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MANUAL DE REDAO POLICIAL-MILITAR - Paulo Csar Luz Nunes PDF
MANUAL DE REDAO POLICIAL-MILITAR - Paulo Csar Luz Nunes PDF
Redação
Policial-Militar
Copyright © Paulo César Luz Nunes
(Professor de Língua Portuguesa da Academia de Polícia Militar da Bahia)
N972m
CDD: 808.066
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida
– por qualquer meio ou processo, seja mecânico ou eletrônico, inclusive xerográfico,
fotográfico, microfilme, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem
a expressa autorização do autor. Essas proibições se aplicam também às características gráficas
e ou editoriais (Lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Manual de
Redação
Policial-Militar
Aos Ex.mos Srs. Cel PM Christóvão Rios de Britto e Cel PM Jorge Luiz de
Souza Santos, pelo apoio e incentivo em prol do engrandecimento cultural
da Polícia Militar do Estado da Bahia.
À Comissão, presidida pelo Ten Cel PM Jorge da Silva Ramos, que, com
zelo e competência, avaliou este Manual, reputando-o por trabalho
técnico-profissional.
Aos oficiais, praças e amigos civis que, por qualquer meio ou forma,
contribuíram para a realização desta primeira edição.
Sumário
APRESENTAÇÃO 15
primeira parte
A REDAÇÃO OFICIAL 19
I Redação oficial 19
II Estudando o ofício 25
III Outros documentos 53
segunda parte
GRAMÁTICA APLICADA À REDAÇÃO POLICIAL-MILITAR 69
terceira parte
TEXTOS OFICIAIS DA ORTOGRAFIA 195
BIBLIOGRAFIA 221
Prefácio
Paulo César, o Gramático!
Paulo César Luz Nunes é uma dessas raras pessoas que combinam, em
sua personalidade, sensibilidade e competência. A equanimidade com
que modela suas decisões fundamentais, e a determinação de realizar
sempre o que lhe parece justo e plausível destacam-se, de pronto, como
qualidades expressivas desse jovem professor.
Ainda aluno, adotava o comportamento de não permanecer refém de
dúvidas, buscando sempre, nos intervalos, dirimi-las, de todo, com o velho
mestre, provavelmente um tanto exausto. Mas persistia.
O olhar atento, acompanhado por um leve sorriso de satisfação quando
lograva entender o assunto, traçava sempre, a meus olhos, a figura do
aprendiz apaixonado pela matéria. Esplêndido aprendiz!
Na minha intuição quase matemática, poderia apostar que ali nascia um
novo e grande amante da Língua Portuguesa, a nossa “última flor do
Lácio inculta e bela”. Não me enganei. E, mais que isso, alguns anos depois,
reencontro-o, compenetrado, dando-me notícias das suas incursões nas
salas de aula. Paulo César, agora, professor de Português, demonstrava
singular talento, ao transmitir aos seus alunos tudo que aprendera pelo
seu grande esforço e vontade.
Reaparece-me agora com nova surpresa. É o Manual de Redação Policial-
Militar, de sua autoria. Trabalho minucioso, fôlego de pesquisador, disciplina
estóica de quem se revela sempre um apaixonado das Letras. Descobriu
uma lacuna ponderável no seu segmento profissional – quer seja o estudo
do Português e sua aplicação específica na área militar – e tratou de
preenchê-la com invulgar competência. Resultado: um completo manual
destinado a um público-alvo que certamente fará dele uma verdadeira
referência para as suas consultas.
O Manual mapeia todos os assuntos de interesse da classe, oferecendo-
se – hierarquia à parte – a expectativas iguais. Em linguagem objetiva e
clara, traça um roteiro preciso que vai do ensino da Redação Oficial,
com todos os capítulos decorrentes, à Gramática aplicada à Redação
Policial-Militar. Tudo feito com dedicação e esmero. Um grande presente
para todos os seus pares.
Tecnicamente, perfeito; no que tange à demanda, oportuno.
O Manual de Redação Policial-Militar de Paulo César Nunes, com certeza,
vai figurar no elenco das melhores contribuições à Língua Portuguesa
ofertadas por um seu verdadeiro Professor.
Salvador, maio de 2001.
Jorge Portugal
Conselheiro Cultural do Estado da Bahia;
professor de Língua Portuguesa e Redação; compositor.
Apresentação
O Autor
Abreviaturas,sinaisconvencionais
esimilares1
§ ibid.
parágrafo ibidem (no mesmo lugar)
adv. id.
advérbio idem (o mesmo)
agl. id. ibid.
aglutinação idem ibidem (o mesmo, no mesmo
lugar)
atual.
atualizada (a edição) i. é,
isto é
C 21 – 30
Manual de Abreviaturas, IG 10 – 42
Símbolos e Convenções Instruções Gerais para
Cartográficas do Exército Correspondência, Publicações e Atos
Normativos no Ministério do Exército
cf. (atualizadas até 1996)
confronte, compare, confira
IG 10 – 42 revogadas
conj. Instruções Gerais para
conjunção Correspondência no Ministério
ed. do Exército (1975)
edição interj.
I – 7 – PM interjeição
Instruções para a Correspondência na loc. cit.
Polícia Militar do Estado de São Paulo loco citato (no lugar citado)
Manual da Presidência pres. ind.
Manual de Redação da presente do indicativo
Presidência da República
pron.
NGB pronome
Nomenclatura Gramatical Brasileira
rev. e ampl.
OM revista e ampliada (a edição de
Organização Militar um livro)
op. cit. RDPM
opus citatum (obra citada) Regulamento Disciplinar
da Polícia Militar
OPM
Organização Policial-Militar reimp.
reimpresso, reimpressa
p.
página seq.
sequentia (seguinte ou o que
p. ex. se segue)
por exemplo
s. f. comp.
perf. do ind. substantivo feminino composto
perfeito do indicativo
s.m.
PMBA substantivo masculino
Polícia Militar do Estado da Bahia
v.
prep. ver, vide, verbo
preposição
1
Algumas dessas abreviaturas já constam no tópico “Outras abreviaturas empregadas na Corporação”,
mas achamos conveniente apresentá-las logo, para facilitar a compreensão dos tópicos anteriores.
A Redação Oficial
Redação
I Oficial
3
Cf. JÚNIOR, Edgard de Brito Chaves. Modelos de redação oficial: para funcionários públicos, advogados,
despachantes, etc. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1979. p. 19.
4
Cf. GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 17. ed. reimp. Rio de Janeiro, Fundação
Getúlio Vargas, 1998. p. 386.
22 A Redação Oficial
A comunicação oficial
A comunicação oficial é aquela que advém dos órgãos da administração
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, constituindo um
conjunto de normas regedoras da comunicação escrita. O redator desse
tipo de comunicação deve preocupar-se mais com o estilo oficial do que
com o seu próprio estilo, haja vista a impessoalidade da redação, a sua
formalidade, concisão e clareza, conforme veremos no capítulo seguinte
(v. “O texto”).
A redação oficial
A redação oficial, portanto, é o mecanismo por meio do qual funciona a
comunicação oficial escrita, dando-lhe forma específica; é o modo de redigir
uma correspondência, dentro dos cânones estabelecidos pelo Manual de
Redação da Presidência da República e pelas regras gramaticais vigentes.
Foi com a edição do Decreto n.º 100.000, de 11 de janeiro de 1991,
que o Presidente da República autorizou a criação de uma comissão
para rever, atualizar, uniformizar e simplificar as normas de redação de
atos e comunicações oficiais, no âmbito federal, inclusive aqueles
praticados no Exército, daí surgindo, após o período de uma “gestação”,
o Manual da Presidência.
Editado, foram as regras do mencionado Manual consolidadas por meio
da Instrução Normativa n.º 4, de 6 de março de 1992, que tornou obrigatória
a sua observação pelos órgãos componentes da Administração Federal.
A correspondência militar
A correspondência militar é o tipo de comunicação oficial peculiar às
forças militares da União. Apresenta algumas especificidades, porém não
deve opor-se aos preceitos normativos elencados no Manual da Presidência.
Até antes da edição do Manual da Presidência, no que se refere ao
Exército Brasileiro, vigoravam as Instruções Gerais para a Correspondência
no Ministério do Exército (IG 10-42), editadas no ano de 1975, três anos
após a publicação das Normas sobre Correspondência, Comunicação e
Atos Oficiais, do Ministério da Educação e Cultura (1972).
Manual de Redação Policial-Militar 23
A correspondência policial-militar
Força auxiliar e reserva do Exército, nos termos do §6º do art.144 da
vigente Constituição Federal brasileira5 , a PMBA, a qual será o referencial
de estudo neste trabalho, é alcançada, no que couber, pelas IG 10-42,
embora, para alguns, tais instruções não mais tenham vinculação com a
Corporação, isto por força do caput do art. 42 da Carta Magna, com a
nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 18, de 5 de fevereiro
de 19986 .
Ocorre, porém, consoante visto anteriormente, que as IG 10-42 não
estão perfeitamente ajustadas no cenário da comunicação oficial brasileira,
o que nos faz concluir que as normas de correspondência, dentro da
Polícia Militar, também estão carentes de uma uniformidade, necessitando
sejam amoldadas ao padrão estatuído pelo Manual da Presidência,
5
Cf. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Obra
coletiva da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto e Márcia Cristina Vaz dos
Santos Windt. 20 ed. atual. e ampl. São Paulo, Saraiva, 1998. p. 83:
“§6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reservas do Exército,
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.”
6
Ibid., p.40:
“Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas
com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.”
24 A Redação Oficial
Estudando
I oofício
Linhas gerais
Didaticamente, para estudarmos a forma e estrutura do ofício, dividimo-
lo em três partes, a saber:
parte I – que compreende o timbre, a numeração, o local e a data, e o
vocativo;
parte II – que é o texto propriamente dito;
parte III – compreendendo o fecho, a assinatura e identificação do signatário,
e o destinatário.
parte I
O timbre
O timbre caracteriza o papel. Desta forma, não teremos mais um papel
qualquer. Trata-se do papel timbrado. Vem centrado no alto da folha,
composto pelo brasão institucional da PM local7 e pelos dizeres “Polícia
Militar do Estado Tal”, acrescidos da organização policial-militar (OPM)
expedidora. Às vezes, também compõem o timbre o endereço, o número
de telefone, fax ou telex e até nomenclatura para telegrama. Na PMBA
– utilizada em nossos exemplos –, esses acessórios do timbre vêm,
seguindo a tendência das cartas comerciais, no rodapé do papel, separados
por um filete horizontal.
É importante ressaltar que o Manual da Presidência da República não faz
qualquer tipo de referência ao timbre do papel, tanto no ofício, quantos
nos demais documentos, a exemplo do memorando e da portaria. No
entanto, é o papel timbrado que caracteriza a oficialidade do documento.
A omissão do Manual da Presidência implica a manutenção da regra
constante na Instrução Normativa n.º 83, de 3 abril de 1978, no anexo I
7
Em alguns órgãos públicos baianos, como a Polícia Civil, o timbre é composto tão-somente pelo brasão
do Estado, seguido dos dizeres do órgão correspondente. Na PMBA, por tradição, usa-se o seu brasão
institucional, em detrimento do brasão do Estado da Bahia.
Na sua história, o brasão institucional da PMBA passou por algumas modificações evolutivas. Com
efeito, o atual aperfeiçoamento gráfico do brasão foi desenvolvido a partir dos seus princípios heráldicos;
totalmente redesenhado, tornando-se uma forma única, limpa e clara nos seus detalhes, apta para o uso
adequado em computação gráfica e aplicações diversas, de uso exclusivo e padronizado pela Polícia Militar
da Bahia.
28 A Redação Oficial
8
Cf. COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS. Subcomissão de Política Editorial e
Normalização. Editoração de publicações oficiais. Brasília, Departamento de Imprensa Nacional, 1987. p.123
9
Esse tamanho, juntamente com o formato “A-5” do memorando (14,8 x 21 cm), foi introduzido no
Brasil em 1970, por meio da Instrução Normativa DFC/1-70.
10
É comum verificarmos, na maioria dos ofícios expedidos dentro da Polícia Militar, que o brasão da PM
vem localizado à esquerda do papel, e não ao centro; porém, conforme a Instrução Normativa n. 83, o
brasão vem à esquerda quando se tratar de memorando.
11
Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Instruções gerais para correspondência, publicações e atos normativos no
Ministério do Exército: Portaria n. 433, de 24 de agosto de 1994. 1. ed. 1994 (atual. até 29 de fevereiro de
1996). IG 10-42. p. 73.
Manual de Redação Policial-Militar 29
A numeração do documento
A numeração do documento, conhecida por índice na redação comercial,
também constitui um grande problema nos ofícios castrenses. Não existe
uma sintonia entre as unidades, no que toca à sua padronização, conquanto
o Manual da Presidência seja bastante claro, citando apenas o tipo do
documento, no caso o ofício (escrito por extenso, embora as IG 10 4212
grafem abreviadamente Of – sem ponto), seguido da abreviatura de
número (n.º) mais a numeração (geralmente com três dígitos) e a sigla
do órgão expedidor, este separado por uma barra inclinada (/). Deve
estar situado, horizontalmente, no início da margem esquerda (a 2,5 cm
ou dez toques da borda do papel) e eqüidistante, verticalmente, de 5,5
cm ou de seis espaços duplos (“espaço dois”) de sua borda superior,
assim devendo ser grafado:
a. Ofício n.º 001/DA (Ofício n. 001, expedido pelo Departamento
de Administração).
b. Ofício n.º 222/UAAF (Ofício n.º 222, expedido pela Unidade de
Apoio Administrativo Financeiro 13 de um batalhão da Região
Metropolitana de Salvador).
Obs.: Se o ofício for circular, essa indicação deve ser assinalada em seguida à numeração, em
caixa alta (maiúsculas)14 : Ofício n.º 001/DA – CIRCULAR / Ofício n.º 222/UAAF – CIRCULAR.
As IG 10-4215 assim se pronunciam a respeito:
“Art. 45 – Para cada tipo de correspondência (...) é adotada uma
numeração seguindo a ordem natural dos números inteiros, iniciada a 1º
de janeiro de cada ano e encerrada a 31 de dezembro.
Art. 46 – Após a numeração, seguem-se um traço horizontal e a sigla da seção,
repartição, divisão ou gabinete no qual o expediente foi estudado e elaborado.”
Nota-se uma semelhança com o prescrito pelo Manual da Presidência,
salvo o traço horizontal, que fica entre o número e a sigla. Segundo o
Manual, usa-se uma barra.
12
ibid., p.48.
13
Segundo a nova organização estrutural e funcional da PMBA, Decreto n.º 7.796, de 28 de abril de
2000.
14
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 47.
15
ibid. p.19.
30 A Redação Oficial
16
Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Instruções para correspondência na Polícia
Militar. Aprovadas pelo Decreto n.º 1EM/PM-283/02, de 20 de maio de 1980, e publicadas no Boletim
Geral n.º 31/81. 3. ed. São Paulo, 1982. I-7-PM. p. 21. Ressalte-se que essas instruções foram atualizadas,
conforme o Boletim Geral n.º 116, da PMESP, de 22 de julho de 1993.
Manual de Redação Policial-Militar 31
O local e a data
O local e a data são elementos fundamentais da “certidão de nascimento” do
expediente, correspondendo ao momento em que o ofício foi confeccionado e
assinado, convindo que se usem por extenso todos os elementos desse tópico.
O término da data deve coincidir com a margem direita e, verticalmente,
deve estar a 6,5 cm ou sete espaços duplos (“espaço dois”) da margem
superior do papel:
Salvador, 25 de janeiro de 1973.
Há, pois, três observações a serem feitas:
a. O mês é grafado com a letra inicial minúscula17, apesar de nome próprio;
b. Depois da menção ao local e à data, usamos o ponto-final, por se
tratar de oração cujo verbo aí se oculta (embora alguns acreditem que o
ponto-final se dá em virtude de existir uma frase nominal, i. é, sem verbo);
c. O nome da cidade de origem não precisa ser seguido pela sigla do seu
Estado. Esse nome, entretanto, poderá ser omitido, se já vier especificado
no timbre do papel.
O vocativo
Segundo Celso Cunha18 , os vocativos “servem apenas para invocar, chamar
ou nomear, com ênfase maior ou menor, uma pessoa ou coisa personificada”.
Daí porque também denominamos esta parte do ofício de invocação19 .
Invocando-se o destinatário, empregar-se-á o pronome de tratamento
(v. “As formas de tratamento”) equivalente ao seu cargo ou função,
por extenso – evite abreviá-lo (use Senhor em vez de Sr., p. ex.) –,
devendo o vocativo estar situado a 10 cm ou dez espaços duplos da
17
Cf. ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. 32. ed. Rio de
Janeiro, José Olympio, 1994. p. 460; nessa obra, o Prof. Rocha Lima reúne quatro exemplos clássicos, da
lavra de Olavo Bilac e Euclides da Cunha, na referência às datas, onde o nome dos meses estão grafados,
invariavelmente, com letra minúscula. Cf., também, o Formulário Ortográfico de 1943, constante no
Capítulo XII deste Manual, na observação do 3.º caso do item 49.
18
Cf. CUNHA, Celso Ferreira da. e Luís F. Lindley Cintra. Nova gramática do Português contemporâneo. 2.
ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. p. 156.
19
Essa era a forma empregada no antigo Manual de Correspondência, in: BRASIL. Ministério da Educação
e Cultura. Secretaria de Apoio Administrativo. Normas sobre correspondência, comunicação e atos oficiais.
Rio de Janeiro, 1972.
32 A Redação Oficial
parte II
O texto
O texto corresponde à alma do ofício. É a sua essência, sem a qual não
haveria o porquê de confeccioná-lo. Deve-se ter muita atenção, quando
de sua produção, em razão de que um texto mal redigido implica a não-
compreensão por parte de seu decodificador, o destinatário do
20
Cf. BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da República. Brasília, Imprensa
Nacional, 1991. p. 28.
21
Cf. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 195.
22
Cf. JÚNIOR, op. cit., p. 111.
Manual de Redação Policial-Militar 33
Quanto à mensagem
Significa dizer que para se transmitir uma mensagem não interessa apenas
o seu conteúdo (aquilo o que se quer dizer), mais igualmente a maneira
(como isso será dito). Para tanto, deve-se estudar o destinatário,
qualificando-o dentro do organismo público ou privado. Às vezes, um
texto oficial é mais formal; outro, menos formal. Tudo depende de com
quem estamos nos correspondendo.
Quanto ao estilo
É a linguagem culta, bem cuidada. Os deslizes gramaticais devem ser
evitados ao máximo; mormente os indesejáveis vícios de linguagem: os
solecismos, barbarismos, os cacófatos, os clichês, as frases de arrastão e
as labirínticas, etc.
As IG 10-42 revogadas23 nos deram uma sucinta e boa visão do princípio estilístico:
“Art. 30 – A redação oficial (...) deve considerar os seguintes aspectos:
correção gramatical – indispensável à análise do documento;
clareza – necessária ao seu perfeito entendimento;
sobriedade – redação simples, sem ser vulgar;
precisão – emprego exato dos vocábulos, para evitar diferentes interpretações;
23
Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Instruções gerais para correspondência no Ministério do Exército: Portaria
Ministerial n. 323, de 14 de março de 1975. 1. ed. 1975. IG 10-42. p. 16.
34 A Redação Oficial
Quanto ao tratamento
Nas comunicações oficiais, conseqüentemente, nas correspondências por
meio de ofício, o tratamento é revestido de toda uma formalidade,
indisponível no trato público, i. é, os signatários dos órgãos não podem
dispor, dispensar o tratamento devido a uma determinada autoridade.
O grau de respeitabilidade deve ser mantido, tanto na maneira com que
nos dirigimos ao decodificador, como no correto emprego dos pronomes
de tratamento, capítulo que analisaremos mais adiante (v. “Emprego dos
pronomes de tratamento”).
Quanto à forma
Avanço de parágrafos do texto – equivalente a 2,5 cm ou dez toques; o
texto inicia a 1,5 cm ou a três espaços simples do vocativo, sendo que o
espaço entre os parágrafos do texto é de 1 cm ou um espaço duplo
(“espaço dois”).
No texto, salvo o primeiro parágrafo e o fecho24 , todos os parágrafos
devem ser numerados, em algarismos arábicos – numeração cardinal –,
seguindo-se, se preciso for, do seu fracionamento, visando a possibilitar a
24
As IG 10-42, entretanto, contemplam a numeração do primeiro parágrafo (cf. BRASIL. Ministério do
Exército, op.cit.,p 48.
Manual de Redação Policial-Militar 35
Desdobramento do parágrafo
Subparágrafos
a. São divisões do parágrafo, indicados por letras minúsculas, seguidas de
ponto: a., b., c., etc.;
b. Cada subparágrafo poderá ter um título, redigido em letras minúsculas
(exceto a primeira letra que deve ser maiúscula), devendo ser sublinhado.
Alíneas
a. São as subdivisões dos parágrafos:
Alíneas numéricas – indicadas por algarismos arábicos, seguidos de
sinal de fechar parênteses: 1), 2), etc.;
Alíneas alfabéticas – indicadas por letras minúsculas, seguidas de sinal
de fechar parênteses: a), b), etc.
b. As alíneas poderão receber títulos, quando necessários, redigidos em
letras minúsculas, à exceção da primeira letra, que será maiúscula.
Itens
a. São as subdivisões das alíneas alfabéticas, sendo de duas espécies:
Itens numéricos – indicados por algarismos arábicos, entre parênteses:
(1), (2), etc.;
Itens alfabéticos – indicados por letras minúsculas, entre parênteses.
b. Os itens poderão receber títulos, se preciso for.
Subitens
a. Subitens são as disposições do alfabeto, em duas espécies:
Subitem de transição – indicado pelo sinal de transição;
Subitem de ponto – indicado pelo sinal de ponto.
36 A Redação Oficial
Obs.: Os documentos, digitados em espaço duplo (1 cm), entre linhas e textos, duplicarão
o espaço, quando passarem de uma divisão ou subdivisão para outra.
25
Exemplos extraídos da Portaria CGC/021/09/91, publicada no BGO n. 177, de 20. Set. 1991.
26
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 29.
27
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 73.
28
O Manual da Presidência não usa a abreviatura de folha (fl.), e sim uma convenção, com a letra “f’
maiúscula: “Fl.” Cf. BRASIL. Presidência da República, loc. cit.
29
Veja que, contrariamente ao constante no modelo do Manual da Presidência, preferimos manter a
expressão “fl.” no singular. Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 43.
30
Atenção para a grafia da data, neste exemplo. Os dias são escritos com dois algarismos arábicos, seguidos
dos algarismos que correspondem ao mês e ao ano, tudo separado por ponto. Cf.: BRASIL. Presidência
da República, loc.cit.
Manual de Redação Policial-Militar 37
parte III
O fecho
O fecho dos mais variados documentos sofreu, ao longo dos tempos,
profundas transformações; antes, demasiadamente longos; hoje,
constituídos de uma só palavra; o bastante, certamente, já que a intenção
do fecho é o arremate do texto e a saudação final ao destinatário. Se for
esse o desiderato, o fecho não precisa vir rodeado de expressões
supérfluas, descartáveis. Configura o último parágrafo do texto.
Princípio da redação técnica, a concisão foi um dos responsáveis pela
redução dos quinze para apenas dois modelos de encerramento, os quais
devem vir centralizados, a 1 cm ou um espaço duplo do final do texto.
Exemplos de fechos (arcaicos) de cortesia33 :
31
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 73.
32
ibid.,p. 74.
33
Cf. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 26-7.
38 A Redação Oficial
34
BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 25-6.
35
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 16-7.
36
ibid., p.18.
Manual de Redação Policial-Militar 39
37
Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. Portaria n. GCG/021/09/91. Aprova alterações
nas correspondências. Boletim Geral Ostensivo, Salvador, 177:5.376-78, set. 1991.
40 A Redação Oficial
38
Ao contrário do que observamos em diversos ofícios, os quais vêm com a identificação do signatário
em negrito, devem estes vir com a referida identificação no mesmo tom do corpo do texto, i. é, sem o
negrito.
39
Cf.BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 26.
40
Opinião contrária e já vencida (pelo Manual da Presidência), onde, em vez de centralizados, viriam a
assinatura e identificação do signatário na metade direita do documento; cf. BRASIL. Ministério do
Exército,op. cit.,p.74.
41
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, loc. cit.
42
Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, loc. cit.
Manual de Redação Policial-Militar 41
O substituto interino
Quando o substituto assumir interinamente, o seu nome será digitado
em letras maiúsculas, seguido da abreviatura do posto ou graduação, em
uma linha; noutra, logo abaixo, a abreviatura do cargo ou função45 ,
acrescida da abreviatura do termo “interino” (Int.)46 :
43
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 70-1.
44
Essa informação também continha no §1º do art. 62 das instruções revogadas. Nas atuais, cf. BRASIL.
Ministério do Exército, op. cit.,p. 74.
45
Observe que, neste caso, o designativo do cargo ou função não vem por extenso.
46
Nas IG 10-42, logo após o cargo e o designativo de interino, também consta a OM expedidora, o que,
conforme já analisamos, nos parece desnecessário (cf. Ministério do Exército, op. cit., p. 21) .
42 A Redação Oficial
(assinatura)
Nome Completo - Maj PM
Cmt Int.
47
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 21. Assim versa o parágrafo único do citado artigo:
“Não será objeto de delegação a assinatura de documentos que indiquem tomada de posição sobre
problemas fundamentais ou doutrinários, os referentes a assuntos de justiça e disciplina e os de natureza
pessoal.”
48
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 21.
Manual de Redação Policial-Militar 43
Por delegação:
3 cm
(assinatura)
Nome Completo - Maj PM
Subcomandante
Assinatura no impedimento
Como dito, a assinatura no impedimento52 decorre da ausência fortuita
do titular da subscrição (o comandante, chefe, diretor, coordenador, etc.);
isto, porém, quando for de natureza urgente a correspondência.
Portanto, o termo que distingue a assinatura por delegação da assinatura
no impedimento é a “imprevisibilidade”. Há que haver uma circunstância
fortuita ou de força maior que, na urgência do envio do expediente,
49
É comum encontrarmos a expressão “Por delegação:” e o nome da autoridade que assina o documento
em posição centralizada, o que é errado.
50
Conforme estipulam as IG 10-42 (cf. Ministério do Exército, op. cit., p. 47 e 74).
51
ibid., p. 21.
52
loc.cit.
44 A Redação Oficial
(assinatura do substituto)
Nome Completo - Maj PM (em letra de imprensa)
Subcomandante (manuscrito)
O destinatário
O destinatário é a autoridade receptora do documento; é aquela a quem
se destina a mensagem contida no ofício, cabendo-lhe decodificá-la e
respondê-la, se o documento já não representar uma resposta a uma
anterior consulta, solicitação ou recomendação, ou quando se tratar de
uma remessa.
Diversamente da quase totalidade dos ofícios expedidos dentro da
PMBA, o destinatário vem especificado abaixo do texto do ofício, na
sua primeira folha, situado a 2 cm da margem inferior e junto à margem
esquerda do papel 54 .
53
Observe que difere da assinatura por delegação, que vem junto à margem esquerda do papel.
54
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 42.
Manual de Redação Policial-Militar 45
55
Ministério do Exército, op. cit., p. 48.
56
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 44 e 48. É bom dizer, também, que as próprias IG 10-42
revogadas (portanto aquelas de 1975) também não previam os dois-pontos.
57
Nessa segunda linha, preferimos, diferentemente do Manual da Presidência, não discriminar o nome
do destinatário, quando a correspondência dirigir-se a autoridades com cargos ou funções bem definidos
dentro do organismo público ou privado; este, inclusive, é um procedimento muito tradicional dentro da
PMBA, o que também contribui para concisão deste tópico.
58
Detalhe interessante é a referência ao cargo ou função da autoridade sem que seja discriminado o posto
ou a sua graduação. Embora seja muito comum nas correspondências castrenses colocarmos a abreviatura
do posto ou da graduação antecedendo o cargo ou a função, tal procedimento é incorreto, segundo as IG
10-42. Assim, a expressão “Ao Senhor / Ten Cel PM Cmt do 16º BPM” é corretamente grafada da seguinte
forma: “Ao Senhor / Cmt do 16º BPM”. Cf. BRASIL. Ministério do Exército, p. 17: “Art. 37. Nas referências
às autoridades, emprega-se apenas o título do cargo...”.
46 A Redação Oficial
Ao Senhor
Subcomandante Geral da PMBA
Quartel do Comando Geral
40.060-030 – Salvador-BA
Considerações finais
De toda a análise, o leitor atento perceberá que o novo modelo de
confecção do ofício, adotado pelo Manual da Presidência, aboliu algumas
de suas partes, apresentadas nas IG 10-42 e nos antigos manuais de
correspondência60 , as quais devem ser evitadas ao máximo. Estamos nos
referindo, notadamente, ao cabeçalho, ao assunto, à referência e ao anexo,
pois são totalmente desnecessários, como veremos adiante.
59
Nesse sentido: BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 78.
60
Cf., p. ex., BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 62-3.
Manual de Redação Policial-Militar 47
O cabeçalho
Já vimos no item “O destinatário” que o cabeçalho não é essencial,
tornando-se até um termo redundante.
O assunto
O assunto, que constitui um pequeno resumo do que será tratado,
também chamado de súmula ou ementa61 , revela-se um dado redundante,
visto que, no início do texto, o verbo empregado para iniciar a frase já
indica o tipo de propósito do signatário. Se o texto referir-se a uma
solicitação, inicia-se com a expressão: Solicito de V. Ex.a, ou expressão
sinônima; se for uma remessa: Envio a V. S.a, ou similar, etc., percebendo-se,
de maneira transparente, que a aposição do assunto serve apenas para
ocupar espaço no papel. Essa composição tem uso, atualmente, no
memorando, em razão de sua praticidade (v. “O assunto”).
A referência
Por motivo igual ao visto acima, basta referenciarmos o documento
originário no próprio corpo do texto, logo no seu início, assim: “Conforme
recomendação constante no Ofício n.º 001/DF, datado de 2 de janeiro
de 2000, informo a V. S.a que ...”
O anexo
Vale a mesma regra dos itens anteriores. O anexo, localizado no alto da
página, apenas ocupa precioso espaço. Preferindo-se, poderemos dedicar
um só parágrafo para constarmos os anexos: “Em anexo, seguem os
seguintes documentos:”. Também podemos aproveitar uma passagem do
texto, onde seja pertinente a sua referência: “(...) conforme verificamos no
termo de declarações que segue anexo a este expediente...”.
Contrapondo a esses termos descartáveis, embora as IG 10-42 ainda os
utilizem62 , há outros que, por sua natureza e necessidade, são facultativos
na confecção do ofício, embora não tenham sido lembrados pelo Manual
61
ibid.,p. 28.
62
Ministério do Exército, op. cit., p. 48.
48 A Redação Oficial
O slogan
O slogan da OPM é tão-só uma frase ou expressão que se identifica
com as atribuições da organização policial-militar que expede um
documento63 . Vem-se tornando uma praxe na expedição dos ofícios das
OPMs, e, por seu uso tornar-se corriqueiro, padronizamos sua localização
a 1 cm ou um espaço duplo abaixo do local e data do ofício (v. “O local
e a data”), devendo ser grafado, entre aspas, em itálico e com a fonte
menor em duas unidades do restante do documento (se o ofício, p. ex.,
for digitado em fonte 12, escreva o slogan na fonte 10), com o final da
frase coincidente com a margem direita do papel. Veja este exemplo,
com slogan originário do 18º BPM:
Salvador, 23 de fevereiro de 2000.
“Guardião do Centro Histórico”
O endereço no rodapé
Conforme já dissemos, faz parte da composição do timbre, embora
– tal como o slogan – o Manual da Presidência não faça nenhum tipo
de referência.
O endereço da OPM expedidora, constante no rodapé do papel, serve
como fonte para uma futura consulta, pois ali não só consta o endereço
como também o n.º do telefone e o do fac-simile (fax). Deve, porém, vir
de forma concisa e abreviada, quando possível, evitando-se a aposição
de dados desnecessários.
A distribuição
A distribuição visa a controlar o destino dado ao documento e às suas
cópias, numa eventual consulta aos arquivos. É uma prática que já vem
sendo utilizada por alguns setores da PMBA, inclusive pela Corregedoria.
Vem aposta, geralmente, nas cópias dos expedientes, abaixo de sua
assinatura, junto à margem esquerda e com tamanho reduzido da fonte
em duas unidades do corpo do texto:
63
O seu emprego, contudo, deve condicionar-se a uma prévia autorização do escalão competente.
Manual de Redação Policial-Militar 49
(assinatura)
Nome Completo - Ten Cel PM
Comandante
Distribuição:
1a via: Comando Geral
2a via: arquivo
Total: duas vias
O grupo indicativo
Previsto pelas IG-10-42 e também conhecido por grupo indicador64 , o
grupo indicativo corresponde às iniciais de quem redigiu o documento
(sem se designar o posto ou a graduação), de quem o digitou ou
datilografou e, se houver revisão, também as iniciais de quem o revisou65 ,
todas em maiúsculas, separadas por uma barra inclinada (/).
Se uma mesma pessoa realizar duas ou as três etapas da confecção, não
precisa repetir as inicias, pois serão apostas apenas uma vez.
O grupo indicativo virá na parte inferior, junto à margem esquerda do
documento, logo abaixo da distribuição, se esta existir; em não existindo,
virá a 1 cm acima da margem inferior, consoante estipulam as IG 10-42.
Em qualquer dos casos, virá com o tamanho da fonte reduzido em duas
unidades do corpo do texto. Preferencialmente, opte por utilizá-lo apenas
nas cópias dos expedientes arquivados na OPM.
64
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 49 e 75.
65
Assim entendem Odacir Beltrão e Mariúsa Beltrão (Cf. BELTRÃO, Odacir e Mariúsa Beltrão.
Correspondência: linguagem & comunicação: oficial, empresarial, particular. 19. ed. rev. e atual. por Mariúsa
Beltrão. São Paulo, Atlas, 1993. p. 116):
“Há duas opiniões sobre a colocação das iniciais do redator e do datilógrafo: a primeira é a favor de seu
registro ao alto, logo abaixo do número de expedição do documento, e que previne possível esquecimento
por parte do datilógrafo; a segunda é pela colocação das iniciais embaixo, ao pé da folha, para evitar
confusão com o prefixo, uma vez que, por exemplo, SC tanto pode significar Seção de Cobranças, quanto
Sérgio Castro ou outro nome.
“As iniciais são lançadas pela ordem de responsabilidade:
OP/MT
OP – redator / MT – datilógrafo
seguindo as normas vigentes para a redação de nomes próprios, isto é, com as iniciais maiúsculas.
“ Se houver revisor, as suas iniciais serão acrescentadas às do redator e datilógrafo:
OP/MT/EB
OP – redator / MT – revisor / EB – datilógrafo”
50 A Redação Oficial
(assinatura)
Nome Completo - Ten Cel PM
Comandante
Distribuição:
1a via: Comando Geral
2a via: arquivo
Total: duas vias
PCLN/PMC
Outros
II documentos
O memorando
O Manual da Presidência67 bem define o memorando: “(...) modalidade
de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que
podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente.
Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna”.
Verificamos, então, em face da simplicidade burocrática, do menor grau
de formalidade e do caráter interno, que o memorando, ou papeleta68 –
como é conhecido por alguns –, visa à rapidez da difusão da mensagem
dentro de um órgão do setor público. Percebemos, também, com base
na definição acima, que ele pode partir de um subordinado para um
superior, malgrado a posição contrária das IG 10-4269 .
Dividimo-lo, para facilitar a compreensão, de maneira similar àquela
apresentada no capítulo anterior, no aspecto formal, em razão de as
prescrições do memorando seguirem, em sua grande parte, as disposições
estabelecidas para o ofício. São, pois, o timbre, a numeração, a data, o
destinatário, o assunto, o texto, o fecho, a identificação do signatário e a
assinatura. De logo, percebemos que, na ordem dada, a distinção se
apresenta no destinatário e no assunto, além de o vocativo deixar de existir.
67
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 52.
68
Cf. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, op. cit., p. 60.
69
O memorando é, segundo as IG 10-42, “correspondência que circula no âmbito de uma OM, utilizada
por autoridade superior para a transmissão de ordens, instruções, decisões, recomendações, esclarecimentos
ou informações.Tem como principal característica a agilidade, devendo sua tramitação pautar-se pela rapidez
e pela simplicidade dos procedimentos burocráticos.” Nesse sentido, o tipo de correspondência interna
de um subordinado para um superior ou par seria a parte: “correspondência que tramita no âmbito de
uma OM, por meio da qual o militar se comunica com um de seus pares ou superior hierárquico, em
objeto de serviço” (cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 9-10). Entretanto, somos favoráveis à
utilização do memorando em qualquer das situações acima apontadas, tendo em vista que o objetivo maior
do Manual da Presidência é a padronização e simplificação dos procedimentos redacionais.
56 A Redação Oficial
O timbre
O Manual da Presidência, tal como no ofício, não faz referência ao tamanho
do papel, tampouco ao timbre do memorando. Com base na Instrução
Normativa n.º 83 e nas IG 10-4270 , o papel padrão é o de formato “A-5”
(14,8 x 21 cm), ou meio-ofício. Todavia, observamos que as novas
dimensões do memorando não comportam mais esse tipo de papel,
sendo necessário o formato “A-4” (29,7 x 21 cm). Nesse sentido,
conforme veremos no modelo de memorando, apresentado mais adiante,
podemos notar que o texto propriamente dito se inicia um pouco abaixo
do meio do papel, havendo, então, em toda a primeira metade da folha,
espaço suficiente para a aposição dos despachos necessários.
Por seu turno, o timbre deve vir localizado à esquerda do impresso,
ficando o brasão institucional eqüidistante de 1,5 cm ou de três espaços
simples das margens superior e esquerda do papel.
Note que o timbre do memorando se distingue do timbre do ofício por
este vir centralizado, enquanto aquele, à esquerda. Além disso, se fôssemos
levar em consideração o antigo formato do papel (“A-5”), deveria o
brasão vir impresso em formato menor, com um diâmetro de 1,5 cm,
conforme estipula a Instrução Normativa n.º 83, ao revés do brasão do
ofício, que tem 2,5 cm de diâmetro. No entanto, optamos em manter
esta última medida, em face da maior dimensão do papel. Os dizeres, por
sua vez, localizar-se-ão no lado direito do brasão, a 0,6 cm deste.
As margens do papel são as mesmas referidas para o ofício, ou seja, a
margem esquerda situa-se a 2,5 cm ou dez toques da borda esquerda, e
a direita, a 1,5 cm ou seis toques da borda direita.
A numeração
A numeração vem logo abaixo do timbre. O Manual da Presidência,
acrescente-se, não especifica a distância que ela se localiza da margem
superior do papel. Convencionamos, então, utilizar a mesma prevista para
o ofício, i.é, 5,5 cm ou seis espaços duplos. As demais orientações são as
mesmas previstas no item “A numeração do documento”, constante no
cap. II, inclusive no que se refere à aposição do termo circular: Memorando
n.º 123/UAAF.
70
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 20.
Manual de Redação Policial-Militar 57
A data
Diferentemente do ofício, a data deve estar situada na mesma linha da
numeração do memorando, sendo que o seu término deve coincidir
com a margem direita. Repare que não há indicação do local71 , já que o
memorando é um documento de trâmite interno. Atenção: não coloque
vírgula após a preposição em:
Memorando n.º 123/UAAF. Em 25 de janeiro de 1973.
O destinatário
Outra novidade no memorando. É colocado logo abaixo da numeração,
sem se especificar, entretanto, a distância exata 72 . Para efeito de
padronização, usamos a distância do vocativo, que é de 10 cm ou dez
espaços duplos da borda superior do papel (v., no cap. II, “O vocativo”).
O destinatário é designado por seu cargo ou função, sem se referenciar
o posto, ou a graduação, ou o nome da autoridade. Lembre-se: após a
preposição ao, não coloque dois-pontos:
Ao Sr. Cmt da 1.ª Cia.
O assunto
Como já vimos, esse item não consta na composição do ofício. É o resumo
do assunto tratado, de maneira mais abreviada possível. Também é conhecido
por súmula ou ementa (v. , no cap. II, “O assunto”), sendo digitado em
espaço um, vindo logo abaixo do destinatário, no começo da margem
esquerda (com a letra inicial maiúscula73 ), precedido da palavra assunto:
Assunto: Comunicação
Uma advertência: evite escrever verbos como “faz”, “presta”, “relata”,
etc., isolados por um travessão, após o substantivo, conforme recomendava
o antigo manual da PM de São Paulo74 , pois o seu emprego, embora
71
As IG 10-42 indicam, desnecessariamente, o estado e a cidade de expedição, seguidos da data (cf.
BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 44).
72
Utilizam as IG 10-42 o antigo modelo do ofício (v., no cap. II, “O destinatário”).
73
Embora saibamos que depois de dois-pontos segue-se o vocábulo com a inicial minúscula, esta é uma
convenção adotada nos expedientes em geral, tendo por objetivo enfatizar o assunto a ser tratado.
74
Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, op. cit. p. 15.
58 A Redação Oficial
O texto
Iniciamos o texto propriamente dito a 4 cm verticais abaixo do assunto.
As demais regras para a sua composição são as mesmas previstas no
item “O texto” do cap. II.
O fecho
Tem a mesma padronização do item “O fecho”, do capítulo anterior, i.é,
empregamos atenciosamente ou respeitosamente, conforme o caso, a 1
cm centralizado e abaixo do final do corpo do texto. Por ser um documento
interno, usamos, quase que invariavelmente, atenciosamente (o grau de
formalidade é menor).
Tal como no ofício e em virtude mesmo do menor formalismo,
as IG 10-4275 recomendam que não se faça uso das expressões de
cortesia nos memorandos, embora o Manual da Presidência adote uma
postura contrária76 .
Outras observações
Não usamos o slogan característico da unidade nem o endereço no
rodapé do memorando, em virtude de ser um expediente de trâmite
interno. A distribuição e o grupo indicativo são facultativos. Observe,
também, que o destinatário não vem no final do texto, como no ofício, e
75
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 18 e 44.
76
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 53.
Manual de Redação Policial-Militar 59
O fax
O fac-simile (expressão latina que significa “fazer coisa semelhante”77 ),
vulgarmente conhecido por fax, é um documento característico dos
tempos modernos, muito utilizado na quase totalidade das unidades da
PMBA, bem como nos demais setores do serviço público e privado.
Visa a agilizar, sobremaneira, a comunicação entre os órgãos, em razão
da velocidade com que transmite mensagens, constituindo-se, também,
um meio mais barato do que as formas tradicionais de comunicação,
como o telex e o telegrama.
Optamos em apresentar um modelo de fax, previsto pelo Manual da
Presidência 78 , em detrimento do estudo de outras formas de
comunicação urgente, a exemplo dos radiogramas, telegramas e do telex,
que, com o passar dos anos, vêm-se tornando formas obsoletas de
transmissão de mensagens.
Ao revés do que muitos pensam, o fax não é tão atual assim. Embora
não fosse difundido, esse documento já era previsto pelas IG 10-42
revogadas, que foram publicadas em 1975: “TELECÓPIA E TELEFOTO
– designação específica dada à correspondência transmitida por meio de
sistema de telecomunicações por ‘fac-simile’.”
Além de ser usado na transmissão de mensagens urgentes, também
utilizamos o fax para a antecipação de documentos que necessitam de
uma rápida oficialização de sua determinação, recomendação, solicitação,
etc. Nesses casos, o documento original segue posteriormente pelo
veículo ordinário.
O fax carece de um formulário em papel “A-4” (29,7 x 21 cm), nos
termos do Manual da Presidência, devendo o seu original permanecer
arquivado na unidade expedidora, haja vista ser ele transmitido por meio
de uma linha de telefone.
Convém atentar para o modelo de fax, porque há um hábito na Corporação
de enviar, através do aparelho de fax, o próprio ofício; na verdade, apenas
basta transpor o conteúdo deste para o formulário exposto na página seguinte.
77
Cf. CARLETI, Amilcare. Dicionário de latim forense. 8. ed. totalmente rev. e ampl. São Paulo, Liv. Ed.
Universitária de Direito, 2000. p. 175.
78
ibid.,p.57.
Manual de Redação Policial-Militar 61
79
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 57.
62 A Redação Oficial
Forma e estrutura
Para facilitar o entendimento, dividimos a composição de uma portaria
em três elementos básicos: o timbre, a ordem legislativa e a matéria legislada.
O timbre
Com base na Instrução Normativa n.º 8380 , utilizamos o formato de papel
“A-4” (29,7 x 21 cm), sendo que as normas para a sua composição são
as mesmas descritas para a composição do timbre no ofício (v. , no cap. II,
“O timbre”).
A ordem legislativa
A ordem legislativa é composta pelo preâmbulo e pelo fecho da portaria.
O preâmbulo
Segundo o Manual da Presidência81 , o preâmbulo consiste na parte primeira
da portaria, a qual não é incluída no texto, servindo, no entanto, para
identificá-la na ordem legislativa. Abrange o título, a autoria ou o fundamento
de autoridade e a ordem de execução ou mandado de cumprimento.
O título
Chamamos de título o conjunto formado pela epígrafe e pela ementa.
A epígrafe
Na definição do Manual da Presidência82 , “epígrafe é a parte do preâmbulo
que qualifica o ato na ordem jurídica e o situa no tempo, através da data,
80
Cf. COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS, op. cit., p. 147.
81
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 226.
82
ibid.,p. 227.
Manual de Redação Policial-Militar 63
83
id. ibid., p. 228-98.
84
Na área federal, as datas vêm seguidas (após o ponto-e-vírgula) pelo número de anos, em numeral ordinal,
de dois acontecimentos históricos no Brasil: a Declaração da Independência e a Proclamação da República.
64 A Redação Oficial
A matéria legislada
A matéria legislada consiste no texto ou corpo da lei, que é composto
por artigos e seus conseqüentes desdobramentos em parágrafos e
incisos, e estes em alíneas, embora não seja costumeira a utilização de
artigos na PMBA.
Para compor o texto, deve-se usar o padrão exigido pela Imprensa
Nacional, constante no apêndice do Manual da Presidência 85 , do qual
passamos a transcrever os principais itens:
“a. o texto deve ter 18 cm de largura; se o papel utilizado for de
tamanho ‘A-4’ (29,7 x 21 cm), a margem esquerda será de 2 cm, e a
direita, de 1 cm;
“b. tabelas, quadros e gráficos devem ser dispostos em uma coluna
de 18 cm de largura, ou em duas que somem 37 cm;
“c. deve-se usar espaço simples (‘espaço um’) entre os parágrafos
do texto e espaço duplo (‘espaço dois’) entre capítulos, seções,
artigos, parágrafos, incisos, alíneas, etc.;
“d. o texto deverá ser datilografado com o tipo courier (de pitch
10, corpo 12) ou times roman (de corpo 12);
“g. os artigos devem ser designados pela forma abreviada ‘Art.’, seguidos
de algarismo arábico e do brasão de número ordinal ‘º’ até o de número
9, inclusive (‘Art. 1º’, ‘Art. 2º’, etc.); a partir do de número 10, segue-se o
algarismo arábico correspondente, seguido de ponto (‘Art. 10.’, ‘Art.
11.’, etc.). A indicação de artigo será separada do texto por um espaço
em branco, sem traços ou outros sinais, portanto. O texto de um artigo
inicia sempre por maiúscula e termina por ponto, salvo nos casos em
que contiver incisos, quando deverá terminar por dois-pontos;
“h. os incisos dos artigos devem ser designados por algarismos romanos
seguidos de hífen, e iniciados por letras minúsculas, a menos que a
primeira palavra seja nome próprio; ao final, são pontuados com ponto-
e-vírgula, exceto o último, que se encerra em ponto, e aquele que
contiver desdobramento em alíneas encerra-se por dois-pontos;
“i. parágrafo único de artigo deve vir designado pela expressão
‘Parágrafo único’, seguida de ponto;
85
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 297, et seq.
Manual de Redação Policial-Militar 65
Empregodos
I
V pronomesde
tratamento
Os pronomes em geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Concordância com os pronomes de tratamento
As formas de tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73
Quando se emprega "Vossa Excelência" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Do Poder Executivo
Do Poder Legislativo
Do Poder Judiciário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Do Ministério Público
Manual de Redação Policial-Militar 71
Os pronomes em geral
Pronome é o vocábulo que denota o ente ou a ele se refere,
considerando-o tão-só como pessoa do discurso.
Conforme Celso Pedro Luft86 , os pronomes assim são definidos:
a. Pessoais87 – designam diretamente a pessoa do discurso;
b. Possessivos – determinam o ser como posse de uma delas;
c. Demonstrativos – situam o ser do ponto de vista dessas pessoas;
d. Indefinidos – aqueles que indagam o elemento desconhecido sobre o
qual queremos informação;
e. Relativos – equivalem a pronomes pessoais, mas com função de
conectivos subordinativos oracionais.
86
Cf. LUFT, Celso Pedro. Novo manual deportuguês, gramática, ortografia oficial, redação, literatura, textos e
testes. 17. ed. São Paulo, Globo, 1991. p. 99.
87
Aí se incluem os pronomes de tratamento.
88
Cf. CUNHA, op. cit., p. 282.
89
Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. Portaria n. GCG/021/09/91. Aprova alterações
nas correspondências. Boletim Geral Ostensivo, Salvador, 177:5.376-78, set. 1991. Assim foi publicado o
item 2.a da presente portaria, em concordância com o acima dito:
“2. a. Os pronomes de tratamento, em português, são de 3ª pessoa, com ele concordando os pronomes
possessivos (seu, sua, seus, suas) e pronomes oblíquos correspondentes (o, a, os, as, lhe, lhes, se).
Ex.: V. Ex.a esqueceu-se de enumerar, em seu relato, as causas do acidente que o vitimou. (seu – pronome
possessivo / o – pronome oblíquo)”
72 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Obs.: Repare que em ambas as frases o tratamento dirige-se à pessoa com quem se fala
(2.a pessoa do discurso), embora, no segundo exemplo, o possessivo Sua refira-se à 3.a pessoa,
i. é, aquela de quem se fala.
90
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit. p. 21.
91
Cf. CUNHA, op. cit., p. 283.
92
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA, loc. cit.
Manual de Redação Policial-Militar 73
Ora, se digo: “Apresento a relação nominal dos soldados...”, fica evidente que não tem cabimento
omitir-se o pronome oblíquo dativo lhe, já que quem apresenta, apresenta algo a alguém; algo
é a relação nominal dos soldados... mas quem é alguém? Ou o receptor da mensagem, o
destinatário, não é ninguém? Procedendo-se dessa forma, estaríamos mutilando o verbo
bitransitivo, bem como contrariando as normas de cortesia e respeito que regem as
correspondências oficiais. O correto é escrever-se: “Apresento-lhe a relação nominal dos
soldados” ou “Apresento a V. S.a a relação nominal dos soldados”.
As formas de tratamento
São as seguintes as formas de tratamento utilizadas no Brasil:
a. Vossa Alteza (V. A.): para príncipes, arquiduques e duques;
b. Vossa Eminência (V. Em.a) ou Vossa Eminência Reverendíssima (V. Em.a
Rev.ma): para cardeais; o vocativo correspondente é “Eminentíssimo Senhor
Cardeal ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal”.
93
Essa recomendação visa a suprimir o emprego de Vós na correspondência dirigida às autoridades militares
não tratadas por Vossa Excelência, opondo-se ao que recomenda o art. 36, n. 5, das IG 10-42. Cf. BRASIL.
Ministério do Exército, op. cit., p. 17.
74 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
94
“Embora o seu emprego, no português europeu, se tenha restringido bastante nas últimas décadas, e em
particular, nos últimos anos, ainda se usa a forma Vossa Excelência, na linguagem oral, em determinados
ambientes (p. ex.: Academias, Corpo Diplomático) ou situações (empregado de comércio dirigindo-se a
cliente, telefonista dirigindo-se a quem solicita uma ligação, etc.), sem que haja qualquer discriminação
nítida quanto à categoria da pessoa interpelada. Por vezes aparece reduzida a forma coloquial Vossência.
Na linguagem escrita, sob a forma abreviada V. Ex.a, é largo o seu uso, principalmente na correspondência
oficial e comercial”. Cf. CUNHA, op. cit., p. 287.
95
O Manual da Presidência refere-se apenas aos chefes de poder no âmbito federal, exemplificando, para
o emprego do vocativo Senhor: “Senhor Governador”. Esqueceu-se, porém, que o Governador de Estado
é o chefe do Poder Executivo na esfera estadual, motivo pelo qual somos favoráveis ao emprego do vocativo
Excelentíssimo Senhor aos Chefes de Poder das esferas estadual e municipal. Cf. BRASIL. Presidência da
República, op. cit., p. 23.
96
Há uma tendência moderna a equiparar esse tratamento a Vossa Excelência.
97
Essa forma é protocolar e só se aplica estritamente ao ocupante do cargo indicado. Às vezes, no tratamento
direto, é possível substituí-la por formas também respeitosas, porém menos solenes. Em vez de tratar-se o
sacerdote desta maneira, poderemos tratá-lo por senhor, ou, no português europeu, por senhor Padre. Cf.
CUNHA, loc. cit.
Manual de Redação Policial-Militar 75
Obs.: 1. Nas formas abreviadas de tratamento, há sempre um espaço entre o ponto anterior
e a letra imediatamente seguinte. Assim, em vez de V.S.ª, use V. S.ª.
Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10a Vara Cível
01010 – Salvador/BA
Ao Senhor
Fulano de Tal102
01010 – Salvador/BA
98
“É um tratamento praticamente inexistente na língua falada de Portugal e do Brasil. Na língua escrita,
emprega-se ainda em ambas as variedades diplomáticas – mas cada vez menos – em cartas comerciais, em
requerimentos, em ofícios, etc., quando não é próprio o tratamento de Vossa Excelência”. In.: CUNHA,
loc.cit.
99
As IG 10-42, no n. 4 do art. 36, recomendam o uso de V. S.a apenas para autoridades civis. Tal preceito
não mais tem fundamento, sendo largamente utilizado nos expedientes dirigidos aos militares.
100
Exceção ao Chefe da Casa Militar do Governador e ao Comandante Geral da PMBA, por razões que
veremos mais adiante.
101
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 23.
102
Repare que o manual da Presidência não faz referência ao cargo do destinatário nesse exemplo.
76 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
103
Cf. BRASIL. Ministério do Exército, op. cit., p. 17.
104
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 24.
105
Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. loc. cit. O item 2.d da portaria tornou-se sem
efeito, em razão da presente recomendação: “Para a forma vocativa Ilustríssimo (Il.mo) usa-se o tratamento
VOSSA SENHORIA (V. S.ª) e a abreviatura MD. (muito digno). À forma EXCELENTÍSSIMO (Ex.mo)
correspondem o tratamento VOSSA EXCELÊNCIA (V. Ex.a) e a abreviatura D. (digníssimo)”.
106
Sobre o emprego de doutor, veja o que diz Celso Cunha: “De uso bastante generalizado em Portugal e
no Brasil é o título de Doutor. Recebem-no não só os médicos e os que defenderam tese de doutorado,
mas, indiscriminadamente, todos os diplomados por escolas superiores.” (In.: CUNHA, op. cit., p. 286).
Manual de Redação Policial-Militar 77
Do Poder Executivo
Presidente da República;
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Secretário-Geral da Presidência da República;
Consultor-Geral da República;
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;
Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República;
Secretários da Presidência da República;
Procurador-Geral da República;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
Chefes de Estado-Maior das Três Armas;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
*Chefe da Casa Militar do Governador108 ;
Prefeitos Municipais.
Do Poder Legislativo
Presidente, Vice-Presidente e Membros da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal;
Presidentes e Membros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Presidentes e Membros das Assembléias Legislativas Estaduais;
Presidentes das Câmaras Municipais109 .
78 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
107
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 21-2.
108
Embora o Manual da Presidência não faça nenhum tipo de referência, trata-se o Chefe da Casa Militar do
Governador do Estado da Bahia por Vossa Excelência, em razão do Decreto Estadual n.º 7.564, de 5 de maio de 1999,
publicado no Diário Oficial de 6 de maio do mesmo ano, que aprova o Regulamento da Casa Militar do Governador:
“Art. 13 – Aos titulares de cargos em comissão, além do desempenho das atividades concernentes aos sistemas
estaduais, definidos em legislação própria, e da coordenação e execução das atividades de segurança que são
inerentes a todos os seus integrantes, cabe exercer as atribuições gerais e específicas a seguir enumeradas:
I – Chefe da Casa Militar do Governador:
...........................................................................................................................................................
f) praticar todos os atos administrativos, no âmbito da Casa Militar do Governador, deferidos aos
Secretários de Estado;” (grifo nosso)
No que se refere ao Comandante Geral da PMBA, o tratamento Vossa Excelência, para muitos, deixou de
ser empregado, em face do Decreto n.º 7.428, de 31 de agosto de 1998 e, posteriormente, do Decreto n.º
7.796, de 28 de abril de 2000 (Aprova a nova organização estrutural e funcional da Polícia Militar do Estado da
Bahia) – que veio a revogar o decreto anterior –, o qual não esclarece ter o Comandante Geral prerrogativas
de Secretário de Estado, conforme era previsto na Lei Estadual n.º 3.406/75 (Dispõe sobre a antiga
organização básica da PM), lei esta revogada e que assim vinha disposta:
“Art. 12. O Comandante Geral da Polícia Militar será um Coronel ou Tenente Coronel Combatente do
serviço ativo do Exército, proposto ao Ministério do Exército pelo Governador do Estado;
..................................................................................................................................................................
§6º. O Comandante Geral da Polícia Militar no âmbito do Estado tem prerrogativas de Secretário de
Estado.” (Cf. ARANHA, Roberto. Legislação policial militar. Coletânea de leis, decretos e normas da Polícia
Militar da Bahia. 3. ed. rev. e ampl. Salvador, Garamond, 1996. p. 7).
Veja, agora, como dispõe o Decreto 7.796/00, vigente, cujo texto é similar ao do Decreto 7.428/98, revogado:
“Art. 27 – Aos titulares de cargos em comissão, além do desempenho das atividades concernentes aos Sistemas
Estaduais,definidosemlegislação própria, cabeo exercício das atribuiçõesgerais eespecíficasaseguir enumeradas:
I. Comandante Geral:
...........................................................................................................................................................
c) promover e manter intercâmbio com os demais Secretários de Estado e Corporações Policiais
Militares;” (grifo nosso)
Quando o texto legal acima se refere aos demais Secretários de Estados, tem-se a idéia de inclusão do
Comandante Geral no rol daquelas autoridades que têm prerrogativas de Secretário de Estado. Nesse
sentido, a relação de telefones do Gabinete da Secretária da Segurança Pública inclui, na parte reservada
aos Secretários de Estado e correlatos, o nome do Comandante Geral.
Ocorre que, mesmo com o advento do Decreto n.º 7.796/00, observamos a manutenção do tratamento
cerimonioso de Vossa Excelência ao Comandante Geral nos expedientes públicos, inclusive àqueles advindos
de órgãos externos, como os do Poder Judiciário ou de outras Secretarias do Estado. Cf. POLÍCIA MILITAR
DO ESTADO DA BAHIA. loc. cit. O item 2.b. dessa portaria (não esqueçamos de que ela é de 1991,
portanto anterior ao decreto em análise) assim dispõe:
“.........................................................................................................................................................
b)Usa-se Vossa Senhoria (V. S.ª) – para Chefes de setores, Comandantes, Coronéis, Diretores de
Departamento, qualquer cidadão civil.
Obs.: O uso de V. Ex.a, na Polícia Militar, fica restritamente dirigido ao COMANDANTE GERAL desta Instituição.”
Ademais, é bom lembrar que a Ordem de Precedência nas cerimônias oficiais, de caráter estadual, posiciona
o Chefe da Casa Militar no sétimo nível de precedência. Nesse mesmo nível, seguem-se, logo depois e
nessa ordem, o Chefe da Casa Civil e o Comandante da Polícia Militar do Estado (para saber mais, cf.
BRASIL. Normas do cerimonial público da República Federativa do Brasil e ordem geral de precedência: Decreto
n. 70.274, de 9 de março de 1972 e suas alterações. Brasília, Imprensa Nacional, 1998).
Manual de Redação Policial-Militar 79
Do Poder Judiciário
Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal;
Presidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça;
Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar;
Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral;
Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho;
Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais;
Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho;
Juízes e Desembargadores.
Do Ministério Público
Procuradores de Justiça;
Promotores de Justiça.
Obs.: 1. O item “Do Ministério Público” não consta no Manual da Presidência. Entendemos,
porém, que é necessária a sua menção, tendo em vista que o tratamento devido aos membros
do Ministério Público é o mesmo dispensado aos membros do Poder Judiciário.
Esse tratamento decorre da Lei Complementar Federal n.º 8625/93110 , em seu Capítulo VI
(Das garantias e prerrogativas dos membros do Ministério Público), in verbis:
2. Alguns dicionários admitem o emprego de Vossa Excelência 111 para coronéis (e não só
oficiais generais) e vereadores em geral (e não só o Presidente da Câmara).
109
Repare que os vereadores não recebem o tratamento de Vossa Excelência, salvo, especificamente, o
vereador Presidente da Câmara.
110
Tanto essa Lei quanto à Lei Complementar Estadual n.º 11/89 instituíram, em nível nacional e estadual,
as Leis Orgânicas do Ministério Público, mediante autorização dada pela atual Constituição Federal
brasileira, conforme o §5.º do art. 128.
111
Esse emprego é apenas uma questão doutrinária (cf. LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. 10. ed.
rev. e ampl. São Paulo, Ática, 1995. p. XII-XIII). Para que o seu uso fosse oficializado, necessária seria a
regulamentação por meio de norma técnica.
Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Estudandoas
V abreviaturas
112
Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Abreviaturas, símbolos e convenções cartográficas. Manual de
Campanha: Portaria n. 173-EME, de 29 de agosto de 1972. 1. ed. 1972. C 21-30.
113
Cf. BELTRÃO, op. cit., p. 358.
84 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
115
Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Abreviaturas, símbolos e convenções cartográficas, op. cit.,p. 2-1.
116
Cf. COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS, op. cit., p. 219.
Manual de Redação Policial-Militar 85
117
Cf. LUFT, Celso Pedro. Grande manual de ortografia Globo. 2. ed. Rio de janeiro, Globo, 1987. p. 209.
118
“Certas abreviaturas técnicas modernas têm ponto depois de vogal ou depois da primeira consoante de
encontro. Assim, ago. (agosto), Anu. (Anuário), Anún. (Anúncio), Ci. (Ciência), ci. (científico), Fáb. (Fábrica),
Téc. (Técnica), etc. – são abreviaturas fixadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT (Norma
83, 5, 52)”, in.: LUFT, loc.cit.
86 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
119
Pelo C 21-30, os termos técnicos dessas abreviaturas, relativas aos postos da Marinha brasileira, são: V
Alte (vice-almirante), C Alte (contra-almirante), CMG (capitão-de-mar-e-guerra), CF (capitão-de-fragata) e
CT (capitão-tenente); cf. BRASIL. Ministério do Exército. Abreviaturas, símbolos e convenções cartográficas,
op.cit.p.2-6.
120
O manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo apenas admite as formas a. C. e d. C.
121
Assim é a abreviatura de praça, no sentido toponímico.
Manual de Redação Policial-Militar 87
122
Segundo a ABNT, a abreviatura de página, tanto no singular quanto no plural, é p.
123
No dizer do manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo, “abreviaturas que se identificam
com siglas”.
124
Embora ainda exista divergência na doutrina, a maioria dos autores flexiona a sigla. Nesse sentido:
COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS, op. cit.; LUFT, op. cit.; O ESTADO DE
SÃO PAULO. Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo. Eduardo Martins. 3. ed. rev. e ampl. São
Paulo, Moderna, 1997. p. 23; BELTRÃO, op. cit., p. 65, etc. Em sentido contrário: BRASIL. Ministério do
Exército. Abreviaturas, símbolos e convenções cartográficas, loc. cit.; EMPRESA GRÁFICA DA BAHIA. Manual
de redação e revisão da EGBA. 2. ed. rev. e ampl. Salvador, s/d. p. 37.
125
Cf. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa.
3. ed. totalmente rev. e ampl. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. p. 1853.
88 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
126
Por sigla imprópria, temos, curiosamente, as palavras cadáver e larápio. Aquela, possivelmente, é originária
do latim caro data vermicus (carne dada aos vermes); esta, advém do nome de um certo pretor romano que,
no exercício de suas funções, de forma corrupta, favorecia a quem melhor lhe pagasse: Lucius Antonius
Rufus Appius, que assinava L.A.R.Appius (cf. BELTRÃO, op. cit., p. 68).
127
É a tendência moderna.
128
Constituem a reunião de elementos (iniciais, primeiras letras e sílabas) dos componentes de um nome,
com a intenção de formar uma palavra silabável (pronunciável), e deve ir, sempre, em caixa alta e baixa
(maiúsculas e minúsculas): Sudene, Varig, etc. São as siglas por extensão, propriamente ditas.
Manual de Redação Policial-Militar 89
129
Para melhores esclarecimentos, cf. O ESTADO DE SÃO PAULO, op. cit., p. 268.
130
A transformação da CiaPRv em Batalhão deu-se mediante o Decreto n.º 7.807, publicado no Diário
Oficial do Estado da Bahia n.º 17.398, a seguir transcrito, de 19 de maio de 2000 (observe, nesse excerto,
que as normas para a composição das siglas CiaPRv e BPRv foram perfeitamente observadas):
“Art. 1º - Fica transformada, na estrutura da Polícia Militar da Bahia, a Companhia de Polícia Rodoviária
– CiaPRv em Batalhão de Polícia Rodoviária – BPRv, com sede no Município de Salvador-BA, subordinado
ao Comando de Policiamento do Interior e com autonomia administrativa. (grifamos)
131
Cf. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA. Nota para BGO n. ACG/019/02/88. Recomenda o
uso das abreviaturas de órgãos da estrutura da PMBA. Boletim Geral Ostensivo, Salvador, 30:387-90, fev. 1988.
90 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Obs.: Como já analisamos anteriormente, os itens 1 e 2 do art. 48, por nós grifados, não
encontram fundamento na ortografia oficial.
132
Veremos, mais adiante, que o emprego de “as mesmas” não está correto; cf., no Capítulo VI: “Tira-
dúvidas de expressões castrenses”.
133
Nesse sentido: BELTRÃO, op. cit., p. 65; COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS,
op. cit., p. 57; em sentido contrário: LUFT, Celso Pedro, op. cit., p. 221, que admite as formas abreviadas
mai. (com o ponto) e mai (sem o ponto), embora fiquemos com a primeira corrente.
92 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
A grafia correta
Para grafarmos corretamente as horas, devemos seguir a regra abaixo,
muito empregada no meio jornalístico, a exemplo dos jornais A Tarde,
Folha de São Paulo, O Globo e Jornal do Brasil:
a. Nas horas cheias, escrevemos o algarismo seguido da palavra horas
por extenso: 2 horas, 8 horas, 13 horas, 20 horas. Repare que não se
acrescenta o zero à frente das horas com um só algarismo (9 horas e
não 09 horas).
Obs.: O manual de redação do jornal O Globo137 prefere a forma abreviada das horas: 2h, 8h,
13h, 20h (sem espaço entre o número e o símbolo), utilizando-se a forma por extenso quando
a indicação das horas for apenas aproximada: “O soldado chegou por volta das 13 horas”,
“Comunico a V. S.a que, às 15 horas, aproximadamente...”.
136
Num pequeno deslize, o Manual de Redação Forense (cf. RODRÍGUEZ, Victor Gabriel de Oliveira.
Manual de redação forense. 1. ed. Campinas, Editora Jurídica Mizuno, 2000, p. 182-3) apresentou as seguintes
frases: “O reclamante cumpre seu turno diariamente, das 08:00hs. às 17:00hs.” / “Às 13:00 horas saio
daqui e chego no fórum a tempo para a audiência.” (grifamos). Note que o símbolo de horas está no plural
e seguido por um ponto abreviativo, além de estarem as horas separadas por dois-pontos.
137
Cf. O GLOBO. Manual de redação e estilo. Organizado e editado por Luiz Garcia. 23. ed. São Paulo,
Globo, 1996. p. 64-5.
94 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
138
Nesse sentido, os jornais A Tarde, A Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, dentre outros; é o emprego
mais usual nos dias de hoje.
Manual de Redação Policial-Militar 95
Obs.: 1. Para as graduações de Aluno Sargento e Aluno Soldado, a Lei 7.145/97 139 refere-se
ao Aluno do Curso de Formação de Sargentos, aquela; e ao Aluno do Curso de Formação de
Soldados, esta. As suas respectivas abreviaturas, bem como a abreviatura de Aluno Oficial, não
constam no C 21-30.
2. A Lei em análise desconheceu a grafia correta dos vocábulos “tenente coronel” e “aspirante
a oficial”. Ambos são substantivos compostos, sendo grafados com o hífen: tenente-coronel e
aspirante-a-oficial140 .
139
Cf., nessa Lei, o art. 1º, II, “c” e “d”.
140
Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Abreviaturas, símbolos e convenções cartográficas, op. cit., p. 2-6.
141
Cf. nos arts. 3º e 4º desta Lei.
96 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
142
É importante frisar que Odacir Beltrão e Mariúsa Beltrão (cf. BELTRÃO, op. cit., p. 64), quando se
referem à maioria das abreviaturas de postos militares, grafam a inicial maiúscula, como, p. ex., Gen.
(general), Cel. (coronel), Maj. (major), Cap. (capitão), Ten. ou T.te (tenente).
Manual de Redação Policial-Militar 97
A
A., AA Adm. asp. ou asp.te
autor, autores Administração, aspirante
Administrador
abrev. ass.
abreviatura aj. ou aj. te assinado
ajudante
Ant.º Assist.
Antônio alem. Assistência
alemão
ap. ou apart. Assoc.
apartamento Alf. Associação
alfabeto; alferes
ar. at. te
árabe alm. atenciosamente
almirante; almude(s)
Arq. Av.
Arquivo(s) Alm. avenida
Almanaque(s) (toponimicamente)
art.
artigo; artilharia amer. Aviaç.
ou artilheiro americano Aviação
B
B. ou B.º bilh.e Bras.
beco bilhete Brasil
(toponimicamente)
bimens. brig. ro
el
B. bimensal brigadeiro
bacharel;
bimestr. btl.
éis
B. bimestral batalhão
bacharéis
BR
Bibl. Brasil
Biblioteca
bras.
Bibliogr. brasileiro ou brasileirismo
Bibliografia
98 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
C
C. cav. Col.o
Correio cavalaria Colégio
C. ou Calç. cav.o com.
calçada cavaleiro comandante;
(toponimicamente) comendador
C.ia ou Cia.
Caç. Companhia Comiss.
caçadores (comercial ou Comissão
(do Exército) militarmente)
comp.
c.-alm. Cid. companhia
contra-almirante Cidade (militarmente);
composto;
Câm. Cir.
Câmara Cirurgia compl.
complemento
Cap. Circ.
Capital Circular Comun.
Comunicações
cap., caps. civ.
capítulo, capítulos civil cond.
condicional; condutor
cap.-frag. Cl.
capitão-de-fragata Clérigo; Classe Conf.
Conferência
cap.-m.-g. Classif.
capitão-de-mar-e- Classificação Congr.
guerra Congresso
Clín.
cap.-ten. Clínica Cons.
capitão-tenente Conselho
clín.
Cart. clínico Corresp.
Cartografia Correspondência
Cód.
cat. Código Crít.
catálogo Crítica
Colet.
catól. Coletânea cump.to
católico cumprimento
Manual de Redação Policial-Militar 99
D
D. dipl. doc., docs.
Domingo; Diário; diploma documento,
Digno; Dom, Dona documentos
Dir.
déb. Direito Doç.
débito Documentação
Diret.
Dec. Diretoria Dr., Drs.
Decreto Doutor, Doutores
Diretr.
Dep. Diretrizes Dr.ª, Dr.as
Departamento Doutora, Doutoras
Dist.
desp. Distrito
despesa; desporto
Div.
dic. Divisão
dicionário
E
econ. Ens. etc.
econômico Ensaio; Ensino et cetera (e assim
por diante)
Educ. Esc.
Educação Escola evang.
evangélico
eletr. escol.
eletricista escolar ex.
exemplo(s)
Emp. Escr.
Empresa Escrita; Escritor; Exérc.
Escritura Exército
enf.
enfermeiro espec. Ext.
especial Exterior
Eng.
Engenharia; Est.
Engenheiro Estado; Estudo(s)
eng.º ou Eng. estrang.
engenheiro estrangeiro
100 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
F
f., fl. ou fol. Farm. Fin. (ABNT: finan.)
folha Farmácia, Farmacologia Finanças
fls. ou fols. Fed. folh.
folhas Federação folheto
Fáb. fed. for.
Fábrica federal forense
Fac. fem. fot.
Faculdade feminino fotógrafo, fotográfico
fam. Ferr.ª fs.
familiar Ferreira Fac-símile(s)
farm. ferrov. Func.
farmacêutico ferroviário Funcionário
G
g gír. Grafol.
grama(s) gíria Grafologia
g. ou gr. g.-m. Gram.
grau(s) guarda-marinha Gramática
g.de Gov. gram.
grande Governo gramatical
gen. gov.
general governamental
H
h herd.º Hosp.
hora(s) herdeiro Hospital
hab. hist.
habitante(s) histórico
Heráld. hon.
Heráldica honorário
Manual de Redação Policial-Militar 101
I
ib. ou ibid. industr. Invest.
ibidem (no mesmo industrial Investigação
lugar, na mesma hora)
inf. ip. lit.
id. infantaria, infante; ipsis litteris (letra por
idem (o mesmo, do infantil; infinitivo; letra, literalmente)
mesmo autor) informativo
ip. v.
i. é Inf. ipsis verbis (palavra
isto é Informação; por palavra,
Informador textualmente)
i. e.
id est (isto é) ingl. irreg.
inglês irregular
Impr. (ABNT)
Imprensa Inst. it. ou ital.
Instituição; Instituto italiano
indef.
indefinido int. il.
internacional ilustrações
J
J. Jorn. jur., juríd.
Jornal Jornalismo jurídico
jap. J.r ou J.or Jurispr.
japonês Júnior Jurisprudência
J.é Judic. Just.
José judiciário Justiça
J.º Jur.
João Jurisprudência
K
kg km/h K.O.
quilograma(s) quilômetro(s) knock-out
por hora (fora de combate)
km
quilômetro(s)
102 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
L
l legisl. loc. cit.
litro(s) legislativa loco citato (no lugar
citado)
l., l.º ou liv. Legisl.
livro Legislação; Legislatura Long.
longitude
L. Leit.
largo (toponicamente); Leitura Lt.da ou Ltda.
Leste limitada
lig.
Lab. ligação
Laboratório
ling.
L.da lingüístico, linguagem
Licenciada
Liv. (ABNT)
L. do Livraria
Licenciado
M
m méd.-vet. M.me
metro(s) médico-veterinário Madame
m. M.el Monit.
masculino; mês ou Manuel Monitor
meses; morreu
Mem. Monogr.
m ou min Memória; Memorial Monografia
minuto(s)
Memor. m.or
M.ª Memorando morador
Maria
mens. Mun.
Man. mensal Município
Manual
Mensag. Mus.
maq. Mensagem, Museu
maquinista Mensageiro
Mús.
Mar. MM. Música
Marinha meritíssimo
masc. Met.
masculino Meteorologia
méd Mét.
médico(s) Método
Manual de Redação Policial-Militar 103
N
n N.C. ou N/C Notic.
abrev. de número nesta capital ou Noticiário
natural nesta cidade
núm.
nac. neg. número
nacional negativo (em Gramática)
Náut. n.o
Náutica número
Naveg. Not.
Navegação Notícia(s)
O
obj. op. cit. opin.
objeto opus citatum opinião
(obra citada)
obs. ou Obs. Org.
observação oper. Organização
operação; operário
of. ou Of.
oficial; oferece(m)
P
p. ou pág. P.D. pess.
página; É errado pede deferimento pessoa, pessoal
abreviar pg., que vale
peq. p. ex.
por pago
pequeno por exemplo
P.
per. P.J.
praça
periódico pede justiça
(toponimicamente)
Per. a p.m.
P. ou P.e
Pereira post mortem (depois
Padre; PP. ou P.es =
da morte); post
Padres Pesq.
meridiem (depois do
Pesquisa
pal. meio-dia)
palavra(s)
104 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Q
q. ou q q.ta, q. to quinz.
que quanta, quanto quinzenal
q.m quadrim. quot.
quem quadrimestral quotidiano
q.do quart.
quando quarteirão
Q.G. Quest.
quartel-general Questionário;
Manual de Redação Policial-Militar 105
R
R. reg.o Res.
Rei; reprovado; réu registrado; Resenha; Resumo
(linguagem forense); regulamento
res.
Revista; rua
Regul. reserva (militarmente)
(toponimicamente)
Regulamento
Reun.
R.a
rel. Reunião
Rainha
relativo
Rev.
Radiogr.
Rel. Revista
Radiograma
Relação
Rodov.
rec.
Relat. Rodovia
receita
Relatório
rodov.
rec.o
Relig. rodoviário
recebido
Religião
(comercialmente) Rot.
Rem.te Roteiro
Recr.
Remetente
Recreação rubr.
rep. rubrica
ref.
reprovado
reformado; referente
(classificação escolar)
ou referido
Rep.
reg.
República
regimento; regional;
registro; regular Repart.
Repartição
S
s ou seg séc., sécs. Secret.
segundo(s) (Fís.) século, séculos Secretaria
sarg.-aj. ou sarg.-aj.te Secç. seg.
sargento-ajudante Secção seguinte; segs.
s:d. secr. ss.
sem data; sine die secretário seguintes
106 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
T
Téc. Territ. Trav. ou T.
Técnica Território travessa
téc. tes. trim.
técnico tesoureiro trimestre(s)
tel. test. trimestr.
telefone; telegrafista; testemunha (ABNT: trimest.)
telegrama Trab. trimestral
Telecom. Trabalho Tur.
Telecomunicações Tráf. Turismo
Telev. ou TV Tráfego
Televisão
Manual de Redação Policial-Militar 107
U
univ. Univ.
universitário; universal Universidade; Universo
V
V. ou V.a vesp. Vocab.
Vila vespertino Vocabulário
V.a vet. vs.
viúva veterinário versus (latim)
v.-alm. Viaç. v.v.o
vice-almirante Viação vide verso
Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Tira-dúvidas
V
I deexpressões
castrenses
143
Cf. ROCHA LIMA, op. cit., p. 92.
144
Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa: com numerosos exercícios.
22. ed. São Paulo, Nacional, 1981. p. 99.
112 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
145
Cf. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa.
3. ed. totalmente rev. e ampl. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. p. 1877. Nesse sentido, soldada significa
a quantia com que se paga o trabalho de criados, operários, etc.; salário de tripulante de embarcação
mercante; salário; recompensa, prêmio.
Manual de Redação Policial-Militar 113
146
Repare que tenente, major e cabo não sofrem flexão, constituindo-se substantivos comuns-de-dois.
147
Cf. o vocábulo capitoa em CEGALLA, op. cit., p. 83; RODRÍGUEZ, op. cit., p. 81.
148
O dicionário de jargões militares (elaborado pelo Cap Josemar) prevê as formas sargenta e soldada; cf.
CRUZ, Josemar Silva da. Do sordé ao coroné: dicionário (completamente fora de alinhamento e cobertura)
de termos e expressões afins usadas na caserna e na área. 1. ed. Salvador, Contraste Editora Gráfica, 1994.
p. 75 e 78.
149
Cf. SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 18. ed. reform. e atual. São Paulo,
Atual, 1994. p. 113-4
150
Cf. FERREIRA, op. cit. p. 409.
151
“Cargo policial-militar é um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a um
policial militar em serviço ativo.” (in.: ARANHA, op. cit., p. 37).
114 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Oficiala
Parece estranho, não é? Mas a grafia correta para o feminino de oficial é
oficiala152 , constante, inclusive, nos bons dicionários e nas boas gramáticas:
“Aquela garota quer ser oficiala.”
Observe que erramos freqüentemente a flexão desse substantivo em
virtude da forte influência da polícia americana.
“O praça” ou “a praça”?
A boa doutrina153 define o vocábulo praça, no referente à hierarquia militar,
como um substantivo de duplo gênero, de gênero vacilante, ou de gênero
incerto, i. é, ambos os gêneros masculino e feminino podem ser utilizados,
devido à sua vacilação no emprego; recomendando, no entanto, grafá-lo
no masculino: o praça.
Nesse sentido, entendemos que quando a palavra praça vier determinada,
melhor será empregá-la no masculino: “Aquele praça é um bom profissional.”;
quando, porém, designar uma coletividade, é facultado o seu emprego
no feminino, embora prefiramos o masculino: “Uns fugiam à prisão; outros
cuidavam em defender a casa, mas as praças, loucas de cólera,... iam
invadindo e quebrando tudo” (Aluísio Azevedo, O Cortiço, p.185)154 .
152
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1435; ROCHA LIMA, op. cit., p. 78; RODRÍGUEZ, op. cit., p. 83. Vale
dizer que o vocábulo oficiala, com muito boa técnica, é utilizado em alguns expedientes do Tribunal
Regional do Trabalho da 5ª Região, Vara Única de Eunápolis/BA, bem como nas certidões do Cartório do
Registro Civil das Pessoas Naturais, Comarca de Salvador/Subdistrito da Vitória; esse cartório, inclusive,
também emprega o termo suboficiala.
153
Cf. CUNHA, op. cit., p. 191; ROCHA LIMA, op. cit., p. 76; CEGALLA, op. cit., p. 84.
154
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1620.
155
Cf. CUNHA, op. cit., p. 190.
116 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
156
Luiz Antonio Sacconi (cf. SACCONI, op. cit., p. 124-5) não faz distinção entre as funções substantiva
e adjetiva, grafando sempre policial-militar (com hífen), o que discordamos. Nesse mesmo raciocínio, Sacconi
apresenta o termo policial-militares como o correto plural para ambas as funções (“os policial-militares”;
“barreiraspolicial-militares”).
157
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1527-96.
158
id. ibid., p. 1115 (cf. inquérito) e 1337 (cf. militar).
159
Cf. BAHIA. Constituição do Estado da Bahia. 1. ed. Salvador, Empresa Gráfica da Bahia, 1989. p. 21-2.
Manual de Redação Policial-Militar 117
“Carguear” o armamento
Não encontramos o vocábulo carguear em nenhum tipo de dicionário162 ,
seja o de sinônimos, ou de verbos e regimes, ou de lingüística, ou analógico
e de idéias afins, ou de qualquer outro tipo. Isto porque a palavra carguear,
filologicamente, não existe.
Em vez de carguear um armamento, prefira a forma carregar (ou fazer
carga de) um armamento. Carregar é o termo correto; advém do latim
160
Cf. BRASIL. Ministério do Exército. Abreviaturas, símbolos e convenções cartográficas, op. cit., p. 2-7.
161
Excerto extraído de artigo do prof. Pasquale Cipro Neto, o qual também não recomenda o uso de o
mesmo nesses casos.
162
Esse vocábulo aparece, no entanto, no dicionário de jargões militares. Cf. CRUZ, op. cit., p. 22 (cf.,
também, a errata).
118 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
163
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 415; FERNANDES, Francisco. Dicionário de verbos e regimes. 4. ed. Porto
Alegre, Globo, 1959. p. 137.
164
Cf. FERNANDES, op. cit., p. 51.
165
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 50.
166
ibid., p. 1907.
Manual de Redação Policial-Militar 119
“Destarte (outrossim)”, R E S O L V O:
“Destarte” e “outrossim” são expressões desgastadas pelo uso
indiscriminado. Evite-as sempre que puder, substituindo-as por “em face
de que”, “isto posto”, etc.
170
Cf. nos arts. 5º, III, 13, e 27, III, do Decreto n.º 7.796, de 28 de abril de 2000 (Aprova a Organização
Estrutural e Funcional da PMBA). Entendemos, todavia, que Corregedor Chefe deveria escrever-se com
hífen: Corregedor-Chefe.
171
Cf. FERNANDES, op. cit., p. 508.
172
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1734.
Manual de Redação Policial-Militar 121
Emprego da vírgula
Serve para marcar uma pequena pausa. Veja alguns casos em que ela
é empregada:
a. nas datas, separando o nome da localidade: “Salvador, 22 de abril de 1500.”
b. Depois do sim e do não, usados como resposta, no início da frase:
“Hoje você vai trabalhar?/ Não, vou trabalhar amanhã.”
c. Quando houver a elipse de um termo, i. é., a sua omissão – geralmente
um verbo: “Todos trabalharam cedo; ele, muito tarde.” (trabalhou).
d. Para separar termos de uma mesma função sintática, assindéticos:
“A operação contava com coronéis, capitães, tenentes, sargentos e
soldados.” (repare que a conjunção “e” substitui a vírgula entre os dois
últimos termos).
e. Para isolar o vocativo: “Capitão, capitão, que houve com a tropa?”.
f. Para isolar o aposto: “A PMBA, centenária milícia de bravos, vem passando
por uma fase de mudanças.”
g. Para isolar palavras e expressões explicativas, retificativas, corretivas,
conclusivas, continuativas, como: por exemplo, a saber, ou melhor, isto é,
aliás, além disso, então, digo, outrossim, com efeito, etc.
h. Para isolar certos predicativos: “Justamente ele, taciturno e circunspecto,
foi o escolhido.”
i. Para isolar o adjunto adverbial deslocado: “No começo da noite, a blitz
será iniciada.”
2. As orações coordenadas ligadas pela conjunção “e” são separadas por vírgula, quando os
sujeitos forem diferentes: “O clima ficou tenso, e o soldado ameaçou atirar.” (sujeitos: o clima
e o soldado).
3. Exceto a conjunção adversativa “mas”, a qual sempre vem no início da oração, as demais
adversativas (porém, contudo, entrementes, entretanto, todavia, etc.) podem também aparecer
no meio dela, sendo, pois, isoladas por vírgulas.
Emprego da crase
a. Antes de palavras femininas, expressa ou oculta, que seja acompanhada
de artigo: “O rapaz foi à sede da companhia prestar uma queixa.”
Obs.: Quando a palavra feminina não aceitar o artigo, não se usará crase. Esse fato se dá pela
própria natureza da palavra, ou quando ela já vier acompanhada por um determinativo
incompatível com o artigo: “Irei a Propriá brevemente.” (transformando-se a frase para: “Voltei
de Propriá.”, notamos que a preposição “de” não se contrai com o artigo “a”; portanto, por sua
natureza, Propriá não requer artigo.
Manual de Redação Policial-Militar 123
Os policiais militares
“reprimiram os manifestantes”. (errado)
Reprime-se a “atividade”, “a ação”, não aqueles que as praticam: “Os poli-
ciais militares reprimiram a atividade (ação) dos manifestantes.” (certo).
Nestequartel,nãoentrapolicial“apaisana173”. (errado)
A locução à paisana requer o acento grave, que é indicativo da crase:
“Neste quartel, não entra policial à paisana.” (certo).
Porque
É usado introduzindo uma resposta ou explicação: “Eu não fui promovido
porque ainda não completei o interstício.”
173
Cf. CRUZ, op. cit., p. 9. Esse dicionário grafa, erroneamente, a locução à paisana sem o acento.
174
id. ibid., p. 28. Também observamos que a palavra contracheque foi grafada, de forma incorreta, com o
hífen. Para saber mais, cf. o 5º caso do item 46 do Capítulo XII (“Formulário Ortográfico de 1943”).
175
Cf. BRASIL. Presidência da República, op. cit., p. 96.
176
Cf. a observação da 14a regra do item 43 do Capítulo XII.
126 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Porquê
Trata-se, na verdade, de um vocábulo substantivado, sinônimo de causa,
razão, motivo. Por ter função de substantivo, como já vimos (v. “O gênero
feminino dos postos e graduações policiais-militares”), vem precedido
por artigo: “Não entendi o porquê da sua não-promoção.” (o motivo da
sua não-promoção).
Por que
É empregado quando equivale a:
a. Pelo qual, pelos quais, pela qual, pelas quais: “São inúmeras as provas por
que passamos, até sermos promovidos.” (pelas quais passamos).
b. Motivo, razão e causa, nas frases interrogativas diretas e indiretas:
“Por que você não foi promovido? (interrogativa direta); “diga-me por
que você não foi promovido.” (interrogativa indireta).
Por quê
É interrogativo, sendo empregado sempre que vier imediatamente seguido
do sinal de interrogação (na interrogação direta), ou de ponto-final
(na interrogação indireta): “Você não foi promovido por quê?”
(interrogativa direta), “Você não foi promovido. Diga-me por quê.”
(interrogativa indireta).
177
Cf. FERNANDES, op. cit., p. 552.
178
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1655.
Manual de Redação Policial-Militar 127
179
Cf. ROCHA LIMA, op. cit., p. 87-8.
180
id. ibid., p. 76; cf., também, CUNHA, op. cit., . p. 191. Sacconi entende ser o vocábulo sentinela um
substantivo sobrecomum feminino (cf. SACCONI, op. cit., p. 115).
181
Cf. CUNHA, op. cit., p. 103-4.
128 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
182
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1877.
183
Cf. FERREIRA, loc. cit.
184
Costuma-se designar, na PMBA, a Corregedoria de Órgão Correcional. Atente-se, porém, que correcional
refere-se: 1. à correção; 2. ao tribunal em que se julgam, sem júri, causas criminas de menor importância;
3. a pena que se aplica a contravenções e delitos de pequena monta. Designa, também, a jurisdição de
tribunais correcionais (cf. FERREIRA, op. cit., p. 561).
185
Cf. KASPARY, Adalberto J. Habeas verba: português para juristas. 5. ed. rev. e ampl. Porto Alegre,
Livraria do Advogado, 1999, p. 62.
130 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
186
Cf. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, op. cit., p. 63:
“Art. 96. Compete privativamente:
I – aos Tribunais:
...........................................................................................................................................................
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados,
velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;” (grifamos)
187
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1110; FERNANDES, op. cit., p. 385.
188
Cf. FERREIRA, op. cit., p. 1699.
189
Cf. FERREIRA, loc. cit.
Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Expressões
VII Latinas
Sua utilização
Optamos por apresentar uma pequena lista de palavras e locuções latinas
mais usuais, tendo em vista que, no rol de atividades dos policiais militares
(notadamente os oficiais, subtenentes e sargentos), também há o encargo
de apurar ou participar da apuração de feitos investigatórios, como, p.
ex., sindicâncias e inquéritos policiais-militares.
Nesses procedimentos investigatórios, nos deparamos, às vezes, com
expressões em latim, cuja significação desconhecemos, ou mesmo neces-
sitamos de sua correta grafia, quando da confecção de um relatório ou
de um parecer, de forma a deixá-los o mais técnico possível.
Com aplicação vasta na área do Direito, essa lista tem justificável utilidade
para os componentes da Corregedoria da Polícia Militar, como também
para os integrantes das Corregedorias Setoriais das diversas OPMs e a
todos os demais, ligados à área jurídico-disciplinar.
Convém lembrar, no entanto, que o uso imoderado das expressões latinas
torna o texto obscuro, ininteligível. Por isso uti, non abuti. Lembre-se,
antes de usá-las, quem será o público alvo de sua mensagem; se possível,
aponha a tradução do excerto latino entre parênteses. Isso contribuirá
para a clareza da redação.
Não esqueça, também, de grifar as expressões. É uma forma de destacá-
las do corpo do texto e indicar que elas pertencem a outro idioma.
O destaque pode ser dado por meio de “aspas dúplices”, ou grafando-se
a palavra em negrito ou em itálico.
Nas páginas seguintes, a lista de expressões latinas mais usuais.
134 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
A Ad cautelam
Para cautela.
A contrario sensu
Ad corpus
Pela razão contrária, em sentido contrário.
Por inteiro.
A posteriori
Ad domum
Do que vem depois, para depois.
Em casa.
A priori
Ad exemplum
Do que vem antes, prova fundada na
Para exemplo.
razão e não na experiência.
Ad extrenum denique
A quo
Ao final.
De onde. Juiz ou Tribunal de instância
inferior de onde provém o processo; dia Ad hoc
ou turno inicial de um prazo (cf. ad quem). Substituição temporária para
o caso específico.
A rogo
A pedido de (assina a rogo pessoa Ad infinitum
autorizada em nome daquela que Infinitamente, até o fim dos tempos.
deveria, de fato, assinar). Ad libitum
Ab initio À vontatde.
Desde o começo. Ad litteram
Ab irato Conforme a letra, ao pé da letra.
No ímpeto da ira. Ad locum
Aberratio delicti De repente.
Erro na execução do crime. Ad mensuram
Aberratio ictus Por medida ou peso.
Erro de alvo, de golpe, de tino. Ad negotia
Aberratio rei Para os negócios. Diz-se de procuração
Erro de coisa. outorgada para a efetivação de negócio;
extrajudicial.
Abolitio criminis
Abolição do crime. Ad nutum
Demissível, não estável.
Accessorium sequitur principale
O acessório segue o principal. Ad perpetuam rei memoriam
Diligências requeridas e promovidas com
Acidente in itinere
caráter perpétuo, quando haja receio de
Aquele ocorrido no trajeto que o
que a prova possa desaparecer; para a
empregado utiliza para ir ao trabalho e voltar.
perpétua memória da coisa.
Actio arbitraria
Ad quem
Ação arbitrária.
Para quem. Juiz ou Tribunal de instância
Ad argumentadum tantum superior para onde se encaminha o
Apenas para argumentar. processo; dia ou termo final da
Ad causam contagem de um prazo (cf. a quo).
Para a causa.
Manual de Redação Policial-Militar 135
Ex abrupto F
De súbito.
Fac simile
Ex adverso Fazer coisa semelhante. Reprodução fiel
Do lado contrário. de um original.
Ex bona fide Facultas agendi
De boa-fé. Faculdade de agir.
Ex cathedra Fumus boni iuris
De cátedra. Fumaça (aparência) do bom direito.
Ex industria
De improviso. G
Ex inopinato Gratia argumentandi
Inopinadamente. Para argumentar.
Ex iure
Conforme o direito. H
Ex lege Habeas corpus
De acordo com a lei, por lei. Remédio jurídico para assegurar
Ex more liberdade de locomoção ou movimentar
De acordo com o costume, o corpo sem constrangimento jurídico.
conforme costume. Habeas data
Ex nunc Concede-se para obter informações
De agora. Que não retroage. atinentes à pessoa nos bancos de dados
e para a sua retificação.
Ex officio
De ofício (aquilo que é feito em razão Hic et nunc
da função ou do cargo). Aqui e agora, imediatamente.
Ex positis Homo sapiens
Do exposto. Homem como único animal
inteligente, racional.
Ex tunc
Desde então. Que retroage. Honoris causa
Por causa de honra. Título honorífico
Ex vi
universitário conferido em homenagem.
Por força; por determinação de; em
decorrência do que preceitua a lei.
I
Ex vi legis
Por efeito da lei. Id est
Isto é.
Exceptio non adimpleti contractus
Exceção do não-cumprimento Imperium
do contrato. Poder.
Extra petita In articulo mortis
Fora ou além do pedido. (cf. ultra petita No momento da morte.
e citra petita) In casu
No caso.
Manual de Redação Policial-Militar 139
L N
Lato sensu Neminem laedere
No sentido geral. A ninguém ofender.
Legitimatio ad causam Nihil obstat
Legitimação ou legitimidade para a causa. Nada obsta.
Legitimatio ad processum Nomen iuris
Legitimação ou legitimidade para o processo. Denominação legal.
Lex Non bis in idem
Lei. Não incidência de duas vezes sobre a
Libertas quae sera tamen mesma coisa.
Liberdade, ainda que tardia. Non dominus
Não dono.
M Norma agendi
Mala fide Norma de agir.
Por má-fé. Notitia criminis
Manu militari Notícia ou conhecimento do crime.
Com mão militar (com firmeza). Nula poena sine lege
Mens legis Não há pena sem lei.
Espírito da lei. Nullum crime sine lege
Não há crime sem lei.
Mens sana in corpore sano
Espírito sadio em corpo são. Numerus clausus
Meritum causae Número restrito.
Mérito da causa.
Modus acquirendi
O
Modo de adquirir. Obligatio dandi
Modus faciendi Obrigação de dar.
Modo de fazer. Obligatio faciendi
Modus operandi Obrigação de fazer.
Modo de trabalhar. Obligatio in solidum
Modus probandi Obrigação solidária.
Modo de provar. Obligatio non faciendi
Modus vivendi Obrigação de não fazer.
Modo de viver. Onus probandi
More uxorio Ônus da prova.
Concubinato. Oratio
Mutatis mutandis Oração, discurso.
Mude-se o que deve ser mudado.
Manual de Redação Policial-Militar 141
P Prima facie
À primeira vista.
Pacta sunt servanda
Os pactos (contratos) devem ser cumpridos. Pro forma
Por formalidade; para salvar aparências.
Pari passu
No mesmo passo. Pro labore
Pelo trabalho (remuneração que se dá
Passim pelo serviço prestado).
Aqui e ali, de todos os lados, sem ordem.
Pro lege vigilanda
Patria potestas Em vigilância da lei.
Pátrio poder.
Pro rata
Per capita Em proporção.
Por cabeça.
Pro soluto
Periculum in mora Para pagamento.
Perigo de mora (perigo da demora).
Pro solvendo
Permissa venia Para pagar; em pagamento.
Com o devido respeito.
Pro tempore
Persecutio criminis Temporariamente.
Persecução do crime.
Persona Q
Pessoa.
Quid juris?
Persona grata Qual a solução dada pelo Direito?
Pessoa bem aceita.
Quid pro quo
Persona non grata Equívoco, mal-entendido; uma coisa por
Pessoa não grata. outra (sua forma aportuguesada é
Petitum qüiprocó).
Pedido. Quo vadis?
Pleno iure Aonde vais?
Pleno direito. Quorum
Post mortem De quantos.
Depois da morte.
Post scriptum (P.S.) R
Depois do escrito. Ratione auctoritatis
Praeter legem Em razão da autoridade.
Fora da lei. Ratione legis
Presunção iuris et de iure Em razão da lei.
Presunção absoluta, não admite prova Ratione loci
em contrário. Em razão do lugar.
Presunção iuris tantum Ratione materiae
Presunção relativa, que admite prova Em razão da matéria.
em contrário.
142 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Secundum legem
Segundo a lei.
Manual de Redação Policial-Militar 143
U
Ubi societas, ibi ius
Onde (há) a sociedade, aí (há) o direito.
Ultimatum
Ultimato.
Ultra petita
Fora ou além do pedido; decisão que
vai além do teor do pedido (cf. citra
petita e extra petita).
Usque
Até.
Uti, non abuti
Usar, não abusar; use, não abuse.
V
Vacatio legis
Vacância da lei; período compreendido
entre a publicação e o início de vigência
da lei.
Veni, vidi, vici
Vim, vi e venci.
Verbi gratia (v.g.)
Por exemplo, a saber.
Verba legis
As palavras da lei.
Vice
Em lugar de.
Vox populi, vox Dei
A voz do povo é a voz de Deus.
144 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Expressões
VIII queconfundem
Em que consistem
Neste capítulo, apresentamos um rol de preciosidades da Língua
Portuguesa: são palavras e expressões que, por sua natureza, origem
etimológica ou pela freqüência com que são usadas, provocam dúvidas
quanto à correta grafia, à pronúncia, à concordância, enfim, à perfeita
adequação ao contexto frasal.
Compreendem o resultado de um criterioso trabalho de seleção de
expressões extraídas de grandes manuais de redação – devidamente
ajustadas aos objetivos deste trabalho –, dentre eles, o da Presidência da
República, do Estado de São Paulo, de O Globo, da Folha de São Paulo,
da Editora Abril, e da EGBA, além de outras palavras e expressões, fruto
da nossa vivência na área de revisão de textos.
Esses problemas sintáticos e ortográficos, como sabemos, já foram tratados
no Capítulo VI deste Manual (v. “ Tira-dúvidas de palavras e expressões
castrenses”), porém em menor extensão, em razão de serem específicos
à atividade policial-militar.
Não se esqueça: as expressões incorretas ou de uso pouco recomendável,
vistas a seguir, devem ser evitadas ao máximo, pois elas não se ajustam ao
princípio da redação oficial, anteriormente estudados (v. , no cap. II, “O texto”).
A lista de expressões
A / Há
A: quando significar tempo, refere-se ao futuro: “O novo comandante
chegará daqui a dois dias”; há: usamos quando nos referirmos a tempo
pretérito, podendo ser substituído por faz: “O comandante não vai ao
quartel há dias”.
A sargenta “deu à luz a” gêmeos (errado)
A expressão correta é somente dar à luz: “A sargenta deu à luz gêmeos”.
Não diga também: “deu a luz a gêmeos”, pois está igualmente errado.
À custa/as custas
À custa: é uma expressão invariável, salvo quando se referir a custas judiciais:
“Aquele homem vivia à custa do pai.”, “O réu foi obrigado a pagar as
custas processuais.”
148 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
A fim de/Afim
A fim de: é invariável, significando “com a finalidade de”, “com o objetivo
de”: “Os recrutas treinaram com muito garbo, a fim de serem liberados
mais cedo”; afim: é uma palavra variável, designando “afinidade”: “Os
bons policiais possuem conceitos afins”.
À medida que/na medida em que
À medida que: corresponde a uma locução proporcional (“à proporção
que”, “ao passo que”, “conforme”, etc.): “À medida que os policiais treinam,
mais preparados ficam”; na medida em que: corresponde a uma locução
causal (“em razão de que”, “uma vez que”, etc.): “Os policiais deixam de
treinar diariamente, na medida em que se tornam exímios atiradores”.
Evite expressões como “na medida que”, “à medida em que”, etc.
A ocorrência não tem nada “haver” com este fato
O correto é: “A ocorrência não tem nada a ver (ou nada que ver) com
este fato.
A par/a ponto
Ambas são locuções invariáveis: “O Comando ficou a par da situação”
(e não “ao par”); “Atirou tanto a ponto de ficar sem munição” (e não “ao
ponto”); ao par usa-se, financeiramente, para câmbio: “O real nunca mais
ficou ao par do dólar”.
A partir de
O mesmo que a começar de. Indica que um período ou prazo se inicia.
Não se diz, portanto, que algo se iniciará “a partir do próximo mês”, pois
é redundância. O certo é dizer-se que algo se iniciará no “próximo mês”.
A princípio
Significa “no início”. Convém não confundir com em princípio (que significa
“segundo os princípios”).
Aquele/aquela/aquilo
Referem-se: a) à pessoa de quem se fala: “Aquele é o tenente de quem
lhe falei.”; b) um afastamento remoto de tempo: “A PMBA foi criada
naquele ano de 1825, com a denominação de Corpo de Polícia”.
A temperatura baixou para zero “graus” (errado)
Zero refere-se a singular: zero grau, zero hora, etc.
Manual de Redação Policial-Militar 149
À toa/à-toa
À toa (sem o hífen) quer dizer em vão: “Disparou os tiros à toa, já que
não havia oponente.”; à-toa (com hífen) quer dizer sem valor: “Ele prestou
declarações à-toa, de forma que ninguém lhe deu ouvidos.” Algumas outras
locuções adverbiais, quando funcionam como substantivos ou adjetivos,
também passam a ser ligados por hífen, tais como: sem-cerimônia, à-vontade
e dia-a-dia.
Abordagem
Além da significação original (ato de encostar à borda ou abalroar
embarcação), significa, também, o ato de quem se aproxima de alguém
ou propõe tratar de algum assunto. Não empregue o vocábulo como
sinônimo de proposta ou sugestão: “Os recrutas fizeram ao instrutor uma
série de abordagens sobre o assunto.” (errado).
Acabar em
É o que acontece com um processo, um movimento, sendo diferente,
pois, de causar: “O uso imoderado de armas acabou em mortes.” (errado);
“O uso imoderado de armas causou mortes.” (certo).
Acender/ascender
Acender: atear (fogo), inflamar; ascender: subir, elevar.
Acento/assento
Acento: sinal gráfico, inflexão vocal: “Palavra sem acento”; assento: cadeira:
“Tomar assento num cargo”.
Acerca de/a cerca de/há cerca de
Acerca de: sobre, a respeito de: “Indagou acerca de sua promoção”; a
cerca de: a uma distância aproximada de: “O alvo localizava-se a cerca de
vinte metros do atirador.”; há cerca de: faz (indicação aproximada de
tempo): “Há cerca de treze anos, o capitão foi promovido.”
Aduzir/induzir
Aduzir: expor; induzir: sugerir, levar a.
Adiamento/adiar
Uma determinada data pode ser trocada por outra, porém só se adia o
evento propriamente dito; note que as datas não mudam de posição no
calendário: uma festa é adiada, e não a sua data, como, p. ex.: “a data da
festa foi adiada” (errado). A mesma regra vale para os prazos: eles podem
ser ampliados ou encurtados, mas nunca adiados.
150 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Adivinhar
Não se esqueça de que este vocábulo tem “i” em seguida do “d”.
Aids
Dizer que fulano pegou Aids é errado; diga que fulano pegou ou contraiu
o vírus da Aids”. Da mesma forma, é errado dizer que este ou aquele
teste detecta o vírus da Aids; o que ele faz é identificar o anticorpo
produzido pelo organismo para tentar combater o vírus.
Aleatório/alheatório
Aleatório: causal, fortuito, acidental; alheatório: que alheia, alienante, que
desvia ou perturba.
Alegado
Emprega-se este termo para referir-se a afirmações, argumentos, razões.
Quando se tratar de pessoas, objetos e lugares, a palavra é suposto.
Veja: “Os familiares da vítima não aceitaram a alegada inocência do
suposto assassino.”
Além/também
“Além da solenidade, também haverá o coquetel” é redundância. Cancele
o também: “Além da solenidade, haverá o coquetel.”
Algarismos
São símbolos empregados na representação de números. De zero a nove,
confundem-se: o algarismo sete representa o número sete. A partir de
dez, a diferença se torna clara: o número 94 é formado pelos algarismos
nove e quatro. Diz-se, p. ex., que uma placa de automóvel é formada por
três letras e quatro algarismos, não “quatro números”.
Alguns comandados “receiaram” cumprir a missão (errado)
A grafia correta é sem o “i”: “Alguns comandados recearam cumprir a
missão.” De igual modo: passeamos, cearam, etc.
Alternativa/opção/dilema
Alternativa: há apenas duas opções; opção: há duas ou mais escolhas; dilema:
há duas saídas, ambas difíceis ou penosas. Observe que não é correto
que se pergunte qual a alternativa correta, num universo de cinco, p. ex.;
o certo é perguntar qual a proposição correta, dentre as cinco
apresentadas. Bem assim, a expressão “outra alternativa” é redundante:
“Não restou outra alternativa.”(errado); “Não restou alternativa.” (certo).
Manual de Redação Policial-Militar 151
Através
De lado a lado, pelo meio de alguma coisa. Não se deve confundir com
por meio de, que significa “por intermédio de”, “mediante”, assim, não
diga: “O policial comunicou o fato através de ofício.” (errado).
Atravessar/percorrer
Atravessar: ir de um lado a outro; percorrer: ir de uma ponta a outra.
Atravessar a rua é mudar de calçada; percorrê-la é do começo ao fim.
Atuar/autuar
Atuar: agir; autuar: lavrar em auto, processar.
Auferir/aferir
Auferir: obter: “auferir lucros, vantagens”; aferir: avaliar, medir, conferir.
Avaliar
Cuidado, pois avaliar não é sinônimo de “escolher”, “concluir”
ou “comentar”. Não se diz: “O comandante avaliou que...”, e sim
“O comandante avaliou a situação e concluiu que...”.
Avocar/invocar/evocar
Avocar: atribuir-se, chamar: “Avocou a si o comando da tropa.”; invocar:
pedir, chamar: “No momento crucial, o soldado invocou a ajuda de Deus.”;
evocar: lembrar, invocar: “Evocou na homenagem o seu tempo de recruta.”
Barbado/barbudo
Barbado: aquele que usa barba ou que está com a barba por fazer;
barbudo: refere-se unicamente ao homem com muita barba. Logo, o
mais provável é encontrarmos um policial barbado (com a barba por
fazer) e não “barbudo”.
Bem/bom
Bem: É advérbio, invariável, pois; vindo ao lado de verbos, adjetivos e
outros advérbios; bom: adjetivo (variável); vem ao lado de nomes: “Um
bom soldado, que sabe atirar bem de pistola”.
Beneficência
É errada a grafia beneficiência; de igual forma, o correto é beneficente e
não beneficiente.
Biografia
Diz da história de uma vida. Constitui redundância falar em “narrativa da
biografia” ou em “biografia da vida”.
154 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Bimensal/bimestral
Bimensal: diz-se do evento que acontece ou aparece duas vezes por
mês; bimestral: é o intervalo de dois meses.
Blitz
Palavra alemã incorporada ao vocabulário português. Em razão de essa
palavra ter um plural em alemão pedante (“blitze”), recomendamos usar,
no plural, palavras nossas, como operações, incursões, diligências, etc.
Boicote/embargo
Boicote: é o ato de se recusar a procurar ou ter qualquer relação com alguém;
embargo: não deve ser confundido com boicote; constitui uma proibição.
Bomba de fabricação caseira
Clichê. Praticamente todas as bombas usadas em ilícitos são de
fabricação caseira.
Bugingangas (errado)
O certo: bugigangas.
Cabelereiro (errado)
O certo é cabeleireiro.
Cada
Pronome indefinido que deve ser usado em função adjetiva: “No con-
cernente aos policiais de trânsito, foram entregues um colete refletivo e
um apito a cada um.” (certo). Evite a construção coloquial: “... foram
entregues um colete refletivo e um apito a cada.” (errado).
Camioneiro (errado)
O certo é caminhoneiro; da mesma forma, diga caminhonete, palavra que
o uso manda preferir à variante camionete.
Carangueijo (errado)
A grafia correta é caranguejo.
Carrear/cariar/carear
Carrear: carregar; cariar: criar cárie; carear: atrair, ganhar.
Cassar/caçar
Cassar: tornar nulo ou sem efeito, suspender, invalidar; caçar: perseguir, procurar.
Causal/casual
Causal: relativo à causa; casual: fortuito, ocasional, aleatório.
Manual de Redação Policial-Militar 155
Com direito a
Clichê do tipo: “foi um roubo com direito a tiros e correria”. Também é
clichê a expressão: com tudo a que tem direito.
Complacência (certo)
“Complascência” (errado).
Comprou uma TV “a cores” (errado)
O correto é: “Comprou uma TV em cores.” (observe que não dizemos
TV a preto e branco). Da mesma forma: “Transmissão em cores”,
“desenho em cores.”
Comunicar
É o fato que é comunicado e não as pessoas; estas são informadas do
fato. É errado dizer que alguém “foi comunicado”.
Comprei “ele” para você (errado)
Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto, pois são pronomes
subjetivos (exercem função de sujeito): “Comprei-o para você.” (certo).
No mesmo sentido: “Deixe-os partir”, “mandou-nos dormir”, etc.
Comprometido
Preferível ao neologismo compromissado.
Consenso
Só pode ser usado quando indica consentimento da totalidade. Logo, é
redundante falar em “consenso geral”.
Conserto/concerto
Conserto: restauração, reparo; concerto: composição, combinação, acerto;
apresentação de orquestra.
Considerações
São reflexões, opiniões. Não se confundem com recomendações ou
propostas: “Fazer um considerando sobre determinado assunto.” (errado).
Considerar
Não use como sinônimo de afirmar, em situações como “Fulano considerou
o aumento ilegal”. O certo seria “Fulano considera o aumento ilegal.”.
O mesmo vale para o sinônimo acreditar.
Consta “que recusaram-se” a depor (errado)
“Consta que se recusaram a depor.” (certo). Independentemente de qual
função esteja exercendo, o “que” sempre atrairá o pronome oblíquo
Manual de Redação Policial-Militar 157
Desova
Em referência a cadáveres, é gíria e deve ser evitada tal acepção na
redação oficial.
Despacho
Em geral, é o ato administrativo ou a reunião do comandante, chefe,
diretor ou coordenador com o seu subordinado, para dar andamento às
atividades administrativas. Diz-se, comumente, que o servidor público
despacha com o seu superior. Quando, porém, não há relação hierárquica
entre visitante e visitado, a palavra é audiência.
Despensa/dispensa
Despensa: depósito de mantimentos; dispensa: liberação; demissão.
Dessecar/dissecar
Dessecar: enxugar, tornar seco; dissecar: análise com minúcias; dividir de
forma anatômica.
Destratar/distratar
Destratar: insultar; distratar: desfazer um trato.
Destruição
Via de regra, destruição não tem gradação: nada é muito ou pouco
destruído. Todavia, não é incorreto dizer que algo foi destruído de forma
parcial: trata-se da destruição de uma parte; é o mesmo que danificado.
Por outro lado, a forma redundante totalmente destruído é aceitável
quando há necessidade de enfatizar uma determinada ocorrência.
Desvendar
O mistério é desvendado (solucionado), e não a pessoa responsável por
ele. Não diga, pois, que o criminoso foi desvendado, mas que ele foi
identificado, sendo o seu nome revelado.
Diferir/deferir
Diferir: diferenciar, discordar; retardar, dilatar; deferir: conceder, atender.
Digladiar (certo)
“Degladiar” (errado).
Dignitário (certo)
“Dignatário” (errado).
Dilatar/delatar
Dilatar: alargar; adiar, diferir; delatar: denunciar, acusar, dedurar (gíria).
160 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Dinamite
Consiste no nome da substância; não faz plural.
Discrição
É a qualidade de quem é discreto. Discreção é um termo inexistente.
Disse tudo o que “quiz” (errado)
Não existe “z”, mas apenas “s”, nas pessoas de querer e pôr: quis, quisesse,
quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.
Divisa/fronteira/limites
Estados são separados por divisas; países são demarcados por fronteiras;
cidades têm limites.
Editar
Não empregue com o sentido de baixar ou assinar leis, decretos
regulamentos, etc., e sim, de publicar (livros, periódicos, etc.).
Ela é “de menor” (errado)
Esse “de” não existe: “Ela é menor.” (certo). Lembre-se de que o menor
compreende a criança (até doze anos incompletos) e o adolescente (de
doze a dezoito anos incompletos), nos termos do Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA).
Ela estava “meia” arrependida (errado)
Meio, funcionando como advérbio, não varia: “meio arrependida”, “meio
misteriosa”, etc. Quando, porém, significar metade (numeral fracionário),
sofre flexão no feminino: “Ela comeu meia maçã.” (metade de uma maçã).
Ela “mesmo” cometeu o crime (errado)
Mesmo, significando próprio, sofre variação: “Ela mesma (própria)
cometeu o crime.”
Ele é “um dos que cometeu” o crime (errado)
Um dos que faz a concordância no plural: “Ele foi um dos que cometeram o
crime.” (certo), ou seja, daqueles que cometeram o crime, ele foi um deles.
Ele “intermedia” a negociação com os seqüestradores (errado)
Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: “Ele intermedeia (ou medeia)
a negociação”. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma:
“Eles remedeiam”, “que eles anseiem”, “eu incendeio”.
Manual de Redação Policial-Militar 161
191
Para saber mais, consulte a observação da 7a regra do item 43 do Capítulo XII (v. “Formulário Ortográfico
de 1943”).
162 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Emigrante/imigrante
Emigrante: aquele que parte; imigrante: aquele que chega.
Eminente/iminente
Eminente: aquele que se destaca, sublime, notável; iminente: o que está
para acontecer a qualquer instante.
Empatar
“A e B empataram” é a forma mais imparcial. Se dissermos que “A empatou
com B”, estamos indiretamente sugerindo que A é mais importante para
quem está escrevendo ou para quem vai ler ou falar, assim: “O time do
Bahia empatou com o do Vitória.” (o Bahia é mais importante); “O time
do Vitória empatou com o time do Bahia.” (agora o Vitória é mais
importante). Portanto, para evitar confusão e desentendimentos
generalizados entre torcedores fanáticos, digamos: “O Bahia e o Vitória
empataram.” ou “O Vitória e o Bahia empataram.” Atenção: quem empata,
empata por e não, empata em: “O Bahia e o Vitória empataram por dois a
dois.” (certo); em contrapartida, jamais diga que “O Bahia e o Vitória
empataram em dois a dois.” (errado); ora, se o Bahia (ou o Vitória) venceu
por ou perdeu por, é evidente que ele também empatou por.
Empossar/empoçar
Empossar: tomar posse, dar posse a; empoçar: formar poça.
Encapuzado (certo)
“Encapuçado” (errado).
Encontrar
Quando se refere a alguma coisa móvel, encontrar é preferível a localizar
(que, geralmente, designa coisas imóveis). Assim: “O carro dos bandidos
foi encontrado, embora o seu esconderijo não tenha sido localizado”.
Enquanto
Consiste numa conjunção proporcional, equivalente a “ao passo que”, “à
medida que”, empregada em referência à passagem de tempo: “Uma
sentinela vigiava o quartel, enquanto a tropa dormia.” Evite a construção
coloquial enquanto (como modismo), no sentido de “sob o aspecto de”
ou “considerando”, como, p. ex.: “Os policiais militares, enquanto cidadãos,
merecem respeito e dignidade.” (errado).
Entre “eu” e você (errado)
Usamos os pronomes oblíquos tônicos “mim”e “ti” depois de preposição:
Manual de Redação Policial-Militar 163
Explodir
O que explode é a bomba, o artefato, não a pessoa que provoca a
explosão. Assim, é incorreta a frase: “O criminoso explodiu um carro”.
O correto é: “O terrorista fez explodir um carro.”
Extorquir
Muita atenção, pois o objeto de uma extorsão não é a sua vítima, e sim o
que alguém tentar tirar dela. Nesse sentido, não diga: “Ele extorquiu o
comerciante.” (errado); “Ele extorquiu tantos reais do comerciante.” (certo).
Extrato/estrato
Extrato: pagamento, cópia, resumo; aroma; coisa que se extraiu de outra;
estrato: as camadas das rochas estratificadas; tipo de nuvem.
Face a (errado)
“Em face de” (certo).
Familiar/parente
Familiar: o agregado ou amigo da família; parente: pessoa da família.
Fato “verídico” (errado)
Redundância, pois notícias e informações podem ser falsas; fatos são
sempre verídicos.
Fatos que “acontecem”
São aqueles imprevistos, surpreendentes, fortuitos. Desta forma, uma
operação policial que está devidamente marcada não “acontece”. Ela se
realiza. Só aconteceria se fosse casual e improvisada.
Favoreceu “ao” melhor soldado (errado)
Favorecer, nesse sentido, é transitivo direto, não aceitando preposição:
“Favoreceu o melhor soldado.”
Fax
É o meio, não a mensagem. Também não use no plural: “Joaquina enviava
vários textos por fax” (certo); “Joaquina enviava vários faxes.” (errado).
“Fazem” quatro anos de comando (errado)
Fazer, referindo-se a tempo, não sofre flexão, é impessoal: “Faz quatro
anos de comando.” (certo).
Ficar de fora
Prefira a expressão “ficar fora”.
166 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Filósofo
Qualifica o estudioso de filosofia, capaz de pensamento original, e não
quem apenas se formou em filosofia.
Fim de semana/final-de-semana
Fim de semana: é o final da semana; fim-de-semana: é descanso.
Fiquei fora de “si” (errado)
Se fiquei é um verbo flexionado na 1ª pessoa do singular, assim deve ser
o pronome oblíquo: “Fiquei fora de mim.” (certo).
Flagrante/fragrante
Flagrante: diz-se da pessoa que é presa durante ou logo após realização
de conduta criminosa; ardente; fragrante: que contém fragrância; cheiroso.
Fluorescente/florescente
Fluorescente: aquilo que possui propriedade de fluorescência; florescente:
que floresce; próspero.
Fórum
Tem o acento que não existe em quorum (fórum passou para o português
e quorum ainda é considerada palavra latina).
Fugiram todos, “posto que” a cela estava aberta (errado)
A locução conjuntiva posto que não tem sentido explicativo ou causal,
contrariando o que muitos pensam, e sim concessivo. Deve, pois, ser
utilizada no sentido de “embora”, “ainda que”, etc., e não no sentido de
“porque”, “já que”, “visto que”, “porquanto” e outros, pois só tem esse
sentido na língua espanhola: “Fugiram todos, já que a cela estava aberta.”
(certo); Os policiais militares, posto que (embora) preparados fisicamente,
suavam bastante.” 192 (certo).
Garantir
Afiançar, dar como certo. Usá-lo como sinônimo de “insistir” ou “jurar”,
não é conveniente, como, p. ex.: “Garantiu que não mais seria
indisciplinado.” (melhor não usar).
Garçom
Preferível a garçon e garção.
192
Para saber mais: KASPARI, op. cit., p. 181-3; RODRÍGUEZ, op. cit., p. 391-2.
Manual de Redação Policial-Militar 167
Gerar
Prefira não usar como sinônimo de “causar” e “produzir”. Empregue-o
para referir-se a reprodução das espécies e a atividade específica de
dínamos e motores.
Geminada/germinada
Casas são geminadas. Sementes são germinadas.
Grama
Significando peso, é substantivo masculino: “Comprei duzentos gramas
de café.”
Gravatas “cremes” (errado)
Os nomes de cor, quando expresso por um substantivo (creme, p. ex.),
não varia: “gravatas creme” (certo). No caso de adjetivo (azul, p. ex.), o
plural é o normal: “gravatas azuis” (certo).
Grupo de risco
No que se refere à Aids, esta não é uma expressão adequada; o certo é
comportamento de risco, pois o risco não está associado ao que a pessoa
é, mas ao que ela faz.
“Há” dez mil anos “atrás” (redundância)
Há e atrás são termos que indicam tempo pretérito na frase. Apenas é
necessário usarmos “há dez mil anos” ou “dez mil anos atrás”.
Honorabilidade/honradez
Honorabilidade: qualidade de quem é merecedor de honra; honradez:
honestidade.
Houve “superfaturamento” de “preços” (errado)
“Houve superfaturamento dos produtos.” (certo). Os preços podem ser
excessivos; ao que superfaturados são os produtos comprados. Bem assim,
não diga que o preço de um produto “passará a custar”, e sim que ele
passará a ser ou o produto passará a custar. Também não existem “preços
mais caros” ou “mais baratos”. Os produtos, sim, são mais caros ou mais
baratos; preços só podem ser mais altos ou mais baixos.
“Houveram” várias reclamações (errado)
Haver, no sentido de “existir”, é impessoal, não sofrendo flexão, tampouco
ao verbo auxiliar que o acompanha: “Houve várias reclamações.” / “Pode
haver mais reclamantes.” (frases corretas).
168 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Ilegal
É o ato, o comportamento, a situação; e não a pessoa ou a coisa. Logo, é
errado dizer que alguém “estava ilegal”. O mesmo vale para irregular.
Imitir/emitir
Imitir: entrar, investir; emitir: expedir, publicar.
Implosão
Explosão de fora para dentro.
Impugnar
Requerer a anulação de algo. Portanto, é redundante falar em “pedido
de impugnação” ou chamar de impugnação o ato de anulação.
Incêndio
Atinge uma casa, uma praça, uma vila, imóveis em geral; pessoas e objetos
não são incendiados, mas queimados.
Incerto/inserto
Incerto: duvidoso, indeterminado, variável; inserto: inserido, introduzido.
Incidente/acidente
Incidente: evento sem grandes proporções; acidente: desastre ou
acontecimento fortuito.
Incontinenti/incontinente
Incontinenti: imediatamente; incontinente: que não se contém; descontrolado.
Incrustar/encrostar
Incrustar: arraigar-se, revestir, cobrir de crosta; encrostar: criar crosta.
Independente/independentemente
Independente: adjetivo que se associa a um substantivo: “Aquele é um
oficial independente.”; independentemente: advérbio: “Atirou
independentemente de comando.”
Indicação
Ato anterior à nomeação; via de regra, quem indica, não nomeia e vice-
versa, haja vista que quem indica apenas propõe, e quem nomeia, decide.
Infarto
Também se emprega enfarte, mas não “enfarto”.
Inflação/infração
Inflação: aumento persistente de preços; ato de inflar; infração: ato ou
Manual de Redação Policial-Militar 169
Jus
“Fazer jus” é merecer. “Juz” é errado.
Justiçar
Em verdade, não significa “fazer justiça”, mas punir de forma extrema.
Sinônimo de linchamento.
“Justo” no dia do exame, ele se acidentou (errado)
Justo é adjetivo; a palavra correta é o advérbio justamente, que corresponde
a logo: “Justamente (logo) no dia do exame, ele se acidentou.”
Laudo
É o resultado de um exame. Portanto, é redundância dizer “resultado
do laudo”.
Líder
Tem sentido positivo esse vocábulo, o que recomenda não usá-lo para
designar elementos que comandam ações anti-sociais, como chefes de
quadrilhas de traficantes.
Liderança
Qualidade de quem lidera. Não use como substitutivo de líder: “quem
são as lideranças desse partido?” (errado); “Quem são os líderes desse
partido?” (certo).
Linchamento
Execução sumária, à margem de qualquer processo legal; ele não se
caracteriza sem a morte da vítima.
Listra/lista
Listra: risca de cor diferente num tecido; lista: relação.
Locador/locatário
Locador: que dá de aluguel, arrendador; locatário: inquilino.
Lustro/lustre
Lustro: qüinqüênio; polimento; lustre: brilho, fama; abajur.
“Luta corporal”
Clichê; prefira apenas luta ou briga.
Lute pelo “meio-ambiente” (errado)
Meio ambiente não tem hífen. O mesmo se diz para “hora extra”, “ponto de
vista”, “mala direta”, etc. Com o hífen, grafamos, entretanto, “mão-de-obra”,
“matéria-prima”, “infra-estrutura”, “primeira-dama”, “vale-refeição”, etc.
Manual de Redação Policial-Militar 171
Magistrado/magistral
Magistrado: juiz, desembargador, ministro; magistral: perfeito; relativo
a mestre.
Mal/mau
Mal: advérbio (não varia): “Garotas mal educadas” (para saber se é
advérbio, basta substituir por bem; mau: adjetivo (sofre variação; para
identificá-lo, substitua-o por bom): “Eles são maus meninos.”
Mandado/mandato
Mandado: ato de mandar; ordem escrita expedida por autoridade judicial
ou administrativa; mandato: procuração; delegação; autorização que alguém
confere a outrem para praticar atos em seu nome.
Manifestações “políticas-partidárias” (errado)
Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: “manifestações
político-partidárias” (certo). Nesse sentido, as expressões: “bandeiras verde-
amarelas”, “crises econômico-financeiras”, etc.
Massivo
Anglicismo. Em português, o vocábulo correto é maciço.
Maus-tratos (certo)
“Maltrato” (errado). Contudo, maltratado, do verbo maltratar, está correto.
Meteorologia (correto)
“Metereologia” (errado).
Militância
É o “ato de militar”; e não o conjunto ou coletivo de militantes.
Morador
Casas, ruas, bairros, cidades têm moradores. Estados, regiões, países,
continentes e corpos celestes em geral têm habitantes.
Morreu “por conta de” uma bala perdida193 (errado)
“Por conta de” não é sinônimo de por causa de: “Morreu por causa de
uma bala perdida.” (certo).
Mulher
Preferível a “esposa”. No entanto, preferira senhora sempre que, no
contexto, houver risco de ofensa ou desrespeito.
193
Cf., neste capítulo, “em função de”.
172 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
194
Para saber mais, consulte o Capítulo XII, em “Formulário Ortográfico de 1943”, na observação do item
26 e no item 31.
174 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Possuir
Palavra que é ligada à idéia de propriedade. Desta forma, não diga que
um objeto inanimado possui outro: “A casa possui dois quartos.” (errado).
Postar-se/prostrar-se
Postar-se: colocar-se; prostrar-se: humilhar-se, abater-se.
Prazeroso (certo)
“Prazeiroso” (errado).
Preceder/proceder
Preceder: anteceder; proceder: originar-se; executar.
Precursor/pioneiro
Precursor: aquele que abre caminho para que uma determinada atividade
se inicie; pioneiro: é um dos primeiros a percorrer o caminho aberto
pelo precursor.
Preferia sorrir “do que” chorar (errado)
Prefere-se sempre uma coisa a outra: “Preferia sorrir a chorar.” (certo). A
expressão “é preferível” segue a mesma norma: “É preferível sorrir a chorar.”
Presar/prezar
Presar: capturar, agarrar; prezar: respeitar, estimar, acatar.
Presidenciável
É aquele que “pode ser” candidato à presidência; quem “já é” candidato
não é mais chamado assim.
Previdência/providência
Previdência: qualidade de previdente, antevidência; instituição da Previdência
Social; providência: a suprema sabedoria, o próprio Deus; prudência; atitude.
Proeminente/preeminente
Proeminente: alto, saliente; preeminente: nobre, distinto.
Proposição/preposição
Proposição: ato de propor; sentença; afirmativa; preposição: ato de prepor,
preferência; palavra invariável que liga constituintes na frase.
Proscrever/prescrever
Proscrever: abolir, proibir; desterrar; prescrever: fixar limites, determinar;
perder efeito, anular-se.
Manual de Redação Policial-Militar 177
Tetraplégico/hemiplégico
Tetraplégico: quem não tem movimentos nos quatro membros; hemiplégico:
paralítico de um lado do corpo (o direito ou o esquerdo).
Tilintar/tiritar
Tilintar: soar; tiritar: tremer.
Toda/toda a
Toda cidade: quer dizer todas as cidades, qualquer cidade; toda a cidade: é
a cidade inteira.
Todos querem que a bomba “expluda” (errado)
Explodir só tem as pessoas em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode,
explodiam, etc. Assim sendo, jamais escreva ou fale “exploda” ou “expluda”,
etc. Repare que precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas.
Desta forma, não existem as formas “precavejo”, “precavém”,
“precavenho”, “precavenha”, etc.
Tosquiar (certo)
“Tosquear” (errado).
Traçar
Políticas e táticas são traçadas; alianças e pactos são feitos, costurados, armados.
Tráfego/tráfico
Tráfego: trânsito; tráfico: comércio ilícito.
Ultimato
Como a própria palavra indica, significa uma última ameaça, e não
qualquer ameaça.
Vaga-lume (certo)
“Vagalume” (errado).
Venha “por” a munição no revólver (errado)
O verbo pôr tem acento diferencial: “Venha pôr a munição no revólver.”
(certo). De igual forma: pôde (passado): pêlo e pêlos (cabelo, cabelos),
pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pólo e pólos. Todavia,
deixaram de ter o sinal: “ele”, “toda”, “ovo”, “selo”, “almoço”, dentre outros.
Vestiário/vestuário
Vestiário: guarda-roupa; local em que as roupas são trocadas; vestuário: as
roupas que são vestidas, traje.
Manual de Redação Policial-Militar 181
Exercitando
I
X osseus
conhecimentos
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
O exercício
Manual de Redação Policial-Militar 185
Apresentação
Depois de tudo que foi visto no decorrer desses nove capítulos, exercite
os seus conhecimentos, adquiridos pela leitura deste Manual,
transcrevendo para uma folha de papel em branco o texto a seguir, que
é uma história fictícia – representando uma comunicação firmada por
um policial militar, informando ao seu comandante que um determinado
soldado havia-se envolvido em uma ocorrência policial –, realizando as
necessárias correções dos erros que já foram por nós estudados. Atenção:
não leve em consideração a forma; apenas se preocupe com o conteúdo.
Para conferir os seus acertos, consulte o Capítulo XII (v. “Conferindo
o exercício”).
O exercício
Ilustríssimo Sr. Comandante,
Comunico à V.S.a , que envolveu-se em uma ocorrência policial, na
área de competência desse quartel, o SD PM 1a CL BELTRANO DE
TAL, Mat. N. 30.100.000-0, lotado no B P Gda, por volta das 22:54Hs do
dia 02 de Fevereiro de 2000.
No que pertine ao fato, a referida praça narrou que saíra do serviço
de rádio-patrulha às 00:00H do dia supra-citado, a paisana, depois de
receber o seu contra-cheque, deslocando-se a casa de seus pais, sem,
contudo, descarguear o revólver, as respectivas munições e o colete
refletivo, na sala de meios do BTL, haja visto o adiantado da hora e posto
que não dispunha de automóvel.
Contou que acordou cedo e foi a festa do Rio Vermelho levar alguns
presentes a Yemanjá e assistir o cortejo. Lá chegando, entusiasmou-se
com os festejos e com o empate de seu time em dois a dois, justo o que
precisava para sagrar-se campeão, começando a beber, até embreagar-se
completamente, às custas de uns amigos seus, os quais o mesmo sequer
cumprimentou eles.
Já era noite, quando houveram vários tumultos em torno de algumas
barracas próximas ao L. da Mariquita. Numa delas, estava o SD em
comento que, segundo ele, precisou deflagrar sua arma (a mesma que
não foi descargueada no BTL) por cinco vezes, afim de tentar reprimir
186 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Brevecomentário
X àcanção
ForçaInvicta
A canção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
O comentário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
Manual de Redação Policial-Militar 189
A canção
Canção da PM
Centenária milícia de bravos
Altaneira na fé e no ideal
Atravessaram da pátria as fronteiras
Tuas armas, tua glória, teu fanal
Força invicta da terra brasileira
Na Bahia irrompeu varonil
Desfraldando do império a bandeira
Das primeiras a surgir no Brasil.
O comentário
Analisando-se os pronomes possessivos grifados (teu, tua, teus, tuas),
podemos observar que a canção Força Invicta, da PM baiana, foi escrita
na segunda pessoa do singular (tu) – embora já tenhamos observado, em
algumas solenidades, que a tropa insiste em empregar os possessivos seu,
sua, seus, suas: “Suas armas, sua glória, seu fanal” (errado). Cuidado, não
incorra também nesse erro195 .
Entretanto, ainda que escrita a canção na segunda pessoa do singular,
também notamos que houve uma mudança de tratamento do sujeito
falante em relação ao ouvinte, ou seja, em duas passagens, o verbo está
empregado na segunda pessoa do plural, quando deveria estar flexionado
na segunda pessoa do singular: “Pelejastes no Brasil e no estrangeiro”
(vós pelejastes) / “Criada fostes com a emancipação” (vós fostes). A sintaxe
lógica exigiria as construções: “Pelejaste no Brasil e no estrangeiro” (tu
pelejaste) / “Criada foste com a emancipação” (tu foste).
Veja que na construção: “Ajudaste a edificar a nação.”, o verbo grifado já
está flexionado dentro dos cânones sintáticos (tu ajudaste). Com efeito,
para que os verbos permanecessem flexionados na segunda pessoa do
plural, os pronomes possessivos deveriam com estes concordar, grafando-
se, então: vosso, vossa, vossos, vossas.
Estamos diante de um caso de estilística sintática, i. é, um recurso menos
ajustado aos rigores sintáticos do que à eufonia e à afetividade traduzidas
num excerto poético. Rocha Lima196 nos traz um belo exemplo, extraído
do poema O Fantasma e a Canção, de Castro Alves, onde há alternância
dos tratamentos tu e vós. Aquele, representando a fala piedosamente
acolhedora; este, indicando mudança de comportamento do falante,
negando-lhe o pedido. Deste modo, o poeta emprega tu, quando o
fantasma se apresenta, humildemente, a pedir abrigo:
“– Mendigo, podes passar!” (tu podes)
Todavia, emprega vós, quando o fantasma – falando de seu passado – lhe
revela que já fora rei:
“ – Meu cajado – já foi cetro”,
Meus trapos – manto real!
– Senhor, minha casa é pobre...
Ide bater a um solar!” (vós ide).
195
Sobre o assunto, cf., no cap. VI, “Tira-dúvidas de palavras e expressões castrenses”.
196
Cf. ROCHA LIMA, op. cit., p. 488-9.
Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Conferindo
X
I oexercício
Como conferir
Basta verificar as expressões em negrito, as quais correspondem às
respostas do exercício apresentado no Capítulo IX (v. “Exercitando os
seus conhecimentos”).
A resposta do exercício
Senhor Comandante,
Comunico a V. S.a que se envolveu em uma ocorrência policial, na
área de competência deste quartel, o Sd 1a Cl PM BELTRANO DE TAL,
Mat. n.º 30.100.000-0, ora servindo no BPGd, por volta das 23 horas do
dia 2 de fevereiro de 2000.
Com relação ao fato, o referido praça narrou que saíra do serviço
de radiopatrulha à zero hora do dia supracitado, à paisana, depois de
receber o seu contracheque, deslocando-se à casa de seus pais, sem,
contudo, descarregar o revólver, a respectiva munição e o colete refletivo,
na sala de meios do btl., haja vista o adiantado da hora e porque não
dispunha de automóvel.
Contou que acordou cedo e foi à festa do Rio Vermelho levar alguns
presentes a Yemanjá e assistir ao cortejo. Lá chegando, entusiasmou-se
com os festejos e com o empate de seu time por dois a dois, justamente
o que precisava para sagrar-se campeão, começando a beber, até
embriagar-se completamente, à custa de uns amigos seus, os quais ele
nem sequer cumprimentou.
Já era noite, quando houve vários tumultos em torno de algumas
barracas próximas ao Largo da Mariquita. Numa delas, estava o soldado
em comento que, segundo ele, precisou disparar sua arma (a mesma
que não foi descarregada no btl.) por cinco vezes, a fim de tentar reprimir
a ação de cerca de dez homens que avançavam em sua direção e que
haviam tentado extorquir dinheiro do proprietário da barraca.
Não conseguindo atingir ninguém, em face de estar embriagado, e
evitando uma possível luta, o dito miliciano, não tendo alternativa,
adentrou-se no banheiro público, por meio de um atalho, para tentar
esconder-se, caindo e quebrando os óculos. Por causa do mau cheiro,
saiu e continuou a fuga, até que se deparou, a cerca de cem metros do
194 Gramática Aplicada à Redação Policial-Militar
Atenciosamente,
Textos Oficiais
TextosOficiais
XII (comanotaçõesdoautor)
O Presidente da República
O Presidente da República:
Alfabeto.
1.O alfabeto português consta fundamentalmente de vinte e três letras:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, x, z.
2. Além dessas letras, há três que só se podem usar em casos especiais: k, w, y.
K,W,Y.
3. O k é substituído por qu antes de e, i, e por c antes de outra qualquer
letra: breque, caqui, caulim, faquir, níquel, etc.
4. Emprega-se em abreviaturas e símbolos, bem como em palavras
estrangeiras de uso internacional: K. = potássio; Kr. = criptônio; kg =
quilograma; km = quilômetro; kw = quilowatt; kwh = quilowatt-hora; etc.
5. Os derivados portugueses de nomes próprios estrangeiros devem
escrever-se de acordo com as formas primitivas: frankliniano, kantismo,
kepleriano, perkinismo, etc.
6. O w substitui-se em palavras portuguesas ou aportuguesadas, por u ou
v, conforme o seu valor fonético: sanduíche, talvegue, visigodo, etc.
7. Como símbolo e abreviatura, usa-se em kw = quilowatt; W. = oeste ou
tungstênio; w = watt; ws = watt-segundo, etc.
8. Nos derivados vernáculos de nomes próprios estrangeiros, cumpre
adotar as formas que estão em harmonia com a primitiva: darwinismo,
wagneriano, zwinglianista, etc.
9. O y, que é substituído pelo i, ainda se emprega em abreviaturas e
como símbolo de alguns termos técnicos e científicos: Y = ítrio; yd =
jarda, etc.
10. Nos derivados de nomes próprios estrangeiros devem usar-se as
formas que se acham de conformidade com a primitiva; byroniano,
maynardina, taylorista, etc.
H.
11. Esta letra não é propriamente consoante, mas um símbolo que, em
razão da etimologia e da tradição escrita do nosso idioma, se conserva
no princípio de várias palavras e no fim de algumas interjeições: haver,
hélice, hidrogênio, hóstia, humildade; hã!, hem?, puh!; etc.
202 Textos Oficiais da Ortografia
Consoantes mudas.
16. Não se escrevem as consoantes que se não proferem: asma, assinatura,
ciência, diretor, ginásio, inibir, inovação, ofício, ótimo, salmo, e não asthma,
assignatura, sciencia, director gymnasio, inhibir, innovação officio, optimo, psalmo.
Observação – Escreve-se, porém, o s em palavras como descer, florescer, nascer, etc., e o x em
vocábulos como exceto, excerto, etc., apesar de nem sempre se pronunciarem essas consoantes.
SC.
19. Elimina-se o s do grupo inicial sc: celerado, cena, cenografia, ciência,
cientista, cindir, cintilar, ciografia, cisão, etc.
20. Os compostos dessa classe de vocábulos, quando formados em nossa
língua, são escritos sem o s antes do c: anticientífico, contracenar, encenação,
etc.; mas, quando vieram já formados para o vernáculo, conservam o s:
consciência, cônscio, imprescindível, insciente, inscio, multisciente, néscio,
presciência, prescindir, proscênio, rescindir, rescisão, etc.
Letras dobradas.
21. Escreve-se rr e ss quando, entre vogais, representam os sons simples
do r e s iniciais; e cc ou cç quando o primeiro soa distintamente do
segundo: carro, farra, massa, passo; convicção, occipital; etc.
22. Duplicam-se o r e o s todas as vezes que há um elemento de
composição terminado em vogal se segue, sem interposição do hífen,
palavra começada por uma daquelas letras: albirrosado, arritmia, altíssono,
derrogar, prerrogativa, pressentir, ressentimento, sacrossanto, etc.
Vogais nasais.
23. As vogais nasais são representadas no fim dos vocábulos por ã(ãs),
im(ins), om(nos), um(uns): afã, cãs, flautim, folhetins, semitom, tons, tutum,
zuzuns, etc.
24. O ã pode figurar a sílaba tônica, pretônica ou átona: ãatá, cristãmente,
maçã, órfã, romãzeira, etc.
25. Quando aquelas vogais são iniciais ou mediais, a nasalidade é expressa
por m antes de b e p, e por n antes de outra qualquer consoante:
ambos, campos; contudo, enfim, enquanto, homenzinho, nuvenzinha,
vintenzinho; etc.
Ditongos.
26. Os ditongos orais escrevem-se com a subjuntiva i ou u: aipo, cai,
cauto, degrau, dei, fazeis, idéia, mausoléu, neurose, retorquiu, rói, sois, sou,
souto, uivo, usufrui, etc.
204 Textos Oficiais da Ortografia
Observação. – Escrevem-se com i, e não com e, a forma verbal fui, a 2.ª e 3.ª pessoa do singular
do presente do indicativo e a 2.ª do singular do imperativo dos verbos terminados em uir: aflui,
fruis, retribuis, etc.198
Observação 5.ª - Com o ditongo nasal ãe se escrevem os vocábulos oxítonos e os seus derivados;
e os anoxítonos primitivos grafam-se com o ditongo ãi: capitães, mães, pãezinhos; cãibo, zãibo;
etc.
Observação 6.ª - O ditongo nasal ei(s) escreve-se em ou en(s) assim nos monossílabos como
nos polissílabos de qualquer categoria gramatical: bem, cem, convém, convéns, mantém, manténs,
nem, sem, virgem, virgens, voragem, voragens, etc.
Hiatos.
30. A 1.ª, 2.ª e 3.ª pessoa do singular do presente do conjuntivo e a 3.ª do
singular do imperativo dos verbos em oar escrevem-se com oe, e não oi:
abençoe, amaldições, perdoe, etc.
198
Sobre o assunto, cf., também, o Capítulo VIII, “Palavras que confundem”, na frase: “O policial militar
possue muita coragem”.
Manual de Redação Policial-Militar 205
199
Nos termos da NGB, significa subjuntivo.
200
O mesmo constante da nota n.º 3.
201
Cf. no Capítulo VIII: “Expressões que confundem”, no tópico referente à descrição/discrição.
206 Textos Oficiais da Ortografia
Observação 2.ª - No final de sílaba átona, seja no interior, seja no fim do vocábulo, emprega-se
o s em lugar do z; asteca, endes, mesquita, etc.
Observação – Quando tem esse valor, não será indicada a sua pronúncia entre parênteses.
Nomes próprios.
39. Os nomes próprios personativos, locativos e de qualquer natureza,
sendo portugueses ou aportuguesados, estão sujeitos às mesmas regras
estabelecidas para os nomes comuns.
40. Para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua
assinatura a forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia
original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem
inscritos em registro público.
41. Os topônimos de origem estrangeira devem ser usados com as formas
vernáculas de uso vulgar; e quando não têm formas vernáculas,
transcrevem-se consoante as normas estatuídas pela Conferência de
Geografia de 1926203 que não contrariarem os princípios estabelecidos
nestas Instruções.
42. Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração
alguma na sua grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso diuturno
dos brasileiros. Sirva de exemplo o topônimo “Bahia”, que conservará
esta forma quando se aplicar em referência ao Estado e à cidade que
têm esse nome.
Observação – Os compostos e derivados desses topônimos obedecerão às normas gerais do
vocábulo comum.204
203
Essa Conferência já foi citada no Capítulo V, “Regras para a correta composição das abreviaturas e siglas”.
204
Como exemplo, temos o vocábulo côco-da-baía (sem o h).
208 Textos Oficiais da Ortografia
Acentuação gráfica.
43. A fim de que a acentuação gráfica satisfaça às necessidades do ensino,
– precípuo escopo da simplificação e regularização da ortografia nacional
–, e permita que todas as palavras sejam lidas corretamente, estejam ou
não marcadas por sinal diacrítico, no Vocabulário será indicada, entre
parênteses, a sílaba ou a vogal tônica e o timbre desta em todos os
vocábulos cuja pronúncia possa dar azo a dúvidas.
A acentuação gráfica obedecerá às seguintes regras:
1.ª Assinalam-se com o acento agudo os vocábulos oxítonos que
terminam em a, e, o abertos, e com o acento circunflexo os que acabam
em e, o fechados, seguidos, ou não, de s: cajá, hás, jacaré, pés, seridó, sós;
dendê, lês, pôs, trisavô; etc.
Observação – Nesta regra se incluem as formas verbais em que, depois de a, e, o, se assimilaram
o r, o s e o z ao l do pronome lo, la, las, caindo depois o primeiro l: dá-lo, contá-la, fálo-á, fê-los,
movê-las-ia, pô-los, qué-los, sabê-lo-emos, trá-lo-ás, etc.
205
Vale dizer que performance não se acentua, embora seja uma palavra proparoxítona, por ser
um estrangeirismo.
Manual de Redação Policial-Militar 209
Observação 2.ª - A 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter, vir e seus
compostos recebe acento circunflexo no e da sílaba tônica: (eles) contêm, (elas) convêm, (eles)
têm, (elas) vêm, etc.207
Observação 3.ª - Conserva-se, por clareza gráfica, o acento circunflexo do singular crê, dê, lê, vê
no plural crêem, dêem, lêem, vêem e nos compostos desses verbos, como descrêem, desdêem,
relêem, revêem, etc.
206
Poderíamos dizer que haveria uma terceira observação para o outro caso em que não se acentuam o i e
o u tônicos precedidos de vogal. Seria, notadamente, nas seqüências ii e uu, como, p. ex., vadiice.
207
Cf., no cap. VIII, “Palavras que confundem”, referente à frase “Eles tem várias fardas guardadas”.
210 Textos Oficiais da Ortografia
Observação 2.ª - É lícito o emprego do trema quando se quer indicar que um encontro de
vogais não forma ditongo, mas hiato: saudade, vaidade (com quatro sílabas), etc.
208
O til só acumula a função de acento tônico quando em sílaba final de palavra: crista, cristã. Em exemplos
como mãozinha, percebemos que o til não funciona como acento tônico.
209
Consoante de ligação.
210
Essa regra é injustificável, em virtude de sabermos que em fim de frase tanto pode ocorrer porquê como
por quê, conforme estudamos no Capítulo VI, na parte respeitante ao emprego do porquê (v.
“Porque você não foi promovido?”).
Manual de Redação Policial-Militar 211
pron. as); pára (v.), cf. para (prep.); péla, pélas (s. f. e v.), cf. pela, pelas (agl.
da prep. per com o art. ou pron. la, las); pélo (v.), cf. pelo (agl. da prep. per
com o art. ou pron. lo); péra (el. do s. f. comp. péra-fita), cf. pera (prep.
ant.); pólo, pólos (s. m.), cf. polo, polos (agl. da prep. por com o art. ou pron.
lo, los); etc.
Observação – Não se acentua graficamente a terminação amos do pretérito perfeito do indicativo
dos verbos da 1.ª conjugação.
Apóstrofo:
44. Limita-se o emprego do apóstrofo aos seguintes casos:
1.º Indicar a supressão de uma letra ou letras no verso, por exigência da
metrificação: c’roa, esp’rança, of’recer, ’star, etc.
2.º Reproduzir certas pronúncias populares: ’tá, ’teve, etc.
3.º Indicar a supressão da vogal, já consagrada pelo uso, em certas palavras
compostas ligadas pela preposição de: copo-d’água (planta; lanche), galinha-
d’água, mãe-d’água, olho-d’água (árvore; ébrio), pau-d’alho, pau-d’arco, etc.
Observação – Restringindo-se o emprego do apóstrofo a esses casos, cumpre não se use dele
em nenhuma outra hipótese. Assim, não será empregado:
b. nas combinações dos pronomes pessoais: mo, ma, mos, mas, to, ta, tos, tas,
lho, lha, lhos, lhas, no-lo, no-la, no-lo, no-los, no-las, vo-lo, vo-la, vo-los, vo-las.
c. nas expressões vocabulares que se tornaram unidades fonéticas e
semânticas: dessarte, destarte, homessa, tarrenego, tesconjuro, vivalma, etc.
d. nas expressões de uso constante e geral na linguagem vulgar: co, coa,
ca, cos, cas, coas ( = com o, com a, com os, com as), plo, pla, plos, plas ( =
pelo, pela, pelos, pelas), pra ( = para), pro, pra, pros, pras ( = para o, para
a, para os, para as), etc.
Hífen.
45. Só se ligam por hífen os elementos das palavras compostas em que
se mantém a noção da composição, isto é, os elementos das palavras
compostas que mantêm a sua independência fonética, conservando cada
um a sua própria acentuação, porém formando o conjunto perfeita
unidade de sentido.
46. Dentro desse princípio, deve-se empregar o hífen nos seguintes casos:
1.º Nas palavras compostas em que os elementos, com a sua acentuação
própria, não conservam, considerados isoladamente, a sua significação,
mas o conjunto constitui uma unidade semântica: água-marinha, arco-íris,
galinha-d’água, couve-flor, guarda-pó, pé-de-meia (mealheirio, pecúlio), pára-
choque, porta-chapéus, etc.
Observação 1.ª - Incluem-se nesta norma os compostos em que figuram elementos
foneticamente reduzidos: bel-prazer, és-sueste, mal-pecado, su-sueste, etc.
Observação 2.ª - O antigo artigo el, sem embargo de haver perdido o seu primitivo sentido e
não ter vida à parte na língua, une-se por hífen ao substantivo rei, por ter este elemento
evidência semântica.
Observação 3.ª - Quando se perde a noção do composto, quase sempre em razão de um dos
elementos não ter vida própria na língua, não se escreve com hífen, mas aglutinadamente:
abrolhos, bancarrota, fidalgo, vinagre, etc.
Observação 4.ª - Como as locuções não têm unidade de sentido, os seus elementos não
devem ser unidos por hífen, seja qual for a categoria gramatical a que elas pertençam. Assim,
escreve-se, v. g., vós outros (locução pronominal), a desoras (locução adverbial), a fim de (locução
prepositiva), contanto que (locução conjuntiva), porque essas combinações vocabulares não
são verdadeiros compostos, não formam perfeitas unidades semânticas. Quando, porém, as
locuções se tornam unidades fonéticas, devem ser escritas numa só palavra: acerca (adv.),
afinal, apesar, debaixo, decerto, defronte, depressa, devagar, deveras, resvés, etc.
Manual de Redação Policial-Militar 213
4.º Nos vocábulos formados por sufixos que representam formas adjetivas,
como açu, guaçu e mirim, quando o exige a pronúncia e quando o primeiro
elemento acaba em vogal acentuada graficamente: andá-açu, amoré-guaçu,
anajá-mirim, capim-açu, etc.
5.º Nos vocábulos formados pelos prefixos:
a. auto, contra211, extra, infra, intra, neo, proto, pseudo, semi e ultra, quando se
lhes seguem palavras começadas por vogal, h, r ou s: auto-educação, contra-
almirante, extra-oficial, infra-hepático, intra-ocular, neo-republicano, proto-
revolucionário, pseudo-revelação, semi-selvagem, ultra-sensível, etc.
Observação – A única exceção a esta regra é a palavra extraordinário, que já está consagrada
pelo uso.
211
Cf. o Capítulo VI (“Será que já chegaram os contra-cheques?”).
212
Também o prefixo entre.
214 Textos Oficiais da Ortografia
Divisão silábica.
47. A divisão de qualquer vocábulo, assinada pelo hífen, em regra se faz
pela soletração, e não pelos seus elementos constitutivos segundo
a etimologia.
48. Fundadas neste princípio geral, cumpre respeitar as seguintes normas:
1.ª A consoante inicial não seguida de vogal permanece na sílaba que a
segue: cni-do-se, dze-ta, gno-ma, mne-mô-ni-ca, pneu-má-ti-co, etc.
2.ª No interior do vocábulo, sempre se conserva na sílaba que a precede
a consoante não seguida de vogal: ab-di-car, ac-ne, bet-sa-mi-ta, daf-ne,
drac-ma, ét-ni-co, nup-ci-al, ob-fir-mar, op-ção, sig-ma-tis-mo, sub-por,
sub-ju-gar, etc.
213
Cf. o Capítulo VI (“O supra-citado PM”).
214
Faltaram os prefixos hiper e inter.
Manual de Redação Policial-Militar 215
5.ª O s dos prefixos bis, cis, des, dis, trans e o x do prefixo ex não se
separam quando a sílaba seguinte começa por consoante; mas, se principia
por vogal, formam sílaba com esta e separam-se do elemento prefixal:
bis-ne-to, cis-pla-ti-no, des-li-gar, dis-tra-ção, trans-por-tar, ex-tra-ir; bi-sa-vô,
ci-san-di-no, de-ses-pe-rar, di-sen-té-ri-co, tran-sa-tlân-ti-co, e-xér-ci-to; etc.
6.ª As vogais idênticas e as letras cc, cç, rr e ss separam-se, ficando uma
na sílaba que as precede, e outra na sílaba seguinte: ca-a-tin-ga, co-or-
de-nar, du-ún-vi-ro, fri-ís-si-mo, ge-e-na, in-te-lec-ção, oc-ci-pi-tal, pror-ro-
gar, res-sur-gir, etc.
Observação – As vogais de hiatos, ainda que diferentes uma da outra, também se separam: a-
ta-ú-de, cai-ais, ca-í-eis, ca-ir, do-er, du-e-lo, fi-el, flu-iu, fru-ir, gra-ú-na, je-su-í-ta, le-al, mi-ú-do, po-ei-ra,
ra-i-nha, sa-ú-de, vi-ví-eis, vo-ar, etc.
215
O mesmo que dígrafos.
216 Textos Oficiais da Ortografia
216
A forma correta é sem hífen: Via Láctea.
217
Como anteriormente dito, o ponto-e-vírgula não é coerente. Melhor seria empregar a vírgula.
Manual de Redação Policial-Militar 217
4.º Nos nomes de vias e lugares públicos: Avenida de Rio Branco, Beco do
Carmo, Largo da Carioca, Praia do Flamengo, Praça da Bandeira, Rua Larga,
Rua do Ouvidor, Terreiro de São Francisco, Travessa do Comércio, etc.
5.º Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos ou
nacionalistas: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Nação, Estado,
Pátria, Raça, etc.
Observação – Esses nomes se escrevem com inicial minúscula quando são empregados em
sentido geral ou indeterminado.
6.º Nos nomes que designam artes, ciências ou disciplinas, bem como
nos que sintetizam, em sentido elevado, as manifestações do engenho e
do saber: Agricultura, Arquitetura, Educação Física, Filologia Portuguesa, Direito,
Medicina, Engenharia, História do Brasil, Geografia, Matemática, Pintura, Arte,
Ciência, Cultura, etc.
Observação – Os nomes idioma, idioma pátrio, língua, língua portuguesa, vernáculo e outros
análogos escrevem-se com inicial maiúscula quando empregados com especial relevo.
7.º Nos nomes que designam altos cargos, dignidade ou postos: Papa,
Cardeal, Arcebispo, Bispo, Patriarca, Vigário, Vigário-Geral, Presidente da
República, Ministro da Educação, Governador do Estado, Embaixador,
Almirantado, Secretário de Estado, etc.220
8.º Nos nomes de repartições, corporações ou agremiações, edifícios e
estabelecimentos públicos ou particulares: Diretoria Geral do Ensino,
Inspetoria do Ensino Superior, Ministério das Relações Exteriores, Academia
Paranaense de Letras, Círculo de Estudos “Bandeirantes”, Presidência da
República, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Tesouro do Estado,
Departamento Administrativo do Serviço Público, Banco do Brasil, Imprensa
Nacional, Teatro de São José, Tipografia Rolandiana, etc.
218
A boa forma é com g e não j, como grafado no corpo do texto: hégira.
219
Cf. o tópico, no cap. II, “O local e a data”.
220
Na prática, nos grandes jornais e revistas do país, a designação das profissões e dos ocupantes de
cargos, ao revés das suas respectivas instituições, vem em minúsculas. Assim teríamos: presidente do Brasil,
secretária da Segurança Pública, comandante-geral (com o hífen) da Polícia Militar, etc. Cf. O ESTADO DE
SÃO PAULO, op. cit., p. 171.
218 Textos Oficiais da Ortografia
13.º Nos nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos
do Oriente; o falar do Norte é diferente do falar do Sul; a guerra do
Ocidente; etc.
221
Inobstante a existência dessa regra, é muito comum encontrarmos, principalmente na Bahia, os vocábulos
carnaval e micareta grafados com a inicial maiúscula. Nesse sentido, Celso Cunha também faz uso da
maiúscula (cf.: CUNHA, op. cit., p. 213).
222
Daí porque preferimos, nos expedientes, escrever Capital com maiúscula inicial.
223
Não se justifica essa grafia. O correto é Decreto-Lei (com l maiúsculo), pois nas composições hifenizadas
os elementos possuem independência gráfica, mórfica e fonética. Repare que o próprio texto da lei se
referira, acertadamente, a Capitão-de-Mar-e-Guerra (v. observação do item 14).
Manual de Redação Policial-Militar 219
Observação – Os nomes dos pontos cardeais escrevem-se com inicial minúscula quando designam
direções ou limites geográficos: Percorrí224 o país de norte a sul e de leste a oeste.
Sinais de pontuação.
50. Aspas.
Quando a pausa coincide com o final da expressão ou sentença que se
acha entre aspas, coloca-se o competente sinal de pontuação depois
delas, se encerram apenas uma parte da proposição; quando porém, as
aspas abrangem todo o período, sentença, frase ou expressão, a respectiva
notação fica abrangida por elas:
“Aí temos a lei”, dizia Florentino.
“Mas quem as há de segurar? Ninguém.” (Rui Barbosa.)
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!”
“Por que não nasci eu um simples vaga-lume?” (Machado de Assis.)
224
Foi erroneamente grafado (lapso de revisão) com o acento, o certo é percorri.
225
Conforme já dito, essa expressão foi abolida, nas correspondências oficiais, pelo Manual de Redação
da Presidência da República (cf., no cap. IV, “As formas de tratamento”).
220 Textos Oficiais da Ortografia
51. Parênteses.
Quando uma pausa coincide com o início da construção parentética, o
respectivo sinal de pontuação deve ficar depois dos parênteses; mas,
estando a proposição ou a frase inteira encerrada pelos parênteses, dentro
deles se põe a competente notação:
“Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que seja,
convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão frívolo,
tão exterior, tão carnal, quanto se cuida.” (Rui Barbosa.)
“A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que se
tem inventado para a divulgação do pensamento.” – “(Carta inserta
nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I.)” (Carlos de Laet.)
52. Travessão
Emprega-se o travessão, e não hífen, para ligar palavras ou grupos de
palavras que formam, pelo assim dizer, uma cadeia na frase: O trajeto
Mauá – Cascadura; a estrada de ferro Rio – Petrópolis; a linha aérea Brasil
– Argentina; o percurso Barcas – Tijuca; etc.
53. Ponto final.
Quando o período, oração ou frase termina por abreviatura, não se
coloca o ponto final adiante do ponto abreviativo, pois este, quando
coincide com aquele, tem dupla serventia. Ex.: “O ponto abreviativo
põe-se depois das palavras indicadas abreviadamente por suas iniciais
ou por algumas das letras com que se representam: v. g.: V. S.ª; Il. mo 226 ;
Ex.ª; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro.)
226
id.ibid.
Manual de Redação Policial-Militar 221
Bibliografia
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CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa:
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222 Bibliografia