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DEF0211 - DIREITO FINANCEIRO

SEMINÁRIO II: 13/4/2020

Nome do Aluno: Anderson Correia Csiszar Número USP: 5663660

Questão 1: Qual a relevância da autonomia financeira dos entes políticos (União, Estados-
membros, Distrito Federal e Municípios) para a forma federativa de Estado? Quais são as
principais técnicas para se garantir a autonomia financeira das unidades federadas?

Com o advento da Constituição da República de 1.988, nasceu uma divisão territorial


tricotômica por desagregação, de três níveis e o Município foi elevado à condição de ente federado,
ao lado dos Estados, União e Distrito Federal, se afastando do modelo clássico dual norte-americano.

Desde então, os entes federativos passaram a ter vidas autônomas, exercendo suas funções em
conformidade com os preceitos constitucionais integrando e formando a Federação. Sobretudo os
munícipios, que deixaram de ser meras divisões político-administrativas dos Estados. Com o novo
Pacto Federativo de 1.988, o sistema tributário sofreu uma divisão de competências, não só para
instituir como também para arrecadar tributos. Não obstante a isso, a Constituição Federal passa a
prescrever regramentos para a distribuição das receitas tributárias, em parte compostas por sua própria
arrecadação e em parte fruto de transferências compulsórias de entes de maior nível em uma divisão
vertical de poder, tendo os Municípios como grandes beneficiários. Tudo isso resulta em maior
autonomia para cada um dos entes federativos, contribuindo assim para o fortalecimento de todos e
para a manutenção de um Pacto Federativo duradouro.

Os entes federativos têm entre uma de suas atribuições a definição de regras específicas que
tangem questões relativas a ordem tributária e financeira. É vedado as Normas Gerais, por uma
questão de princípio fundamental qualquer interferência regional, atendo-se somente a indicar
diretrizes gerais de orientação e funcionamento, sanando as eventuais lacunas dos ordenamentos
municipais, estaduais e da União. Atacando as questões homogêneas e norteados, sem interferência
direta nas gestões locais de cada ente federativo.

Podemos afirmar que por natureza própria as Normas Gerais norteiam as questões
fundamentais. Por consequência o planejamento estatal segue as ditadas pelas Normas Gerais,
independente do ente federativo, uma vez que todos os entes federativos estão submetidos ao
instrumento constitucional. As Normas Gerais não determinam ou a criação gera tributos, somente
remete ao texto constitucional a indicação de que ente tem a competência para isso. O federalismo
brasileiro tem entre seus entes a União, Estado e Município, que são dotados de autonomia política e
jurídica, fundamentados em seus poderes Executivos e Legislativos (Presidência, Governo
Estadual/Distrital, Prefeitura, Câmara Federal e Assembleias Estaduais/Distritais, geradora de ações
e leis, conforme prescrição constitucional calcadas nas Normas Gerais.

Questão 2: A federação brasileira adota o tipo dual ou cooperativo? Quais os principais


instrumentos do federalismo fiscal brasileiro para a redução das desigualdades regionais?

A federação brasileira adota o tipo cooperativo, uma vez que podemos observar a
característica de dividir uma mesma matéria em diferentes níveis entre os diversos entes federativos,
ou seja, uma mesma matéria é atribuída concorrentemente a entes federativos diversos, sempre,
porém, em níveis diferentes: a um atribui-se o estabelecimento de normas gerais e a outra a atribuição
de normas particulares ou específicas, havendo uma maior interpenetração entre as unidades da
federação e o poder central.

Para a redução das desigualdades o Governo Federal pode criar Fundos de Participação, uma
vez que a Constituição Federal reconhece as transferências intergovernamentais prevista no Artgo
161, inciso II, que confere aos Fundos de Participação a promoção do equilíbrio sócio-econômico
entre estados e municípios. Vemos, assim, a importância que têm as transferências
intergovernamentais como instrumentos fundamentais do federalismo fiscal.

Questão 3: Cite exemplos de distorções que afastam o equilíbrio federativo objetivado pela
Constituição de 1988 e opine se tais questões justificam o "redesenho" do atual pacto federativo.

A União e o Estado, por terem poderes maiores que os municípios, acabam por imporem a
estes últimos grandes perdas ao criarem desonerações nos setores produtivos. Uma vez que as receitas
arrecadadas pela União e pelo Estado contemplam parcelas aos municípios, a política tributária pode
interferir decisivamente para comprometer a saúde fiscal sobretudo dos municípios, que tem pouco
poder de arrecadação e em sua maioria promovem uma verdadeira guerra fiscal ao não instituírem os
tributos previstos em leis (ISS por exemplo).

A União acaba por penalizar os Estados e Municípios ao propor desoneração em receitas que
são distribuídas a estes entes, assim como o Estado causa o mesmo efeito no Município. Por isso
dizemos que há “cortesia com chapéu alheio”, uma vez que os entes abrem mão de arrecadação que
não é destinada exclusivamente para eles.
Somente a proposição de um novo pacto federativo que unificasse os impostos e não
permitisse a tomada de decisões unilaterais pela união, estado ou municípios seria capaz de por um
fim a essas distorções.

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