia Barão.
de Imobiliário de decorreu no fim de semana exemplo, que além de organi- do em comprar para arrendar”. car o seu investimento e Portu- Para o Belas Clube de Campo,
passado no Rio de Janeiro e zador oficial do MIP tinha tam- Nos três dias do MIP estive- gal está entre os países com promovido pela Planbelas, do
Portugal no Brasil juntou mais de 20 promotores, bém o maior stand da mostra, ram 704 privados e 72 empre- boas possibilidades de atrair es- grupo André Jordan, a procura
foi tão grande que duas autarquias (Lisboa e Ca- o frenesim de visitas começou sas. se capital”, diz Patrícia Barão, distribuiu-se em 70% de lusodes-
minha) e instituições como a logo esta semana, como confir- diretora comercial da Espart. cendentes e 30% de brasileiros.
está a ser delineada Caixa Geral de Depósitos ma Paulo Sousa, diretor do de- Dos mais de 200 visitantes “Sentimos que os brasileiros es-
Promotores satisfeitos
outra para daqui (CGD), não poderia ter corri- partamento de Financiamento que mostraram interesse nos tão muito sensibilizados para o
do de melhor forma. A tal pon- e Negócios Imobiliários da Empresas como a Espart (edifí- empreendimentos da Espart, imobiliário português e os luso-
a seis meses. to que a organização planeia já CGD. “O balanço foi franca- cio Ivens 31, Palácio Estoril Resi- cerca de 40 revelaram-se co- descendentes ainda mais. Além
Já esta semana, fazer a segunda edição dentro mente positivo. Durante os dências, entre outros), Planbe- mo contactos mais sólidos, já dos preços, eles valorizam a qua-
dos próximos seis meses. três dias do evento, a nossa las (Belas Clube de Campo) e Cá- com visitas marcadas a partir lidade dos imóveis portugueses
começaram “Este projeto foi uma clara equipa não parou, tivemos fe (Edifício Fernando Pessoa) do início do próximo ano quan- em comparação com o que é
a chegar clientes afirmação da excelência de Por- muitos contactos dos quais cer- têm já marcadas dezenas de visi- do vierem a Portugal em lazer vendido no Brasil”, diz Gilberto
tugal. E as cerca de 800 pessoas ca de 100 com um interesse tas de lusodescendentes e brasi- Jordan, presidente do grupo An-
que nos visitaram, fizeram-no muito efetivo. Aliás, já temos leiros para os próximos meses. dré Jordan. O timing, sublinha,
com o claro intuito de investir. visitas marcadas esta semana “A maioria das pessoas que vi- é perfeito neste momento por-
Detetámos aqui uma oportuni- com interesses de compra mui- sitaram o nosso stand são em- que “há muita acumulação de ri-
dade e a segunda edição do MIP to firmes”, adiantou o respon- presários, de áreas diversas, queza no Brasil e algum receio
vai realizar-se em São Paulo já sável da CGD. mas também arquitetos, médi- no futuro, o que leva as pessoas
em abril ou maio. Estamos tam- De entre os imóveis (prove- cos. Querem não só um aparta- a diversificar o risco, adquirin-
bém em negociações para fazer nientes de entregas em dação) mento de pequenas dimensões do imobiliário no estrangeiro.
uma outra mostra no Recife”, que tem no seu portefólio, a ins- (o interesse nas tipologias T1 e Temos agora de aproveitar”.
adiantou Frederico da Cunha, tituição levou para o Rio aparta- T2 destacou-se claramente) es- Lembrando que o mercado
diretor da Câmara Portuguesa mentos situados no centro de sencialmente para férias mas brasileiro “é o mais promissor a
de Comércio e Indústria do Rio Lisboa, moradias e apartamen- pensam já num prazo temporal curto prazo”, Gilberto Jordan
de Janeiro, uma das entidades tos no Estoril e em Cascais e um alargado, para os filhos e os ne- considera, contudo, que deve
organizadoras do evento. leque diversificado de imóveis tos que virão estudar em Portu- ser reforçada a aposta em ou-
Com uma comunidade portu- localizado no Porto. “A maior gal”, explica Carlos Ferreira, ad- tros países. “O próximo merca-
guesa estimada em 800 mil pes- procura foi para imóveis até aos ministrador da Cáfe, sociedade do é a China que tem uma clas-
soas e muitos milhares de brasi- ¤500 mil. Mas especificando: de construções SA. se média alta com vontade de in-
leiros cada vez mais interessa- os valores médios procurados A Espart — que se integra no A 2ª edição do MIP vai vestir e com muita apetência pa-
dos em descobrir o país-irmão, para o Estoril/Cascais iam até universo da Rioforte, sociedade realizar-se em São Paulo. ra viajar dentro da Europa”.
o Brasil afigura-se como um par- aos ¤300 mil, em Lisboa até ao gestora das empresas do grupo Mas não só este mercado. Este
ceiro mais do que desejável no meio milhão de euros e no Por- Espírito Santo — levou uma car-
A primeira edição ano, a Planbelas já levou o Belas
momento em que o mercado na- to até aos ¤200 mil”. teira de imóveis de topo para ca- recebeu 704 investidores Clube de Campo a duas feiras
cional está em baixa. A procura veio não só de inves- tivar os investidores. “Não te- privados e 72 em Moscovo e uma em Pequim.
Esta primeira mostra não de- tidores particulares onde se in- mos dúvidas que isto vai dar fru- institucionais Marisa Antunes
fraudou as expectativas dos 19 cluíam lusodescendentes e bra- tos. Há um potencial enorme no mvantunes@impresa.pt

Edifício Ivens 31, Lisboa Palácio Estoril Residências

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30 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 15 de dezembro de 2012

ARRENDAMENTO

Apartamentos T2 para todos os bolsos


Existem mais de 40 O arrendamento é cada vez sa está dotada de grande pé di- um apartamento T2, por ¤800/-
mais utilizado pelos portugue- reito. mês. A área útil é de 100m2 e a
mil apartamentos ses como solução de habitação. Um pouco mais longe do cen- casa possui arrumos, garagem,
para arrendar no A crescente dificuldade em ace- tro, em Alcântara, encontra um um pequeno jardim e situa-se
der ao crédito bancário para a apartamento T2 por ¤630/mês. na zona nobre de Coimbra. Ain-
sítio da internet compra de casa veio dinamizar A área bruta é bem mais modes- da nesta urbe, pode arrendar
bpiexpressoimobilia este mercado que atualmente vi- ta, possui apenas 52m2, mas a uma casa com dois quartos por
ve com novas regras. Para quem cozinha está equipada e a casa ¤480/mês. Com 60m2 de área
rio.pt. A maior fatia procura um apartamento para localiza-se perto de transportes útil, situa-se perto de transpor-
da oferta é arrendar, a oferta no bpiexpres- públicos e comércio. tes públicos, a cozinha está
preenchida pela soimobiliario.pt é de 40.150 imó- equipada e as restantes divi-
veis, aos mais variados preços, Arrendar no norte sões contêm alguma mobília.
tipologia T2, uma áreas e tipologias, distribuídos No sul do país, em Faro e mais
das mais procuradas por todo o país.
Dos mais de 40 mil aparta-
De Lisboa partimos rumo ao
norte até à cidade do Porto.
uma vez por ¤800/mês pode ar-
rendar um apartamento T2 com
no mercado mentos disponíveis no bpiex- Aqui está para arrendar na zo- 128m2 de área bruta, situado na
pressoimobiliario.pt, 14.341 na da Boavista, um apartamen- freguesia de São Pedro, na baixa
são de tipologia T2, uma das to T2 por ¤450/mês. A área do da cidade e com vista para a Ria
mais procuradas no mercado. imóvel não é revelada, sabe-se Formosa. Um pouco mais pe-
Esta é a tipologia mais repre- apenas que está mobilado e queno e também mais em conta,
sentada ao nível do arrenda- equipado, tem duas varandas, está livre para arrendar nesta ci-
mento de apartamentos no site, marquise e se o futuro inquili- dade, por ¤500/mês, um aparta-
sendo seguida pela T3 com o to- no quiser, pode ocupar a casa mento T2 com 96m2. Fica na fre-
tal de 10.783 ofertas. Em me- sem móveis. Ainda no Porto, guesia da Sé, possui pré-instala-
nor número surgem os T8, sen- mas desta vez na Foz do Douro, ções para ar condicionado e
do que existem apenas 18 apar- está para arrendar um aparta- som ambiente e instalação de es-
tamentos para arrendar com es- mento T2 com 90m2 de área tores elétricos.
ta característica, registados no útil, construído há dois anos e A oferta de apartamentos de ti-
bpiexpressoimobiliario.pt. pelo qual é pedido ¤750/mês. A pologia T2 para arrendar é vas-
Uma casa com dois quartos é sala tem 36m2 e soalho de ma- ta e diversificada.
talvez o protótipo de habitação deira, o hall 1,5m2, a suite Maribela Freitas
mais procurado. Em Lisboa, en- 15,5m2 e tem um quarto mais mfreitas.externo@impresa.pt
contra um apartamento de ti- pequeno, com 12m2. A cozinha
pologia T2, para arrendar, com tem 10m2. A casa está equipada
140m2 de área útil, por ¤1500/- com gás canalizado, caldeira, Nota A informação aqui veiculada é obti-
da a partir da análise da oferta de imó-
mês. O imóvel situa-se na fre- aquecimento central e vidros veis no portal bpiexpressoimobiliario.pt,
guesia do Sacramento, no Chia- duplos. O condomínio está in- a qual resulta da colocação de imóveis
do, uma zona nobre da capital cluído e possui lugar de gara- para venda e arrendamento por profis-
e foi construído este ano. Está gem exterior e arrumo. sionais licenciados com alvará de media-
mobilado e equipado, possui Um pouco mais abaixo no ter- ção imobiliária. Esta informação é alvo
de atualização permanente por parte
vista de rio, para o casario da ritório nacional, na cidade de desses profissionais e não constitui ne-
Em Lisboa pode arrendar um apartamento com dois quartos cidade e Castelo de São Jorge. Coimbra, na freguesia de Santo nhuma obrigação contratual do Expres-
por valores tão díspares como ¤1500 ou ¤630/mês FOTO NUNO FOX O prédio possui elevador e a ca- António dos Olivais está livre so Imobiliário.

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15 de dezembro de 2012 Expresso bpiexpressoimobiliario.pt 31

ARQUITETURA

Geometria improvável em Leiria


Uma casa que
parece simples
revela-se
surpreendente no
aproveitamento que
faz de um terreno
inclinado. Um
projeto do ateliê
Aires Mateus
Quando observada em ‘modo pai-
sagem’ esta casa parece benefi-
ciar de uma excelente localiza-
ção, não só por estar situada num
ponto elevado em relação à rua,
como por dela se avistar a cidade
de Leiria e o seu marco patrimo-
nial, o castelo. Porém, um plano
mais aproximado revela que esta
moradia unifamiliar está rodeada
de construções desordenadas e
desinteressantes, resultantes de
anos de má ocupação do territó-
rio. Ao mesmo tempo, na sua
área de implantação já existia um
jardim, que importava preservar.
É do cruzamento destas três cir-
cunstâncias — jardim no epicen-
tro, construção anárquica num
perímetro próximo e possibilida-
de de enquadramento sobre o
castelo — que surgiu o desenho.
Ou seja, a casa deveria resguar-
dar-se da vizinhança, abrir-se pa-
ra o jardim, sem o sobreocupar,
e orientar-se para o castelo.
A estes pressupostos associou-
-se um programa comum: divi-
são entre zona íntima, de quar-
tos, e zona social, de salas. O ter-
reno, em declive, marca a distri-
buição do programa. A zona
mais íntima está situada na cota
abaixo do jardim, ao nível da rua
principal, e as áreas sociais na co-
ta superior. Os quartos estão dis-
postos em torno de um pátio cen-
tral, com espaços a abrir para pá-
tios privativos. Cada quarto tem
o seu pátio privativo, pelo que a
ideia de encerramento ao exte-
rior é apenas conceptual e apa-
rente. Na prática, estes falsos sub-
terrâneos são espaços de pura li-
berdade e completa privacidade. A zona íntima situa-se na cota abaixo do jardim. No piso superior ficam as salas e toda a área social da casa FOTO FG + SG - FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA
As salas, por sua vez, confron-
tam-se com a luz natural através extensão, sobrecarregando o jar- mentar e ‘monométrica’, alberga rior e exterior, formalizando um pria terra e os jardins são um óti- com a luz. Embora seja muito
de outro pátio que a capta e di- dim, a casa ocupa os vários seg- a biblioteca. “Conseguimos criar arquétipo branco que se destaca mo estabilizador de temperatu- encerrada para fora, a casa está
funde. Este pátio verticaliza-se, mentos do terreno: no nível -1 fi- uma escala mais pequena, o que na paisagem e que tanto cativa a ra”, explica o arquiteto. Na co- crivada de pátios e é muito lumi-
desdobrando-se em funções vá- ca a zona íntima, com os quartos, permitiu a inserção do programa luz nos seus pátios horizontais e bertura do último piso, de duas nosa. Tem pátios em todos os
rias: em baixo regulariza a rela- respetivos pátios e casas de ba- no centro daquele território, iso- verticais, como a reflete, na sua águas, são usadas impermeabili- sentidos, pátios privados, pátios
ção com os quartos; na cota in- nho; no piso 0, a área social, com lado pela natureza”, explica Ma- pele alva. O interior, também zações à base de tinta que, ao en- coletivos, a casa vive de pátios e
termédia funciona como exten- as salas organizadas em torno do nuel Aires Mateus, autor do pro- pintado a branco, tem madeira velhecer, adquirem uma patina vive de relações muito claras
são das salas. Contribui ainda pa- referido pátio central (uma das jeto, especificando: “Manipulá- nos pavimentos e pedra nas zo- acinzentada. A própria inclina- com a luz, sobretudo pela forma
ra o desenho do piso superior, salas foi contemplada com um mos a escala para distanciar a ca- nas molhadas. ção da cobertura é garantia de como a manipulamos para a fa-
de duas águas, onde fica a biblio- grande vão direcionado para o sa da sua relação mais urbana”. No exterior, a cobertura ajardi- que as infiltrações não encontra- zer chegar aos vários pontos”,
teca/escritório. castelo). Por fim, o piso 1, que Todo o projeto se pauta pela nada camufla o piso dos quar- rão aqui terreno fértil. sintetiza Manuel Aires Mateus.
Assim, em vez de se desenvol- quando visto de um certo ângulo contenção de materiais e acaba- tos, conferindo-lhes isolamento “Este é um projeto que tem a Daniella Dias
ver de um modo compacto e em nos faz pensar numa casa ele- mentos. A pintura igualiza inte- e estabilidade térmica. “A pró- ver com o desenho da escala e economia@expresso.impresa.pt

ESPAÇO PÚBLICO

Piscinas dos peração arquitetónica de um pro-


jeto assinado originalmente pelos
arquitetos Eduardo Paiva Lopes
e Aníbal Barros de Fonseca (os
complexo desportivo Go fit em
Portugal, vai criar 50 postos de
trabalho e ocupar os 7416 m2
do antigo Complexo Desporti-

Olivais prontas mesmos que conceberam, entre


outros, o Teatro Maria Matos).
Um investimento de ¤8 mi-
vo Municipal dos Olivais. De en-
tre os vários espaços, estão pre-
vistos uma sala de fitness de

até ao verão lhões vai reativar as piscinas, cu-


jo arranque de obras foi oficial-
mente formalizado na passada
segunda-feira, na presença do
1062 m2, seis salas de desporto
num total de 866 m2 e uma
área de piscinas que ocuparão
na totalidade 934 m2 de todo o
presidente da câmara de Lis- complexo. Estão ainda previs-
boa, António Costa, e do presi- tos 851 m2 de zona de balneá-
dente da Ingesport, grupo espa- rios e 134 lugares de estaciona-
As obras de recuperação Tem quase cinco décadas de exis- nhol que ganhou a concessão de mento interior.
do antigo complexo de tência e estava há cerca de sete ao exploração por 35 anos. A Ingesport, especializada na
piscinas vão custar cerca de abandono. Espaço de lazer por ex- A promessa é a de que as obras gestão de complexos desportivos
¤8 milhões e arrancaram celência, perpetuado na memória terminem a tempo das piscinas tem atualmente sob a sua alçada
formalmente esta semana de muitos lisboetas, o complexo funcionarem já no próximo ve- 15 centros desportivos (nove em
de Piscinas dos Olivais conheceu rão, ainda que a obra, na sua glo- operação e seis em construção)
finalmente esta semana um avan- balidade, deva demorar cerca dentro e fora de Espanha.
ço na sua longa história de anún- de 14 meses. Marisa Antunes Espera-se que as obras terminem a tempo
cios, recuos e adiamentos de recu- Aquele que será o primeiro mvantunes@impresa.pt das piscinas funcionarem já no próximo verão

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#key_%15-12-2012-32-TIPO ESPACOS&CASAS%_key#

32 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 15 de dezembro de 2012

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15 de dezembro de 2012 Expresso bpiexpressoimobiliario.pt 33

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34 bpiexpressoimobiliario.pt Expresso 15 de dezembro de 2012

MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA

Avaliadores com regras em tempo de crise


Saber o valor real cáveis a todas as transações plica, acrescentando ser urgen-
mundiais e plasmou-as num li- te “harmonizar e compatibilizar
ou potencial de um vro: o “Red Book”. as regras” num contexto de “cri-
imóvel — e poder Neste manual, os responsáveis se económica que trouxe esta
pela avaliação e mediação imobi- questão do rigor das normas pa-
compará-lo na hora liária determinam as regras es- ra a primeira página das preocu-
de investir — é algo senciais para elaborar estudos pações dos avaliadores”.
de comparabilidade entre valo- Assumindo não ser especialis-
que merece um res de ativos, entre países e em ta nos mercados imobiliários do
estudo aprofundado, períodos distintos; estabelecem sul da Europa — mas garantin-
para evitar as normas de construção de rela- do já ter acompanhado clientes
tórios de avaliação; aprendem a em transações nesses países —
especulação reconhecer a insolubilidade de Martin Brühl acredita que “Por-
um negócio; gerem, arbitrando, tugal, Espanha e Itália voltarão
Saber o valor potencial de um os conflitos de interesses entre bem aos mercados”, assumindo
imóvel que o Estado ou priva- as partes e fazem agenciamento que “demorará ainda uma meia
dos querem vender é fundamen- e corretagem de valores. dúzia de anos até que a vossa
tal na hora de o colocar no mer- Martin Brühl, chairman na Ale- economia regresse a um ponto
cado. Ter um avaliador que fa- manha da Cushman & Wake- positivo. Desde que o euro não
ça relatórios que permitam sa- field desde 2004 e atual vice-pre- colapse, claro”.
ber o real valor de um ativo pa- sidente da RICS, esteve em Por- Na palestra que apresentou no
ra garantir um empréstimo ban- tugal para apresentar no ISEG ISEG, em Lisboa, Martin Brühl
cário ou simplesmente fazer (Instituto Superior de Econo- realçou o facto de Portugal es-
um reporte financeiro pode ser mia e Gestão) os novos princí- tar muito aberto à mudança, de-
necessário. Possuir estudos pios e as normas básicas desta vendo, no entanto, aprender a
com valores estimados e atuali- instituição independente de ava- digerir as mudanças rápidas
zados que comparam imóveis e liadores que funciona como que vai ter de operar. “Será mui-
localizações entre países pode “um corpo autorregulado”. to interessante ver como as coi-
ajudar na hora de decidir inves- Segundo o responsável da sas vão evoluir. Pessoalmente,
tir. Arranjar um interlocutor ex- RICS, o “Red Book” e as novas acho que Portugal está prepara-
terno que medeie um conflito regras adaptadas ao momento “Portugal terá de aprender a digerir mudanças rápidas”, diz Martin Brühl FOTO NUNO BOTELHO do”, conclui.
de interesses a meio de uma de crise económica estabele- Brühl defende ainda que os ato-
transação imobiliária ou duran- cem “princípios globalmente ção de metais, as áreas em que gal, na Alemanha ou em França, res no mercado imobiliário de-
te o processo final de compra harmonizados que são reco- “No último ano, Portugal trabalham. a que acresce uma enorme crise vem trabalhar para serem “mais
de um bem móvel pode fazer di- nhecidos por governos, avalia- de confiança”. E dá como exem- criativos e atentos com os investi-
ferença. A RICS (Royal Institu- dores e agentes imobiliários” e
assistiu a três ou quatro plo concreto o que se passa no mentos que fazem” e defende, re-
grandes transações Confiança, precisa-se!
tion of Chartered Surveyors), que são aplicáveis a “qualquer mercado imobiliário português: matando que “a criatividade, ino-
uma instituição global com 144 base negocial em qualquer par- imobiliárias, uma atividade O vice-presidente da RICS frisa “No último ano, Portugal assis- vação e a flexibilidade na nossa
anos, que foi fundada no Reino te do mundo”, seja na gestão insuficiente que resulta que “vivemos num mundo carac- tiu a três ou quatro grandes tran- indústria têm que ser encaradas
Unido com o selo e a bênção da de transações comerciais de da falta de capital terizado por uma crise financei- sações imobiliárias, uma ativida- como uma coisa muito séria”.
rainha Vitória, acredita ter cria- imóveis, na definição do valor e de confiança” ra com repercussões no merca- de insuficiente que resulta da fal- João Bénard Garcia
do regras e normas básicas apli- de antiguidades ou na avalia- do imobiliário, seja em Portu- ta de capital e de confiança”, ex- economia@expresso.impresa.pt

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 35

CONSULTORIA

Leadership aposta Empresários


lusófonos no
Silicon Valley
na África do Sul Quando a Leadership levou ao
Silicon Valley, em abril deste
ano, uma comitiva de
empresários portugueses,
brasileiros, angolanos,
Consultora quer ser ponta de lança e levar empresas cabo-verdianos e
moçambicanos, Carlos
lusas a aproveitar potencial deste país africano Oliveira admite que ficou
apreensivo. Mas, afinal esta
“Vamos abrir um escritório em Unidos e Moçambique. Além de visita de estudo de uma
Joanesburgo porque acredita- Portugal, também ficaram semana a esta região da
mos que a África do Sul pode aquém do esperado os merca- Califórnia, no âmbito do
NEGÓCIO A CRESCER
ser um dos próximos focos de dos espanhol e brasileiro. Neste programa GSI — Global
internacionalização e exporta- último caso, Carlos Oliveira Strategic Innovation, acabou
ção de empresas portuguesas”, aponta “algum atraso na concre- por ser “um sucesso”. E já está
afirma Carlos Oliveira, sócio-ge-
rente da Leadership Business
Consulting.
Um investimento que comple-
6,37
milhões de euros foi o volume
tização do investimento planea-
do”, mas refere que a Leader-
ship se quer afirmar no merca-
do da consultoria.
na forja a 4ª edição em 2013
segundo o mesmo formato.
Outra iniciativa que a
Leadership vai repetir no
menta a presença na África Aus- de negócios da Leadership Mesmo assim, o volume de ne- próximo ano no Silicon Valley
tral que a consultora portugue- em 2011. Em 2012, crescimento gócios em 2011 superou as ex- é a Accelerators. Uma
sa já dispõe em Angola e Mo- será de dois dígitos pectativas ao atingir os ¤6,37 mi- iniciativa que permite aos
çambique. Além de entrar no lhões, quando no ano anterior ti- empreendedores testar e
mercado sul-africano de consul- nha atingido ¤6,1 milhões (cres- desenvolver o seu projeto
toria, Carlos Oliveira pretende
também apoiar a entrada das
empresas portuguesas, tirando
partido da sua rede pessoal de
450
é o número de projetos
cimento de 4,4%). Para 2012, a
expectativa de Carlos Oliveira é
que o negócio cresça dois dígi-
tos em relação a 2011 devido ao
durante um período de
aceleração de três meses no
Plug and Play Tech Center
(PPTC), uma das mais
contactos, que resultam do fac- de consultoria já realizados bom momento internacional. conhecidas incubadoras do
to de ter vivido 11 anos na África “O mercado português preocu- Carlos Oliveira espera retoma portuguesa em 2013 Silicon Valley. Nove empresas
do Sul e ter trabalhado no Deve- pa-nos porque quase desapare- portuguesas já beneficiaram
lopment Bank of South Africa. continua a perder competências ceu, mas é onde temos a maior ça local”. Só depois de março de braço armado para a tecnologia deste programa nas duas
“É um contexto cultural dife- pelo êxodo das elites para países estrutura de custos e temos o 2013 a empresa vai voltar a in- — Leadership Business Techno- edições anteriores. Na edição
rente do angolano e do moçambi- como a Austrália”, refere Carlos nosso centro de competências e vestir comercialmente em Portu- logy — lançado há um ano, vai de 2013 haverá mais apoio
cano, que se torna mais difícil pa- Oliveira. Um défice de competên- onde temos de testar e validar gal e Espanha. “Acreditamos ganhar autonomia para funcio- institucional de entidades
ra as empresas portuguesas faze- cias que, defende, “as empresas as nossas ofertas antes de ir pa- que nessa altura haverá a cons- nar como integradora e para lan- públicas e privadas.
rem negócios. Torna-se impor- portuguesas com a sua flexibilida- ra fora”, defende o gestor. E ciência, no Governo, que não çar no mercado dois produtos “Queremos que o Accelerators
tante que exista uma empresa de poderão aproveitar”. acrescenta: “É pouco interessan- conseguiram fazer sozinhos as de software no início de 2013 contamine positivamente o
portuguesa que conhece os lóbis Com o mercado português da te para nós e outras empresas transformações que anuncia- (um para a monitorização de nosso ecossistema de
locais, os processos de decisão de consultoria “quase a colapsar”, de consultoria de gestão fazer ram”, afirma o gestor. execução estratégica empresa- empreendedorismo para
um mercado de grande dimen- o que está a ‘salvar’ o negócio um grande esforço de venda em Além da prestação de serviços rial e ou outro para a gestão de evitar que existam iniciativas
são, elevada sofisticação e gran- da Leadership tem sido o bom Portugal, o que começa a ser pe- de consultoria, a Leadership liderança na empresa). desgarradas e de pouca
de influência na África Austral, desempenho dos negócios em rigoso porque não podemos di- tem vindo a investir na criação João Ramos dimensão”, refere Carlos
mas que, por motivos políticos, Angola, Cabo Verde, Estados minuir excessivamente a presen- de metodologias próprias. E o jramos@expresso.impresa.pt Oliveira.

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36 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

DIREITOS TELEVISIVOS BREVES

Unicre cria cartão


para o Pingo Doce

Liga e Oliveira disputam BANCA A Unicre lançou um


cartão pré-pago para utiliza-
ção nos supermercados Pin-

novo dérbi em tribunal


go Doce. O cartão é apresen-
tado como um possível pre-
sente de Natal, há de ¤10 e
de ¤25 e não é recarregável.
Além das lojas Pingo Doce
permite ainda fazer com-
pras nos restaurantes O Sí-
tio do Costume e nas lojas
Liga de Clubes e Olivedesportos acumulam acusações Bem-Estar, Spot e New Co-
de, também lojas do grupo
e queixas sobre contratos e direitos televisivos do futebol Jerónimo Martins.

JM investe ¤2,5 mil


milhões até 2015
RETALHO A Jerónimo Mar-
tins vai investir ¤2,5 mil mi-
lhões entre 2013 e 2015.
Deste montante, 70% serão
direcionados para a insígnia
polaca Biedronka. Na Co-
lômbia a empresa vai inves-
tir ¤400 milhões, prevê
abrir até 40 lojas em 2013 e
atingir as 150 lojas em 2015.

1/3
é a proporção de
automóveis do Grupo
Volkswagem vendidos em
Portugal que o Volkswagen
Bank quer financiar. O
banco começou a operar
Oliveira rescindiu o contrato para a emissão da Taça da Liga, de ¤3 milhões. Mário Figueiredo, da Liga, pede ¤5 milhões de indemnização FOTOMONTAGEM SOBRE FOTOS LUSA no país esta semana

Acusações, intriga, queixas, do contrato, a Liga reagiu e pre- quer prazo para a negociação acordo envolve outras verbas co-
contratos rasgados e processos para-se para avançar com um desses direitos” de emissão em merciais além dos valores refe- IVA come receitas
em tribunal. Podia ser o argu-
NÚMEROS
processo contra a Olivedespor- sinal aberto. rentes à emissão dos jogos. dos hotéis Vila Galé
mento de uma novela em horá- tos, com a exigência de uma in- Além das questões contra-
rio nobre, mas é o guião de demnização de ¤5 milhões. Isto tuais, a Olivedesportos acusa AdC investiga monopólio TURISMO A Vila Galé vai fe-
uma disputa negocial cada vez porque entende — conforme já ainda a LPFP de ter vendido os char o ano com uma fatura-
mais acesa entre a Liga Portu-
guesa de Futebol Profissional
(LPFP) e a Olivedesportos. E
embora o tema da discórdia se-
¤5
milhões é a indemnização que a
revelara em carta enviada à Oli-
vedesportos a 21 de novembro
—, que cumpriu “atempadamen-
te” e “ponto por ponto” a sua
jogos à TVI por verbas “ridicula-
mente baixas e desajustadas” ao
real valor de mercado das emis-
sões televisivas.
Além deste processo que agora
dará entrada nos tribunais, a
LPFP já tinha formalizado na
AdC, em outubro, uma queixa
ção de ¤60 milhões, menos
5% que em 2011. Segundo o
grupo, metade dos ¤3 mi-
lhões da queda de receitas
ja futebol, o assunto não está a Liga vai pedir em tribunal à parte das obrigações no contra- Fontes da empresa garantem contra a Olivedesportos por ale- deveu-se à subida do IVA.
ser tratado com os pés. Tem Olivedesportos pela rescisão to em vigor. que o acordo com a TVI foi fe- gado monopólio e abuso de posi-
até, pelo contrário, requintes unilateral do contrato para a Os argumentos da Olivedespor- chado por menos de ¤250 mil, o ção dominante no mercado de
de xadrez jogado em vários ta- comercialização da Taça da Liga tos para a renegociação do con- que avalia cada jogo a ¤35 mil. transmissões de futebol. FUSÃO NO BANIF
buleiros em simultâneo: já che- trato assentam em dois eixos: a Como termo de comparação, as A queixa tem por base um estu- JÁ PODE AVANÇAR
gou à Autoridade da Concor- proibição da atividade da empre- mesmas fontes dizem que nas úl- do liderado por Miguel Poiares O pedido de oposição à

¤250
rência (AdC), promete bater à sa de apostas Bwin no mercado timas épocas a SIC terá pago cer- Maduro, especialista em Direito fusão por incorporação da
porta da Comissão Europeia e português, confirmada em tribu- da União Europeia, e sustenta Banif SGPS no Banif SA foi
vai entrar nos tribunais. nal no início de 2012, que fez que os contratos de longa dura- rejeitado pelo tribunal do
O último capítulo nesta dispu- mil terá sido o valor pelo qual a com que a Taça da Liga perdes- O braço de ferro entre ção e com exclusividade que a Funchal. Este era um dos
ta ocorreu no fim de semana, Liga vendeu os jogos da prova se o seu patrocinador oficial; e a a Liga e a Olivedesportos Olivedesportos assinou com a es- factos que têm atrasado
com a Olivedesportos a rescin- em sinal aberto, para a TVI. Um alteração das condições do mer- já motivou uma queixa magadora maioria dos clubes o plano de capitalização.
dir unilateralmente o contrato preço que a Olivedesportos diz cado nos últimos dois anos, que na AdC por monopólio impedem a livre concorrência
referente à exploração comer- ser “irrisório” e que desvaloriza levou a que os valores do contra- da empresa de Oliveira no sector e são considerados nu-
cial da Taça da Liga e à emissão as emissões de futebol em to se tenham tornado, segundo los à luz do direito europeu. Tomás Correia volta
televisiva de parte da prova em futuras negociações a Olivedesportos, de “cumpri- A Liga pede, por isso, que a a ganhar Montepio
sinal fechado, na Sport TV. O mento impossível”. ca de ¤1,6 milhões por estes jo- AdC considere nulos, já no final
contrato tinha sido assinado em Ainda de acordo com a empre- gos. Segundo a Olivedesportos, desta época, todos os contratos ELEIÇÕES O presidente do
2010, era válido até ao final da sa de Oliveira, o atraso da esta quebra abrupta no valor da da Olivedesportos com os clu- Montepio voltou a ser elei-
próxima época e pressupunha LPFP nas negociações para ga- Taça da Liga traduz a confirma- bes. O passo seguinte na estraté- to, com 72,6% dos votos, nas
ainda o pagamento de ¤3 mi- rantir a emissão da prova em ca- ção pela própria LPFP da “dete- gia é centralizar em si a negocia- eleições de sexta-feira da se-
lhões à LPFP. nais de sinal aberto — que só fi- rioração anormal das condições ção das emissões, o que, segun- mana passada. Votaram
A decisão da Olivedesportos cou fechada a 19 de novembro, do mercado”. Mas também re- do um outro estudo, da consulto- mais de 85 mil associados.
surge depois de a dona da Sport em contrato com a TVI — difi- presenta uma perigosa desvalo- ra Oliver & Ohlbaum, poderia
TV ter tentado durante meses cultou também a escolha de um rização no preço do futebol no elevar para ¤142 milhões o valor
renegociar o acordo com a patrocinador que substituísse a mercado televisivo, na medida dos direitos de TV do principal Governo lança
LPFP. Aliás, em carta enviada Bwin e que pagasse parte dos em que este valor pode ser usa- campeonato português. A Olive- “Portugal sou eu”
aos clubes — e a que o Expresso valores inicialmente acordados do como bitola pelos canais de desportos, que paga atualmente
teve acesso — a Olivedesportos no contrato de exploração co- TV em futuras negociações. cerca de ¤60 milhões a todos os GARANTIA Governo anun-
especifica que apresentou qua- mercial da prova. Sobre este A Liga não revela os números clubes, defende que o valor pre- ciou programa que certifica
tro propostas de renegociação ponto, no entanto, a LPFP argu- do acordo com a TVI, mas garan- tendido pela Liga é irreal face à produtos com uma taxa de
ao presidente da LPFP, Mário mentava já na carta divulgada te que são superiores a ¤250 conjuntura atual do mercado. incorporação nacional igual
Figueiredo. Todas recusadas. em novembro que no contrato mil. As fontes contactadas pelo Adriano Nobre ou superior a 50%.
Depois do anúncio da rescisão em vigor “não foi fixado qual- Expresso explicam ainda que o abnobre@expresso.impresa.pt

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 37

PESSOAS

Rita talegre e sucederá a João Sobri- Francisco Simão 30 anos NÃO PERCA
nho Teixeira na liderança do ór-
Costa gão, que representa 15 institu- é o novo diretor de desenvolvimento de negócio da REN NO CADERNO
EMPREGO

Ir para ‘fora de pé’


38 anos tos politécnicos e cinco escolas.
Lisboa
Casada
Lara Alvarez
1 filho
É a nova líder de inovação da

para aprender a nadar


Licenciada em
BNP Paribas Securities Servi-
Matemáticas
ces, a unidade de negócios do
Aplicadas
BNP Paribas especializada na
prestação de serviços em áreas
É a nova diretora executiva como a liquidação e custódia de
(executive director) da títulos. Lara Alvarez assume
consultora Ernst & Young. com o novo cargo, para o qual
Rita Costa é licenciada em também foi nomeado Bernardo Aos 30 anos, Francisco Simão soma já no currículo ras retirou a convição de que “as ferramentas de co-
Matemáticas Aplicadas — Silva, a missão de tornar a inova- vários cargos de destaque. O jovem economista che- municação e as relações humanas são tão importan-
Ciências Actuariais pela ção uma componente intrínseca ga agora à direção da REN, na área de desenvolvi- tes como o conhecimento técnico em qualquer país
Universidade Nova de Lisboa à cultura da instituição, colocan- mento de negócio, mas o desafio da liderança há do mundo”. Mas reconhece: “Se não formos competi-
e tem vindo a consolidar uma do-a ao serviço do negócio. Terá muito que não é uma novidade na sua carreira. Aos tivos é o fim da linha”. É com esta visão que agora
carreira ligada à área da como desafio facilitar os méto- 27 anos já enquadrava e dirigia equipas na Mckinsey. abraça o desafio da REN, convicto de que o bom líder
consultoria. dos, competências e ferramen- Aos 28 era chefe de gabinete do diretor-geral execu- “é aquele que tem a capacidade de tirar o melhor Ministério das Finanças
Com um percurso profissional tas que ajudam os colaborado- tivo (chief executive officer) da Cimpor. Trabalha à partido dos outros, sem medo de se rodear dos me- recruta inspetores Está
de mais de 14 anos, a nova res a gerar novas ideias. Lara Al- escala global e os desafios, por maiores que lhores, dando-lhes a responsabilidade e a visibilidade em marcha um programa
diretora executiva tem como varez é atualmente diretora de sejam, não o intimidam. Francisco Si- que precisam para errar e aprender a crescer”. Ob- de recrutamento de mil
especialidade a gestão de risco, Marketing e Comunicação da mão encara as novas funções na REN cecado confesso pela eficiência e pelos resulta- inspetores tributários que
tendo dado o seu contributo empresa e Bernardo Silva ocupa como a oportunidade de pôr em práti- dos, que no seu caso são “promover boas deci- deverão reforçar as equi-
profissional no o cargo de diretor de Produto. ca tudo o que foi aprendendo nos di- sões junto das administrações” que serve, pas de inspeção tributária,
desenvolvimento de projetos versos cargos e empresas por onde Francisco Simão não sabe ao certo quantas sobretudo da nova unida-
de modelização e de João Correia passou, “ajudando a levar o melhor da horas trabalha por dia. O que sabe é que o de fiscal, o Comité de Cum-
implementação, em grandes engenharia portuguesa ao mundo e ga- mundo é global e nos negócios é preciso saber primento Fiscal, cuja cria-
35 anos
bancos nacionais e rantindo o adequado retorno para o acio- mudar com ele e encarar estas mudanças com ção foi anunciada esta se-
Califórnia
internacionais, assim como em nista. Uma equação que diz ser desafian- motivação e positivismo. Até porque, como re- mana. P2
Casado
companhias de seguros. te de gerir. lembra, “para aprender a nadar é preci-
1 filho
Iniciou o seu percurso Desde muito jovem que so ir para fora de pé”. Japão quer captar talen-
Frequência do
profissional na Crédito Francisco Simão está habi- O novo diretor de desenvolvi- tos na Europa A União
curso de Eng.
Agrícola Vida, passando depois tuado a desafios empresa- mento de negócios da REN não Europeia está a cofinan-
Civil
a integrar a equipa da riais. A primeira experiên- coloca limites geográficos à sua ciar um programa de está-
Andersen Consulting/ Vai integrar a equipa da Blast cia de trabalho que te- intervenção. Enquanto houver gios para jovens cientistas
Accenture onde exerceu Analytics & Marketing, sediada ve, numa altura em que mundo e estrada para percor- e engenheiros, oriundos
funções na linha de serviço de na Califórnia, como especialista ainda sonhava ser polí- rer diz-se pronto. Mas não pres- da União Europeia, em em-
Gestão de Rico (Regulatory de análise na internet (web tico, foi no armazém cinde de conciliar o trabalho presas japonesas. O Pro-
Risk Management) para analytics strategist). João Cor- de expedição do Azeite com a família e de poder ir a grama Vulcanus tem aber-
Portugal, África e Brasil. Nos reia frequentou o curso de Enge- Gallo, em Abrantes. A Abrantes, a cidade onde cresceu. tas as candidaturas até 20
últimos seis anos, Rita Costa nharia Civil na Universidade da ideia era “ganhar uns É que Francisco Simão é um pou- de janeiro. P4
liderou o serviço de Gestão de Beira Interior, mas a meio deci- trocos para um Verão co como o Torga, precisa de “ir à
Risco Financeiro (Financial Risk diu apostar na internet e criou a mais folgado”, uma rea- terra” buscar forças. A era da reconversão
Management) na KPMG, sendo Netspring (serviços e consulto- lidade a que desde cedo profissional Desde o iní-
ainda responsável pela gestão ria internet). No currículo soma se habituou. A “febre” da Cargo Diretor de desenvolvi- cio do ano mais de 100 mil
operacional de recursos projetos como a Wingman e a política passou-lhe, deixan- mento de negócio da REN. portugueses já perderam
humanos. Stepvalue, onde colaborou. do outra maior que ainda ho- o emprego e a inversão da
je se mantém, ser jogador do Formação É licenciado em Eco- tendência não parece es-
Paula Neves Margarida Sá Costa Benfica. Mas como contra fac- nomia pela Universidade Nova tar para breve. Um estudo
36 anos É a nova presidente do subcomi- tos não há argumentos, confir- de Lisboa e possui um MBA pe- divulgado pela empresa
Lisboa
té do LIDE Portugal — Grupo ma que “depois de uma medío- lo INSEAD. de recrutamento Hays
Casada
de Líderes Empresariais, o Lide cre carreira no futebol” hoje fi- confirma que Portugal
1 filha
Mulher. Este comité centra-se ca-se pelas maratonas e meias- Percurso Iniciou a carreira na continua a falhar na liga-
Licenciada
no debate de questões ligadas à -maratonas que corre por hóbi McKinsey & Company, onde ção entre o que as empre-
em Economia
promoção do papel ativo das mu- e por prazer. foi analista e mais tarde asso- sas precisam e o que os
lheres na vida empresarial. Mar- Da carreira que consolidou na ciado sénior. Transitou de- profissionais têm para ofe-
garida Sá Costa, secretária-ge- McKinsey e na Cimpor, onde con- pois para a Cimpor, onde te- recer. Segundo a empre-
Foi nomeada para liderar a Lea- ral da Fundação Portuguesa das fessa ter aprendido muito com a ve intervenção também ao sa, a reconversão profis-
dership Business Academy, Comunicações, assume agora o Comissão Executiva de então, guar- nível do desenvolvimento de sional é o caminho. P6
uma empresa da Leadership Bu- cargo anteriormente exercido da os ensinamentos mais válidos, negócio e, posteriormente,
siness Consulting que se dedica por Helena Cristina Coelho. mas não tem dúvidas em afirmar como chefe de gabinete do
exclusivamente ao desenvolvi- que a REN é o seu maior desafio diretor-geral executivo (chief OPORTUNIDADES
mento de talento através do pla- Céu Mendonça profissional. Desde muito jovem executive officer), cargo que EM DESTAQUE
no estratégico de competências, Prepara-se para assumir a dire- que se habituou a movimentar-se ocupava antes de abraçar o
da transferência de conhecimen- ção comercial da PHC, fabrican- em cenários internacionais, a nível desafio da REN.
to e da transformação sustentá- te nacional de aplicações de ges- profissional e académico. Já passou Dir. Técnico
vel. Paula Neves tem formação tão. Céu Mendonça é formada por Angola, Brasil, América Latina, Família Casado e pai de uma Farmacêutico
na área económica e integra no em Gestão e Marketing pelo África e Ásia. Acaba sempre em Por- menina. Full-time/Angola
P9
currículo empresas como a Erin- IPAM e pós-graduada em Mar- tugal, “como bom e orgulhoso por-
Resp. de Operações
dale, Renault Gest, Best Loans e keting Político. Soma 23 anos de tuguês”, reforça, adiantando que Hóbis A família, os amigos e o
Full-time/Sines
Wilson Learning. experiência no mercado das tec- “num mundo tão globalizado e on- desporto disputam os seus tem- P7
nologias de informação, os últi- de a internacionalização — via expor- pos livres. Depois do que classifi- Enfermeiro
Joaquim Mourato
FOTO JORGE SIMÃO

mos 18 dedicados a soluções tec- tações ou investimento — é tão im- ca como “uma medíocre carrei- Full-time/Alemanha
Acaba de assumir a liderança do nológicas e de software de ges- portante como o desígnio estratégico ra no futebol”, dedica-se agora a P11
conselho coordenador dos Insti- tão. Nas novas funções, a direto- para as empresas portuguesas, consi- correr maratonas e meias-mara- Engenheiros
tutos Superiores Politécnicos. ra terá como principais missões dero-me um privilegiado por ter podido tonas. Full-time/Estrangeiro
Joaquim Mourato é presidente reforçar a estratégia de interna- lidar de perto com estes temas”. Cátia Mateus P11
do Instituto Politécnico de Por- cionalização da empresa. Das diversas experiências além-frontei- cmateus.externo@impresa.pt

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38 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

OPINIÃO
É indispensável e urgente desenvolver o diálogo entre
A Nova Ordem as empresas de capital estrangeiro e as nacionais e em particular com as PME
Financeira
Barry Eichengreen
Qual Fórum de Competitividade?
Uma União sem euro?
Em todo o continente, obrigados a restaurar a livre
as divisões políticas estão circulação de bens, capitais,
a agravar-se. Por todas serviços e pessoas — as qua-
estas razões, o fantasma tro liberdades da UE — o
de um colapso da zona mais rapidamente possível.
euro não foi descartado Os defensores da moeda úni-
ca argumentam que se a Euro-
ERKELEY — A crise pa tiver moedas nacionais dis-

B da Europa entrou nu-


ma fase de abranda-
mento, o que não é
por acaso. O atual período de
relativa acalmia coincide
tintas, terá sistemas bancários
separados, cada um com seu
próprio credor de último re-
curso. Esta situação iria invali-
dar a existência de um merca-
com a aproximação das elei- do único de serviços financei-
ções federais da Alemanha, ros, bem como a harmoniza-
em 2013, às quais a chance- ção de regulamentações e a eli-
ler em exercício, Angela Mer- minação das barreiras comer-
kel, se vai candidatar como a ciais aquém-fronteiras. O co-
mulher que salvou o euro. mércio livre de mercadorias e
Mas a crise voltará, se não a livre circulação de capitais e
for antes das eleições da Ale- de mão de obra não iriam so-
manha, será depois. A Euro- breviver à queda do euro, ad-
pa do sul não fez o suficiente vertem estes eurófilos resisten-
para aumentar a competitivi- tes. Poderemos ainda vir a des-
dade, enquanto a Europa do cobrir que têm razão.
Norte não fez o suficiente pa- E as questões do acervo co-
ra aumentar a procura. O pe- munitário, o corpo jurídico
so da dívida mantém-se avas- que consagra as obrigações Deveriam existir, em
salador e a economia euro- dos Estados-membros, não regra, representantes de
peia é incapaz de crescer. Em só em termos de políticas eco- firmas estrangeiras nas
todo o continente as divisões nómicas, mas também em ter- administrações das
políticas estão a agravar-se. mos de democracia, o Estado associações empresariais
Por estas razões, o fantasma de direito e os direitos huma- FOTO CORBIS
de um colapso da zona euro nos fundamentais? A inten-
ainda não foi descartado. ção do acervo não é simples-
As consequências de um co- mente tornar a Europa mais estão claramente definidos os continuar a ser extremamente propostas que apresentei junto
lapso não seriam agradáveis. próspera, mas torná-la mais Wolfgang Kemper objetivos do mesmo: baixo quando comparado com a dos ministérios e outros organis-
Qualquer que fosse o país a civilizada. Espanha, Portugal — Apoiar as empresas no senti- Alemanha e os países do norte mos. Na Alemanha existe uma
precipitar tal situação — a e Grécia tiveram de estabele- competitividade da in- do acima descrito; da Europa; lei que obriga a responder a to-
Alemanha por ameaçar aban-
donar o euro ou a Grécia ou a
Espanha por efetivamente fa-
zê-lo — iria espoletar o caos
económico e incorrer na ira
cer democracias funcionais
antes do pedido de adesão à
UE. Mesmo agora, a Hungria
e a Roménia sentem a pres-
são do grupo. A cooperação
A dústria é a questão cen-
tral da economia em
Portugal, pelo que este
é um tema que tem de ser ende-
reçado com a maior urgência e
— Proporcionar o intercâmbio
de ideias para melhorar a com-
petitividade das empresas;
— Estabelecer contactos com
o Governo e outros organismos.
— Existirem variadíssimas fá-
bricas de capital estrangeiro e
também de capital nacional,
que conseguiram, com base no
nível salarial, atingir produtivi-
das as cartas, que não sejam anó-
nimas ou publicitárias.
Está escrito no programa do
Governo do PSD, que deveria
ser criado um conselho consulti-
dos seus vizinhos. Para se pro- necessária para tornar eficaz seriedade. O Fórum para a Com- Consultei ainda os temas dos dades muito elevadas e que, por vo junto do ministro da Econo-
tegerem das consequências fi- esta pressão pelos parceiros petitividade da indústria portu- eventos e publicações do Fórum isso, são muito bem-sucedidas mia, tal como existe na Alema-
nanceiras, os governos invo- poderá talvez sobreviver ao guesa parece-me ser a única en- e, infelizmente, verifiquei que: ao nível da exportação; nha, constituído por empresá-
cariam cláusulas obscuras colapso do euro. Mas as acu- tidade central que aborda a — Houve diversos eventos, en- — Existirem simultaneamente rios proeminentes. O mesmo
sações a respeito de qual o questão de forma abrangente. trevistas televisivas e publica- muitas empresas portuguesas me foi dito quanto à AICEP,
país responsável por este gra- Este foi ainda um dos temas ções nos meios de comunicação com produtividades baixíssimas mas em nenhum dos dois casos
Os líderes europeus ve problema financeiro da Eu- discutidos no Centro Cultural nos últimos três anos sobre a e que, por isso, e apesar dos bai- se procedeu à criação de tal con-
estavam certos a respeito ropa iriam dificultar a subsis- de Belém (CCB) durante a visita problemática da situação econó- xos salários, não são bem sucedi- selho até à data.
da pressão que o euro tência de uma frente comum. da chanceler alemã, Angela mica do país, onde foram feitas das a nível internacional; Uma das minhas propostas
implicaria. Mas estavam Numa última abordagem, Merkel, tendo o segundo painel diversas propostas sobre como — Muitas destas empresas não mais importantes nestes últi-
enganados a respeito pode pensar-se a UE como de discussão no CCB debatido o o Governo poderia melhorar a disporem de canais de distribui- mos sete anos prende-se com o
de ser irresistível uma “união cada vez mais es- tema com o título ‘Fatores-cha- competitividade das empresas e ção adequados, ou seja, não dis- cultivo de legumes na Costa Vi-
treita”, tal como refere o Tra- ve da Competitividade nas Eco- da indústria no geral. Apesar da porem de bons representantes centina e parte do Ribatejo, devi-
dos tratados da UE, de forma tado de Roma e reitera o Tra- nomias portuguesa e alemã”. maior parte das ideias ser bem- nos mercados potenciais, conti- do ao clima ameno, sem queda
a implantarem controlos tem- tado de Maastricht. O que sig- No seu discurso, o senhor Kirc- -intencionada, a grande maioria nuando a existir a crença de que de geada no inverno, ideal para
porários sobre os fluxos de ca- nifica uma UE que transita hhoff, CEO do grupo Kirchhoff nunca chegou a ser aplicada. os potenciais clientes se devem este tipo de atividade. Portugal
pital e delimitarem os siste- inevitavelmente de uma (com 10.000 colaboradores), — O fórum publicou inúmeros deslocar a Portugal, o que hoje é dispõe neste caso de uma vanta-
mas bancários. Iriam fechar união económica e monetá- mencionou que Portugal tem de artigos de jornais, dados do INE um erro gravíssimo; gem competitiva única. No en-
as fronteiras e impedir a fuga ria para uma união bancária, se vender melhor na Alemanha, e de outras fontes de informa- — Ser imprescindível o inter- tanto, apenas participa com 1%
de capitais. Seria uma situa- depois para uma união orça- querendo com isto dizer que as ção, que, apesar de interessan- câmbio de experiências, ao nível nas importações de legumes do
ção de cada país por si. mental e, finalmente, para empresas portuguesas têm de tes, não eram mais do que a re- da produção e ao nível da distri- norte da Europa, cujo valor é su-
Poderia a UE sobreviver? A uma união política. Era esta ter representantes na Alema- petição de temas já apresenta- buição, entre empresas bem ge- perior a ¤10 mil milhões, com
resposta depende do que se en- ideia que os líderes europeus nha e noutros grandes merca- dos noutros locais. ridas e menos bem geridas; uma criação de valor nacional
tende por UE. Se nos referir- tinham em mente quando dos potenciais. E prosseguiu, re- Não encontrei, no entanto, ne- — Existir uma clara separação superior a 90%. A Espanha de-
mos aos seus órgãos políticos criaram o euro. Esperavam ferindo que é necessário criar nhuma referência ao facto de: entre empresas de capital nacio- tém uma quota de 27%, apesar
(Comissão Europeia, Parla- que a criação de uma união clusters dentro das confedera- — O nível salarial em Portugal nal e estrangeiro, não existindo de ter condições climáticas pio-
mento Europeu e Tribunal de monetária conduzisse a uma ções, nos quais devem partici- representantes das empresas es- res. Lamentavelmente, esta
Justiça Europeu), então a res- pressão irresistível no senti- par empresas relevantes, de ca- trangeiras nos conselhos de ad- ideia não foi concretizada, em-
posta será afirmativa. Estas ins- do de criar uma União que pital nacional e internacional, As pessoas com passaporte ministração de muitas associa- bora pudesse ter criado milha-
tituições já contam com meio funcionasse a todos os níveis. para trocar experiências sobre
estrangeiro e as empresas ções, com exceção de poucas si- res de novos postos de trabalho.
século de existência; não irão Os líderes europeus estavam métodos e técnicas de produ-
de capital estrangeiro tuações como a associação da in- De acordo com os últimos da-
simplesmente desaparecer. certos a respeito da pressão. ção, efetuar comparativos de
continuam a ser vistas dústria farmacêutica; dos da Câmara de Comércio e
Quanto ao mercado único, Uma união monetária sem custos e visitas recíprocas.
como ‘eles’ e não como — As pessoas com passaporte Indústria Luso-Alemã, quase to-
um marco na história da UE, união bancária não será viável O senhor Mira Amaral já con-
‘nós’, ao nível do estrangeiro e as empresas de ca- das as empresas de capital ale-
não há dúvida de que uma ru- e uma união bancária exequí- vidou o professor Porter há vá-
pensamento e prática pital estrangeiro serem vistas co- mão em Portugal — com um to-
tura da zona euro iria pertur- vel requer, pelo menos, algum rios anos para analisar ques- mo ‘eles’ e não como ‘nós’, ao ní- tal de 60.000 colaboradores —
bar gravemente o seu funcio- tipo de união orçamental e po- tões no âmbito da competitivi- vel do pensamento e prática. estão satisfeitas com o andamen-
namento a curto prazo. Os ca- lítica. Mas estavam engana- dade das empresas portugue- Durante os longos 45 anos da to dos negócios. São muito com-
miões ficariam parados nas dos a respeito de ser irresistí- sas. A partir dessas análises, fo- minha vida ativa como presi- petitivas e conhecem os merca-
fronteiras nacionais. Os siste- vel. O que vem a seguir nada ram criados diversos clusters, dente do grupo Hoechst em dos. Por isso, deveriam ser con-
mas bancários e financeiros tem de inevitável. A Europa nos quais participaram 250 re- Portugal (que contava com vidadas a trocar impressões e ex-
seriam balcanizados. Os tra- pode avançar em direção a presentantes de empresas ex- 2000 colaboradores no final) e periências com as PME de capi-
balhadores ficariam impedi- uma maior integração, ou re- clusivamente portuguesas. No como presidente da Câmara de tais nacionais. O que falta para
dos de se movimentarem. cuar em direção à soberania entanto, foi apenas criada a Vi- Comércio e Indústria Luso-Ale- isso é a vontade dos decisores
Mas, que aconteceria nesse nacional. Os seus líderes e, niportugal, que tem feito um mã, chamei incontáveis vezes a do Governo e/ou das associa-
caso? Sempre existiu discus- desta vez, o seu povo preci- bom trabalho até à data. atenção para este problema ções. Espero que esta barreira
são em torno da possibilidade sam tomar uma decisão. O fu- Em seguida foi criado o Fó- junto dos mais diversos minis- seja ultrapassada rapidamente.
da existência de um mercado turo do euro e da UE depende rum, liderado por Pedro Ferraz térios e organismos nos anos Todos queremos um grande
único sem uma moeda única. unicamente da sua decisão. da Costa, do qual também cons- que se seguiram à revolução. mercado unido europeu. Deve-
Por que não? Questionaram tam apenas empresas exclusiva- Infelizmente, sem sucesso. ríamos então começar no nosso
sempre os críticos do euro. Tradução: Teresa Bettencourt mente portuguesas. Não enten- A razão para o insucesso é-me pequeno mercado nacional. So-
Neste cenário, o Ato Único Professor de Economia e Ciências do porque não se incluem entre desconhecida, pois muitas das mente juntos podemos ultrapas-
Europeu, assinado em 1986, Políticas na Universidade da os membros também empresas pessoas com quem falei repeti- sar a crise atual.
permaneceria em vigor. Os Califórnia, em Berkeley de capital estrangeiro. ram sempre que se tratava de su-
Estados-membros seriam Copyright: Project Syndicate, 2012 Li os estatutos do fórum e veri- gestões de grande valor. Nunca CEO, Filkempo
fiquei que, no primeiro capítulo, recebi uma resposta às cartas e — Indústria de Filamentos, SA

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Expresso, 15 de dezembro de 2012 ECONOMIA 39

A culpa morre solteira?

mas de, eventualmente, prepa- co e social com raízes profun- justa, uma política centrada
rar o futuro. António Guterres esteve das e antigas na forma como te- na mentira, na retórica, no
O assunto vai ficar no limbo
até ao momento das próximas
bem e Durão Barroso
esteve mal. Os dois
mos sido governados.
António Guterres e Durão
exercício do poder para benefí-
cio das clientelas partidárias
Bloco de Notas
batalhas políticas. Mas voltará têm responsabilidades Barroso têm, curiosamente, e, já agora, das suas próprias
em força quando os portugue- na origem da crise mais semelhanças do que carreiras. João Vieira Pereira
ses forem chamados a escolher que estamos a viver aquilo que possa parecer. O Ambos abriram caminho, jvpereira@expresso.impresa.pt
o próximo primeiro-ministro e, primeiro foi responsável pelo mais Durão Barroso, é certo, a
Massa Crítica sobretudo, o próximo Presiden- disparo do défice orçamental, Santana Lopes e a José Sócra-

Luís Marques
te da República. António Guter-
res e Durão Barroso poderão
na sua reconhecida tendência
para agradar a tudo e a todos.
tes, que lançaram a política
portuguesa no delírio e Portu-
O preço
l.s.marques@sapo.pt estar frente a frente nesta últi- O segundo foi responsável gal na falência. Foi o estertor certo
ma eleição. Desconfio que am- por mascarar essa realidade, final de um modelo político e
bos o desejam e que ambos se com o expediente das receitas económico iniciado com Cava- (para
estão a preparar para isso.
Venha, ou não, a ser candida-
extraordinárias. Guterres foi,
em larga medida, responsável
co Silva, financiado pelos di-
nheiros de Bruxelas e alimenta-
a TAP)
to, António Guterres antecipou pela criação do “monstro”. do pela ilusão do enriqueci-
orrateiramente a culpa um critério que será relevante Escrutinar o passado é uma Barroso, no essencial, não lhe mento rápido e fácil. Uma ilu-

S entrou na agenda políti-


ca portuguesa. Com in-
tervalo de poucos dias
dois antigos primeiros-minis-
tros falaram dela. António Gu-
na decisão dos portugueses
quando forem chamados a esco-
lher os futuros titulares dos
dois principais cargos políticos.
A sociedade portuguesa está
boa forma de escolher o futuro.
Um futuro diferente daquilo
que uma parte substancial da
sociedade portuguesa conhe-
ceu nos últimos 20 anos. Nesse
tocou.
Ambos sucumbiram perante
as dificuldades de enfrentar
os poderes instalados. O pri-
meiro saiu pelo seu pé. O se-
são que António Guterres e Du-
rão Barroso não só não comba-
teram como fomentaram.
Mesmo que quisessem, e não
querem, os portugueses não D
esde o primeiro dia
achei que Fernando Pin-
to ia ser um bom gestor
para a TAP. Os anos de-
terres, primeiro. Assumiu res- muito mais crítica. A crise fez sentido, António Guterres este- gundo aproveitou a primeira podem esquecer este passado. ram-me razão.
ponsabilidades no estado a emergir uma nova forma de ci- ve bem e Durão Barroso esteve oportunidade para fugir do A sociedade que ele representa Se olharmos apenas para os re-
que o país chegou. Depois, Du- dadania. Não apenas a que se mal. Os dois têm responsabili- país. Os dois, juntos, revela- não vai voltar. Para eles, ao sultados financeiros da compa-
rão Barroso, que se lhe seguiu viu nas ruas na manifestação de dades na origem da crise que ram em toda a dimensão um contrário do que acontece na nhia, a avaliação global é bastan-
na chefia do governo. Negou setembro. Mas também aquela estamos a viver. Não entender poder político aprisionado por política, a culpa não vai morrer te sombria. Desde o ano 2000 a
qualquer responsabilidade. que todos os estudos revelam: isto é não perceber que o nosso interesses, um poder político solteira. Será paga com sacrifí- TAP teve apenas quatro exercí-
Dois políticos. Duas formas de um crescente desencanto da po- problema é estrutural, é um responsável por uma socieda- cios e dor, sobretudo por quem cios com resultados positivos.
olhar para o passado. Duas for- lítica e dos políticos. problema de modelo económi- de gritantemente desigual e in- não teve culpa nenhuma. Mas em 12 anos sobreviveu a tu-
do. A Swissair que ia entrar no
capital da TAP faliu, o 11 de se-
tembro mudou o mundo da avia-
E Quanto Vale a TAP? ção, o preço dos combustíveis
atingiu valores históricos, as com-
panhias de low cost afirmaram-
-se definitivamente e estamos no
meio da maior crise financeira de
Dado o estado avançado de por aterrar sem problemas tares a outra companhia do que há memória. Pelo caminho
deterioração, decidiram cha- Olhada friamente, a TAP nos voos que faz... comprador são valores a esgri- houve concorrência como nunca,
mar um sucateiro que seria, vale muito, muito pouco. Mas é uma empresa proble- mir. Mas pouco mais... uma megafusão na Europa entre
aparentemente, o único inte- O ambiente social, os mática que na sua história Pode sugerir-se que aumen- a Ibéria e a British Airways (que
ressado no pavilhão. direitos laborais, o passivo tem um passado de grande tando um pouco as vendas e está a correr mal) e até algumas
“Então meu caro? Quanto dá elevadíssimo são pesados conflitualidade. baixando um pouco os custos, falências. Mas a TAP não se des-
por isto?”, perguntou o presi- fardos que o comprador Na avaliação da companhia amortizando um bocado da dí- penhou. Conseguiu continuar a
dente pensando que iria assim deprecia temos sempre duas perspeti- vida, se transforma a empresa voar (talvez baixinho para aquilo
“Confusion arrecadar mais uns cobres em vas: a do comprador e a do ven- numa empresa mais equilibra- que gostaríamos) e afirmou-se
de Confusiones” receitas próprias...
O sucateiro, olhando uma
dedor. E a mesma empresa
não vale o mesmo para todos
da. Mas é preciso fazer isso
mesmo e, isso que se propõe
em novas rotas. Sem a equipa de
Fernando Pinto nada disto teria
vez mais para o bibelô, levou os compradores... Para o nos- com ligeireza, não é fácil. Ou sido possível. Basta olhar para ou-
João Duque a mão à boina e, levantando-a so vizinho do lado, o nosso porque pensam que não foi fei- tras empresas públicas de trans-
jduque@iseg.utl.pt para se coçar, respondeu es- apartamento vale mais do que to antes? E se o assim conside- portes onde os gestores pularam
fregando a careca: “Quanto é para outro, mas é preciso que ram porque não avançam os ao som da cor partidária e compa-
que você me paga para eu o o queira comprar. E para nós que o propõem? Porque será rar os resultados. Hoje a TAP fa-
livrar disto?” lhe extorquirmos um pouco que só tão poucos apareceram tura 2,2 mil milhões de euros,
O Governo está em negocia- mais, é necessário arte e sedu- a concurso? 70% dos quais são exportação, e
ções para alienar a TAP. ção negocial. Seria interessante ouvir tem um papel vital no sector do
uando a minha escola É uma companhia que no nos- viço é claramente o preferido Olhada friamente, a TAP vale quem conhece tão bem a com- turismo.

Q esteve em grandes
obras, comprou um pa-
vilhão de madeira que
durante uns dois ou três anos
serviu como sala de aula provi-
so imaginário vale muito di-
nheiro. Mas usa aviões que não
são seus, aterra em aeroportos
que não são seus, financia a to-
talidade do seu ativo com capi-
e dá aos portugueses, mas
apenas a estes, uma sensação
de chegar a casa quando en-
tramos, e nos sentamos num
dos seus aviões parqueados
muito, muito pouco. O ambien-
te social, os direitos laborais, o
passivo elevadíssimo são pesa-
dos fardos que o comprador de-
precia. Este sente que o Esta-
panhia, a atual equipa de ges-
tão. Numa empresa cotada já
teríamos um conselho aos
acionistas. Assim, e comparan-
do com a RTP, com a adminis-
Contudo, ser um bom gestor
não salvou a TAP, não por culpa
dele mas do acionista.
De acordo com a lei europeia
os Estados-membros não po-
sória. Quando se concluíram tal que não é seu. A companhia num aeroporto estrangeiro do, ao vender a TAP, se livra de tração em funções e sem rea- dem injetar dinheiro em empre-
as obras, o pavilhão, já degrada- está tecnicamente falida e apre- num voo de regresso a Portu- problemas laborais ou de inje- ções públicas, admite-se que sas de aviação. Como a TAP é
do, deixou de ter qualquer utili- senta resultados operacionais gal. Para nós, Portugal come- ções de capital. E usa isso na concorda com a venda. Mas uma empresa pública não tem
dade e o presidente tomou a negativos com uma regularida- ça ali com um sorriso e um negociação... A marca, a alma porque as condições são boas ninguém que tape os 340 mi-
sensata decisão de se desfazer de e expressão significativas. “bom dia!” em português... É lusitana e o bom posicionamen- ou porque terá sido convidada lhões de euros de capitais pró-
do mono. Em algumas rotas o seu ser- ainda conhecida entre nós to nalgumas rotas complemen- a permanecer? prios negativos. A alienação é a
única saída. É é por isso que a
venda da TAP nunca será um
bom negócio para o Estado.
Uma semana africana no Expresso A proposta do empresário
Efromovich não é boa nem má.
É a única possível. Vender qual-
quer coisa quando há só um inte-
ressado é sempre mau. Três ou
opinião do presidente da Confe- que deve ter sido ouvido pela possibilidade de um aumento quatro interessados garanti-
deração da Construção e do A África lusófona passa Fermentum (cerveja artesanal) de participação nos media por- riam um melhor preço para o Es-
Imobiliário de Língua Oficial pelas páginas do Expresso que quer iniciar a exportação pa- tugueses por parte da New- tado. Mas não existem. Porque
Portuguesa que concorda com por vezes em visões ra Angola mas também para Es- shold... Mais descontraída é a aquilo que é hoje a TAP interes-
a Confederação Empresarial diferentes. Ainda bem, panha e França. parte de referências à cultura. sa a muito poucos. Ao empresá-
da CPLP: esta “deve ser uma co- é a democracia Nas sempre apetecidas cróni- Na Revista do início do mês é rio colombiano cai que nem
munidade mais moderna, jus- cas de Clara Ferreira Alves é re- dedicada uma página ao livro uma luva.
ta, capaz de ter um desenvolvi- ferida a venda à Sonangol da de Ondjaki (“Os Transparen- As avaliações independentes
Olhar o Sul mento económico comunitário participação do Grupo Espírito tes”), que será uma das pren- da TAP colocam o seu preço en-
competitivo”. Paralelamente, Santo na Escom. Isto foi a 1 de das de Natal que distribuirei es- tre os -800 e os 5 milhões de eu-
Manuel Ennes Ferreira noutra peça, o presidente da Câ- dezembro, portanto CFA não te ano, a par de um artigo sobre ros. A dívida e a necessidade de
mfereira@iseg.utl.pt mara de Comércio Moçambi- poderia ter lido o angolano “No- os jornalistas polacos Miroslaw aumentar capital ditam um pre-
que-Portugal diz querer atrair vo Jornal” do dia anterior e de 7 Ikonowicz e Kapuscinski que ço perto do zero.
empresas e mão de obra qualifi- de dezembro onde é destacado passaram por Angola e África e A escolha agora tem que ser
cada portuguesa. que afinal “não se concretizou o registaram em livro. entre vender e dar uma oportu-
Ora as virtualidades de Portu- por os angolanos terem verifica- Uma semana depois aparece nidade à TAP ou aguentar e aca-
gal são também enaltecidas pela do profundas alterações nas con- uma entrevista com Tito Paris, bar por ter de fechar as portas
secretária de Estado do Ministé- dições do negócio”. Menos 500 músico cabo-verdiano incontor- daqui a uns anos.
proximando-se o perío- rio dos Negócios Estrangeiros Associados, tal como a Primave- milhões segundo alguns... E a nável e a residir em Lisboa. Fi- Efromovich não vai comprar a

A do de férias escolares
do Natal, nada melhor
do que uma crónica le-
ve. Uma leitura deste semaná-
rio nas suas duas últimas edi-
da Polónia, a qual, em conferên-
cia organizada pelo Expresso, re-
feriu que estão interessados em
“encontrar caminhos para jun-
tar empresas polacas e portugue-
ra BSS, da área da informática,
mas que já passou para a África
anglófona (Suazilândia e Gâm-
bia). Estratégia sensata, pois co-
mo Filipe de Botton da Logoplas-
propósito daquela empresa an-
golana, teve piada na secção de
humor ‘Em Off’ dizer-se que a
fusão da Zon e da Sonaecom re-
sultará na Zonangol, brincando
nalmente, convém ler o suple-
mento Emprego: pede-se coor-
denador de serviço pós-venda
para Moçambique e encarrega-
dos gerais de estrutura e acaba-
TAP para a destruir. Primeiro,
porque ninguém deita assim di-
nheiro fora. Segundo, porque a
TAP significa uma porta de en-
trada na Europa e um plano pa-
ções verificando o que de Áfri- sas em parcerias com destino a te faz notar, “há muitas alternati- com a participação do capital an- mentos, seja o que isso for, pa- ra tentar dominar as ligações en-
ca ali aparece é a minha propos- Angola e Moçambique”. Quem vas de negócio para as empresas golano na Zon. Se até nisto não ra Angola. tre a América do Sul e o Velho
ta. Será que se preocupam? já fez parcerias nestes países e portuguesas que não precisam se puder fazer humor, então é E Bom Natal, enquanto deixa- Continente.
Não sendo um jornal sobre para o seu processo de interna- de ficar confinadas a mercados mau sinal. rem. Esperemos é que o faça com
África, o balanço até nem é cionalização foi a Morais Leitão, como Angola para internaciona- Maus sinais veem Miguel Sou- Fernando Pinto ou pelo menos
mau. O mote inicial é dado em Galvão Teles, Soares da Silva e lizarem as suas atividades”, no sa Tavares e Daniel Oliveira na Professor do ISEG tão bem como ele.

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40 ECONOMIA Expresso, 15 de dezembro de 2012

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