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cerâmica marajo
seus contextos e possí
significados simbóli
108
s de
oara: Os bancos de
cerâmica marajoara:
íveis seus contextos e possíveis
icos significados simbólicos
109
Alves, D. T. | Schaan, D. P.
esse motivo está ligado aos “Irãs” (espíri- co; ao sentar-se, o pajé recebe ajuda do
tos). Seu uso é proibido às mulheres; o espírito do animal que o banco repre-
mesmo banco passa de velho para velho senta. Nessa perspectiva, os xamãs galibi,
dentro de cada família; quando morrem grupo caribe da costa Venezuelana,
todos os indivíduos da família, o banco usam bancos que representam animais
fica no templo da comunidade. Aqui como jacaré, tartaruga, papagaio, jaguar
também se pode observar o caráter res- e urubu, entre outros (Zerries 1970).
tritivo e diferenciador do uso do banco.
Os kaiowá, da reserva indígena em
O banco aparece em algumas etnogra- Dourados, utilizam bancos em rituais
fias como acompanhamento funerário, de iniciação ou cura, onde a pessoa ob-
e nem sempre fica claro se está simples- jeto do ritual fica sentada, enquanto os
mente junto com os demais pertences demais dançam ou rezam à sua volta
do morto ou se possui papel especial. (Paschoalick 2001).
Entre os pakaa-nova, que praticam
canibalismo funerário, os bancos são
queimados com todos os pertences do CONTEXTOS ARQUEOLÓGICOS
falecido, com a intenção tanto de afastar Desde o final do século XIX, os sítios
a lembrança que poderiam trazer como arqueológicos da ilha de Marajó tem
de afastar seu espírito, que acreditam sido escavados, e centenas de objetos
passar por um estágio transitório até de cerâmica tem desde então entrado
partir para o mundo dos mortos, ou nas coleções de museus do mundo todo
transmutar-se em animal (Villaça 1993). (Schaan 2009). Apesar disso, são raras
Pineda (1994) fala também sobre a pre- e lacônicas as descrições de bancos em
sença dos bancos em rituais fúnebres, contextos arqueológicos. Meggers e
onde pessoas importantes são enter- Evans (1957: 381), em sua monografia
radas assentadas no banco juntamente sobre a foz do Amazonas, ressaltam as
com pertences e com bebida, sendo que diferenças estilísticas entre bancos re-
os homens comuns seriam enterrados colhidos em diferentes sítios, a partir de
sem bancos, sem pertences e com um relatos de diversos exploradores, para
ritual funerário mais simples. os quais não são disponíveis informa-
ções contextuais. No sítio Pacoval do
O uso do banco em diversas sociedades
Arari (Figura 2), por exemplo, teriam
também faz parte do ritual xamanístico
sido encontrados bancos com decora-
de consumir tabaco, ayahuasca ou inalar
ções que envolvem incisões e engobo,
rapé. Quando, na atividade ritual, o indi-
principalmente (anajás inciso simples,
víduo senta e fuma, a fumaça forma um
anajás inciso branco, arari exciso sim-
caminho que liga o mundo dos vivos ao
ples, e arari exciso com engobo duplo2),
dos ancestrais mortos (McEwan 2001;
mas acreditam que um exemplar joanes
Pineda 1994). A decoração dos bancos,
pintado (que é mais raro) presente na
com formas de cabeças ou patas de ani-
coleção do USNM (United States Na-
mais em suas extremidades também es-
tional Museum) teria vindo do Pacoval.
taria relacionada ao seu caráter xamâni-
Ainda segundo Meggers e Evans, as es- beça e o corpo decorado com losangos
cavações de Farabee no sítio Fortaleza concêntricos (Nimuendaju 2004: 190,
teriam produzido 15 bancos, a maioria plate 017) (Figura 10-E).
decorada com incisões e sem engobo,
Durante as prospecções realizadas nos
mas alguns trariam representações es-
34 tesos do sitio Camutins pela segunda
tilizadas de faces humanas sobre o su-
autora, apenas nos tesos 1 (Camutins)
porte (como o banco da Figura 15). Já
e 17 (Belém) - os maiores, que compo-
em suas escavações no sítio Camutins,
riam o núcleo de poder político - foram
encontraram tanto em superfície quan-
encontrados fragmentos de bancos.
to em profundidade bancos de decora-
Isso indica o uso restrito desse tipo de
ção singela, com incisões e sem engobo.
objeto, tendo sido observado o mesmo
Nimuendaju encontra fragmentos de para as tangas (Schaan 2004, 2009).
bancos em suas escavações no teso
Dentre os nove bancos ou fragmentos
Bacuri, na região nordeste da ilha de
de bancos coletados no teso 1 (Figura
Marajó; entanto, não é fornecida in-
3) há dois fragmentos de bancos sem
formação contextual. Dois dos bancos
decoração (Figura 3-G; 3-I), um deles
possuem perfuração central. Todos
com o centro perfurado (Figura 3-G).
possuem apêndices zoomorfos no as-
Os sete decorados incluem tipos incisos
sento. Um dos bancos é decorado com
e excisos. O tamanho do assento varia
um aplique no formato de cobra sobre
entre 15,5 e 20,5cm (mediana de 18cm),
o suporte, onde está representada a ca-
o que os caracteriza como de tamanho
Figura 2 – Mapa da Ilha de Marajó com a localização dos sítios mencionados no artigo.
sem decoração (Figura 4-D). Essa área pontas, Figura 4-E e 4-F), anajás sim-
do sítio foi interpretada como uma área ples inciso (Figura 4-H) e joanes pinta-
aberta, onde foram encontrados igual- do (Figura 4-G). O tamanho do assento
mente muitos fragmentos de tangas e variou entre 15 e 22 cm (mediana de 20
remanescentes de produção cerâmica. cm, sendo 15 um outlier). Logo, os as-
sentos dos bancos encontrados no teso
As técnicas decorativas preferidas en-
17 são maiores do que aqueles encon-
tre os fragmentos de banco recolhidos
trados no teso 1. Bancos encontrados
nesse teso foram o guajará inciso (linhas
no teso 17 estavam na escavação 1 (área
duplas feitas com instrumento de duas
aberta), entre os níveis 50 e 100cm, na
é formada por três bancos, dois frag- de fotografias e possuem decoração in-
mentos de bancos e três assentos de cisa (Figuras 11-C e 17-C).
bancos, todos provenientes de doações,
A análise quantitativa foi realizada em
sem procedência conhecida. Apenas um
uma amostra de 69 bancos ou fragmen-
dos bancos está preservado completa-
tos de bancos, em diferentes estados
mente, o restante possui preservação in-
de preservação, sendo 45 bancos pro-
completa. O acervo foi estudado quan-
venientes de doações e 24 de pesquisas
do Denise Schaan foi curadora daquele
arqueológicas. O fato de que 65% dos
museu, entre 2005 e 2008. Fotografias
bancos provêm de doações, portanto
desses bancos estão disponíveis no livro
sem informações sobre a procedência
Cultura Marajoara (Schaan 2009).
exata, dificulta o entendimento de seu
Acervo da Universidade Federal do Pará – uso a partir do sítio arqueológico. Por-
Possui seis fragmentos de bancos prove- tanto, o estudo dos contextos repousa
nientes de prospecções realizadas no âm- sobre 35% da amostra.
bito do Projeto Goiapi, quando foram
Foram estabelecidas quatro categorias
realizadas escavações e prospecções em
para classificar os bancos quanto ao seu
nove sítios da região do alto rio Goiapi
estado de preservação: inteiros, semi-
na porção oriental da Ilha de Marajó. O
inteiros, fragmentos, fragmento de as-
teso da Casa Velha II do sítio Fortaleza
sento. Quarenta e quatro bancos (64%)
foi escavado em dezembro de 2007, e o
estão inteiros ou semi-inteiros.
teso Parapará foi prospectado em 2005.
Desses dois sítios são oriundos os as- Quanto à forma, os bancos possuem
sentos e o fragmento de banco que fa- em sua maioria assento circular, com
zem parte da coleção do projeto, sob duas exceções, em que se encontram a
guarda da Universidade Federal do forma quadrangular (um banco) e oval
Pará – UFPA. Todos possuem preser- (um banco). Apenas um fragmento não
vação incompleta (Figura 5). permitiu inferir a forma do assento.
Acervo Fazenda São Marcos – Um banco Cinco bancos possuem furo central:
com decoração antropomorfa foi foto- dois sem decoração, provenientes do
grafado na sede da fazenda São Marcos sítio Camutins (Figuras 3-G e 4-A), um
por Schaan em 1999, e posteriormente do tipo joanes pintado, proveniente
desenhado por Deise Lobo a partir da também do sítio Camutins (Figura 4-G)
fotografia (Figura 15). Não foram tira- e dois do tipo pacoval inciso (Figura 9-A
das medidas e não há informações de e 9-C), de sítio de procedência desconhe-
procedência, ainda que seja provável que cida. O banco da Figura 10-E, coletado
provenha dos tesos Furinho e Cueiras, por Nimuendajú no teso Bacuri tam-
localizados próximos à sede da Fazenda. bém possui furo central. Essa é uma
ocorrência rara e não encontramos na
Acervo do Banco Santos – Incluímos na
literatura etnográfica nenhuma infor-
análise dois bancos da Coleção Banco
mação sobre uso de bancos com essa
Santos, hoje sob a guarda do MAE-
característica.
USP. Ambos foram desenhados a partir
Quadro I
Decoração, diâmetro do assento e altura em cm em 55 bancos
Figura 7 – Bancos com decoração incisa, imitando trançados: (A) 2386; (B) TWSP-30;
(C)TWSP-23; (D) 135; (E) 2267; (F) 2268. Acervo MPEG (A, D-F) e Museu UFSC
(B, C). Ilustrações de Raimundo Jorge Mardock (A, D-F) e Denise Schaan (B, C).
grafia que está presente no bojo de ur- gulares. Nos assentos dos bancos das
nas funerárias. Aqui o motivo se repete Figuras 8-B e 8-D, a posição das volutas
espelhado em duas metades do assento, se inverte. Nos bancos tukano, o motivo
como se os “queixos” das duas metades central do banco 8-B representa as duas
estivessem se tocando. Está presente metades exogâmicas (Ribeiro 1992).
aqui o “T”, um signo que nas urnas fu- Os limites do campo decorativo que
nerárias antropomorfas é encontrado na Figura 8-A são ornados com “T”s,
entre os olhos, representando ao mesmo aqui é preenchido com espirais ou volu-
tempo o nariz e as sobrancelhas (Schaan tas. Espirais na iconografia marajoara
2007a). Similar é o motivo no assento geralmente representam cobras (Schaan
do banco da Figura 8-C, só que aqui os 1997a). Ornatos zoomorfos completam
“T”s são substituídos por figuras trian- a decoração desses dois bancos junto às
bordas dos assentos. No banco da Fig- fia marajoara, mas não sabemos o que
ura 8-D está representada a cabeça de representa. O banco da Figura 9-B pos-
uma ave. No banco da Figura 8-B pro- sui furo de menor diâmetro e pintura,
tuberâncias nos lados do assento tam- uma técnica decorativa rara em bancos.
bém sugerem representação zoomorfa,
Encontramos ainda na amostra estu-
como as encontradas nas espinhas dor-
dada representações que interpretamos
sais de jacarés em urnas funerárias.
como zoomorfas à luz dos estudos
Os dois bancos maiores de nossa da iconografia marajoara (Schaan 1997;
amostra, com altura de 10cm e diâmetro 2001; 2009). Um tema clássico é a repre-
de assento de 24,5 (Figura 9-A) e 26 cm sentação do couro da cobra (Figura
(Figura 9-C) são decorados com o estilo 10). Nimuendaju (2004) coletou um
pacoval inciso e possuem o centro do fragmento de banco no teso Bacuri
assento perfurado. O motivo decora- que possui no suporte uma represen-
tivo também está presente em urnas fu- tação realista em relevo de uma cobra
nerárias. A cruz é comum na iconogra- cujo corpo está ornado com losangos
Figura 9 – Bancos com furo central: (A) 128; (B) 2606-98; (C) 1792. Acervo do MPEG (A
e C) e UFPA (B). Ilustrações de Raimundo Jorge Mardock (A) e Denise Schaan (B e C).
Figura 10 – Representação de cobras sobre bancos: (A) 2291; (B) SR-02; (C) 137; (D) 134; (E)
Nimuendaju 2004, plate 017; (F) 142. Acervo MPEG (A-D;F); Museum of World Cultures,
Gothenburg (E). Iustrações de Jorge Raimundo Mardock para os bancos do acervo do MPEG.
Figura 13 – Ícones de cobras e jacarés: (A) 142; (B) 140; (C) 1064. Acervo MPEG. Ilustrações
de Raimundo Jorge Mardock.
Figura 14 – Decorações menos elaboradas: (A) 139; (B) 144. Acervo MPEG. Ilustrações
de Raimundo Jorge Mardock.
bilidade seria de que os bancos fossem somos levados a supor. Isso coloca uma
usados em outros tipos de contextos rituais dificuldade adicional na interpretação de
que não o funerário. objetos da cultura material arqueológica,
mas ao mesmo tempo nos permite am-
Nos princípios do século XX, um rito
pliar o leque de explanações possíveis.
de passagem de um povo de língua
aruak que vivia nas florestas altas do É possível que no futuro outros objetos
Peru foi observado por etnógrafos: sejam escavados e tanto a iconografia
“Meninas adolescentes da etnia quanto os contextos arqueológicos nos
Chama, ao atingirem a puberdade, proporcionem novos dados sobre os
eram reunidas durante a lua cheia, bancos da fase marajoara. Por ora, nos pa-
ocasião em que mulheres e homens rece que os dados indicam que eram objetos
adultos dançavam e bebiam líquidos usados em contextos diversos, não somente
servidos em potes zoomorfos até o para sentar e não relacionados unicamente a
amanhecer. Na manhã seguinte as contextos de hierarquia e poder.
meninas eram pintadas, drogadas
com bebida e então cada uma deitava
em um banco para que uma mulher NOTAS
mais velha cortasse seu clitóris e
grandes lábios e os enterrasse. Em
1
Vasos cerâmicos antropomorfos onde
outra ocasião foi observado que a estão também representados bancos são
adolescente era deflorada com um encontrados na cerâmica da fase Santarém
pênis de argila, que representava seu (Gomes 2001), Maracá (Guapindaia 2001)
noivo. Depois disso, as garotas eram e outras culturas do baixo Amazonas (McE-
mantidas isoladas em suas cabanas wan 2001).
por um mês, vestindo uma peça de 2
Utilizamos os tipos cerâmicos da fase
cerâmica de forma oval [grifos nos- marajoara definidos por Meggers e Evans
sos] pra cobrir a região pubiana” (1957:324-270) para descrever a decora-
(Métraux 1948)3. ção dos bancos. Essa tipologia pode ser
Tal acontecimento, caso tivesse se pas- encontrada no apêndice 1 desse artigo.
sado na ilha de Marajó, poderia explicar a 3
Traduzido do inglês: “Tessmann (1928 e
ocorrência de objetos de cerâmica como 1930) reports that a group of pubescent
as tangas, potes zoomorfos, bancos, e Chama girls were assembled at full moon
uma espécie de “dedal” (Figura 17) que while men and women danced all night and
foi descrita por Morales-Chocano (co- drank from special zoomorphic pots. Next
morning, the girls were painted, stupefied
municação pessoal 2008) como um “de-
with drink, then each laid on a bench were
florador”. an older woman cut off and buried the clito-
Assim como as estatuetas da fase mara- ris and labia. Reich (1903) adds that the girl
joara, cuja diversidade indica seu uso was deflowered with a clay penis represent-
polissêmico e possivelmente ritual ing her fiancé. The girls was then isolated
in her hut for one month, wearing and egg-
(Schaan 2001a), os bancos parecem per-
shaped piece of pottery as a pubic cover”.
tencer à mesma categoria de objetos cujo
uso pode ter sido mais amplo do que
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Apêndice 1
Tipologia da cerâmica da fase marajoara
Tipos Cerâmicos Descrição (parcial) do Tipo
(Meggers e Evans 1957:324-370)
Anajás com engobo duplo inciso Pasta em Inajá ou Camutins simples. Superfície com
camada espessa de engobo branco (creme ou salmão)
sob o engobo vermelho fino e às vezes polido; linhas
incisas de 1 a 3mm de espessura; motivos diversos.
Anajás simples inciso Pasta em Inajá ou Camutins simples. Motivos deco-
rativos feitos com incisões de 1 ou 2mm de espessu-
ra; as duas espessuras quase nunca são encontradas
na mesma vasilha. O motivo típico é o de grandes
áreas ou bandas contendo linhas retas paralelas.
Anajás vermelho inciso Pasta em Inajá ou Camutins simples. Engobo ver-
melho cinábrio, às vezes com tom alaranjado, pouco
espesso; incisões profundas e bem feitas, com espes-
sura de 1 a 2mm; linhas são raramente retas.
Anajás branco inciso Pasta em sua maioria em Inajá simples, restante em
Camutins simples. Engobo branco (creme ou laranja
claro), frequentemente polido, linhas incisas muito
finas (1mm ou menos) e bem feitas, regulares e às
vezes revelando a pasta laranja. O motivo mais co-
mum é a espiral.
Arari com engobo duplo exciso Pasta predominante em Inajá simples, às vezes em
Camutins simples. Superfície com camada espessa
de engobo branco (creme, salmão ou marrom claro)
sob o engobo vermelho cinábrio variando a marrom
ou quase preto; combinação de linhas incisas, excisas
e áreas; excisão cobre 40-60% da superfície.
Arari simples exciso Pasta em Inajá ou Camutins simples. Combinação
de linhas finas incisas com áreas excisas, variando
desde poucas linhas excisas com até 75% da superfí-
cie removida com excisão.
Arari vermelho exciso Pasta em Inajá ou Camutins simples. Engobo ver-
melho escuro, puxando para o marrom ou preto
ocasionalmente; incisões em linhas finas ou grossas
combinadas com excisões em várias proporções. O
motivo mais comum é o escalonado, sozinho ou
combinado com linhas sinuosas e outras figuras.
Arari vermelho exciso com re- Pasta em sua maioria em Inajá simples, restante em
toque branco Camutins simples. Engobo vermelho cinábrio a
vermelho escuro de textura fina, às vezes polido; in-
cisões e excisões combinadas em proporções iguais,
com excisões com profundidade de 1mm, cobertas
com pintura vermelha espessa.
Arari branco exciso Pasta predominante em Inajá simples, às vezes em
Camutins simples. Engobo branco (ou creme a
salmão), combinação de excisões e incisões; excisão
é tipicamente pouco profunda, mas às vezes penetra
na pasta revelando sua cor alaranjada.
Camutins simples Manufaturado com roletes de 2 a 3mm, tempero de
caco moído, com partículas chegando a 5mm, textura
porosa, tempero pouco misturado, queima oxidante.
Carmelo vermelho Pasta em Inajá ou Camutins simples. Engobo vermelho
cinábrio a vermelho escuro, ocasionalmente vermelho
alaranjado; espessura fina, às vezes apenas um banho.
No. Reg. Procedência Tipo Coleta Est. Pre- Altura Diâm. Diâm. Tipo decorativo Forma
serv. Assento Base assento
139
140
2606-127 Teso 17, Sítio Camutins Pesquisa frag. assento 15 Guajará inciso Circular
2606-381 Teso 17, Sítio Camutins Pesquisa fragmento 21 Guajará inciso Circular
2606-409 Teso 17, Sítio Camutins Pesquisa fragmento 5,3 20 Anajás simples inciso Circular
2606-42 Teso 17, Sítio Camutins Pesquisa inteiro 7 20 16 sem decoração Circular
2606-53 Teso 17, Sítio Camutins Pesquisa fragmento 20 sem decoração Circular
Alves, D. T. | Schaan, D. P.
2606-75 Teso 17, Sítio Camutins Pesquisa frag. assento 22 Arari simples exciso Circular
2606-98 Teso 17, Sítio Camutins Pesquisa fragmento 21 sem decoração Circular
GRT-131 sem inf. Doação inteiro Joanes pintado Circular
GRT-96 sem inf. Doação inteiro Anajás simples inciso Circular
SR-03 sem inf. Doação inteiro 6,4 14 13 Arari simples exciso Circular
Recebido em 25/01/2011.
Aprovado em 15/06/2011.
141