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caderno d e
QUESTÕES
1.000
QUESTÕES PARA
PM-BA SOLDADO
NV-LV073-22-1000-QUESTOES-PM-BA-SOLD
Cód.: 7908428803339
Obra Organização
Diagramação
Higor Moreira
Disciplinas
Willian Lopes
PORTUGUÊS • 208 Questões
Capa
HISTÓRIA DO BRASIL • 80 Questões
Joel Ferreira dos Santos
GEOGRAFIA DO BRASIL • 18 Questões
Projeto Gráfico
MATEMÁTICA • 180 Questões
Daniela Jardim & Rene Bueno
INFORMÁTICA • 180 Questões
Data da Publicação
Outubro/2022
Pensando nisso, a série Caderno de Questões apresenta 1.000 questões da banca FCC, trazendo
questões atualizadas, organizadas em disciplinas de acordo com os assuntos cobradas pelo Edital
SAEB/05/2022, de 27 de Setembro de 2022. Neste material, você encontra ainda o gabarito oficial ao
final de cada disciplina, para conferir suas resoluções.
SUMÁRIO
PORTUGUÊS ...................................................................................................................11
Æ ORTOGRAFIA - CASOS GERAIS E EMPREGO DAS LETRAS...................................................................................... 11
Æ ACENTUAÇÃO................................................................................................................................................................ 11
Æ SUBSTANTIVO............................................................................................................................................................... 11
Æ ADJETIVO........................................................................................................................................................................ 13
Æ CONJUGAÇÃO, RECONHECIMENTO E EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS....................................14
Æ CORRELAÇÃO VERBAL................................................................................................................................................. 26
Æ LOCUÇÃO VERBAL........................................................................................................................................................ 29
Æ PRONOMES PESSOAIS................................................................................................................................................. 32
Æ PRONOMES RELATIVOS.............................................................................................................................................. 33
Æ PREPOSIÇÃO.................................................................................................................................................................. 37
Æ CONJUNÇÃO.................................................................................................................................................................. 38
Æ INTERJEIÇÃO.................................................................................................................................................................. 41
Æ SIGNIFICAÇÃO DE VOCÁBULO E EXPRESSÕES........................................................................................................ 41
Æ FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO....................................................................................................................................... 48
Æ PONTUAÇÃO (PONTO, VÍRGULA, TRAVESSÃO, ASPAS, PARÊNTESES ETC.)...................................................... 49
Æ REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CASOS GERAIS)................................................................................................... 56
Æ CRASE.............................................................................................................................................................................. 59
Æ INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (COMPREENSÃO)..................................................................................................... 64
Æ TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL................................................................................................................................ 78
MATEMÁTICA.............................................................................................................. 109
Æ DEFINIÇÃO, SUBCONJUNTOS, INCLUSÃO E PERTINÊNCIA, OPERAÇÕES, CONJUNTO DAS PARTES.......... 109
Æ NÚMEROS DE ELEMENTO DA UNIÃO, DA INTERSECÇÃO, DO COMPLEMENTO E DA DIFERENÇA ........... 109
Æ NÚMEROS NATURAIS: INTRODUÇÃO, REPRESENTAÇÃO, PROPRIEDADES ................................................... 111
Æ ADIÇÃO, SUBTRÇÃO, MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO DE NÚMEROS NATURAIS ............................................... 111
Æ DIVISIBILIDADE, NÚMEROS PRIMOS, FATORES PRIMOS, DIVISOR E MÚLTIPLO COMUM (MMC).............. 114
Æ FRAÇÕES E DÍZIMAS PERIÓDICAS............................................................................................................................ 116
Æ OPERAÇÕES COM NÚMEROS DECIMAIS................................................................................................................ 118
Æ RADICIAÇÃO E POTENCIAÇÃO................................................................................................................................. 119
Æ ANÁLISE COMBINATÓRIA (PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM, ARRANJOS, COMBINAÇÕES,
PERMUTAÇÕES).......................................................................................................................................................... 119
Æ EQUAÇÕES DE PRIMEIRO GRAU.............................................................................................................................. 120
Æ EQUAÇÕES DE SEGUNDO GRAU E EQUAÇÕES BIQUADRADAS........................................................................ 125
Æ EQUAÇÕES EXPONENCIAIS...................................................................................................................................... 126
Æ SISTEMAS LINEARES................................................................................................................................................... 126
Æ POLINÔMIOS E EQUAÇÕES POLINOMIAIS. EXPANSÃO DE BINÔMIOS. TRIÂNGULO DE PASCAL............. 127
Æ CONGRUÊNCIA E SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS. RAZÃO DE SEMELHANÇA............................................... 127
Æ ÁREA E PERÍMETRO DO TRIÂNGULO...................................................................................................................... 128
Æ QUADRILÁTEROS (PROPRIEDADES, ÁREA, PERÍMETRO, SOMA DOS ÂNGULOS, ETC).................................. 129
Æ POLÍGONOS REGULARES (MEDIDA DO LADO, DIAGONAL, APÓTEMA E ÁREA; ÂNGULO INTERNO)........ 130
Æ GEOMETRIA ESPACIAL............................................................................................................................................... 130
Æ GEOMETRIA ANALÍTICA ............................................................................................................................................ 132
INFORMÁTICA.............................................................................................................135
Æ CONCEITOS GERAIS DE INFORMÁTICA E INTRODUÇÃO.................................................................................... 135
Æ WINDOWS 7................................................................................................................................................................. 136
Æ WINDOWS 10............................................................................................................................................................... 138
Æ LINUX / UNIX............................................................................................................................................................... 142
Æ WORD 2010.................................................................................................................................................................. 143
Æ WORD 2013.................................................................................................................................................................. 145
Æ WORD 2016.................................................................................................................................................................. 146
Æ WORD 2019.........................................................................................................................................................147
Æ EXCEL 2010................................................................................................................................................................... 147
Æ EXCEL 2013................................................................................................................................................................... 152
Æ EXCEL 2016................................................................................................................................................................... 157
Æ EXCEL 2019................................................................................................................................................................... 158
Æ POWERPOINT 2010.................................................................................................................................................... 158
Æ POWERPOINT 2013.................................................................................................................................................... 159
Æ POWERPOINT 2016.................................................................................................................................................... 159
Æ WRITER.......................................................................................................................................................................... 159
Æ CALC ............................................................................................................................................................................. 160
Æ IMPRESS........................................................................................................................................................................ 160
Æ CONCEITOS DE INTERNET......................................................................................................................................... 160
Æ INTRANET E EXTRANET.............................................................................................................................................. 160
Æ RECURSOS, CAMPOS, ENDEREÇAMENTO (CORREIO ELETRÔNICO)................................................................. 160
Æ COMPUTAÇÃO EM NUVEM (CLOUD COMPUTING)............................................................................................. 161
PORTUGUÊS
car pela confusão das línguas na torre de Babel, segundo extraordinário como o gato “funciona” em uma casa: em silên-
nos conta a Escritura; provavelmente, confundidas antiga- cio, indiferente, mas adesivo e cheio de personalidade. Se se
mente as línguas, é fácil trocá-las agora, desde que a razão não agravar a mediocridade destas crônicas, os senhores estão avi-
trabalhe... sados: é falta de Inácio. Se tinham alguma coisa aproveitável
− Essa pode ser, com efeito, a explicação divina do fenôme- era a presença de Inácio a meu lado, sua crítica muda, através
no, concordou o alienista, depois de refletir um instante, mas dos olhos de topázio que longamente me fitavam, aprovando
não é impossível que haja também alguma razão humana, e algum trecho feliz, ou através do sono profundo, que antecipa-
puramente científica, e disso trato... va a reação provável dos leitores.
− Vá que seja, e fico ansioso. Realmente! Poderia botar anúncio no jornal. Para quê? Ninguém
está pensando em achar gatos. Se Inácio estiver vivo e não
(ASSIS, M. de. O alienista. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 24-25)
sequestrado, voltará sem explicações. É próprio do gato sair
sem pedir licença, voltar sem dar satisfação. Se o roubaram,
Verifica-se a elipse de um substantivo no seguinte trecho:
é homenagem a seu charme pessoal, misto de circunspeção e
a) O vigário não queria acabar de crer. leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o roubo, e
b) De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestida-
Verde. de. Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por
c) Ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação. conta própria, com suas patas; com a altivez, a serenidade e a
elegância dos gatos.
d) Não bastaram os primeiros cubículos; mandou-se anexar
uma galeria de mais trinta e sete. (ANDRADE, C. D. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras,
2020)
e) Não digo que não, respondia-lhe o alienista; mas a verdade
é o que Vossa Reverendíssima está vendo. O termo que qualifica o substantivo na expressão “sorte geral”
tem sentido oposto ao termo que qualifica o substantivo em:
a) encanto imemorial.
b) obstinada contemplação.
Æ ADJETIVO c) cor incomum.
d) presteza austera.
7. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, leia a crônica
e) nota grave.
abaixo.
Um jornal é lido por muita gente, em muitos lugares; o que
ele diz precisa interessar, senão a todos, pelo menos a um cer-
to número de pessoas. Mas o que me brota espontaneamente 8. (FCC – 2022) Atenção: Considere o texto abaixo para respon-
da máquina, hoje, não interessa a ninguém, salvo a mim mes- der à questão.
mo. O leitor, portanto, faça o obséquio de mudar de coluna. Neide Gondim faz parte da primeira geração de pensado-
Trata-se de um gato. res da Universidade Federal do Amazonas empenhados em
Não é a primeira vez que o tomo para objeto de escrita. Há pensar a Amazônia em um movimento inverso do que, cos-
tempos, contei de Inácio e de sua convivência. Inácio estava tumeiramente, é feito, ou seja, de dentro para fora. Sua obra
na graça do crescimento, e suas atitudes faziam descobrir um reflete sobre o que pensavam os europeus que chegaram até
encanto novo no encanto imemoriala dos gatos. Mas Inácio a Amazônia pela primeira vez no século 16. Esses conquistado-
desapareceu − e sua falta é mais importante para mim do que res ganharam a vez de contar a história e o fizeram do ponto
as reformas do ministério. de vista de onde partiram.
Gatos somem no Rio de Janeiro. Dizia-se que o fenômeno Em livros como “A invenção da Amazônia”, Neide Gondim
se relacionava com a indústria doméstica das cuícas, localiza- reconstrói brilhantemente os caminhos desse pensamento,
da nos morros. Agora ouço dizer que se relaciona com a vida que veio a fundar uma tradição estética sobre a Amazônia, em
cara e a escassez de alimentos. À falta de uma fatia de vitela, há que predomina o paradoxal, o hiperbólico, o contraditório, o
indivíduos que se consolam comendo carne de gato, caça tão infernal e o paradisíaco. A autora redesenha o pensamento
esquiva quanto a outra. europeu dos homens que se atiraram ao mar em busca de
O fato sociológico ou econômico me escapa. Não é a sorte comprovar as teorias especulativas sobre o mundo medieval.
geral dos gatos que me preocupa. Concentro-me em Inácio, Ela identifica em sua bagagem duas lupas iluminadas pelo
em seu destino não sabido. imaginário fantástico: as escrituras bíblicas e o Oriente conhe-
cido por meio de livros e relatos de viagens.
Eram duas da madrugada quando o pintor Reis Júnior,
que passeia a essa hora com o seu cachimbo e o seu cão, me É por meio dessa literatura, que serve até hoje de docu-
bateu à porta, noticioso. Em suas andanças, vira um gato cor mento histórico, que Neide Gondim vai trançando as imagens
de ouro como Inácio − cor incomumc em gatos comuns − e que se projetaram sobre o país das amazonas nas Américas e,
se dispunha a ajudar-me na captura. Lá fomos sob o vento desse modo, descortina as representações europeias sobre a
da praia, em seu encalço. E no lugar indicado, pequeno jardim região que hoje conhecemos como Amazônia.
fronteiro a um edifício, estava o gato. A luz não dava para iden- A autora identifica uma obsessão do europeu medieval:
tificá-lo, e ele se recusou à intimidade. Chamados afetuosos encontrar o paraíso sobre a terra, longe da fome e da peste
não o comoveram; tentativas de aproximação se frustraram. que assolavam a Europa medieval.
Ele fugia sempre, para voltar se nos via distantes. Amava. Quando se aventuraram mais adentro das Américas,
Seria iníquo apartá-lo do alvo de sua obstinada contem- os europeus pensaram ser o grande rio um mar de águas
plaçãob, a poucos metros. Desistimos. Se for Inácio, pensei, doces. Nele buscaram encontrar a exuberância fantástica da
dentro de um ou dois dias estará de volta. Não voltou. Índia e as guerreiras amazonas, cuja imagem carregavam con-
Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, sigo devido à forte influência da Grécia Antiga.
no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritório, O primeiro relato data de 1542, do cronista Gaspar de
e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que impul- Carvajal, que acompanhava Francisco de Orellana na primeira
so para a cultura. É o movimento civilizado de um organis- descida pelo rio, vindo do Peru em direção ao Atlântico. Neide
mo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece de Gondim identifica os mesmos recursos utilizados por Mar-
suplemento de informação. Livros e papéis, sim, beneficiam-se co Polo ao falar sobre o Oriente nas descrições de Carvajal. 13
Carvajal afirma ter guerreado com as amazonas; dá a locali- vantagens fantásticas e inverídicas. Diante de falsas notícias,
zação do Rio de Ouro que levaria até Manoa, a capital de ouro que tendem a nos agradar ou atemorizar, abrimos mão da
das amazonas; ao mesmo tempo, descreve o curso dos rios necessária reflexão, e preferimos compartilhá-las sem nem
com precisão de navegador. mesmo conferir se provêm de fonte confiável. Em ambos os
Muitas teorias floresceram durante os séculos seguin- casos, somos fantoches manipulados por interesses alheios.
tes na tentativa de explicar toda a novidade encontrada nas (Adaptado de: AMARAL, L. F. Conexão Sadia. Disponível em: Istoe.com.br/
Américas. Darwin colocou as gentes da Amazônia na primeira conexao – sadia. Acesso em: 04 out. 2022.)
idade evolutiva da humanidade; a Amazônia seria como um
grande museu natural. O determinismo de Buffon afirmava Alterada a ordem do adjetivo na expressão, observa-se, de
que essas gentes não conseguiram evoluir em consequência modo mais significativo, a mudança de sentido em:
do clima quente. Montaigne via na ausência do rei a evolução a) vantagens fantásticas.
paradisíaca para onde o europeu deveria seguir. Locke via na b) verdadeiro produto.
ausência do Estado a causa da degeneração daquelas gentes.
c) falsas notícias.
Tais ideias se difundiram por meio da ciência, da filosofia,
das letras. Seus traços fantásticos são revestidos de verdade d) necessária reflexão.
científica a partir do argumento de autoridade. Essas ideias e) interesses alheios.
estigmatizaram as gentes da Amazônia como primitivos,
indolentes, infantis e bestializados. Estigmatizaram também
a floresta como uma entidade fantástica distante e desconhe-
10. (FCC – 2021)
cida no imaginário mundial.
A beleza total
Para Neide Gondim, a representação hiperbólica da Ama-
zônia é uma tentação de que quase ninguém escapa. Para a A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a pró-
autora, essa representação edênica começou no imaginário pria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto,
medieval sobre o incompreensível Oriente e a desconhecida recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as
América. Toda essa trança imaginária é apresentada com mui- visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes.
ta leveza e habilidade na obra de Neide Gondim. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se
atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
(Adaptado de: DASSUEM, N. Disponível em: www.amazonamazonia.com.br.
Acesso em: 04 out. 2022.) A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam
à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a
O adjetivo que, no contexto, está empregado como substantivo capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que
encontra-se no trecho: durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo
a) Nele buscaram encontrar a exuberância fantástica da Índia. para casa.
(5º parágrafo) O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes
b) a representação hiperbólica da Amazônia. (9º parágrafo) de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que
só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma
c) pensaram ser o grande rio um mar de águas doces. (5º foto de Gertrudes sobre o peito.
parágrafo)
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era
d) Ela identifica em sua bagagem duas lupas iluminadas pelo o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se
imaginário fantástico. (2º parágrafo) incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de
e) em que predomina o paradoxal. (2º parágrafo) vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu
do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado
de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes
continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.
9. (FCC – 2022)
(ANDRADE, C. D. de. Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das Letras,
As redes sociais se apresentam como uma espécie de “pra- 2012)
ça pública virtual”, na qual indivíduos interagem e empresas
anunciam seus produtos. Entretanto, ao contrário do espaço O termo que qualifica o substantivo, conferindo a ele ideia de
público tradicional (físico), plataformas de redes sociais mol- inexorabilidade, compõe a seguinte expressão:
dam quem e o que encontraremos durante a conexão. A lógi-
a) beleza total (título).
ca por trás disso é que tenhamos um espaço customizado, no
qual nos deparemos com aqueles que conosco se assemelham b) capacidade de ação (2° parágrafo).
e com produtos que almejamos. Conectar-se de forma sadia c) lei de emergência (3° parágrafo).
às redes sociais demanda alguns cuidados. O primeiro deles, d) destino fatal (4° parágrafo).
é saber como a maior parte das redes sociais funciona. Não
ignorar que cada um de nós é o verdadeiro produto pode nos e) extrema beleza (4° parágrafo).
garantir experiência saudável nesse ambiente. Desconsiderar
esse ponto é o atalho para vivenciar aquilo que se pode definir
como conectividade tóxica.
Um segundo aspecto, decorrente do anterior, diz respei-
to às pessoas, às notícias e aos produtos com os quais nos Æ CONJUGAÇÃO, RECONHECIMENTO E EMPREGO
deparamos. DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS
Nosso histórico de acessos na internet permite que as pla-
11. (FCC – 2022) Leia a crônica “Cobrança”, de Moacyr Scliar, para
taformas direcionem conteúdo sob medida a cada um de nós.
responder a questão.
Isso inclui sugestões de amizade, apresentação de notícias e,
claro, publicidade. A depender das configurações de nossos “Cobrador usa intimidação como estratégia. Empresas
aparelhos eletrônicos, falas simples, mesmo enquanto não de cobrança usam técnicas abusivas, como tornar pública
usamos tais dispositivos, podem ser captadas por mecanis- a dívida.”
mos de inteligência artificial e transformadas em material que (Cotidiano, 10.09.2001)
chega às nossas telas sem que nada busquemos. Um terceiro
aspecto consiste em não nos deixarmos levar pelo aparente Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, cami-
conforto que as redes propiciam. Com o uso frequente, permi- nhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos
timos que as plataformas criem nossa “própria bolha”. dizeres atraíam a atenção dos passantes: “Aqui mora uma
Levados pelo desejo, curvamo-nos à facilidade do con- devedora inadimplente.”
14 sumo e tornamo-nos presas fáceis de golpes que prometem − Você não pode fazer isso comigo − protestou ela.
− Claro que posso − replicou ele. − Você comprou, não longa e ignominiosa pena é mais terrível que a morte, pois esta
pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobra- só é sentida por um momento”.
dor. Por diversas vezes tentei lhe cobrar, você não pagou. Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém
− Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise... a mais útil. O grande objetivo, como já dissemos em outra pas-
PORTUGUÊS
− Já sei − ironizou ele. − Você vai me dizer que por causa sagem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado
daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram preju- todos os dias de sua vida a preservar uma região da inundação
dicados. Problema seu, ouviu? Problema seu. Meu problema é por meio de diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio,
lhe cobrar. E é o que estou fazendo. ou a drenar pântanos infestados, presta mais serviços ao Esta-
do que um esqueleto a pendular de uma forca numa corrente
− Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta...
de ferro, ou desfeito em pedaços sobre uma roda de carroça.
− Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia.
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo:
Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta Martins Fontes, 2001, p. 18-20)
que nada tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi
se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar As formas verbais em vós que trabalhais, pensai e vede, uma vez
aqui, carregando este cartaz, até você saldar sua dívida. flexionadas na 2ª pessoa do singular, ficarão, respectivamente:
Neste momento começou a chuviscar. a) tu que trabalha, pense, veja.
− Você vai se molhar − advertiu ela. − Vai acabar ficando b) tu que trabalhas, pensa, vê.
doente.
c) tu que trabalhas, pensas, vejas.
Ele riu, amargo:
d) tu que trabalhes, penses, vês.
− E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague
e) tu que trabalhe, pense, vê.
o que deve.
− Posso lhe dar um guarda-chuva...
− Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um
13. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, leia a crô-
guarda-chuva.
nica abaixo.
Ela agora estava irritada:
Um jornal é lido por muita gente, em muitos lugares; o que
− Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, ele diz precisa interessar, senão a todos, pelo menos a um cer-
você é meu marido, você mora aqui. to número de pessoas. Mas o que me brota espontaneamente
− Sou seu marido − retrucou ele − e você é minha mulher, da máquina, hoje, não interessa a ninguém, salvo a mim mes-
mas eu sou cobrador profissional e você, devedora. Eu a avi- mo. O leitor, portanto, faça o obséquio de mudar de coluna.
sei: não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente Trata-se de um gato.
para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E Não é a primeira vez que o tomo para objeto de escrita.
agora o pessoal lá da empresa de cobrança quer o dinheiro. O Há tempos, contei de Inácio e de sua convivência. Inácio esta-
que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito va na graça do crescimento, e suas atitudes faziam descobrir
nenhum. Vou ficar aqui até você cumprir sua obrigação. um encanto novo no encanto imemoriala dos gatos. Mas Inácio
Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegí- desapareceu − e sua falta é mais importante para mim do que
vel. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um lado as reformas do ministério.b
para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz. Gatos somem no Rio de Janeiro. Dizia-se que o fenômeno
(Adaptado de: SCLIAR, M. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002) se relacionava com a indústria doméstica das cuícas, localizada
nos morros. Agora ouço dizer que se relaciona com a vida cara
Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ile- e a escassez de alimentos. À falta de uma fatia de vitela, há
gível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um indivíduos que se consolam comendo carne de gato, caça tão
lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz. (18º esquiva quanto a outra.
parágrafo). O fato sociológico ou econômico me escapa. Não é a sorte
No trecho acima, o narrador relata alguns fatos ocorridos no geral dos gatos que me preocupa. Concentro-me em Inácio,
passado. Um fato anterior a esse tempo passado está indicado em seu destino não sabido.
pela seguinte forma verbal: Eram duas da madrugada quando o pintor Reis Júnior, que
a) Chovia. passeia a essa hora com o seu cachimbo e o seu cão, me
b) tornara. bateu à porta, noticioso.c Em suas andanças, vira um gato cor
de ouro como Inácio − cor incomum em gatos comuns − e se
c) importava.
dispunha a ajudar-me na capturad. Lá fomos sob o vento da
d) continuava. praia, em seu encalço. E no lugar indicado, pequeno jardim
e) carregando. fronteiro a um edifício, estava o gato. A luz não dava para iden-
tificá-lo, e ele se recusou à intimidade. Chamados afetuosos
não o comoveram; tentativas de aproximação se frustraram.
Ele fugia sempre, para voltar se nos via distantes. Amava.
12. (FCC – 2022) Considere o texto abaixo, do pensador francês
Seria iníquo apartá-lo do alvo de sua obstinada contem-
Voltaire (1694-1778), para responder à questão.
plação, a poucos metros. Desistimos. Se for Inácio, pensei,
O preço da justiça dentro de um ou dois dias estará de voltae. Não voltou.
Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol,
grande jurisconsulto Beccaria, se é racional que, para ensinar no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritó-
os homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homi- rio, e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que
cidas e matem um homem em grande aparato. impulso para a cultura. É o movimento civilizado de um orga-
Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo nismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece
de outra maneira, e se cabe empregar um de vossos compa- de suplemento de informação. Livros e papéis, sim, benefi-
triotas para massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em ciam-se com a sua presteza austera. Mais do que a coruja, o
qualquer circunstância, condenai o criminoso a viver para ser gato é símbolo e guardião da vida intelectual.
útil: que ele trabalhe continuamente para seu país, porque ele Depois que sumiu Inácio, esses pedaços da casa se desva-
prejudicou o seu país. É preciso reparar o prejuízo; a morte não lorizaram. Falta-lhes a nota grave e macia de Inácio. É extraor-
repara nada. dinário como o gato “funciona” em uma casa: em silêncio,
Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está engana- indiferente, mas adesivo e cheio de personalidade. Se se agra-
do: a preferência que ele dá a trabalhos penosos e úteis, que var a mediocridade destas crônicas, os senhores estão avi-
durem toda a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa sados: é falta de Inácio. Se tinham alguma coisa aproveitável 15
era a presença de Inácio a meu lado, sua crítica muda, através É adequada a correlação entre os tempos e modos verbais na
dos olhos de topázio que longamente me fitavam, aprovando seguinte frase:
algum trecho feliz, ou através do sono profundo, que antecipa- a) Caso algumas alunas do colégios se insurjam contra a
va a reação provável dos leitores. pedagogia adotada, teriam sido advertidas ou expulsas.
Poderia botar anúncio no jornal. Para quê? Ninguém b) Não fossem úteis para a vida das mulheres os ensinamen-
está pensando em achar gatos. Se Inácio estiver vivo e não tos da escola, as alunas haverão de se insurgir contra elas.
sequestrado, voltará sem explicações. É próprio do gato sair
sem pedir licença, voltar sem dar satisfação. Se o roubaram, c) As moças de hoje haverão de achar risíveis os valores da peda-
é homenagem a seu charme pessoal, misto de circunspeção e gogia conservadora que se impunha às alunas daquela época.
leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o roubo, e d) A expectativa que as moças de hoje têm em relação ao seu futu-
ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestida- ro não teria sido a mesma das que estudavam antigamente.
de. Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por e) É possível que, para uma estudante de hoje, o termo “educa-
conta própria, com suas patas; com a altivez, a serenidade e a dora” não faz sentido, em função dos valores que regessem
elegância dos gatos. os hábitos atuais.
(ANDRADE, C. D. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras,
2020)
15. (FCC – 2022) Para responder a questão, considere o texto
O cronista relata uma série de eventos ocorridos no passado. abaixo.
Um evento anterior a esse tempo passado está indicado pela
forma verbal destacada em: Minha primeira tentativa de ler Dom Quixote de la Mancha,
de Miguel de Cervantes, foi um fracasso. Eu ainda estava na
a) Inácio estava na graça do crescimento, e suas atitudes escola e me confundia com as frases longas e as palavras anti-
faziam descobrir um encanto novo no encanto imemorial gas. Acabei desistindo.
dos gatos.
Anos depois, li do começo ao fim, desfrutando cada página
b) Mas Inácio desapareceu − e sua falta é mais importante da história daquela dupla inusitada: o cavaleiro idealista deter-
para mim do que as reformas do ministério. minado a transformar a realidade para que se assemelhe à de
c) Eram duas da madrugada quando o pintor Reis Júnior, que seus livros e seus sonhos; e o escudeiro pragmático que tenta
passeia a essa hora com o seu cachimbo e o seu cão, me manter seu mestre na dura realidade para que ele não se per-
bateu à porta, noticioso. ca nas nuvens da fantasia.
d) Em suas andanças, vira um gato cor de ouro como Inácio Tudo é deslumbrante nesse livro, que simboliza melhor do
− cor incomum em gatos comuns − e se dispunha a ajudar- que qualquer outro a infinita variedade da língua espanhola
-me na captura. para expressar a condição humana com todas as nuances, a
e) Se for Inácio, pensei, dentro de um ou dois dias estará de fantasia que leva o ser humano a transformar a vida. Em
volta. outras palavras, a forma como a literatura nos defende da
frustração, do fracasso e da mediocridade.
O mundo estreito e provinciano de La Mancha, pelo qual
Dom Quixote e Sancho fazem sua peregrinação, pouco a pouco
14. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, baseie-se
se torna, graças à coragem do determinado cavaleiro andante,
no texto abaixo.
um universo de aventuras insólitas, em que se entrelaçam audá-
O colégio de Tia Gracinha cia, absurdo e humor, para nos mostrar como a imaginação
Tia Gracinha, cujo nome ficou no grupo escolar Graça Guar- pode transformar o tédio em aventura e converter o cotidiano
dia, de Cachoeiro do Itapemirim, era irmã de minha avó pater- em uma peripécia inusitada em que se alternam o maravilhoso,
na, mas tão mais moça que a tratava de mãe. Tenho do colégio o milagroso, o patético – todos os matizes de que se faz a vida.
de Tia Gracinha uma recordação em que não sei o que é lem- Em livro recente, o crítico Santiago Muñoz Machado analisa
brança mesmo e lembrança de conversa que ouvi menino. as biografias mais importantes do escritor Miguel de Cervantes
Lembro-me, sobretudo, do pomar e do jardim do colégio, para saber em que sociedade surgiu Dom Quixote. O leitor da
e imagino ver moças de roupas antigas, cuidando das plantas. obra de Muñoz Machado encontrará tudo: o aparato jurídico
O colégio era um internato de moças. Elas não aprendiam dati- que reinava na Espanha enquanto Cervantes escrevia as aven-
lografia nem taquigrafia, pois o tempo era de pouca máquina turas de Dom Quixote, as festas populares, a propagação da
e nenhuma pressa. Moças não trabalhavam fora. As famílias feitiçaria, os crimes da Inquisição, a vida elevada dos artistas, a
de Cachoeiro e de muitas outras cidades do Espírito Santo mentalidade militar à sombra da Coroa.
mandavam suas adolescentes para ali; muitas eram filhas de Cervantes era um homem simples e miserável, aparen-
fazendeiros. Recebiam instrução geral, uma espécie de curso temente desde muito jovem. No começo da vida, um crime
primário reforçado, o mais eram prendas domésticas. Traba- o leva para a Itália. Como todos os humildes, ele se torna
lhos caseiros e graças especiais: bordados, jardinagem, fran- soldado. E guerreia em Lepanto contra os turcos, quando não
cês, piano... deveria, por causa de condição de que sofria. E, então, devido
A carreira de toda moça era casar, e no colégio de Tia Gra- a raptores berberiscos, ele passou cinco anos em Argel, onde
cinha elas aprendiam boas maneiras. Levavam depois, para deve ter sofrido o indescritível, sobretudo depois de suas
as casas de seus pais e seus maridos, uma porção de noções tentativas de fuga. Padres trinitarianos o salvaram, pagan-
úteis de higiene e de trabalhos domésticos, e muitas finuras do seu resgate. Na Espanha, tentou ir para a América, mas o
que lhes davam certa superioridade sobre os homens de seu Estado sequer respondeu às suas cartas. Ou seja, com ele tudo
tempo. Pequenas etiquetas que elas iam impondo suavemen- acontecia de maneira tal que ele poderia muito bem se tornar
te, e transmitiam às filhas. ressentido. E, no entanto, a generosidade e a hombridade de
Tudo isto será risível aos olhos das moças de hoje; mas Cervantes estão mais do que garantidas. Era um homem sem
a verdade é que o colégio de Tia Gracinha dava às moças de remorso, preocupado em elevar a vida de seus concidadãos.
então a educação de que elas precisavam para viver sua vida. Um homem bom e idealista.
Não apenas o essencial, mas muito mais do que, sendo supér- Quando li Dom Quixote, já havia muito tempo que lia roman-
fluo e superior ao ambiente, era por isto mesmo, de certo ces de cavalaria, nos quais o formalismo tentava frear os excessos
modo, funcional – pois a função do colégio era uma certa ele- da época. Sob a ferocidade das batalhas, surgiu um mundo de
vação espiritual do meio a que servia. Tia Gracinha era o que paz e ordem, segundo um plano rígido destinado a acabar com
bem se podia chamar uma educadora. a espontaneidade que mostrava o mundo como ele é: pútrido e
(Abril, 1979)
irremediável. Será que, depois de tanto sofrer na vida, Cervantes
também não tivesse buscado a mesma coisa?
(Adaptado de: BRAGA, R. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, (Adaptado de: LLOSA, M. V. Disponível em: www.cultura.estadao.com.br.
16 1984, p. 52-53) Acesso em: 05 mai. 2022.)
me confundia com as frases longas e as palavras antigas. 17. (FCC – 2022) Para responder à questão, baseie-se no texto
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do da frase aci- abaixo.
ma está em: Brincadeiras de criança
PORTUGUÊS
a) para que ele não se perca nas nuvens da fantasia. Entre as crianças daquele tempo, na hora de formar grupos
pra brincar, alguém separava as sílabas enquanto ia rodando
b) Era um homem sem remorso.
e apontando cada um com o dedo: “Lá em ci- ma do pi-a-no
c) um universo de aventuras insólitas, em que se entrelaçam tem um co-po de ve-ne-no, quem be-beu mor-reu, o cul-pa-do
audácia, absurdo e humor. não fui eu”. Piano? Qual? Veneno? Por quê? Morreu? Quem?
d) O leitor da obra de Muñoz Machado encontrará tudo. Tratava-se de uma “parlenda”*, como aprendi bem mais tarde,
mas podem chamar de surrealismo, enigma, senha mágica,
e) ele poderia muito bem se tornar ressentido.
charada...
Mesmo as nossas cartilhas de alfabetização tinham seus
mistérios: uma das lições iniciais era a frase “A macaca é má”,
16. (FCC – 2022) Para responder a questão, considere o texto com a ilustração de uma macaquinha espantada e a explora-
abaixo. ção repetida das sílabas “ma” e “ca”. Ponto. Nenhuma história?
Sobre o amor, etc. Por que era má a macaquinha? Depois aprendi que “má maca-
ca” é um parequema**. A gente vai ficando sabido e ignorando
Dizem que o mundo está cada dia menor. o essencial. O que, afinal, teria aprontado a má macaquinha
É tão perto do Rio a Paris! Assim é na verdade, mas acon- da cartilha?
tece que raramente vamos sequer a Niterói. E alguma coisa, A grande poeta Orides Fontela usou como epígrafe de um
talvez a idade, alonga nossas distâncias sentimentais. de seus livros de alta poesia (Helianto, 1973) esta popular qua-
Na verdade há amigos espalhados pelo mundo. Antiga- drinha de cantiga de roda:
mente era fácil pensar que a vida oferecia uma perspectiva “Menina, minha menina,
infinita e nos sentíamos contentes achando que um dia esta- Faz favor de entrar na roda
ríamos todos reunidos em volta de uma mesa farta e então
tudo seria bom. Agora começamos a aprender o que há de Cante um verso bem bonito
irremissível nas separações. Diga adeus e vá-se embora”
Agora sabemos que jamais voltaremos a estar juntos; pois Ou seja: brincando, brincando, eis a nossa vida resumi-
quando estivermos juntos perceberemos que já somos outros da, em meio aos densos poemas de Orides, a nossa vida, em
e estamos separados pelo tempo perdido na distância. Pode- que cada um de nós se apresenta aos outros, busca dizer com
remos falar, falar, para nos correspondermos por cima des- capricho a que veio no tempinho que teve e...adeus. Podem
sa muralha dupla; mas não estaremos juntos; seremos duas soar fundo as palavras mais inocentes: “ir-se embora”, depois
da viva roda... E ir-se embora sem saber mais nada daquele
outras pessoas, talvez por este motivo, melancólicas.
copo de veneno em cima do piano ou da macaquinha da carti-
Chamem de tolo ao apaixonado que sente ciúmes quando lha, eternamente condenada a ser má. Ir-se embora já ouvindo
ouve sua amada dizer que na véspera de tarde o céu estava bem ao longe as vozes das crianças cantando na roda.
lindíssimo. Se ela diz “nunca existirá um céu tão bonito assim”
* parlenda: palavreado utilizado em brincadeiras infantis
estará dando, certamente, sua impressão de momento; há ou jogos de memorização.
centenas de céus extraordinários. Ele porém, na véspera, esta-
** parequema: repetição de sons ou da sílaba final de uma
va dentro de uma sala qualquer e não viu céu nenhum. Se aca-
palavra, no início da palavra seguinte.
so tivesse chegado à janela e visto, agora seria feliz em saber
que em outro ponto da cidade ela também vira. Mas isso não (Adaptado de: MACEDÔNIO, F. Casos de almanaque, a publicar)
aconteceu, e ele tem ciúmes. Sente que sua amada foi infiel; ela
incorporou a si mesma alguma coisa nova que ele não viveu. As flexões dos verbos e as relações entre seus tempos e modos
Será um louco apenas na medida em que o amor é loucura. estão adequadamente observadas na frase:
a) Caso não se mantivessem algumas tradições culturais,
É horrível levar as coisas a fundo. O amigo que procura
muitas das brincadeiras infantis teriam deixado de existir e
manter suas amizades distantes e manda longas cartas sen-
de reviver em nossa memória.
timentais tem sempre um ar de náufrago fazendo um apelo.
Naufragamos a todo instante no mar bobo do tempo e do b) Ainda que não nos detêssemos muito nas palavras que can-
espaço, entre as ondas de coisas de todo dia. távamos, elas nos remetessem a uma espécie de atmosfera
mágica.
Assim somos na paixão do amor, absurdos e tristes. Por
c) Muitos de nós, leitores de cartilha, talvez supôssemos o que
isso nos sentimos tão felizes e livres quando deixamos de
terá ocorrido para se considerar malvada uma tão simpáti-
amar. Que maravilha, que liberdade sadia em poder viver a
ca macaquinha.
vida por nossa conta! Sentimo-nos fortes, sólidos e tranquilos.
Até que começamos a desconfiar de que estamos sozinhos, d) Se alguém vier para o meio da roda e se dispor a cantar, que
trancados do lado de fora da vida. nos presenteasse a todos com uns versos bem bonitos.
e) No caso de houver interesse em cantar bonito na roda,
(Adaptado de: BRAGA, R. Melhores crônicas. Global Editora, edição digital)
bastaria que alguém se apresente e já dê início à canção
Se acaso tivesse chegado à janela e visto, agora seria feliz memorizada.
em saber que em outro ponto da cidade ela também vira. (5º
parágrafo)
O tempo verbal destacado expressa 18. (FCC – 2022) Para responder à questão, leia o início do conto
“Missa do Galo”, de Machado de Assis.
a) dúvida.
Nunca pude entender a conversação que tive com uma
b) oposição. senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela, trinta. Era
c) hipótese. noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à mis-
d) certeza sa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo
à meia-noite.
e) habito.
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão
Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de
minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe des-
ta acolheram-me bem quando vim de Mangaratiba para o 17
Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia E eu: dum, dum, dum...
tranquilo, naquela casa assobradada da Rua do Senado, com Ai, música, divina música. D. Chiquinha carpia-se. Tanto
os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família sentimento de que ela dava exemplo, tanta devoção empre-
era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. gada à toa. Eu recomeçava, dócil: primeira, segunda...
Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava
nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao — D. Chiquinha, fiquei com uma bolha no dedo.
teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia Já não sei como a descobrimos: decerto andava nas suas
ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, idas e vindas de casa em casa de aluno. Cobrava dez mil-réis
a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não por mês e mais o dinheiro do bonde. Duas aulas por semana.
respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Professora de violão, o seu sonho secreto fora sempre o
Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo violino, entretanto. Nas prateleiras da sua sala, guardava ela o
em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada seu estradivário – uma rabeca de cego, fanhosa, inválida, meti-
do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Con- da numa remendada mortalha de veludo azul. Em certos dias
ceição padecera, a princípio, com a existência da comborça*; de bom humor e segredo, ela pegava comovida o arco e exe-
mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando cutava ao violino a valsa dos Sinos de Corneville.
que era muito direito.
Fora desfeita da sorte aquele meu fracasso, porque eu me
Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao títu- supunha dotada e alimentava ambições. Chegara até a pensar,
lo, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em não digo em concertos, mas num brilhante recital de caridade
verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, em que aparecesse de vestido comprido (teria então uns doze
nem grandes lágrimas, nem grandes risos. Tudo nela era ate- anos) e, num belo contralto, cantasse ao violão certo tango
nuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito argentino da minha preferência. Mas tudo neste mundo são
nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não vaidades: jamais atingi o tango argentino.
dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode
Voltando a D. Chiquinha: o instrumento plebeu que ensi-
ser até que não soubesse amar.
nava constituía para minha mestra uma fonte de dissabores.
Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos A começar pelo apelido que lhe davam: D. Chiquinha do
anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em Violão. Quando alguém o repetia em sua frente, ela corrigia
férias; mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na logo, irritada: – Chiquinha do Violão, não senhor. Francisca
Corte”. A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me dos Santos. Violão não é meu dono.
na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor
Por música clássica não tinha interesse, ou antes, a ignorava.
da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a
Para D. Chiquinha, a mais requintada manifestação de arte era
porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira
a serenata. E dentro desse critério me ensinava visando talvez
ficava em casa.
fazer de mim o que ela já fora em moça – a musa de todos os
− Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? per- seresteiros da cidade. Sim, não só objeto passivo de canções e
guntou-me a mãe de Conceição. arpejos noturnos mas musa ativa e colaborante. O seresteiro
− Leio, D. Inácia. dizia da calçada a sua trova, e lá da penumbra da alcova a don-
Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha zela tomava do violão e na mesma toada respondia. Eram essas
tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que as suas lembranças mais queridas, aqueles duelos musicais,
havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de quero- canta tu de lá, canto eu de cá – e entre os dois o grupo desvane-
sene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cava- cido dos comparsas que ajudavam no acompanhamento.
lo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Os minutos Nos acompanhamentos, a nossa favorita era a modinha “A
voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de mais gentil das praieiras”. Dessa eu gostava muito. Porém a
espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um mão rebelde não me acompanhava o entusiasmo.
acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio (Adaptado de: QUEIROZ, R. “A mais gentil das praieiras”. Melhores
acordar-me da leitura. crônicas. São Paulo: Global Editora, 2012, 1a edição digital)
(Adaptado de: ASSIS, M. de. Contos: uma antologia. São Paulo: Companhia
das Letras, 1988)
Chegara até a pensar, não digo em concertos, mas num brilhan-
te recital de caridade em que aparecesse de vestido comprido
*comborça: qualificação humilhante da amante de homem (teria então uns doze anos) e, num belo contralto, cantasse ao
casado violão certo tango argentino da minha preferência. Considera-
das as relações de sentido estabelecidas pelo contexto, substi-
Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao
tuindo “Chegara” por “Cheguei”, os verbos destacados assumirão
Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo.
as seguintes formas:
No trecho acima, indica uma ação anterior a outra ocorrida no
a) apareceria – cantaria
passado a seguinte forma verbal:
b) aparecera – cantarei
a) “pedi”.
c) apareci – cante
b) “ouvindo dizer”.
d) apareço – cantara
c) “ia”.
e) aparecerei – canto
d) “tinha ido”.
e) “levasse”.
20. (FCC – 2022)
As redes sociais se apresentam como uma espécie de “pra-
19. (FCC – 2022) Para responder à questão, baseie-se no texto ça pública virtual”, na qual indivíduos interagem e empresas
abaixo. anunciam seus produtos. Entretanto, ao contrário do espaço
público tradicional (físico), plataformas de redes sociais mol-
Por que não aprendi a tocar violão? Sempre me constituiu
dam quem e o que encontraremos durante a conexão. A lógi-
motivo de tristeza e humilhação esta precária musicalidade. Uns
ca por trás disso é que tenhamos um espaço customizado, no
tocam piano, existe até quem toque harpa. Eu, nem ao violão
qual nos deparemos com aqueles que conosco se assemelham
me afiz. E não se diga que era pouco o esforço de D. Chiquinha,
e com produtos que almejamos. Conectar-se de forma sadia
minha mestra. Afinava, afinava, apertava as cravelhas, dava um
às redes sociais demanda alguns cuidados. O primeiro deles,
dó agudíssimo na prima, depois outro dó grave no bordão...
é saber como a maior parte das redes sociais funciona. Não
Eu pegava no violão de luxo que minha madrinha de cris- ignorar que cada um de nós é o verdadeiro produto pode nos
ma mandara do Pará, ajeitava-o mal e mal no colo, começava garantir experiência saudável nesse ambiente. Desconsiderar
de boa vontade: dum, dum, dum... esse ponto é o atalho para vivenciar aquilo que se pode definir
18 — Não! Valha-me Santa Cecília! Segunda! Mude! como conectividade tóxica.
Um segundo aspecto, decorrente do anterior, diz respeito às É plenamente adequada a correlação entre os tempos e modos
pessoas, às notícias e aos produtos com os quais nos deparamos. verbais na frase:
Nosso histórico de acessos na internet permite que as a) Se Pestana compusesse uma única sonata clássica, mais
plataformas direcionem conteúdo sob medida a cada um prazer auferirá do que todas as músicas ligeiras que houver
PORTUGUÊS
de nós. Isso inclui sugestões de amizade, apresentação composto.
de notícias e, claro, publicidade. A depender das configura- b) Nesse conto, Machado mostra que se o artista seguir sua
ções de nossos aparelhos eletrônicos, falas simples, mesmo vocação real, seria mais fácil que atingisse assim uma reali-
enquanto não usamos tais dispositivos, podem ser captadas zação plena.
por mecanismos de inteligência artificial e transformadas em
c) Há celebridades que não se importariam nem um pouco se
material que chega às nossas telas sem que nada busquemos.
o seu sucesso venha a ocorrer à margem de qualquer razão
Um terceiro aspecto consiste em não nos deixarmos levar pelo
objetiva.
aparente conforto que as redes propiciam. Com o uso frequen-
te, permitimos que as plataformas criem nossa “própria bolha”. d) Mesmo que o compositor Pestana obtivesse ainda mais
sucesso com suas composições populares, em nada sua
Levados pelo desejo, curvamo-nos à facilidade do consu-
ambição diminuiria.
mo e tornamo-nos presas fáceis de golpes que prometem van-
tagens fantásticas e inverídicas. Diante de falsas notícias, que e) Ao proporem a Pestana que ele animasse o baile com suas
tendem a nos agradar ou atemorizar, abrimos mão da neces- músicas, se espantariam caso o festejado artista viesse a
sária reflexão, e preferimos compartilhá-las sem nem mesmo negar o convite.
conferir se provêm de fonte confiável. Em ambos os casos,
somos fantoches manipulados por interesses alheios.
(Adaptado de: AMARAL, L. F. Conexão Sadia. Disponível em: Istoe.com.br/ 22. (FCC – 2022)
conexao – sadia. Acesso em: 03 set. 2022.)
O animal humano, que é parte da natureza e que dela
depende, não se resignou a viver para sempre à mercê dos fru-
Nosso histórico de acessos na internet permite que as platafor-
tos espontâneos da terra. O desafio que desde logo se insinuou
mas direcionem conteúdo sob medida a cada um de nós. Isso
foi: como induzir o mundo natural a somar forças e multiplicar
inclui sugestões de amizade, apresentação de notícias e, claro,
o resultado do esforço humano? Como colocá-lo a serviço do
publicidade.
homem? O passo decisivo nessa busca foi a descoberta, antes
Substituindo no trecho acima a forma verbal “permite” por prática que teórica, de que “domina-se a natureza obedecen-
“permitia”, e fazendo as adaptações necessárias, estão adequa- do-se a ela”. A sagacidade do animal humano soube encontrar
damente correlacionadas as seguintes formas: nos caminhos do mundo como ele se põe (natura naturans: “a
a) direcionassem e incluía. natureza causando a natureza”) as chaves de acesso ao mundo
b) direcionariam e incluiria. como ele pode ser (natura naturata: “a natureza causada”).
Para referendar a coerência da filosofia que inaugurou o Não foi uma decisão fácil, como se pode imaginar. Curso
IHGB, basta prestar atenção no primeiro concurso público por de administração ou geladeira? A favor de ambas as coisas, o
lá organizado. Em 1844, abriam-se as portas para os candida- curso e a geladeira, havia argumentos.
tos que se dispusessem a discorrer sobre uma questão espi- O curso era algo com que sonhava havia muito tempo,
nhosa: “Como se deve escrever a história do Brasil”. Tratava-se desde jovem, para dizer a verdade. Primeiro, porque era uma
de inventar uma nova história do e para o Brasil. Foi dado, fervorosa admiradora da atividade em si, da administração.
então, um pontapé inicial, e fundamental, para a disciplina que Organizar as coisas, fazer com que funcionem, levar uma
chamaríamos, anos mais tarde, e com grande naturalidadea, de empresa ao sucesso, mesmo em épocas de crise, sobretudo
“História do Brasil”. em épocas de crise, parecia-lhe um objetivo verdadeiramente
A singularidade da competição também ficou associada arrebatador. Com o curso, ela poderia tornar-se, mesmo com
a seu resultado e à divulgação do nome do vencedor. O pri- idade avançada, numa daquelas dinâmicas executivas cuja
meiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um estrangeiroc foto via em jornais e em revistas.
− o conhecido naturalista bávaro Karl von Martius (1794-1868), Mas a geladeira... A verdade é que ela precisava de uma
cientista de ilibada importância, embora novato no que dizia geladeira novae. A antiga estava estragada, e tão estragada
respeito à história em geral e àquela do Brasil em particular − , que o homem do conserto a aconselhara a esquecer “aquele
o qual advogou a tese de que o país se definia por sua mistura, traste” e partir para algo mais moderno. E isso precisava ser
sem igual, de gentes e povos. Utilizando a metáfora de um cau- feito com urgência: todos os dias estava jogando fora comida
daloso rio, correspondente à herança portuguesa que acaba- que estragarac por causa do inconfiável eletrodoméstico.
ria por “limpar” e “absorver os pequenos confluentes das raças
Era o curso ou a geladeira. Era apostar no futuro ou
índia e etiópica”, representava o país a partir da singularidade
resolver os problemas do presente. Ou se inscrevia na uni-
e dimensão da mestiçagem de povos por aqui existentes.
versidade ou pagava a prestação na loja: tinha de escolher.
A essa altura, porém, e depois de tantos séculos de vigên- Dilema penoso. Durante duas noites não dormiu, fazendo a si
cia de um sistema violento como o escravocrata, era no míni- própria cálculos e ponderações. “Faça o curso”, sussurrava-lhe
mo complicado simplesmente exaltar a harmonia. Além do ao ouvido uma vozinha, “você será outra pessoa, uma pessoa
mais, indígenas continuavam sendo dizimados no litoral e no com conhecimento, com dignidade, uma pessoa que todos
interior do país. respeitarão”. E aí intervinha outra vozinha: “Deixe de boba-
Martius, que em 1832 havia publicado um ensaio chamado gens, querida. Geladeira é comida, e comida é o que impor-
“O estado do direito entre os autóctones no Brasil”, condenan- ta. Como é que você vai se alimentar se a comida continuar
do os indígenas ao desaparecimento, agora optava por definir estragando desse jeito? Seja prática.” Duas vozinhas. Anjinho
o país por meio da redentora metáfora fluvial. Três longos rios e diabinho? Nesse caso, qual era a voz do anjinho, qual a do
resumiriam a naçãob: um grande e caudaloso, formado pelas diabinho? Mistério.
populações brancas; outro um pouco menor, nutrido pelos
Na manhã do terceiro dia sentiu um mau cheiro insuportá-
indígenas; e ainda outro, mais diminuto, alimentado pelos
velb, vindo da cozinha. Foi até lá, abriu a geladeira e, claro, era
negros.
a carne que simplesmente tinha apodrecido.
Ali estavam, pois, os três povos formadores do Brasil;
Foi a gota d’água. Vestiu-se, foi até a loja, e comprou a
todos juntos, mas (também) diferentes e separados. Mistura
geladeira nova. Que lhe foi entregue naquele mesmo dia.
não era (e nunca foi) sinônimo de igualdade. Essa era uma óti-
Era uma bela geladeira, com muitos dispositivos que ela mal
ma maneira de “inventar” uma história não só particular (uma
monarquia tropical e mestiçada) como também muito otimis- conhecia. “Vou ter de fazer um curso para aprender a operar
ta: a água que corria representava o futuro desse paíse cons- essa coisa”, disse ao homem da entrega. Ele concordou: “Sem-
tituído por um grande rio caudaloso no qual desaguavam os pre é bom fazer cursos”.
demais pequenos afluentes. Instalada a geladeira, ela tratou de colocar ali os alimentos
É possível dizer que começava a ganhar força então a e as bebidasd. Foi então que encontrou a garrafa de champa-
ladainha das três raças formadoras da nação, que continuaria nhe. O champanhe que tinha comprado para celebrar com os
encontrando ampla ressonância no Brasil, pelo tempo afora. vizinhos a sua entrada na universidade. Suspirou. O que fazer
com aquilo, agora? Dar de presente para o sobrinho que a aju-
(Adaptado de: SCHWARCZ, L. M. Sobre o autoritarismo brasileiro. São
dara com o dinheiro da inscrição?
Paulo: Companhia das Letras, 2019)
Resolveu guardar a garrafa. Bem no fundo da geladeira.
O verbo sublinhado no segmento Mistura não era (e nunca foi) Um dia ela ainda ingressaria no curso de administraçãoa, um
sinônimo de igualdade está flexionado nos mesmos tempo e dia brindaria a seu futuro. Era só questão de esperar. Sem
modo que o destacado em: medo: uma boa geladeira conserva qualquer champanhe.
a) a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde, e com (Adaptado de: SCLIAR, M. O futuro na geladeira. Folha de S.Paulo,
20 grande naturalidade 01.12.2008)
Confere sentido hipotético ao enunciado o verbo destacado Esta escada, eu a subia com pernas de gato, nem reparava.
em: Hoje subo contando os degraus que faltam, e, podendo evitar,
a) Um dia ela ainda ingressaria no curso de administração evito a subida, fico lá embaixo. Ela deve estar-se rindo de mim,
que me cansei depressa.
PORTUGUÊS
b) Na manhã do terceiro dia sentiu um mau cheiro insuportável
A sala, o pequeno escritório, está vendo? Tudo resistiu mais
c) todos os dias estava jogando fora comida que estragara
do que o morador. Não queria acabar, e decerto, chegando a
d) ela tratou de colocar ali os alimentos e as bebidas hora, me enterraria. Não usa mais sair defunto de casa, mas
e) A verdade é que ela precisava de uma geladeira nova bem que a casa gostaria se, depois de me abrigar tanto tempo,
pudesse me expor na sala, prestando mais um serviço. Por-
que não tem feito outra coisa senão prestar serviço. Às vezes
25. (FCC – 2021) com ironia ou aparen temente de mau humor: porta empena-
da, soalho abatido, defeitos na instalação elétrica antiquada.
A beleza total
Porém seu mau humor nunca foi maior do que o meu, que
A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a pró- usei e abusei de seus serviços com impaciência e tantas vezes
pria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, a desprezei, chamando-a feia e desajeitada.
recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as
Tem goteiras; sempre teve, é um de seus orgulhos, ao
visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes.
que parece. Certa madrugada acordamos com a cachoeira no
Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se
quarto. Tinham-se rompido umas telhas, e o mundo parecia vir
atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
abaixo, derretido em chuva. Pois não havia nada de mais sólido
A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à reve- na terra do que esta velha casa remendada e maltratada. A
lia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacida- prova aí está. Você nos compare, e diga.
de de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma
Ratos? Sim, é próprio do lugar. Baratas, nem me fale. Pas-
semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
samos 21 anos lutando contra bichos pequenos, mas era com-
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes bate leal, em igualdade de condições. Eles moravam no porão;
de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que nós, na parte de cima. A luta nunca se decidiu, e a casa nos
só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma dava chances idênticas. Era seu ingênuo divertimento.
foto de Gertrudes sobre o peito.
Creio que fui feliz aqui. Trouxemos uma menina, que se
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era levantava cedinho para ir ao colégio; ouço ainda o desperta-
o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se dor, vo zes matutinas, sinto o cheiro de café coado na hora.
incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de Seu quarto é o mesmo, a mesma mobília de sucupira que
vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu naquele tempo se usa va. O retrato dela, feito por um pintor
do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado que já morreu, está ali. Hoje é uma senhora que mora longe,
de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes e uma vez por ano chega com um senhor e três garotos do
continuou cintilando no salão fechado a sete chaves. capeta. É quando a casa fica matinal, ruidosa, fica plenamente
(ANDRADE, C. D. de. Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das Letras, casa, bagunça, festa cheia de gritos. Esses rabiscos na parede,
2012) cadeiras remendadas, vidros partidos, está reparando? São
das melhores alegrias da casa.
O narrador relata uma série de eventos ocorridos no passado.
Agora temos de fechar e sair; vendi a casa. Será demolida,
Um evento anterior a esse tempo passado está indicado pela
como todas as casas que restam serão demolidas. Era a úni-
forma verbal destacada em
ca que sobrava nesta quadra; fora do alinhamento, sua massa
a) A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua barriguda tinha alguma coisa de insolente, de provocativo. Não
mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertru- podia con tinuar.
des sobre o peito. (3º parágrafo)
Isto é, podia. Eu é que entreguei os pontos. Agora veja o
b) A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria que está se passando. Mal assinei a escritura e voltei, começo
Gertrudes. (1º parágrafo) a sentir-me estranho na casa. Rompeu-se um laço, mais do que
c) Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se isso, uma fibra. Eu não sabia ao certo o que é uma casa. Agora
atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. (1º parágrafo) sei, e estou meio envergonhado.
d) A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à (ANDRADE, C. D. de. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras,
revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a 2020)
capacidade de ação. (2º parágrafo) de onde se descortinavam os morros da Gávea e o mar. (3°
e) Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia parágrafo)
cerrou os olhos para sempre. (4º parágrafo) O verbo destacado está flexionado nos mesmos tempo e modo
daquele também destacado em:
a) Pois não havia nada de mais sólido na terra do que esta
26. (FCC – 2021) velha casa (6° parágrafo)
Vende a casa b) Quem a mandou fazer deu recepções neste terraço (3°
O homem falou: parágrafo)
− Comprei esta casa; vendi-a. No intervalo, passaram-se 21 c) Aconteceram diferentes coisas nesse intervalo. (2°
anos. Aconteceram diferentes coisas nesse intervalo. O dita- parágrafo)
dor caiu, subiu de novo, matou-se. A bomba atômica explodiu, d) e decerto, chegando a hora, me enterraria. (5° parágrafo)
inventou-se outra bomba ainda mais terrível. Veio a paz, ou uma
e) se, depois de me abrigar tanto tempo, pudesse me expor na
angústia com esse nome. Apareceram antibióticos, aviões a jato,
sala (5° parágrafo)
computadores eletrônicos. O homem deu a volta ao universo
e viu que a terra era azul. Fabricaram-se automóveis no Brasil.
Pela rua passam biquínis aos três, aos quatro, e a geração nova
usa rosto novo e nova linguagem. Mas a casa não mudou. 27. (FCC – 2020) Atenção: Para responder a questão a seguir,
baseie-se no texto abaixo.
Veja esta pérgula. Está cercada de edifícios agressivos, não
tem mais razão de ser, mas é uma pérgula. Quem a mandou Distribuição justa
fa zer deu recepções neste terraço, de onde se descortinavam A justiça de um resultado distributivo das riquezas depen-
os morros da Gávea e o mar. Hoje não se vê nada em redor, de das dotações iniciais dos participantes e da lisura do proces-
mas a pér gula é a mesma. O construtor morreu, como o dono so do qual ele decorre. Do ponto de vista coletivo, a questão
primitivo; a pérgula está viva, com sua buganvília. crucial é: a desigualdade observada reflete essencialmente os 21
talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos, ou, 29. (FCC – 2019)
ao contrário, ela resulta de um jogo viciado na origem e no [Vocação de professor]
processo, de uma profunda falta de equidade nas condições
Escritor nas horas vagas, sou professor por vocação e des-
iniciais de vida, da privação de direitos elementares ou da dis-
criminação racial, sexual, de gênero ou religiosa? tino. “A quem os deuses odeiam, fazem-no pedagogo”, diz o
antigo provérbio; assim, pois, dando minhas aulas há tantos
A condição da família em que uma criança tiver a sorte anos, talvez esteja expiando algum crime que ignoro, cometi-
ou o infortúnio de nascer, um risco comum, a todos, passa a do porventura nalguma existência anterior. Apesar disso, não
exercer um papel mais decisivo na definição de seu futuro do tenho maiores queixas de um ofício que, mantendo-me sem-
que qualquer outra coisa ou escolha que possa fazer no ciclo pre no meio dos moços, me dá a ilusão de envelhecer menos
da vida. A falta de um mínimo de equidade nas condições ini- rapidamente do que aqueles que passam a vida inteira entre
ciais e na capacitação para a vida tolhe a margem de escolha, adultos solenes e estereotipados. Outra vantagem da minha
vicia o jogo distributivo e envenena os valores da convivência. profissão principal é fornecer material copioso para a profis-
A igualdade de oportunidades está na origem da emancipação são acessória. Se fosse ficcionista, que mina não teria à mão
das pessoas. Crianças e jovens precisam ter a oportunidade no mundo da adolescência, mina ainda insuficientemente
de desenvolver seus talentos de modo a ampliar seu leque de explorada e cheia de tesouros! Mas, como não sou ficcionista,
escolhas possíveis na vida prática e eleger seus projetos, apos- utilizo-me desse cabedal apenas para observação e reflexão;
tas e sonhos de realização. às vezes o aproveito nalgum monólogo inócuo, como este.
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
(Adaptado de: RÓNAI, P. Como aprendi o Português e outras aventuras.
Letras, 2016, p. 106)
Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014, p. 109)
PORTUGUÊS
b) Lembram disso? // Muitas vezes abríamos o álbum. A questão de central importância para os filósofos iônicos
era a composição do cosmo. Qual é a substância que compõe
c) em quase todas as famílias existia um álbum de fotos // a
o Universo?(A) A resposta de Tales é que tudo é água. É pro-
imaginação voava.
vável que, à parte a possível influência das culturas do Orien-
d) Algo análogo se dá com o consumo da informação // puse- te Médio, ao escolher a água como substância fundamental
ram em xeque os antigos modelos de negócios. da Natureza, Tales tinha se inspirado em suas qualidades
e) Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência // pro- únicas de mutação(E); a água é continuamente reciclada dos
duziram um complexo cenário de incertezas. céus para a terra e oceanos, transformando-se de líquida para
vapor, representando, assim, a dinâmica intrínseca dos pro-
cessos naturais. Mais ainda, assim como nós e a maioria das
formas de vida dependemos da água para existir, o próprio
31. (FCC – 2019) Universo exibia a mesma dependência, já que também era
A cidade de São Paulo ocupa, desde 1960, o posto(D) considerado por Tales como um organismo vivo.
de capital mais rica do país. Porém, até a metade do século
(Adaptado de: GLEISER, M. A dança do universo: dos mitos de criação ao
XIX nada indicava que o município ostentaria tal título(A). Bing Bang. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 40-42)
Os paulistas chegaram ao século XIX sem ter encontrado
uma cultura agrícola que compensasse os custos do transpor- Expressa sentido hipotético a forma verbal destacada no
te até Santos e fomentasse o desenvolvimento econômico seguinte trecho:
da região.(E) a) Qual é a substância que compõe o Universo?.
Em 1852, foi decretada uma lei que concedia benefícios b) Sendo um homem prático, conseguiu dinheiro...
a quem investisse nas estradas(B). Finalmente, São Paulo
c) A reputação do filósofo Tales de Mileto era legendária.
havia encontrado estímulo para financiar um sistema que
levasse de forma mais ágil e barata a produção do interior até d) Tales também teria previsto um eclipse solar que ocorreu
o porto de Santos. O café ganhou, enfim, um meio de transpor- no dia 28 de maio de 585 a.C....
te à altura da riqueza que era capaz de gerar. e) Tales tinha se inspirado em suas qualidades únicas de
A Estrada de Ferro Santos-Jundiaí foi inaugurada em 1867. mutação... .
Com o primeiro trecho em funcionamento, um grupo de fazen-
deiros criou a Companhia Paulista para avançar pelo interior.
Em 1872, foi inaugurada a estrada que ligava Jundiaí a Campi-
33. (FCC – 2019)
nas. O café da região, que levava de 3 a 4 semanas em lom-
bo de burro(C) para ser conduzido ao porto, agora chegava ao Nisto entrou o moleque trazendo o relógio com o vidro
destino em poucos dias. novo. Era tempo; já me custava estar ali; dei uma moedinha de
prata ao moleque; disse a Marcela que voltaria noutra ocasião,
O transporte do café mais rápido e barato incentivou a
e saí a passo largo. Para dizer tudo, devo confessar que o cora-
produção. E São Paulo, que havia permanecido isolada duran-
ção me batia um pouco; mas era uma espécie de dobre de fina-
te séculos, passou a se conectar com as principais cidades da
dos. O espírito ia travado de impressões opostas. Notem que
província. Todos os trens agora convergiam para a cidade e,
aquele dia amanhecera alegre para mim. Meu pai, ao almoço,
a partir da capital, desciam a serra.
repetiu-me, por antecipação, o primeiro discurso que eu tinha
A posição estratégica de porta de entrada do Planalto e de proferir na Câmara dos Deputados; rimo-nos muito, e o sol
comunicação direta com o litoral fez de São Paulo rota obri- também, que estava brilhante, como nos mais belos dias do
gatória da produção e ponto de concentração da riqueza do mundo; do mesmo modo que Virgília devia rir, quando eu lhe
café. Os escritórios dos principais bancos, empresas de segu- contasse as nossas fantasias do almoço. Vai senão quando,
ros, serviços de exportação e toda a burocracia se instalaram cai-me o vidro do relógio; entro na primeira loja que me fica
na capital. Tornara-se então um lugar atrativo para receber o à mão; e eis me surge o passado, ei-lo que me lacera e beija;
que ainda lhe faltava: gente. ei-lo que me interroga, com um rosto cortado de saudades e
(Adaptado de: DALL’OLIO, C. Disponível em: exame.abril.com.br. Acesso em: bexigas...
04 set. 2022.)
Lá o deixei; meti-me às pressas na sege, que me espera-
va no Largo de S. Francisco de Paula, e ordenei ao boleeiro
Todos os trens agora convergiam para a cidade...
que rodasse pelas ruas fora. O boleeiro atiçou as bestas, a
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da frase sege entrou a sacolejar-me, as molas gemiam, as rodas sul-
acima está em: cavam rapidamente a lama que deixara a chuva recente, e
a) ... que o município ostentaria tal título. tudo isso me parecia estar parado. Não há, às vezes, um certo
b) ... a quem investisse nas estradas. vento morno, não forte nem áspero, mas abafadiço, que nos
não leva o chapéu da cabeça, nem rodomoinha nas saias das
c) ... que levava de 3 a 4 semanas em lombo de burro... mulheres, e todavia é ou parece ser pior do que se fizesse uma
d) A cidade de São Paulo ocupa, desde 1960, o posto... e outra coisa, porque abate, afrouxa, e como que dissolve os
e) ... e fomentasse o desenvolvimento econômico da região. espíritos? Pois eu tinha esse vento comigo; e, certo de que ele
me soprava por achar-me naquela espécie de garganta entre o
passado e o presente, almejava por sair à planície do futuro. O
pior é que a sege não andava.
32. (FCC – 2019)
− João, bradei eu ao boleeiro. Esta sege anda ou não anda?
A reputação do filósofo Tales de Mileto era legendá-
– Uê! nhonhô! Já estamos parados na porta de sinhô
ria(C). Usando seu conhecimento astronômico e meteoroló-
conselheiro.
gico, ele previu uma excelente colheita de azeitonas com um
ano de antecedência. Sendo um homem prático, conseguiu (ASSIS, M. de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê
dinheiro(B) para alugar todas as prensas de azeite de oliva da Editorial, 2001, p. 135-136)
região e, quando chegou o verão, os produtores de azeite de
oliva tiveram que pagar a Tales pelo uso das prensas, que aca- A forma verbal em negrito deve sua flexão ao termo sublinhado
bou fazendo uma fortuna. Tales também teria previsto um em:
eclipse solar que ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C(D), a) dei uma moedinha de prata ao moleque; disse a Marcela que
que efetivamente causou o fim da guerra entre os lídios e os voltaria noutra ocasião, e saí a passo largo. (1º parágrafo) 23
b) as rodas sulcavam rapidamente a lama que deixara a chuva − Não digo que não, respondia-lhe o alienista; mas a ver-
recente (2º parágrafo) dade é o que Vossa Reverendíssima está vendo. Isto é todos
c) meti-me às pressas na sege, que me esperava no Largo de S. os dias.
Francisco de Paula (2º parágrafo) − Quanto a mim, tornou o vigário, só se pode expli-
car pela confusão das línguas na torre de Babel, segundo
d) e tudo isso me parecia estar parado (2º parágrafo)
nos conta a Escritura; provavelmente, confundidas antiga-
e) um certo vento morno, não forte nem áspero, mas abafadi- mente as línguas, é fácil trocá-las agora, desde que a razão não
ço, que nos não leva o chapéu da cabeça (2º parágrafo) trabalhe...
− Essa pode ser, com efeito, a explicação divina do fenôme-
no, concordou o alienista, depois de refletir um instante, mas
34. (FCC – 2019) não é impossível que haja também alguma razão humana, e
puramente científica, e disso trato...
Lembrei-me dele e senti saudades... Tanto tempo que a
gente não se vê. Dei-me conta da coisa rara que é a amiza- − Vá que seja, e fico ansioso. Realmente!
de(E). E, no entanto, é a coisa mais alegre que a vida nos dá. (ASSIS, Machado de. O alienista. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p.
24-25)
Lembrei-me de um trecho de Jean-Christophe, que li
quando era jovem, e do qual nunca esqueci. Romain Rolland Ao se transpor o trecho O padre Lopes confessou que não ima-
descreve a primeira experiência com a amizade do seu herói ginara a existência de tantos doidos no mundo para o discurso
adolescente. Já conhecera muitas pessoas nos curtos anos direto, o verbo destacado assume a seguinte forma:
de sua vida(B). Mas o que experimentava naquele momen-
a) imaginaria.
to era diferente(A) de tudo o que já sentira antes.
b) imagino.
Um amigo é alguém com quem estivemos desde sem-
pre(C).Pela primeira vez, estando com alguém, não sentia c) imaginarei.
necessidade de falar. Bastava a alegria de estarem juntos. d) imaginei.
“Christophe voltou sozinho dentro da noite. Nada via. Nada e) imaginasse.
ouvia. Estava morto de sono e adormeceu apenas deitou-se.
Mas durante a noite foi acordado duas ou três vezes, como
que por uma ideia fixa. Repetia para si mesmo: ‘Tenho um 36. (FCC – 2019)
amigo’(D), e tornava a adormecer.”
Não vês, Lise, brincar esse menino
Jean-Christophe compreendera a essência da amizade.
Com aquela avezinha?
Amiga é aquela pessoa em cuja companhia não é preciso
falar. Se o silêncio entre vocês lhe causa ansiedade, então a Estende o braço,
pessoa com quem você está não é amiga. Porque um amigo Deixa-a fugir; mas apertando o laço,
é alguém cuja presença procuramos não por causa daquilo A condena outra vez ao seu destino.
que se vai fazer juntos, seja bater papo ou comer. Quando a
pessoa não é amiga, terminado o alegre e animado programa,
vêm o silêncio e o vazio, que são insuportáveis. Nessa mesma figura, eu imagino,
Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. A amizade Tens minha liberdade, pois ao passo,
anda por caminhos que não passam por programas. Que cuido que estou livre do embaraço,
Um amigo vive de sua inutilidade. Pode até ser útil even- Então me prende mais meu desatino.
tualmente, mas não é isso que o torna um amigo. Sua inútil e
fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência Em um contínuo giro o pensamento
de comunhão. E alegria maior não pode existir.
Tanto a precipitar-me se encaminha,
(Adaptado de: ALVES, R. O retorno e terno. Campinas: Papirus, 1995, p.
11-13)
Que não vejo onde pare o meu tormento.
Os verbos que se encontram nos mesmos tempo e modo estão Mas fora menos mal esta ânsia minha,
em:
Se me faltasse a mim o entendimento,
a) Mas o que experimentava naquele momento era diferente
Como falta a razão a esta avezinha.
b) mas era como se já tivessem sido amigos a vida inteira
(Adaptado de: PROENÇA FILHO, D. (org.). A poesia dos inconfidentes. Rio
c) Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre. de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 71-72)
d) Repetia para si mesmo: “tenho um amigo”.
Em Que cuido que estou livre do embaraço (2a estrofe), o verbo
e) Dei-me conta da coisa rara que é a amizade. “cuidar” está empregado na mesma acepção do verbo destaca-
do no seguinte trecho:
a) cuidava da casa com dedicação.
35. (FCC – 2019) b) em meio à crise, todos devem se cuidar.
De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos à Casa c) passara o dia cuidando o que ia dizer.
Verde. Eram furiosos, eram mansos, eram monomaníacos, d) nunca se aborrece no trabalho, sabe cuidar-se como
era toda a família dos deserdados do espírito. Ao cabo de ninguém.
quatro meses, a Casa Verde era uma povoação. Não bastaram
e) cuidaram daquelas crianças por toda a vida.
os primeiros cubículos; mandou-se anexar uma galeria de mais
trinta e sete. O padre Lopes confessou que não imaginara
a existência de tantos doidos no mundo, e menos ainda
o inexplicável de alguns casos. Um, por exemplo, um rapaz 37. (FCC – 2019)
bronco e vilão, que todos os dias, depois do almoço, fazia Os debates travados na Câmara e pela imprensa em
regularmente um discurso acadêmico, ornado de tropos, de torno da Lei do Ventre Livre fizeram da emancipação dos
antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de grego e latim, escravos uma questão nacional.(B) O projeto do governo foi
e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano. O vigário não apresentado à Câmara em 12 de maio de 1871. Para alguns, o
queria acabar de crer. Quê! um rapaz que ele vira, três meses projeto era avançado demais, para outros, excessivamen-
24 antes, jogando peteca na rua! te tímido(A). Os defensores do projeto usaram argumentos
morais e econômicos. Argumentavam que o trabalho livre arranjos amorosos e que legitimou novas formas de família.
era mais produtivo que o escravo. Diziam que a existência da Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no mun-
escravidão era uma barreira à imigração, pois que os imigran- do e se reinventam permanentemente. Continuam cantando,
tes recusavam-se a vir para um país de escravos. A emanci- dançando, criando, amando, brincando, trabalhando, transgre-
PORTUGUÊS
pação abriria as portas à tão desejada imigração(C). Usando dindo tabus. Não se aposentaram de si mesmos, recusaram
de argumentos morais, denunciavam os que, em nome do as regras que os obrigariam a se comportar como velhos.
direito de propriedade, defendiam a escravidão e se opunham Não se tornaram invisíveis, infelizes, deprimidos. Eles, como
à aprovação do projeto. Não era legítimo invocar o direito de tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos e dão novos
propriedade em se tratando de escravos. “Propriedade de significados ao envelhecimento. Como diz a música de Arnaldo
escravos” − dizia Torres Homem, político famoso, homem de Antunes, “Somos o que somos: inclassificáveis”.
cor e de origens modestas que chegara ao Senado depois de Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A
brilhante carreira – “era uma monstruosa violação do direito liberdade é o que você faz com o que a vida fez com você”.
natural.” “A maioria dos escravos brasileiros” − afirmava ele − Estamáxima existencialista é fundamental para compreender
“descendia de escravos introduzidos no país por um tráfico a construção de um projeto de vida. O projeto de cada indi-
não só desumano como criminoso. Nada pois mais justo que víduo pode ser traçado desde a infância, mas também pode
se tomassem medidas para acabar com a escravidão.” ser construído ou modificado nas diferentes fases da vida, pois
Em contrapartida, os mais arraigados defensores da a ênfase existencialista se coloca no exercício permanente da
escravidão consideravam o projeto uma intromissão indé- liberdade de escolha e da responsabilidade individual na cons-
bita do governo na atividade privada(D). Argumentavam trução de um projeto de vida que dê significado às nossas exis-
que o projeto ameaçava o direito de propriedade garantido tências até os últimos dias.
pela Constituição. Segundo a prática, que datava do período (Adaptado de: GOLDENBERG, M. A bela velhice. Record. edição digital)
colonial, o filho de mãe escrava pertencia ao senhor. Qualquer
lei que viesse a conceder liberdade ao filho de escrava era, Duvido que alguém consiga enxergar neles [...] um retrato nega-
pois, um atentado à propriedade e, o que era pior, abria a por- tivo do envelhecimento.
ta a todas as formas de abusos contra esse direito. Acusavam
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do destacado
o projeto de ameaçar de ruína os proprietários e de pôr
acima está em:
em risco a economia nacional e a ordem pública(E). Diziam
ainda que, emancipando-se os filhos e mantendo os pais no a) Não se tornaram invisíveis, infelizes, deprimidos.
cativeiro, criar-se-iam nas senzalas duas classes de indivíduos, b) uma geração que não aceitará o imperativo “Seja um velho!”
minando, dessa forma, a instituição escravista pois não tarda- c) uma geração que transformou comportamentos e valores
ria muito para que os escravos questionassem a legitimidade
de sua situação. d) A ênfase existencialista se coloca no exercício permanente
da liberdade de escolha
(Adaptado de: COSTA, E. V. da. A Abolição. São Paulo: Editora Unesp, 2010,
p. 49-52)
e) um projeto de vida que dê significado às nossas existências
até os últimos dias.
A forma verbal que confere caráter hipotético ao enunciado
está em:
a) Para alguns, o projeto era avançado demais, para outros, 39. (FCC – 2019)
excessivamente tímido. Mais vale prevenir do que remediar
b) Os debates travados na Câmara e pela imprensa em torno Os dicionários trazem lições fundamentais, quanto ao jus-
da Lei do Ventre Livre fizeram da emancipação dos escravos to sentido das palavras: costumam revelar o seu sentido de
uma questão nacional. origem e o de seu emprego atual. Os provérbios também são
c) A emancipação abriria as portas à tão desejada imigração. esclarecedores: numa forma sintética, formulam lições que
d) Em contrapartida, os mais arraigados defensores da escra- nascem do que as criaturas aprendem de suas próprias expe-
vidão consideravam o projeto uma intromissão indébita do riências de vida.
governo... Veja-se, por exemplo, o que afirma o provérbio “Mais vale
e) Acusavam o projeto de ameaçar de ruína os proprietários e prevenir do que remediar”. Prevenir é “tomar a dianteira”,
de pôr em risco a economia nacional e a ordem pública. “antecipar”, tal como dispõe o dicionário. Uma palavra que
serve de prima-irmã desse verbete é precaver: daí que pre-
videntes e precavidos seriam aqueles que preferem tomar
medidas para não serem surpreendidos
38. (FCC – 2019) por fatos indesejáveis e incontornáveis.
No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta Nesse campo conceitual, a ideia comum é a valorização
muitas alternativas para construir um olhar positivo sobre de iniciativas que se devem assumir para administrar o nosso
a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental destino até onde for possível. Sabemos todos, no entanto, que
denunciar a conspiração do silêncio e revelar como a socie- nem tudo se previne, e nem tudo tem remédio: vem daí outro
dade trata os velhos: eles costumam ser desprezados e estig- provérbio popular, “o que não tem remédio, remediado está”.
matizados. Apesar de ter consciência de que são inúmeros os Como se vê, admite que nem tudo tem solução, ao passo que
problemas relacionados ao processo de envelhecimento, que- o provérbio que dá o título deste texto insiste em valorizar toda
ro compreender se existe algum caminho para chegar à última ação pela qual se busca, justamente, evitar a etapa da falta de
fase da vida de uma maneira mais plena e mais feliz. Encontro remédio: prevenir.
na própria Simone de Beauvoir a resposta para esta questão.
Ela sugere, nas entrelinhas de A velhice, um possível caminho Ainda caminhando pelos verbetes do dicionário e pelas
para a construção de uma “bela velhice”: o projeto de vida. falas dos provérbios, damos com a palavra providência, que
tem o sentido comum de “decisão”, “encaminhamento”. Ocor-
No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Cae- re que se vier com a inicial maiúscula − Providência − estará
tano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Chico Buarque, fazendo subentender a ação divina, a expressão maior de um
Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém poder que nos rege a todos. Há quem confie mais na Provi-
consiga enxergar neles, que já chegaram ou estão chegan- dência divina do que em qualquer outra instância humana;
do aos 70 anos, um retrato negativo do envelhecimento. mas é bom lembrar que há também o provérbio “Deus aju-
São típicos exemplos de pessoas chamadas “sem idade”. da a quem cedo madruga”, no qual se sugere que a vontade
Fazem parte de uma geração que não aceitará o imperativo divina conta com a disposição do nosso trabalho, do nosso
“Seja um velho!” ou qualquer outro rótulo que sempre contes- empenho, da nossa iniciativa, para se dispor a nos ajudar. Não
taram. São de uma geração que transformou comportamen- parece haver contradição alguma entre ter fé, confiar na Pro-
tos e valores de homens e mulheres, que inventou diferentes vidência, e ao mesmo tempo acautelar-se, sendo previdente. 25
A ordem providencial e a ordem previdenciária podem b) a um agente não especificado, que exclui o leitor, e ao autor
conviver pacificamente, num sistema de reforço mútuo, por apenas.
que não? A diferença entre ambas está em que a segunda c) ao autor somente, identificado com os especialistas em
conta com a qualidade da nossa gestão, de vez que seremos comunicação, e a um agente específico, que inclui apenas o
responsáveis não apenas pelo espírito de cautela que nos ani- autor e o leitor.
ma, mas sobretudo pelas medidas a tomar para que se admi-
nistre no presente o que deve ser feito com vistas à garantia d) ao autor somente, e a um agente específico, que inclui ape-
de um bom futuro. nas o autor e o leitor.
e) a um agente não especificado, que pode incluir o autor e o
(Júlio Ribas de Almeida, inédito)
leitor, e ao autor apenas.
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas na
frase:
a) Eles reaveram sua credibilidade quando justificaram o sen-
tido do termo que empregaram.
Æ CORRELAÇÃO VERBAL
b) Se não lhe convir, esqueça o dicionário, mas depois não
venha a se arrepender. 41. (FCC – 2022)
c) Tudo o que ela propora inspirada naquele provérbio acabou Texto
sendo ignorado.
Memória de longe
d) Mesmo que requerêssemos nova revisão, a edição do dicio-
Ao longo da vida, nossas lembranças não apenas se reno-
nário sairia prejudicada.
vam, segundo os fatos que vão acontecendo. A faculdade da
e) Todos os esclarecimentos que lhes disporam os dicionários memória, em seu misterioso processo, muda de natureza.
foram preciosos. Na velhice, a memória costuma priorizar as lembranças mais
antigas segundo necessidades novas. É o que confirma o caso
seguinte.
40. (FCC – 2019) Meu muito velho vizinho estava morrendo. Ciente de seu
A comunicação pode ser entendida como o compartilha- estado, pediu que chamassem o filho longínquo, que há tanto
mento de um significado entre dois ou mais indivíduos e, na tempo estava sem ver, já perdera a conta dos anos. Chama-
maioria dos casos, não ocorre espontaneamente, sem qual- ram, e o filho José se pôs a caminho, ele mesmo, seu filho pre-
quer objetivo. Ela é iniciada por alguém que visa alcançar um dileto, o filho Zezito. E o José enfim chegou de sua longa viagem
determinado resultado. de avião, respondendo contristado ao apelo paterno. Surgiu
no quarto penumbroso, achegou-se ao leito, os cabelos e os
No processo de comunicação intercultural, ao comunica- bigodes já grisalhando contra a luz do abajur.
dor compete conhecer tanto a sua cultura quanto a cultura de
seu receptor. Do ponto de vista teórico, tais recomendações A filha alertou o velho:
não se distanciam muito do esquema elementar desenvol- – Olha, aí, pai, o Zezito chegou. Pertinho de você.
vido pelo professor Wilbur Schramm, nos primórdios dos O velho entreabriu os olhos turvos e já ia estendendo
estudos da comunicação. Ao transmissor competia codificar um braço, quando então o recolheu, murmurando num tom
uma ideia e gerar um sinal − ou mensagem − através de um irritado:
meio, de modo que o receptor pudesse decodificá-lo e absor-
– Esse aí não é o Zezito, não! Cadê o Zezito?
ver o seu significado. Esse processo desenrolava-se sobre
um cenário, ou contexto, e dizia-se que cabia ao transmissor Horas depois o velho vizinho partiu. Sem se despedir de
dimensionar a mensagem no nível de percepção e entendi- ninguém, nem mesmo do menino que há tanto, tanto tempo
mento do receptor. perdera de vista.
São comuns, entretanto, as situações em que, em lugar de (Jesualdo Calixto, inédito)
assumir esperadas posições de competência na comunicação
intercultural, vemos transmissores emitindo mensagens que As formas verbais atendem às normas de concordância e apre-
não são compreendidas pelos seus receptores, impossibilitan- sentam-se em tempos e modos adequadamente articulados na
do-os de produzir significados próprios e transformando-os frase:
em meros repetidores do que ouvem − numa clara relação de a) Se nos anos da velhice tudo nos fizessem esquecer os fatos
dominação. Os exemplos seriam muitos; para lembrar apenas mais antigos, como haveremos de revivê-los?
um, no campo da comunicação empresarial, podemos mencio-
b) Aos olhos do velho, os traços do filho menino estavam mui-
nar o grande número de empresas internacionais que utiliza,
to mais vivos do que os que lhe trouxe a imagem do filho
no Brasil, slogans ou lemas publicitários em inglês − sem tradu-
adulto.
ção − a despeito do fato de que não mais do que dez por cento
da população seja fluente nesse idioma. c) Por mais que o velho se esforçasse, não haverá como reco-
nhecer na imagem do filho que chegara o menininho que
(Adaptado de: PENTEADO, J. R. W. A comunicação intercultural: nem Eco nem
ele foi.
Narciso. In: SANTOS, J. E. dos (org.). Criatividade: Âmago das diversidades
culturais − A estética do sagrado. Salvador, Sociedade de Estudo das d) O velho certamente não se espantaria, no caso em que vies-
Culturas e da Cultura Negra no Brasil, 2010, p. 204-205) sem a se apresentar aos seus olhos a figura nítida de Zezito.
Considere os seguintes trechos do 3º parágrafo: e) Destaca-se no texto os fundamentos de uma teoria segun-
do a qual a memória deverá se modificar conforme ocorres-
− São comuns, entretanto, as situações em que, em lugar de sem novas motivações.
assumir esperadas posições de competência na comunicação
intercultural, vemos transmissores emitindo mensagens que
não são compreendidas pelos seus receptores...
− Os exemplos seriam muitos; para lembrar apenas um, no 42. (FCC – 2019) Direito à terra? Sim. O problema está em onde
campo da comunicação empresarial, podemos mencionar o se colocam as cercas.
grande número de empresas internacionais que utiliza, no Bra- Limites da propriedade
sil, slogans ou lemas publicitários em inglês... Nesses contextos, Tenho, numa árvore, um daqueles bebedouros para bei-
as formas verbais flexionadas na primeira pessoa do plural, ja-flores. E um deles já tomou posse. Quando aparece qual-
vemos e podemos, referem-se, respectivamente, quer intruso, lá vem ele, como uma flecha, defender sua água.
a) ao autor somente, identificado com os especialistas em É a própria vida que determina o círculo de espaço que lhe
comunicação, e a todos os especialistas em comunicação pertence, que lhe é próprio. Daí, propriedade: aquilo que não
26 empresarial. me é estranho, que é parte de mim mesmo, que não pode ser
tocado sem que eu sinta. O espaço que é propriedade do meu espaços infinitos me abate de terror”, afligia-se o pensador
corpo é um dos direitos que a vida tem. Os limites da minha francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?
terra são os limites do que necessito para viver. O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde
Mas há aqueles que fincam cercas para além dos limites à questão com lucidez e bom humor: “Discordo de alguns
PORTUGUÊS
da necessidade do seu corpo. Quando a terra é, de fato, uma amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico
propriedade, algo que é próprio ao corpo, ela está sendo do universo. Não me sinto absolutamente humilde diante da
constantemente transformada em vida. Mas quando a terra é vastidão do espaço. As estrelas podem ser grandes, mas não
mais do que meu corpo necessita, ela deixa de ser vida e se pensam nem amam – qualidades que impressionam bem mais
transforma em lucro. Lucro é aquilo que não foi consumido do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e
pela vida. vinte quilos”.
(Adaptado de: ALVES, R. Tempus fugit. São Paulo: Paulus, 1990, p. 33−34) Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um
de nós, não apenas um punhado de décadas, mas centenas
As formas verbais atendem às normas de concordância e esta- de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma
belecem uma adequada correlação entre os tempos e os modos da existência renderiam, por conta disso, os seus segredos?
na frase: E se nos fosse concedida a imortalidade, isso teria o dom de
a) Sempre terão havido aqueles ambiciosos para os quais não aplacar de uma vez por todas o nosso desamparo cósmico e
contarão os limites de propriedade a serem observados. as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos,
seria difícil de suportar.
b) Os espaços que venham a ser propriedade do meu corpo
deverão corresponder plenamente a necessidades minhas. (Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2016, p. 35)
c) Poderão acorrer aos bebedouros qualquer pássaro, desde
que não houvesse a tomada de posse por um deles. Há ocorrência de forma verbal na voz passiva e adequada arti-
d) Se couberem aos proprietários atender às necessidades do culação entre os tempos e os modos verbais na frase:
corpo, eles se regulariam por esse princípio de direito. a) Ainda que em algum dia tenhamos para viver muito mais de
e) Uma vez que se infrinja os critérios da necessidade huma- 100 anos, ainda assim é que os julgássemos insuficientes.
na, o direito à propriedade poderia se mostrar abusivo. b) Caso viéssemos a viver, no futuro, dois ou mais séculos,
nada garantirá que estivéssemos satisfeitos com esse tem-
po de vida.
43. (FCC – 2019) c) Na hipótese de um dia viermos a viver por alguns séculos,
ainda assim houvesse quem não se satisfaria com todo esse
Envelhecer
tempo.
Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar
d) Quando, em idos tempos, a expectativa de vida era em
que envelhece por inteiro − famosa tolice. Alguém já notou:
média 35 anos, os homens não passariam a alimentar
envelhecemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde,
metas muito mais altas.
aquele outro já quase apodrece; aqui há seiva estuando, além
é coisa murcha. e) Os anos que forem bem vividos bastarão para aqueles que
não costumam esperar pelo desfrute de uma margem inal-
A infância não volta, mas não vai − fica recolhida, como
cançável de tempo.
se diz de certas doenças. Pode dar um acesso. Outro dia sofri
um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-
-me célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos
e ardiam; mãos trêmulas; os demônios me apertavam a gar- 45. (FCC – 2019)
ganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha veloci- Disseminação da violência
dade por fora. Exatamente o contrário do que convém a um
senhor de minha idade e condição. A violência não se administra nem admite negociação: é
da sua natureza impor a força como método. Sua lógica final
Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de é a adoção da barbárie. As instituições humanas existem para
repente começa a agir como um menino bobo. Será que só eu regulamentar nossos ímpetos, disciplinar nossas ações, impe-
sou assim, ou os outros disfarçam melhor? dir que se chegue à supremacia da violência. São chamados
*árdego: impetuoso. justamente de “supremacistas” (um neologismo, para atender
(BRAGA, R. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71) a uma necessidade de nossos tempos violentos) aqueles que
querem se impor pela força bruta, alcançar um poder hege-
Está plenamente adequada a correlação entre os tempos e os mônico. Apoiam-se eles em ideologias que cantam a superio-
modos verbais na frase: ridade de uma etnia, de uma cultura, de uma classe social, de
uma seita religiosa. Acabam por fazer de sua brutalidade pri-
a) Caso envelhecêssemos por inteiro, não haveremos de fre-
mitiva uma “instituição” organizada pelo princípio brutal da lei
quentar sensações já vividas.
do mais forte.
b) Alguém já terá notado que o que vivemos não pudesse
Talvez em nenhuma outra época foi tão premente a neces-
retornar senão com o auxílio da nossa imaginação.
sidade de se fortalecerem as instituições que de fato traba-
c) Se meus olhos não estivessem úmidos, eu não haverei lham a favor do homem, da coletividade, do interesse público.
como me dar conta da força daquela emoção. A profusão e a difusão das chamadas redes sociais puseram a
d) À medida que as emoções iam tomando conta de mim, nu a violência que está em muitos e que já não se envergonha
maior a inibição que me impedia a fala. de si mesma, antes se proclama e se propaga com inaudito
e) Pior ataque costumava ser o da infância, quando esta se cinismo. Estamos todos diante de um grande espelho público
imporia a mim de modo súbito e intenso. e anônimo, onde se projeta o que se é ou o que se quer ser.
Admirável como conquista tecnológica, a expansão da inter-
net ainda não encontrou os meios necessários para canalizar
acima de tudo os impulsos mais generosos, que devem reger
44. (FCC – 2019) nossa difícil caminhada civilizatória.
A chave do tamanho (Aníbal Tolentino, inédito)
O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades
no espaço infinito circunscrevem o nosso breve espasmo de Há ocorrência de voz passiva e correta articulação entre tem-
vida. A imensidão do universo visível com suas centenas de pos e modos verbais na frase:
bilhões de estrelas costuma provocar um misto de assombro, a) Seria desejável que a caminhada civilizatória possa dar
reverência e opressão nas pessoas. “O silêncio eterno desses vazão às nossas melhores qualidades naturais. 27
b) Esperava-se que em nosso atual estágio civilizatório hão de a composição em cima da qual o artista pintou uma nova
prevalecer o bom senso e a racionalidade. versão. Esses esboços ou pinturas, que foram rejeitados e
c) Às redes sociais devem-se tanto o mérito de uma ampla encobertos pelo artista, são os pentimentos, que foram des-
comunicabilidade como os abusos implicados. cartados sem ser propriamente apagados.
d) Os “supremacistas” haverão de contar com a benevolência O pentimento faz parte do quadro, assim como fazem
daqueles que não lhes resistissem. parte da nossa vida muitos projetos dos quais desistimos.
São restos do passado que transparecem no presente, como
e) Os preconceitos que muitos vierem a cultivar impediriam a potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo
supremacia dos bons valores. assim, integram a nossa história.
Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos
de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos:
46. (FCC – 2019) projetos que não se realizaram. Por que não se realizaram?
A mensagem desejada Em geral, pensamos que nos faltou a coragem. Não soubemos
renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que
Brigaram muitas vezes e muitas vezes se reconciliaram,
outras escolhas tivessem uma chance.
mas depois de uma discussão particularmente azeda, ele
decidiu: o rompimento agora seria definitivo. Um anúncio O problema dos pentimentos é que eles esvaziam a vida
que a deixou desesperada: vamos tentar mais uma vez, só uma que temos. O passado que não se realizou funciona como a
vez, implorou, em prantos. Ele, porém, se mostrou irredutível: miragem da felicidade que teria sido possível se tivéssemos
entre eles estava tudo acabado. feito a escolha “certa”. Quando examino as fotos de minhas
turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que dei-
Se pensava que tal declaração encerrava o assunto, estava
xei amizades e amores inacabados, mas que teriam revolucio-
enganado. Ela voltou à carga. E o fez, naturalmente, através
nado meu futuro.
do e-mail. Naturalmente, porque através do e- mail se tinham
conhecido, através do e-mail tinham namorado. Ela agora con- Nem sempre os pentimentos são bons conselheiros - até
fiava no poder do correio eletrônico para demovê-lo de seus porque, às vezes, eles são falsos. Hoje, é fácil esbarrar em
propósitos. Assim, quando ele viu, estava com a caixa de entra- espectros do passado: as redes sociais proporcionam reen-
da entupida de ardentes mensagens de amor. contros improváveis e, com isso, criam pentimentos artificiais.
Graças às redes, um relacionamento apagado da memória
O que o deixou furioso. Consultando um amigo, contu- pode reaparecer como se representasse um grande potencial
do, descobriu que era possível bloquear as mensagens de ao qual renunciamos. Somos perigosamente nostálgicos de
remetentes incômodos. Com uns poucos cliques resolveu o escolhas passadas alternativas que teriam nos levado a um
assunto. presente diferente – e melhor. Se essas escolhas não exis-
Naquela mesma noite o telefone tocou e era ela. Nem se tiram, somos capazes de inventá-las e de vivê-las como
dignou a ouvi-la: desligou imediatamente. Ela ainda repetiu a pentimentos. Os pentimentos não são necessariamente recí-
manobra umas três ou quatro vezes. procos, e os falsos pentimentos, revisitados, são receitas para
Esgotada a fase eletrônica, começaram as cartas. Três ou o desastre.
quatro por dia, em grossos envelopes. Que ele nem abria. (Adaptado de: CALLIGARIS, C. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso
Esperava juntar vinte, trinta, colocava todas em um envelope em: 04 out. 2022.)
e mandava de volta para ela.
Acreditamos que a felicidade teria sido alcançada se tivésse-
Mas se pensou que ela tinha desistido, estava engana-
mos feito a escolha “certa”.
do. Uma manhã acordou com batidinhas na janela do apar-
tamento. Era um pombo-correio, trazendo numa das patas Mantendo uma adequada articulação entre tempos e modos
uma mensagem. verbais, os segmentos sublinhado acima podem ser substituí-
dos, respectivamente, por:
Não teve dúvidas: agarrou-o, aparou-lhe as asas. Pombo,
sim. Correio, não mais. a) tinha sido alcançada − fazemos
E pronto, não havia mais opções para a coitada. Aparente- b) fora alcançada − fizéssemos
mente chegara o momento de gozar seu triunfo; mas então, c) seria alcançada − faríamos
e para seu espanto, notou que sentia falta dela. Mandou-lhe d) será alcançada − fizermos
um e-mail, e depois outro, e outro: ela não respondeu. E não
atendia ao telefone. E devolveu as cartas dele. e) tivesse sido alcançada – faremos
Agora ele passa os dias na janela, contemplando a distân-
cia o bairro onde ela mora. Espera que dali venha algum tipo
de mensagem. Sinais de fumaça, talvez. 48. (FCC – 2019)
(Adaptado de: SCLIAR, M. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2013, Estação de águas
p. 71-72) Esta poética designação – estação de águas – nada tem
a ver, como eu imaginava quando menino, com alguma esta-
O segmento Mas se pensou que ela tinha desistido, estava enga-
ção de trem onde chovesse muito e tudo se inundasse. Em
nado está corretamente reescrito, com a correlação entre as
criança a gente tende a entender tudo meio que literalmente.
formas verbais preservada, em: “Estação de águas”, soube depois, indica aqui a época, a tem-
Mas se porada ou mesmo a estância em que as pessoas se dispõem
a) pensou que ela tinha desistido, tinha estado enganado. a um lazer imperturbado ou a algum tratamento de saúde
baseado nas específicas qualidades medicinais das águas de
b) pensasse que ela tinha desistido, estaria enganado.
uma região. Água para se beber ou para se banhar, conforme
c) pensaria que ela tinha desistido, está enganado. o caso. Tais estâncias associam-se, por isso mesmo, a lugares
d) pense que ela tinha desistido, estivesse enganado. atrativos, ao turismo de quem procura, além de melhor saúde,
e) pensará que ela tinha desistido, teria estado enganado. a tranquilidade e o repouso que via de regra elas oferecem a
quem as visita ou nelas se hospeda.
Em meio ao turbilhão da vida moderna ainda se encon-
tra nessas paragens um oásis de sossego e descompromisso
47. (FCC – 2019) com o tempo. O desafio pode estar, justamente, em saber o
“Pentimento” é a palavra italiana para arrependimento, que fazer com um longo dia de ócio, em despovoar a cabe-
mas designa (em muitas línguas) uma pintura ou esboço enco- ça das imagens tumultuosas trazidas da cidade grande. Nes-
berto pela versão final de um quadro. Às vezes, com o tempo sas pequenas estâncias, o relógio da matriz opera num ritmo
28 ou no processo de restauração, a tinta deixa transparecer lerdo e preguiçoso, em apoio à calmaria daquele mundo
instituído para que nada de grave ou agitado aconteça. Os d) Segundo supõe Davi Kopenawa, os brancos não poderiam
visitantes velhinhos dormitam no banco da praça, as velhinhas sonhar tão longe quanto os nativos porque estejam presos
vão atrás de algum artesanato, os jovens se entediam, os turis- ao mundo das mercadorias.
tas adultos se dividem entre absorver a paz reinante e planejar e) Ao se depararem com os nativos, tão logo chegados ao Novo
PORTUGUÊS
as tarefas da volta. Mundo, os colonizadores passassem a julgá-los como cria-
Não se sabe quanto tempo ainda durará essa rara opor- turas amorais e infantilizadas.
tunidade de paz. As informações do mundo de hoje circulam
o tempo todo pelos nervosos celulares, a velocidade da vida
digital é implacável e não tolera espaços de vazio ou tempos
50. (FCC – 2019)
vazios. Mas enquanto não morrer de todo o interesse de se
cultuar a vida interior, experiência possível nessas estâncias [A harmonia natural em Rousseau]
sossegadas, não convém desprezar a sensação acolhedora de A civilização foi vista por Jean-Jacques Rousseau (1713-
pertencer a um mundo sem pressa. 1784) como responsável pela degeneração das exigências
(Péricles Moura e Silva, inédito) morais mais profundas da natureza humana e sua substituição
pela cultura intelectual. A uniformidade artificial de comporta-
É plenamente adequada a correlação entre os tempos e os mento, imposta pela sociedade às pessoas, leva-as a ignorar os
modos verbais na frase: deveres humanos e as necessidades naturais.
a) Poucos haverão de crer que ainda se resista nas pequenas A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque
cidades ao uso descontrolado das mídias eletrônicas. ele sabe viver de acordo com suas necessidades inatas. Ele é
amplamente autossuficiente porque constrói sua existência
b) Se lhes parecesse possível, muitos habitantes das metró-
no isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de ali-
poles cogitarão de se transferir para alguma cidadezinha
mentação e sexo sem maiores dificuldades e não é atingido
interiorana.
pela angústia diante da doença e da morte. As necessida-
c) A menos que ocorresse alguma hecatombe, nada alterará o des impostas pelo sentimento de autopreservação – presen-
ritmo de vida que predomine naquela cidadezinha. te em todos os momentos da vida primitiva e que impele o
d) É possível que os atropelos das grandes cidades um dia che- homem selvagem a ações agressivas – são contrabalançadas
garão a impedir que as estâncias continuariam na mesma pelo inato sentimento que o impede de fazer mal aos outros
paz. desnecessariamente.
e) Caso alguém imagine que todos amam a paz das cidadezi- Desde suas origens, o homem natural, segundo Rous-
nhas estaria enganado: sempre há os que a desprezassem. seau, é dotado de livre arbítrio e sentido de perfeição, mas o
desenvolvimento pleno desses sentimentos só ocorre quan-
do estabelecidas as primeiras comunidades locais, baseadas
sobretudo no grupo familiar. Nesse período da evolução, o
49. (FCC – 2019) homem vive a idade do ouro, a meio caminho entre a bruta-
Antropologia reversa lidade das etapas anteriores e a corrupção das sociedades
É sempre tarefa difícil – no limite, impossível – compreen- civilizadas.
der o outro não a partir de nós mesmos, ou seja, de nossas (Encarte, sem indicação de autoria, a Jean-Jacques Rousseau – Os
categorias e preocupações, mas de sua própria perspectiva e Pensadores. Capítulo 34. São Paulo: Abril, 1973, p. 473)
visão de mundo. “Quando os antropólogos chegam”, diz um
provérbio haitiano, “os deuses vão embora”. Estão plenamente observadas a correção da redação e a corre-
lação entre tempos e modos verbais na frase:
Os invasores coloniais europeus, com raras exceções, con-
sideravam os povos autóctones do Novo Mundo como crian- a) Caso seja levada a sério, a disciplina aristocrática impediria
ças amorais ou boçais supersticiosos – matéria escravizável. o homem civilizado de que fosse plenamente feliz.
Mas como deveriam parecer aos olhos deles aqueles euro- b) Se a felicidade dos homens civilizados se equiparasse a dos
peus? “Onde quer que os homens civilizados surgissem pela homens primitivos, não haveria porquê não festejar o rumo
primeira vez”, resume o filósofo romeno Emil Cioran, “eles da civilização.
eram vistos pelos nativos como demônios, como fantasmas ou c) Entende-se que os povos primitivos estivessem sendo mais
espectros, nunca como homens vivos! Eis uma intuição inigua- felizes do que nós porquanto eles saberão atender a suas
lável, um insight profético, se existe um”. necessidades básicas.
O líder ianomâmi Davi Kopenawa, porta-voz de um povo d) Quando viermos a considerar mais de perto a felicidade dos
milenar situado no norte da Amazônia e ameaçado de extinção, primitivos, estaremos próximos da felicidade maior a que
oferece um raro e penetrante registro contra- antropológico aspiramos.
do mundo branco com o qual tem convivido: “As mercadorias
e) Nos tempos primitivos, onde sobejavam os impulsos natu-
deixam os brancos eufóricos e esfumaçam todo o resto em
rais, os homens sabem administrar o equilíbrio que lhes
suas mentes [...] Seu pensamento está tão preso a elas, são
demanda a natureza.
de fato apaixonados por elas! Dormem pensando nelas, como
quem dorme com a lembrança saudosa de uma bela mulher.
Elas ocupam seu pensamento por muito tempo, até vir o sono.
Os brancos não sonham tão longe quanto nós. Dormem muito,
mas só sonham consigo mesmos”.
Æ LOCUÇÃO VERBAL
(Adaptado de GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2016, p. 118-119)
51. (FCC – 2022)
É plenamente adequada a correlação entre os tempos e os As redes sociais se apresentam como uma espécie de “pra-
modos verbais na frase: ça pública virtual”, na qual indivíduos interagem e empresas
a) Seria de se supor que um nativo venha a estranhar os colo- anunciam seus produtos. Entretanto, ao contrário do espaço
nizadores do mesmo modo que estes viriam a com ele se público tradicional (físico), plataformas de redes sociais mol-
espantar. dam quem e o que encontraremos durante a conexão. A lógi-
ca por trás disso é que tenhamos um espaço customizado, no
b) Não se apresentaria como fácil a plena compreensão que qual nos deparemos com aqueles que conosco se asseme-
alguém se dispusesse a ter da cultura que se sustentasse lham e com produtos que almejamos. Conectar-se de forma
em outros valores. sadia às redes sociais demanda alguns cuidados. O primeiro
c) Para que venham a ser compreendidos os valores de uma deles, é saber como a maior parte das redes sociais funciona.
cultura, houvera de se esforçar quem os buscar analisar Não ignorar que cada um de nós é o verdadeiro produto
mais de perto. pode nos garantir experiência saudável nesse ambiente. 29
Desconsiderar esse ponto é o atalho para vivenciar aquilo que Está correto o emprego do elemento destacado na frase:
se pode definir como conectividade tóxica. a) Se os cientistas não disporem-se à criar, quem se respon-
Um segundo aspecto, decorrente do anterior, diz respei- sabilizará pelos avanços da ciência?
to às pessoas, às notícias e aos produtos com os quais nos b) Caso não lhes detêssemos a tempo, os obscurantistas de
deparamos. sempre continuariam a administrar a ciência.
Nosso histórico de acessos na internet permite que as pla- c) Atribue-se nos avanços da biotecnologia a razão da obso-
taformas direcionem conteúdo sob medida a cada um de nós. lescência de certos tratamentos médicos.
Isso inclui sugestões de amizade, apresentação de notícias e,
claro, publicidade. A depender das configurações de nossos d) No último simpósio de biotecnólogos, alguns não convi-
aparelhos eletrônicos, falas simples, mesmo enquanto não ram de assumir as novas responsabilidades que lhes foram
usamos tais dispositivos, podem ser captadas por mecanis- atribuídas.
mos de inteligência artificial e transformadas em material que e) À medida que se propuserem a cumprir as novas metas da
chega às nossas telas sem que nada busquemos. Um terceiro nova ciência, serão reconhecidos por toda a comunidade
aspecto consiste em não nos deixarmos levar pelo aparente médica.
conforto que as redes propiciam. Com o uso frequente, permi-
timos que as plataformas criem nossa “própria bolha”.
Levados pelo desejo, curvamo-nos à facilidade do consu- 53. (FCC – 2021)
mo e tornamo-nos presas fáceis de golpes que prometem van-
tagens fantásticas e inverídicas. Diante de falsas notícias, que Vende a casa
tendem a nos agradar ou atemorizar, abrimos mão da neces- O homem falou:
sária reflexão, e preferimos compartilhá-las sem nem mesmo − Comprei esta casa; vendi-a. No intervalo, passaram-se 21
conferir se provêm de fonte confiável. Em ambos os casos, anos. Aconteceram diferentes coisas nesse intervalo. O dita-
somos fantoches manipulados por interesses alheios. dor caiu, subiu de novo, matou-se. A bomba atômica explodiu,
(Adaptado de: AMARAL, L. F. Conexão Sadia. Disponível em: Istoe.com.br/ inventou-se outra bomba ainda mais terrível. Veio a paz, ou
conexao − sadia) uma angústia com esse nome. Apareceram antibióticos, aviões
a jato, computadores eletrônicos. O homem deu a volta ao
Sintaticamente, o período Não ignorar que cada um de nós é universo e viu que a terra era azul. Fabricaram-se automóveis
o verdadeiro produto pode nos garantir experiência saudável no Brasil. Pela rua passam biquínis aos três, aos quatro, e a
nesse ambiente caracteriza-se pela presença de uma oração geração nova usa rosto novo e nova linguagem. Mas a casa
principal e não mudou.
a) uma subordinada com função de complemento verbal. Veja esta pérgula. Está cercada de edifícios agressivos, não
b) uma subordinada com função de sujeito. tem mais razão de ser, mas é uma pérgula. Quem a mandou
c) duas subordinadas, uma com função de adjunto adnominal fa zer deu recepções neste terraço, de onde se descortinavam
e outra como sujeito. os morros da Gávea e o mar. Hoje não se vê nada em redor,
mas a pér gula é a mesma. O construtor morreu, como o dono
d) duas subordinadas, uma com função de sujeito e outra primitivo; a pérgula está viva, com sua buganvília.
como complemento verbal.
Esta escada, eu a subia com pernas de gato, nem reparava.
e) duas subordinadas, ambas com função de sujeito.
Hoje subo contando os degraus que faltam, e, podendo evitar,
evito a subida, fico lá embaixo. Ela deve estar-se rindo de mim,
que me cansei depressa.
52. (FCC – 2021) Atenção: Para responder à questão, baseie-se A sala, o pequeno escritório, está vendo? Tudo resistiu mais
no texto abaixo. do que o morador. Não queria acabar, e decerto, chegando a
Duas revoluções da humanidade hora, me enterraria. Não usa mais sair defunto de casa, mas
Estamos hoje na confluência de duas imensas revoluções. bem que a casa gostaria se, depois de me abrigar tanto tempo,
Por um lado, biólogos estão decifrando os mistérios do corpo pudesse me expor na sala, prestando mais um serviço. Por-
humano, particularmente do cérebro e dos sentimentos. Ao que não tem feito outra coisa senão prestar serviço. Às vezes
mesmo tempo, os cientistas da computação estão nos dando com ironia ou aparen temente de mau humor: porta empena-
um poder de processamento de dados sem precedente. Quan- da, soalho abatido, defeitos na instalação elétrica antiquada.
do a revolução na biotecnologia se fundir com a revolução na Porém seu mau humor nunca foi maior do que o meu, que
tecnologia da informática, essa fusão produzirá algoritmos de usei e abusei de seus serviços com impaciência e tantas vezes
longo alcance capazes de monitorar e compreender nossos a desprezei, chamando-a feia e desajeitada.
sentimentos muito melhor do que nós mesmos, e então a auto- Tem goteiras; sempre teve, é um de seus orgulhos, ao
ridade decisiva passará dos humanos para os computadores. que parece. Certa madrugada acordamos com a cachoeira no
Nossa ilusão de que detemos uma total e livre capacidade quarto. Tinham-se rompido umas telhas, e o mundo parecia vir
de escolha, a que damos o nome de livre arbítrio, provavel- abaixo, derretido em chuva. Pois não havia nada de mais sólido
mente vai se desintegrar à medida que nos depararmos, dia- na terra do que esta velha casa remendada e maltratada. A
riamente, com instituições, corporações e agências do governo prova aí está. Você nos compare, e diga.
que compreendem e manipulam o que era, até então, do Ratos? Sim, é próprio do lugar. Baratas, nem me fale. Pas-
domínio do nosso inacessível reino interior. samos 21 anos lutando contra bichos pequenos, mas era com-
Isso já está acontecendo no campo da medicina. As deci- bate leal, em igualdade de condições. Eles moravam no porão;
sões médicas mais importantes de nossa vida se baseiam não nós, na parte de cima. A luta nunca se decidiu, e a casa nos
na sensação de estarmos doentes ou saudáveis, nem mesmo dava chances idênticas. Era seu ingênuo divertimento.
nos prognósticos informados por nosso médico − mas nos cál- Creio que fui feliz aqui. Trouxemos uma menina, que se
culos de computadores que entendem do nosso corpo muito levantava cedinho para ir ao colégio; ouço ainda o desperta-
melhor do que nós. Eles serão capazes de monitorar nossa dor, vozes matutinas, sinto o cheiro de café coado na hora. Seu
saúde 24 horas por dia, sete dias por semana. Serão capa- quarto é o mesmo, a mesma mobília de sucupira que naque-
zes de detectar, logo em seu início, a gripe, o câncer, o mal le tempo se usa va. O retrato dela, feito por um pintor que já
de Alzheimer, muito antes de sentirmos que há algo errado morreu, está ali. Hoje é uma senhora que mora longe, e uma
conosco. Poderão então recomendar tratamentos adequados, vez por ano chega com um senhor e três garotos do capeta.
dietas e regimes diários, sob medida para nossa compleição É quando a casa fica matinal, ruidosa, fica plenamente casa,
física, nosso DNA e nossa personalidade, que são únicos. bagunça, festa cheia de gritos. Esses rabiscos na parede, cadei-
(Adaptado de: HARARI, Y. N. 21 lições para o século 21. São Paulo: ras remendadas, vidros partidos, está reparando? São das
30 Companhia das Letras, 2018, p. 74-75) melhores alegrias da casa.
Agora temos de fechar e sair; vendi a casa. Será demolida, 55. (FCC – 2019) Atenção: Considere o texto abaixo, para respon-
como todas as casas que restam serão demolidas. Era a úni- der à questão.
ca que sobrava nesta quadra; fora do alinhamento, sua massa Sem deixar de reconhecer seus méritos, o crítico Richard
barriguda tinha alguma coisa de insolente, de provocativo. Não Brody classificou “Parasita”, do coreano Bong Joon-ho, como
PORTUGUÊS
podia con tinuar. um filme conservador. Entre outras coisas, por expressar a
Isto é, podia. Eu é que entreguei os pontos. Agora veja o urgência de uma correção da ordem social e econômica, sem
que está se passando. Mal assinei a escritura e voltei, começo romper com as regras do entretenimento comercial.
a sentir-me estranho na casa. Rompeu-se um laço, mais do que Já entendemos que as coisas perderam o rumo, mas con-
isso, uma fibra. Eu não sabia ao certo o que é uma casa. Agora tinuamos caminhando para o precipício. Bong se apoia nesse
sei, e estou meio envergonhado. consenso para transmitir uma parábola admonitória que nos
faz rir ao mesmo tempo que nos confronta com nosso próprio
(ANDRADE, C. D. de. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras,
suicídio.
2020)
Ortega y Gasset dizia que a comédia era um gênero que
Ao se transpor o trecho O homem falou: – Comprei esta casa confirmava o poder do que já está estabelecido: o indivíduo
(1° e 2° parágrafos) para o discurso indireto, o verbo destacado que se encontra fora das estruturas torna-se ridículo, cômico.
assume a seguinte forma: Bong inverte a lógica. Ridículo é quem ainda acredita na nor-
malidade das estruturas.
a) seria comprada.
Já nos primeiros minutos, o protagonista, filho de uma
b) teria comprado.
família de párias, considera, diante da miséria à sua volta, o
c) compraria. quanto “tudo é metafórico”. Na comédia proposta por Bong,
d) tinha comprado. para falar do estado insustentável da desigualdade no mundo,
as metáforas são evidentes. Rimos do que já entendemos.
e) fosse comprada.
O filme opõe uma família de desempregados, condena-
dos a viver como parasitas, a uma família de ricos frívolos,
enredados em pequenas neuroses e ambições previsíveis,
54. (FCC – 2019) entre os muros que os separam da realidade.
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Atentos às menores chances de sobrevivência, em pouco
Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bon- tempo pai, mãe e os dois filhos da família pobre estarão
des no meu tempo de menino. ocupando cargos de confiança na casa dos ricos, graças a
uma série de circunstâncias.
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora
substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada. A casa onde vivem os ricos, representativa de uma tradição
Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, moderna de elegância e conforto minimalista, é mal-assom-
quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos brada, a julgar pelas visões do filho menor.
um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de O que se instila na parábola de Bong Joon-ho é um con-
tamancos ou de pés no chão. servadorismo estético. É fato que o estado político, social e
econômico do mundo desautorizou as ambições da moder-
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será
nidade. A casa da família rica, em seu empenho modernista,
difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os
não só não resolve a desigualdade econômica como a esconde,
rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de encobre, transforma-a em fantasma.
minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de
carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esque- Mesmo ironizando o projeto modernista, o cineasta não
rompe, por razões táticas, com as regras do sistema de entre-
cer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
tenimento que acompanha essa mesma ordem desigual. É
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de
como se o discurso artístico também precisasse reduzir-se ao
minha avó Nair.
mais básico e consensual entendimento das coisas (as metá-
A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da foras imediatamente reconhecíveis por todos), evitando as
Geada, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de contradições e o mistério que são a matéria de uma arte de
um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, ruptura.
e a natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, Em “Parasita” não há desejo de ruptura nem revolução.
quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água Com a ponderação típica de um conto moral, ele nos exorta a
encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de salvar o que ainda não desmoronou.
som e sem inflação.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www.folha.uol.com.br.
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, Acesso em: 04 out. 2022)
na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e
Sem prejuízo para a correção e o sentido, no trecho em pouco
estou certo que o nosso coração era simples, espichado e
tempo pai, mãe e os dois filhos da família pobre estarão ocu-
melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hos-
pando cargos de confiança na casa dos ricos, pode-se eliminar
tilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra o uso do gerúndio, substituindo-se o segmento destacado por:
cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não
dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*! a) tem ocupado.
b) tiveram de ocupar.
*batuta: amigo, camarada.
c) há de ocupar.
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, H.
(org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. d) terão de ocupar.
141-143) e) ocuparão.
Na frase A miséria não substituíra a pobreza, a forma verbal
destacada equivale a
56. (FCC – 2019) Atenção: Considere o texto abaixo para respon-
a) se substituiu.
der à questão.
b) fora substituída.
Para ele, o fim do ano era sempre uma época dura, difícil
c) substituía. de suportar. Sofria daquele tipo de tristeza mórbida que aco-
d) tinha substituído. mete algumas pessoas nos festejos de Natal e de Ano-Novo.
No seu caso havia uma razão óbvia para isso(B): aos seten-
e) teria substituído.
ta anos, solteirão, sem parentes, sem amigos, não tinha com
quem celebrar, ninguém o convidava para festa alguma. O 31
jeito era tomar um porre, e era o que fazia, mas o resultado longe de dentes, mais seguro. Julgou que à luz do dia veria o
era melancólico: além da solidão, tinha de suportar a ressaca. inimigo e alguém o acudiria. Se lhe descessem uma lâmina
No passado, convivera muito tempo com a mãe.(C) haveria de a enfiar nas tripas nervosas do bicho e o saberia
Filho único, sentia-se obrigado a cuidar da velhinha que cedo morto. Poderia descansar na sua provação, que era já coisa
enviuvara. Não se tratava de tarefa fácil: como ele, a mãe era bastante para o arreliado do espírito que costumava ter.
uma mulher amargurada. Contra a sua vontade, tinha casado, A noite toda se foi medindo no exíguo espaço e prestou
em 31 de dezembro de 1914 (o ano em que começou a Grande atenção àquela aflição contínua. Mas, com o dia, seguiu sem
Guerra, como ela fazia questão de lembrar) com um homem ver. A roda de céu que declinava ao chão transbordava, pelo
de quem não gostava, mas que pais e familiares achavam um que quase nada baixava. No fundo tão fundo eram só cegos.
bom partido. Resultado desse matrimônio: um filho e longos Foi quando Itaro distinguiu lucidamente o que lhe ocorria.
anos de sofrimento e frustração. O filho tinha de ouvir suas Estar no fundo do poço era menos estar no fundo do poço e
constantes e ressentidas queixas. Coisa que suportava estoi- mais estar cego, igual a Matsu, a sua irmã. Estava, por fim, cap-
camente(A); não deixou, contudo, de sentir certo alívio quan- turado pelo mundo da irmã. A menina habitava o radical puro
do de seu falecimento, em 1984. Este alívio resultou em culpa, da natureza.
uma culpa que retornava a cada Natal. Porque a mãe falecera (MÃE, V. H. A lenda do poço in Homens imprudentemente poéticos. São
exatamente na noite de Natal. Na véspera, no hospital, ela lhe Paulo: Biblioteca Azul, 2016, p. 124-125)
fizera uma confissão surpreendente: muito jovem, apaixona-
ra-se por um primo, que acabou se transformando no grande Em suas quatro ocorrências, o pronome lhe, destacado no texto,
amor de sua vida. Mas a família do primo mudara-se, e ela nun- refere-se à personagem
ca mais tivera notícias dele. Nunca recebera uma carta, uma a) Matsu em três ocasiões e ao animal em uma.
mensagem, nada. Nem ao menos um cartão de Natal.
b) Itaro em três ocasiões e ao animal em uma.
No dia 24 pela manhã ele encontrou um envelope na
carta do correio(D). Como em geral não recebia correspondên- c) Matsu em duas ocasiões, a Itaro em uma e ao animal em
cia alguma, foi com alguma estranheza que abriu o envelope. uma.
Era um cartão de Natal, e tinha a falecida mãe como d) Itaro em três ocasiões e a Matsu em uma.
destinatária. Um velhíssimo cartão, uma coisa muito antiga, e) Itaro em duas ocasiões, a Matsu em uma e ao animal em
amarelada pelo tempo. De um lado, um desenho do Papai uma.
Noel sorrindo para uma menina. Do outro lado, a data: 23 de
dezembro de 1914. E uma única frase: “Eu te amo.”
A assinatura era ilegível, mas ele sabia quem era o reme- 58. (FCC – 2019)
tente: o primo, claro. O primo por quem a mãe se apaixonara,
Como assistiremos a filmes daqui a 20 anos?
e que, por meio daquele cartão, quisera associar o Natal a uma
mensagem de amor. Uma nova vida, era o que estava prome- Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por
tendo. Esta mensagem e esta promessa jamais tinham chega- câmeras 360 (que capturam vistas de todos os ângulos), o
do a seu destino. Mas de algum modo o recado chegara a ele. momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
Por quê? Que secreto desígnio haveria atrás daquilo?(E) intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e
início do século 20.
Cartão na mão, aproximou-se da janela. Ali, parada sob o
poste de iluminação, estava uma mulher já madura, modesta- Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento ofe-
mente vestida, uma mulher ainda bonita. Uma desconhecida, rece um potencial incrível para o futuro dos filmes – como a
claro, mas o que importava? Seguramente o destino a trouxe- realidade aumentada, a inteligência artificial e a capacidade
ra ali, assim como trouxera o cartão de Natal. Num impulso, cada vez maior de computadores de criar mundos digitais
abriu a porta do apartamento e, sempre segurando o cartão, detalhados.
correu para fora. Tinha uma mensagem para entregar àquela Como serão os filmes daqui a 20 anos? E como as his-
mulher. Uma mensagem que poderia transformar a vida de tórias cinematográficas do futuro diferem das experiências
ambos, e que era, por isso, um verdadeiro presente de Natal. disponíveis hoje? De acordo com o guru da realidade virtual e
(SCLIAR, M. Mensagem de Natal. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 26-28) artista Chris Milk, os filmes do futuro oferecerão experiências
imersivas sob medida. Eles serão capazes de “criar uma histó-
Esta mensagem e esta promessa jamais tinham chegado a seu ria em tempo real que é só para você, que satisfaça exclusiva-
destino (5º parágrafo). mente a você e o que você gosta ou não”, diz ele.
A forma verbal destacada acima está empregada no mesmo (Adaptado de: BUCKMASTER, L. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em:
tempo do verbo destacado em: 04 out. 2022.)
a) Coisa que suportava estoicamente O pronome “Eles”, em destaque, faz referência aos
b) No seu caso havia uma razão óbvia para isso a) artistas individualistas do futuro.
c) No passado, convivera muito tempo com a mãe b) filmes da atualidade.
d) No dia 24 pela manhã ele encontrou um envelope na carta c) espectadores do futuro.
do correio
d) diretores hoje renomados.
e) Que secreto desígnio haveria atrás daquilo (5º parágrafo)
e) filmes do futuro
PORTUGUÊS
Lá o deixei; meti-me às pressas na sege, que me espera- b) Deus.
va no Largo de S. Francisco de Paula, e ordenei ao boleeiro
c) vítima.
que rodasse pelas ruas fora. O boleeiro atiçou as bestas, a
sege entrou a sacolejar-me, as molas gemiam, as rodas sul- d) assessores.
cavam rapidamente a lama que deixara a chuva recente, e e) Diabo.
tudo isso me parecia estar parado. Não há, às vezes, um certo
vento morno, não forte nem áspero, mas abafadiço, que nos
não leva o chapéu da cabeça, nem rodomoinha nas saias das 61. (FCC – 2019)
mulheres, e todavia é ou parece ser pior do que se fizesse uma
e outra coisa, porque abate, afrouxa, e como que dissolve os O casamento, para ela, era isso: quarenta e oito anos de
espíritos? Pois eu tinha esse vento comigo; e, certo de que ele opressão, de humilhações, de vexames. Um verdadeiro tirano,
me soprava por achar-me naquela espécie de garganta entre o o marido dela, um homem autoritário que lhe dava ordens sem
passado e o presente, almejava por sair à planície do futuro. O cessar e que a ridicularizava na frente de todo o mundo: minha
pior é que a sege não andava. mulher é um desastre, proclamava, não faz nada direito.
− João, bradei eu ao boleeiro. Esta sege anda ou não anda? E ela? Ela calava. Jamais protestara. Até os filhos se indigna-
vam com aquela passividade: você não pode se deixar dominar
– Uê! nhonhô! Já estamos parados na porta de sinhô dessa maneira, diziam, você tem de fazer alguma coisa. Ela
conselheiro. suspirava, resignada, não dizia nada.
(ASSIS, M. de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Mas estava, sim, resolvida a se vingar. Sua vingança seria
Editorial, 2001, p. 135-136)
cruel e requintada, uma vingança capaz de indenizá-la por uma
vida de sofrimentos. Só faltava descobrir a maneira de fazê-lo.
Lá o deixei; meti-me às pressas na sege, que me esperava no
Largo de S. Francisco de Paula, e ordenei ao boleeiro que rodas- A ideia lhe ocorreu quando, uma manhã, o marido pergun-
se pelas ruas fora. (2º parágrafo) tou se ela não vira seu cachimbo. Entre parênteses, gostava
muito disso, de fumar cachimbo. Verdade que a ela o cheiro
O pronome destacado refere-se a
deixava tonta; mas ele pouco estava ligando. Entre a mulher
a) pai. e o cachimbo prefiro o cachimbo, costumava dizer, entre
b) moleque. gargalhadas. Mas então ele tinha esquecido onde deixara o
c) passado. cachimbo − sinal de que a memória lhe falhava. E ela resolveu
tirar proveito disso. Para quê? Para enlouquecer o marido. Exa-
d) relógio. tamente: enlouquecê-lo. Era o mínimo a que podia almejar.
e) boleeiro. E aí começou o jogo. Onde está o cachimbo, perguntava
ele. Ali onde você o colocou, dizia ela, em cima do televisor.
Ele ficava perplexo: eu coloquei o cachimbo em cima
60. (FCC – 2019) do televisor? E por que teria feito isso, se ali não é lugar de
Desde aquela história de Jó contada no Antigo Testamento, cachimbo? Quanto mais perturbado ele ficava, mais ela se
Deus e o Diabo não apostavam sobre os seres humanos, com o entusiasmava. Era como uma gata brincando com um camun-
que a eternidade já estava ficando meio monótona. O Maligno dongo, um camundongo triste e desamparado. Você não viu o
resolveu, então, provocar o Senhor: que tal uma nova aposta? meu cachimbo? Está ali na prateleira, onde você o deixou. Eu?
Deus, na sua infinita paciência, topou. Eu deixei o cachimbo na prateleira? A coisa ia num crescendo,
a angústia dele aumentando sempre. Ela já tinha o final plane-
Dessa vez, contudo, o Diabo estava decidido a não perder. jado: um dia o cachimbo sumiria para sempre. E quando ele
Para começar, escolheu cuidadosamente o lugar onde procu- perguntasse ela responderia: você o jogou fora. O que seria
raria sua vítima: um país chamado Brasil no qual, segundo seus um golpe... mortal? Mortal.
assessores ministeriais, a diferença entre pobres e ricos chega-
va ao nível da obscenidade. Os mesmos assessores tinham Só que ele morreu antes disso. Um ataque do coração,
sugerido que se concentrasse em aposentados, pessoas provavelmente. Ela chorou muito: em parte porque tinha pena
que sabidamente ganham pouco. dele, em parte porque não pudera consumar sua vingança.
Mas aí teve uma ideia: colocar o cachimbo no caixão. Para
O Diabo pôs-se em ação. Foi-lhe fácil induzir um erro no atormentá-lo pela eternidade afora. Procurou o cachimbo, mas
sistema de pagamento de aposentadorias, com o qual um apo- não o achou. Simplesmente não conseguia lembrar de onde o
sentado recebeu, de uma só vez, mais de R$ 6 milhões. E aí colocara. Ali, em alguma parte da casa, estava o maldito objeto.
tanto o céu como o inferno pararam: anjos, santos e demô- Só que ela não o encontrava. E isto significava que jamais teria
nios, todos queriam ver o que o homem faria com o dinheiro. paz. Que aquela lembrança a torturaria até a morte.
O Diabo, naturalmente, esperava que ele se entregasse a uma
vida de deboches: festas espantosas, passeios em iates luxuo- (SCLIAR, M. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002, p. 113-114)
sos, rios de champanhe fluindo diariamente.
Que aquela lembrança a torturaria até a morte. (7º parágrafo)
Não foi nada disto que aconteceu. Ao constatar a existência Os termos destacados acima constituem, respectivamente,
do depósito milionário, o aposentado simplesmente devolveu o
a) preposição e pronome.
dinheiro. Eu não conseguiria dormir, disse, à guisa de explicação.
b) artigo e artigo.
O Diabo ficou indignado com o que lhe parecia uma extre-
ma burrice. Mas então teve a ideia de verificar o quanto o c) pronome e preposição.
homem recebia de aposentadoria por mês: menos de R$ 600. d) artigo e preposição.
Deu-se conta então de seu erro: a desproporção entre a quan-
e) pronome e artigo.
tia e os R$ 6 milhões da tentação tinha sido grande demais.
Mas o Diabo aprendeu a lição. Pretende desafiar de novo
o Senhor. Desta vez, porém, escolherá um milionário, alguém
familiarizado com o excesso de grana. Ou então um pobre. Æ PRONOMES RELATIVOS
Mas neste acaso fornecerá, além de muito dinheiro, um fras-
co de pílulas para dormir. A insônia dos justos tira o sono de 62. (FCC – 2022) Considere o texto abaixo, do pensador francês
qualquer diabo. Voltaire (1694-1778), para responder à questão.
(SCLIAR, M. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002, p. 71-72) 33
O preço da justiça Tudo isto será risível aos olhos das moças de hoje; mas
Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como a verdade é que o colégio de Tia Gracinha dava às moças de
grande jurisconsulto Beccaria, se é racional que, para ensinar então a educação de que elas precisavam para viver sua vida.
os homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homi- Não apenas o essencial, mas muito mais do que, sendo supér-
cidas e matem um homem em grande aparato. fluo e superior ao ambiente, era por isto mesmo, de certo
modo, funcional – pois a função do colégio era uma certa ele-
Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo vação espiritual do meio a que servia. Tia Gracinha era o que
de outra maneira, e se cabe empregar um de vossos compa- bem se podia chamar uma educadora.
triotas para massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em
qualquer circunstância, condenai o criminoso a viver para ser (Abril, 1979)
útil: que ele trabalhe continuamente para seu país, porque ele
(Adaptado de: BRAGA, R. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record,
prejudicou o seu país. É preciso reparar o prejuízo; a morte não
1984, p. 52-53)
repara nada.
Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está engana- Está adequado o emprego do elemento destacado na frase:
do: a preferência que ele dá a trabalhos penosos e úteis, que a) O estabelecimento de ensino era conhecido como colégio
durem toda a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa da Tia Gracinha, nome próprio do qual se recorreu para
longa e ignominiosa pena é mais terrível que a morte, pois esta depois batizar um grupo escolar.
só é sentida por um momento”.
b) Os valores a que tinham acesso as alunas daquele colégio
Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém eram tradicionais, de acordo com as expectativas daquela
a mais útil. O grande objetivo, como já dissemos em outra pas- época.
sagem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado
c) As esperanças de cujas se nutriam aquelas alunas repousa-
todos os dias de sua vida a preservar uma região da inundação
vam sobretudo num bom casamento e numa vida domésti-
por meio de diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio,
ca bem administrada.
ou a drenar pântanos infestados, presta mais serviços ao Esta-
do que um esqueleto a pendular de uma forca numa corrente d) A desenvoltura em práticas de atenta higiene era uma das
de ferro, ou desfeito em pedaços sobre uma roda de carroça. qualidades de que as moças deviam se aplicar naquele
colégio.
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo:
Martins Fontes, 2001, p. 18-20) e) Um paralelo entre a educação de hoje e a daquele internato
de moças soará risível, pois a liberdade é hoje uma condição
Está correto o emprego de ambos os elementos destacados na à qual ninguém abre mão.
frase:
a) A racionalidade de que devemos nos basear evita decisões
incompreensíveis, como legitimar uma sentença de morte 64. (FCC – 2022) Para responder a questão, baseie-se no texto
aonde a reparação é nula. abaixo.
b) Uma punição de cuja utilidade se estenda à sociedade é [Ritmos da civilização]
preferível do que aquela que nenhuma reparação traz em Se um camponês espanhol tivesse adormecido no ano
sua aplicação. 1.000 e despertado quinhentos anos depois, ao som dos mari-
c) Ao contrário de uma sentença na qual decorrem benefícios nheiros de Colombo a bordo das caravelas Nina, Pinta e Santa
sociais, a condenação à morte não lhes propicia a ninguém. Maria, o mundo lhe pareceria bastante familiar. Esse viajan-
d) A legislação à quem cabe estipular as punições deve atentar te da Idade Média ainda teria se sentido em casa. Mas se um
nas consequências finais da aplicação das sanções. dos marinheiros de Colombo tivesse caído em letargia similar
e despertado ao toque de um iPhone do século XXI, se encon-
e) Não faltam exemplos com os quais Voltaire lembra certas traria num mundo estranho, para além de sua compreensão.
medidas punitivas cujos efeitos propiciam algo de bom para “Estou no Céu?”, ele poderia muito bem se perguntar, “Ou, tal-
a sociedade. vez, no Inferno?”
Os últimos quinhentos anos testemunharam um cresci-
mento fenomenal e sem precedentes no poderio humano.
63. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, baseie-se Suponha que um navio de batalha moderno fosse transpor-
no texto abaixo. tado de volta à época de Colombo. Em questão de segun-
O colégio de Tia Gracinha dos, poderia destruir as três caravelas e em seguida afundar
as esquadras de cada uma das grandes potências mundiais.
Tia Gracinha, cujo nome ficou no grupo escolar Graça Guar- Cinco navios de carga modernos poderiam levar a bordo o
dia, de Cachoeiro do Itapemirim, era irmã de minha avó pater- carregamento das frotas mercantes do mundo inteiro. Um
na, mas tão mais moça que a tratava de mãe. Tenho do colégio computador moderno poderia facilmente armazenar cada
de Tia Gracinha uma recordação em que não sei o que é lem- palavra e número de todos os documentos de todas as biblio-
brança mesmo e lembrança de conversa que ouvi menino. tecas medievais, com espaço de sobra. Qualquer grande banco
Lembro-me, sobretudo, do pomar e do jardim do colégio, de hoje tem mais dinheiro do que todos os reinos do mundo
e imagino ver moças de roupas antigas, cuidando das plantas. pré-moderno reunidos.
O colégio era um internato de moças. Elas não aprendiam dati- Durante a maior parte da sua história, os humanos não
lografia nem taquigrafia, pois o tempo era de pouca máquina sabiam nada sobre 99,99% dos organismos do planeta – em
e nenhuma pressa. Moças não trabalhavam fora. As famílias especial, os micro-organismos. Foi só em 1674 que um olho
de Cachoeiro e de muitas outras cidades do Espírito Santo humano viu um micro-organismo pela primeira vez, quan-
mandavam suas adolescentes para ali; muitas eram filhas de do Anton van Leeuwenhock deu uma espiada através de seu
fazendeiros. Recebiam instrução geral, uma espécie de curso microscópio caseiro e ficou impressionado ao ver um mun-
primário reforçado, o mais eram prendas domésticas. Traba- do inteiro de criaturas minúsculas dando volta em uma gota
lhos caseiros e graças especiais: bordados, jardinagem, fran- d’água. Hoje, projetamos bactérias para produzir medicamen-
cês, piano... tos, fabricar biocombustível e matar parasitas.
A carreira de toda moça era casar, e no colégio de Tia Gra- Mas o momento mais notável e definidor dos últimos 500
cinha elas aprendiam boas maneiras. Levavam depois, para anos ocorreu às 5h29m45s da manhã de 16 de julho de 1945.
as casas de seus pais e seus maridos, uma porção de noções Naquele segundo exato, cientistas norte- americanos detona-
úteis de higiene e de trabalhos domésticos, e muitas finuras ram a primeira bomba atômica em Alamogordo, Novo México.
que lhes davam certa superioridade sobre os homens de seu Daquele ponto em diante, a humanidade teve a capacidade
tempo. Pequenas etiquetas que elas iam impondo suavemen- não só de mudar o curso da história como também de colo-
34 te, e transmitiam às filhas. car um fim nela. O processo histórico que levou a Alamogordo
e à Lua é conhecido como Revolução Científica. Ao longo dos Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha
últimos cinco séculos, os humanos passaram a acreditar que tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que
poderiam aumentar suas capacidades se investissem em pes- havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de quero-
quisa científica. O que ninguém poderia imaginar era em que sene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cava-
PORTUGUÊS
aceleração frenética tudo se daria. lo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Os minutos
voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de
(Adaptado de: HARARI, Y. N. Uma breve história da humanidade. Trad.
Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 257-259, passim)
espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um
acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio
Está inteiramente adequado o emprego do elemento destacado acordar-me da leitura.
na frase: (Adaptado de: ASSIS, M. de. Contos: uma antologia. São Paulo: Companhia
das Letras, 1988)
a) Seria enorme o espanto ao qual um camponês do ano 1.000
se sentiria invadido caso viesse a cair na era da Revolução
*comborça: qualificação humilhante da amante de homem
Científica.
casado
b) Tomou proporções gigantescas o crescimento econômico
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses,
porque foi marcado o período dos últimos quinhentos anos. que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas
c) É altíssima a capacidade de armazenamento de dados aon- primas. (2° parágrafo)
de se capacitam os computadores das grandes corporações. Os pronomes relativos destacados referem-se, respectivamen-
d) Um microscópio doméstico, de cuja capacidade riría- te, a
mos hoje, foi fundamental para a revelação visual dos a) “escrivão Meneses” e “uma de minhas primas”.
micro-organismos.
b) “eu” e “uma de minhas primas”.
e) A energia atômica, que seu uso pode se dar em várias
c) “A casa” e “escrivão Meneses”.
direções, marcou o início de uma nova era na história da
Humanidade. d) “eu” e “escrivão Meneses”.
e) “A casa” e “uma de minhas primas”.
A World Wide Web, ou www, completou três décadas de − Mas certamente você concordará em que haverá lingua-
existência. Sua invenção mudou a cara da internet. A ideia gens boas e linguagens ruins, melhores e piores.
foi do físico britânico Tim Berners-Lee, quando tinha 33 anos. − Não é tão simples assim, respondi. Essa, como se sabe,
Naquela época, a internet já operava havia duas décadas, é uma discussão acesa, um pomo da discórdia, que envolve
mas de forma bem diferente. Com recursos restritos, era argumentos linguísticos, sociológicos e políticos. A própria
usada principalmente para troca de informações entre pes- noção de erro ou acerto está mais do que relativizada. Tan-
quisadores da área acadêmica. to posso dizer “e aí, mano, tudo nos conformes?” como posso
dizer “olá, como está o senhor?”: tudo depende dos sujeitos e
“A www transformou-se em um componente fundamental
dos contextos envolvidos.
da internet moderna”, afirma Fabio Kon, professor do Institu-
to de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. As linguagens de uma notícia de jornal, de uma bula de
“A rede trouxe muitas coisas boas e já não conseguimos mais remédio, de um discurso de formatura, de uma discussão
viver sem as comodidades que ela proporciona. Mas, por outro no trânsito, de um poema e de um romance diferenciam-
lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados -se enormemente, cada uma envolvida com uma determi-
que já existiam na sociedade.” nada função. Considerar a pluralidade de discursos e tudo o
que se determina e se envolve nessa pluralidade é uma das
Nas comemorações dos 30 anos da web, Berners-Lee obrigações a que todos deveríamos atender, sobretudo os que
expressou preocupação com o rumo que vem tomando a defendem a liberdade de expressão e de pensamento.
internet. Em carta aberta, listou três áreas que, para ele, preju-
(Norton Camargo Pais, inédito)
dicam a web: intenções maliciosas; projetos duvidosos, entre
eles modelos de negócios que recompensam cliques; e con-
Está correto o emprego de ambos os elementos destacados na
sequências negativas não intencionais da rede, com destaque
frase:
para discussões agressivas e polarizadas.
a) Os chamados vícios de linguagem, aos quais recai a conde-
“Precisamos de um novo contrato para a web”, declarou nação dos gramáticos, são por vezes expressões aonde não
Berners-Lee em uma conferência sobre tecnologia da inter- falta alguma virtude.
net. “Algumas questões de regulamentação têm que envolver
governos. Outras claramente incluem as empresas. Se você for b) As linguagens de que se servem os usuários de uma língua
provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar neu- encerram valores de uso aos quais ninguém pode se furtar.
tralidade de rede. Se for uma companhia de rede social, preci- c) As restrições ao uso informal a cujas tantos abraçam não
sa garantir que as pessoas tenham controle sobre seus dados.” têm justificativas de que mereçam uma atenção mais séria.
“Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de d) A linguagem dos surfistas, da qual os preconceituosos
acesso amplo”, ressalta a advogada Cíntia Rosa Pereira de investem, atendem vivências às quais eles desfrutam.
Lima, líder do grupo de pesquisa Observatório do Marco Civil e) O tratamento de “mano”, em que o texto faz referência, é
da Internet no Brasil. típico à bem determinadas parcelas da população.
A pesquisadora assinala também alguns problemas decor-
rentes das mudanças geradas pela internet. “Percebo que,
com a proliferação das redes sociais, as pessoas passaram a 69. (FCC – 2019)
se preocupar mais com a quantidade de relacionamentos, des-
[Os nomes e os lugares]
considerando a qualidade deles”.
É sempre perigoso usar termos geográficos no discurso
Um dos pioneiros da internet no país, o engenheiro Demi
histórico. É preciso ter muita cautela, pois a cartografia dá
Getschko admite que a rede enfrenta problemas, mas defen-
um ar de espúria objetividade a termos que, com frequência,
de que o que vemos nela, conforme já expresso pelo mate-
talvez geralmente, pertencem à política, ao reino dos progra-
mático Vint Cerf, um de seus fundadores, é a representação mas, mais que à realidade. Historiadores e diplomatas sabem
daquilo que existe no mundo real. “A maioria das pessoas com que frequência a ideologia e a política se fazem passar
envolvidas com ela é bem-intencionada, mas existe uma ânsia por fatos. Rios, representados nos mapas por linhas claras, são
de participar, de falar sem pensar, que com o tempo, espera- transformados não apenas em fronteiras entre países, mas
mos, vai assentar. Tenho dúvidas sobre a eficiência de norma- fronteiras “naturais”. Demarcações linguísticas justificam fron-
tizações para corrigir os excessos na rede. Como ela não tem teiras estatais.
fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.”
A própria escolha dos nomes nos mapas costuma criar
(Adaptado de: VASCONCELOS, Y. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br. para os cartógrafos a necessidade de tomar decisões políticas.
Acesso em: 04 out. 2022.) Como devem chamar lugares ou características geográficas que
já têm vários nomes, ou aqueles cujos nomes foram mudados
Está correto o emprego do elemento destacado na frase: oficialmente? Se for oferecida uma lista alternativa, que nomes
a) A rede de dados provocou transformações profundas na são indicados como principais? Se os nomes mudaram, por
maneira à qual negócios se realizam. quanto tempo devem os nomes antigos ser lembrados?
b) Na internet, os dados pessoais tornaram-se informações (HOBSBAWM, E. Tempos fraturados. Trad. Berilo Vargas. São Paulo:
valiosas nos quais empresas de marketing recorrem. Companhia das Letras, 2013, p. 109)
PORTUGUÊS
minações de um mapa que se pode encontrar uma justifi- Milhares de estudantes saíram às ruas nesta sexta-fei-
cativa para os mesmos. ra (15) para protestar por medidas efetivas no combate às
mudanças climáticas.
O movimento “Fridays For Future” (Sextas-feiras pelo
futuro) ganhou força com Greta Thunberg, que uma vez por
semana falta às aulas, em Estocolmo, para se sentar em uma
Æ PREPOSIÇÃO praça em frente ao Parlamento da Suécia e pedir medidas
concretas contra o aquecimento global. Nesta sexta, não foi
70. (FCC – 2022) diferente. Greta protestou diante do Parlamento na capital do
Todos já ouvimos falar de crianças hiperativas, que não país, cercada por 30 manifestantes. Ao todo, nesta sexta, estão
conseguem ficar paradas; ou daquelas que sonham acordadas previstos 2 mil eventos em 123 países − no Brasil, 20 cidades
e se distraem ao menor dos estímulos. Da mesma forma, é têm protestos agendados.
comum ouvirmos histórias de adultos impacientes, que comu- “Não sou a origem do movimento. Já existia. Precisava
mente iniciam projetos e os abandonam no meio do caminho. apenas de uma faísca para acender. Vivemos uma crise exis-
Apresentam altos e baixos, são impulsivos, esquecem compro- tencial ignorada durante décadas. Se não agirmos agora, será
missos, falam o que lhes dá na telha. Comportamentos como muito tarde”, disse Thunberg.
esses são característicos do transtorno do déficit de atenção/ Desde o ano passado, Greta já discursou em eventos inter-
hiperatividade (TDAH), classificado pela Associação de Psiquia- nacionais como a COP24, a Conferência do Clima da ONU, em
tria Americana (APA). dezembro, e no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suí-
ça, em janeiro. Nesta quinta (14), ela foi indicada ao Prêmio
Quando se pensa em TDAH, logo vêm à mente imagens
Nobel da Paz por três políticos noruegueses por sua atuação
de um cérebro em estado de caos. Diante dessa visão restrita,
na agenda ambiental.
pode-se ter a ideia errônea de que pessoas com TDAH esta-
riam fadadas ao fracasso; mas, ao contrário disso, grande par- (Adaptado de: OLIVEIRA, Elida. Portal G1, 15.03.2019. Disponível em: https://
g1.globo.com. Acesso em: 04 out. 2022.)
te delas atuam nas mais diversas áreas profissionais de forma
brilhante. ... ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por três políti-
Muitas teorias têm sido elaboradas para elucidar a origem cos noruegueses por sua atuação na agenda ambiental. (4º
do sucesso obtido por personalidades com comportamento parágrafo)
TDAH nos mais diversos setores do conhecimento. Porém, Considerando o contexto, o vocábulo por introduz em suas
a ciência não tem uma explicação exata para esse fato; até duas ocorrências, respectivamente, ideias de
porque o funcionamento cerebral humano não segue nenhu- a) instrumento e finalidade.
ma lógica aritmética previsível. Ideias, sensações e emoções
b) agente e causa.
não podem ser quantificadas; são características humanas
imensuráveis. Nesse território empírico, uma coisa é certa: o c) modo e consequência.
funcionamento cerebral TDAH favorece o exercício da mais d) autoria e conclusão.
transcendente atividade humana: a criatividade. e) companhia e assunto.
Se entendermos criatividade como a capacidade de ver os
mais diversos aspectos da vida através de um novo prisma e
então dar forma a novas ideias, notaremos que a mente TDAH,
72. (FCC – 2019)
em meio à confusão resultante do intenso bombardeio de pen-
samentos, é capaz de entender o mundo sob ângulos habitual- Diversos países estão propondo alternativas para enfren-
tar o problema da poluição oceânica, mas, até o momento,
mente não explorados.
não tomaram quaisquer medidas concretas. A organiza-
A hiper-reatividade é responsável pela capacidade da men- ção holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à
te TDAH de não parar nunca. Trata-se de uma hipersensibilida- frente e assumir a missão de combater a poluição oceânica nos
de que essa mente possui de se ligar a tudo ao mesmo tempo. próximos anos.
Uma vez que está sempre reagindo a si mesma, essa mente A organização desenvolveu uma tecnologia para erradi-
pensa e repensa o tempo todo. Esse estado de inquietação car os plásticos que poluem os mares do planeta e pretende
mental permanente mantém toda uma rede de pensamentos começar a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior cole-
e imagens em atividade intensa, proporcionando, assim, o ter- ção de detritos marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte,
reno ideal para o exercício da criatividade. utilizando seu sistema de limpeza recentemente redesenhado.
(Adaptado de: SILVA, A. B. B. Mentes Inquietas: TDAH − desatenção, Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as cor-
hiperatividade e impulsividade. São Paulo: Globo, 2014, edição digital) rentes oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede de telas em
forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto
Exprime noção de finalidade o elemento destacado em: central. O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e
a) Muitas teorias têm sido elaboradas para elucidar a origem enviado à costa marítima para fins de reciclagem.
do sucesso (3° parágrafo) (Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com. Acesso em:
b) proporcionando, assim, o terreno ideal para o exercício da 04 out. 2022.)
PORTUGUÊS
por Antes da era digital, em quase todas as famílias existia
a) porquanto − se detivesse nos um álbum de fotos. Lembram disso? Lá estavam as nossas
b) mesmo que − se circunscrevesse aos lembranças, os nossos registros afetivos(E). Muitas vezes
abríamos o álbum e a imaginação voava.
c) desde que − se deixasse conter nos
Agora fotografamos tudo compulsivamente(D). Nos-
d) haja vista que − fosse submetido aos
so antigo álbum foi substituído pelas galerias de fotos digi-
e) conquanto − estivesse adstrito aos tais de nossos dispositivos móveis. Temos excesso de fotos,
mas falta o mais importante: a memória afetiva, a curtição
daqueles momentos. Pensamos que o registro do momento
76. (FCC – 2019) reforça sua lembrança, mas não é assim. Milhares de fotos
são incapazes de superar a vivência de um instante(C). É
A ideia do triunfo da democracia ficou associada à obra
importante guardar imagens. Porém, é mais importante viver
de Francis Fukuyama. Em controverso ensaio publicado nos
cada momento com intensidade. As relações afetivas estão
anos 1980, Fukuyama afirmava que o encerramento da Guer-
ra Fria levaria à “universalização da democracia liberal ociden- sucumbindo à coletiva solidão digital.
tal como forma definitiva de governo humano”. O triunfo da Algo análogo se dá com o consumo da informação. Nave-
democracia, proclamou numa frase que veio a condensar o gamos freneticamente no espaço virtual. A fragmentação dos
otimismo de 1989, marcaria o “fim da história”. conteúdos pode transmitir certa sensação de liberdade, já que
Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade. não dependemos, aparentemente, de ninguém(B). Somos
Alguns alegavam que a democracia liberal estava longe de ser os editores do nosso diário personalizado. Será? Não creio,
implementada em larga escala, porquanto muitos países se sinceramente. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteli-
mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. gência. Ficamos reféns da superficialidade. Perdemos contexto
Outros afirmavam que era cedo para prever que tipo de avan- e sensibilidade crítica.
ço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez (Adaptado de: DI FRANCO, Carlos Alberto. Disponível em: opiniao.estadao.
a democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas com.br. Acesso em: 04 out. 2022.)
de governo, mais justas e esclarecidas.
A despeito das críticas sofridas, o pressuposto funda- No contexto, exprime noção de causa o seguinte segmento:
mental de Fukuyama se revelou de enorme influência. A a) Mas é preciso, também, que façamos uma autocrítica sobre
maioria dos cientistas políticos acreditava que a democracia o modo como vemos o mundo...
liberal permaneceria inabalável em certos redutos, ainda que
b) ...já que não dependemos, aparentemente, de ninguém.
o sistema não triunfasse no mundo todo. Na verdade, a maior
parte dos cientistas políticos, embora evitando fazer grandes c) Milhares de fotos são incapazes de superar a vivência de um
generalizações sobre o fim da história, chegou mais ou menos instante.
à mesma conclusão de Fukuyama. d) Agora fotografamos tudo compulsivamente.
Impressionados com a estabilidade das democracias ricas, e) Lá estavam as nossas lembranças, os nossos registros
cientistas políticos começaram a conceber a história do pós- afetivos.
-guerra como um processo de consolidação democrática. Para
sustentar uma democracia duradoura, o país devia atingir
níveis altos de riqueza e educação. Tinha de construir uma
sociedade civil forte e assegurar a neutralidade de instituições 78. (FCC – 2019)
de Estado fundamentais. Todos esses objetivos frequente- Tendo em vista a textura volitiva da mente individual, a
mente se revelaram fugidios. Mas a recompensa que acenava perene tensão entre o presente e o futuro nas nossas deli-
no horizonte era tão valiosa quanto perene. A consolidação
berações, entre o que seria melhor do ponto de vista tático
democrática, segundo essa visão, era uma via de mão única.
ou local, de um lado, e o melhor do ponto de vista estratégico,
(Adaptado de: MOUNK, Y. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de mais abrangente, de outro, resulta em conflito.
Arantes Leite e Débora Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018,
edição digital.) Comer um doce é decisão tática; controlar a dieta, estraté-
gica. Estudar (ou não) para a prova de amanhã é uma escolha
Considerado o contexto, exprime noção de finalidade o seg- tática; fazer um curso de longa duração faz parte de um plano
mento que se encontra em: de vida. As decisões estratégicas, assim como as táticas, são
a) Para sustentar uma democracia duradoura... (4° parágrafo) tomadas no presente. A diferença é que aquelas têm o longo
prazo como horizonte e visam à realização de objetivos mais
b) ... ainda que o sistema não triunfasse no mundo todo... (3°
parágrafo) remotos e permanentes.
c) A despeito das críticas sofridas... (3° parágrafo) O homem, observou o poeta Paul Valéry, “é herdeiro e
refém do tempo”. A principal morada do homem está no pas-
d) ... porquanto muitos países se mostrariam resistentes a
sado ou no futuro. Foi a capacidade de reter o passado e agir
essa ideia... (2° parágrafo)
no presente tendo em vista o futuro que nos tirou da condi-
e) ... embora evitando fazer grandes generalizações sobre o ção de animais errantes. Contudo, a faculdade de arbitrar
fim da história... (3° parágrafo) entre as premências do presente e os objetivos do futuro
imaginado é muitas vezes prejudicada pela propensão espon-
tânea a atribuir um valor desproporcional àquilo que está mais
77. (FCC – 2019) Atenção: Considere o texto abaixo para respon- próximo no tempo.
der à questão. Como observa David Hume, “não existe atributo da nature-
As rápidas e crescentes mudanças no setor da comunicação za humana que provoque mais erros em nossa conduta do que
puseram em xeque os antigos modelos de negócios. As novas aquele que nos leva a preferir o que quer que esteja presente
rotinas criadas a partir das plataformas digitais produziram um em relação ao que está distante e remoto, e que nos faz dese-
complexo cenário de incertezas. Vivemos um grande desafio. jar os objetos mais de acordo com a sua situação do que com
É preciso refletir sobre a mudança de paradigmas, uma o seu valor intrínseco”.
vez que a criatividade e a capacidade de inovação − rápida (Adaptado de: GIANNETTI, E. Auto-engano. São Paulo: Companhia das
e de baixo custo − serão fundamentais para a sobrevivência Letras, 1997, edição digital) 39
Contudo, a faculdade de arbitrar entre as premências do pre- A propósito de Max Brod, um dos poucos contemporâneos
sente e os objetivos do futuro imaginado... O elemento desta- que acreditavam no talento de Kafka, há agora uma retomada
cado acima introduz, em relação ao que se afirmou antes, uma dos ataques que já lhe fizeram no passado. Que injustiça! O
a) oposição. mundo deveria estar grato a Max Brod, por ter, em vez de aca-
tado a decisão do amigo a quem admirava, salvado para os
b) causa.
leitores do futuro uma das obras mais originais da literatura.
c) consequência.
Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nun-
d) finalidade. ca lhe enviou, não teve contato nenhum com a literatura.
e) conclusão. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito
e elevaram os níveis de vida da família.
O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que,
naqueles anos, já havia publicado alguns livros. Foi um dos
79. (FCC – 2019)
primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocor-
Depois da Luz se segue a noite escura, reu, pois Kafka, quando escrevia, perdia a insegurança da qual
Em tristes sombras morre a formosura, sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas
e histórias.
Em contínuas tristezas, a alegria.
(Adaptado de: LLOSA, M. V. 19/5/19. Disponível em: brasil.elpais.com.
Acesso em: 04 out. 2022.)
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura? embora tenha publicado pouco em vida.
Como a beleza assim se transfigura? O termo destacado acima introduz, no contexto, noção de
PORTUGUÊS
Ponderação, a mais desmoralizada das virtudes
Precisamos reabilitar a ponderação, nem que seja apenas
82. (FCC – 2019) como subproduto da perplexidade, aquilo que faz o mari-
Na história da humanidade, jamais se viveu um período de nheiro levar o barco devagar sempre que o nevoeiro é denso.
tão radical metamorfose, especialmente no campo das concre- Como ocorre em nosso tempo.
tudes, materializadas sobretudo no cenário das máquinas. Em O fogo selvagem que inflamou ao longo da história as tur-
velocidade vertiginosa, o mundo se reorganiza a partir da bas linchadoras do “diferente” que é visto como ameaça − cor-
revolução científica e tecnológica permanente, cuja influên- porificado em bruxas, negros, judeus, homossexuais, loucos,
cia se estende da biologia à engenharia da comunicação. ciganos, gagos − é hoje condenado por (quase) todo mundo.
Criam-se, assim, diariamente, novas categorias para as coisas No entanto, o mesmo fogo selvagem inflama as turbas lin-
e para os fabulosos eventos a elas relacionados. Trata-se de chadoras que se julgam investidas do direito sagrado de vingar
um momento de deslumbramento, mas também de dura bruxas, negros, judeus, homossexuais, loucos, ciganos, gagos
incerteza. etc. Quem acha que o primeiro fogo é ruim e o segundo é bom
Se resiste ..I.. ilusão de que ..II.. felicidade vem ..III.. rebo- não entendeu nada.
que dessas transformações, também é fato que os homens Representa um inegável avanço civilizatório a exposição,
frequentemente se desanimam com as próprias invenções. nas redes sociais, de comportamentos opressivos ancestrais
(Adaptado de: MIRANDA, D. S. de. “Mutações: caminhos sinuosos e que sempre estiveram naturalizados em forma de assédio,
inquietações na busca do futuro”. In: Adauto Novaes (org.). Mutações. São desrespeito, piadinhas torpes e preconceitos variados. Ao
Paulo: Edições SESC SP, 2008) mesmo tempo, é um claro retrocesso que o avanço se dê à
custa da supressão do direito de defesa e do infinito potencial
Em Trata-se de um momento de deslumbramento, mas tam- de injustiça contido no poder supremo de um juiz sem rosto.
bém de dura incerteza, a expressão destacada apresenta valor (Sérgio Rodrigues, Folha de S. Paulo, 16/11/2017)
a) aditivo.
O sentido da ponderação anunciada no título e considerada
b) adversativo. ao longo do texto deve ser entendido, de modo conclusivo, da
c) conclusivo. seguinte forma:
d) explicativo. a) os vícios e os preconceitos de outras épocas precisam ser
reparados na justa proporção da violência final a que agora
e) comparativo.
fazem jus os que foram violentados.
b) os assédios, o desrespeito e os abusos devem nos fazer
refletir sobre a razão de serem naturalizados justamente
por aqueles que mais os sofreram.
Æ INTERJEIÇÃO c) é um premente desafio preservar a reflexão comedida como
uma resposta civilizada a violências antigas, que não devem
83. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, considere o inspirar os lances injustos de uma suposta reparação.
poema abaixo do escritor piauiense Mário Faustino. d) há equilíbrio social, a ser preservado em seus valores bási-
Esse estoque de amor que acumulei cos, quando se considera como natural a justificativa da
supressão temporária dos chamados direitos individuais.
Ninguém veio comprar a preço justo.
e) deve prevalecer sempre a necessidade que têm os setores
Preparei meu casteloa para um rei oprimidos da sociedade de se submeterem ao poder discri-
Que mal me olhou, passando, e a quanto custo. minatório e rigoroso de um juiz anônimo.
PORTUGUÊS
tensão de se limitar a esfera do que é pertinente inquirir à
d) Deuses por mérito próprio = por si mesmos qualificando-se
província da investigação científica, como se a ciência gozasse
deuses.
da prerrogativa de definir ou demarcar o âmbito do que há
e) visando a não muito mais do que = ir de encontro a pouco para ser explicado no mundo. Uma coisa é dizer que o animal
menos do que. humano partilha dos mesmos objetivos básicos − sobreviver e
reproduzir das demais formas de vida; outra, muito distinta, é
afirmar que “nenhuma espécie, inclusive a nossa, possui um
88. (FCC – 2020) Atenção: Para responder a questão a seguir, propósito que vá além dos imperativos criados por sua his-
baseie-se no texto abaixo. tória genética” e que, portanto, a espécie humana “carece de
qualquer objetivo externo à sua própria natureza biológi-
[O motor da preguiça] ca”: pois, ao dar esse passo, saltamos da observação ao decre-
Acho que a verdadeira força motriz do desenvolvimento to e da constatação ao cerceamento da busca.
humano, a razão da superioridade e do sucesso do Homem, A teima interrogante do saber não admite ser detida e bar-
foi a preguiça. A técnica é fruto da preguiça. O que são o esti- rada, como contrabando ou imigrante clandestino, pela polícia
lingue, a flecha e a lança senão maneiras de não precisar ir da fronteira na divisa onde findam os porquês da ciência.
lá e esgoelar a caça ou um semelhante com as mãos, arris-
cando-se a levar a pior e perder a viagem? O que estaria pen- (Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2016, p. 37-38)
sando o inventor da roda senão no eventual desenvolvimento
da charrete, que, atrelada a um animal menos preguiçoso do
Um segmento do texto permanecerá correto e manterá seu
que ele, o levaria a toda parte sem que ele precisasse correr
sentido, caso se substitua o elemento destacado pelo que se
ou caminhar?
indica entre parênteses, no seguinte caso:
Toda a história das telecomunicações, desde os tambo-
a) uma metafísica calcada na ciência permitiria banir o mis-
res tribais e seus códigos primitivos até os sinais da TV e a
tério (facultaria difundir-lhe o enigma)
internet, se deve ao desejo humano de enviar a mensagem
em vez de ir entregá-la pessoalmente. A fome de riqueza e b) Há um equívoco em abordar as extraordinárias conquistas
poder do Homem não passa da vontade de poder mandar os (engano em efetuar a abordagem das)
outros fazerem o que ele tem preguiça de fazer, seja de trazer c) Ao mesmo tempo, contudo, parece simplesmente descabi-
os seus chinelos ou construir suas pirâmides. da (ainda assim, por conseguinte)
A química moderna é filha da alquimia, que era a tentativa d) possui um propósito que vá além dos imperativos (se dis-
de ter o ouro sem ter que procurá-lo, ou trabalhar para mere- suada das obrigações)
cê-lo. A física e a filosofia são produtos da contemplação, que é e) carece de qualquer objetivo externo à sua própria natureza
um subproduto da indolência e uma alternativa para a sesta, A (imune de)
grande arte também se deve à preguiça. Não por acaso, o que
é considerada a maior realização da melhor época da arte
ocidental, o teto da Capela Sistina, foi feita pelo Michelan-
gelo deitado. Marcel Proust escreveu Em busca do tempo 90. (FCC – 2019)
perdido deitado. Vá lá, recostado. As duas maiores invenções A chave do tamanho
contemporâneas, depois do antibiótico e do microchip, que
O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades
são a escada rolante e o manobrista, devem sua existência à
no espaço infinito circunscrevem o nosso breve espasmo de
preguiça. E nem vamos falar no controle remoto.
vida. A imensidão do universo visível com suas centenas de
(Adaptado de: VERISSIMO, L. F. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, bilhões de estrelas costuma provocar um misto de assombro,
2008, p. 54-55)
reverência e opressão nas pessoas. “O silêncio eterno des-
ses espaços infinitos me abate de terror”, afligia-se o pensador
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen-
francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?
tido de um segmento do texto em:
O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde
a) verdadeira força motriz do desenvolvimento (1º parágrafo)
à questão com lucidez e bom humor: “Discordo de alguns
= real intenção do progresso.
amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico
b) arriscando-se a levar a pior (1º parágrafo) = expondo-se aos do universo. Não me sinto absolutamente humilde diante da
imprevistos. vastidão do espaço. As estrelas podem ser grandes, mas não
c) são produtos da contemplação (3º parágrafo) = tornam-se pensam nem amam – qualidades que impressionam bem mais
produtivamente visíveis. do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e
d) uma alternativa para a sesta (3º parágrafo) = uma alternân- vinte quilos”.
cia de repouso. Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um
e) um subproduto da indolência (3º parágrafo) = um efeito de nós, não apenas um punhado de décadas, mas centenas
secundário da preguiça. de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma
da existência renderiam, por conta disso, os seus segredos?
E se nos fosse concedida a imortalidade, isso teria o dom de
aplacar de uma vez por todas o nosso desamparo cósmico e
89. (FCC – 2019) as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos,
O futuro de uma desilusão seria difícil de suportar.
A ilusão de que uma metafísica calcada na ciência per- (Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
mitiria banir o mistério do mundo caducou − e agora? O Letras, 2016, p. 35)
que nos resta fazer? Não se pode esperar da ciência respos-
tas a inquietações que estão constitutivamente além de seu Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen-
horizonte de possibilidades. A ciência só se coloca problemas tido de um segmento do texto em:
que ela é capaz, em princípio, de resolver, ou seja, questões a) circunscrevem o nosso breve espasmo = retificam nosso
que se prestam a um tratamento empírico-dedutivo e cujas rápido incômodo
respostas admitem a possibilidade da refutação. b) misto de assombro, reverência e opressão = contrição de
susto, desassombro e restrição 43
c) responde à questão com lucidez e bom humor = elucida a Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a
pergunta com irreverência imaginosa caneta, o bloco, a agenda, o telefone, a banca de jornais, a
d) renderiam (...) os seus segredos? = revelariam os seus máquina fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema,
mistérios? o DVD, o correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso,
o despertador, o gravador, o rádio, a TV, o CD, a bússola, os
e) teria o dom de aplacar de uma vez = traria o mérito de retri-
mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que
buir no ato
me substitua também.
PORTUGUÊS
cas. Como devem chamar lugares ou características geográfi- empregar o termo “inclusão digital”. A inclusão social reconhe-
cas que já têm vários nomes, ou aqueles cujos nomes foram ce a diferença de classes ou estratos sociais, mas também as
mudados oficialmente? Se for oferecida uma lista alternati- potencialidades de outros fatores que contribuem com a inte-
va, que nomes são indicados como principais? Se os nomes ração de classes e a participação social. Assim, o surgimento e
mudaram, por quanto tempo devem os nomes antigos ser o contínuo acréscimo das tecnologias da informação e comu-
lembrados? nicação na pós- modernidade contribuíram com o advento da
(HOBSBAWM, E. Tempos fraturados. Trad. Berilo Vargas. São Paulo: ideia de inclusão digital, pois, entre os fatores que favorecem
Companhia das Letras, 2013, p. 109) a interação social e produção de conhecimentos (em outras
palavras, inclusão social), temos, atualmente, as tecnologias da
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen- informação e comunicação.
tido de um segmento do primeiro parágrafo do texto em: Por meio da interação baseada no uso das tecnologias
a) um ar de espúria objetividade = um aspecto de pretensa e da internet, cria-se e fomenta-se o diálogo igualitário. As
verdade plataformas digitais criadas com base no desenvolvimento
b) reino dos programas = domínio das ciências das tecnologias da informação e comunicação até favorecem
as possibilidades de uma incidência de maior alcance e mais
c) se fazem passar por fatos = subestimam a potência do que é
equitativa entre as diversas classes e grupos sociais. Essa
real
é uma das grandes potencialidades das tecnologias e da inter-
d) sabem com que frequência = conhecem o quanto é raro net como fatores para a participação social e inclusão social. A
e) demarcações linguísticas = atribulações da linguagem inclusão digital emerge, assim, como novo direito fundamen-
tal, diante do avanço das relações na internet. Na verdade,
muitos dos serviços públicos essenciais são realizados pela
internet, como é o caso da prestação jurisdicional e da comu-
95. (FCC – 2019) Atenção: Para responder à questão, baseie-se nicação. Hodiernamente, as chamadas telefônicas foram, em
no texto abaixo. grande parte, substituídas por mensagens de aplicativos para
Estabelecida na Sicília no século V a.C., a retórica terá como a transmissão de conteúdos diversos, e a comunicação de atos
primeiros cultores a Empédocles, Córax e Tísias. Segundo jurisdicionais é feita pela internet − é nesse ambiente que as
Armando Plebe (1968, p. 3-6, passim), já nesse momento nebu- notícias circulam e que parte considerável dos diálogos são
loso de suas origens, a disciplina conheceria duas linhagens: travados.
primeira, uma demonstração técnica e racional do verossímil;
(Adaptado de: MACHADO, R. C. R; RIVERA, L. N. H. Democratização na era
segunda, uma psicagogia (literalmente, “condução da alma”), digital. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 7, no 3, 2017, p.
isto é, exploração do potencial de sedução da palavra, aquém 601-616)
ou além de sua inteligibilidade. A primeira linhagem aspira a
tornar mais potente o discurso válido de uma perspectiva ... incidência de maior alcance e mais equitativa entre as diver-
lógica, tendo como fonte Córax, Tísias e Protágoras; a segun- sas classes e grupos sociais.
da, mergulhada em princípios pitagóricos − magia, medicina Mantendo-se o sentido do parágrafo, a palavra destacada acima
e música como terapias − e parmenídicos − distinção entre a pode ser substituída por
via da verdade e a da opinião − pretende trabalhar o fascínio
enganador a que se presta a palavra, originando-se no pen- a) distanciada, pois reforça a ideia de direitos para vários gru-
samento de Empédocles, para daí passar a Górgias e depois a pos sociais.
Isócrates. b) igualitária, já que atingiria um público maior e mais variado.
A partir de fins do século V a. C., a retórica entra num perío- c) refratária, pois repele a extensão humana da inclusão
do que ficou melhor documentado, podendo-se dizer, contu- digital.
do, que a controvérsia já referida, entre a arte da palavra como d) assertiva, uma vez que o parágrafo discute sobre jurisdição.
embalagem do raciocínio ou como encantamento e ilusionis-
mo, se transforma em verdadeiro mote do debate filosófico e) jurídica, tendo em vista a maior legalização do mundo
que atravessaria os séculos. Desse período, são de destacar digital.
as obras de Platão − que em geral reagiu contra a retórica
enquanto hipertrofia da linguagem como forma sedutora, ou
então a avaliou positivamente, desde que identificada com 97. (FCC – 2019)
a dialética − e de Aristóteles − que lhe dedicou um tratado
Ciência e tecnologia
específico destinado a ampla influência, concebendo-a como
técnica rigorosa de argumentação e como arte do estilo, além A ciência almeja o conhecimento; a tecnologia visa o con-
de estudá-la sob os pontos de vista do ethos do orador e do trole(A). Embora intimamente ligadas hoje em dia, ciência e
pathos dos ouvintes. tecnologia tiveram vidas paralelas durante a maior parte de
sua história. Os gregos antigos jamais se empenharam em
(Adaptado de ACÍZELO, R. O império da eloquência: retórica e poética no
Brasil oitocentista. Rio de Janeiro: EdUERJ: EdUFF, 1999, p. 7)
tirar proveito(B) técnico ou econômico de sua sofisticadíssi-
ma ciência, ao passo que os romanos, célebres por suas reali-
O sentido da palavra verossímil, desdobrado em outras expres- zações urbanas, estradas e aparato bélico, quase nada fizeram
sões presentes no texto, como “discurso válido” e “embalagem pela ciência.
do raciocínio”, retoricamente refere-se As principais inovações técnicas da Idade Média e Renas-
a) à escolha das palavras na constituição de um estilo enge- cimento – como os moinhos, a roda hidráulica, a impressora,
nhoso, próprio e autoral. o relógio e a bússola – foram frequentemente o resultado
de encontros com outras civilizações durante as Cruzadas e
b) ao ordenamento das partes do discurso, de modo a resultar
ocorreram todas elas antes do início da Revolução Científica
em um todo provável organizado.
do século XVII.
c) à invenção de argumentos ilusórios que distanciam o dis-
Foi somente a partir do último quarto do século XIX, duran-
curso da argumentação comum.
te a Segunda Revolução Industrial, que a ciência passou efeti-
d) à verificação dos fatos do senso comum, por meio da orga- vamente a produzir resultados(C) passíveis de incorporação
nização dos argumentos. ao mundo do trabalho e a ditar os rumos da mudança tecno-
e) ao desenvolvimento da argumentação, com o objetivo de lógica, primeiro no uso da eletricidade e na indústria química,
formar uma opinião comum. e depois se espraiando por todo o tecido socioeconômico em 45
setores como comunicação, transportes, remédios, eletrodo- 99. (FCC – 2019) Para responder a questão, baseie-se no texto
mésticos e indústria bélica. abaixo.
Se o casamento entre ciência e tecnologia é um tanto Felicidade bioquímica
recente, o sonho dessa união remonta(E) ao nascimento do Os biólogos sustentam que nosso mundo mental e emo-
mundo moderno: foi no Renascimento europeu, sob o impac- cional é governado por mecanismos bioquímicos definidos por
to do renovado interesse(D) pelo saber greco-romano e, milhões de anos de evolução. Como todos os outros estados
sobretudo, da descoberta do Novo Mundo, que surgiu a con- mentais, nosso bem-estar não é determinado por parâmetros
cepção da ciência como poder. externos como salário, relações sociais ou direitos políticos.
(GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, Em vez disso, é determinado por um complexo sistema de
p. 61-62) nervos, neurônios, sinapses e várias substâncias bioquímicas
como serotonina, dopamina e oxitocina.
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen-
Ninguém fica feliz por ganhar na loteria, comprar uma
tido de um segmento do texto em:
casa, obter uma promoção ou encontrar o amor verdadeiro.
a) a tecnologia visa o controle = os meios técnicos prescindem As pessoas ficam felizes por um único motivo: sensações
do comando agradáveis em seu corpo. Uma pessoa que acabou de ganhar
b) jamais se empenharam em tirar proveito = nunca obtive- na loteria e pula de alegria não está reagindo ao dinheiro; está
ram tal esforço reagindo a vários hormônios que inundam sua corrente san-
guínea e à tempestade de sinais elétricos pipocando em dife-
c) passou efetivamente a produzir resultados = de fato
rentes partes de seu cérebro.
sucederam
A felicidade e a infelicidade exercem um papel na evolu-
d) impacto do renovado interesse= trauma do removido
ção somente na medida em que encorajam ou desencorajam
desejo
a sobrevivência e a reprodução. Talvez não cause surpresa,
e) o sonho dessa união remonta = o anseio de tal consórcio então, que a evolução tenha nos moldado para sermos nem
tem origem felizes demais, nem infelizes demais. Ela nos permite sentir um
ímpeto momentâneo de sensações agradáveis, mas estas nun-
ca duram para sempre. Mais cedo ou mais tarde, diminuem e
98. (FCC – 2019) Para responder a questão, baseie-se no texto dão lugar a sensações desagradáveis de carência e insatisfa-
abaixo. ção. Tão logo consigamos o que desejamos, não parecemos
mais felizes, isso em nada muda a nossa bioquímica. Pode
[Como se estrutura uma sociedade?] estimulá-la por um breve tempo, mas voltamos ao ponto ini-
A pergunta formulada acima é uma constância da histó- cial de expectativa de felicidade.
ria social. Alguns antropólogos têm afirmado que a estrutu-
(Adaptado de: HARARI, Y. N. Sapiens. Uma breve história da humanidade.
ra social é a rede de todas as relações de pessoa-a- pessoa, Trad. Janaína Marcoantonio. 38. ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, 396-398,
numa dada sociedade. Mas tal definição é por demais ampla. passim)
Não estabelece distinção entre os elementos efêmeros e os
mais persistentes na atividade social, e torna quase impossível Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen-
distinguir a noção de estrutura de uma sociedade da totalida- tido de um segmento do texto em:
de da própria sociedade. a) bem-estar não é determinado por fatores externos (1º pará-
No extremo oposto, está a noção de estrutura social com- grafo) = felicidade não se exclui de modo determinante.
preendendo, somente, as relações entre os grupos principais b) obter uma promoção (2º parágrafo) = ir de encontro a uma
na sociedade, que persistem por muitas gerações, mas exclui vantagem.
outros como a família, que se dissolve de uma geração para
c) está reagindo a vários hormônios (2º parágrafo) = induz as
outra. Essa definição é limitada demais.
ações hormonais.
Uma terceira noção de estrutura social enfatiza não tan-
d) exercem um papel na evolução (3º parágrafo) = mediam
to as relações reais entre pessoas ou grupos, mas as relações
uma função evoluída.
esperadas ou mesmo as relações ideais. De acordo com esse
ponto de vista, o que realmente dá à sociedade sua forma e e) que a evolução tenha nos moldado (3º parágrafo) = que nos
permite a seus membros exercerem suas atividades são as modele o princípio evolutivo.
expectativas ou mesmo as crenças idealizadas do que está fei-
to, ou do que deverá ser feito pelos outros membros. Não falta
quem veja tal formulação como bastante insatisfatória. 100. (FCC – 2019)
Em vez de respostas prontas à pergunta aqui tratada, será Mais vale prevenir do que remediar
preciso sempre reconhecer que a validade de qualquer uma
delas estará presa à validação do critério que a sustenta. Os dicionários trazem lições fundamentais, quanto ao justo
sentido das palavras:(a) costumam revelar o seu sentido de origem
(Adaptado de: FIRTH, R. In: VV.AA. Homem e sociedade. Trad. Amadeu José e o de seu emprego atual. Os provérbios também são esclarecedo-
Duarte Lanna. São Paulo: Nacional, 1975, p. 35-36)
res: numa forma sintética, formulam lições(b) que nascem do que
as criaturas aprendem de suas próprias experiências de vida.
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen-
tido de um segmento do texto em: Veja-se, por exemplo, o que afirma o provérbio “Mais vale
prevenir do que remediar”. Prevenir é “tomar a dianteira”,
a) rede de todas as relações de pessoa-a-pessoa (1º parágrafo)
“antecipar”, tal como dispõe o dicionário.(c) Uma palavra
= somatória de todas as individualidades.
que serve de prima-irmã desse verbete é precaver: daí que
b) persistem por muitas gerações (2º parágrafo) = difundem previdentes e precavidos seriam aqueles que preferem tomar
uma permanência gerativa. medidas para não serem surpreendidos por fatos indesejáveis
c) enfatiza não tanto as relações reais (3º parágrafo) = releva e incontornáveis.
sobremaneira as conexões efetivas. Nesse campo conceitual, a ideia comum é a valorização
d) permite a seus membros exercerem (3º parágrafo) = faculta de iniciativas que se devem assumir para administrar o nosso
o desmembramento do exercício. destino até onde for possível. Sabemos todos, no entanto, que
e) estará presa à validação do critério (4º parágrafo) = depen- nem tudo se previne, e nem tudo tem remédio: vem daí outro
derá da aceitabilidade do parâmetro. provérbio popular, “o que não tem remédio, remediado está”.
Como se vê, admite que nem tudo tem solução, ao passo que
o provérbio que dá o título deste texto insiste em valorizar toda
ação pela qual se busca, justamente, evitar a etapa da falta de
46 remédio: prevenir.
Ainda caminhando pelos verbetes do dicionário e pelas Tudo é muito saboroso, mas a gordura utilizada no preparo des-
falas dos provérbios, damos com a palavra providência, que ses alimentos pode causar muitos problemas (1º parágrafo)
tem o sentido comum de “decisão”, “encaminhamento”. Ocor- O termo destacado expressa
re que se vier com a inicial maiúscula − Providência − estará
PORTUGUÊS
fazendo subentender a ação divina,(d) a expressão maior de a) estímulo, e pode ser substituído por possibilita de.
um poder que nos rege a todos. Há quem confie mais na Pro- b) potencialidade, e pode ser substituído por é capaz de.
vidência divina do que em qualquer outra instância humana; c) consequência, e pode ser substituído por leva a.
mas é bom lembrar que há também o provérbio “Deus ajuda
d) necessidade, e pode ser substituído por tem de.
a quem cedo madruga”, no qual se sugere que a vontade divina
conta com a disposição do nosso trabalho, do nosso empenho, e) opinião, e pode ser substituído por limita-se a.
da nossa iniciativa, para se dispor a nos ajudar. Não parece
haver contradição alguma entre ter fé, confiar na Providência,
e ao mesmo tempo acautelar-se, sendo previdente.
102. (FCC – 2019)
A ordem providencial e a ordem previdenciária podem
Acredito que o leitor já deva ter ouvido, em alguma oca-
conviver pacificamente, num sistema de reforço mútuo,(e)
sião, esta frase: “Parem o mundo, que eu quero descer!” Talvez
por que não? A diferença entre ambas está em que a segunda
porque essas últimas décadas tenham sido − e continuarão a
conta com a qualidade da nossa gestão, de vez que seremos
ser − de congestionamento dos sentidos. Há uma sensação de
responsáveis não apenas pelo espírito de cautela que nos ani-
que não se sabe muito bem o que está acontecendo.
ma, mas sobretudo pelas medidas a tomar para que se admi-
nistre no presente o que deve ser feito com vistas à garantia Fazendo parte dos quadros de uma escola de Comunica-
de um bom futuro. ção, muitas vezes tive de lembrar a mim mesmo, aos meus
pares e alunos que, por mais complexa, tecnologicamente,
(Júlio Ribas de Almeida, inédito)
que se tenha tornado a intermediação entre os indivíduos e a
realidade externa, nada mudou, essencialmente, nas relações
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sen-
interpessoais: entre eu e o(s) outros(s). Essa é apenas uma das
tido de um segmento do texto em:
razões pelas quais os especialistas em psicologia continuam a
a) quanto ao justo sentido das palavras = em vista da justiça explicar os conflitos da alma humana a partir das mesmas len-
dos vocábulos. das da civilização grega de três mil anos atrás.
b) numa forma sintética, formulam lições = trazem ensina- Identidade e cultura sempre estiveram relacionadas. A
mentos em feitio conciso. identidade de cada um é moldada, socialmente, pelas influên-
c) tal como dispõe o dicionário = à semelhança do que investi- cias culturais, por meio da comunicação. Simbolicamente, é
ga o nosso vocabulário. como se alguém só se reconhecesse como indivíduo ao ver
d) fazendo subentender a ação divina = deixando de contar o seu reflexo no espelho da sociedade. Isso é válido para os
com a Providência. mais diversos aspectos identitários, tais como etnia, gênero,
religião, idioma etc.
e) num sistema de reforço mútuo = num complexo de forças
exclusivas. Na época dos festejos do bicentenário da Revolução
Francesa, assisti a um programa de debates da TV em que,
para definir igualdade, o sociólogo Alain Touraine ironizou:
“Qualquer francês lhe dirá que é o direito que têm todas as
101. (FCC – 2019) pessoas do mundo de serem iguais a ele!”
Óleo e água não se misturam: a solução é reciclar Descobri, então, que diversidade era exatamente o contrá-
Sabe aquela coxinha, frango a passarinho ou a deliciosa e rio. Deve ser a percepção de que existem “lá fora” seres que
crocante batata frita? Tudo é muito saboroso, mas a gordura não são iguais a mim − seja eu francês, hotentote, homem,
utilizada no preparo desses alimentos pode causar muitos pro- mulher, destro ou canhoto − e que pode haver algo em rela-
blemas, principalmente se for jogada na pia ou nos ralos. ção a esses entes diversos que possa me afetar − positiva ou
Um litro de óleo pode contaminar até vinte e cinco mil negativamente.
litros de água. Isso porque suas substâncias não se dissolvem (Adaptado de: PENTEADO, J. R. W. A comunicação intercultural: nem Eco nem
na água e, quando despejadas nos cursos d’água, causam des- Narciso. In: SANTOS, J. E. dos (org.). Criatividade: Âmago das diversidades
controle do oxigênio e a morte de peixes e outras espécies. Em culturais − A estética do sagrado. Salvador: Sociedade de Estudo das
Culturas e da Cultura Negra no Brasil, 2010, p. 204-205)
contato com o solo, há contaminação e mais sujeira.
Ao lançar o óleo de cozinha na pia, vaso sanitário ou ralo, O termo então em Descobri, então, que diversidade era exa-
o resíduo acumula-se nas paredes dos canos e retém outros tamente o contrário (6º parágrafo) expressa, no contexto, as
materiais que passam pelo local. Além de entupimentos, have- noções de
rá “infarto” do sistema de esgoto com sérios problemas para
a) causa e intensidade.
manutenção das redes e custos mais altos para fazer con-
sertos e reparos. Os custos do tratamento de água também b) consequência e finalidade.
aumentam, e a solução está na consciência e reciclagem do c) modo e condição.
óleo. Você pode acumular o que sobrou em garrafas de plásti- d) oposição e conformidade.
co e levar nos postos de reciclagem que dão um destino ade-
quado ao material e evitam sérios problemas para sua casa e e) tempo e conclusão.
ao meio ambiente.
Outra coisa: não se esqueça, lugar de lixo é no lixo. Evite
jogar fraldas descartáveis, bitucas de cigarro, restos de alimen- 103. (FCC – 2019)
tos, absorventes ou qualquer outro material no vaso sanitário, Acredito que o leitor já deva ter ouvido, em alguma oca-
pias ou ralos, pois toda a sujeira volta para sua casa, provoca sião, esta frase: “Parem o mundo, que eu quero descer!” Talvez
entupimentos e traz mais prejuízos para o meio ambiente e porque essas últimas décadas tenham sido − e continuarão a
sua família. ser − de congestionamento dos sentidos. Há uma sensação de
E como armazenar e coletar o óleo usado em casa? Após que não se sabe muito bem o que está acontecendo.
utilizar o óleo, deixe esfriar por pelo menos 30 minutos. Com a Fazendo parte dos quadros de uma escola de Comunica-
ajuda de um funil, coloque o material em uma garrafa de plás- ção, muitas vezes tive de lembrar a mim mesmo, aos meus
tico e feche-a bem para evitar vazamentos, odores e insetos. pares e alunos que, por mais complexa, tecnologicamente,
Quando armazenar uma boa quantidade, leve as garrafas a um que se tenha tornado a intermediação entre os indivíduos e a
ponto de coleta. realidade externa, nada mudou, essencialmente, nas relações
(Texto adaptado. Original em: http://site.sabesp.com.br) interpessoais: entre eu e o(s) outros(s). Essa é apenas uma das 47
razões pelas quais os especialistas em psicologia continuam a Aos poucos surpreendi a mim, que nunca fui de bichos, e na
explicar os conflitos da alma humana a partir das mesmas len- infância não os tive, a programá-lo em minhas preocupações.
das da civilização grega de três mil anos atrás. Verificava o seu pequeno coche de alpiste, renovava-lhe a
Identidade e cultura sempre estiveram relacionadas. A água fresca, telefonava da rua quando chovia, meio encabu-
identidade de cada um é moldada, socialmente, pelas influên- lado perante mim mesmo com essa minha sentimentalidade
cias culturais, por meio da comunicação. Simbolicamente, é tardia, mas que havia de fazer?
como se alguém só se reconhecesse como indivíduo ao ver (Adaptado de: CAMPOS, P. M. Os sabiás da crônica. Antologia. Org. Augusto
o seu reflexo no espelho da sociedade. Isso é válido para os Massi. Belo Horizonte: Autêntica, 2021, p. 216.)
mais diversos aspectos identitários, tais como etnia, gênero,
religião, idioma etc. Nós o amávamos desse amor vagaroso e distraído com que
enquadramos um bichinho em nossa órbita afetiva.
Na época dos festejos do bicentenário da Revolução
Francesa, assisti a um programa de debates da TV em que, O período acima permanecerá correto, conservando seu senti-
para definir igualdade, o sociólogo Alain Touraine ironizou: do básico, substituindo-se o segmento destacado por
“Qualquer francês lhe dirá que é o direito que têm todas as a) pelo qual resumimos o pássaro por conta do seu afeto.
pessoas do mundo de serem iguais a ele!” b) de que colocamos o bichinho como consequência do nosso
Descobri, então, que diversidade era exatamente o contrá- amor.
rio. Deve ser a percepção de que existem “lá fora” seres que c) pelo qual integramos um animalzinho ao nosso círculo de
não são iguais a mim − seja eu francês, hotentote, homem, afetos.
mulher, destro ou canhoto − e que pode haver algo em rela- d) com cujo se passa a recortar melhor o afeto de um pequeno
ção a esses entes diversos que possa me afetar − positiva ou animal.
negativamente.
e) aonde emolduramos o bichinho num quadro de muito
(Adaptado de: PENTEADO, J. R. W. A comunicação intercultural: nem Eco nem afeto.
Narciso. In: SANTOS, J. E. dos (org.). Criatividade: Âmago das diversidades
culturais − A estética do sagrado. Salvador: Sociedade de Estudo das
Culturas e da Cultura Negra no Brasil, 2010, p. 204-205)
105. (FCC – 2020) Atenção: Para responder a questão a seguir,
Considere os seguintes trechos: baseie-se no texto abaixo.
Talvez porque essas últimas décadas tenham sido − e continua- Novas formas de vida?
rão a ser − de congestionamento dos sentidos. (2º parágrafo) Uma forma radical de mudar as leis da vida é produzir
“Qualquer francês lhe dirá que é o direito que têm todas as pes- seres completamente inorgânicos. Os exemplos mais óbvios
soas do mundo de serem iguais a ele!” (5º parágrafo) são programas de computador e vírus de computador que
Nos contextos em que são empregados, os termos Talvez e podem sofrer evolução independente.
Qualquer atribuem aos elementos a que se vinculam, respec- O campo da programação genética é hoje um dos mais
tivamente, sentidos de interessantes no mundo da ciência da computação. Esta tenta
emular os métodos da evolução genética. Muitos programa-
a) relativização e generalização.
dores sonham em criar um programa capaz de aprender e
b) dúvida e especificação. evoluir de maneira totalmente independente de seu criador.
c) incerteza e hesitação. Nesse caso, o programador seria um primum mobile, um
primeiro motor, mas sua criação estaria livre para evoluir em
d) credulidade e ceticismo.
direções que nem seu criador nem qualquer outro humano
e) indeterminação e determinação. jamais poderiam ter imaginado.
Um protótipo de tal programa já existe – chama-se vírus
de computador. Conforme se espalha pela internet, o vírus se
replica milhões e milhões de vezes, o tempo todo sendo per-
seguido por programas de antivírus predatórios e competindo
Æ FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO com outros vírus por um lugar no ciberespaço. Um dia, quan-
do o vírus se replica, um erro ocorre – uma mutação com-
104. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, baseie-se putadorizada. Talvez a mutação ocorra porque o engenheiro
no texto abaixo. humano programou o vírus para, ocasionalmente, cometer
O canarinho erros aleatórios de replicação. Talvez a mutação se deva a um
erro aleatório. Se, por acidente, o vírus modificado for melhor
Atacado de senso de responsabilidade, num momento de
para escapar de programas antivírus sem perder sua capacida-
descrença de si mesmo, Rubem Braga liquidou entre os ami-
de de invadir outros computadores, vai se espalhar pelo cibe-
gos a sua passarinhada. Às crianças aqui de casa tocaram um
respaço. Com o passar do tempo, o ciberespaço estará cheio
bicudo e um canário. O primeiro não aguentou a crise da
de novos vírus que ninguém produziu e que passam por uma
puberdade, morrendo uns dias depois. O menino se conso- evolução inorgânica.
lou, forjando a teoria da imortalidade dos passarinhos: não
morrera, afirmou-nos, com um fanatismo que impunha respei- Essas são criaturas vivas? Depende do que entendemos
por “criaturas vivas”. Mas elas certamente foram criadas a par-
to ou piedade, apenas a sua alma voara para Pirapora, de onde
tir de um novo processo evolutivo, completamente indepen-
viera. O garoto ficou firme com a sua fé. A menina manteve
dente das leis e limitações da evolução orgânica.
a possessão do canário, desses comuns, que mais cantam
por boa vontade que por vocação. Não importa, conseguiu (Adaptado de HARARI, Y. N. Sapiens, Uma breve história da humanidade.
Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 38. ed, 2018, p. 419-420).
depressa um lugar em nossa afeição.
Era um canário ordinário, nunca lera Bilac, e parecia feliz Considere estas orações:
em sua gaiola. Nós o amávamos desse amor vagaroso e dis-
I. Os vírus de computador são formas inorgânicas.
traído com que enquadramos um bichinho em nossa órbita
afetiva. Creio mesmo que se ama com mais força um animal II. Os vírus de computador podem evoluir por si mesmos.
sem raça, um pássaro comum, um cachorro vira-lata, o gato III. Os vírus de computador replicam-se milhões de vezes.
popular que anda pelos telhados. Com os animais de raça, há Essas três orações integram-se num período único, correto e
uma afetação que envenena um pouco o sentimento; com os coerente em:
bichos, pelo contrário, o afeto é de uma gratuidade que nos a) As formas inorgânicas que são os vírus de computador
faz bem. podem evoluir por si mesmas, replicando-se milhões de
48 vezes.
b) Por replicarem-se milhões de vezes, as formas inorgânicas que são os vírus de computador, são assim mesmo capazes de
evoluir.
c) Ao evoluírem por si mesmos, à medida que se replicam milhões de vezes, os computadores se apresentam como formas
inorgânicas.
PORTUGUÊS
d) Uma vez que se repliquem milhões de vezes, as formas inorgânicas do vírus de computador passa a evoluir a partir de si mesmos.
e) Ao serem formas inorgânicas, os vírus de computador evoluem, à proporção em que se repliquem por milhões de vezes.
106. (FCC – 2020) Atenção: para responder a questão abaixo, considere o texto a seguir:
Entrando na Câmara, verifiquei que a grandiosa representação que eu fazia do legislador, não se me tinha diminuído com o
exame da opaca figura do doutor Castro. Era uma exceção, mas certamente os outros deviam ser quase semideuses, mais que
homens, pois eu queria-os com força e com faculdades capazes de atender e de pesar tão vários fatos, tão desencontradas
considerações, tantas e tão sutis condições da existência de cada e da de todos. Para tirar regras seguras para a vida total desse
entrechoque de paixões, de desejos, de ideias e de vontades, o legislador tinha que ter a ciência da terra e a clarividade do céu e
sentir bem nítido o alvo incerto para que marchamos, na bruma do futuro fugidio. Quanta penetração! Quanto amor! Que estudo
e saber não lhe eram exigidos! Era preciso tudo, tudo! A Teologia e a Física, a Alquimia! ... Era preciso saber tudo e sentir tudo! Era
na verdade um vasto e alevantado ofício!
(Adaptado de: BARRETO, L. Memórias do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Editora Brasiliense, 1971, p.49)
108. (FCC – 2022) Para responder a questão, considere o texto de Mario Quintana.
Velha história
Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequeni-
ninho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o
anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho saras-
se no quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava a trote, que nem um cachorri-
nho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como era tocante vê-los no “17”! – o homem, grave, de preto, com uma das mãos
segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho,
enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho especial...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do
primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho:
“Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe,
dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!...”
Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. E a água fez redemoinho, que foi depois
serenando, serenando até que o peixinho morreu afogado...
(Mario Quintana. Eu passarinho. São Paulo: Ática, 2014) 49
Verifica-se o emprego de vírgula para separar um vocativo em: 110. (FCC – 2022) Para responder à questão, leia o início do conto
a) Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. (1º “Missa do Galo”, de Machado de Assis.
parágrafo) Nunca pude entender a conversação que tive com uma
b) Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. (3º senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela, trinta. Era
parágrafo) noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à mis-
sa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo
c) Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava a trote, que à meia-noite.
nem um cachorrinho. (1º parágrafo)
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão
d) Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de
rio onde o segundo dos dois fora pescado. (2º parágrafo) minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe des-
e) Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou ta acolheram-me bem quando vim de Mangaratiba para o
o peixinho n’água. (4º parágrafo) Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia
tranquilo, naquela casa assobradada da Rua do Senado, com
os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família
era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas.
109. (FCC – 2022) Para responder à questão, baseie-se no texto Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava
abaixo. nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao
Brincadeiras de criança teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia
Entre as crianças daquele tempo, na hora de formar grupos ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões,
pra brincar, alguém separava as sílabas enquanto ia rodando a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não
e apontando cada um com o dedo: “Lá em ci- ma do pi-a-no respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte.
Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo
tem um co-po de ve-ne-no, quem be-beu mor-reu, o cul-pa-do
em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada
não fui eu”. Piano? Qual? Veneno? Por quê? Morreu? Quem?
do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Con-
Tratava-se de uma “parlenda”*, como aprendi bem mais tarde,
ceição padecera, a princípio, com a existência da comborça*;
mas podem chamar de surrealismo, enigma, senha mágica,
mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando
charada...
que era muito direito.
Mesmo as nossas cartilhas de alfabetização tinham seus
Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao títu-
mistérios: uma das lições iniciais era a frase “A macaca é má”,
lo, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em
com a ilustração de uma macaquinha espantada e a explora-
verdade, era um temperamento moderado, sem extremos,
ção repetida das sílabas “ma” e “ca”. Ponto. Nenhuma história?
nem grandes lágrimas, nem grandes risos. Tudo nela era ate-
Por que era má a macaquinha? Depois aprendi que “má maca- nuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito
ca” é um parequema**. A gente vai ficando sabido e ignorando nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não
o essencial. O que, afinal, teria aprontado a má macaquinha dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode
da cartilha? ser até que não soubesse amar.
A grande poeta Orides Fontela usou como epígrafe de um Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos
de seus livros de alta poesia (Helianto, 1973) esta popular qua- anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em
drinha de cantiga de roda: férias; mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na
“Menina, minha menina, Corte”. A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me
Faz favor de entrar na roda na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor
da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a
Cante um verso bem bonito porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira
Diga adeus e vá-se embora” ficava em casa.
Ou seja: brincando, brincando, eis a nossa vida resumi- − Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? per-
da, em meio aos densos poemas de Orides, a nossa vida, em guntou-me a mãe de Conceição.
que cada um de nós se apresenta aos outros, busca dizer com − Leio, D. Inácia.
capricho a que veio no tempinho que teve e...adeus. Podem
Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha
soar fundo as palavras mais inocentes: “ir-se embora”, depois
tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que
da viva roda... E ir-se embora sem saber mais nada daquele
havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de quero-
copo de veneno em cima do piano ou da macaquinha da carti-
sene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cava-
lha, eternamente condenada a ser má. Ir-se embora já ouvindo
lo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Os minutos
bem ao longe as vozes das crianças cantando na roda.
voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de
* parlenda: palavreado utilizado em brincadeiras infantis espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um
ou jogos de memorização. acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio
** parequema: repetição de sons ou da sílaba final de uma acordar-me da leitura.
palavra, no início da palavra seguinte. (Adaptado de: ASSIS, M. de. Contos: uma antologia. São Paulo: Companhia
das Letras, 1988)
(Adaptado de: MACEDÔNIO, F. Casos de almanaque, a publicar)
PORTUGUÊS
Sombra, explicava a sabida boneca Emília, de Monteiro
mos de inteligência artificial e transformadas em material que
Lobato, é ar preto. Criança, não me tranquilizei: do escuro só
chega às nossas telas sem que nada busquemos. Um terceiro
podiam surgir fantasmas, apagar a luz era dar uma oportuni-
aspecto consiste em não nos deixarmos levar pelo aparente
dade aos duendes e demônios do quarto. Só a luz possuía o
conforto que as redes propiciam. Com o uso frequente, permi-
dom confortante de tocar deste mundo os habitantes do outro.
timos que as plataformas criem nossa “própria bolha”.
No ginásio, estudante de Física, não me tranquilizei. Som-
Levados pelo desejo, curvamo-nos à facilidade do consu-
bra é o resultado da interposição de um corpo opaco entre
mo e tornamo-nos presas fáceis de golpes que prometem van-
o observador e o corpo luminoso, sinal de que muitos corpos
tagens fantásticas e inverídicas. Diante de falsas notícias, que
luminosos deixam de banhar-nos com sua luz desejável, sinal
tendem a nos agradar ou atemorizar, abrimos mão da neces-
de que nos faltam felicidades, de que muitos sóis necessários
sária reflexão, e preferimos compartilhá-las sem nem mesmo
se interromperam em sua viagem até nossos olhos.
conferir se provêm de fonte confiável. Em ambos os casos,
Não perguntar o que um homem possui, mas o que lhe fal- somos fantoches manipulados por interesses alheios.
ta. Isso é sombra. Não indagar de seus sentimentos, mas saber
(Adaptado de: AMARAL, L. F. Conexão Sadia. Disponível em: Istoe.com.br/
o que ele não teve a ocasião de sentir. Sombra. Não se importar
conexao − sadia)
com o que ele viveu, mas prestar atenção à vida que não chegou
até ele, que se interrompeu de encontro a circunstâncias invisí- Quanto ao uso dos sinais de pontuação, apresenta um equívoco
veis, imprevisíveis. A vida é um ofício de luz e trevas. Enquadrá- gramatical a frase que se encontra em:
-lo em sua constelação particular, saber se nasceu muito cedo
para receber a luz da estrela ou se chegou ao mundo quando de a) Isso inclui sugestões de amizade, apresentação de notícias
há muito se extinguiu o astro que deveria iluminá-lo. e, claro, publicidade.
Ontem vi uma menininha descobrindo sua sombra. Ela para- b) Um segundo aspecto, decorrente do anterior, diz respei-
va de espanto, olhava com os olhos arregalados, tentava agarrar to às pessoas, às notícias e aos produtos com os quais nos
a sombra, andava mais um pouco, virava de repente para ver se deparamos.
o seu fantasma ainda a seguia. Era a representação dramática de c) O primeiro deles, é saber como a maior parte das redes
um poema infantil de Robert Stevenson, no qual uma menininha sociais funciona.
vai e vem, rodeando, saltando, gesticulando com seus bracinhos d) Levados pelo desejo, curvamo-nos à facilidade do consumo
diante de sua sombra, implorando por uma explicação impossí- e tornamo-nos presas fáceis de golpes que prometem van-
vel, dançando um balé que será a sua própria vida. tagens fantásticas e inverídicas.
(Adaptado de: CAMPOS, P. M. Os sabiás da crônica. Antologia. Org. e) Em ambos os casos, somos fantoches manipulados por
Augusto Massi. Belo Horizonte: Autêntica, 2021, p. 211-212)
interesses alheios.
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
a) Ao que parece, o cronista teme, não só as sombras do escu-
ro, mas também os mistérios que aqui e ali de modo intem- 113. (FCC – 2020) Atenção: Para responder a questão a seguir,
pestivo, nos envolvem. baseie-se no texto abaixo.
b) À negatividade das sombras o cronista opõe, de modo reso- Novas formas de vida?
luto, a vantagem da luz, entendida esta como instância de Uma forma radical de mudar as leis da vida é produzir
esclarecimento da vida. seres completamente inorgânicos. Os exemplos mais óbvios
c) Seria interessante, que o autor estampasse, nessa sua crô- são programas de computador e vírus de computador que
nica os versos infantis, do poeta Robert Stevenson caracte- podem sofrer evolução independente.
risticamente dramáticos. O campo da programação genética é hoje um dos mais
d) A menininha do poema de Robert Stevenson demonstraria interessantes no mundo da ciência da computação. Esta tenta
diante da sombra, receios semelhantes, aos que já assinala- emular os métodos da evolução genética. Muitos programa-
ra o cronista. dores sonham em criar um programa capaz de aprender e
evoluir de maneira totalmente independente de seu criador.
e) Nenhuma aula de Física por mais clara que seja, consegue
Nesse caso, o programador seria um primum mobile, um
afastar de alguém, o temor que naturalmente deriva, das
primeiro motor, mas sua criação estaria livre para evoluir em
sombras que nos cercam.
direções que nem seu criador nem qualquer outro humano
jamais poderiam ter imaginado.
Um protótipo de tal programa já existe – chama-se vírus
112. (FCC – 2022) de computador. Conforme se espalha pela internet, o vírus se
As redes sociais se apresentam como uma espécie de “pra- replica milhões e milhões de vezes, o tempo todo sendo per-
ça pública virtual”, na qual indivíduos interagem e empresas seguido por programas de antivírus predatórios e competindo
anunciam seus produtos. Entretanto, ao contrário do espaço com outros vírus por um lugar no ciberespaço. Um dia, quan-
público tradicional (físico), plataformas de redes sociais mol- do o vírus se replica, um erro ocorre – uma mutação com-
dam quem e o que encontraremos durante a conexão. A lógi- putadorizada. Talvez a mutação ocorra porque o engenheiro
ca por trás disso é que tenhamos um espaço customizado, no humano programou o vírus para, ocasionalmente, cometer
qual nos deparemos com aqueles que conosco se assemelham erros aleatórios de replicação. Talvez a mutação se deva a um
e com produtos que almejamos. Conectar-se de forma sadia erro aleatório. Se, por acidente, o vírus modificado for melhor
às redes sociais demanda alguns cuidados. O primeiro deles, para escapar de programas antivírus sem perder sua capacida-
é saber como a maior parte das redes sociais funciona. Não de de invadir outros computadores, vai se espalhar pelo cibe-
ignorar que cada um de nós é o verdadeiro produto pode nos respaço. Com o passar do tempo, o ciberespaço estará cheio
garantir experiência saudável nesse ambiente. Desconsiderar de novos vírus que ninguém produziu e que passam por uma
esse ponto é o atalho para vivenciar aquilo que se pode definir evolução inorgânica.
como conectividade tóxica. Essas são criaturas vivas? Depende do que entendemos
Um segundo aspecto, decorrente do anterior, diz respei- por “criaturas vivas”. Mas elas certamente foram criadas a par-
to às pessoas, às notícias e aos produtos com os quais nos tir de um novo processo evolutivo, completamente indepen-
deparamos. dente das leis e limitações da evolução orgânica.
Nosso histórico de acessos na internet permite que as pla- (Adaptado de HARARI, Y. N. Sapiens, Uma breve história da humanidade.
taformas direcionem conteúdo sob medida a cada um de nós. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 38. ed, 2018, p. 419-420). 51
A pontuação está inteiramente adequada no seguinte enunciado: b) Trata-se de um caminho que, levará a transformações radi-
a) Vista como forma radical, de evolução inorgânica, a propa- cais − não apenas em algumas, mas em diversas áreas.
gação de vírus, é um fato da computação. c) Como se sabe, o computador que usamos hoje, também
b) Ao falar do conceito de vida, o autor do texto, previne que começou de forma inusitada, com um passo singelo.
seria preciso alargá-lo, tendo em vista: o que a ciência tem d) O jornal Financial Times, flagrou o arquivo, confidencial, o
evoluído. qual permaneceu, apenas por poucos segundos, no ar.
c) Pergunta-se se seria possível chamar também de vida, e) Um diagrama numérico, publicado pela matemática ingle-
essas novas formas mutantes, de vírus de computador? sa Ada Lovelace (1815-1852), veio a ser considerado o pri-
d) O autor do texto inteira-nos, do desenvolvimento de certos meiro algoritmo computacional.
vírus, que constituem um processo que se dá, inteiramente
à margem do nosso controle.
e) Não deixa de ser assustadora a possibilidade de que nós, 115. (FCC – 2019)
criaturas orgânicas, sejamos capazes de, a certa altura, con-
corrermos para uma evolução inorgânica. Quem não gosta de samba
“Como se dá que ritmos e melodias, embora tão somente
sons, se assemelhem a estados da alma?”, pergunta Aristóte-
les. Há pessoas que não suportam a música; mas há também
114. (FCC – 2020) Atenção: Para responder a próxima questão,
uma venerável linhagem de moralistas que não suporta a ideia
considere o texto abaixo.
do que a música é capaz de suscitar nos ouvintes. Platão con-
“Máquinas similares às hoje existentes serão construídas denou certas escalas e ritmos musicais e propôs que fossem
a custos mais baixos, mas com velocidades mais rápidas de banidos da cidade ideal. Santo Agostinho confessou-se vul-
processamento.” Assim, em um artigo de 1965, o empreende- nerável aos “prazeres do ouvido” e se penitenciou por sua
dor Gordon Moore, hoje com 90 anos de idade, apresentou irrefreável propensão ao “pecado da lascívia musical”. Calvino
sua célebre ideia. Pela “Lei de Moore”, a cada dois anos, em alerta os fiéis contra os perigos do caos, volúpia e emefina-
média, o desempenho dos chips de computador dobra, sem ção que ela provoca. Descartes temia que a música pudesse
que aumentem os custos de fabricação. A máxima, irretocá- superexcitar a imaginação.
vel, à exceção de pequenos detalhes, funcionou tal qual intuí-
ra Moore. É uma regra que pode, contudo, estar com os dias O que todo esse medo da música – ou de certos tipos de
contados. música – sugere? O vigor e o tom dos ataques traem o melindre.
Eles revelam não só aquilo que afirmam – a crença num suposto
Vive-se, hoje, uma revolução tecnológica afeita a deixar
perigo moral da música −, mas também o que deixam transpa-
no passado o raciocínio da duplicação de capacidade de cál-
recer. O pavor pressupõe uma viva percepção da ameaça. Será
culos à base de silício: é a computação quântica. Ela poderá
exagero, portanto, detectar nesses ataques um índice da espe-
nos levar a distâncias inimagináveis: tarefas que o computador
mais poderoso do planeta demoraria 10.000 anos para com- cial força da sensualidade justamente naqueles que tanto se
pletar seriam feitas em minutos. empenharam em preveni-la e erradicá-la nos outros?
A computação quântica, até o início desta década, não O que mais violentamente repudiamos está em nós mes-
passava de teoria. Nos últimos anos, começou a ser testada, mos. Por vias oblíquas ou com plena ciência do fato, nossos
com sucesso parcial, até conseguir tração que parece se enca- respeitáveis moralistas sabiam muito bem do que estavam
minhar para uma nova história. Um documento da NASA, falando.
vazado recentemente, mostra que uma empresa, ao criar (Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
o primeiro computador quântico funcional da história, pode Letras, 2016, p. 23-24)
estar próxima de romper com o paradigma imposto pela Lei
de Moore. A exclusão da vírgula alterará o sentido da seguinte frase:
A revelação foi resultado de uma distração. Algum fun- a) Ao longo da História, muitos pensadores manifestaram seu
cionário da NASA, também envolvido com o projeto, aciden- temor pelos poderes da música.
talmente publicou no site da agência espacial um estudo que b) Obviamente, não é a todos que desconcerta surpreender-se
mostra o feito, realizado por meio de uma máquina, ainda sob com os poderes da música.
sigilo. O arquivo, já programado para ser divulgado oficialmen-
te, permaneceu poucos segundos no ar, mas foi flagrado pelo c) A música afeta aos ouvintes atentos, que conhecem seus
jornal Financial Times. mágicos poderes.
O avanço ainda se restringe a âmbitos estritamente técni- d) Nem todos temem a música, porque nem todos reconhe-
cos, sem utilidade cotidiana, mas já é apelidado de “o Santo cem seus mágicos poderes.
Graal da computação”. Isso porque o feito, se comprovado, e) Aos que gostam da música, garante-se uma inesgotável
atingiu o que se conhece como “supremacia quântica”. A fonte de prazer e de sensualidade.
nomenclatura indica um momento da civilização em que os
computadores talvez sejam tão (ou mais) competentes quanto
os seres humanos.
116. (FCC – 2019)
O cientista da computação Scott Aaronson disse, em
entrevista: “Isso não causará mudança imediata na vida das [Cartas sem resposta]
pessoas. Mas só por enquanto, pois se trata do início de Deixamos na terra natal, além de recordações plantadas
um caminho que levará a transformações radicais em diver- no ar, pessoas de saúde frágil e idade avançada, às quais pro-
sas áreas”. Vale lembrar que o computador que usamos hoje metemos que nossa visita não vai demorar. Mesquinhas preo-
também começou com um passo singelo, em 1843, quando a cupações, cansaço, displicência, tédio de viajar por lugares
matemática inglesa Ada Lovelace (1815-1852) publicou um dia- muito sabidos, cisma de avião, tudo isso e pequenos moti-
grama numérico que veio a ser considerado o primeiro algorit- vos nos afastam da nossa promessa. Acabamos escrevendo
mo computacional. apenas cartas. Cartas, cartas! Repetem mecanicamente um
(Adaptado de: Revista Veja, edição de 09/10/2019, p. 79) carinho que devia ser cálido e físico, carregam abstrações,
sombra de beijos, não beijos. E chega um dia em que já não
A pontuação se mantém correta no seguinte segmento adap- recebemos cartas em resposta às que continuamos a mandar.
tado do texto:
(Adaptado de: ANDRADE, C. D. Fala, amendoeira. São Paulo: Companhia
a) Hoje, a computação quântica, uma revolução tecnológica, das Letras, 2012, p. 167/168)
deixa no passado, o raciocínio da duplicação de capacidade
52 de cálculos, à base de silício.
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase: IV. Uma vírgula pode ser inserida imediatamente após Assim,
a) Cronista dos melhores o poeta Carlos Drummond de Andra- sem prejuízo do sentido original, em Assim como a gramá-
de marcou com sua intensa poesia, a prosa que frequentou, tica não determina o teor das mensagens...
e publicou nos jornais. Está correto o que se afirma APENAS em
PORTUGUÊS
b) Depois de sair de sua pequena cidade, o poeta Drummond, a) I e IV.
já fixado no Rio de Janeiro, sentiu que não correspondia aos
b) I e III.
afetos que deixou na terra natal.
c) I e II.
c) Não nos faltam desculpas, confessemos; para tentar justifi-
car junto aos velhos amigos, a distância que deixamos ins- d) II, III e IV.
talar-se, entre nós e eles. e) III e IV.
d) Ao final do texto o autor com a delicadeza que o caracteriza,
sugere que a falta de resposta, às cartas enviadas pode ser,
em si mesma, uma notícia pesarosa.
118. (FCC – 2019) Atenção: Considere o texto abaixo para res-
e) Muitas vezes acontece, de emprestarmos às cartas, mais ponder à questão.
que o cumprimento de um afeto o protocolo frio de uma
amizade que se conformou com a distância. Por boa parte da história humana, a privacidade estava
pouco presente na vida da maioria das pessoas. Não exis-
tiam expectativas de que uma porção significativa da vida
transcorresse distante dos olhares alheios(II).
117. (FCC – 2019) Considere o texto abaixo para responder a
A difusão da privacidade em escala maciça, com certe-
questão.
za uma das realizações mais impressionantes da civilização
A ciência moderna e a economia de mercado figuram moderna, dependeu de outra realização, ainda mais impres-
entre as mais notáveis realizações humanas. A Revolução sionante: a criação da classe média. Só nos últimos 300 anos,
Científica do século XVII e a Revolução Industrial do século
quando a maior parte das pessoas obtiveram os meios finan-
XVIII foram apenas o prelúdio do que viria em seguida − a revo-
ceiros para controlar o ambiente físico, as normas, e eventual-
lução permanente dos últimos três séculos. Ciência e merca-
mente os direitos, de privacidade vieram a surgir.
do são apostas na liberdade: liberdade balizada por padrões
impessoais de argumentação e validação de teorias no pri- A conexão histórica entre a privacidade e a riqueza ajuda
meiro caso; e por regras que fixam os marcos dentro dos a explicar por que a privacidade está sob ataque hoje. A situa-
quais a busca do ganho econômico por parte das pessoas ção nos faz recordar que ela não é um traço básico da exis-
é livre, no segundo. Por mais brilhantes, entretanto, que tência humana, mas sim um produto de determinado arranjo
sejam suas inegáveis conquistas, é preciso ter uma visão econômico − e portanto um estado de coisas transitório.
clara do que podemos esperar que façam por nós: a ciência Hoje as forças da criação de riqueza já não favorecem a
jamais aplacará a nossa fome de sentido, e o mercado nada expansão da privacidade, mas trabalham para solapá-la. Tes-
nos diz sobre a ética − como usar a nossa liberdade e o que
temunhamos a ascensão daquilo que a socióloga Shoshanna
fazer de nossas vidas.
Zuboff define como “capitalismo de vigilância” − a trans-
O sistema de mercado − baseado na propriedade priva- formação de nossos dados pessoais em mercadoria por
da, nas trocas voluntárias e na formação de preços por meio gigantes da tecnologia(III). Encaramos um futuro no qual a
de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito − vigilância ativa é uma parte tão rotineira das transações que se
define um conjunto de regras de convivência na vida prática. tornou praticamente inescapável.
A regra de ouro do mercado estabelece que a recompensa
material dos seus participantes corresponderá ao valor mone- Como nossas experiências com a mídia social têm deixado
tário que os demais estiverem dispostos a atribuir ao resulta- claro, agimos diferente quando sabemos estar sendo observa-
do de suas atividades: a remuneração de cada um, portanto, dos. A privacidade é a liberdade de agir sem ser observado, e
não depende da intensidade dos seus desejos de consumo, do assim, em certo sentido, de sermos quem realmente somos −
civismo de suas ações, do seu mérito moral ou estético. Depen- não o que desejamos que os outros pensem que somos(I). A
derá tão somente da disposição dos consumidores em pagar, maioria deseja maior proteção à sua privacidade. Porém, isso
com parte do ganho do seu próprio trabalho, para ter acesso requererá a criação de diversas leis.
aos bens e serviços que o outro oferece. Mas o mercado não (Adaptado de: The New York Times. Tradução de Paulo Migliacci. Disponível
decide, em nome dos que nele atuam, os resultados finais da em: www.folha.uol.com.br)
interação. Assim como a gramática não determina o teor
das mensagens, mas apenas as regras das trocas verbais, Atente ao que se afirma abaixo a respeito da pontuação do texto.
também o mercado não estabelece de antemão o que será
I. O travessão que antecede o segmento não o que desejamos
feito e escolhido pelos que dele participam.
que os outros pensem que somos pode ser substituído por
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das vírgula, sem prejuízo da correção.
Letras, 2016, edição digital)
II. Sem prejuízo da correção e do sentido, uma vírgula pode
Considere as afirmações abaixo a respeito da pontuação do ser inserida imediatamente após o termo “expectativas”
texto: no segmento: Não existiam expectativas de que uma por-
I. Mantendo-se a correção e o sentido original, os travessões ção significativa da vida transcorresse distante dos olhares
podem ser substituídos por vírgulas em: O sistema de mer- alheios
cado − baseado na propriedade privada, nas trocas volun- III. O travessão que antecede o segmento a transformação de
tárias e na formação de preços por meio de um processo nossos dados pessoais em mercadoria por gigantes da tec-
competitivo reconhecidamente imperfeito − define... nologia pode ser substituído por dois- pontos, sem prejuízo
II. Sem prejuízo da correção, uma pontuação alternativa para da correção.
um segmento do texto é: A regra de ouro do mercado esta- Está correto o que se afirma APENAS em:
belece que, a recompensa material dos seus participantes,
a) I.
corresponderá ao valor monetário que os demais estiverem
dispostos a atribuir, ao resultado de suas atividades. b) I e III.
III. Sem prejuízo da correção e da lógica, o sinal de dois-pon- c) I e II.
tos pode ser substituído por “pois”, precedido de vírgula, no d) III.
segmento é preciso ter uma visão clara do que podemos
e) II e III.
esperar que façam por nós: a ciência jamais aplacará a nos-
sa fome de sentido... 53
119. (FCC – 2019) Está clara e correta a redação deste livre comentário:
Como vamos lidar com robôs em casa, na educação e no a) O latim clássico e o latim vulgar, eram usados pela popula-
trabalho? ção das províncias, que todavia aprendia a língua do Impé-
A combinação entre a imaginação dos escritores de ficção rio relacionado às conquistas.
e a tendência a aceitar desafios dos cientistas costuma gerar b) A origem das línguas românicas são do latim vulgar, onde
revoluções nas nossas vidas. Assim também foi com o surgi- eram difundidas pelo Império a língua falada pelo povo.
mento dos robôs. O nome foi usado pela primeira vez em uma c) A língua do povo, era o latim vulgar que em contrapartida
peça teatral da década de 1920 para designar um ciborgue fic- era falado nas províncias conquistadas pelo Império.
cional que tinha como principal tarefa servir à humanidade.
d) Nas províncias, era falado o latim clássico, portanto o mais
Desde então, passamos a ver robôs em todos os lugares: antigo, divulgado pelos oradores, poetas e filósofos nos
nas indústrias, montando ou soldando peças; nos atendimentos habitantes a muito tempo.
telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos assisten-
tes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas e) O latim clássico tinha muito prestígio na época do Império,
essas automações são exatamente robôs. “Para se tornar um pois era a língua utilizada por oradores, poetas e filósofos.
robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou um robô
de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do
Centro Universitário FEI e pesquisador de robótica e inteligência 121. (FCC – 2019)
artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-requisito é
mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando.
distância, bem como ser capaz de interagir com o ambiente. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bon-
des no meu tempo de menino.
“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e
de inteligência artificial”, afirma Tonidandel. Simplificando bas- Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora subs-
tante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cére- tituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada.
bro do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré,
raciocínio, aprendizagem e reconhecimento de padrões. quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínha-
mos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada
O desenvolvimento interdependente entre as tecnologias de
de tamancos ou de pés no chão.
IA e robótica trouxe uma nova geração de robôs, capazes de inte-
ragir com os humanos para executar tarefas, transitar pelos mes- Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será
mos lugares que as pessoas e atuar como assistentes nas tarefas difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os
do dia a dia. É a chamada robótica de serviços, que promete levar rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de
robôs para dentro de casas, empresas, hospitais e até escolas. minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de
carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esque-
Conviver com esses seres autônomos e com tendência a nos
cer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
servir, contudo, traz novas questões. A que regras eles estarão
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de
sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o mercado de
minha avó Nair.
trabalho com a robotização de serviços que hoje ainda são feitos
pelos humanos? São perguntas bem difíceis de responder, mas A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Gea-
que fazem parte da próxima fronteira para a evolução da robótica. da, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um
tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
(Adaptado de: LAFLOUFA, J. Disponível em: https://revistagalileu.globo.
com. 30/05/2019)
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha,
quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água
Com o deslocamento da expressão destacada em No entanto, encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
nem todas essas automações são exatamente robôs, a frase que som e sem inflação.
está pontuada corretamente é: Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas,
a) Nem todas essas automações, no entanto, são exatamente na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e
robôs. estou certo que o nosso coração era simples, espichado e
melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hos-
b) Nem todas essas automações no entanto, são exatamente
tilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra
robôs.
cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não
c) Nem todas essas automações, no entanto são exatamente dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
robôs.
*batuta: amigo, camarada.
d) Nem todas essas automações são, no entanto exatamente
robôs. (Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK,
Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das
e) Nem todas essas automações são no entanto, exatamente Letras, 2005, p. 141-143)
robôs.
No segmento ... morros pobres, como o da Geada. Que tinha
esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia
120. (FCC – 2019) muito frio, no morro costumava gear, o sinal de dois-pontos
introduz
Depois que as legiões romanas conquistavam um terri-
tório, ele recebia o nome de “província”. Para essa província a) uma ressalva.
eram enviados muitos cidadãos romanos: pequenos funcioná- b) uma citação.
rios públicos, soldados, agricultores, comerciantes, artesãos... c) um esclarecimento.
enfim, gente do povo que ia colonizar as novas terras con-
quistadas para o Império. Ora, essa gente do povo não falava d) uma contradição.
o latim clássico, o latim dos grandes oradores, dos poetas e e) um resumo.
dos filósofos. Falava, sim, um latim simplificado, com regras
mais flexíveis, mais práticas que as do latim clássico. Esse latim
do povo recebeu o nome de “latim vulgar”. Foi esse latim vulgar
122. (FCC – 2019)
que os habitantes originais das províncias conquistadas apren-
deram, pois seu contato era muito maior com os romanos De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando.
simples do que com as camadas sociais mais altas do Império. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bon-
E foi desse latim vulgar que surgiram, com o passar do tempo, des no meu tempo de menino.
todas as línguas “românicas”, entre as quais o português. Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora
(Adaptado de: BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 12ª substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada.
54 ed. São Paulo, Contexto, 2003, p. 41) Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré,
quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos capacidades humanas aumentaram ao longo da história. Con-
um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de siderando que os humanos geralmente usam suas capacida-
tamancos ou de pés no chão. des para aliviar sofrimento e satisfazer aspirações, decorre
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais
PORTUGUÊS
difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-co-
rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de letores da Idade da Pedra. Mas esse relato progressista não
minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de convence.
carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esque- (Adaptado de HARARI, Y. N. Sapiens – Uma breve história da humanidade.
cer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada, Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387)
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de
minha avó Nair. A supressão da vírgula altera efetivamente o sentido da frase:
A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Gea- a) A ideia mesma de felicidade parece ter bem pouca relevân-
da, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um cia, no curso da caminhada da civilização.
tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a b) Ao longo dos últimos cinco séculos, ocorreram revoluções
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, cruciais na história da humanidade.
quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água
c) Para muitos homens, não faz sentido indagar sobre o teor
encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de
de felicidade que deveria acompanhar o progresso.
som e sem inflação.
d) A pouca gente ocorre indagar sobre o sentido do progresso,
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas,
que atinge uns poucos privilegiados.
na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e
estou certo que o nosso coração era simples, espichado e e) Na argumentação do autor, o sentido de progresso civiliza-
melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hos- cional merece ser amplamente discutido.
tilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra
cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não
dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*! 124. (FCC – 2019)
*batuta: amigo, camarada. Como assistiremos a filmes daqui a 20 anos?
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Com muitos cineastas trocando câmeras tradicionais por
Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das
Letras, 2005, p. 141-143)
câmeras 360 (que capturam vistas de todos os ângulos), o
momento atual do cinema é comparável aos primeiros anos
Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana intensamente experimentais dos filmes no final do século 19 e
tocada de tamancos ou de pés no chão. início do século 20.
Está condizente com o que se lê no trecho acima, com a vírgula Uma série de tecnologias em rápido desenvolvimento
empregada corretamente, o que se encontra em: oferece um potencial incrível para o futuro dos filmes –
como a realidade aumentada, a inteligência artificial e a
a) Tínhamos um par de sapatos para o domingo, só. A semana
capacidade cada vez maior de computadores de criar mun-
tocada de tamancos ou de pés no chão.
dos digitais detalhados.
b) Tínhamos um par, de sapatos, só para o domingo. A semana
Como serão os filmes daqui a 20 anos? E como as his-
tocada de tamancos ou de pés no chão.
tórias cinematográficas do futuro diferem das experiências
c) Só, tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana disponíveis hoje? De acordo com o guru da realidade virtual e
tocada de tamancos ou de pés no chão. artista Chris Milk, os filmes do futuro oferecerão experiências
d) Tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana só, imersivas sob medida. Eles serão capazes de “criar uma histó-
tocada de tamancos ou de pés no chão. ria em tempo real que é só para você, que satisfaça exclusiva-
mente a você e o que você gosta ou não”, diz ele.
e) Tínhamos um par de sapatos para o domingo. A semana
tocada de tamancos ou de pés, só no chão. (Adaptado de: BUCKMASTER, L. Disponível em: www.bbc.com)
Æ REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CASOS GERAIS) A correção do segmento dado é preservada caso se substi-
127. (FCC – 2022) Para responder à questão, baseie-se no texto tua o elemento sublinhado pelo que está entre parênteses no
abaixo. seguinte caso:
PORTUGUÊS
− a forma como os governos interagem com as pessoas.
No que se refere à regência verbal, levando-se em conta a nor-
ma-padrão da língua e o sentido com que são empregados no
129. (FCC – 2019) texto, os segmentos destacados podem ser substituídos, res-
Jurar ou planejar pectivamente, por
Num de seus contos provocadores, Machado de Assis põe a) fale por – discorrer entre – os governos e as pessoas intera-
em cena um casal de apaixonados que faz um juramento de gem entre si.
amor, por conta de uma longa separação que devem cumprir. b) fale em – discorrer para – os governos interagem das
A jura é quebrada pela moça, que se apaixona por outro, e o pessoas.
narrador faz ver que ela está “muito próxima da Natureza”, ou
c) fale a – discorrer perante – os governos interagem às
seja, que ela atende aos movimentos mais naturais da vida.
pessoas.
Jurar é desafiar o tempo, o destino, o futuro; é afirmar que
d) fale acerca de – discorrer a – os governos entre pessoas se
nada pode ser maior que nosso desejo de agir conforme jura-
interagem.
mos. Um juramento expõe a beleza da vontade humana, como
afirmação nossa, mas sua quebra mostra também nossos limites. e) fale de – discorrer acerca de – os governos e as pessoas
interagem.
Dirão os mais racionalistas: não jure, planeje. Diante do
futuro, levante hipóteses de trabalho e as analise, não tome
nenhuma como definitiva. Mas o homem insiste em sonhar
para além do que é planejável, e o que dá certo nos bons pla- 131. (FCC – 2019)
nejamentos acaba tornando-o ainda mais convicto de que sua Mais da metade dos seres humanos hoje vivem em cida-
vontade é tudo, sendo mesmo capaz de jurar por isso. des, e esse número deve aumentar para 70% até 2050. Em
(Joaquim de Assis Villares, inédito) termos econômicos, os resultados da urbanização foram
notáveis. As cidades representam 80% do Produto Interno Bru-
Está correto o emprego de ambos os elementos destacados na to (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova
frase: York-Washington gera mais de 30% do PIB do país.
a) Sempre há alguma provocação nos contos machadianos, Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não
em cujos encontramos teses das quais é difícil rebater. são exceção, segundo análise do Fórum Econômico Mundial.
Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental
b) Um juramento faz crer que é no tempo, onde podemos con-
e desigualdade persistente são alguns dos problemas das
fiar, que daremos vazão a força das nossas vontades.
cidades modernas. Recentemente, entraram na equação as
c) A força de um juramento, cuja beleza está na disposição da consequências da transformação digital. Há quem fale sobre
vontade humana, pode reverter em amarga frustração. uma futura desurbanização. Mas os especialistas consultados
d) Alguns sentem aversão de jurar, por isso mostram prefe- pelo Fórum descartam essa possibilidade. Preferem discorrer
rência com os cuidados de um planejamento. sobre como as cidades vão se adaptar à era da digitalização e
e) A natureza guarda em suas leis uma força da qual é inútil como vão moldar a economia mundial.
nos opormos, ainda quando munidos na máxima vontade. A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas
cidades. Em cidades inteligentes como Tallinn, na Estônia, os
cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se
com o governo local via plataformas digitais, que permitem
130. (FCC – 2019) a assinatura de contratos e o pagamento de impostos, por
Mais da metade dos seres humanos hoje vivem em cida- exemplo. Programas similares em Cingapura e Amsterdã ten-
des, e esse número deve aumentar para 70% até 2050. Em tam criar uma espécie de “governo 4.0”.
termos econômicos, os resultados da urbanização foram Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na gover-
notáveis. As cidades representam 80% do Produto Interno Bru- nança. Plataformas digitais possibilitam acesso, abertura e trans-
to (PIB) global. Nos Estados Unidos, o corredor Boston-Nova parência às operações de governos locais e provavelmente irão
York-Washington gera mais de 30% do PIB do país. mudar a forma como os governos interagem com as pessoas.
Mas o sucesso tem sempre um custo – e as cidades não
(Adaptado de:“5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum
são exceção, segundo análise do Fórum Econômico Mundial. Econômico Mundial”. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com)
Padrões insustentáveis de consumo, degradação ambiental
e desigualdade persistente são alguns dos problemas das No que respeita à regência, segundo a norma-padrão, a
cidades modernas. Recentemente, entraram na equação as alternativa que apresenta um complemento nominal correto
consequências da transformação digital. Há quem fale sobre para o vocábulo destacado em Programas similares... é:
uma futura desurbanização. Mas os especialistas consul-
a) àqueles de Tallinn.
tados pelo Fórum descartam essa possibilidade. Preferem
discorrer sobre como as cidades vão se adaptar à era da b) naqueles de Tallinn.
digitalização e como vão moldar a economia mundial. c) por aqueles de Tallinn.
A digitalização promete melhorar a vida das pessoas nas d) sobre aqueles de Tallinn.
cidades. Em cidades inteligentes como Tallinn, na Estônia, os e) com aqueles de Tallinn.
cidadãos podem votar nas eleições nacionais e envolver-se
com o governo local via plataformas digitais, que permitem
a assinatura de contratos e o pagamento de impostos, por
exemplo. Programas similares em Cingapura e Amsterdã ten- 132. (FCC – 2019)
tam criar uma espécie de “governo 4.0”. O paradoxo da promessa
Além disso, a tecnologia vai permitir uma melhora na Em que circunstâncias alguém se exalta e defende com
governança. Plataformas digitais possibilitam acesso, abertu- ardor uma opinião? “Ninguém sustenta fervorosamente que 7
ra e transparência às operações de governos locais e prova- x 8 = 56, pois se pode demonstrar que isso é uma verdade”,
velmente irão mudar a forma como os governos interagem observa Bertrand Russel. O ânimo persuasivo só recrudesce
com as pessoas. e lança mão das artes e artimanhas da retórica apaixonada
(Adaptado de:“5 previsões para a cidade do futuro, segundo o Fórum quando se trata de incutir opiniões que são duvidosas ou
Econômico Mundial”. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com) demonstravelmente falsas. 57
O mesmo vale para o ato de prometer alguma coisa. O a) do qual abdicamos.
simples fato de que uma promessa precisa ser feita com toda b) o qual desistimos.
a ênfase indica a existência de dúvida quanto à sua concreti-
zação. Só prometemos acerca do que exige um esforço extra c) com o qual abrimos mão.
da vontade. E quanto mais solene ou enfática a promessa – d) pelo qual declinamos.
“Te juro, meu amor, agora é pra valer!” – mais duvidosa ela e) pelo que recusamos.
é: protesting too much (‘proclamar excessivo’), como dizem os
ingleses. “Só os deuses podem prometer, porque são imortais”,
adverte o poeta.
134. (FCC – 2019)
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2016, p. 26) Estação de águas
Esta poética designação – estação de águas – nada tem
É adequado o emprego de ambos os elementos destacados na
a ver, como eu imaginava quando menino, com alguma esta-
frase:
ção de trem onde chovesse muito e tudo se inundasse. Em
a) As promessas de que não cumprimos são aquelas à quem criança a gente tende a entender tudo meio que literalmente.
emprestamos a maior ênfase. “Estação de águas”, soube depois, indica aqui a época, a tem-
b) A ênfase com cuja ele se exprime não faz ninguém confiar porada ou mesmo a estância em que as pessoas se dispõem
nada ao que ele diga. a um lazer imperturbado ou a algum tratamento de saúde
c) A frase de Bertrand Russel na qual o autor se refere é uma baseado nas específicas qualidades medicinais das águas de
verdade onde ninguém duvida. uma região. Água para se beber ou para se banhar, conforme
o caso. Tais estâncias associam-se, por isso mesmo, a lugares
d) A frase que a tradução está entre parênteses expressa uma
atrativos, ao turismo de quem procura, além de melhor saúde,
denúncia para os excessos do amor.
a tranquilidade e o repouso que via de regra elas oferecem a
e) A sinceridade é um sentimento em que não cabe exagero, quem as visita ou nelas se hospeda.
nada conspira contra sua força.
Em meio ao turbilhão da vida moderna ainda se encon-
tra nessas paragens um oásis de sossego e descompromisso
com o tempo. O desafio pode estar, justamente, em saber o
133. (FCC – 2019) que fazer com um longo dia de ócio, em despovoar a cabeça
“Pentimento” é a palavra italiana para arrependimento, das imagens tumultuosas trazidas da cidade grande. Nessas
mas designa (em muitas línguas) uma pintura ou esboço enco- pequenas estâncias, o relógio da matriz opera num ritmo ler-
berto pela versão final de um quadro. Às vezes, com o tempo do e preguiçoso, em apoio à calmaria daquele mundo instituí-
ou no processo de restauração, a tinta deixa transparecer do para que nada de grave ou agitado aconteça. Os visitantes
a composição em cima da qual o artista pintou uma nova velhinhos dormitam no banco da praça, as velhinhas vão atrás
versão. Esses esboços ou pinturas, que foram rejeitados e de algum artesanato, os jovens se entediam, os turistas adul-
encobertos pelo artista, são os pentimentos, que foram des- tos se dividem entre absorver a paz reinante e planejar as tare-
cartados sem ser propriamente apagados. fas da volta.
O pentimento faz parte do quadro, assim como fazem Não se sabe quanto tempo ainda durará essa rara opor-
parte da nossa vida muitos projetos dos quais desistimos. tunidade de paz. As informações do mundo de hoje circulam
São restos do passado que transparecem no presente, como o tempo todo pelos nervosos celulares, a velocidade da vida
potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo digital é implacável e não tolera espaços de vazio ou tempos
assim, integram a nossa história. vazios. Mas enquanto não morrer de todo o interesse de se
Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos cultuar a vida interior, experiência possível nessas estâncias
de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: sossegadas, não convém desprezar a sensação acolhedora de
projetos que não se realizaram. Por que não se realizaram? pertencer a um mundo sem pressa.
Em geral, pensamos que nos faltou a coragem. Não soubemos (Péricles Moura e Silva, inédito)
renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que
outras escolhas tivessem uma chance. Está plenamente adequado o emprego do elemento destacado
O problema dos pentimentos é que eles esvaziam a vida na frase:
que temos. O passado que não se realizou funciona como a a) A poética designação de que faz alusão o autor diz respeito
miragem da felicidade que teria sido possível se tivéssemos a estação de águas.
feito a escolha “certa”. Quando examino as fotos de minhas
b) O turbilhão ao qual imergem os habitantes das metrópoles
turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que dei-
é por vezes avassalador.
xei amizades e amores inacabados, mas que teriam revolucio-
nado meu futuro. c) São reais os riscos de vida nos quais se atemorizam os habi-
tantes das metrópoles.
Nem sempre os pentimentos são bons conselheiros - até
porque, às vezes, eles são falsos. Hoje, é fácil esbarrar em d) Os cidadãos dos grandes centros devem insurgir-se ao rit-
espectros do passado: as redes sociais proporcionam reen- mo de vida que lhes é imposto.
contros improváveis e, com isso, criam pentimentos artificiais. e) É invejável a paz de cujos benefícios desfrutam os que
Graças às redes, um relacionamento apagado da memória moram nas pequenas estâncias.
pode reaparecer como se representasse um grande poten-
cial ao qual renunciamos. Somos perigosamente nostálgicos
de escolhas passadas alternativas que teriam nos levado a um
presente diferente – e melhor. Se essas escolhas não exis- 135. (FCC – 2019) Para responder a questão, baseie-se no texto
tiram, somos capazes de inventá-las e de vivê-las como abaixo.
pentimentos. Os pentimentos não são necessariamente recí- [Gravado na pele]
procos, e os falsos pentimentos, revisitados, são receitas para
Dizem que a tatuagem data do paleolítico, quando era
o desastre.
usada por povos nativos da Ásia. Além da beleza das formas
(Adaptado de: CALLIGARIS, C. Disponível em: www1.folha.uol.com.br) e cores, há algo de simbólico nessas inscrições corporais. Os
índios pintam o corpo em cerimônias, festas e rituais de guer-
... como se representasse um grande potencial ao qual ra. Os marinheiros, cujas pátrias são os portos e os oceanos,
renunciamos. ostentam em sua pele símbolos que evocam a breve perma-
Mantendo-se a correção e o sentido original, o segmento des- nência em terra firme e a longa travessia marítima: âncoras,
58 tacado acima pode ser corretamente substituído por: ilhas, mapas, peixes, pássaros, bússolas.
Antes de ser uma febre no Brasil, a tatuagem inspirou uma Æ CRASE
música de Chico Buarque e Ruy Guerra. Quero ficar no teu
corpo feito tatuagem, diz a letra dessa belíssima canção. 137. (FCC – 2022) Alguns aspiram ....I.... se tornar ilustres e res-
peitados, acreditando assim conseguir segurança diante dos
Para um observador parado à beira-mar, um observador
PORTUGUÊS
homens. Desse modo, se ....II…vida deles decorre segura, foi
que teme o sol forte e protege a cabeça com um chapéu,
alcançado o bem natural.
cada tatuagem é uma descoberta, uma viagem do olhar.
Jovens e velhos exibem tatuagens; uso o verbo exibir porque (Adaptado de: Epicuro. Cartas e máximas principais. São Paulo:
Companhia das Letras, 2020)
talvez haja uma ponta de exibicionismo nessa arte antiga de
fazer da pele uma pintura para toda a vida. Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa,
Numa única manhã ensolarada, sob meu chapéu, vi tatua- as lacunas I e II devem ser preenchidas, respectivamente, por:
gens de vários tipos e tamanhos, li nomes próprios, adjetivos, a) à – a
bilhetes, e até mesmo uma mensagem cifrada, cuja revelação
b) à – à
será sempre adiada: Amanhã saberás o segredo...
c) há – a
(Adaptado de: HATOUM, M. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia
das Letras, 2013, p. 122)
d) a – à
e) a – a
Está plenamente adequado o emprego de ambos os elementos
destacados na frase:
a) As economias que provieram de seus salários, ele as des- 138. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, baseie-se
pendeu em sessões de tatuagem. no texto abaixo.
b) Elas interviram quando ele se dispôs a apagar uma tatua- Romantismo e consumismo
gem que o custara tão caro. O romantismo nos diz que para aproveitar ao máximo
c) A propósito de tatuagens, o velho lhes vê como assessórios nosso potencial humano devemos ter tantas experiências
inúteis que marcam um corpo. diferentes quanto possível. Devemos nos abrir a um amplo
leque de emoções; experimentar vários tipos de relacionamen-
d) Depois de se deixar seduzir a uma tatuagem, conheceu o
to; provar culinárias diferentes; aprender a apreciar diferentes
remorso em cujo se martirizou.
estilos de música. Uma das melhores maneiras de fazer tudo
e) Ele diz não saber porquê a tatuagem goza de tanto prestígio isso é escapar da nossa rotina diária, deixar para trás nosso
aonde quer que surja. cenário familiar e viajar para terras distantes, onde podemos
“vivenciar” a cultura, os aromas, os sabores e as normas de
outros povos. Ouvimos repetidas vezes os mitos românti-
cos sobre “como uma nova experiência abriu meus olhos e
136. (FCC – 2019) mudou minha vida”.
[Os padrinhos da ciência] O consumismo nos diz que para sermos felizes precisamos
Estamos vivendo em uma era técnica. Muitas pessoas consumir tantos produtos e serviços quanto possível. Se sen-
estão convencidas de que a ciência e a tecnologia encerram timos que algo está faltando ou fora de lugar, provavelmen-
as respostas para todas as nossas perguntas. Nós apenas te precisamos comprar um produto (um carro, roupas novas,
deveríamos deixar os cientistas e os técnicos prosseguirem comida orgânica) ou um serviço (limpeza doméstica, terapia de
com seu trabalho, e eles criarão o céu aqui na terra. casais, aulas de yoga). Todo comercial de televisão é mais uma
pequena lenda sobre a certeza de que consumir algum produ-
Mas a ciência não é algo que acontece em algum plano to ou serviço tornará a vida melhor.
moral ou espiritual superior, acima do restante das atividades
O romantismo, que encoraja a variedade, casa perfeita-
humanas. Como todas as outras partes da nossa cultura, é
mente com o consumismo. Esse casamento deu à luz o infinito
definida por interesses econômicos, políticos e religiosos.
“mercado de experiências” sobre o qual se ergueu a indústria
A ciência é uma atividade muito cara. Um biólogo que pro- de turismo moderna. A indústria de turismo não vende passa-
cura entender o sistema imunológico humano necessita de gens aéreas e quartos de hotel; vende experiências. Paris não
laboratórios, substâncias químicas e microscópios eletrôni- é uma cidade, nem a Índia é um país – são ambos experiên-
cos, sem falar de assistentes de laboratórios. Tudo isso custa cias cuja realização supostamente expande nossos horizontes,
dinheiro. Ao longo dos últimos 500 anos, a ciência moderna satisfaz nosso potencial humano e nos torna mais felizes.
alcançou maravilhas graças, em grande parte, à disposição de (Adaptado de HARARI, Y. N. Sapiens – Uma breve história da humanidade.
governos, negócios, fundações e doadores privados para des- Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 123-124)
tinar bilhões de dólares à pesquisa científica.
É inteiramente adequado o emprego do elemento destacado na
(Adaptado de: HARARI, Y. N. Sapiens – Uma breve história da frase:
humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre, LP&M, 2016, p. 281)
a) Não parece ter mesmo limites o consumismo desenfreado
Está correto o emprego de ambos os elementos destacados na à que tantos se entregam.
frase: b) Existem mercadorias às quais se dedica um culto similar ao
a) A era onde estamos vivendo é propícia à que se desenvol- das experiências religiosas.
vam a ciência e a tecnologia. c) Os mitos românticos se agregaram nos mitos do consumo
como se fossem inseparáveis.
b) A ciência é cara; para financiar-lhe, há que se lançar mão
em pesados investimentos. d) A felicidade trazida pelo mercado é um mito onde muita
gente teima em cultuar.
c) Sendo cientistas empenhados, nunca lhes faltarão os
recursos de que carecem em seu ofício. e) Muitos turistas vivem em Paris os sentimentos em que as
agências já padronizaram.
d) Os recursos dos quais devem ter acesso os cientistas não
podem vir à longo prazo.
e) A importância da ciência, de cuja ninguém duvida, deve-se
139. (FCC – 2022) Atenção: Considere o texto a seguir para res-
a quem lhe pratica com talento.
ponder à questão.
A independência política em 1822 não trouxe muitas novi-
dadesd em termos institucionais, mas consolidou um objetivo
claro, qual seja: estruturar e justificar uma nova nação. 59
A tarefa não era pequena e quem a assumiu foi o Instituto c) há – a – a
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que, aberto em 1838, d) a – à – à
no Rio de Janeiro, logo deixaria claras suas principais metas:
e) há – à – a
construir uma história que elevasse o passado e que fosse
patriótica nas suas proposições, trabalhos e argumentos.
Para referendar a coerência da filosofia que inaugurou o
IHGB, basta prestar atenção no primeiro concurso público por 141. (FCC – 2020) Tem-se a expectativa de que ...I... futura revo-
lá organizado. Em 1844, abriam-se as portas para os candida- lução tecnológica culmine no desenvolvimento de inovações
tos que se dispusessem a discorrer sobre uma questão espi- que abranjam de novos remédios ...II... criação de materiais
nhosa: “Como se deve escrever a história do Brasil”. Tratava-se artificiais que hoje se restringem apenas ...III... imaginação.
de inventar uma nova história do e para o Brasil. Foi dado, Preenchem corretamente as lacunas I, II e III da frase acima:
então, um pontapé inicial, e fundamental, para a disciplina que
a) a − à − à
chamaríamos, anos mais tarde, e com grande naturalidadea, de
“História do Brasil”. b) à − a − a
A singularidade da competição também ficou associada c) à − à − à
a seu resultado e à divulgação do nome do vencedor. O pri- d) a − a − a
meiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um estrangeiroc e) à − a – à
− o conhecido naturalista bávaro Karl von Martius (1794-1868),
cientista de ilibada importância, embora novato no que dizia
respeito à história em geral e àquela do Brasil em particular − ,
o qual advogou a tese de que o país se definia por sua mistura, 142. (FCC – 2019)
sem igual, de gentes e povos. Utilizando a metáfora de um cau- Envelhecer
daloso rio, correspondente à herança portuguesa que acaba-
Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar que
ria por “limpar” e “absorver os pequenos confluentes das raças
envelhece por inteiro − famosa tolice. Alguém já notou: envelhe-
índia e etiópica”, representava o país a partir da singularidade
cemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde, aquele outro
e dimensão da mestiçagem de povos por aqui existentes.
já quase apodrece; aqui há seiva estuando, além é coisa murcha.
A essa altura, porém, e depois de tantos séculos de vigên-
A infância não volta, mas não vai − fica recolhida, como
cia de um sistema violento como o escravocrata, era no míni-
se diz de certas doenças. Pode dar um acesso. Outro dia sofri
mo complicado simplesmente exaltar a harmonia. Além do
um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-
mais, indígenas continuavam sendo dizimados no litoral e no
-me célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos
interior do país.
e ardiam; mãos trêmulas; os demônios me apertavam a gar-
Martius, que em 1832 havia publicado um ensaio chamado ganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha veloci-
“O estado do direito entre os autóctones no Brasil”, condenan- dade por fora. Exatamente o contrário do que convém a um
do os indígenas ao desaparecimento, agora optava por definir senhor de minha idade e condição.
o país por meio da redentora metáfora fluvial. Três longos rios
Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de
resumiriam a naçãob: um grande e caudaloso, formado pelas
repente começa a agir como um menino bobo. Será que só eu
populações brancas; outro um pouco menor, nutrido pelos indí-
sou assim, ou os outros disfarçam melhor?
genas; e ainda outro, mais diminuto, alimentado pelos negros.
*árdego: impetuoso.
Ali estavam, pois, os três povos formadores do Brasil;
todos juntos, mas (também) diferentes e separados. Mistura (BRAGA, R. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71)
não era (e nunca foi) sinônimo de igualdade. Essa era uma óti-
ma maneira de “inventar” uma história não só particular (uma O emprego da pontuação e a observância do sinal de crase
monarquia tropical e mestiçada) como também muito otimis- estão adequados na frase:
ta: a água que corria representava o futuro desse paíse cons- a) Quando se está à envelhecer, as nossas sensações boas ou
tituído por um grande rio caudaloso no qual desaguavam os más, parecem confundir-se em nosso espírito.
demais pequenos afluentes. b) Não se tribute as nossas experiências desafortunadas, a
É possível dizer que começava a ganhar força então a responsabilidade maior de um penoso envelhecimento.
ladainha das três raças formadoras da nação, que continuaria c) Em meio aquelas boas horas da infância, sempre havia
encontrando ampla ressonância no Brasil, pelo tempo afora. alguma suspeita, de que tudo logo acabaria.
(Adaptado de: SCHWARCZ, L. M. Sobre o autoritarismo brasileiro. São d) Quem diria, que a proporção que o tempo passa, mais retor-
Paulo: Companhia das Letras, 2019)
nos imaginários experimentamos à outras idades?
A singularidade da competição também ficou associada a seu e) Corresse o tempo de modo uniforme, como alguns acredi-
resultado e à divulgação do nome do vencedor tam, não voltaríamos às mais antigas sensações.
O sinal indicativo de crase deve ser mantido se a palavra desta-
cada for substituída por:
a) espalhamento 143. (FCC – 2019)
b) propaganda A chave do tamanho
c) publicações O antes de nascer e o depois de morrer: duas eternidades
no espaço infinito circunscrevem o nosso breve espasmo de
d) anúncio
vida. A imensidão do universo visível com suas centenas de
e) prognósticos bilhões de estrelas costuma provocar um misto de assombro,
reverência e opressão nas pessoas. “O silêncio eterno desses
espaços infinitos me abate de terror”, afligia-se o pensador
francês Pascal. Mas será esse necessariamente o caso?
140. (FCC – 2022) Ela tomou a decisão ...I... pouco tempo. Chegou
...II... conclusão de que não valia ...III... pena adiar a compra da O filósofo e economista inglês Frank Ramsey responde
geladeira. à questão com lucidez e bom humor: “Discordo de alguns
amigos que atribuem grande importância ao tamanho físico
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa,
do universo. Não me sinto absolutamente humilde diante da
as lacunas I, II e III do texto devem ser preenchidas, respecti-
vastidão do espaço. As estrelas podem ser grandes, mas não
vamente, por:
pensam nem amam – qualidades que impressionam bem mais
a) há – à – à do que o tamanho. Não acho vantajoso pesar quase cento e
60 b) a – à – a vinte quilos”.
Com o tempo não é diferente. E se vivêssemos, cada um c) O sistema político se estabilizava, à medida que, um país
de nós, não apenas um punhado de décadas, mas centenas passava a ser rico e, ao mesmo tempo, democrático.
de milhares ou milhões de anos? O valor da vida e o enigma d) Cientistas políticos, impressionados com à estabilidade
da existência renderiam, por conta disso, os seus segredos? sem paralelo das democracias ricas viram no pós-guerra
PORTUGUÊS
E se nos fosse concedida a imortalidade, isso teria o dom de um período de consolidação democrática.
aplacar de uma vez por todas o nosso desamparo cósmico e
e) A controversa obra de Francis Fukuyama associou-se, no
as nossas inquietações? Não creio. Mas o enfado, para muitos,
pensamento político, à ideais do triunfo da democracia.
seria difícil de suportar.
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2016, p. 35) 145. (FCC – 2019)
O substituto da vida
Quanto à pontuação e à observância do emprego do sinal de
crase, está plenamente correta a frase: Quando meu instrumento de trabalho era a máquina de
escrever, eu me sentava a ela, punha uma folha de papel no
a) Tendo em vista à longevidade da atual geração, as seguintes
rolo, escrevia o que tinha de escrever, tirava o papel, lia o que
pode beneficiar um horizonte ainda mais largo.
escrevera, fazia eventuais emendas e, se fosse o caso, batia o
b) Dada a condição dos moços de hoje, os moços de amanhã texto a limpo. Relia-o para ver se era aquilo mesmo, fechava a
obterão mais facilidades. máquina, entregava a matéria e ia à vida.
c) Uma vez alcançada, a imortalidade, será que à ela todos Se trabalhasse num jornal, isso incluiria discutir futebol
festejarão? com o pessoal da editoria de esporte, paquerar a diagrama-
d) É à longo prazo que muitas felicidades possíveis são dora do caderno de turismo, ir à esquina comer um pastel. Se
alcançadas. estivesse numa das fases de trabalhar em casa, ao terminar de
escrever eu fechava a máquina e abria um livro, escutava um
e) Sempre haverá aqueles que, à todo custo, perseguem o disco, dava um pulo rapidinho à praia. Só reabria a máquina
ideal da imortalidade. no dia seguinte.
Hoje, diante do computador, termino de produzir um tex-
to, vou à lista de mensagens para saber quem me escreveu,
144. (FCC – 2019) deleto mensagens inúteis, respondo às que precisam de res-
A ideia do triunfo da democracia ficou associada à obra posta, eu próprio mando mensagens inúteis, entro em jornais
de Francis Fukuyama. Em controverso ensaio publicado nos e revistas on-line. Quando me dou conta, já é noite lá fora e
anos 1980, Fukuyama afirmava que o encerramento da Guer- não saí da frente da tela.
ra Fria levaria à “universalização da democracia liberal ociden- Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a
tal como forma definitiva de governo humano”. O triunfo da caneta, o bloco, a agenda, o telefone, a banca de jornais, a
democracia, proclamou numa frase que veio a condensar o máquina fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema,
otimismo de 1989, marcaria o “fim da história”. o DVD, o correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso,
o despertador, o gravador, o rádio, a TV, o CD, a bússola, os
Muitos criticaram Fukuyama por sua suposta ingenuidade.
mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que
Alguns alegavam que a democracia liberal estava longe de ser
me substitua também.
implementada em larga escala, porquanto muitos países se
mostrariam resistentes a essa ideia importada do Ocidente. (Adaptado de: CASTRO, R. A arte de querer bem. Rio de Janeiro, Estação
Brasil, 2018, p. 67-68)
Outros afirmavam que era cedo para prever que tipo de avan-
ço a engenhosidade humana seria capaz de conceber: talvez
Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, a alternativa
a democracia liberal fosse apenas o prelúdio de outras formas
que apresenta um substituto correto para a expressão destaca-
de governo, mais justas e esclarecidas.
da é:
A despeito das críticas sofridas, o pressuposto funda-
a) Só reabria a máquina... (2º parágrafo) / voltava à
mental de Fukuyama se revelou de enorme influência. A
maioria dos cientistas políticos acreditava que a democracia b) ... eu me sentava a ela... (1º parágrafo) / em frente à ela
liberal permaneceria inabalável em certos redutos, ainda que c) Relia-o para ver se era aquilo... (1º parágrafo) / à fim de
o sistema não triunfasse no mundo todo. Na verdade, a maior d) ... paquerar a diagramadora... (2º parágrafo) / flertar com à
parte dos cientistas políticos, embora evitando fazer grandes
e) ... entro em jornais e revistas on-line. (3º parágrafo) / faço
generalizações sobre o fim da história, chegou mais ou menos
consultas à
à mesma conclusão de Fukuyama.
Impressionados com a estabilidade das democracias ricas,
cientistas políticos começaram a conceber a história do pós- 146. (FCC – 2019)
-guerra como um processo de consolidação democrática. Para [Pai e filho]
sustentar uma democracia duradoura, o país devia atingir
níveis altos de riqueza e educação. Tinha de construir uma No romance Paradiso o grande escritor cubano José Leza-
ma Lima diz que um ser humano só começa a envelhecer
sociedade civil forte e assegurar a neutralidade de instituições
depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos
de Estado fundamentais. Todos esses objetivos frequente-
grandes traumas de um filho.
mente se revelaram fugidios. Mas a recompensa que acenava
no horizonte era tão valiosa quanto perene. A consolidação A amizade e a cumplicidade quase sempre prevalecem
democrática, segundo essa visão, era uma via de mão única. sobre as discussões, discórdias e outras asperezas de uma
relação às vezes complicada, mas sempre profunda. Às vezes
(Adaptado de: MOUNK, Y. O povo contra a democracia. Trad. Cássio de
você lamenta não ter conversado mais com o seu pai, não ter
Arantes Leite e Débora Landsberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2018,
edição digital.) convivido mais tempo com ele. Mas há também pais terríveis,
opressores e tirânicos.
Quanto à pontuação e ao emprego de crase, está plenamente Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai,
correta a frase que se encontra em: de Franz Kafka. É esse um dos exemplos notáveis do pai cas-
a) O fim da Guerra Fria traria como forma definitiva de gover- trador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do
no, à universalização da democracia liberal ocidental. filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade
do jovem Franz. A Carta é o inventário de uma vida infernal.
b) Atrelada às necessidades de construir uma sociedade civil É difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é total-
forte, havia a necessidade de assegurar a neutralidade de mente verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional
instituições de Estado fundamentais. ou um pai figurado, mais ou menos próximo do verdadeiro.
Mas isso atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita 61
na figuração desse pai. Em cada página, o que prevalece é 148. (FCC – 2019)
uma alternância de sofrimento e humilhação, imposta por A World Wide Web, ou www, completou três décadas de
um homem prepotente e autoritário. existência. Sua invenção mudou a cara da internet. A ideia
(Adaptado de: HATOUM, M. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia foi do físico britânico Tim Berners-Lee, quando tinha 33 anos.
das Letras, 2013, p. 204-205) Naquela época, a internet já operava havia duas décadas,
mas de forma bem diferente. Com recursos restritos, era
É plenamente adequado o emprego de pronomes e do sinal usada principalmente para troca de informações entre pes-
indicativo de crase em: quisadores da área acadêmica.
a) Diante da morte do pai, o filho não apenas lhe lamenta “A www transformou-se em um componente fundamental
como se vê submetido à culpas inconsoláveis e a profundos da internet moderna”, afirma Fabio Kon, professor do Institu-
remorsos. to de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo.
b) Kafka escreveu uma Carta ao pai, carregando-lhe de senti- “A rede trouxe muitas coisas boas e já não conseguimos mais
mentos duros, que o leitor à muito custo acompanhará. viver sem as comodidades que ela proporciona. Mas, por outro
lado, ela amplifica alguns fenômenos negativos e indesejados
c) Ninguém se sentirá alheio às provações que Kafka nos con-
que já existiam na sociedade.”
ta em sua carta, a propósito das dores que o pai lhe infligiu.
Nas comemorações dos 30 anos da web, Berners-Lee
d) As emoções que provoca no leitor à leitura da carta de Kafka expressou preocupação com o rumo que vem tomando a
ao pai devem-se ao poder da ficção que lhe captura. internet. Em carta aberta, listou três áreas que, para ele, preju-
e) As palavras da Carta conduzem o leitor, passo à passo, pelas dicam a web: intenções maliciosas; projetos duvidosos, entre
dores e humilhações que o pai de Kafka fez-lhe passar. eles modelos de negócios que recompensam cliques; e con-
sequências negativas não intencionais da rede, com destaque
para discussões agressivas e polarizadas.
147. (FCC – 2019) “Precisamos de um novo contrato para a web”, declarou
Berners-Lee em uma conferência sobre tecnologia da inter-
Ai, que vergonha... net. “Algumas questões de regulamentação têm que envolver
Sou tímida. Já nasci assim, veio de algum gene que meus governos. Outras claramente incluem as empresas. Se você for
pais me transmitiram, o que não deixa de ser estranho, já que provedor de acesso, precisa se comprometer a entregar neu-
sou incomparavelmente mais tímida que os dois juntos. tralidade de rede. Se for uma companhia de rede social, preci-
Só quem é tímido − e não me refiro aí aos falsos tímidos, sa garantir que as pessoas tenham controle sobre seus dados.”
aqueles que têm uma timidezinha boba de vez em quando, “Desde sua origem, a internet se propôs a ser plural e de
por exemplo, ao chegar a uma festa sem conhecer ninguém − acesso amplo”, ressalta a advogada Cíntia Rosa Pereira de
sabe a dificuldade de se dizer “não” a um amigo ou de cobrar Lima, líder do grupo de pesquisa Observatório do Marco Civil
alguma coisa de alguém. E só nós tímidos sabemos também da Internet no Brasil.
o quanto nos custa entrar em uma loja e experimentar uma A pesquisadora assinala também alguns problemas decor-
roupa. O verdadeiro tímido tem vergonha de tudo e de todos. rentes das mudanças geradas pela internet. “Percebo que,
Hoje em dia, depois de anos de teatro e terapia, melhorei com a proliferação das redes sociais, as pessoas passaram a
demais. Muita gente me afronta e diz que não sou tímida nada, se preocupar mais com a quantidade de relacionamentos, des-
que eu nunca subiria em um palco se minha timidez fosse de considerando a qualidade deles”.
verdade. Eu digo que uma coisa não tem nada a ver com a Um dos pioneiros da internet no país, o engenheiro Demi
outra. O palco possui uma parede invisível, e quando subo Getschko admite que a rede enfrenta problemas, mas defen-
nele é como se não visse ninguém. Além disso, quando as de que o que vemos nela, conforme já expresso pelo mate-
pessoas vão a alguma das minhas apresentações, é espe- mático Vint Cerf, um de seus fundadores, é a representação
rado que eu cante. Muito diferente é ir a um churrasco e me daquilo que existe no mundo real. “A maioria das pessoas
pedirem para tocar violão. Morro de vergonha. As pessoas envolvidas com ela é bem-intencionada, mas existe uma ânsia
param de conversar e ficam me olhando, na expectativa. A de participar, de falar sem pensar, que com o tempo, espera-
minha voz nem sai direito, tamanha a vontade de desapare- mos, vai assentar. Tenho dúvidas sobre a eficiência de norma-
cer do recinto. tizações para corrigir os excessos na rede. Como ela não tem
Os psicólogos dizem que timidez, na verdade, é orgulho. fronteiras, qualquer legislação local tende a falhar.”
O tímido seria alguém com tal mania de perfeição que não se (Adaptado de: VASCONCELOS, Y. Disponível em: revistapesquisa.fapesp.br.
dá o direito de errar. Não concordo. Eu digo que o tímido é Acesso em: 04 out. 2022.)
alguém que tem vergonha de errar, de acertar, de ser julga-
O sinal indicativo de crase está corretamente empregado em:
do ignorante, de ser considerado inteligente, de ser taxado de
prepotente... a) O aumento no uso da internet relaciona-se ao maior acesso
à dispositivos móveis.
Eu tenho vergonha de tudo. Mas já descobri − até há bas-
tante tempo − o antídoto da timidez. Quando gosto e quero b) Alguns países já disponibilizam internet pública, com aces-
realmente alguma coisa, vergonha nenhuma me impede. Aí so integral à internautas.
eu finjo que sou uma outra pessoa, coloco uma base no rosto c) Há muitos colaboradores que se propõem à disseminar
para disfarçar a vermelhidão e vou em frente. É assim inclusive conteúdo relevante na rede.
com essas crônicas, que tenho vergonha de publicar, mas gos- d) A www está entre as principais invenções que vieram à
to demais de escrever para parar. revolucionar o mundo.
(Adaptado de: PIMENTA, P. Disponível em: www.patio.com.br. 13/12/2006) e) Atribui-se o desenvolvimento de tecnologias revolucioná-
rias à pesquisa em laboratório.
Observe a seguinte passagem:
− as pessoas vão a alguma das minhas apresentações
149. (FCC – 2019)
Considerando-se o emprego do sinal indicativo de crase, subs-
O direito de ter direitos se tornou, de fato, subordinado
titui corretamente a expressão destacada o que se encontra em:
..I.. domínio do mercado, com o risco progressivo de se cance-
a) à qualquer uma das lar qualquer forma de respeito ..II.. pessoas. Transformando
b) à maioria das os seres humanos em mercadoria e dinheiro, esse mecanismo
c) à econômico perverso deu vida ..III.. um monstro impiedoso e
apátrida, que acabará por negar ..IV.. futuras gerações qual-
d) às quer forma de esperança.
e) à todas as
(Adaptado de: ORDINE, N. A utilidade do inútil. Tradução de Luiz Carlos
62 Bombassaro. Rio de Janeiro: Zahar, 2016, p.11)
Preenchem corretamente as lacunas I, II, III e IV, na ordem a) a − à − à − a
dada: b) há − à − à − a
a) ao – às – à – às. c) há − a − a − à
PORTUGUÊS
b) o – as – à – as. d) a − a − a − a
c) ao – as – a – às. e) há − à − a – à
d) o – às – a – as.
e) ao – às – a – às.
152. (FCC – 2019)
No livro A velhice, Simone de Beauvoir não apresenta
150. (FCC – 2019) muitas alternativas para construir um olhar positivo sobre
De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. a última fase da vida. Ela tem como propósito fundamental
Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bon- denunciar a conspiração do silêncio e revelar como a socie-
des no meu tempo de menino. dade trata os velhos: eles costumam ser desprezados e estig-
matizados. Apesar de ter consciência de que são inúmeros os
Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora
problemas relacionados ao processo de envelhecimento(D),
substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada.
quero compreender se existe algum caminho para chegar
Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré,
à última fase da vida(E) de uma maneira mais plena e mais
quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos
feliz. Encontro na própria Simone de Beauvoir a resposta
um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de
para esta questão. Ela sugere, nas entrelinhas de A velhice,
tamancos ou de pés no chão.
um possível caminho para a construção de uma “bela velhice”:
Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será o projeto de vida.
difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os
No Brasil temos vários exemplos de “belos velhos”: Cae-
rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de
tano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Chico Buarque,
minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de
Marieta Severo, Rita Lee, entre outros. Duvido que alguém
carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esque-
consiga enxergar neles, que já chegaram ou estão chegando
cer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada,
aos 70 anos, um retrato negativo do envelhecimento. São típi-
amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de
cos exemplos de pessoas chamadas “sem idade”.
minha avó Nair.
Fazem parte de uma geração que não aceitará o impera-
A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Gea-
tivo “Seja um velho!” ou qualquer outro rótulo que sempre
da, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um
contestaram. São de uma geração que transformou comporta-
tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a
natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, mentos e valores de homens e mulheres, que inventou dife-
quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água rentes arranjos amorosos e que legitimou novas formas de
encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de família. Esses “belos velhos” inventaram um lugar especial no
som e sem inflação. mundo e se reinventam permanentemente. Continuam can-
tando, dançando, criando, amando, brincando, trabalhando,
Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, transgredindo tabus. Não se aposentaram de si mesmos, recu-
na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e saram as regras que os obrigariam a se comportar(A) como
estou certo que o nosso coração era simples, espichado e velhos. Não se tornaram invisíveis, infelizes, deprimidos. Eles,
melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hos- como tantos outros “belos velhos”, rejeitam estereótipos e dão
tilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra novos significados ao envelhecimento(C). Como diz a música
cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não de Arnaldo Antunes, “Somos o que somos: inclassificáveis”.
dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!
Desde muito cedo, somos livres para fazer escolhas. “A
*batuta: amigo, camarada. liberdade é o que você faz com o que a vida fez com você”.
(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Esta máxima existencialista é fundamental para compreender
Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das a construção de um projeto de vida. O projeto de cada indi-
Letras, 2005, p. 141-143)
víduo pode ser traçado desde a infância, mas também pode
ser construído ou modificado nas diferentes fases da vida, pois
Os verbos e o sinal indicativo de crase estão empregados corre-
a ênfase existencialista se coloca no exercício permanente da
tamente na seguinte frase, redigida a partir do texto:
liberdade de escolha e da responsabilidade individual na cons-
a) Caso você quer voltar à um dia da infância, tome chá de trução de um projeto de vida que dê significado às nossas
carqueja. existências(B) até os últimos dias.
b) Os bondes não se manteram com à passagem do tempo. (Adaptado de: GOLDENBERG, M. A bela velhice. Record. edição digital)
c) Nós nos dedicávamos à criação de uma infinidade de
animais. Substituindo-se o segmento destacado pelo que se encontra
d) Na casa do tio Otacílio, proporam-se à criar filhos dos entre parênteses, o emprego de crase está correto em:
outros. a) recusaram as regras que os obrigariam a se comportar (à
e) Não era comum que um hostiliza-se à outro no morro da agirem) como velhos.
Geada. b) um projeto de vida que dê significado à existência (à nossas
vidas)
c) dão novos significados ao envelhecimento (à velhice)
151. (FCC – 2019) d) são inúmeros os problemas relacionados ao processo de
Na palavra “amor” ..I.. algo tão ambíguo, tão sugestivo, que envelhecimento (à questões relacionadas ao envelhecimento)
tanto fala ..II.. recordação e ..III.. esperança, que mesmo ..IV.. e) se existe algum caminho para chegar à última fase da vida
mais fraca inteligência e o mais frio coração percebem algo do (à idades avançadas) de uma maneira mais plena
cintilar desse termo.
(Adaptado de: Friedrich Nietzsche. 100 aforismos sobre o amor e a morte.
Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2012,
153. (FCC – 2019)
p.23)
Na história da humanidade, jamais se viveu um período de
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, tão radical metamorfose, especialmente no campo das con-
as lacunas I, II, III e IV do texto devem ser preenchidas, respec- cretudes, materializadas sobretudo no cenário das máquinas.
tivamente, por: Em velocidade vertiginosa, o mundo se reorganiza a partir da 63
revolução científica e tecnológica permanente, cuja influência Em “Parasita” não há desejo de ruptura nem revolução.
se estende da biologia à engenharia da comunicação. Criam-se, Com a ponderação típica de um conto moral, ele nos exorta a
assim, diariamente, novas categorias para as coisas e para os salvar o que ainda não desmoronou.
fabulosos eventos a elas relacionados. Trata-se de um momen- (Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www.folha.uol.com.br.
to de deslumbramento, mas também de dura incerteza. Acesso em: 04 out. 2022)
Se resiste ..I.. ilusão de que ..II.. felicidade vem ..III.. rebo-
que dessas transformações, também é fato que os homens “graças a uma série de circunstâncias.”
frequentemente se desanimam com as próprias invenções. Sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase, o sinal
indicativo de crase deve ser empregado caso se substitua o tre-
(Adaptado de: MIRANDA, D. S. de. “Mutações: caminhos sinuosos e
inquietações na busca do futuro”. In: Adauto Novaes (org.). Mutações. São cho destacado acima por:
Paulo: Edições SESC SP, 2008) a) diversas coincidências.
b) sucessão dos acontecimentos.
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas I, II e III do segundo parágrafo devem ser preenchi- c) acontecimentos que se sucedem.
das, respectivamente, por: d) sucessivos acontecimentos.
a) à – à – à. e) ardis da narrativa.
b) à – a – a.
c) a – a – a.
d) a – a – à. 155. (FCC – 2019)
e) à – a – à. “.. I.. habituados .. II.. posse, ou mesmo .. III .. esperança
da admiração pública”, observa Adam Smith, “todos os demais
prazeres esmaecem e definham.”
(Adaptado de: GIANNETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
154. (FCC – 2019) Atenção: Considere o texto abaixo, para res- Letras, 2016, p. 85)
ponder à questão.
Sem deixar de reconhecer seus méritos, o crítico Richard Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa,
Brody classificou “Parasita”, do coreano Bong Joon-ho, como as lacunas I, II e III do texto devem ser preenchidas, respecti-
um filme conservador. Entre outras coisas, por expressar a vamente, por:
urgência de uma correção da ordem social e econômica, sem a) Àqueles − à − a
romper com as regras do entretenimento comercial. b) Aqueles − à − à
Já entendemos que as coisas perderam o rumo, mas con- c) Àqueles − a − a
tinuamos caminhando para o precipício. Bong se apoia nesse
consenso para transmitir uma parábola admonitória que nos d) Aqueles − à − a
faz rir ao mesmo tempo que nos confronta com nosso próprio e) Àqueles − à – à
suicídio.
Ortega y Gasset dizia que a comédia era um gênero que
confirmava o poder do que já está estabelecido: o indivíduo 156. (FCC – 2019)
que se encontra fora das estruturas torna-se ridículo, cômico. “Tu finges”, dirás, “não entender o que digo; ora, afirmo
Bong inverte a lógica. Ridículo é quem ainda acredita na nor- que ninguém pode viver agradavelmente se não vive também
malidade das estruturas. virtuosamente, coisa que não pode ocorrer com os brutos
Já nos primeiros minutos, o protagonista, filho de uma animais, que limitam seu bem ao alimento. Atesto,
família de párias, considera, diante da miséria à sua volta, o com toda a evidência: essa vida que chamo
quanto “tudo é metafórico”. Na comédia proposta por Bong, agradável só será bem- sucedida se estiver unida
para falar do estado insustentável da desigualdade no mundo, virtude.”
as metáforas são evidentes. Rimos do que já entendemos. (Sêneca. Da vida feliz. Tradução de João Carlos Cabral Mendonça. São Paulo:
O filme opõe uma família de desempregados, condena- Martins Fontes, 2009.)
dos a viver como parasitas, a uma família de ricos frívolos,
enredados em pequenas neuroses e ambições previsíveis, Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa,
entre os muros que os separam da realidade. as lacunas I, II e III do texto devem ser preenchidas, respecti-
vamente, por:
Atentos às menores chances de sobrevivência, em pouco
tempo pai, mãe e os dois filhos da família pobre estarão ocu- a) o − a − à
pando cargos de confiança na casa dos ricos, graças a uma b) ao − a − à
série de circunstâncias. c) o − à − à
A casa onde vivem os ricos, representativa de uma tradição d) ao − à − a
moderna de elegância e conforto minimalista, é mal-assom-
e) o − a – a
brada, a julgar pelas visões do filho menor.
O que se instila na parábola de Bong Joon-ho é um con-
servadorismo estético. É fato que o estado político, social e
econômico do mundo desautorizou as ambições da moder-
nidade. A casa da família rica, em seu empenho modernista, Æ INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS (COMPREENSÃO)
não só não resolve a desigualdade econômica como a esconde,
encobre, transforma-a em fantasma. 157. (FCC – 2022) Considere o texto abaixo para responder a
Mesmo ironizando o projeto modernista, o cineasta não questão.
rompe, por razões táticas, com as regras do sistema de entre- Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um
tenimento que acompanha essa mesma ordem desigual. É milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do
como se o discurso artístico também precisasse reduzir-se ao litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de
mais básico e consensual entendimento das coisas (as metá- lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha
foras imediatamente reconhecíveis por todos), evitando as ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a
contradições e o mistério que são a matéria de uma arte de coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasia-
64 ruptura. do dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente.
Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga 158. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, leia o texto
relativa, e uma não muito estouvada confraternização. abaixo.
De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sem- Os que se empenham em examinar as ações humanas
pre. Se é que a não sonhamos sempre. Objetais-me: “Como jamais ficam tão atrapalhados como para juntá-las e apresen-
PORTUGUÊS
podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da tá-las sob a mesma luz, pois comumente elas se contradizem
ação?” Engajados; vosso engajamento é a vossa ilha, dissimula- de modo tão estranho que parece impossível que venham
da e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa da mesma matriz. O jovem Mário ora parece filho de Marte,
a evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ora filho de Vênus. Dizem que o papa Bonifácio VIII assumiu
ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o cultivo das formas seu cargo como uma raposa, portou-se como um leão e mor-
espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies reu como um cão. E quem diria que foi Nero, essa verdadeira
vegetais, os fenômenos atmosféricos. imagem da crueldade, quem respondeu, quando lhe apre-
sentaram para assinar, seguindo a praxe, a sentença de um
E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e
criminoso condenado: “Prouvera a Deus que eu jamais tives-
luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos regatos – tudo isso
se aprendido a escrever”, de tal forma lhe apertava o coração
existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão
condenar à morte um homem? Tudo está tão cheio de exem-
existe nos mais diversos locais, inclusive os de população den- plos assim, e até mesmo qualquer um de nós pode encontrar
sa, em terra firme. tantos outros por si mesmo, que estranho ver gente de bom
A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra senso ter às vezes trabalho para juntar essas peças, visto que
(falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras marajoa- a irresolução me parece o vício mais comum e aparente de
ras), um resumo prático dos estirões deste vasto mundo, sem nossa natureza.
os inconvenientes dele, e com a vantagem de ser uma ficção (MONTAIGNE, M. de. Os ensaios: uma seleção. São Paulo: Companhia das
sem deixar de constituir uma realidade. A casa junto ao mar, Letras, 2010)
que já foi razoável delícia, passou a ser um pecado, depois que
se desinventou a relação entre homem, paisagem e morada. “Prouvera a Deus que eu jamais tivesse aprendido a escrever”
O progresso técnico teve isto de retrógrado: esqueceu-se do Com essa frase, Nero expressa
fim a que se propusera. Acabou com qualquer veleidade de
a) uma dúvida.
amar a vida, que ele tornou muito confortável, mas invisível.
Fez-se numa escala de massas, esquecendo-se do indivíduo, e b) uma ordem.
nenhuma central elétrica será capaz de produzir aquilo de que c) uma acusação.
cada um de nós carece na cidade excessivamente iluminada: d) um conselho.
certa penumbra. O progresso nos dá tanta coisa, que não nos
sobra nada nem para desejar nem para jogar fora. Tudo é inútil e) um desejo.
e atravancador. A ilha sugere uma negação disto.
Serão admitidos poetas? Em que número? Se foram pros-
critos das repúblicas, pareceria cruel bani-los também da ilha 159. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, leia o texto
de recreio. Contudo, devem comportar-se como se poetas não abaixo.
fossem: pondo de lado o tecnicismo, a excessiva preocupação Os que se empenham em examinar as ações humanas
literária, o misto de esteticismo e frialdade que costuma necro- jamais ficam tão atrapalhados como para juntá-las e apresen-
sar os artistas. Sejam homens razoáveis, carentes, humildes, tá-las sob a mesma luz, pois comumente elas se contradizem
inclinados à pesca e à corrida a pé. Não levem para a ilha os de modo tão estranho que parece impossível que venham
problemas de hegemonia e ciúme. da mesma matriz. O jovem Mário ora parece filho de Marte,
Por aí se observa que a ilha mais paradisíaca pede regula- ora filho de Vênus. Dizem que o papa Bonifácio VIII assumiu
mentação, e que os perigos da convivência urbana estão pre- seu cargo como uma raposa, portou-se como um leão e mor-
sentes. Tanto melhor, porque não se quer uma ilha perfeita, reu como um cão. E quem diria que foi Nero, essa verdadeira
senão um modesto território banhado de água por todos os imagem da crueldade, quem respondeu, quando lhe apre-
lados e onde não seja obrigatório salvar o mundo. sentaram para assinar, seguindo a praxe, a sentença de um
criminoso condenado: “Prouvera a Deus que eu jamais tives-
A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa nos últimos se aprendido a escrever”, de tal forma lhe apertava o coração
anos, como se fosse ignominioso, por exemplo, fugir de um condenar à morte um homem? Tudo está tão cheio de exem-
perigo, de um sofrimento, de uma chateação. Como se deves- plos assim, e até mesmo qualquer um de nós pode encontrar
se o homem consumir-se numa fogueira perene. tantos outros por si mesmo, que estranho ver gente de bom
Estas reflexões descosidas procuram apenas recordar que senso ter às vezes trabalho para juntar essas peças, visto que
há motivos para ir às ilhas. a irresolução me parece o vício mais comum e aparente de
nossa natureza.
(ANDRADE, C. D. de. “Divagação sobre as ilhas”. In: Passeios na ilha. São
Paulo: Companhia das Letras, 2020, p.15-19) (MONTAIGNE, M. de. Os ensaios: uma seleção. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010)
Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver (1º parágrafo).
Ao citar a frase de Nero, o autor busca
A afirmação acima refere-se
a) ressaltar a crueldade do imperador.
a) à manifestação de solidariedade entre as pessoas em
momentos de crise, que permite inferir que nenhum b) estabelecer um contraponto à crueldade do imperador.
homem pode se isolar em si mesmo tal qual uma ilha. c) deslegitimar a crueldade do imperador.
b) ao inevitável refúgio mental, em uma ilha simbólica, quan- d) estabelecer um contraponto à bondade do imperador.
do se está diante de discordâncias ideológicas a serem e) ressaltar a ignorância do imperador.
apaziguadas.
c) à melancolia do sujeito que vê tolhido o desejo de pertencer
a uma coletividade, como se estivesse isolado em uma ilha.
160. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, baseie-se
d) à desejável situação de se habitar uma ilha em que fosse no texto abaixo.
possível manter o convívio com os homens, mas também
A profecia de Frankenstein
certo distanciamento.
Em 1818, Mary Shelley publicou Frankenstein, a história
e) ao anseio que tem o ser humano, dada sua natureza insular,
de um cientista que tenta criar um ser superior e, em vez dis-
de se desprender de obrigações impostas pelo convívio em
so, cria um monstro. Nos últimos dois séculos, essa história
sociedade.
foi contada repetidas vezes em inúmeras variações, tornan-
do-se o tema central de nossa nova mitologia científica. À 65
primeira vista, a história de Frankenstein parece nos adver- onda se ergue para arremeter contra o pequeno território
tir de que, se tentarmos brincar de Deus e criar vida, seremos em que o velho Braga construiu sua casa de sonho e de paz.
punidos severamente. Mas a história tem um significado mais Como será a casa? Ah, amigos arquitetos, vocês me façam
profundo. uma coisa tão simples e tão natural que, entrando na casa,
O mito de Frankenstein confronta o Homo sapiens com morando na casa, a gente nunca tenha a impressão de que
o fato de que os últimos dias deste estão se aproximando antes de fazê-la foi preciso traçar um plano; e que a ninguém
depressa. A não ser que alguma catástrofe nuclear ou ecoló- sequer ocorra que ela foi construída, mas existe naturalmente,
gica intervenha, diz a história, o ritmo do desenvolvimento desde sempre e para sempre, tranquila, boa e simples.
tecnológico logo levará à substituição do Homo sapiens por Que árvores plantarei? A terra certamente é ruim, além
seres completamente diferentes que têm não só uma psique de pequena, e eu talvez não possa ter uma fruta-pão nem um
diferente como também mundos cognitivos e emocionais mui- jenipapeiro; talvez mangueiras e coqueiros para dar sombra
to diferentes. Isso é algo que a maioria dos sapiens considera e música; talvez... Mas nem sequer o pedaço de terra ainda é
extremamente desconcertante. Gostaríamos de acreditar que, meu; meus títulos de propriedade são apenas esses devaneios
no futuro, pessoas exatamente como nós viajarão de planeta que oscilam entre a infância e a velhice, que me levam para
em planeta em espaçonaves velozes. Não gostamos de consi- longe das inquietações de hoje.
derar a possibilidade de que, no futuro, seres com emoções
e identidades como as nossas já não existam e que nosso Que rei sou eu, Braga Sem Terra, Rubem Coração de Leão
lugar seja tomado por formas de vida estranhas cujas capaci- de Circo, triste circo desorganizado e pobre em que o palhaço
dades ofuscam as nossas. cuida do elefante e o trapezista vai pescar nas noites sem lua
com a rede de proteção, e a luz das estrelas e a água da chuva
De algum modo, encontramos conforto na fantasia de
atravessam o pano encardido e roto...
que o Dr. Frankenstein pode criar apenas monstros terríveis,
a quem deveríamos destruir a fim de salvar o mundo. Gosta- Mas me sinto subitamente sólido; há alguns metros, nes-
mos de contar a história dessa maneira porque implica que tes 8 mil quilômetros de costa, onde posso plantar minha casa
somos os melhores de todos os seres, que nunca houve e nos dias de aflição e de cansaço, com pedras de ar e telhas de
nunca haverá algo melhor do que nós. Qualquer tentativa brisa; e os coqueiros farfalham, um sabiá canta meio longe, e
de nos melhorar inevitavelmente fracassará, porque, mesmo me afundo na rede, e posso dormir para sempre ao embalo
que nosso corpo possa ser aprimorado, não se pode tocar o do mar...
espírito humano. (Adaptado de: BRAGA, R. Vem uma pessoa. 1949)
Teríamos dificuldade de engolir o fato de que os cientis-
tas poderiam criar não só corpos, como também espíritos e O texto permite inferir que
de que os doutores Frankenstein do futuro poderiam, portan- a) as notícias tristes trazidas de Cachoeiro do Itapemirim alu-
to, criar algo verdadeiramente superior a nós, algo que olhará dem à falta de discernimento do viajante moderno, que dei-
para nós de modo tão condescendente quanto olhamos para xa de apreciar os detalhes bucólicos da paisagem.
os neandertais.
b) as reminiscências infantis do cronista impedem-no de
(HARARI, Y. N. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Porto Alegre, analisar com clareza o lugar onde passou a infância.
RS: L&PM, 2018, p. 423-424)
c) a lucidez e o espírito crítico advindos da velhice fazem com
No último parágrafo, com a referência que faz aos neandertais, que o “velho Braga” se retraia em si mesmo, inconformado
o autor do texto pela impossibilidade material de construir a casa dos seus
sonhos.
a) desconsidera a possibilidade de que haja, efetivamente,
real evolução ou aprimoramento das espécies. d) os problemas cotidianos enfrentados pelo cronista deixam-
b) questiona a superioridade que costumamos atribuir de -no indiferente às notícias trazidas de sua terra natal, imer-
modo incontestável e definitivo ao nosso patamar evolutivo. so que está na labuta diária.
c) desfaz a ideia de que as idades históricas possam se pro- e) o cronista, ao divagar sobre lugares presentes na infância,
cessar de modo a configurar algum aperfeiçoamento das dos quais se afastou, constrói, por meio da imagem de uma
espécies. casa idealizada, um ponto de fuga imaginário reconfortante.
d) formula a hipótese de que mesmo os homens primitivos
podem apresentar algumas qualidades superiores às dos
civilizados. 162. (FCC – 2022) Para responder a questão, considere um tre-
e) imagina que no futuro olharemos para os neandertais com cho do romance Quincas Borba, de Machado de Assis.
a mesma benevolência com que eles costumam julgar a si Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã.
mesmos. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do cham-
bre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele
admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos
161. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, considere digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o
o texto abaixo. presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capi-
talista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis,
Vem uma pessoa de Cachoeiro de Itapemirim e me dá que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para
notícias melancólicas. Numa viagem pelo interior, em estradas o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo,
antigamente belas, achou tudo feio e triste. A estupidez e a desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de
cobiça dos homens continua a devastar e exaurir a terra.
propriedade.
Mas não são apenas notícias tristes que me chegam da
– Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa
terra. Ouço nomes de velhos amigos e fico sabendo de his-
ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas
tórias novas. E a pessoa me fala da praia – de Marataíses – e
me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morre-
diz que ainda continua reservado para mim aquele pedaço de
ram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma
terra, em cima das pedras, entre duas prainhas...
desgraça...
Ali, um dia, o velho Braga, juntando os tostões que puder
Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espí-
ganhar batendo em sua máquina, levantará a sua casa peran-
te o mar da infância. Ali plantará árvores e armará sua rede rito do ex-professor, vexado daquele pensamento, arrepiou
e meditará talvez com tédio e melancolia na vida que passou. caminho, buscou outro assunto, uma canoa que ia passando;
Esse dia talvez ainda esteja muito longe, e talvez não exista. o coração, porém, deixou-se estar a bater de alegria. Que lhe
Mas é doce pensar que o nordeste está lá, jogando as ondas importa a canoa nem o canoeiro, que os olhos de Rubião
bravas e fiéis contra as pedras de antigamente; que milhões acompanham, arregalados? Ele,
66 de vezes a espumarada recua e ferve, escachoando, e outra
coração, vai dizendo que, uma vez que a mana Piedade d) referem-se a uma prática social de peso e valor diversos em
tinha de morrer, foi bom que não casasse; podia vir um filho diferentes países.
ou uma filha... – Bonita canoa! – Antes assim! – Como obedece e) junto aos povos latinos designam um modo de se desperdi-
bem aos remos do homem! – O certo é que eles estão no Céu! çar o tempo.
PORTUGUÊS
Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquan-
to lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja,
que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que
amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha 164. (FCC – 2022) Para responder à questão, baseie-se no texto
disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par abaixo.
de figuras que aqui está na sala, um Mefistófeles e um Fausto. Por que não aprendi a tocar violão? Sempre me constituiu
Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, – primor de motivo de tristeza e humilhação esta precária musicalidade. Uns
argentaria, execução fina e acabada. tocam piano, existe até quem toque harpa. Eu, nem ao violão
me afiz. E não se diga que era pouco o esforço de D. Chiquinha,
(Machado de Assis. Quincas Borba. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)
minha mestra. Afinava, afinava, apertava as cravelhas, dava um
Depreende-se do 3º parágrafo que dó agudíssimo na prima, depois outro dó grave no bordão...
a) o “coração” de Rubião busca ocultar o sentimento de alegria Eu pegava no violão de luxo que minha madrinha de cris-
pela morte da irmã e do amigo Quincas Borba. ma mandara do Pará, ajeitava-o mal e mal no colo, começava
de boa vontade: dum, dum, dum...
b) o “espírito” (ou seja, a razão) de Rubião busca consolar seu
“coração” pela morte da irmã e do amigo Quincas Borba. — Não! Valha-me Santa Cecília! Segunda! Mude!
c) o “espírito” (ou seja, a razão) de Rubião busca se afastar do E eu: dum, dum, dum...
sentimento de alegria pela morte da irmã e do amigo Quin- Ai, música, divina música. D. Chiquinha carpia-se. Tanto
cas Borba. sentimento de que ela dava exemplo, tanta devoção empre-
d) o “coração” de Rubião mostra-se constrangido pelo senti- gada à toa. Eu recomeçava, dócil: primeira, segunda...
mento de alegria experimentado por seu “espírito” (ou seja, — D. Chiquinha, fiquei com uma bolha no dedo.
por sua razão). Já não sei como a descobrimos: decerto andava nas suas
e) o “espírito” (ou seja, a razão) de Rubião mostra-se orgulhoso idas e vindas de casa em casa de aluno. Cobrava dez mil-réis
por cercear o sentimento de alegria experimentado por seu por mês e mais o dinheiro do bonde. Duas aulas por semana.
“coração”. Professora de violão, o seu sonho secreto fora sempre o
violino, entretanto. Nas prateleiras da sua sala, guardava ela o
seu estradivário – uma rabeca de cego, fanhosa, inválida, meti-
163. (FCC – 2022) Para responder a questão, baseie-se no texto da numa remendada mortalha de veludo azul. Em certos dias
abaixo. de bom humor e segredo, ela pegava comovida o arco e exe-
cutava ao violino a valsa dos Sinos de Corneville.
As calçadas
Fora desfeita da sorte aquele meu fracasso, porque eu me
O inglês tem um verbo curioso, to loiter, que quer dizer,
supunha dotada e alimentava ambições. Chegara até a pensar,
mais ou menos, andar devagar ou a esmo, ficar à toa, zanzar
não digo em concertos, mas num brilhante recital de caridade
(grande palavra), vagabundear, ou simplesmente não transi-
em que aparecesse de vestido comprido (teria então uns doze
tar. E nos Estados Unidos (não sei se na Inglaterra também),
anos) e, num belo contralto, cantasse ao violão certo tango
loitering é uma contravenção. Você pode ser preso por loite-
argentino da minha preferência. Mas tudo neste mundo são
ring, por estar parado em vez de transitando, numa calçada. O
que diferencia um abusivo loitering de uma apenas inocente vaidades: jamais atingi o tango argentino.
ausência de movimento ou de direção depende, imagino, da Voltando a D. Chiquinha: o instrumento plebeu que ensi-
interpretação do guarda, ou também daquela sutil subjetivida- nava constituía para minha mestra uma fonte de dissabores.
de que também define o que é uma “atitude suspeita”. A começar pelo apelido que lhe davam: D. Chiquinha do
Mas é difícil pensar em outra coisa que divida mais clara- Violão. Quando alguém o repetia em sua frente, ela corrigia
mente o mundo anglo-saxão do mundo latino do que o loite- logo, irritada: – Chiquinha do Violão, não senhor. Francisca
ring, que não tem nem tradução exata em língua românica, dos Santos. Violão não é meu dono.
que eu saiba. Se loitering fosse contravenção na Itália, onde Por música clássica não tinha interesse, ou antes, a ignorava.
ficar parado na rua para conversar ou apenas para ver os que Para D. Chiquinha, a mais requintada manifestação de arte era
transitam transitarem é uma tradição tão antiga quanto a ses- a serenata. E dentro desse critério me ensinava visando talvez
ta, metade da população viveria na cadeia. Na Espanha, toda a fazer de mim o que ela já fora em moça – a musa de todos os
população viveria na cadeia. seresteiros da cidade. Sim, não só objeto passivo de canções e
Talvez a diferença entre a América e a Europa, e a vanta- arpejos noturnos mas musa ativa e colaborante. O seresteiro
gem econômica da América sobre os povos que zanzam, se dizia da calçada a sua trova, e lá da penumbra da alcova a don-
explique pelos conceitos diferentes de calçada: um lugar utili- zela tomava do violão e na mesma toada respondia. Eram essas
tário por onde se ir (e, claro, voltar) ou um lugar para se estar, as suas lembranças mais queridas, aqueles duelos musicais,
de preferência com outros. Os franceses, apesar de latinos, canta tu de lá, canto eu de cá – e entre os dois o grupo desvane-
não costumam usar tanto a calçada como sala, não porque cido dos comparsas que ajudavam no acompanhamento.
tenham se americanizado para aumentar a produção, mas Nos acompanhamentos, a nossa favorita era a modinha “A
porque preferem usá-la como café, e estar com outros senta- mais gentil das praieiras”. Dessa eu gostava muito. Porém a
dos. Desperdiça-se tempo, mas ganham-se anos de vida, para- mão rebelde não me acompanhava o entusiasmo.
dos numa calçada.
(Adaptado de: QUEIROZ, R. “A mais gentil das praieiras”. Melhores
(Adaptado de: VERISSIMO, L F. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, crônicas. São Paulo: Global Editora, 2012, 1a edição digital)
2008, p. 69-70)
A narradora recorre à ironia na seguinte passagem:
Em relação ao sentido do verbo inglês to loiter e de sua forma a) Eu, nem ao violão me afiz.
loitering, o cronista considera que essas expressões
b) Nas prateleiras da sua sala, guardava ela o seu estradivário.
a) não encontram tradução sequer aproximativa para o portu-
guês ou outra língua românica. c) decerto andava nas suas idas e vindas de casa em casa de
aluno.
b) têm significação inteiramente subjetiva, dependendo tão
somente de quem as usa. d) Mas tudo neste mundo são vaidades.
c) têm um significado que varia de país para país, o que impe- e) Por música clássica não tinha interesse, ou antes, a ignorava.
de seu reconhecimento. 67
165. (FCC – 2022) Para responder à questão, baseie-se no texto para a tarefa de potencializar os meios de vida. Se a realidade
abaixo. designada pelo termo civilização não se deixa definir com faci-
[Religiões e progresso] lidade, uma coisa é certa: nenhum conceito que deixe de dar
o devido peso a essa mudança na relação homem-natureza
É conhecida a tese de que nas sociedades pré-modernas,
poderá ser julgado completo. A domesticação sistemática,
como o medievo europeu ou as culturas ameríndias e afri-
em larga escala, de plantas e animais deu à humanidade
canas tradicionais, a religião não tem uma existência à parte
maior segurança alimentar e trouxe extraordinárias con-
das demais esferas da vida, não é um nicho compartimenta-
quistas materiais.(c)
lizado de devoção e celebração ritual demarcado no tempo e
no espaço, mas está integrada à textura do cotidiano comum Mas ela não veio só. O advento da sociedade agropastoril
e permeia todas as instâncias da existência. teve como contrapartida direta e necessária uma mudança
menos saliente à primeira vista, mas nem por isso de menor
A separação radical entre o profano e o sagrado – entre o
monta: a profunda transformação da psicologia temporal do
mundo secular regido pela razão, de um lado, e o mundo da
fé, regido por opções e afinidades estritamente pessoais, de animal humano.
outro – seria um traço distintivo da moderna cultura ociden- A domesticação da natureza externa exigiu um enorme
tal. Mas será isso mesmo verdade? Até que ponto o mun- empenho na domesticação da natureza interna do homem.
do moderno teria de fato banido a emoção religiosa da vida Pois a prática da agricultura e do pastoreio implicou uma
prática e confinado a esfera do sagrado ao gueto das preces, vasta readaptação dos valores,(a) crenças, instituições e
contrições e liturgias dominantes? Ou não seria essa comparti- formas de vida aos seus métodos e exigências. Entre os
mentalização, antes, um meio de apaziguar as antigas formas acontecimentos da história mundial que modificaram de
de religiosidade e ajustar contas com elas ao mesmo tempo maneira permanente os hábitos mentais do homem, seria difí-
em que se abre e se desobstrui o terreno visando a liberação cil encontrar algum que pudesse rivalizar com o impacto da
da vida prática para o culto de outros deuses e de outra fé? transição para a sociedade de base agrícola e pastoril em toda
Não se trata, é claro, de negar o valor desses outros deu- a forma como percebemos e lidamos com a dimensão tempo-
ses: a ciência, a técnica, o conforto material, a sede de acumu- ral da vida prática.
lação de riquezas. O equívoco está em absolutizar esses novos (GIANNETTI, E. O valor do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras,
deuses em relação a outros valores, e esperar deles mais do edição digital. Adaptado)
que podem oferecer. A ciência jamais decifrará o enigma de
existir; a tecnologia não substitui a ética; e o aumento inde- Considerando as ideias expostas no texto, constitui um aparen-
finido de renda e riqueza não nos conduz a vidas mais livres, te paradoxo o que se encontra em:
plenas e dignas de serem vividas, além de pôr em risco o equi- a) a prática da agricultura e do pastoreio implicou uma vasta
líbrio mesmo da bioesfera. readaptação dos valores
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das b) tratava-se de compreender suas regularidades, acatar sua
Letras, 2016, p. 152-153) lógica
Ao se referir aos novos deuses, aos outros deuses do nosso c) A domesticação sistemática, em larga escala, de plantas e
tempo, o autor está considerando a animais trouxe extraordinárias conquistas materiais.
a) premência de se renovar, no mundo secular, a fé incondi- d) domina-se a natureza obedecendo-se a ela
cional e a devoção essencial que caracterizavam os ritos e) que é parte da natureza e que dela depende
antigos.
b) estabilidade social que o progresso da ciência e a consoli-
dação dos valores éticos estão imprimindo no cotidiano
167. (FCC – 2022)
moderno.
O animal humano, que é parte da natureza e que dela
c) necessidade de sacralizarmos, como fizeram os antigos, as
depende, não se resignou a viver para sempre à mercê dos fru-
qualidades morais que só a prática estritamente religiosa
tos espontâneos da terra. O desafio que desde logo se insinuou
pode recuperar.
foi: como induzir o mundo natural a somar forças e multiplicar
d) infundada esperança de que os novos ritos religiosos alcan- o resultado do esforço humano? Como colocá-lo a serviço do
cem a força que tinham em épocas de devoção mais sincera. homem? O passo decisivo nessa busca foi a descoberta, antes
e) ilusão de que as práticas da ciência, da economia e da tec- prática que teórica, de que “domina-se a natureza obedecen-
nologia possam alcançar as altas metas do progresso que do-se a ela”. A sagacidade do animal humano soube encontrar
pretendem atingir. nos caminhos do mundo como ele se põe (natura naturans: “a
natureza causando a natureza”) as chaves de acesso ao mundo
como ele pode ser (natura naturata: “a natureza causada”).
166. (FCC – 2022) Processos naturais, desde que devidamente sujeitos à
observação e direcionamento pela mão do homem, podiam
O animal humano, que é parte da natureza e que dela
se tornar inigualáveis aliados na luta pelo sustento diário. Em
depende,(e) não se resignou a viver para sempre à mercê
vez de tão somente surpreender e pilhar os seres vivos que
dos frutos espontâneos da terra. O desafio que desde logo se
a natureza oferece para uso e desfrute imediato, como fazia
insinuou foi: como induzir o mundo natural a somar forças e
o caçador-coletor, tratava-se de compreender suas regulari-
multiplicar o resultado do esforço humano? Como colocá-lo a
dades, acatar sua lógica, identificar e aprimorar suas espécies
serviço do homem? O passo decisivo nessa busca foi a desco-
mais promissoras e, desse modo, cooptá-los em definitivo para
berta, antes prática que teórica, de que “domina-se a nature-
a tarefa de potencializar os meios de vida. Se a realidade desig-
za obedecendo-se a ela”.(c) A sagacidade do animal humano
nada pelo termo civilização não se deixa definir com facilidade,
soube encontrar nos caminhos do mundo como ele se põe
uma coisa é certa: nenhum conceito que deixe de dar o devido
(natura naturans: “a natureza causando a natureza”) as cha-
peso a essa mudança na relação homem-natureza poderá ser
ves de acesso ao mundo como ele pode ser (natura naturata:
“a natureza causada”). julgado completo. A domesticação sistemática, em larga escala,
de plantas e animais deu à humanidade maior segurança ali-
Processos naturais, desde que devidamente sujeitos à mentar e trouxe extraordinárias conquistas materiais.
observação e direcionamento pela mão do homem, podiam
se tornar inigualáveis aliados na luta pelo sustento diário. Em Mas ela não veio só. O advento da sociedade agropasto-
vez de tão somente surpreender e pilhar os seres vivos que a ril teve como contrapartida direta e necessária uma mudança
natureza oferece para uso e desfrute imediato, como fazia o menos saliente à primeira vista, mas nem por isso de menor
caçador-coletor, tratava-se de compreender suas regulari- monta: a profunda transformação da psicologia temporal do
dades, acatar sua lógica,(b) identificar e aprimorar suas espé- animal humano.
68 cies mais promissoras e, desse modo, cooptá-los em definitivo
A domesticação da natureza externa exigiu um enorme e) a ausência de uma concepção rigorosa de progressividade
empenho na domesticação da natureza interna do homem. no âmbito da filosofia é uma razão pela qual obras filosófi-
Pois a prática da agricultura e do pastoreio implicou uma vasta cas parecem resistir à passagem do tempo.
readaptação dos valores, crenças, instituições e formas de vida
PORTUGUÊS
aos seus métodos e exigências. Entre os acontecimentos da
história mundial que modificaram de maneira permanente os
169. (FCC – 2019)
hábitos mentais do homem, seria difícil encontrar algum que
pudesse rivalizar com o impacto da transição para a sociedade Quem não gosta de samba
de base agrícola e pastoril em toda a forma como percebemos “Como se dá que ritmos e melodias, embora tão somente
e lidamos com a dimensão temporal da vida prática. sons, se assemelhem a estados da alma?”, pergunta Aristóte-
les. Há pessoas que não suportam a música; mas há tam-
(GIANNETTI, E. O valor do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras,
edição digital. Adaptado)
bém uma venerável linhagem de moralistas que não suporta a
ideia do que a música é capaz de suscitar nos ouvintes. Platão
De acordo com as ideias do texto, existe relação de causa e con- condenou certas escalas e ritmos musicais e propôs que
sequência, respectivamente, entre: fossem banidos da cidade ideal. Santo Agostinho confessou-
-se vulnerável aos “prazeres do ouvido” e se penitenciou por
a) O advento da sociedade agropastoril e a profunda transfor- sua irrefreável propensão ao “pecado da lascívia musical”.
mação da psicologia temporal do animal humano. Calvino alerta os fiéis contra os perigos do caos, volúpia e
b) A domesticação sistemática de plantas e animais e o ato de emefinação que ela provoca. Descartes temia que a música
surpreender e pilhar os seres vivos que a natureza oferece. pudesse superexcitar a imaginação.
c) O desafio de induzir o mundo natural a multiplicar o resul- O que todo esse medo da música – ou de certos tipos de
tado do esforço humano e o ato de surpreender e pilhar os música – sugere? O vigor e o tom dos ataques traem o melin-
seres vivos que a natureza oferece. dre. Eles revelam não só aquilo que afirmam – a crença num
suposto perigo moral da música −, mas também o que dei-
d) O advento da sociedade agropastoril e o ato de surpreender
xam transparecer. O pavor pressupõe uma viva percepção da
e pilhar os seres vivos que a natureza oferece.
ameaça. Será exagero, portanto, detectar nesses ataques um
e) A profunda transformação da psicologia temporal do ani- índice da especial força da sensualidade justamente naque-
mal humano e a domesticação sistemática de plantas e les que tanto se empenharam em preveni-la e erradicá-la nos
animais. outros?
O que mais violentamente repudiamos está em nós
mesmos. Por vias oblíquas ou com plena ciência do fato,
168. (FCC – 2021) nossos respeitáveis moralistas sabiam muito bem do que
estavam falando.
O elogio do vira-lata e outros ensaios
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das
de Eduardo Giannetti. Letras, 2016, p. 23-24)
A ciência destrói o seu passado. Os clássicos da literatura A frase O vigor e o tom dos ataques traem o melindre contém um
científica, como os tratados hipocráticos, o Le Monde de Des- argumento semelhante ao que está nesta outra frase:
cartes ou a Philosophia Botanica de Lineu, foram obras que a) nossos respeitáveis moralistas sabiam muito bem do que
marcaram época, mas que a passagem do tempo reduziu à estavam falando.
condição de peças de antiquário e objeto de interesse res-
b) Há pessoas que não suportam a música...
trito a especialistas em história da ciência. Nenhum cientista
que se preze aprende o seu ofício destrinchando os clássicos c) Platão condenou certas escalas e ritmos musicais...
de sua disciplina. d) O que todo esse medo da música [...] sugere?
Com a filosofia é diferente. Os clássicos da literatura filosófi- e) O que mais violentamente repudiamos está em nós
ca, como os diálogos platônicos, as Meditações de Descartes ou mesmos.
o Leviatã de Hobbes, são obras que parecem dotadas do dom
da eterna juventude. Embora também se prestem à lupa anti-
quária do historiador de ideias, elas conseguem de algum modo
170. (FCC – 2019)
driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas
gerações. A filosofia, como a arte, não enterra o seu passado. Jurar ou planejar
A diferença, é certo, resulta em parte da ausência de um cri- Num de seus contos provocadores, Machado de Assis põe
tério bem definido de progresso na história da filosofia. Mas não em cena um casal de apaixonados que faz um juramento de
é só. A consciência da nossa ignorância cresce de mãos dadas amor, por conta de uma longa separação que devem cumprir.
com o avanço do saber científico. Como observa com certa malí- A jura é quebrada pela moça, que se apaixona por outro, e o
cia Adam Smith na Teoria dos Sentimentos Morais, ao comentar narrador faz ver que ela está “muito próxima da Natureza”, ou
seja, que ela atende aos movimentos mais naturais da vida.
a dificuldade de refutar conclusivamente teorias no campo da
ética, a progressividade das ciências naturais também reflete a Jurar é desafiar o tempo, o destino, o futuro; é afirmar que
sua maior vulnerabilidade e propensão ao erro. nada pode ser maior que nosso desejo de agir conforme jura-
mos. Um juramento expõe a beleza da vontade humana, como
(GIANNETTI, E. O elogio do vira-lata e outros ensaios. São Paulo:
afirmação nossa, mas sua quebra mostra também nossos limites.
Companhia das Letras, 2018)
Dirão os mais racionalistas: não jure, planeje. Diante do
De acordo com o autor, futuro, levante hipóteses de trabalho e as analise, não tome
nenhuma como definitiva. Mas o homem insiste em sonhar
a) a diferença entre ciência e filosofia restringe-se à ausência
para além do que é planejável, e o que dá certo nos bons pla-
de um critério bem fundamentado do que seja progresso.
nejamentos acaba tornando-o ainda mais convicto de que sua
b) a ausência de um critério bem definido do que seja progres- vontade é tudo, sendo mesmo capaz de jurar por isso.
so acabou por extrapolar o âmbito da filosofia, contaminan-
(Joaquim de Assis Villares, inédito)
do a literatura científica.
c) a literatura filosófica, ao assumir de forma irrestrita a ideia A convicção do narrador de Machado de Assis, na frase citada
de progressividade, acabou por alcançar o rigor e a consis- de um conto seu, supõe como argumento o fato de que
tência característicos da ciência. a) as criaturas têm seus intentos e ambições limitados pela
d) o avanço do saber científico acabará por resgatar a contri- Natureza, cujos desígnios são mais poderosos do que o
buição decisiva dos clássicos da literatura científica. desejo de conformarmos nosso futuro. 69
b) um juramento de amor, se respeitado pelas criaturas que desses senhores antigos; e esse som me carrega para as noites
o fizeram, atesta que no reino dos sentimentos a Natureza mais antigas da infância. Às vezes tenho a ilusão de ouvir, no
não tem como prevalecer. fundo, o murmúrio distante e querido do meu Itapemirim.
c) as vontades humanas, quando assumidas com toda a per- Pois me satisfaz a batida desse velho relógio, que marcou a
sistência de quem as potencia, revelam-se mais fortes do morte de meu pai e, vinte anos depois, a de minha mãe(E); e que
que os nossos instintos naturais. eu morra às quatro e quarenta da manhã, com ele marcando
d) a Natureza põe a perder o que há de melhor em nós, pois cinco e batendo onze, não faz mal nenhum; até é capaz de me
ela age, sempre metodicamente, na direção contrária à das cair bem.
nossas emoções.
(Adaptado de BRAGA, R. Casa dos Braga. Rio de Janeiro: Record, 1997, p.
e) os fatos naturais não costumam sobrepor-se à vontade 115/117)
humana, a menos que as criaturas se mostrem ineficientes
em seu desejo de planejar. A confissão tão pessoal de que essa defasagem não me aborrece
nada tem como justificativa o que se expressa em
a) esse relógio já estava na parede da sala.
171. (FCC – 2019) b) não é de admirar que ele tresande um pouco.
Darwin nos trópicos c) Sua batida é suave.
Ao desembarcar no litoral brasileiro em 1832, na baía de d) há muito desanimei de querer as coisas deste mundo todas
Todos os Santos, o grande cientista Darwin deslumbrou-se certinhas.
com a natureza nos trópicos e registrou em seu diário: “Creio,
depois do que vi, que as descrições gloriosas de Humboldt* e) marcou a morte de meu pai e, vinte anos depois, a de minha
são e sempre serão inigualáveis: mas mesmo ele ficou aquém mãe.
da realidade”. Mas a paisagem humana, ao contrário, causou-
-lhe asco e perplexidade: “Hospedei-me numa casa onde um
jovem escravo era diariamente xingado, surrado e perseguido
173. (FCC – 2019)
de um modo que seria suficiente para quebrar o espírito do
mais reles animal.” O motorista do 8-100
O mais surpreendente, contudo, é que a revolta não o Fui convidado por um colega da redação de jornal, outro dia,
impediu de olhar ao redor de si com olhos capazes de ver e a ver um belo espetáculo. Que eu estivesse pela manhã bem
constatar que, não obstante a opressão a que estavam sub- cedo junto ao último edifício da Avenida Rio Branco para assis-
metidos, a vitalidade e a alegria de viver dos africanos no tir à coleta de lixo. Fui. Vi chegar o caminhão 8-100 da Limpeza
Brasil traziam em si a chama de uma irrefreável afirmação da Urbana e saltarem os ajudantes que se puseram a carregar e
vida. Darwin chegou mesmo a desejar que o Brasil seguisse o despejar as latas de lixo. Enquanto isso, que fazia o motorista? O
exemplo da rebelião escrava do Haiti. Frustrou-se esse dese- mesmo de toda manhã. Pegava um espanador e um pedaço de
jo de uma rebelião ao estilo haitiano, mas confirmou-se sua flanela, e fazia o seu carro ficar rebrilhando de beleza.
impressão: a África salva o Brasil.
É costume dizer que a esperança é a última que morre.
*Alexander von Humboldt (1769-1859): geógrafo, naturalista e Nisso está uma das crueldades da vida: a esperança vive
explorador prussiano. à custa de mutilações. Vai minguando e secando devagar,
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das se despedindo dos pedaços de si mesma, se apequenando
Letras, 2016, p. 167/168) e empobrecendo, e no fim é tão mesquinha e despojada
que se reduz ao mais elementar instinto de sobrevivência
No segundo parágrafo do texto, a vitalidade e a alegria de viver
e ao conformismo.
dos africanos são consideradas de modo a ressaltar a
Esse motorista, que limpa seu caminhão, não é um confor-
a) análise irônica que o implacável Darwin faz da realidade do
mado, é o herói silencioso que lança um protesto superior. A
escravismo no Brasil.
vida o obriga a catar lixo e imundície; ele aceita a sua missão,
b) surpresa do grande cientista diante de uma incompatibili- mas a supera com esse protesto de beleza e dignidade. Muitos
dade entre situação e sentimentos dos escravos. recebem com a mão suja os bens mais excitantes e tentado-
c) convicção de Darwin quanto à pressão que a abolição no res da vida; e as flores que vão colhendo no jardim de uma
Brasil exerceria em outros países. existência fácil logo têm, presa em seus dedos frios, uma cor-
d) reação do grande cientista ao reconhecer que a condição da rupção que as desmerece e avilta. O motorista do caminhão
escravidão era benigna para os escravos. 8-100 parece dizer aos homens da cidade: “O lixo é vosso:
e) impressão profunda que causa em Darwin a diferença meus são estes metais que brilham, meus são estes vidros que
entre a escravidão no Brasil e no Haiti. esplendem, minha é esta consciência limpa”.
(Adaptado de: BRAGA, R. O homem rouco. Rio de Janeiro: Editora do Autor,
1963, p. 145-146)
PORTUGUÊS
treado numa avaliação realista das circunstâncias e restrições
existentes. Ocorre, porém, que a realidade objetiva não é toda
a realidade. A vida dos povos, não menos que a dos indivíduos, 176. (FCC – 2019)
é vivida em larga medida na imaginação. [Valores da propaganda]
A capacidade de sonho e o desejo de mudar fertilizam o Na sociedade moderna, a mesma voz que prega sobre
real, expandem as fronteiras do possível e reembaralham as as coisas superiores da vida, tais como a arte, a amizade ou
cartas do provável. Quando a vontade de mudança e a criação a religião, exorta o ouvinte a escolher uma determinada mar-
do novo estão em jogo, resignar-se a um covarde e defensivo ca de sabão. Os panfletos sobre como melhorar a linguagem,
realismo é condenar-se ao passado e à repetição medíocre. como compreender a música, como ajudar-se etc. são escri-
Se o sonho descuidado do real é vazio, o real desprovido de tos no mesmo estilo de propaganda que exalta as vantagens
sonho é deserto. No universo das relações humanas, o futuro de um laxativo. Na verdade, um redator hábil pode ter escrito
responde à força e à ousadia do nosso querer. O desejo move. qualquer um deles.
(Adaptado de: GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Na altamente desenvolvida divisão de trabalho, a
Letras, 2016, p 145) expressão tornou-se um instrumento utilizado pelos téc-
nicos a serviço do mercado. Um romance é escrito tendo-se
O autor do texto afirma que a realidade objetiva não é toda a em mente as suas possibilidades de filmagem, uma sinfonia
realidade porque está convencido de que ou poema são compostos com um olho no seu valor de propa-
a) os fatos que julgamos indiscutíveis são frequentemente ganda. Outrora pensava-se que cada expressão, palavra, grito
uma experiência ilusória da nossa percepção. ou gesto tivesse um significado intrínseco; hoje é apenas um
incidente em busca de visibilidade.
b) a dimensão do sonho e dos desejos é também parte ativa
dos nossos contatos com o chamado mundo real. (Adaptado de: HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. Trad. Sebastião Uchoa
Leite. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976, p. 112)
c) as experiências essenciais que contam são aquelas ainda
não vividas e que certamente viveremos. Na frase Na altamente desenvolvida divisão de trabalho, a
d) as vivências humanas experimentadas no passado são expressão tornou-se um instrumento utilizado pelos técnicos
muito mais marcantes do que as aspirações abstratas. a serviço do mercado, o segmento destacado pode ser substi-
tuído, sem prejuízo para o sentido básico do contexto, por:
e) um universo místico onde se ocultam as verdades abso-
lutas está acima das nossas possibilidades reais de a) uma ferramenta do uso de especialistas em operações
conhecimento. comerciais.
b) um utensílio desenvolvido por trabalhadores servis do sis-
tema de negócios.
175. (FCC – 2019) c) um atributo próprio de quem gerencia as operações do
mercado.
[Pai e filho]
d) uma operação que beneficia os especialistas empresariais.
No romance Paradiso o grande escritor cubano José Leza-
e) um fator decisivo para que os acionistas de uma empresa
ma Lima diz que um ser humano só começa a envelhecer
façam-na lucrativa.
depois da morte do pai. Freud atribui a essa morte um dos
grandes traumas de um filho.
A amizade e a cumplicidade quase sempre prevalecem
sobre as discussões, discórdias e outras asperezas de uma 177. (FCC – 2019)
relação às vezes complicada, mas sempre profunda. Às vezes [Valores da propaganda]
você lamenta não ter conversado mais com o seu pai, não ter Na sociedade moderna, a mesma voz que prega sobre
convivido mais tempo com ele. Mas há também pais terríveis, as coisas superiores da vida, tais como a arte, a amizade
opressores e tirânicos. ou a religião, exorta o ouvinte a escolher uma determi-
Exemplo desse caso está na literatura, na Carta ao pai, nada marca de sabão. Os panfletos sobre como melhorar a
de Franz Kafka. É esse um dos exemplos notáveis do pai cas- linguagem, como compreender a música, como ajudar-se etc.
trador, que interfere nas relações amorosas e na profissão do são escritos no mesmo estilo de propaganda que exalta as
filho. Um pai que não se conforma com um grão de felicidade vantagens de um laxativo. Na verdade, um redator hábil pode
do jovem Franz. A Carta é o inventário de uma vida infernal. É ter escrito qualquer um deles.
difícil saber até que ponto o pai de Kafka na Carta é totalmente Na altamente desenvolvida divisão de trabalho, a expres-
verdadeiro. Pode se tratar de uma construção ficcional ou um são tornou-se um instrumento utilizado pelos técnicos a
pai figurado, mais ou menos próximo do verdadeiro. Mas isso serviço do mercado. Um romance é escrito tendo-se em
atenua o sofrimento do narrador? O leitor acredita na figura- mente as suas possibilidades de filmagem, uma sinfonia ou
ção desse pai. Em cada página, o que prevalece é uma alter- poema são compostos com um olho no seu valor de propa-
nância de sofrimento e humilhação, imposta por um homem ganda. Outrora pensava-se que cada expressão, palavra, grito
prepotente e autoritário. ou gesto tivesse um significado intrínseco; hoje é apenas um
incidente em busca de visibilidade.
(Adaptado de: HATOUM, M. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia
das Letras, 2013, p. 204-205) (Adaptado de: HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. Trad. Sebastião Uchoa
Leite. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976, p. 112)
Ao supor que a Carta seja uma construção ficcional, o autor
a) nem por isso esvazia a possibilidade de que o sofrimento e a No contexto, relacionam-se numa oposição de sentido os
segmentos:
humilhação nela expostos atinjam o leitor.
a) exorta o ouvinte / exalta as vantagens
b) desse modo acentua o evidente exagero das páginas cruéis
em que o filho atormentado acusa a malignidade do pai. b) as coisas superiores da vida / como melhorar a linguagem.
c) ressalva assim o fato de que o narrador forjou inteiramente c) Um romance é escrito / uma sinfonia ou poema são
seus sofrimentos para ganhar a adesão emocional do leitor. compostos
d) lembra por isso que a literatura vive de invenções que pou- d) instrumento utilizado pelos técnicos / valor de propaganda.
co têm a ver com situações que se possam comprovar na e) um significado intrínseco / um incidente em busca de
vida real. visibilidade. 71
178. (FCC – 2019) E pronto, não havia mais opções para a coitada. Aparente-
É uma tendência mais presente entre os mais jovens, mas mente chegara o momento de gozar seu triunfo; mas então,
comum em todas as faixas etárias: só na Espanha, o uso diá- e para seu espanto, notou que sentia falta dela. Mandou-lhe
rio de aplicativos de mensagens instantâneas é quase o dobro um e-mail, e depois outro, e outro: ela não respondeu. E não
do número de ligações por telefone fixo e celular, segundo atendia ao telefone. E devolveu as cartas dele.
dados da Fundação Telefónica. Agora ele passa os dias na janela, contemplando a distân-
A ligação telefônica tornou-se uma presença intrusiva e cia o bairro onde ela mora. Espera que dali venha algum tipo
incômoda, mas por quê? “Uma das razões é que, quando de mensagem. Sinais de fumaça, talvez.
recebemos uma ligação, ela interrompe algo que estávamos (Adaptado de: SCLIAR, M. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2013,
fazendo, ou simplesmente não temos vontade de falar nesse p. 71-72)
momento”, explica a psicóloga Cristina Pérez.
O assunto central do texto é:
Perder tempo em um telefonema é uma perspectiva
assustadora. No entanto, segundo um relatório mundial a) desencontros na vida amorosa.
da Deloitte, consultamos nossas telas, em média, mais de 40 b) imprevistos da fase da paquera.
vezes ao dia. c) obstáculos à defesa do feminismo.
(Adaptado de: LÓPEZ, S. O último paradoxo da ida moderna: por que d) romantismo da linguagem escrita.
ficamos presos ao celular, mas odiamos falar por telefone?. El País – Brasil.
01.06.2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com) e) curiosidades do namoro por carta.
PORTUGUÊS
nas indústrias, montando ou soldando peças; nos atendimentos
b) Sente-se entusiasmado ao conversar com pessoas que lhe
telefônicos; e até nos comandos de voz que damos aos assis-
despertam a curiosidade.
tentes digitais dos nossos smartphones. No entanto, nem todas
essas automações são exatamente robôs. “Para se tornar um c) O que mais aprecia dos poucos passeios que faz é o retorno
robô é preciso ser físico, como um carro autônomo ou um robô à casa.
de operação industrial”, frisa Flavio Tonidandel, professor do d) O período da infância parece-lhe tanto mais lúdico à medi-
Centro Universitário FEI e pesquisador de robótica e inteligência da que envelhece.
artificial (IA). Além de ter um corpo físico, outro pré-requisito é
e) A incompreensão a respeito de momentos decisivos do
mover-se de forma autônoma, semiautônoma ou controlada a
passado o constrange.
distância, bem como ser capaz de interagir com o ambiente.
“Existe uma grande confusão entre os conceitos de robôs e
de inteligência artificial”, afirma Tonidandel. Simplificando bas-
tante, o professor explica que a IA seria o equivalente ao cére- 183. (FCC – 2019)
bro do robô, capaz de dar a ele potencial de tomada de decisão, Diversos países estão propondo alternativas para enfren-
raciocínio, aprendizagem e reconhecimento de padrões. tar o problema da poluição oceânica, mas, até o momento,
O desenvolvimento interdependente entre as tecnologias não tomaram quaisquer medidas concretas. A organização
de IA e robótica trouxe uma nova geração de robôs, capazes holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à frente
de interagir com os humanos para executar tarefas, transitar e assumir a missão de combater a poluição oceânica nos pró-
pelos mesmos lugares que as pessoas e atuar como assisten- ximos anos.
tes nas tarefas do dia a dia. É a chamada robótica de serviços,
A organização desenvolveu uma tecnologia para erradi-
que promete levar robôs para dentro de casas, empresas, hos-
car os plásticos que poluem os mares do planeta e pretende
pitais e até escolas.
começar a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior cole-
Conviver com esses seres autônomos e com tendência a ção de detritos marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte,
nos servir, contudo, traz novas questões. A que regras eles utilizando seu sistema de limpeza recentemente redesenhado.
estarão sujeitos? O que poderão (ou não) fazer? Como fica o
Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as cor-
mercado de trabalho com a robotização de serviços que hoje
ainda são feitos pelos humanos? São perguntas bem difíceis de rentes oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede de telas
responder, mas que fazem parte da próxima fronteira para a em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto
evolução da robótica. central. O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e
enviado à costa marítima para fins de reciclagem.
(Adaptado de: LAFLOUFA, J. Disponível em: https://revistagalileu.globo.
com. 30/05/2019) (Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com. Acesso em:
04 out. 2022.)
De acordo com o exposto no texto,
A proposta da organização holandesa é
a) como os robôs estão tão presentes no cotidiano das pes-
soas, sua presença já não requer ser debatida por leigos ou a) recolher, por meio de uma rede, os plásticos que poluem os
especialistas. mares.
b) ainda que seja difícil distinguir os conceitos de robôs e de b) eliminar a produção de plásticos capazes de poluir os
inteligência artificial, é importante considerar que robótica oceanos.
e automação não têm qualquer relação. c) testar as alternativas de diversos países para enfrentar a
c) além de ter um corpo físico, um robô deve ser responsável poluição oceânica.
por solucionar os dilemas éticos da interação entre homens d) ofertar a diferentes países tecnologia para a reciclagem de
e máquinas. plásticos.
d) desde que foram projetados na década de 1920, os robôs
e) conscientizar a população sobre a importância da recicla-
servem aos homens por meio de atributos desenvolvidos
gem de plásticos.
pela inteligência artificial.
e) embora os robôs já estejam amplamente presentes no coti-
diano das pessoas, as diretrizes desse convívio ainda preci-
sam ser estabelecidas. 184. (FCC – 2019)
Diversos países estão propondo alternativas para enfren-
tar o problema da poluição oceânica, mas, até o momento,
182. (FCC – 2019) não tomaram quaisquer medidas concretas. A organização
holandesa The Ocean Cleanup resolveu dar um passo à frente
Preparativos de Viagem e assumir a missão de combater a poluição oceânica nos pró-
Vários dos seus amigos mortos dão hoje nome a ruas e praças. ximos anos.
Ele próprio se sente um pouco póstumo quando conversa A organização desenvolveu uma tecnologia para erradi-
com gente jovem. car os plásticos que poluem os mares do planeta e pretende
Dos passeios, raros, a melhor parte é a volta para casa. começar a limpar o Great Pacific Garbage Patch (a maior cole-
As pessoas lhe parecem barulhentas e vulgares. Ele sabe de ção de detritos marinhos do mundo), no Oceano Pacífico Norte,
antemão tudo quanto possam dizer. Nos sonhos, os dias da infân- utilizando seu sistema de limpeza recentemente redesenhado.
cia são cada vez mais nítidos e fatos aparentemente banais do Em resumo, a ideia principal do projeto é deixar as cor-
seu passado assumem uma significância que intriga. rentes oceânicas fazer todo o trabalho. Uma rede de telas
em forma de “U” coletaria o plástico flutuante até um ponto
O vivido e o sonhado se misturam agora sem lhe causar espécie.
central. O plástico concentrado poderia, então, ser extraído e
É como se anunciassem um estado de coisas cuja possível enviado à costa marítima para fins de reciclagem.
iminência não traz susto.
(Texto adaptado. Disponível em: https://futuroexponencial.com. Acesso em:
Só curiosidade. E um estranho sentimento de justeza. 04 out. 2022.)
(Adaptado de: PAES, J. P. Melhores poemas. São Paulo, Global Editora, 7ª
edição, 2012, edição digital) 73
No 1° parágrafo, destaca-se A leitura profissional, os estudos de literatura e algumas
a) o fato de que a organização holandesa foi a primeira a incursões no campo da crítica acabaram com esse leitor
propor medidas para enfrentar o problema da poluição irresponsável.
oceânica. Hoje, ao pegar um livro, penso no homem que se encon-
b) a diplomacia com que a organização holandesa tem lide- tra atrás das frases, em suas ambições e seus objetivos, seus
rado os debates acerca do enfrentamento da poluição dos materiais e ferramentas. O que antes se me apresentava como
mares. a beleza imaterial de uma flor ou de uma nuvem, soltas no
tempo e no espaço, depara-se-me como o produto de um arte-
c) a iniciativa ousada da organização holandesa ao propor
sanato e a manifestação de uma vontade inteligente.
uma medida efetiva contra a poluição oceânica.
Por isso dificilmente leio agora um livro isolado em si
d) a dificuldade a ser encontrada pela organização holandesa
mesmo. Vem-me logo a vontade de percorrer outras obras
na luta contra a poluição dos mares nos próximos anos.
do escritor, de aferrar nelas os traços de uma personalidade
e) a rapidez com que a organização holandesa conseguiu diferente das outras, de chegar ao canal misterioso que une
resolver o problema da poluição oceânica. a criação ao criador. Daí também uma curiosidade biográfi-
ca, como se a vida do autor necessariamente encerrasse um
segredo, uma chave para a compreensão da obra.
185. (FCC – 2019) (RÓNAI, P. Como aprendi o Português e outras aventuras. Rio de Janeiro:
Edições de Janeiro, 2014, p. 137)
[O tempo sem rumo]
As datas deveriam nos fixar no tempo como as coordena- No terceiro parágrafo, o autor avalia a relação existente entre a
das geográficas nos fixam no espaço, mas a analogia não fun- biografia e a obra de um autor e conclui que
ciona. O tempo não tem pontos fixos, o tempo é uma sombra a) é mínima a probabilidade de uma relação de interdepen-
que dá a volta na Terra. Ou a Terra é que dá voltas na sombra. dência entre ambas.
Nossa única certeza é que será sempre a mesma sombra – o
que não é uma certeza, é um terror. b) os aspectos técnicos de uma obra decorrem da escolaridade
do autor.
Na nossa fome de coordenadas no tempo nos convence-
mos até que dias da semana têm características. Que uma c) em cada uma de suas obras um autor se aprofunda em sua
terça-feira, por exemplo, não serve para nada. Que terça personalidade essencial.
é o dia mais sem graça que existe, sem a gravidade de uma d) o interesse de uma obra está justamente em minimizar a
segunda – dia de remorso e decisões – e o peso da quarta, importância da biografia.
que centraliza a semana. Gostaríamos que passar pelos dias e) a biografia de um escritor atrai por supostamente conduzir
fosse como passar por meridianos e paralelos, a evidência de ao sentido de uma obra.
estarmos indo numa direção, não entrando e saindo da mes-
ma sombra. Não passando por cada domingo com a nítida
impressão de que já estivemos aqui antes.
187. (FCC – 2019)
Já que não há coordenadas e pontos fixos no tempo, con-
tentemo-nos com as metáforas fáceis. Este nosso milênio se Nisto entrou o moleque trazendo o relógio com o vidro
estende como um imenso pergaminho à nossa frente, espe- novo. Era tempo; já me custava estar ali; dei uma moedinha de
rando para ser preenchido. Podemos escolher nosso destino, prata ao moleque; disse a Marcela que voltaria noutra ocasião, e
desenhar nossos próprios meridianos e paralelos e prováveis saí a passo largo. Para dizer tudo, devo confessar que o coração
novos mundos. É verdade que a passagem do tempo não se me batia um pouco; mas era uma espécie de dobre de finados.
mede apenas pelo retorno aos domingos, também se mede O espírito ia travado de impressões opostas. Notem que aquele
pela degradação orgânica, e que a cada domingo estaremos dia amanhecera alegre para mim. Meu pai, ao almoço, repetiu-
mais perto daquela sombra que nunca acaba... Nenhum de -me, por antecipação, o primeiro discurso que eu tinha de profe-
nós chegará muito longe neste milênio. Mas é bom saber que rir na Câmara dos Deputados; rimo-nos muito, e o sol também,
ele está, aqui, quase inteiro, sempre à nossa espera. que estava brilhante, como nos mais belos dias do mundo; do
mesmo modo que Virgília devia rir, quando eu lhe contasse as
(Adaptado de VERISSIMO, L. F. Em algum lugar do paraíso. São Paulo: nossas fantasias do almoço. Vai senão quando, cai-me o vidro
Objetiva, 2011, p. 7)
do relógio; entro na primeira loja que me fica à mão; e eis me
A afirmação de que a analogia não funciona, no contexto do 1º surge o passado, ei-lo que me lacera e beija; ei-lo que me inter-
parágrafo, justifica-se pelo fato de que roga, com um rosto cortado de saudades e bexigas...
a) as coordenadas geográficas do tempo não equivalem às que Lá o deixei; meti-me às pressas na sege, que me espera-
norteiam e delimitam o espaço físico. va no Largo de S. Francisco de Paula, e ordenei ao boleeiro
que rodasse pelas ruas fora. O boleeiro atiçou as bestas, a
b) a fixação das coordenadas geográficas trazem a mesma sege entrou a sacolejar-me, as molas gemiam, as rodas sul-
sensação de sombra que a fixação do tempo. cavam rapidamente a lama que deixara a chuva recente, e
c) o tempo não pode ser demarcado por referências como as tudo isso me parecia estar parado. Não há, às vezes, um certo
coordenadas geográficas que marcam o espaço. vento morno, não forte nem áspero, mas abafadiço, que nos
d) o tempo e o espaço não são vistos como uma mesma som- não leva o chapéu da cabeça, nem rodomoinha nas saias das
bra ameaçadora, mas como distintos terrores. mulheres, e todavia é ou parece ser pior do que se fizesse uma
e outra coisa, porque abate, afrouxa, e como que dissolve os
e) o tempo e o espaço nada têm em comum, uma vez que os
espíritos? Pois eu tinha esse vento comigo; e, certo de que ele
homens os temem por razões diferentes.
me soprava por achar-me naquela espécie de garganta entre o
passado e o presente, almejava por sair à planície do futuro. O
pior é que a sege não andava.
186. (FCC – 2019) − João, bradei eu ao boleeiro. Esta sege anda ou não anda?
[Formas de ler] – Uê! nhonhô! Já estamos parados na porta de sinhô
Antigamente eu apanhava e largava um livro sem me preo- conselheiro.
cupar com outra coisa que não as parcelas de realidade e de (ASSIS, M. de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê
fantasia encerradas naquele maço de folhas impressas. Mais Editorial, 2001, p. 135-136)
aberto à emoção, reparava menos na técnica; atraído pela
74 obra, pouco me interessava pelo escritor.
No texto, o narrador dirige-se diretamente aos seus leitores em: sua vida. Mas o que experimentava naquele momento era dife-
a) Era tempo; já me custava estar ali; dei uma moedinha de rente de tudo o que já sentira antes.
prata ao moleque; disse a Marcela que voltaria noutra oca- Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre.
sião, e saí a passo largo. (1º parágrafo) Pela primeira vez, estando com alguém, não sentia necessida-
PORTUGUÊS
b) O espírito ia travado de impressões opostas. Notem que de de falar. Bastava a alegria de estarem juntos.
aquele dia amanhecera alegre para mim. (1º parágrafo) “Christophe voltou sozinho dentro da noite. Nada via. Nada
c) Lá o deixei; meti-me às pressas na sege, que me esperava ouvia. Estava morto de sono e adormeceu apenas deitou-se.
no Largo de S. Francisco de Paula, e ordenei ao boleeiro que Mas durante a noite foi acordado duas ou três vezes, como
rodasse pelas ruas fora. (2º parágrafo) que por uma ideia fixa. Repetia para si mesmo: ‘Tenho um ami-
go’, e tornava a adormecer.”
d) Pois eu tinha esse vento comigo; e, certo de que ele me soprava
por achar-me naquela espécie de garganta entre o passado e o Jean-Christophe compreendera a essência da amizade.
presente, almejava por sair à planície do futuro. (2º parágrafo) Amiga é aquela pessoa em cuja companhia não é preciso
falar. Se o silêncio entre vocês lhe causa ansiedade, então a
e) − João, bradei eu ao boleeiro. Esta sege anda ou não anda?
pessoa com quem você está não é amiga. Porque um amigo
(3º parágrafo)
é alguém cuja presença procuramos não por causa daquilo
que se vai fazer juntos, seja bater papo ou comer. Quando a
pessoa não é amiga, terminado o alegre e animado programa,
188. (FCC – 2019) vêm o silêncio e o vazio, que são insuportáveis.
Quem fala português não se limita a comer, a gente tam- Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. A amizade
bém gosta de falar sobre comida. Sendo duas coisas diferen- anda por caminhos que não passam por programas.
tes, na verdade são a mesma. A língua portuguesa tem um Um amigo vive de sua inutilidade. Pode até ser útil even-
valor nutritivo que as outras não têm. Creio que é possível tualmente, mas não é isso que o torna um amigo. Sua inútil e
engordar a falar de comida em português. Vai uma linguicinha? fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência
E se amanhã fizéssemos um costelão? Boa sorte a traduzir de comunhão. E alegria maior não pode existir.
estas perguntas para inglês, francês ou alemão.
(Adaptado de: ALVES, R. O retorno e terno. Campinas: Papirus, 1995, p.
Eles sabem (vagamente) o que é linguiça e costela. Mas 11-13)
nunca hão de saber o que é uma linguicinha e um costelão.
Sem esses nomes, o sabor é diferente. Já tenho tomado refei- Para o autor,
ções com gente que fala outras línguas e nunca vi nada a) a perda de um amigo, conforme descreve no 1º parágrafo,
parecido. Numa mesa de falantes de português, come-se, foi para ele uma experiência marcante.
recordam-se refeições passadas e projetam-se refeições futu-
b) a cumplicidade da amizade é maior quando se compartilha
ras. Falantes de português, depois de terem comido uma
intenso interesse por atividades culturais em comum.
feijoada, recordam uma moqueca capixaba que comeram em
1987 e planejam o acarajé que vão fazer para o jantar do dia c) verdadeiros amigos conseguem manter uma conversa ani-
seguinte. A gente ama através da comida — e é um amor bru- mada por horas a fio.
to, que é o único amor que vale a pena. Dizemos coisas que, d) amigo é aquele a quem se recorre e que oferece ajuda em
apesar de carinhosas, estão bastante próximas do universo do momentos de necessidade.
crime. Por exemplo: “Você não sai daqui sem provar este vata-
e) quando se está diante de um verdadeiro amigo, o silêncio
pá”. Isso é vocabulário de sequestrador. Contudo, é ternura.
não causa desconforto.
(Adaptado de: PEREIRA, R. A. Uma série de séries. 08/09/19. Disponível em:
www1.folha.uol.com.br)
Atente para as afirmações abaixo. 190. (FCC – 2019) Atenção: Para responder à questão, baseie-se
I. Falantes de línguas estrangeiras prescindem de vocabu- no texto abaixo.
lário apurado para descrever pratos da cozinha brasileira, Assim, tanto o indianismo quanto o regionalismo de Alencar
como moqueca e vatapá. se construíram em um esquema sobredeterminado pela exal-
II. No português, a flexão em grau diminutivo e aumentativo tação da nobreza do colonizador que só a devoção do coloni-
do substantivo, como nos termos linguicinha e costelão, zado pode igualar. A ambivalência dessa posição ideológica é
pode expressar afetividade. resolvida poeticamente em Iracema, lenda que conta a funda-
ção do Ceará consumada graças à “doce escravidão” (expressão
III. O vocabulário culinário da língua portuguesa, em oposição de Machado de Assis) à qual se submeteu a “virgem dos lábios
ao de línguas como o inglês, o francês e o alemão, permite de mel”. Iracema fugirá de sua tribo e se entregará ao conquis-
que uma única palavra expresse dois sentidos diversos. tador europeu, Martim Soares Moreno. Dessa união fatal para
IV. O autor ressalta que, mesmo quando à mesa, os falantes do a mulher, que morrerá ao dar à luz, nasceria Moacir, “filho do
português apreciam falar sobre comida. sofrimento”, o primeiro cearense. A coragem de Peri e a beleza
Está correto o que se afirma APENAS em de Iracema são a fonte de poesia desses romances ao mesmo
tempo históricos e lendários. Mas o poder que imanta os enre-
a) II e IV.
dos vem do colonizador: homem, branco, português.
b) I e III.
(BOSI, A. “A cultura no Brasil Império – literatura ideias”. In: História do
c) II e III. Brasil nação − A construção nacional 1830-1889 − v. 2, Rio de Janeiro:
d) I e IV. Objetiva, 2012, p. 245)
e) II, III e IV. O trecho Mas o poder que imanta os enredos vem do coloniza-
dor: homem, branco, português
a) retoma a expressão de Machado de Assis, refutando-a.
189. (FCC – 2019) b) aponta a prevalência do europeu ao primeiro cearense.
Lembrei-me dele e senti saudades... Tanto tempo que a c) constitui um complemento às qualidades de Iracema.
gente não se vê. Dei-me conta da coisa rara que é a amizade. E,
d) é objetivo ao assinalar a origem do cearense de forma
no entanto, é a coisa mais alegre que a vida nos dá.
heroica.
Lembrei-me de um trecho de Jean-Christophe, que li
e) ressalta o sentimento nacionalista e enfoca elementos da
quando era jovem, e do qual nunca esqueci. Romain Rolland
brasilidade.
descreve a primeira experiência com a amizade do seu herói
adolescente. Já conhecera muitas pessoas nos curtos anos de 75
191. (FCC – 2019) Considere o texto a seguir. 193. (FCC – 2019) Para responder a questão, baseie-se no texto
Há a autoridade do “ontem eterno”, isto é, dos mores abaixo.
[costumes] santificados pelo reconhecimento inimaginavel- [Como se estrutura uma sociedade?]
mente antigo e da orientação habitual para o conformismo. A pergunta formulada acima é uma constância da histó-
[...] Há a autoridade do “dom da graça” [...] extraordinária e ria social. Alguns antropólogos têm afirmado que a estrutura
pessoal, a dedicação absolutamente pessoal e a confiança pes- social é a rede de todas as relações de pessoa-a-pessoa, numa
soal na revolução, heroísmo e outras qualidades da liderança dada sociedade. Mas tal definição é por demais ampla. Não
individual [...] Finalmente, há o domínio da “legalidade”, em estabelece distinção entre os elementos efêmeros e os mais
virtude da fé na validade do estatuto legal e da “competência” persistentes na atividade social, e torna quase impossível dis-
funcional baseada em regras racionalmente criadas. tinguir a noção de estrutura de uma sociedade da totalidade
(WEBER, M. IN: QUINTERO, T. et all (orgs). Um toque de clássicos.
da própria sociedade.
Durkheim, Marx e Weber. Editora da UFMG: 1995, p. 121 e 122) No extremo oposto, está a noção de estrutura social com-
preendendo, somente, as relações entre os grupos principais
O trecho acima indica três tipos de autoridade política, que na sociedade, que persistem por muitas gerações, mas exclui
podem ser identificados, conforme a ordem em que aparecem outros como a família, que se dissolve de uma geração para
no texto, com as seguintes formas de legitimação do poder: outra. Essa definição é limitada demais.
a) tradicional, carismática e burocrática. Uma terceira noção de estrutura social enfatiza não tan-
b) religiosa, despótica e política. to as relações reais entre pessoas ou grupos, mas as relações
esperadas ou mesmo as relações ideais. De acordo com esse
c) carismática, ideológica e partidária.
ponto de vista, o que realmente dá à sociedade sua forma e
d) patriarcal, pessoal e coletivista. permite a seus membros exercerem suas atividades são as
e) tradicionalista, classista e estatal. expectativas ou mesmo as crenças idealizadas do que está fei-
to, ou do que deverá ser feito pelos outros membros. Não falta
quem veja tal formulação como bastante insatisfatória.
Em vez de respostas prontas à pergunta aqui tratada, será
192. (FCC – 2019)
preciso sempre reconhecer que a validade de qualquer uma
Ciência e tecnologia delas estará presa à validação do critério que a sustenta.
A ciência almeja o conhecimento; a tecnologia visa o contro- (Adaptado de: FIRTH, R. In: VV.AA. Homem e sociedade. Trad. Amadeu José
le. Embora intimamente ligadas hoje em dia, ciência e tecnologia Duarte Lanna. São Paulo: Nacional, 1975, p. 35-36)
tiveram vidas paralelas durante a maior parte de sua história. Os
gregos antigos jamais se empenharam em tirar proveito técnico Deve-se entender da leitura do texto que, ao se considerar a
ou econômico de sua sofisticadíssima ciência, ao passo que os pergunta formulada no título,
romanos, célebres por suas realizações urbanas, estradas e apa- a) a definição dada no primeiro parágrafo não satisfaz porque,
rato bélico, quase nada fizeram pela ciência. em sua amplitude, formula ideais de conduta coletiva em
As principais inovações técnicas da Idade Média e Renasci- vez de analisar práticas individuais.
mento – como os moinhos, a roda hidráulica, a impressora, o reló- b) a noção aventada no segundo parágrafo pecaria por não
gio e a bússola – foram frequentemente o resultado de encontros distinguir entre os elementos transitórios e os elementos
com outras civilizações durante as Cruzadas e ocorreram todas duradouros de uma sociedade.
elas antes do início da Revolução Científica do século XVII. c) a hipótese levantada no terceiro parágrafo é dada como
Foi somente a partir do último quarto do século XIX, duran- insatisfatória porque valoriza as relações pragmáticas já
te a Segunda Revolução Industrial, que a ciência passou efeti- estabelecidas numa sociedade.
vamente a produzir resultados passíveis de incorporação ao d) o reconhecimento de um parâmetro válido para a definição
mundo do trabalho e a ditar os rumos da mudança tecnoló- do que seja uma estrutura social é indispensável para que
gica, primeiro no uso da eletricidade e na indústria química, se aceite essa definição.
e depois se espraiando por todo o tecido socioeconômico em e) a validação do conceito mesmo de estrutura social deve
setores como comunicação, transportes, remédios, eletrodo- preceder toda e qualquer análise de caso que se proponha
mésticos e indústria bélica. numa fundamentação aceitável.
Se o casamento entre ciência e tecnologia é um tan-
to recente, o sonho dessa união remonta ao nascimento
do mundo moderno: foi no Renascimento europeu, sob o
194. (FCC – 2019) Para responder a questão, baseie-se no texto
impacto do renovado interesse pelo saber greco-romano e,
abaixo.
sobretudo, da descoberta do Novo Mundo, que surgiu a con-
cepção da ciência como poder. Conflito e acomodação sociais
A interação social passa por distintos processos. Acomo-
(GIANETTI, E. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p.
61-62) dação é o termo utilizado pelos sociólogos para descrever o
ajustamento de indivíduos ou de grupos hostis. Não se pode
Da leitura trecho em destaque depreende-se que dizer de indivíduos que estejam acomodados a não ser que
previamente tenham estado em conflito. Na própria acomoda-
a) remonta ao Renascimento o sonho, hoje realizado, de união
ção existe habitualmente um resíduo de antagonismo, de tal
entre a ciência e a tecnologia.
maneira que o ajustamento não passa de temporário. O confli-
b) o nascimento do mundo moderno resultou da efetiva união to pode explodir de novo, a qualquer hora. No entanto, não se
entre os cientistas e os tecnólogos. deve pensar que a acomodação é mero conflito em estado de
c) a descoberta do Novo Mundo decorreu da curiosidade cien- latência. A acomodação se refere ao trabalho em conjunto de
tífica pelo saber greco-romano. indivíduos, malgrado alguma hostilidade latente.
d) a ideia de que a ciência é também um poder remonta ao Sabe-se que os processos socais refletem as atitudes sub-
tempo dos impérios mais antigos. jacentes dos indivíduos: atitudes de amor e ódio. Quando as
atitudes de amor prevalecem, a cooperação torna- se possível.
e) a concepção científica do poder deu-se a despeito de seu O ódio, por seu turno, leva ao conflito. Por sua vez, na acomo-
recente acordo com a tecnologia. dação coexistem atitudes de amor e de ódio, o que já levou
um sociólogo a se referir a ela como sendo uma “cooperação
antagônica”.
76
O ajustamento social é uma experiência dinâmica, sem- 196. (FCC – 2019)
pre em mudança. Os indivíduos, vivendo em grupos, coope- Para ele, o fim do ano era sempre uma época dura, difí-
ram e competem. Quando as divergências se desenvolvem cil de suportar. Sofria daquele tipo de tristeza mórbida que
entre eles, tornam-se antagônicos e recorrem ao conflito. acomete algumas pessoas nos festejos de Natal e de Ano-No-
PORTUGUÊS
Depois de algum tempo, os antagonistas abandonam a luta vo. No seu caso havia uma razão óbvia para isso: aos setenta
e levam a efeito um tipo de acomodação qualquer. Com o anos, solteirão, sem parentes, sem amigos, não tinha com
correr dos dias, pode desenvolver-se uma nova unidade de quem celebrar, ninguém o convidava para festa alguma. O jei-
propósitos e de pontos de vista entre as duas facções, fazendo to era tomar um porre, e era o que fazia, mas o resultado era
desaparecer completamente o antagonismo. melancólico: além da solidão, tinha de suportar a ressaca.
(Adaptado de: OGBURN, W; e MEYER, N. In: Homem e sociedade. São Paulo: No passado, convivera muito tempo com a mãe. Filho úni-
Nacional, 1975, p. 264-265) co, sentia-se obrigado a cuidar da velhinha que cedo enviu-
vara. Não se tratava de tarefa fácil: como ele, a mãe era uma
No segundo parágrafo, a expressão “cooperação antagônica” mulher amargurada. Contra a sua vontade, tinha casado, em
deve ser entendida como o processo pelo qual 31 de dezembro de 1914 (o ano em que começou a Grande
a) os sentimentos negativos tornam-se positivos, em caráter Guerra, como ela fazia questão de lembrar) com um homem
definitivo. de quem não gostava, mas que pais e familiares achavam um
bom partido. Resultado desse matrimônio: um filho e longos
b) os sentimentos positivos passam a substituir permanente- anos de sofrimento e frustração. O filho tinha de ouvir suas
mente os negativos. constantes e ressentidas queixas. Coisa que suportava estoica-
c) o acirramento da competição anula os efeitos da coopera- mente; não deixou, contudo, de sentir certo alívio quando de
ção aparente. seu falecimento, em 1984. Este alívio resultou em culpa, uma
d) os sentimentos da competição e os da cooperação convi- culpa que retornava a cada Natal. Porque a mãe falecera exata-
vem de modo dinâmico. mente na noite de Natal. Na véspera, no hospital, ela lhe fizera
uma confissão surpreendente: muito jovem, apaixonara-se por
e) as paixões exacerbadas passam a não mais encontrar um um primo, que acabou se transformando no grande amor de
ponto de equilíbrio. sua vida. Mas a família do primo mudara-se, e ela nunca mais
tivera notícias dele. Nunca recebera uma carta, uma mensa-
gem, nada. Nem ao menos um cartão de Natal.
195. (FCC – 2019) Para responder a questão, baseie-se no texto No dia 24 pela manhã ele encontrou um envelope na carta
abaixo. do correio. Como em geral não recebia correspondência algu-
ma, foi com alguma estranheza que abriu o envelope.
Conflito e acomodação sociais
Era um cartão de Natal, e tinha a falecida mãe como
A interação social passa por distintos processos. Acomo- destinatária. Um velhíssimo cartão, uma coisa muito antiga,
dação é o termo utilizado pelos sociólogos para descrever o amarelada pelo tempo. De um lado, um desenho do Papai
ajustamento de indivíduos ou de grupos hostis. Não se pode Noel sorrindo para uma menina. Do outro lado, a data: 23 de
dizer de indivíduos que estejam acomodados a não ser que dezembro de 1914. E uma única frase: “Eu te amo.”
previamente tenham estado em conflito. Na própria acomoda- A assinatura era ilegível, mas ele sabia quem era o reme-
ção existe habitualmente um resíduo de antagonismo, de tal tente: o primo, claro. O primo por quem a mãe se apaixonara,
maneira que o ajustamento não passa de temporário. O confli- e que, por meio daquele cartão, quisera associar o Natal a uma
to pode explodir de novo, a qualquer hora. No entanto, não se mensagem de amor. Uma nova vida, era o que estava prome-
deve pensar que a acomodação é mero conflito em estado de tendo. Esta mensagem e esta promessa jamais tinham chega-
latência. A acomodação se refere ao trabalho em conjunto de do a seu destino. Mas de algum modo o recado chegara a ele.
indivíduos, malgrado alguma hostilidade latente. Por quê? Que secreto desígnio haveria atrás daquilo?
Sabe-se que os processos socais refletem as atitudes subja- Cartão na mão, aproximou-se da janela. Ali, parada sob o
centes dos indivíduos: atitudes de amor e ódio. Quando as ati- poste de iluminação, estava uma mulher já madura, modesta-
tudes de amor prevalecem, a cooperação torna- se possível. O mente vestida, uma mulher ainda bonita. Uma desconhecida,
ódio, por seu turno, leva ao conflito. Por sua vez, na acomodação claro, mas o que importava? Seguramente o destino a trouxe-
coexistem atitudes de amor e de ódio, o que já levou um sociólo- ra ali, assim como trouxera o cartão de Natal. Num impulso,
go a se referir a ela como sendo uma “cooperação antagônica”. abriu a porta do apartamento e, sempre segurando o cartão,
correu para fora. Tinha uma mensagem para entregar àquela
O ajustamento social é uma experiência dinâmica, sem-
mulher. Uma mensagem que poderia transformar a vida de
pre em mudança. Os indivíduos, vivendo em grupos, coope-
ambos, e que era, por isso, um verdadeiro presente de Natal.
ram e competem. Quando as divergências se desenvolvem
entre eles, tornam-se antagônicos e recorrem ao conflito. (SCLIAR, M. Mensagem de Natal. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 26-28)
Depois de algum tempo, os antagonistas abandonam a luta Com relação às constantes queixas da mãe, o filho se compor-
e levam a efeito um tipo de acomodação qualquer. Com o tava de modo
correr dos dias, pode desenvolver-se uma nova unidade de
propósitos e de pontos de vista entre as duas facções, fazendo a) inconformado.
desaparecer completamente o antagonismo. b) desconfiado.
(Adaptado de: OGBURN, W; e MEYER, N. In: Homem e sociedade. São Paulo: c) ressentido.
Nacional, 1975, p. 264-265) d) resignado.
PORTUGUÊS
é homenagem a seu charme pessoal, misto de circunspeção e Poderia botar anúncio no jornal. Para quê? Ninguém
leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o roubo, e está pensando em achar gatos. Se Inácio estiver vivo e não
ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestida- sequestrado, voltará sem explicações. É próprio do gato sair
de. Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por sem pedir licença, voltar sem dar satisfação. Se o roubaram,
conta própria, com suas patas; com a altivez, a serenidade e a é homenagem a seu charme pessoal, misto de circunspeção e
elegância dos gatos. leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o roubo, e
(ANDRADE, C. D. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras, ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestida-
2020) de. Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por
conta própria, com suas patas; com a altivez, a serenidade e a
Em relação ao assunto da própria crônica, o cronista ressalta elegância dos gatos.
seu caráter
(ANDRADE, C. D. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras,
a) onírico. 2020)
b) fantástico.
Uma característica recorrente do gênero “crônica” que pode ser
c) hermético.
observada no texto é
d) particular.
a) a finalidade pedagógica.
e) político.
b) o tom informal.
c) o caráter prescritivo.
d) o discurso moralizante.
200. (FCC – 2022) Atenção: Para responder à questão, leia a crô-
nica abaixo. e) a linguagem rebuscada.
Um jornal é lido por muita gente, em muitos lugares; o que
ele diz precisa interessar, senão a todos, pelo menos a um cer-
to número de pessoas. Mas o que me brota espontaneamente 201. (FCC – 2022) Atenção: Considere o texto abaixo para res-
da máquina, hoje, não interessa a ninguém, salvo a mim mes- ponder à questão.
mo. O leitor, portanto, faça o obséquio de mudar de coluna. Neide Gondim faz parte da primeira geração de pensado-
Trata-se de um gato. res da Universidade Federal do Amazonas empenhados em
Não é a primeira vez que o tomo para objeto de escrita. pensar a Amazônia em um movimento inverso do que, cos-
Há tempos, contei de Inácio e de sua convivência. Inácio esta- tumeiramente, é feito, ou seja, de dentro para fora. Sua obra
va na graça do crescimento, e suas atitudes faziam descobrir reflete sobre o que pensavam os europeus que chegaram até
um encanto novo no encanto imemoriala dos gatos. Mas Inácio a Amazônia pela primeira vez no século 16. Esses conquistado-
desapareceu − e sua falta é mais importante para mim do que res ganharam a vez de contar a história e o fizeram do ponto
as reformas do ministério.b de vista de onde partiram.
Gatos somem no Rio de Janeiro. Dizia-se que o fenômeno Em livros como “A invenção da Amazônia”, Neide Gondim
se relacionava com a indústria doméstica das cuícas, localizada reconstrói brilhantemente os caminhos desse pensamento,
nos morros. Agora ouço dizer que se relaciona com a vida cara que veio a fundar uma tradição estética sobre a Amazônia, em
e a escassez de alimentos. À falta de uma fatia de vitela, há que predomina o paradoxal, o hiperbólico, o contraditório, o
indivíduos que se consolam comendo carne de gato, caça tão infernal e o paradisíaco. A autora redesenha o pensamento
esquiva quanto a outra. europeu dos homens que se atiraram ao mar em busca de
O fato sociológico ou econômico me escapa. Não é a sorte comprovar as teorias especulativas sobre o mundo medieval.
geral dos gatos que me preocupa. Concentro-me em Inácio, Ela identifica em sua bagagem duas lupas iluminadas pelo
em seu destino não sabido. imaginário fantástico: as escrituras bíblicas e o Oriente conhe-
cido por meio de livros e relatos de viagens.
Eram duas da madrugada quando o pintor Reis Júnior, que
passeia a essa hora com o seu cachimbo e o seu cão, me É por meio dessa literatura, que serve até hoje de docu-
bateu à porta, noticioso.c Em suas andanças, vira um gato cor mento histórico, que Neide Gondim vai trançando as imagens
de ouro como Inácio − cor incomum em gatos comuns − e se que se projetaram sobre o país das amazonas nas Américas e,
dispunha a ajudar-me na capturad. Lá fomos sob o vento da desse modo, descortina as representações europeias sobre a
praia, em seu encalço. E no lugar indicado, pequeno jardim região que hoje conhecemos como Amazônia.
fronteiro a um edifício, estava o gato. A luz não dava para iden- A autora identifica uma obsessão do europeu medieval:
tificá-lo, e ele se recusou à intimidade. Chamados afetuosos encontrar o paraíso sobre a terra, longe da fome e da peste
não o comoveram; tentativas de aproximação se frustraram. que assolavam a Europa medieval.
Ele fugia sempre, para voltar se nos via distantes. Amava. Quando se aventuraram mais adentro das Américas,
Seria iníquo apartá-lo do alvo de sua obstinada contem- os europeus pensaram ser o grande rio um mar de águas
plação, a poucos metros. Desistimos. Se for Inácio, pensei, doces. Nele buscaram encontrar a exuberância fantástica da
dentro de um ou dois dias estará de voltae. Não voltou. Índia e as guerreiras amazonas, cuja imagem carregavam con-
Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, sigo devido à forte influência da Grécia Antiga.
no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritó- O primeiro relato data de 1542, do cronista Gaspar de
rio, e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que Carvajal, que acompanhava Francisco de Orellana na primeira
impulso para a cultura. É o movimento civilizado de um orga- descida pelo rio, vindo do Peru em direção ao Atlântico. Neide
nismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece Gondim identifica os mesmos recursos utilizados por Marco
de suplemento de informação. Livros e papéis, sim, benefi- Polo ao falar sobre o Oriente nas descrições de Carvajal. Car-
ciam-se com a sua presteza austera. Mais do que a coruja, o vajal afirma ter guerreado com as amazonas; dá a localização
gato é símbolo e guardião da vida intelectual. do Rio de Ouro que levaria até Manoa, a capital de ouro das
Depois que sumiu Inácio, esses pedaços da casa se desva- amazonas; ao mesmo tempo, descreve o curso dos rios com
lorizaram. Falta-lhes a nota grave e macia de Inácio. É extraor- precisão de navegador.
dinário como o gato “funciona” em uma casa: em silêncio, Muitas teorias floresceram durante os séculos seguin-
indiferente, mas adesivo e cheio de personalidade. Se se agra- tes na tentativa de explicar toda a novidade encontrada nas
var a mediocridade destas crônicas, os senhores estão avi- Américas. Darwin colocou as gentes da Amazônia na primeira
sados: é falta de Inácio. Se tinham alguma coisa aproveitável idade evolutiva da humanidade; a Amazônia seria como um 79
grande museu natural. O determinismo de Buffon afirmava 203. (FCC – 2022) Para responder à questão, baseie-se no texto
que essas gentes não conseguiram evoluir em consequência abaixo.
do clima quente. Montaigne via na ausência do rei a evolução Qual é a principal obra que produzem os autores e narrado-
paradisíaca para onde o europeu deveria seguir. Locke via na res dos novos gêneros autobiográficos? Um personagem cha-
ausência do Estado a causa da degeneração daquelas gentes. mado eu. O que todos criam e recriam ao performar as suas
Tais ideias se difundiram por meio da ciência, da filosofia, vidas nas vitrines interativas de hoje é a própria personalidade.
das letras. Seus traços fantásticos são revestidos de verdade A autoconstrução de si como um personagem visível seria uma
científica a partir do argumento de autoridade. Essas ideias das metas prioritárias de grande parte dos relatos cotidianos, com-
estigmatizaram as gentes da Amazônia como primitivos, postos por imagens autorreferentes, numa sorte de espetáculo
indolentes, infantis e bestializados. Estigmatizaram também pessoal em diálogo com os demais membros das diversas redes.
a floresta como uma entidade fantástica distante e desconhe- Por isso, os canais de comunicação das mídias sociais da
cida no imaginário mundial. internet são também ferramentas para a criação de si. Esses ins-
Para Neide Gondim, a representação hiperbólica da Ama- trumentos de autoestilização agora se encontram à disposição
zônia é uma tentação de que quase ninguém escapa. Para a de qualquer um. Isso significa um setor crescente da população
autora, essa representação edênica começou no imaginário mundial, mas também, ao mesmo tempo, remete a outro senti-
medieval sobre o incompreensível Oriente e a desconhecida do dessa expressão. “Qualquer um” significa ninguém extraordi-
América. Toda essa trança imaginária é apresentada com mui- nário, em princípio, por ter produzido alguma coisa excepcional,
ta leveza e habilidade na obra de Neide Gondim. e que tampouco se vê impelido a fazê-lo para virar um persona-
gem público. A insistência nessa ideia de que “agora qualquer
(Adaptado de: DASSUEM, N. Disponível em: www.amazonamazonia.com.br.
Acesso em: 04 out. 2022.)
um pode” encontra-se no cerne das louvações democratizantes
plasmadas em conceitos como os de “inclusão digital”, recorren-
Devido às suas características, o texto configura-se, primor- tes nas análises mais entusiastas destes fenômenos, tanto no
dialmente, como âmbito acadêmico como no jornalístico.
a) uma crônica reflexiva. Em que pese a suposta liberdade de escolha de cada usuá-
rio, há códigos implícitos e fórmulas bastante explícitas para o
b) um artigo de opinião. sucesso dessa autocriação.
c) uma resenha crítica. As diversas versões dessas personalidades que performam
d) um relato subjetivo. em múltiplas telas admitem certa variabilidade individual, mas
e) uma narrativa histórica. costumam partir de uma base comum. Essa modalidade sub-
jetiva que hoje triunfa está impregnada com alguns vestígios
do estilo do artista romântico, mas não se trata de alguém que
procura produzir uma obra independente do seu criador. Ao
202. (FCC – 2022) Para responder a questão, considere o texto invés disso, toda a energia e os recursos estilísticos estão diri-
de Mario Quintana. gidos a que esse autor de si mesmo seja capaz de criar um
Velha história personagem dotado de uma personalidade atraente. Trata-se
de uma obra para ser vista e, nessa exposição, a obra precisa
Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até conquistar os aplausos do público. É uma subjetividade que se
que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenini- autocria em contato permanente com o olhar alheio, algo que
nho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas esca- se cinzela a todo momento para ser compartilhado, curtido,
mas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente comentado e admirado. Por isso, trata- se de um tipo de cons-
o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois trução de si alterdirigida, recorrendo aos conceitos propostos
guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho pelo sociólogo David Riesman, no livro A multidão solitária.
sarasse no quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde (Adaptado de: Paula Sibilia. O show do eu: a intimidade como espetáculo.
o homem ia, o peixinho o acompanhava a trote, que nem um Contraponto, edição digital)
cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como
era tocante vê-los no “17”! – o homem, grave, de preto, com uma Está correta a redação da seguinte frase:
das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra a) Têm-se que o modo de vida dos jovens mais abastados das
lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do grandes cidades estadunidenses estão no cerne do novo
peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tipo de personalidade das mídias sociais.
tomava laranjada por um canudinho especial... b) Diariamente exibe-se fotografias autorreferentes nas
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem mídias sociais, fazendo de seus autores um tipo de perso-
do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os nagem já visto no cinema e na televisão.
olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem c) Por tratar-se de uma obra à ser vista, os relatos autobiográ-
ao peixinho: ficos encontrados nas mídias sociais, precisam conquistar
“Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por grande audiência.
que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua d) Como é sabido, existe inúmeras estratégias de autopromo-
mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! ção com o intuito de aumentar a visibilidade de uma perso-
Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre nalidade virtual.
triste!...” e) Grande parte dos relatos cotidianos encontrados nas
Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou mídias sociais possui como meta a autopromoção da pró-
o peixinho n’água. E a água fez redemoinho, que foi depois sere- pria personalidade.
nando, serenando até que o peixinho morreu afogado...
(Mario Quintana. Eu passarinho. São Paulo: Ática, 2014)
204. (FCC – 2022) Atenção: Considere o texto a seguir para res-
Tendo em vista a tipologia textual, “Velha história” constitui um ponder à questão.
texto, sobretudo, Meu velho pai sabe das coisas. Eu o chamo de “velho pai”
a) informativo. não porque seja realmente velho: é como ele se chama ao
falar comigo. Às vezes usa o epíteto num modo semi-irônico,
b) narrativo. como quem põe um cachimbo na boca pra uma foto. Outras
c) dissertativo. vezes é mais a sério − acende o cachimbo. Na semana passada,
d) injuntivo. por exemplo, me escreveu a uma e meia da manhã pedindo
para lhe mandar um x-salada: “Alimente seu velho pai”. Meu
e) expositivo.
velho pai não usa Uber Eats, iFood, Rappi ou qualquer uma
80 “dessas coisas”.
Meu velho pai tá injuriado com o furdunço global que esta- Na leitura do trecho, evidenciam-se elementos que o caracteri-
mos vivendo e tem uma proposta bem razoável para minorá- zam como narrativo
-lo. “Cinco anos sem inventarem nada. Nada. Todo mundo fica a) pela presença de interlocutores específicos, destacados no
com o celular que tem, com o Android que tem, o IOS que vocativo “senhores”, estabelecendo relação entre o narra-
PORTUGUÊS
tem, com os aplicativos que tem e os canais de televisão que dor e os leitores.
tem. Quando a gente aprender a usar tudo, assistir a todas as
séries, ler todos os livros, ouvir todos os podcasts, vê se precisa b) pelos defeitos de ortografia e figuras de retórica relatados
inventar mais alguma coisa ou para por aí mesmo”. pelo narrador, o que implicou a fraude eleitoral.
Na faculdade eu penava pra entender o que o Marx que- c) pela presença das expressões literário e elipse, quando se
ria dizer com aquele papo de “a infraestrutura produz a supe- narra a devassa exigida pelos vencidos.
restrutura”. Mais tarde entendi e era simples e verdadeiro. A d) pela presença de um espaço temporal, de fatos eleitorais e
nossa maneira de agir molda a nossa maneira de pensar. Um ações de personagens, habitantes de uma república.
pescador no século 19 se relaciona com o tempo, a comida, o e) pelo emprego de vocábulos como ducal e argentário, o que
sexo e as unhas dos pés de formas completamente diferentes denota intenções tipicamente literárias.
do que um programador de vinte e dois anos, hoje, no Vale do
Silício. É evidente que existe uma ligação direta entre a placa
do meu celular e a minha placa para bruxismo. Quando meus
dedos aflitos param de digitar, passam o turno pros dentes. 206. (FCC – 2020) Atenção: Para responder a próxima questão,
O supracitado alemão resumiu o que parecia ser o fim dos considere o texto a seguir:
tempos com a frase “tudo o que é sólido desmancha no ar”. O ILUMINAÇÃO − 7.800$000
que diria sobre nossa época em que o próprio ar se desman- A Prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou
cha, inundado por dióxido de carbono, metano, óxido nitroso um contrato para o fornecimento de luz. Apesar de ser o negó-
e sei lá mais o que? cio referente a claridade, julgo que assinaram aquilo às escu-
“Tinha que ser geral”, sugere meu velho pai, “com Biden, ras. É um BLUFF*. Pagamos até a luz que a lua nos dá.
Merkel, China, ONU, com tudo: cinco anos sem inventarem *BLUFF expressão inglesa que foi aportuguesada como
nada. Nada: que saudades da secretária eletrônica.” “blefe”: atitude enganadora, em jogo de cartas, que busca ilu-
(Adaptado de: PRATA, A. Saudades da secretária eletrônica. Disponível em: dir o adversário.
https://www1.folha.uol.com.br)
(RAMOS, G. O relatório do prefeito Graciliano Ramos. Brasília: Conselho
Federal de Administração, 2018, p.13)
No trecho destacado em, Na semana passada, por exemplo,
me escreveu a uma e meia da manhã pedindo para lhe man- Por se tratar de um fragmento de um relatório administrativo, o
dar um x-salada: “Alimente seu velho pai”, o autor recorre texto é predominantemente
a) à ironia. a) didático, porque é um excelente modelo de como se escre-
b) ao discurso direto. ver relatórios de administração pública.
c) ao eufemismo. b) informativo, porque traz dados, ações e resultados alcança-
d) ao discurso indireto. dos em um determinado período.
e) ao registro oral. c) descritivo, porque relata fatos e situações típicas de uma
cidade do interior do país.
d) argumentativo, porque apresenta análises de dados e busca
persuadir um interlocutor específico.
205. (FCC – 2020) Atenção: para responder a questão abaixo,
considere o texto a seguir: e) literário, porque foi escrito por Graciliano Ramos, célebre
escritor da Literatura Brasileira.
Nem Hazeroth nem Magog foram eleitos. As suas bolas saí-
ram do saco, é verdade, mas foram inutilizadas, a do primeiro
por faltar a primeira letra do nome, a do segundo por lhe faltar
a última. O nome restante e triunfante era o de um argentário 207. (FCC – 2019) Atenção: Para responder à questão, baseie-se
ambicioso, político obscuro, que subiu logo à poltrona ducal, no texto abaixo.
com espanto geral da república. Mas os vencidos não se con-
Sobre a presença daquele que é possivelmente seu mais famo-
tentaram de dormir sobre os louros do vencedor; requereram
so e lido livro, Pedagogia do oprimido, Paulo Freire critica aqui-
uma devassa. A devassa mostrou que o oficial das inscrições
lo que chama de uma visão “bancária” da educação, em que os
intencionalmente viciara a ortografia de seus nomes. O oficial
educadores mantêm com os alunos uma relação que detém
confessou o defeito e a intenção; mas explicou-os dizendo que
informações que são “depositadas” numa sala de aula, que está
se tratava de uma simples elipse; delito, se o era, puramente
ali para memorizar, e não aprender. “Em lugar de comunicar-
literário. Não sendo possível perseguir ninguém por defeitos de
-se, o educador faz ‘comunicados’ e depósitos que os educan-
ortografia ou figuras de retórica, pareceu acertado rever a lei.
dos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam
Nesse mesmo dia ficou decretado que o saco seria feito de um
tecido de malhas, através das quais as bolas pudessem ser lidas e repetem. Eis aí a concepção ‘bancária’ da educação, em que
pelo público, e, ipso facto, pelos mesmos candidatos, que assim a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de
teriam tempo de corrigir as inscrições. receberem os depósitos, guardá-los e arquivá- los.”
Infelizmente, senhores, o comentário da lei é a eterna malí- (ALMEIDA, C. Disponível em: Suplemento Pernambuco, p. 12, janeiro de
2019)
cia. A mesma porta aberta à lealdade serviu à astúcia de um
certo Nabiga, que se conchavou com o oficial das extrações,
Quanto ao gênero a que pertence, é correto afirmar que o texto
para haver um lugar na assembleia. A vaga era uma, os candi-
datos três; o oficial extraiu as bolas com os olhos no cúmplice, a) é argumentativo e crítico, uma vez que apresenta e desen-
que só deixou de abanar negativamente a cabeça, quando a volve ideias.
bola pegada foi a sua. Não era preciso mais para condenar a b) é informativo, pois faz referências aos fatos relevantes
ideia das malhas. A assembleia, com exemplar paciência, res- acerca do cotidiano da autora.
taurou o tecido espesso do regime anterior; mas, para evitar c) mescla objetividade e subjetividade sobre o tema da educa-
outras elipses, decretou a validação das bolas cuja inscrição ção brasileira.
estivesse incorreta, uma vez que cinco pessoas jurassem ser o
nome inscrito o próprio nome do candidato. d) é laudatório, de maneira que o uso da citação constitui pro-
cedimento característico.
(Adaptado de: ASSIS, M. de. A sereníssima república [Conferência do
Cônego Vargas]. In: Papéis avulsos. São Paulo: PenguinClassics/Companhia e) explora enunciados em que predomina a conotação, evi-
das Letras, 2011, p.204) denciando seu caráter literário. 81
208. (FCC – 2019)
21 D 67 C
A comunicação pode ser entendida como o compartilha-
mento de um significado entre dois ou mais indivíduos e, na 22 B 68 B
maioria dos casos, não ocorre espontaneamente, sem qual-
23 E 69 B
quer objetivo. Ela é iniciada por alguém que visa alcançar um
determinado resultado. 24 A 70 A
No processo de comunicação intercultural, ao comunica- 25 A 71 B
dor compete conhecer tanto a sua cultura quanto a cultura de
seu receptor. Do ponto de vista teórico, tais recomendações 26 A 72 A
não se distanciam muito do esquema elementar desenvol-
27 A 73 A
vido pelo professor Wilbur Schramm, nos primórdios dos
estudos da comunicação. Ao transmissor competia codificar 28 A 74 A
uma ideia e gerar um sinal − ou mensagem − através de um
meio, de modo que o receptor pudesse decodificá-lo e absor- 29 C 75 E
ver o seu significado. Esse processo desenrolava-se sobre 30 C 76 A
um cenário, ou contexto, e dizia-se que cabia ao transmissor
dimensionar a mensagem no nível de percepção e entendi- 31 C 77 B
mento do receptor.
32 D 78 A
São comuns, entretanto, as situações em que, em lugar de
assumir esperadas posições de competência na comunicação 33 B 79 B
intercultural, vemos transmissores emitindo mensagens que 34 A 80 A
não são compreendidas pelos seus receptores, impossibilitan-
do-os de produzir significados próprios e transformando-os 35 D 81 D
em meros repetidores do que ouvem − numa clara relação de
36 C 82 A
dominação. Os exemplos seriam muitos; para lembrar apenas
um, no campo da comunicação empresarial, podemos mencio- 37 C 83 B
nar o grande número de empresas internacionais que utiliza,
no Brasil, slogans ou lemas publicitários em inglês − sem tradu- 38 E 84 C
ção − a despeito do fato de que não mais do que dez por cento 39 D 85 B
da população seja fluente nesse idioma.
40 E 86 E
(Adaptado de: PENTEADO, J. R. W. “A comunicação intercultural: nem
Eco nem Narciso”. In: SANTOS, J. E. dos (org.). Criatividade: Âmago das
41 B 87 D
diversidades culturais − A estética do sagrado. Salvador, Sociedade de
Estudo das Culturas e da Cultura Negra no Brasil, 2010, p. 204-205) 42 B 88 E
O conteúdo do texto está organizado nos três parágrafos na 43 D 89 B
seguinte ordem:
44 E 90 D
a) descrição das etapas da comunicação; exemplo de um tipo
específico de comunicação; resumo do que foi exposto. 45 C 91 B
b) definição de comunicação; apresentação de um ideal de 46 B 92 D
comunicação intercultural; ilustração de desvio desse ideal.
47 D 93 C
c) exposição do conceito de comunicação; comparação entre
diferentes tipos de comunicação; retificação das ideias 48 A 94 A
expostas anteriormente.
49 B 95 B
d) explicação subjetiva de comunicação; introdução de uma
definição contrária à explicação anterior; detalhamento de 50 D 96 B
diferentes processos comunicativos.
51 D 97 E
e) conceituação de comunicação segundo o senso comum;
crítica a esse conceito; demonstração de um tipo de comu- 52 E 98 E
nicação não convencional.
53 D 99 E
54 D 100 B
55 E 101 B
GABARITO 56 C 102 E
57 B 103 A
1 A 11 B
58 E 104 C
2 E 12 B
59 C 105 A
3 D 13 D
60 E 106 A
4 E 14 C
61 E 107 E
5 E 15 B
62 E 108 A
6 D 16 C
63 B 109 D
7 C 17 A
64 D 110 B
8 E 18 D
65 C 111 B
9 B 19 A
66 D 112 C
10 D 20 A
82
113 E 159 B 205 D 207 A
114 E 160 B 206 B 208 B
PORTUGUÊS
115 C 161 E
116 B 162 C
117 B 163 D
ANOTAÇÕES
118 B 164 B
119 A 165 E
120 E 166 D
121 C 167 A
122 A 168 E
123 D 169 E
124 C 170 A
125 D 171 B
126 C 172 D
127 D 173 C
128 D 174 B
129 C 175 A
130 E 176 A
131 A 177 E
132 E 178 B
133 A 179 A
134 E 180 B
135 A 181 E
136 C 182 C
137 E 183 A
138 B 184 C
139 B 185 C
140 E 186 E
141 A 187 B
142 E 188 A
143 B 189 E
144 B 190 B
145 A 191 A
146 C 192 A
147 D 193 D
148 E 194 D
149 E 195 B
150 C 196 D
151 B 197 E
152 C 198 D
153 C 199 D
154 B 200 B
155 E 201 C
156 A 202 B
157 D 203 E
158 E 204 B
83
ANOTAÇÕES
84
HISTÓRIA DO BRASIL
HISTÓRIA DO BRASIL
Æ COLONIZAÇÃO E CONFIGURAÇÃO estamental com grande mobilidade, e é essa conjunção
surpreendente e mesmo paradoxal de clivagem com movi-
TERRITORIAL DA AMÉRICA PORTUGUESA mentação que marca a sua originalidade.
1. (FCC – 2021) No dia 29 de março de 1549, o fidalgo português (NOVAIS, Fernando. “Condições da privacidade na colônia”. In: MELLO e
Tomé de Souza desembarcou na Baía de Todos os Santos, no SOUZA, Laura (org). História da vida privada no Brasil, v. I: cotidiano e vida
privada na América Portuguesa. São Paulo:Companhia das Letras, 1997. p.
Porto da Barra, iniciando a implantação do Governo Geral na
30)
Colônia. A partir daí,
a) ficou estabelecido o fim das Capitanias Hereditárias, espe- II. (...) cristalizaram-se na América Portuguesa múltiplas
cialmente após o trágico episódio ocorrido com o donatário manifestações de religiosidade privada. A abundante diver-
da capitania da Baía de Todos os Santos, Francisco Pereira sidade (...) explica-se antes de mais nada, pela multiplicida-
Coutinho, morto pelos Tupinambás em Vila Velha, em 1546, de dos estoques culturais presentes desde os primórdios da
em um ritual antropofágico. conquista e ocupação do Novo Mundo, onde centenas de
b) passou a ser construída a Cidade do São Salvador, que foi etnias indígenas e africanas prestavam culto a panteões os
projetada pelo construtor Luís Dias para funcionar como mais diversos.
sede do Governo Geral na América lusitana, com prédios (MOTT, Luiz. Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu. In:
imponentes construídos na Cidade Baixa, devido ao fácil MELLO e SOUZA, Laura (org.) História da vida privada no Brasil, v. I: cotidiano
acesso ao mar. e vida privada na América Portuguesa. SãoPaulo: Companhia das Letras,
1997. p. 220)
c) houve a implantação de um sistema centralizado de poder,
por meio do qual o Governador Geral, situado na Cidade A sociedade baiana no período colonial compartilha as carac-
do São Salvador, passava a fiscalizar e organizar a Colô- terísticas enfatizadas nos trechos acima. Os trechos I e II, refe-
nia, sendo auxiliado pelo Provedor-Mor, Ouvidor-Mor e rem- se, respectivamente, a
Capitão-Mor. a) relativa mobilidade social; e a densa formação de estoque
d) chegaram padres Jesuítas que foram os mais importantes cultural por meio da conquista.
missionários na atuação religiosa na Bahia, priorizando a b) grande clivagem cultural; e a forte religiosidade no âmbito
formação educacional dos nativos e permitindo aos autóc- da vida privada.
tones autonomia para permanecer com suas crenças e
costumes. c) configuração estamental horizontal e vertical; e a singular
unidade identitária.
e) foi implementado um auxílio do governador aos povos indí-
genas, que tiveram proteção das autoridades régias contra a d) combinação ambígua de clivagem e mobilidade sociais; e a
escravização promovida pelos colonos, ficando legalizada a diversidade de cultos e crenças.
proibição dessa prática em solo baiano. e) equilibrada democracia social; e a cristalização de manifes-
tações étnico-religiosas.
De acordo com a autora, 9. (FCC – 2018) Ao longo do período colonial brasileiro, uma par-
a) os primeiros escravizados que desembarcaram na Bahia te das crianças abandonadas era deixada
após o sequestro no continente africano foram oriundos a) sob a tutela do Estado, que as entregava a orfanatos públi-
da Costa Oriental da África, onde havia homogeneidade de cos presentes nas grandes cidades brasileiras.
povos. b) em creches especialmente criadas para crianças de até 7
b) o termo “Negro da Guiné” representa uma visão pluralista, anos, o que seguia um inovador modelo francês.
usada pelos comerciantes de escravos para identificar os
c) nas portas das Santas Casas de Misericórdia, onde eram
nativos africanos.
deixadas nas rodas dos expostos.
c) os escravos traficados para Bahia foram classificados a par-
d) em Fundações de Bem-Estar do Menor, especialmente cria-
tir de uma visão homogeneizadora, que desprezava a mul-
das pela Coroa portuguesa.
tiplicidade dos povos africanos.
e) nas Câmaras municipais, que as encaminhavam para
d) o “gentio da Guiné” era o escravizado, que ao chegar em solo
serem adotadas e educadas pelas famílias ricas da cidade.
baiano, passava a ser identificado por seus traços culturais,
preservando-se o nome original do povo africano ao qual
pertencia.
e) as designações “Negro da Guiné” e “gentio da Guiné” iden- 10. (FCC – 2016) Tanto na América espanhola como na por-
tificavam os crioulos trazidos para os engenhos de cana do tuguesa, a pregação da fé cristã aos nativos contribuiu para a
Recôncavo, região de maior rentabilidade comercial para os dominação das populações indígenas por parte das metrópo-
86 lusos. les, uma vez que
a) os indígenas endossaram coletivamente a concepção Os “princípios revolucionários” da Revolução Francesa men-
difundida pela Igreja de que subordinar-se ao rei, tornar-se cionados no texto influenciaram diretamente os defensores
HISTÓRIA DO BRASIL
um súdito da Coroa, era um privilégio divino. da luta contra o domínio português. O movimento ocorrido no
b) os jesuítas e demais missionários atuaram conjuntamente século XVIII, composto por distintos setores sociais, incluindo
a serviço do Papa e do Rei, empenhando-se na dupla tarefa homens livres e libertos, que se enquadrou nesse perfil foi a
da conversão espiritual e submissão ideológica. a) Cabanagem.
c) os colonizadores lançaram mão da Guerra Justa, política b) Conjuração Baiana.
deliberada de extermínio indígena virando o seguro bran- c) Revolta dos Malês.
queamento e a cristianização das populações mestiças. d) Balaiada.
d) as autoridades coloniais reprimiram a proposta tolerante e) Revolução Praieira.
e libertária das Missões, e convenceram os padres de que
o trabalho forçado imposto aos indígenas os tornaria mais
humildes e devotos.
13. (FCC – 2018) Considere abaixo o trecho do Hino da Inconfi-
e) os cristãos novos que se instalaram nas colônias, bem como
dência Baiana.
os líderes indígenas convertidos foram responsáveis pela
difusão da imagem positiva do rei, garantindo a brusca Igualdade e liberdade / No sacrário da Razão / ao lado da Sã Jus-
diminuição de revoltas. tiça / Preenchem meu coração / (...) Se este dogma for seguido
(...) e assim que florescido / tem na América a Nação / Assim flu-
tue o pendão dos franceses / que a imitaram / depois que afoi-
tos, entraram / no sacrário da Razão.
(Apud MOURA, Clóvis. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. Edusp, 2004,
p. 205)
Æ MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS
O trecho revela as seguintes influências da chamada Incon-
11. (FCC – 2021) Considere os seguintes trechos:
fidência Baiana (1798), também conhecida como Conjuração
[…] dos fins de 1793 para começo de 1794, até julho, agosto-se- Baiana e Revolta dos Búzios:
tembro de 1797, atuou na Cidade do Salvador um pequeno gru-
a) o Império Napoleônico e o positivismo, escola que cultuava
po de “homens de consideração”, brasileiros que repudiavam
a ciência como Razão universal.
a exploração colonial e sentiam atração pela França das ideias
democrático-burguesas […]. b) a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, e a Jus-
tiça praticada pela Maçonaria, como exemplos da defesa da
[…] homens livres, mas socialmente discriminados, mulatos, igualdade em nome da Razão.
soldados, artesãos, ex-escravos e descendentes de escravos,
conceberam a ideia de uma república que garantisse igualdade. c) a Revolução Francesa e o iluminismo, corrente que cultuava
São eles que estão falando em levante em 1798. a Razão como valor universal.
d) a Revolução Pernambucana e o nacionalismo como exem-
(TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Sedição Intentada na Bahia em
1798: A Conspiração dos Alfaiates. São Paulo, Pioneira; Brasília, INL, 1975,
plos de libertação racional dos povos contra a escravidão e o
p. 95-96) colonialismo.
e) o liberalismo e a religião calvinista, crença que considerava
O autor faz uma análise da Conjuração Baiana de 1798, também Deus como símbolo da Justiça e da Razão.
conhecida como Revolta dos Búzios, indicando que existiram
duas fases do movimento. Nesse sentido,
a) os “homens de consideração” eram brancos letrados que
protagonizaram a primeira fase do movimento rebelde, Æ A COLÔNIA E O MUNDO: A METRÓPOLE, AS
encampando uma luta explícita pela liberdade e igualdade INVASÕES E OS VIZINHOS
social na Bahia.
b) as ideias democrático-burguesas defendidas pelos “homens 14. (FCC – 2016) As reformas pombalinas, no período colonial,
de consideração”, em apoio ao catolicismo e à monar- foram um conjunto de medidas decretadas pelo governo portu-
quia, ficaram conhecidas neste contexto baiano como as guês, que, entre outras mudanças, acarretaram a
“francesias”. a) fundação das companhias de comércio como a Companhia
das Índias Ocidentais, para incrementar a exploração colo-
c) o cirurgião prático e lavrador, Cipriano José Barata de Almei-
nial e as trocas comerciais.
da, foi um legítimo representante do grupo que protagonizou
a segunda fase do movimento rebelde baiana de 1798. b) proibição da instalação de manufaturas, a fim de revitalizar
o Pacto Colonial e reforçar o poder português sobre a colô-
d) a condição social e racial influenciou a condenação dos
nia, em plena atividade mineradora.
homens que foram mortos na Praça da Piedade, em 8 de
novembro de 1799, após a segunda fase do levante. c) expulsão da Companhia de Jesus do território colonial bra-
sileiro sob acusações de conspiração, e o confisco de seus
e) o mestre alfaiate, João de Deus do Nascimento, foi um rebel- bens pelo Estado.
de que representou os grupos identificados às duas fases
do movimento, pois era pardo, letrado e com uma posição d) centralização do poder sobre a colônia pela Coroa portu-
guesa mediante a extinção de órgãos administrativos e de
social de destaque nos fins do século XVIII.
cargos importantes, como o de vice-rei.
e) flexibilização da cobrança de impostos em troca de maior
apoio político da elite colonial, a fim de evitar o contrabando
12. (FCC – 2019) Por um lado, Napoleão representou o fim do e a sonegação fiscal.
processo revolucionário iniciado em 1789, impondo a unidade
das facções e um governo autoritário e personalista que nada
tinha que ver com as aspirações dos revolucionários republica-
nos radicais de 1789. Por outro lado, transformou alguns prin- Æ A FUGA DA FAMÍLIA REAL E AS REFORMAS
cípios revolucionários em instituições e leis estáveis, como o
JOANINAS
Código Civil − que regulamentou a relação entre pessoas livres
e iguais −, além de espalhar seus ideais por toda a Europa, com 15. (FCC – 2018) Em 1809, uma tropa luso-paraense ocupou a
a força de seus exércitos. Guiana Francesa a mando da Coroa portuguesa, já instalada no
(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos et al. História para o Ensino Médio. Brasil, e ali permaneceria até 1817. Dentre as razões para este
São Paulo: Atual Editora, 2013, p. 374) ato, está a 87
a) proposta de ampliação das fronteiras, defendida pelo Barão b) a marginalização econômica, uma vez que a difícil intera-
do Rio Branco. ção com o Nordeste, e a então capital brasileira, Salvador,
b) retaliação à França de Napoleão Bonaparte que, um ano dificultava as exportações e transações econômicas da
antes, invadira Portugal. região.
c) necessidade de se apropriar das ricas criações do bicho da c) a ausência de meios de transporte e comunicação ágeis que
seda presentes na Guiana. a interligassem às demais regiões do país, fator que dificul-
tou a compreensão do que consistia a independência do
d) defesa contra os espanhóis, já que os franceses haviam Brasil, quando esta ocorreu.
abdicado do território.
d) a disputa entre Maranhão e Pará pelo poder político na
e) intenção de ocupar o Suriname, já que a Coroa Portuguesa região, uma vez que não havia a presença ou a governança
era inimiga da Inglaterra. do poder imperial.
e) a deliberada postura do governo imperial em negligenciar a
Região Norte uma vez que os governadores das províncias
16. (FCC – 2017) Em plena vigência do Bloqueio Continental defendiam projetos republicanos.
imposto por Napoleão Bonaparte aos países europeus e suas
colônias, D. João, recém-chegado ao Brasil com a família real,
a) assinou o Decreto de abertura dos portos, em 28 de janeiro 19. (FCC – 2018) O processo de separação política entre Brasil e
de 1808. Portugal teve contornos específicos na Bahia, uma vez que ali
b) nomeou um ministério integrado só por brasileiros, em ocorreu
janeiro de 1809. a) um enfrentamento entre os grupos nativistas de proprie-
c) expulsou as tropas portuguesas fixadas no Rio de Janeiro, tários rurais e os comerciantes portugueses, que se trans-
em 1808. formou em uma guerra separatista que visava proclamar a
d) convocou o Conselho dos Procuradores das Províncias, em república na Bahia e separá-la do Império do Brasil.
1815. b) uma violenta rebelião popular, seguida do acordo entre os
e) convocou a Assembleia Constituinte para assessorar o Rei, grupos nativistas e os portugueses apoiados por D. Pedro
I, com o objetivo de pacificar e reunificar a Bahia sob o
em 1824.
comando das Cortes Portuguesas.
c) uma guerra civil de grandes proporções, que dividiu, de um
lado, os grandes proprietários que contavam com apoio
do Rei de Portugal, e, de outro, homens livres pobres, com
apoio das Cortes Portuguesas e dos jacobinos franceses.
Æ A CRISE DO SISTEMA COLONIAL, A CRISE
d) um conflito armado entre grupos locais, apoiados por tro-
PORTUGUESA E A PARTIDA REAL
pas enviadas por D. Pedro I, e as tropas portuguesas, que
17. (FCC – 2016) A ruptura do equilíbrio político das potências visavam impedir a consolidação da independência da Amé-
europeias, desencadeada pela Revolução Francesa, e a expan- rica Portuguesa, sob o controle do Rio de Janeiro.
são do império de Napoleão, foram fatores responsáveis, dentre e) uma revolta da população negra liderada por escravos
outros, pela vinda da família real ao Brasil, que acarretou pro- muçulmanos que lutavam por abolição e não aceitavam a
fundas modificações na vida da colônia. Entre elas, religião católica como religião oficial do novo Império do
a) a instalação da estrutura do Estado luso que reforçou a uni- Brasil.
dade e autonomia da colônia.
b) a criação da Guarda Nacional, encarregada de manter a
ordem interna local e a nacional.
c) o fim do monopólio metropolitano, a partir da abertura do Æ A CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA E A
comércio às nações amigas, em 1808.
CONSTITUIÇÃO DE 1824
d) o Tratado de 1810 com a Inglaterra que impulsionou a polí-
tica de substituição de importação. 20. (FCC – 2022) Considere o trecho da Constituição Política do
e) a conquista político-administrativa e a implantação de um Império do Brasil, outorgada em 25 de março de 1824, por D.
regime semelhante ao republicano. Pedro I:
TÍTULO 5: Do Imperador
CAPÍTULO 1: Do Poder Moderador
Art. 98: O Poder Moderador é a chave de toda a organização
política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Che-
Æ A INDEPENDÊNCIA (1822) E A GUERRA DE fe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que
INDEPENDÊNCIA incessantemente vele sobre a manutenção da Independência,
equilíbrio e harmonia dos mais Poderes Políticos.
18. (FCC – 2020) Considere o trecho a seguir:
Art. 99: A Pessoa do Imperador é inviolável, e sagrada: Ele não
(...) décadas após a independência, as comunicações entre a está sujeito a responsabilidade alguma.
sede do Império do Brasil e províncias como o Pará e o Mara-
(Disponível em: http://www.planalto.gov.br)
nhão eram rarefeitas e difíceis. Também após a independência,
no Parlamento, há queixas constantes em relação ao tempo
De acordo com essa Constituição, o Imperador passava a
para obter respostas de autoridades do extremo norte, que
poderiam levar quase um ano. a) zelar pelo Poder Executivo, que deveria moderar os outros
poderes políticos (Legislativo e Judiciário) e reagir a qual-
(MACHADO, André Roberto de A. Para além das fronteiras do Grão-pará: o quer ameaça que recaísse sobre a independência nacional.
peso das relações entre as províncias no xadrez da independência (1822-
1825). Outros Tempos, v. 12, n. 20, 2015. p. 6) b) assumir o cargo de Chefe Supremo da Nação e, como tal,
garantir o equilíbrio e a harmonia entre todos os poderes
Um dado importante na história da Região Norte, ressaltado no que regiam o império: o Moderador, o Executivo, o Legislati-
trecho acima, é vo e o Judiciário.
a) o isolamento político da região em relação ao governo c) ocupar um cargo sagrado, por isso era escolhido pelos
imperial, o que contribuía para diversas tensões, como se outros poderes para exercer o Poder Moderador, ainda que
88 deu no processo de independência. estivesse sujeito à aprovação da Nação que representava.
d) honrar a condição de Primeiro Representante da Assem- b) desempenhou o papel de verdadeiro partido político, aglu-
bleia Nacional, responsável pelo cumprimento da justiça, e tinando em seu interior as correntes de pensamento e ação
HISTÓRIA DO BRASIL
isento de outras responsabilidades a fim de garantir inter- que podiam, de fato, colocar o país nos rumos da emancipa-
namente a manutenção do novo sistema político que então ção política.
surgia. c) comandou a luta pela emancipação política no país, fazen-
e) ser o detentor exclusivo do Poder que poderia interferir do prevalecer o modelo político dos radicais liberais, que
nos outros poderes políticos existentes (Executivo, Legisla- defendia profundas mudanças sociais como o fim do traba-
tivo e Judiciário), sem estar sujeito a controles de natureza lho escravo.
jurídica. d) procurou evitar que o processo da independência fosse con-
duzido pelos setores mais extremados, defensores do restabe-
lecimento da liberdade de mercado e da igualdade de direitos.
21. (FCC – 2018) Leia os artigos 98 e 99 da Constituição do Impé- e) tinha uma posição claramente antiabsolutista e defendia a
rio do Brasil, outorgada em 1824: instauração de um governo que promovesse mudanças que
garantissem a autonomia administrativa e política do Brasil.
Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização
Politica, e é delegado privativamente ao Imperador, como Che-
fe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que
incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, 23. (FCC – 2016) A Constituição de 1824 procurou garantir a
equilíbrio, e harmonia dos mais Poderes Políticos. liberdade individual, liberdade econômica e assegurar, plena-
mente, o direito à propriedade.
Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada: Ele não
está sujeito a responsabilidade alguma. Para os homens que fizeram a independência, gente educada à
moda européia e representante das categorias dominantes, os
(Grafia original extraída de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ direitos a propriedade, liberdade e segurança garantidos pela
constituicao24.htm)
Constituição eram bem reais. Não importava a essa elite se a
maioria da nação era composta de uma massa humana para a
Conforme os artigos acima, o Poder Moderador era
qual os direitos constitucionais não tinham a menor validade.
a) equivalente aos outros Poderes políticos, embora fosse
A Constituição afirmava a liberdade e a igualdade de todos
delegado ao Imperador, que estava sujeito ao controle da
perante a lei, mas a maioria da população permanecia escrava.
Assembleia.
Garantia-se o direito à propriedade, mas 95% da população,
b) uma forma de tutela política sobre os outros poderes,
quando não eram escravos, compunham-se de ‘moradores’ de
exclusiva ao Imperador, que não poderia ser submetido a fazenda, em terras alheias [...] garantia-se a segurança indivi-
nenhum controle constitucional ou jurídico. dual, mas podia-se matar um homem sem punições. Aboliam-se
c) superior aos Poderes Políticos mas exclusivo ao Poder Exe- as torturas, mas nas senzalas os instrumentos de castigo, o tron-
cutivo, devendo ser utilizado para resolver conflitos no seio co, gargalheira e o açoite continuavam sendo usados, e o senhor
do Império. era o supremo juiz da vida e da morte de seus homens. [...]
d) um modelo de organização política que viabilizava a Inde- (Adaptado de: COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação
pendência, considerada sagrada pela Constituição, e que política. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org,). Brasil em perspectiva. São
Paulo: Difel, 1978, p. 123-4)
tinha como função prática substituir o Poder Judiciário.
e) presidido pelo Imperador, que estava acima da constituição, Segundo o texto, no Brasil, a elite intelectual do império, porta
e exercido de forma colegiada com os outros Poderes Políti- voz das categorias dominantes,
cos, visando a harmonia da organização política nacional. a) procurou defender o direito de liberdade aos grupos ligados
às exportações e promover o desenvolvimento da produção
manufatureira no país.
22. (FCC – 2016) O texto abaixo refere-se à questão. b) elaborou um conjunto de normas e leis que ampliava os
(...) Mas, foi após a Revolução do Porto, com a criação do Gran- direitos para a maioria da população e permitia a acesso de
de Oriente do Brasil, órgão que reunia as principais lojas todas as pessoas à justiça.
brasileiras, que a maçonaria se destacou no movimento de c) aprovou um conjunto de normas que garantia direitos polí-
independência. ticos à oligarquia rural e reduzia as desigualdade entre o
povo da cidade e do campo.
Em torno do Grande Oriente aglutinou-se o grupo dos ativis-
tas liberais de Gonçalves Ledo e Cunha Barbosa, cujas posições, d) estabeleceu direitos e garantias individuais, mas, postergou
entretanto, eram consideradas “radicais”pelos liberais conser- o processo de democratização política com o objetivo de se
vadores. Para distinguir-se deles, e também para pôr em práti- perpetuar no poder.
ca seu próprio programa político; os conservadores romperam e) criou todo um conjunto de direitos políticos que mascarava
com o Grande Oriente e organizaram outra sociedade secreta, o as contradições sociais do país e ignorava a distância entre
Apostolado, liderada por José Bonifácio. a lei e a realidade.
Tanto Ledo como Bonifácio procuraram atrair dom Pedro para as
fileiras de suas organizações. O príncipe aceitou participar das
duas, filiando-se ao Apostolado e também ao Grande Oriente. 24. (FCC – 2016) A Constituição de 1824 procurou garantir a
Mais tarde, já imperador, cedendo à insistência de José Bonifá- liberdade individual, liberdade econômica e assegurar, plena-
cio, reprimiu duramente os liberais de Gonçalves Ledo. O Grande mente, o direito à propriedade.
Oriente foi fechado e ledo teve de se refugiar em Buenos Aires. Para os homens que fizeram a independência, gente educada à
(TEIXEIRA, Francisco M. P. Brasil, História e Sociedade. São Paulo: Ática, 2001, moda européia e representante das categorias dominantes, os
p. 160) direitos a propriedade, liberdade e segurança garantidos pela
Constituição eram bem reais. Não importava a essa elite se a
Para o autor do texto, nas condições em que se deu a indepen- maioria da nação era composta de uma massa humana para a
dência, a maçonaria qual os direitos constitucionais não tinham a menor validade.
a) despertou interesses conflitantes tanto na área políti- A Constituição afirmava a liberdade e a igualdade de todos
ca como no setor econômico, ao empenhar-se a favor da perante a lei, mas a maioria da população permanecia escrava.
monarquia e do centralismo na condução do processo de Garantia-se o direito à propriedade, mas 95% da população,
separação brasileira. quando não eram escravos, compunham-se de ‘morado-
res’ de fazenda, em terras alheias [...] garantia-se a segurança 89
individual, mas podia-se matar um homem sem punições. temos o surgimento de uma questão também atinente à repro-
Aboliam-se as torturas, mas nas senzalas os instrumentos de dução das estruturas econômicas do Império: a da terra. A Lei
castigo, o tronco, gargalheira e o açoite continuavam sendo 601 de 18 de setembro de 1850 obrigava ao registro de todas as
usados, e o senhor era o supremo juiz da vida e da morte de seus terras efetivamente ocupadas e impedia a aquisição das ter-
homens. [...] ras devolutas (baldios) a não ser por compra. Com tal legisla-
(Adaptado de: COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação ção pretendia-se garantir a subordinação do trabalhador livre
política. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org,). Brasil em perspectiva. São Paulo: (imigrante ou ex-escravo) enquanto produtor de sobre trabalho
Difel, 1978, p. 123-4) para outro. Dificulta-se, assim, o acesso do trabalhador livre
à terra, garantindo-se a sobrevivência da grande lavoura e de
Pode ser associada corretamente à Constituição de 1824 que o seu grupo social frente ao definhamento da escravidão: o grupo
texto se refere:
social dominante do Império escravista, grosso modo, poderia
a) Na nova realidade os agrupamentos políticos se definiram manter esta posição mesmo após o fim da escravidão.
com mais nitidez: os moderados uniram-se na Sociedade
(FRAGOSO, João Luís e SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. A política
Defensora, os liberais se agruparam na Sociedade Conser-
no Império e no início da República Velha,dos barões aos coronéis. In:
vadora e os exaltados se uniram nas Sociedades Federais. LINHARES, Maria Yedda (org.) História do Brasil. Rio de Janeiro: Campus,
b) Nossas instituições vacilam, o cidadão vive receoso, assus- 1990, p. 184)
tado e o governo consome o tempo em vãs recomendações
sobre leis adaptadas às necessidades públicas, pois o vulcão O texto permite afirmar que, os vínculos dominantes e íntimos
da anarquia ameaça devorar o Império. das elites econômicas com o Estado deram conteúdo à forma
imperial do Brasil independente a
c) A elaboração da Constituição provocou a luta das camadas
dominantes locais pela preservação da autonomia provin- a) imigração e a urbanização alteraram a realidade social bra-
cial e a luta das camadas populares para alterar o quadro sileira e trouxeram uma nova ordem de problemas, pois, as
social e garantir o direito de liberdade para a sociedade. oligarquias, principalmente as ligadas à lavoura cafeeira
d) A outorga da Constituição reforçou a reação nordestina e para manter seu poder econômico, estimularam o desen-
os acontecimentos mais uma vez colocaram Pernambuco volvimento industrial, no Segundo Reinado.
como centro de repulsa às arbitrariedades do poder central, b) conciliação entre a modernização dos meios de produção
resultando, daí, a Confederação do Equador. e a escravidão, pois, estimulada pela forma democrática e
e) A reforma da Constituição (Ato Adicional, 1834) trouxe de descentralizada do parlamentarismo, no Segundo Reinado,
volta a centralização do poder, contra a qual, os grupos mais garantia ao imperador governar em sintonia com os inte-
radicais da sociedade civil revoltaram-se e promoveram resses econômicos das elites e os da população.
as revoltas liberais e populares em São Paulo e em Minas c) expressão política das estruturas de poder da ordem oli-
Gerais em 1842. gárquica brasileira, pois, com o controle político, as elites,
especialmente a cafeeira, puderam acionar mecanismos
para garantir e maximizar seus lucros e suas fontes de
poder, firmando o caráter oligárquico do Segundo Reinado.
d) ideia do escravismo como única forma de trabalho possível
Æ POLÍTICA E ECONOMIA NO PRIMEIRO começou a se fortalecer, pois com o controle político as eli-
REINADO tes oligárquicas, impulsionadas pela necessidade de mão
de obra para as lavouras, impuseram a manutenção das
25. (FCC – 2016) A Proclamação da Independência garantiu, de formas de escravidão no Segundo Reinado.
um lado, a autonomia brasileira em relação a Portugal, inviabi-
lizando a recolonização que ameaçava os interesses das elites e) questão da terra e do trabalho escravo marcou os proble-
nacionais; de outro, transformou D. Pedro I, no eixo da ordem mas sociais do Segundo Reinado, pois, com a ascensão da
política que nascia sem as amarras do dirigismo das cortes por- oligarquia cafeeira, os trabalhadores livres ou ex-escravos
tuguesas. Neste período (Primeiro Reinado) da história brasileira, passaram a reivindicar seus direitos e desestruturar o sis-
tema de produção escravista, vigente desde a colonização.
a) deu-se basicamente a consolidação da independência e
a inserção da nova nação ao sistema internacional, que
também havia sofrido profundos abalos, sem os entraves
colonialistas.
b) observa-se a intensificação das lutas políticas e sociais pelo
predomínio político no cenário nacional, com a vitória das Æ ECONOMIA NO SEGUNDO REINADO E A
forças oligárquicas, que passaram a controlar a estrutura de QUESTÃO DA IMIGRAÇÃO
poder no Brasil.
27. (FCC – 2016) A partir da segunda metade do século XIX, o
c) consolida-se o domínio oligárquico ao se estabelecer um
Brasil passou por um processo de modernização da infraes-
governo de conciliação dos dois partidos dominantes no
Império e aglutinar a burocracia estatal e os fazendeiros trutura produtiva e urbana, com construção de ferrovias para
ligados à lavoura de exportação. escoar a produção e instalação de serviços, como iluminação
e transporte público urbano em cidades como Rio de Janeiro e
d) verifica-se uma modificação nas relações de dependência São Paulo.
entre o país e o núcleo capitalista liderado pela Inglaterra e
um rearranjo econômico incentivado pelas forças produti- Contribuiu para esse processo de modernização do país,
vas ligadas à lavoura açucareira. principalmente,
e) percebe-se que o poder público era um meio através do a) a expansão da produção da indústria manufatureira, bem
qual os interesses e lucros particulares eram maximizados como a integração do mercado consumidor interno.
e visto como forma de impedir a participação odos setores b) a criação de empresas anônimas nacionais financiadas por
populares na vida política do país. capitais externos de franceses e ingleses.
c) a implantação de tecnologia de ponta na produção indus-
trial, bem como a ajuda financeira dos Estados Unidos.
Æ POLÍTICA NO SEGUNDO REINADO d) os capitais resultantes da exportação de café e de emprésti-
mos externos feitos junto a banqueiros ingleses.
26. (FCC – 2016) O texto abaixo refere-se à questão. e) o desenvolvimento e a construção de portos para a
É em meio e ligado ao processo de crise da escravidão, efeti- exportação, bem como os empréstimos de banqueiros
90 vamente sacramentado pela extinção do tráfico negreiro, que norte-americanos.
Æ QUESTÃO DA ESCRAVIDÃO a) a repressão ao tráfico internacional pela Lei Eusébio de
Queiróz, a abundância de escravos na Bahia, destino impor-
HISTÓRIA DO BRASIL
28. (FCC – 2022) No início do século XIX, o Império Britânico era tante na rota do tráfico internacional, e o crescimento da
hegemônico em termos comerciais e militares, e passou a com- economia cafeeira no Sudeste.
bater o tráfico de escravos principalmente por causa
b) a crise da produção canavieira na costa litorânea nordesti-
a) da ameaça que os traficantes negreiros exerciam sobre na, a resistência africana aos traficantes e o baixo preço do
a Marinha inglesa, uma vez que ditavam as regras nos escravo oriundo da Bahia.
entrepostos comerciais e sistematicamente atacavam e
c) o excedente de mão de obra em algumas províncias, como a
pilhavam, com suas embarcações fortemente armadas, os
Bahia, a facilidade da navegação de cabotagem e a necessi-
navios mercantes britânicos.
dade de braços para expansão das ferrovias no eixo Rio-São
b) da combinação de interesses relacionados ao processo de Paulo.
industrialização e expansão dos mercados, de pressões da
opinião pública interna e de demandas de representantes d) o controle exercido pela Inglaterra após a Lei Bill Aberdeen,
das colônias britânicas no Parlamento, então prejudicados a mudança do eixo econômico, do nordeste para o sudeste,
por concorrentes estrangeiros. com a recente descoberta de ouro, e o aumento da procura
por escravos urbanos existentes na Bahia.
c) da independência das Treze Colônias que, ao se tornarem
os Estados Unidos da América, aboliram formalmente a e) o cumprimento da Lei Feijó, que proibia a compra de escra-
escravidão e o tráfico em suas terras, criando uma econo- vos ultramar, o interesse do governo imperial em diminuir
mia forte, com uma indústria em expansão que se tornava a população negra baiana e o surgimento de engenhos na
potencialmente competitiva com a Inglaterra. região sudeste.
d) do crescimento econômico do Império do Brasil, cuja elite
comercial dominava o tráfico atlântico de escravos, utili-
zando seus enormes lucros em investimentos agrícolas e 31. (FCC – 2018) O movimento abolicionista, no contexto dos
fabris que ameaçavam os interesses comerciais britânicos anos 1880, foi
na América do Sul.
a) protagonizado por liberais de vários grupos sociais (traba-
e) dos propósitos ingleses na África subsaariana, onde visa- lhadores e proprietários) que reivindicavam o fim da escra-
vam expandir suas colônias, aliando-se, para isso, aos rei- vidão e da Monarquia.
nos locais que lutavam contra os traficantes portugueses e
b) organizado exclusivamente por ex-escravos libertos e
espanhóis.
mulatos livres que assumiram o combate à escravidão e
apregoavam a democracia racial.
c) apoiado pelo governo imperial brasileiro para responder
29. (FCC – 2022) O Movimento Abolicionista foi resultado de politicamente à pressão do governo inglês, que combatia a
uma grande mobilização social pelo fim da escravidão no Impé- escravidão e o tráfico.
rio do Brasil, e pode ser caracterizado como um movimento
d) patrocinado pelo Partido Republicano Paulista para impor a
a) constituído por várias classes e grupos sociais, presente solução imigrantista e republicana como saída para a crise
em várias regiões do Império, com a participação de repu- da exportação de café.
blicanos e monarquistas, que combinou ações pacíficas,
luta parlamentar e promoção de rebeliões em massa de e) composto por republicanos e monarquistas contrá-
escravos. rios à escravidão e defensores do direito à cidadania do
ex-escravo.
b) concentrado no Rio de Janeiro e em São Paulo, composto
majoritariamente por negros libertos e trabalhadores livres
pobres, favoráveis à descentralização política do Império,
ao voto universal e ao rompimento com a dinastia portu- 32. (FCC – 2018) A multiplicidade de formas assumidas pela
guesa dos Bragança. escravidão no Brasil do século XIX tornou impossível sua con-
c) conduzido por fazendeiros paulistas liberais e militares ceituação jurídica. A definição tradicional − escravo é o ser
positivistas contrários à escravidão, pois a consideravam humano desprovido de liberdade e de propriedade − não dava
responsável pelo atraso econômico brasileiro e um obstá- mais conta da realidade, se é que algum dia chegou a dar.
culo para o branqueamento gradual da população. (GRINBERG, Keila. Código Civil e Cidadania. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
d) integrado por libertos, quilombolas e escravos, liderados p. 57)
unicamente por intelectuais negros republicanos que mili-
tavam na imprensa e defendiam a abolição e a reforma No âmbito da “multiplicidade de formas assumidas pela escra-
agrária para a plena inserção do negro na sociedade, como vidão no século XIX”, sobretudo em meio urbano, existia a pos-
cidadão. sibilidade de
e) organizado por intelectuais católicos e padres progressis- a) escravidão por dívidas, bem como a possibilidade de escra-
tas, sob a liderança da Princesa Isabel, que defendia uma vidão por contrato e por tempo determinado, reservada aos
transição gradual para o trabalho livre, a vinda de imigran- imigrantes pobres.
tes europeus e condenava a escravidão por motivos de b) concessão de alforria sem a devida libertação do escravo,
consciência e moral cristã. bem como a reescravização, pelo Estado, de libertos que
não conseguissem trabalho.
c) empréstimo de escravos aos mais variados fins, bem como
30. (FCC – 2018) Segundo pesquisas históricas sobre a escravi- a possibilidade de muitos escravos venderem a si mesmos
dão, nos primeiros quatro meses de 1852, de um total de 1660 para outros senhores, quando indignados com o excesso de
escravos chegados ao Rio de Janeiro e vindos de outras partes castigos físicos.
do Brasil, 1376 eram oriundos dos portos da chamada região d) trabalho compulsório na forma de servidão feudal, bem
Norte do Império (que abarcava, à época, o atual Nordeste.), como a escravidão indígena, alimentada pelas guerras
sendo 691 provenientes da Bahia. coloniais do Império brasileiro na América Hispânica.
(Dados adaptados de: MOURA, Clóvis (org.). Dicionário da Escravidão no e) aluguel dos serviços do escravo a outros senhores, bem
Brasil. Edusp, 2005, p. 396)
como a possibilidade de que escravos trabalhassem para
si, acumulando o chamado “pecúlio” para futura compra de
Entre as causas do crescimento do tráfico interprovincial, no
alforria.
período mencionado e com as características descritas acima,
estão 91
33. (FCC – 2018) A “Carta de Alforria” pode ser definida como um b) ao Ato do Ventre Livre.
documento c) à Tarifa Alves Branco.
a) registrado em cartório, que regularizava a manumissão do d) à Questão Christie.
escravizado como uma prerrogativa da Coroa.
e) ao Bill Aberdeen.
b) oficial do Ministério da Justiça, que regularizava a manu-
missão do escravizado como uma prerrogativa do senhor,
desde que chancelada pelo Estado. 37. (FCC – 2016) Considere o texto a seguir:
c) emitido pelo pároco local, que regularizava a manumissão “(...) a especialização do escravo é determinada segundo as
do escravizado como uma prerrogativa da Igreja Católica, necessidades do mercado ou a boa vontade de seu senhor. Esta
reservada a escravos batizados. imensa possibilidade de transferência tem uma influência
d) escrito, que regularizava a manumissão do escravizado reguladora sobre o mercado, onde a demanda varia de acordo
como uma prerrogativa do senhor, revogável a qualquer com a conjuntura e a concorrência. O escravo é, às vezes, sim-
momento por este. plesmente alugado (...). É possível alugá-lo ao dia, à semana, ao
e) redigido à mão, que regularizava a manumissão do escravi- mês, ao ano ou por mais tempo.”
zado como uma prerrogativa das Câmaras de Vereadores. (MATTOSO, Kátia de Queirós. Ser escravo no Brasil. Trad. São Paulo:
Brasiliense, 3.ed, 1990, p. 141)
HISTÓRIA DO BRASIL
Brasil, estiveram relacionados, respectivamente, do à maioria da população negra migrar para o interior e o
a) à crescente influência do positivismo no Exército Brasileiro nordeste do país, concentrando-se no meio rural, em mini-
e à presença de maçons em cargos políticos importantes fúndios precários, sob condições de miséria.
ligados ao Imperador, criticados pela Igreja Católica. d) os cidadãos negros não puderam ter acesso à legislação tra-
b) à derrota dos militares na Guerra do Paraguai e à separação balhista e à Carteira de Trabalho instituídas por essa consti-
entre Estado e Igreja desde a Constituição de 1824. tuição para regulamentar o trabalho assalariado em massa,
tornando-se, assim, mão de obra barata e relegada à econo-
c) à insatisfação dos militares com a proposta de dissolução
do Exército por parte da Nobreza e a proibição, por Dom mia informal.
Pedro II, de padres participarem da política. e) o direito ao voto era privilégio exclusivo de uma elite letrada,
d) à reivindicação por melhores salários e certos privilégios, excluindo, além dos analfabetos (dentre os quais se encon-
por parte dos oficiais do Exército, e a contestação do poder e trava a maioria da população negra), mulheres, soldados e
da autoridade religiosa do Papa em território nacional, pelo religiosos.
Imperador.
e) às aspirações expansionistas defendidas pelo Exército, que
contrariavam a política imperial, e o casamento do Impera- 43. (FCC – 2016) Na historiografia encontra-se com alguma fre-
dor com uma herdeira dos Bourbon, de religião protestante. quência o termo “república oligárquica” usado para designar, na
história do Brasil, o período
a) dos primeiros anos do regime republicano, também deno-
40. (FCC – 2019) O Estado brasileiro, no período após a indepen- minado de República da Espada, em que predominou o uso
dência e antes da Proclamação da República, tinha como carac- da força por tropas tenentistas que detinha o poder regio-
terísticas políticas nalmente e eram reconhecidas como oligarquias locais.
a) a ausência de separação entre Igreja e Estado, e a vigência b) que tem início com a Proclamação da República, sendo
do Código Manuelino como lei geral do Brasil. também identificado como Primeira República e marcado
b) a sucessão de governos parlamentares, sob tutela monár- pelo predomínio de oligarquias no poder, a exemplo das eli-
quica, que buscaram assegurar a manutenção do trabalho tes cafeeiras de São Paulo e de Minas Gerais.
escravo, e a ocupação de cargos políticos por representan- c) entre 1899 e o fim do Estado Novo, fase da história em que o
tes da maçonaria. Brasil não teve uma república democrática e sim um longo
c) o vínculo formal com Portugal, uma vez que não se tratava regime populista marcado pelo autoritarismo e pela predo-
de um estado soberano e sim de “Reino Unido”, e a tradição minância dos interesses oligárquicos, bem como práticas
do voto censitário nas eleições municipais. políticas condenáveis, como o coronelismo.
d) a disputa constante de poder entre um partido conserva- d) que começa com a decadência do Império e se encerra com
dor, monarquista, e outro liberal, republicano, e proble- a Revolução do 1930, fase de predomínio da oligarquia com-
mas legais de indefinição das fronteiras no sul do território posta por descendentes da Coroa, que introduziu a política
brasileiro. dos governadores e nomeou Interventores nos estados da
federação.
e) a existência de um exército nacional forte, responsável por
anexações de territórios originais da América Hispânica, e e) entre o golpe militar denominado proclamação da Repúbli-
oferta de ensino público e universal ca e o advento da chamada Nova República, em 1988, uma
vez que a maioria dos historiadores entende que esse foi
um longo período em que a oligarquia em questão se referia
ao exército, representado, de inicio, por marechais e, ao fim,
por generais.
Æ PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, OS GOVERNOS
MILITARES E A CONSTITUIÇÃO DE 1891
41. (FCC – 2018) A constituição de 1891 EXCLUIU as seguintes
categorias do corpo eleitoral: mendigos, analfabetos, Æ A POLÍTICA E O SISTEMA DE
a) militares de baixa patente e membros do clero regular. GOVERNABILIDADE DA PRIMEIRA REPÚBLICA
b) mulheres e soldados do exército republicano.
44. (FCC – 2019) Considere o trecho a seguir.
c) cidadãos que não comprovassem renda de 100 mil réis
Neste regime, […] a verdadeira força política, que no apertado
anuais, e escravos.
unitarismo do Império residia no poder central, deslocou-se
d) religiosos vinculados às diferentes crenças, e estrangeiros. para os Estados. A política dos Estados, isto é,a política que for-
e) imigrantes não naturalizados, e libertos. tifica os vínculos de harmonia entre os Estados e a União é, pois,
na sua essência, a política nacional.
(SALES, Campos. Mensagem de 3 de maio de 1902. In: ____. Manifestos e
mensagens. São Paulo: Fundap/Imprensa Oficial, 2007, p. 202)
42. (FCC – 2016) Após a abolição da escravidão, boa parte da
população negra no Brasil continuou marginalizada social,
O trecho acima revela uma estratégia política do Presidente
política e economicamente. Apesar de a Constituição de
Campos Sales, no começo da república brasileira, para pacifi-
1891atestar que todos eram iguais perante a lei, durante a Pri-
car as facções regionais e organizar sua relação com o poder
meira República,
central. Essa estratégia ficou conhecida na historiografia como
a) eventos como a Revolta da Armada demonstraram a per- Política
manência de práticas escravocratas como o uso do castigo
físico pela Marinha brasileira, a excessiva exploração do tra- a) das Salvações.
balho braçal e a diferença de tratamento entre trabalhado- b) do Café com Leite.
res brancos e negros. c) dos Governadores.
b) as grandes instituições de ensino não aceitavam alunos “de d) da Boa Vizinhança.
cor”, restando aos negros as escolas públicas de estrutura
e) da Espada.
precária e qualidade de ensino insatisfatória criadas espe-
cialmente para essa população. 93
45. (FCC – 2018) A chamada “Política dos Governadores” foi uma e) promoveu o diálogo e as negociações entre grupos oligár-
estratégia implementada pelo presidente Campos Salles (1898- quicos que, durante o período monárquico, promoveram
1902) como forma de resolver os conflitos entre o poder central sérios conflitos.
e as forças políticas regionais que marcaram o início da repúbli-
ca no Brasil. Essa política foi
a) marcada por um conjunto de intervenções militares articu- 48. (FCC – 2018) Referindo-se à Constituição de 1891, José Afon-
ladas pelo Governo Federal nos estados que se recusavam a so da Silva faz o seguinte comentário:
apoiar as medidas nacionalistas ecentralistas do Presiden-
te da República. O coronelismo fora o poder real e efetivo, a despeito de as nor-
mas constitucionais traçarem esquemas formais da organiza-
b) produto de um pacto que implicava no apoio do governo ção nacional com teoria e divisão de poderes e tudo. A relação
federal aos grupos políticos dominantes em cada estado, de forças dos coronéis elegia os governadores, os deputados
mesmo que estes se valessem de fraudeseleitorais, em tro- e os senadores. Os governadores impunham o presidente da
ca do apoio aos projetos do governo Federal no Congresso República. Nesse jogo, os deputados e senadores dependiam
Nacional.
da liderança dos governadores. Tudo isso forma uma Constitui-
c) caracterizada pela troca de favores entre o Presidente da ção material em desconsonância com o esquema normativo da
República e os governadores dos Estados produtores de Constituição então vigente e tão bem estruturada formalmente.
café, o que incluía a compra da safra excedentecomo forma
(Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 80)
de estabilizar o preço deste produto no mercado.
d) consequência da imposição de uma política de Partido Ao retratar a distância entre os preceitos constitucionais e a
único, o Partido Republicano Federal, proibindo que gover- política real, o texto permite considerar que o coronelismo pre-
nadores de outros partidos concorressem aosgovernos valeceu na política após a proclamação da Republica. Sobre o
estaduais. tema abordado é correto afirmar que
e) resultado de uma revolta dos governadores estaduais do a) o constitucionalismo republicano cumpriu suas funções
Norte e Nordeste contra a hegemonia das oligarquias do Sul essenciais, isto é, foi eficaz em regular o poder realmente
e Sudeste na política nacional. existente, garantindo a independência do chefe da nação,
isolando-o das pressões estaduais e das ingerências dos
coronéis.
46. (FCC – 2018) O coronelismo na Primeira República era um b) a relação direta entre os poderes locais, submetidos às prá-
sistema político baseado na ticas coronelísticas, impediu que representantes de São
a) nomeação de patentes militares entre os potentados locais, Paulo exercessem a presidência da República nas primeiras
subordinados aos generais superiores que ocupavam pos- décadas após sua instauração.
tos na política nacional. c) o federalismo republicano deixou às claras que o poder do
b) troca de favores políticos entre mandatários locais e grupos exército impunha, na “Primeira República”, uma relação
oligárquicos dominantes em nível estadual e nacional, em direta de poderes locais com o legislativo, por meio da ação
cujo centro estava o controle do voto e doscargos públicos dos coronéis.
nos municípios. d) na federação instituída pela Constituição de 1891, para não
c) nomeação de Interventores Municipais pelo governo esta- haver conflitos entre as diversas esferas do poder estadual
dual, que ganhavam patentes militares para exercer fun- foi estimulada a participação das forças militares munici-
ções de polícia. pais, controladas por seus coronéis, por representarem o
maior poder local.
d) troca de favores políticos entre o governo estadual e os lati-
fundiários locais, formando um grupo oligárquico que era e) o federalismo instituído garantiu as bases do domínio oli-
contrário às eleições municipais. gárquico, fundado na propriedade da terra e no controle
eleitoral da população rural pelos chefes políticos locais.
e) nomeação de interventores municipais, os coronéis, por
tempo determinado, enquanto durassem as eleições esta-
duais e presidenciais.
HISTÓRIA DO BRASIL
tamente os investimentos da elite agrária no setor indus- a) as medidas autoritárias tomadas pelo governo estadual
trial, como forma de diversificar as atividades econômicas no processo de higienização da cidade e as revoltas sociais
do país. causadas pelo “encilhamento”, política econômica que
provocou inflação, falências e desemprego no começo da
b) soube tirar vantagem da depressão econômica e do desa-
República.
bastecimento vivido pelos Estados Unidos, oferecendo a
estes grandes quantidades de produtos industriais diversi- b) a indignação popular causada pela repressão ao levante
ficados, que passaram a ser exportados. dos marinheiros negros contrários aos castigos corporais
nos navios da Marinha de Guerra, e as barricadas urbanas
c) sofreu grande pressão política das oligarquias cafeeiras
decorrentes da intervenção policial nos morros cariocas,
por não conseguir sustentar a chamada “política do café
em perseguição aos capoeiras.
com leite”, sendo o presidente Getúlio Vargas deposto pela
Aliança Libertadora Nacional. c) a imposição de regras de moradia popular, com base na
política sanitarista vigente, e a rebelião popular organizada
d) procurou minimizar os efeitos da Grande Depressão com- pelo partido monarquista, que acusava a República emer-
prando e queimando o excedente de produção dos cafei- gente de anticonstitucionalismo e militarismo.
cultores, uma vez que os Estados Unidos eram os principais
importadores desse grão. d) as tensões sociais urbanas causadas pelo deslocamento de
populações pobres do centro por causa das reformas urba-
e) precisou elaborar planos emergenciais para conter a infla- nísticas do Rio de Janeiro e as tensões políticas envolvendo
ção e o caos em que mergulhou a economia brasileira, com grupos positivistas e liberais na Primeira República.
a corrida aos bancos para a retirada de dinheiro e o desem-
e) a insatisfação dos cariocas com a tentativa de golpe mili-
prego industrial em massa, cunhando uma nova moeda.
tar pelos partidários do Presidente Prudente de Moraes, e
a reação popular causada pela obrigatoriedade da vacina-
ção contra a Febre Amarela, extensiva a todos os bairros da
50. (FCC – 2017) Nas duas primeiras décadas do século XX, o cidade.
ingresso de levas de imigrantes no Brasil, principalmente de
origem europeia, estimulou a urbanização, ampliou o mercado
interno e contribuiu para 53. (FCC – 2016) Fenômenos sociais como a Revolta de Canudos
a) estabilização do mercado. e o Cangaço, no Nordeste, são explicados historicamente por
b) a introdução de rodovias no país. diversos fatores, tais como
c) o controle da dívida pública do país. a) seca prolongada, a exploração do trabalho e a falta de pers-
pectiva de futuro, motivos que levavam os sertanejos a luta-
d) o desenvolvimento industrial no país. rem por uma sociedade igualitária e democrática, objetivo
e) a diversificação agrícola de exportação. das ações de ambos os movimentos.
b) falência do coronelismo, em um momento em que esse
tipo de poder era obrigado a ceder espaço às forças federais
republicanas, que desestruturaram as elites locais e o siste-
ma de apadrinhamento então vigente.
Æ MOVIMENTOS DE CONTESTAÇÃO NA PRIMEIRA c) crise econômica e política provocada pela queda do pre-
REPÚBLICA: DE CANUDOS AO TENENTISMO ço do açúcar no mercado internacional, acompanhada de
migrações para o norte e da fuga de famílias inteiras que
51. (FCC – 2022) Considere o texto a seguir: passaram a integrar bandos e comunidades religiosas, em
Para implementar estas mudanças, o segundo governo repu- busca de subsistência.
blicano contou com uma série de intervenções violentas das d) crescente politização da população de baixar renda após
autoridades constituídas. Policiais derrubaram cortiços, já as revoltas ocorridas durante o Segundo Reinado, repercu-
prenunciando uma série de medidas, que alguns anos depois tindo em levantes contra o Império, contra o mandonismo
caracterizariam o autoritarismo do “bota-abaixo” do governo local e contra o catolicismo.
Rodrigues Alves. e) miséria e descaso do poder público com as populações ser-
(SANTOS, Myriam S. A prisão dos ébrios, capoeiras e vagabundos no Início tanejas, expostas à intensa violência de diversas ordens e
da era republicana. Revista TOPOI, v. 5, n. 8, jan.-jun. 2004, pp. 138-169) atraídas por movimentos que prometiam condições de vida
diferentes e/ou a sensação de proteção.
O trecho acima está relacionado a uma das mais importantes
revoltas sociais ocorridas no Rio de Janeiro no início da Repú-
blica no Brasil, denominada Revolta
a) da Chibata, uma reação à violência policial que acompa-
nhou as medidas saneadoras e modernizantes que marca- Æ POLÍTICA EXTERNA NA PRIMEIRA REPÚBLICA E
ram a reforma urbana da capital. O BRASIL NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
b) da Vacina, protagonizada por grupos populares em reação
às intervenções executadas pelo “bota-abaixo” e à imposi- 54. (FCC – 2018) Os litígios fronteiriços entre a região do Amapá
ção de medidas drásticas e, por vezes, violentas para vaci- e a Guiana Francesa tiveram desfecho com
nar a população pobre. a) o Tratado de Utrecht de 1713, que definiu as fronteiras entre
c) da Armada, que opôs a Marinha ao Exército, liderada por os territórios portugueses e franceses na América.
marinheiros negros que eram contra as medidas antipopu- b) os tratados de Madrid de 1750 e de Santo Idelfonso de 1777,
lares e a imposição de uma ditadura militar. que definiram grande parte das fronteiras atuais do Brasil.
d) do Vintém, liderada por jovens cadetes da Escola Militar, c) a devolução da região aos franceses em 1817, depois que D.
inspirados pelo positivismo, com o objetivo de implantar João VI mandara invadir a Guiana em 1809.
uma ditadura republicana modernizante. d) o resultado da arbitragem suíça de 1900, conseguida com a
e) do Bota- Abaixo, liderada por grupos monárquicos e cató- atuação do Barão do Rio Branco.
licos conservadores que se aproveitaram da insatisfação e) os acordos do governo de Getúlio Vargas com as autorida-
popular para tentar derrubar a jovem República. des francesas instaladas na Guiana Francesa.
95
Æ ARTES, CULTURA E SOCIEDADE NA PRIMEIRA e) a liderança da greve rechaçou a participação das centenas
de mulheres da industria têxtil, provocando a cisão interna
REPÚBLICA
do movimento.
55. (FCC – 2018) O Decreto-Lei nº 1.641, de 1907, conhecido como
“Lei Adolfo Gordo” previa
a) a deportação de trabalhadores e sindicalistas reconheci- 58. (FCC – 2016) O movimento modernista no Brasil contribuiu
dos pela polícia como anarquistas e comunistas, mesmo se para as reflexões sobre a identidade nacional à medida em que
naturalizados brasileiros. a) recusou os cânones artísticos europeus e propôs uma arte
b) a expulsão do território brasileiro dos estrangeiros que per- essencialmente brasileira, a partir de nossas raízes negras
turbassem a segurança nacional e a tranquilidade pública, e indígenas e nosso folclore, sem a interferência de estéti-
cas estrangeiras.
e residissem no país há menos de dois anos.
b) reformulou a noção de mestiçagem, substituindo a defini-
c) o exílio forçoso de operários estrangeiros que organizas-
ção tradicional, calcada na fusão das três raças, pela con-
sem greves, enviados a seus países de origem junto com
cepção subversiva de transculturação, a partir da percepção
suas famílias, mesmo que seus filhos tivessem nascido no
de que o Brasil era um caldeirão cultural sem identidade.
Brasil.
c) estimulou os hibridismos culturais, apresentando relei-
d) o degredo para a Amazônia de imigrantes que fossem con-
turas de escolas europeias e buscando explorar temá-
siderados uma ameaça à segurança nacional ao defende-
ticas e formas artísticas a partir de referenciais locais,
rem publicamente ideologias contrárias ao capitalismo.
que pudessem ser identificadas à brasilidade e às nossas
e) a prisão e entrega à justiça de seu país de origem, de estran- idiossincrasias.
geiros que cometessem crimes contra a ordem pública e se
d) problematizou o papel elitista da arte, questionando os
encontrassem na condição de ilegalidade no Brasil.
privilégios do artista, as instituições formais, recusando
patrocinadores e inovando tanto ao levar a arte para o povo
como ao retratar pessoas humildes em suas obras, postura
56. (FCC – 2018) O movimento operário brasileiro, no contex- assumida em conjunto pelos modernistas e denominada
to da Primeira República, foi muito influenciado pela corrente obreirismo dialético.
anarco-sindicalista que defendia princípios e estratégias de e) propôs a noção de antropofagia cultural, que consistia na
luta específicas. Como exemplo de um princípio e de uma estra- ideia de que deveríamos nos alimentar culturalmente de
tégia, considera-se, respectivamente, todas as vanguardas contemporâneas, para produzir uma
a) a criação de um Estado socialista e a formação de movi- paródia das mesmas, de linguagem universal e cosmopoli-
mentos de guerrilha armada no campo, organizados pelos ta, que nos inserisse no campo artístico mundial.
partidos comunistas.
b) a autogestão como forma ideal de governo e a formação,
com a ajuda Igreja, de um amplo partido de trabalhadores.
c) a defesa de um sistema econômico centralizado e a criação Æ O GOLPE DE 1930 E O GOVERNO PROVISÓRIO
de uma força militar internacional revolucionária. (1930-1934)
d) a repulsa às ideologias internacionalistas e a organização
59. (FCC – 2018) Leia os trechos abaixo.
de colônias comunitárias e independentes, governadas
pelos sindicatos. O principal pressuposto do ensaio se encontra na afirmação de
que formulações de tipo reducionista-classista não dão conta do
e) o fim do Estado e a disseminação de greves gerais revolu-
sentido do episódio revolucionário de outubro de 1930. Concreta-
cionárias, lideradas por sindicatos de trabalhadores.
mente, tratei de demonstrar, a partir do pressuposto que a que-
da da Primeira República não correspondeu ao ascenso ao poder
nem da burguesia industrial, nem das classes médias, contradi-
57. (FCC – 2018) Em 2017, vários órgãos da imprensa destacaram tando assim versões correntes na época que o trabalho foi escrito.
os cem anos da primeira grande greve geral no país. Referiam-se (FAUSTO, B. A revolução de 30: Historiografia e história. 16 ed. São Paulo:
à greve geral do operariado de São Paulo de 1917, manifestação Companhia das Letras, 1997, p. 11)
até então nunca vista no Brasil. Algumas matérias destacaram
a presença das mulheres no episódio, pois, de fato, representa- Sob esta perspectiva, pode-se definir um processo revolucio-
vam parte expressiva da força de trabalho, sobretudo na indús- nário a partir de 1928 no Brasil, não apenas e porque a práti-
tria têxtil. E foi no Cotonifício Crespi que a greve começou, ca política das classes sociais orientou-se sob vários registros
depois que a diretoria da fábrica tinha se recusado a conceder de revolução (...) mas sim devido à possibilidade de existência
um aumento entre 15 e 20% do salário e a abolir a extensão da de uma direção dos acontecimentos cujo suporte, englobando
carga horária noturna, que afetava principalmente as mulhe- aquilo que as propostas políticas tinham de mais geral, esta-
res. A greve assumiu grandes proporções, paralisando a cidade. va substantivado numa categoria de revolução – a revolução
Houve forte repressão policial, com a morte de operários. Pela democrático- burguesa.
grande repercussão na imprensa e pelas manifestações dos (DE DECCA, E. 1930: o silêncio dos vencidos. 2 ed. São Paulo: Brasiliense,
poderes públicos, tornou-se objeto de estudo privilegiado sobre 1984 p. 79)
a condição de trabalho e legislação da época. Sobre o tema é
correto afirmar que Tendo em vista os dois trechos, as interpretações historiográfi-
cas sobre os acontecimentos que levaram à chamada “Revolu-
a) a greve não obteve apoio popular, por ter ocorrido no
ção de 30” divergem, sobretudo, na análise do papel
momento em que as preocupações maiores da sociedade
eram com a guerra mundial. a) dos historiadores como protagonistas de uma revolução no
âmbito do capitalismo.
b) a liderança grevista impedia a manifestação de operários
estrangeiros, pois os considerava concorrentes aos postos b) dos militares na queda da Primeira República e êxito da
de trabalho. Revolução de 30.
c) a greve derrotada, por ser exclusivamente local, não teve c) das classes sociais e sua suposta participação em um pro-
maiores repercussões no movimento operário brasileiro da cesso revolucionário.
época. d) dos extratos sociais médios no processo de desenvolvimen-
d) a greve de São Paulo, vitoriosa, serviu de motivação para to econômico industrial.
outros movimentos semelhantes, de 1917 a 1919, e para o e) das oligarquias em uma revolução democrático-burguesa
96 amadurecimento das associações sindicais. inequívoca.
60. (FCC – 2018) Dentre os marcos institucionais que, no âmbito d) da concepção liberal, que estabelecia o princípio de repre-
das leis trabalhistas, antecederam o surgimento do Ministério sentação do indivíduo pelo voto, e do princípio corporati-
HISTÓRIA DO BRASIL
do Trabalho, Indústria e Comércio, ocorrido em novembro de vista que entendia a sociedade como um corpo composto
1930 por iniciativa do Governo Provisório, é correto indicar a majoritariamente por grupos ligados ao mundo do trabalho
criação e da produção econômica.
a) da lei que institui o salário mínimo regionalizado, para e) da concepção republicana, que postulava a escolha da cons-
garantir o que um trabalhador deveria receber para atender tituição e a representação do indivíduo por meio de eleições
às suas necessidades básicas. diretas, e do princípio keynesiano que entendia a socie-
b) da Carteira Profissional, de uso obrigatório para os traba- dade como um organismo livre composto por indivíduos
lhadores do comércio e da indústria maiores de 16 anos. autorrepresentados.
c) de tribunais rurais com a finalidade de dirimir os contratos
de locação de serviços agrícolas com colonos estrangeiros
em São Paulo.
d) das Comissões Mistas de Conciliação, encarregadas da arbi-
tragem de dissídios entre empregadores e empregados.
Æ O ESTADO NOVO (1937-1945): A GUINADA
e) da Justiça do Trabalho como órgão integrante do Poder Exe-
AUTORITÁRIA E A CONSTITUIÇÃO DE 1937
cutivo, mais tarde integrado ao Poder Judiciário. 63. (FCC – 2018) O artigo 138 da Constituição de 1937, que esta-
belece o reconhecimento e a regulação da atividade sindical
pelo Estado, foi inspirado
61. (FCC – 2018) A ‘Revolução de 1930’ tornou-se marco perio- a) pela Carta de Nuremberg, elaborada em 1924 pelo Partido
dizador da história republicana brasileira, rompendo com a Nazista.
‘República Velha’, denominação pejorativa, forjada e imposta
b) pelo Documento de Genebra, firmado em 1918 pela Organi-
pelos protagonistas vencedores, que se julgavam portadores de
zação Internacional do Trabalho.
um novo tempo. Tais protagonistas buscaram ampliar o signi-
ficado da Revolução, numa perspectiva que visava ultrapassar c) pela Carta del Lavoro, promulgada em 1927 pela Itália
a mera disputa pelo poder político entre grupos oligárquicos. fascista.
Por exemplo, em discurso de 23 de fevereiro de 1931, Vargas d) pela Carta dos Trabalhadores Ingleses, editada em 1848
ressaltava: Precisamos convir que a obra da Revolução, além de pelo movimento cartista.
ser vasta obra de transformação social, política e econômica, é,
e) pelo Manifesto de Lisboa, escrito em 1930 pelo Movimento
também, nacionalista no bom sentido do termo.
Salazarista.
(Adaptado de: LUCA, Tânia Regina de. Verbete no Dicionário de datas da
história do Brasil. São Paulo: Contexto, 2007)
Essa versão, apresentando o movimento vitorioso em 1930 64. (FCC – 2018) No debate historiográfico, vários autores sus-
como marco inaugural de uma nova etapa no quadro das rela- tentam a tese de que, apesar de autoritário e repressivo, o
ções econômicas, sociais e políticas no Brasil, é contestada nas Estado Novo brasileiro não pode ser considerado tipicamente
interpretações de autores como fascista, pois lhe faltava
a) Azevedo Amaral e Paula Beiguelman. a) um movimento miliciano controlado pelas Forças Arma-
b) Francisco Weffort e Nelson Werneck Sodré. das, uma polícia política organizada e uma política
expansionista.
c) Boris Fausto e Francisco Weffort.
b) um partido de massas oficial organizado em nível nacional,
d) Caio Prado Júnior e Manuel Correia de Andrade.
o investimento na formação de milícias paramilitares e uma
e) Edgar de Decca e Nelson Werneck Sodré. política colonialista ou imperialista sobre os outros países.
c) uma política ostensiva de propaganda de massas, uma
constituição autoritária e o controle do Estado pelos altos
oficiais do Exército.
No Brasil, no período que o texto identifica, d) o Amapá e os outros estados da atual região Norte do Brasil
foram escolhidos pelos EUA para a instalação das 16 bases
a) o presidente obteve uma votação consagradora, mas militares que tinham a função de combater o avanço nazis-
enfrentou dificuldades para controlar a crise financeira, o ta pelo oceano Atlântico.
que provocou insatisfações e assustou a classe trabalha-
dora. Sua política foi marcada, pela ambiguidade e deixava e) a decisão do governo de criar o Território Federal do Ama-
dúvidas sobre o caminho a ser seguido. Dizendo-se pressio- pá ocorreu para viabilizar a instalação de uma base militar
nado pelas “forças ocultas” acabou suicidando-se. pelos EUA, de modo que as forças armadas combatessem
melhor o avanço nazista durante a guerra.
b) a política econômica do segundo governo Vargas consumiu
os saldos de capitais acumulados durante a Segunda Guer-
ra Mundial, pois, ao liberar as importações, provocou um
desequilíbrio na balança brasileira, a inflação, que elevou o 68. (FCC – 2016) Considere a frase abaixo.
preço das mercadorias e incentivou o setor industrial, ace-
Muito teremos feito em breve tempo se conseguirmos liber-
lerando o processo de modernização do país.
tar-nos da importação de artefatos de ferro, nacionalizando a
c) o varguismo teve ligações estreitas com os trabalhadores indústria siderúrgica.
assalariados, bastante enfatizada nos discursos do pre-
(Getúlio Vargas, em 1931)
sidente e na relação do governo com os sindicatos, o que
criou, para as elites, um clima de instabilidade. Além disso,
A concretização das pretensões do autor da frase ocorreu,
o discurso nacionalista do governo muito incomodou os que
durante a Segunda Guerra Mundial, quando usou a importân-
eram favoráveis à entrada de capital estrangeiro no país.
cia do Brasil no contexto geopolítico da América do Sul e
d) o governo, embora defensor do nacionalismo, instalou no
a) acertou com os Estados Unidos o apoio às forças aliadas em
país um modelo econômico descentralizador de renda e um
projeto de modernização aberto ao capital internacional, troca da construção da usina siderúrgica de Volta Redonda,
autoritário e desarticulador da sociedade civil e que atendia no Rio de Janeiro.
aos interesses dos grupos nacionais e estrangeiros consi- b) ampliou o raio de atuação do Estado e de suas formas de
derados politicamente conservadores. intervenção econômica nas áreas sul-americanas de inte-
e) o varguismo desincentivou a autonomia política da socie- resse dos Estados Unidos.
dade ao criar relações paternalistas, praticando um assis- c) criou empresas privadas, que se revelaram fundamentais
tencialismo para reduzir as desigualdades sociais e, mesmo para a industrialização e a independência econômica do
quando estimulou a modernização da economia, favoreceu país, como as da Petrobras.
a organização da sociedade para fazer valer suas reivindi- d) manteve uma posição de neutralidade em relação aos Esta-
cações e ampliar a atuação da massa de sujeitos políticos. dos Unidos para conseguir financiamento externo para a
siderurgia nacional.
e) enfraqueceu a participação do Estado na economia, para
assegurar a industrialização no contexto internacional,
caracterizado por regimes fortes.
Æ BRASIL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
67. (FCC – 2018) Considere o texto abaixo.
Com o aprofundamento da guerra, Vargas teve que escolher o 69. (FCC – 2016) O ataque japonês à base militar norte-ameri-
lado norte-americano, uma vez cortadas as relações marítimas cana de Pearl Harbor, no Havaí, resultou na entrada dos Esta-
com a Europa. Conquistou mais ganhos materiais que nenhum dos Unidos na Segunda Guerra Mundial e exigiu que os países
outro país do continente, como armamentos e treinamento latino-americanos fizessem o mesmo, o que afetou a neutrali-
de uma tropa para lutar na Europa, a FEB (Força Expedicioná- dade brasileira, em 1941. Foi a partir desse momento que Getú-
98 ria Brasileira), e dinheiro para instalação da primeira grande lio Vargas
a) acumulou capital necessário para a construção da Usina d) a batalha em Cachoeira ocorreu em 25 de junho de 1822,
Hidroelétrica de Itaipu, na região sul do país. quando os baianos venceram os lusos e aclamaram Pedro
HISTÓRIA DO BRASIL
b) substituiu a democracia representativa por um sistema de I como regente do Brasil, seguindo-se um ciclo de vitórias
governo fortemente autoritário e centralizado. finalizado com a batalha de Dois de Julho, na capital, selan-
do definitivamente a independência.
c) conseguiu financiamento norte-americano para a constru-
ção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda. e) a Batalha de Itaparica, em 7 de janeiro de 1823, foi lidera-
da pela negra Maria Filipa, que incendiou navios lusitanos,
d) impulsionou a industrialização, o nacionalismo, o protecio- conseguindo com essa proeza mais uma vitória para os
nismo e a intervenção direta do Estado na economia. baianos, sendo por isso alforriada junto com os escraviza-
e) implantou o Estado Novo com o apoio do Exército, chefiado dos da Ilha “Intrépida e Denodada”.
pelo ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra.
99
b) pautou-se por bandeiras radicais que previam a abolição IV. A pujança econômica da produção canavieira, que atraiu
da escravidão como sistema de trabalho, a criação de uma investimentos na modernização dos engenhos, processo
república na Bahia e o fim das clivagens sociais entre escra- que resultou na dispensa de mão de obra.
vos e libertos. Está correto APENAS o que se afirma em:
c) representou uma conquista importante para os escra- a) I, II e IV.
vos urbanos, pois os rebeldes conseguiram revogar a
postura municipal que os obrigava a usar uma chapa de b) I e III.
identificação. c) II, III e IV.
d) expressou a solidariedade entre africanos, revelando laços d) I e II.
étnicos e religiosos que serviram de combustível à rebelião, e) III e IV.
desafiando o sistema escravista.
e) contou com a participação de irmandades católicas e
ordens terceiras, organizações religiosas leigas que atua-
78. (FCC – 2016) As lutas pela independência na Bahia foram
vam na estratégia de ajuda coletiva e fortalecimento políti-
revestidas de acirradas polarizações políticas e tensões sociais.
co dos seus integrantes.
Um episódio que evidencia as forças militares envolvidas e
parte do impacto social resultante desses conflitos é
a) o cerco à cidade de Salvador, sitiada durante aproximada-
76. (FCC – 2016) Uma das formas de ocupação do território baia- mente um ano por tropas brasileiras que buscavam expul-
no se deu por meio das entradas. Essas expedições sar o exército português que ali se instalara, resultando
a) ocorreram durante o século XVI e início do XVII, contri- em grande desabastecimento de víveres e sofrimento da
buindo para a ocupação do interior do território e o apri- população.
sionamento de índios para a exploração de sua força de b) a ocupação da Vila de Cachoeira por forças portugue-
trabalho; sendo ainda empreendidas mesmo após a chega- sas, momento culminante da guerra civil entre as tropas
da das primeiras levas de escravos africanos. monarquistas e independentistas, que levou à alforria cole-
b) objetivavam explorar o território a fim de identificar possí- tiva de milhares de cativos, a fim de que esses integrassem,
veis focos de minérios; eram organizadas localmente e de como solda dos, as tropas brasileiras.
forma independente pelos colonos, sendo por isso, extintas
c) a rendição das tropas portuguesas encabeçadas por Pierre
pelo Governo Geral em meados do século XVI.
Labatut, após os ataques contundentes das tropas brasilei-
c) foram especialmente abundantes no século XVIII; ocorriam ras, sob o comando de Thomas Cochrane, que, na batalha de
em represália a ataques indígenas e contavam com o apoio Pirajá, arrasou o centro velho de Salvador e deixou milhares
dos jesuítas, no contexto da chamada Guerra Justa, resul- de mortos.
tando, concomitantemente, na fundação de fortalezas e
d) a tomada do forte de São Pedro, com vitória das tropas por-
vilas.
tuguesas sobre as constitucionalistas, acompanhada por
d) resultaram em práticas costumeiras de extermínio indíge- ações violentas pela cidade, como a invasão do convento da
na, como as “guerras aos bárbaros”, obrigando o Governo Lapa, na qual foi morta a soror Joana Angélica, hoje consi-
Geral a formular leis de proteção aos mesmos, por pressão derada mártir da independência da Bahia.
da Igreja Católica, e a substituir oficialmente as entradas
e) a formação da Junta Conciliatória e de Defesa, representan-
pelas bandeiras no início do século XVII.
do a união entre constitucionalistas e republicanos contra
e) aconteciam, no século XVI, com o aval da Coroa, para viabi- as forças do império brasileiro, que deflagrou a guerra, com
lizar a instalação das Capitanias e garantir o abastecimento ampla participação popular, na qual teve destaque a militar
de mão de obra, mas foram regulamentadas localmente, no Maria Quitéria de Jesus.
século seguinte, de modo que se restringissem ao mapea-
mento e delimitação das fronteiras.
HISTÓRIA DO BRASIL
nas desses “costumes negreiros”, assumidos em seu texto 24 D 53 E
como “nossos” mas supostamente originários da Costa da
África. 25 A 54 D
c) associa a prática do candomblé à vadiagem, apelando para 26 C 55 B
um discurso celebrativo da ordem e do progresso e acusan-
do a polícia de ser tolerante com esse costume que ameaça- 27 D 56 E
va a “população”, da qual os negros, em seu texto, parecem
28 B 57 D
excluídos.
d) sugere que o candomblé é uma manifestação de selvageria 29 A 58 C
ultrapassada, praticamente extinta uma vez que vem sendo
30 A 59 C
combatida pela imprensa com êxito, de modo que “já lá se
foram os tempos dos feitiço’ e dos ‘candomblés’.” 31 E 60 C
e) considera que a prática do candomblé representa um
32 E 61 C
incômodo aos trabalhadores por ocorrer durante a noite,
afirmando ainda que seus praticantes eram descenden- 33 D 62 D
tes de negros vadios, por isso marginalizados pelo resto da
população. 34 C 63 C
35 A 64 B
36 E 65 D
80. (FCC – 2016) A Revolta dos Búzios
a) pautou-se por bandeiras liberais, dentre as quais a aber- 37 D 66 C
tura dos portos, a diminuição de impostos, a ampliação do 38 E 67 C
direito à cidadania; tendo sido conduzida por soldados e
alfaiates negros, inspirados pela Independência das Treze 39 A 68 A
Colônias inglesas e a conquista do fim da escravidão obtida
nesse episódio. 40 B 69 C
b) iniciou-se em reuniões integradas por intelectuais e mem- 41 A 70 E
bros da elite baiana, como Cipriano Barata, que pregava a
independência do Brasil nos mesmos moldes da Incon- 42 E 71 A
fidência Mineira, e foi rapidamente disseminada entre a 43 B 72 A
população escravizada, que a revestiu de uma pauta mais
radical. 44 C 73 A
c) foi organizada pela loja maçônica denominada Cavaleiros 45 B 74 E
da Luz, em nome da igualdade racial e social, da democracia
e dos fins dos privilégios da elite letrada, tendo sido rapida- 46 B 75 D
mente reprimida com a imputação da pena capital ao con-
junto dos líderes e simpatizantes. 47 D 76 A
GABARITO
1 C 12 B
2 D 13 C
3 D 14 C
4 B 15 B
5 A 16 A
6 C 17 C
7 A 18 A
8 D 19 D
9 C 20 E
10 B 21 B
11 D 22 B
101
ANOTAÇÕES
102
GEOGRAFIA DO BRASIL
GEOGRAFIA DO BRASIL
Æ ENERGIA NO BRASIL III. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em
áreas urbanas, percentual semelhante ao de muitos países
1. (FCC – 2016) Uma das principais formas de geração de ener- desenvolvidos.
gia elétrica está relacionada ao aproveitamento dos recursos Está correto o que se afirma APENAS em
hídricos. Entre os anos de 2013 e 2015, houve uma acentuada
a) II.
redução do potencial hidrelétrico, que promoveu maior par-
ticipação das seguintes fontes energéticas no parque gerador b) I.
brasileiro: c) I e II.
a) Termoelétrica e eólica. d) II e III.
b) Gás natural e nuclear. e) I e III.
c) Diesel e carvão.
d) Solar e gás natural.
e) Carvão e eólica. 4. (FCC – 2016) Ao longo do século XX ocorreu uma verdadeira
“revolução urbana” no Brasil. Um fato relevante desta revolução é:
a) nos anos de 1980 e 90, as médias e pequenas cidades refor-
2. (FCC – 2016) Considere o gráfico abaixo. çaram seu papel de principais focos da atividade econômica
do país.
Brasil: Matriz energética − 2014
b) a partir da década de 1990 ocorreu elevada concentração das
atividades econômicas e o surgimento da metropolização.
c) desde a década de 1970, a urbanização deixou de ser apenas
restrita à fachada litorânea e se interiorizou.
d) entre as décadas de 1970 e 80, a expansão da fronteira agrí-
cola na Amazônia duplicou a rede urbana da região.
e) na década de 1980, a difusão da urbanização ficou restrita
ao Centro-Sul onde as condições técnico-informacionais
eram maiores.
7. (FCC – 2016) Com a retirada da mata, a possibilidade de deslizamentos cresce muito e o que vemos em cidades são encostas total-
mente ocupadas por moradias irregulares, autoconstruídas, sem uma fiscalização mais intensa do poder público que deveria coibir
a ocupação dessas áreas. O risco não está apenas em encostas. São rios, várzeas e outros tipos de áreas onde, também, não deveria
haver residências.
(Adaptado de: http://www.educacional.com.br/reportagens/aguas_abril/parte-03.asp)
Æ DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
8. (FCC – 2016) A Conferência Mundial sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92, motivou o desenvolvimento de diversos
indicadores e índices utilizados para avaliar o progresso dos países em direção ao desenvolvimento sustentável. Um destes índices
é o Barômetro da Sustentabilidade − BS, que combina índices dimensionais, que avaliam o bem-estar humano (resultado da média
aritmética dos índices social, econômico e institucional) e o índice de bem-estar ecológico (média aritmética dos temas da dimen-
são ambiental). A síntese dos dados é obtida a partir de um algoritmo e pode ser representada em um gráfico bidimensional.
O gráfico abaixo representa um estudo realizado para o Brasil utilizando-se indicadores do IBGE e outras fontes oficiais de dados.
GEOGRAFIA DO BRASIL
9. (FCC – 2016) Considere o diagrama abaixo.
O ordenamento territorial, é
a) a classificação de ambientes segundo suas múltiplas características sociais e ambientais.
b) um conjunto de conceitos, métodos e técnicas que, atuando sobre bases de dados georreferenciados, por computação eletrôni-
ca, propicia a geração de análises e sínteses.
c) uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando maior grau de interação
com o ambiente.
d) a vontade de corrigir os desequilíbrios de um espaço nacional ou regional e constitui um dos principais campos de intervenção
da Geografia aplicada.
e) a ciência, técnica e a arte de expressar graficamente, por meio de mapas e cartas, o conhecimento humano da superfície da
Terra.
Æ GEOLOGIA E RELEVO
12. (FCC – 2022) Observe o mapa para responder à questão.
Unidades Geomorfológicas do Brasil
(Adaptado de: ROSS, Jurandyr. Ecogeografia do Brasil: subsídios para planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2006. p. 65)
Æ CLIMAS DO BRASIL
14. (FCC – 2022) Essa zona de convergência pode ser facilmente identificada em imagens de satélite por meio de uma alongada
distribuição de nebulosidade de orientação NW/SE. Resulta da intensificação do calor e da umidade provenientes de massas de ar
quentes e úmidas da Amazônia e do Atlântico Sul. Em geral, ela estende-se desde o Sul da região Amazônica até a porção central do
Atlântico Sul.
(Adaptado de: MENDONÇA, F., DANNI-OLIVEIRA, I.M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de textos, 2007. p. 98)
106
O texto descreve características da zona de convergência São características da massa de ar identificada com a letra X:
GEOGRAFIA DO BRASIL
a) do Chaco-Pantanal. a) Nasce na região dos doldrums do atlântico sul e perde sua
b) Intertropical. umidade ao penetrar no litoral brasileiro, principalmente
nas regiões Sul e Sudeste.
c) do Anticiclone da Amazônia.
b) Tem sua origem no anticiclone dos Açores de onde retira
d) do Anticiclone semifixo do Atlântico.
seus principais elementos: alta temperatura e forte umida-
e) do Atlântico Sul. de; atua durante os meses de verão.
c) Origina-se no centro de altas pressões subtropicais e desta-
ca-se pelas temperaturas e umidade elevadas; atua durante
15. (FCC – 2019) Considere o texto e o mapa apresentados a seguir. todo o ano em parte do espaço brasileiro.
É o único clima brasileiro que registra uma queda sensível das d) Forma-se na região do ciclone atlântico e atua com maior
temperaturas durante o inverno. Mas seu verão é muito quente vigor nos equinócios quando ameniza as variações de tem-
e por isso apresenta as maiores amplitudes térmicas do país. As peratura do ar no centro-sul do país.
chuvas são regulares ao longo do ano. e) Desloca-se da área de convergência dos alíseos no Atlântico
(Brasil: Tipos de Clima) sul para a porção central do país; é úmida e atua , principal-
mente, durante o verão.
Æ GEOGRAFIA DA BAHIA
17. (FCC – 2018) Considere o mapa do relevo do Estado da Bahia
apresentado abaixo.
NÚMERO DE CIDADES EM
HABITANTES
2010
Até 5.000 131
5.001 – 20.000 222
20.001 – 100.000 51
100.001 – 500.000 12
2.674.923 1
TOTAL 417
(IBGE – SIDRA, Censos Demográficos 2000 e 2010)
GABARITO
1 A 10 B
2 E 11 D
3 E 12 C
4 C 13 A
5 D 14 E
6 C 15 B
7 C 16 C
8 E 17 B
9 D 18 A
ANOTAÇÕES
108
MATEMÁTICA
MATEMÁTICA
Æ DEFINIÇÃO, SUBCONJUNTOS, INCLUSÃO E 4. (FCC – 2019) Um levantamento é realizado em um clube que
oferece aos seus associados somente três modalidades de
PERTINÊNCIA, OPERAÇÕES, CONJUNTO DAS esporte: Futebol, Basquete e Vôlei. Verificou-se que 70% dos
PARTES sócios gostam de Futebol, 65% gostam de Basquete, 38% gos-
tam de Vôlei, 10% gostam das três modalidades oferecidas e
1. (FCC – 2019) Uma pesquisa com todos os alunos de uma 2% não gostam de qualquer modalidade oferecida pelo clube.
escola revelou que 165 alunos praticam esporte, mas não se Escolhendo aleatoriamente um sócio do clube, a probabilidade
alimentam adequadamente, e que 107 alunos se alimentam de ele gostar de duas e somente duas das modalidades ofere-
adequadamente mas não praticam esporte. A pesquisa indicou cidas é de
que um total de 122 alunos não praticam esporte, e que um total a) 45%.
de 203 alunos se alimentam adequadamente. O número de alu-
b) 40%.
nos dessa escola é
c) 55%.
a) 383.
d) 60%.
b) 368.
e) 65%.
c) 597.
d) 507.
e) 456. 5. (FCC – 2019) Foi feita uma pesquisa entre todos os funcioná-
rios da empresa X e constatou-se que 50 deles falavam inglês,
45 espanhol e 15 falavam as duas línguas. Verificou-se também
que 5 dos funcionários não falavam nenhuma língua estrangei-
ra. Então, o número de funcionários da empresa X é
Æ NÚMEROS DE ELEMENTO DA UNIÃO, DA a) 95.
INTERSECÇÃO, DO COMPLEMENTO E DA b) 75.
DIFERENÇA c) 85.
d) 80.
2. (FCC – 2022) Havia três concorrentes, P, Q e R, para a presi-
dência de um clube. Cada um dos 99 eleitores poderia votar em e) 90.
um só concorrente (um voto individual) ou em dois concorren-
tes (um voto duplo). P recebeu 20 votos individuais, 10 votos
junto com Q e seus votos junto com R não foram divulgados. Q 6. (FCC – 2019) Uma loja vende chaveiros em formato quadra-
recebeu 20 votos individuais e 20com R. Este recebeu 24 votos do ou redondo, nas cores azul ou amarelo. Em um determinado
individuais. Computando os votos totais de cada um, é correto mês, essa loja vendeu 27 chaveiros redondos. Sabendo que o
concluir que total de chaveiros azuis vendidos nesse mês foi de 17, dos quais
a) P recebeu 30 votos. 15 são quadrados, e que 1/6 dos chaveiros amarelos vendidos
são quadrados, é correto concluir que o total de chaveiros ven-
b) R venceu a eleição. didos pela loja nesse mês foi de
c) R obteve 10 votos a mais do que P. a) 51.
d) Q obteve 10 votos a mais do que P. b) 48.
e) R obteve 1 voto a menos do que Q. c) 50.
d) 49.
e) 47.
3. (FCC – 2020) Em um grupo de 50 amigos, todos os que gostam
de macarrão, gostam, também de pizza; e nenhum dos que gos-
ta de feijoada gosta, também, de macarrão; mas cada um dos
7. (FCC – 2019) Em uma determinada secretaria municipal
amigos gosta de, pelo menos, um desses pratos. Dentre os ami- no Brasil, do total de 49 servidores, há 21 deles que não falam
gos, 38 gostam de pizza e 19 gostam de feijoada. Sabendo que nenhum idioma estrangeiro; os demais falam inglês ou espa-
10 gostam só de pizza, é correto concluir que os que gostam de nholou ambos. Se 13 falam espanhol e 22, inglês, então o núme-
macarrão são em número de ro de servidores que falam apenas espanhol é
a) 18 a) 4.
b) 20 b) 2.
c) 19 c) 6.
d) 21 d) 8.
e) 17 e) 10. 109
8. (FCC – 2019) Um instituto de pesquisa foi contratado para rea-
Curso Estatística Programação Contabilidade
lizar um censo em uma cidade com somente dois clubes (Alfa
e Beta). Verificou-se que, com relação a essa cidade, o número Número de
16 9 8
inscritos
de habitantes que são sócios de Alfa é igual a 3/4 do número de
habitantes que são sócios de Beta. Sabe-se ainda que, dos habi-
tantes desta cidade, 8% são sócios dos dois clubes e 24% não O número de funcionários que se inscreveram APENAS em
são sócios de qualquer clube. Escolhendo aleatoriamente um estatística foi de
habitante dessa cidade, tem-se que a probabilidade de ele ser a) 5
sócio somente do clube Alfa é b) 6
a) 30%. c) 3
b) 32%. d) 4
c) 20%. e) 2
d) 28%.
e) 34%.
13. (FCC – 2019) Um encontro foi realizado com 104 ilustrado-
res. Dentre esses ilustradores, 47 também são compositores e
22 também são escritores. Sabendo que 55 ilustradores não são
9. (FCC – 2019) Os ministérios A, B e C do Governo Federal de nem compositores nem escritores, o número de pessoas nesse
determinado país foram fundidos em um só. Para o novo minis- encontro que trabalham nas três atividades é:
tério, foram alocados 300 assessores especiais, alguns deles a) 12.
com passagens em mais de um desses três ministérios. Os que
b) 14.
haviam trabalhado em exatamente dois dentre os três ministé-
rios antigos eram 171. Os que haviam trabalhado nos três minis- c) 16.
térios antigos eram 17. Os que haviam trabalhado apenas no d) 18.
Ministério A eram 52. Os que haviam trabalhado no ministério B e) 20.
e no C eram 84, enquanto os que haviam trabalhado no ministé-
rio A e no C eram 64. O número total dos assessores que haviam
trabalhado apenas no ministério B ou apenas no C é igual a
14. (FCC – 2019) Os 72 alunos de uma escola devem, nas aulas de
a) 23. educação física, participar de treinos em uma, duas ou três moda-
b) 60. lidades esportivas, entre futebol, atletismo e natação. Sabendo
que 33 alunos treinam futebol, 34 treinam atletismo e 26 treinam
c) 100. natação, e que 4 alunos treinam as três modalidades, o número de
d) 112. alunos que treinam exatamente duas modalidades é
e) 141. a) 27
b) 16
c) 19
10. (FCC – 2019) Uma pesquisa sobre meio de transporte utili- d) 22
zado pelos funcionários de uma empresa para ir ao trabalho e) 13
apresentou os seguintes resultados: 50% do total de funcioná-
rios utilizam trem ou ônibus ou ambos, e, desses, 50% utilizam
trem, e 60%, ônibus; 25% do total de funcionários utilizam ape-
nas seu próprio automóvel; 15% do total de funcionários vão ao 15. (FCC – 2019) Uma empresa de entregas conta com 44 moto-
trabalho, exclusivamente, a pé; os demais funcionários, em um ristas, que dirigem apenas caminhão, apenas moto ou ambos.
Se 23 deles dirigem caminhão e 27, moto, o número de motoris-
total de 18, utilizam outro meio de transporte para ir ao traba-
tas que dirigem apenas caminhão é
lho. O número de funcionários que utilizam tanto trem quanto
ônibus para ir ao trabalho é igual a a) 17
a) 12. b) 16
c) 15
b) 9.
d) 14
c) 6.
e) 18
d) 3.
e) 15.
16. (FCC – 2019) Em uma embaixada, 60% dos funcionários falam
inglês, 45% falam alemão e 30% deles não falam nenhuma das
11. (FCC – 2019) Um grupo é formado por 410 ciclistas. Desses duas línguas. Se, exatamente, 14 funcionários falam inglês e ale-
ciclistas 260 praticam natação e 330 correm regularmente. mão, o número de funcionários dessa embaixada é igual a
Sabendo que 30 ciclistas não nadam e não correm regularmen- a) 60.
te, o número de ciclistas que praticam natação e correm regu- b) 90.
larmente é
c) 80.
a) 170.
d) 100.
b) 150. e) 40.
c) 130.
d) 190.
e) 210. 17. (FCC – 2019) O número de matriculados nas disciplinas de
Cálculo, Estatística e Microeconomia é 150. Sabe-se que 12 deles
cursam simultaneamente Microeconomia e Estatística, e que
80 deles cursam somente Cálculo. Os alunos matriculados em
12. (FCC – 2019) Uma empresa ofereceu três cursos de aperfei- Microeconomia não cursam Cálculo. Se a turma de Cálculo tem
çoamento a todos os seus funcionários: estatística, programa- 96 alunos e a de Estatística, 35, o número de alunos na turma de
110 ção e contabilidade. Microeconomia é
a) 12. b) 32
MATEMÁTICA
b) 47. c) 31
c) 7. d) 33
d) 28. e) 35
e) 23.
MATEMÁTICA
b) 213.
c) 247.
d) 239.
e) 231.
36. (FCC – 2019) Uma equipe de basquete é formada por 15 atletas. As camisas desses atletas são numeradas de 92 até 106 e, para um
torneio, cada atleta receberá 2 camisas novas em que os números serão formados costurando-se os algarismos correspondentes. O
número de algarismos que deverão ser costurados para esse torneio é
a) 30.
b) 64.
c) 50.
d) 44.
e) 74.
37. (FCC – 2019) Na granja de Celso, há codornas, galinhas e patas. Por dia, Celso recolhe 15 ovos de codorna, 12 ovos de galinha e 9
ovos de pata. O menor número de dias necessários para Celso ter certeza de que recolheu, pelo menos, 1 800 ovos de galinha e 1 500
de pata é
a) 150
b) 316
c) 156
d) 167
e) 100
38. (FCC – 2019) Na Rua da Soma Setenta e Quatro, em frente a cada casa existe apenas uma outra casa e a soma dos números de duas
casas que estão frente a frente é sempre igual a74. No lado direito dessa rua existem 37 casas e a soma dos números das casas desse
lado é 1.536. A soma dos números das casas do lado esquerdo dessa rua é
a) 1.437
b) 1.369
c) 1.374
d) 1.202
e) 1.536
39. (FCC – 2019) Um clube participou de um torneio de lutas com 42 homens e 55 mulheres. Os competidores desse clube ou luta-
vam judô ou lutavam caratê, sendo que nenhum deles lutava as duas modalidades. Entre as mulheres, 23 lutavam judô e no total 44
atletas lutavam caratê. Considerando apenas os atletas homens desse clube, a diferença entre o número dos que lutavam judô e o
número dos que lutavam caratê é igual a:
a) 16.
b) 18.
c) 20.
d) 22.
e) 24.
40. (FCC – 2019) Um importante indicador do conforto dos usuários de transporte coletivo é a densidade de ocupação dos veículos,
expressa pelo número de passageiros que viajam em pé por metro quadrado. A figura ilustra um parâmetro de conforto e densidade.
Considere os vagões I e II, de duas composições de trem distintas, e considere, ainda, que o vagão I opere com densidade ACEITÁ-
VEL de 5 passageiros em pé por metro quadrado e o vagão II, com densidade DESCONFORTÁVEL de 7 passageiros em pé por metro
quadrado. Supondo que os dois vagões tenham a mesma área livre de 48metros quadrados (onde ficam os passageiros em pé), e que
cada vagão tenha também uma área com um determinado número de assentos individuais totalmente ocupados, para que o vagão
I possa transportar, no total, mais passageiros que o vagão II, será necessário que a diferença entre o número de assentos no vagão
I e no vagão II seja 113
a) menor que 48. 45. (FCC – 2022) Cento e oitenta bombons, sendo noventa e
b) maior que 48. seis de chocolate meio amargo e oitenta e quatro de chocola-
te ao leite, devem ser colocados em caixas. As caixas devem ter
c) maior que 96. o mesmo número de bombons, e cada caixa deve ter apenas
d) menor que 96. bombons de um mesmo sabor. O menor número de caixas a
e) igual a zero. serem compradas é:
a) 10
b) 9
41. (FCC – 2019) Somando-se 26 ao menor número de três alga- c) 12
rismos e dividindo essa soma pelo maior número de um alga- d) 18
rismo tem-se
e) 15
a) 10.
b) 16.
c) 13. 46. (FCC – 2022) Em um auditório, sabe-se que há entre 300 e
d) 14. 400 cadeiras e que elas podem ser arrumadas tanto em 24 filei-
e) 12. ras com o mesmo número de cadeiras em cada uma delas como
em 30 fileiras, também com o mesmo número de cadeiras em
cada uma. A soma dos algarismos do número total de cadeiras
no auditório é igual a:
42. (FCC – 2019) Considere a conta armada abaixo, onde A, B e C
a) 6
representam algarismos distintos.
b) 8
c) 7
AA
d) 9
+ BB
e) 10
CC
ABC
47. (FCC – 2022) Em uma escola de basquete há 40 rapazes e 32
Assim, A + C vale moças. Para um treino a professora quer formar grupos com
a) 12. todos os rapazes e moças. Os grupos deverão ter a mesma com-
b) 9. posição em relação ao número de moças e de rapazes.
c) 10. O maior número de grupos com essas condições é:
d) 11. a) 6.
e) 8. b) 4.
c) 2.
d) 8.
43. (FCC – 2019) Os algarismos A, B, C e D, na conta armada, são e) 16.
distintos entre si.
MATEMÁTICA
b) 13 horas. d) 5
c) 12 horas e 45 minutos. e) 4
d) 12 horas e 15 minutos.
e) 13 horas e 15 minutos
56. (FCC – 2019) Para uma festa de aniversário serão usados
enfeites feitos de fitas coloridas penduradas no teto. Para a con-
51. (FCC – 2019) O número de divisores inteiros positivos de 600 fecção desses enfeites foram comprados 20 rolos de fita verme-
é lha, de 0,8 m cada um, 10 rolos de fita azul, de 1,2 m cada, e 8 rolos
a) 25. de fita amarela, de 2,0 m cada. As fitas de todas as cores deverão
b) 23. ser cortadas em pedaços de mesmo comprimento de tal forma
que não sobre fita em nenhum dos rolos e que nenhum pedaço
c) 22.
de fita tenha de ser emendado em outro. Considerando-se que
d) 21. os pedaços de fita deverão ter o maior comprimento possível,
e) 24. então a quantidade total de pedaços de fita pendurados no teto
para a festa será de
a) 85
52. (FCC – 2019) João e Maria correm todos os dias no circuito b) 65
de 1.500 m de um parque. João faz o percurso em 8 minutos e
Maria em 10 minutos. Se eles partem juntos do ponto inicial do c) 60
percurso, a diferença entre o número de metros percorridos d) 110
por João e o número de metros percorridos por Maria, quando
e) 115
se encontrarem novamente no ponto departida, supondo que
mantenham o mesmo ritmo durante todo o exercício, é
a) 7.500.
b) 5.500. 57. (FCC – 2019) Dois nadadores treinam em uma mesma pis-
cina, de 40 metros de extensão, a velocidades constantes. O
c) 3.000.
nadador A percorre 100 metros a cada 1 minuto e o nadador
d) 2.500. B percorre 80 metros a cada 1 minuto. Considerando-se que
e) 1.500. ambos iniciam o treino, ao mesmo tempo, a partir da margem
esquerda da piscina e que nadam em raias paralelas, é possível
afirmar que vão se encontrar novamente na margem esquerda
53. (FCC – 2019) Um pacote contém N balas. Sabe-se que N ≤ 29 da piscina quando o nadador A tiver percorrido, em metros, a
e que há 8 maneiras diferentes de dividir o número de balas do distância de:
pacote em partes iguais, incluindo a divisão trivial em uma só a) 200.
parte contendo todas as N balas. Então, o resto da divisão de N
b) 400.
por 5 é igual a
a) 3. c) 160.
b) 1. d) 240.
c) 2. e) 360.
d) 4.
e) 0.
58. (FCC – 2019) Maria fez 2019 balas de coco de 5 sabores dife-
rentes, sendo 392 puras, 400 com amendoim, 409 com abacaxi,
54. (FCC – 2019) Marcelo comprou ovos de Páscoa para cada 410 com recheio cremoso e 408 com chocolate. Ela deve fazer
idoso de uma casa de repouso. Sabe-se que há mais de 1 000 embalagens com 6 balas de um mesmo sabor. O número de
e menos de 1 200 idosos. Quando lhe perguntam quantos ovos balas que vão sobrar é:
comprou, ele diz apenas que o número de ovos comprados lido a) 7.
ao contrário é 9 vezes o número de ovos comprados. A soma dos
b) 9.
algarismos do número de ovos de Páscoa comprados é
a) 15 c) 8.
b) 16 d) 12.
c) 17 e) 6.
d) 18
e) 19
59. (FCC – 2019) Uma editora fará uma campanha distribuindo
livros e canetas em estações de metrô. Serão distribuídos 1.620
livros e 2.940 canetas, de modo que cada estação de metrô par-
55. (FCC – 2019) João escolheu um número do conjunto {90, 91,
92, 93, 94, 95, 96, 97, 98} que Pedro deve adivinhar. João fez três ticipante da campanha receba a mesma quantidade de livros
afirmações, mas só uma é verdadeira: para distribuição e receba a mesma quantidade de canetas para
distribuição. Para atingir o maior número de estações possível,
− O número é par.
a quantidade de canetas que cada estação deve receber é
− O número é múltiplo de 5.
a) 49
− O número é divisível por 3.
b) 70
O número máximo de tentativas para que Pedro adivinhe o
número escolhido por João é c) 27
a) 9 d) 35
b) 7 e) 98 115
60. (FCC – 2019) Para completar seus ganhos mensais, um tra- c) 1.175,00.
balhador vende bolo em pedaços, na porta de um prédio de d) 1.575,00.
escritórios, uma vez por semana. Para isso, ele prepara, em sua
e) 1.975,00.
casa, cinco bolos de sabores variados, usando assadeiras retan-
gulares iguais, de 40 cm por 24 cm, e cortando todos os bolos
em pedaços quadrados iguais, com o maior lado possível, sem
que haja qualquer desperdício. Supondo que ele consiga ven- 7 8 2
65. (FCC – 2022) Em relação às frações 15 , 21 , 5 tem-se que
der, no dia, toda quantidade de bolo produzida, e consideran-
8 7 2
do-se que deseja arrecadar pelo menos R$ 300,00 a cada dia, o a) 21
<
15
<
5
trabalhador deve vender cada pedaço de bolo por, no mínimo, 2 8 7
< <
a) um real. b) 5 21 15
8 2 7
b) dois reais. c) 21
<
5
<
15
c) três reais. 7 2 8
d) 15
<
5
<
21
d) quatro reais. 2 7 8
< <
e) cinco reais. e) 5 15 21
62. (FCC – 2022) Um terreno foi dividido entre quatro irmãos, 67. (FCC – 2021) Marina e Paula trabalham o mesmo número
Ana, Bento, Carla e Daniel. Ana ficou com metade do terreno; de horas diárias em um escritório. Na segunda-feira, Marina
Bento ficou com um terço do terreno; Carla ficou com um séti- 3
mo do terreno e Daniel ficou com 500 m2. A área total do terre- usou 5 das horas de trabalho para arquivar processos. Nesse
2
no, antes da divisão, era de: mesmo dia, Paula usou, ininterruptamente, das 3 horas que
a) 21.000 m² Marina usou arquivando processos para conferir o trabalho
realizado por Marina. Se Paula começou o trabalho de confe-
b) 20.000 m² rência às 8h40 e terminou às 11h16, então, cada uma dessas
c) 25.000 m² funcionárias trabalha diariamente nesse escritório um total de
d) 18.000 m² a) 7 horas e 40 minutos.
e) 15.000 m² b) 7 horas e 20 minutos.
c) 6 horas e 40 minutos.
d) 6 horas e 30 minutos.
63. (FCC – 2022) O valor da soma
e) 6 horas e 20 minutos.
1 1 1 1 1
2022 –2 + 1 + 2022 –1 + 1 + 2022 0 + 1 + 20221 + 1 + 20222 + 1 :
3 68. (FCC – 2021) Antônio, Bernardo e Carlos adquiriram um ter-
a) 2 reno em sociedade de modo que a Antônio coube 1/4 do valor do
5
b) 2
terreno, a Bernardo, 1/3 e a Carlos, o restante. Antônio vendeu
1 sua parte aos outros dois sócios, metade a cada um deles. Após
c) 2 essa transação, a parte que cabe a Carlos corresponde a
7
d) 2 a) 3/5 do valor do terreno.
e)
9 b) 7/12 do valor do terreno.
2
c) 5/8 do valor do terreno.
d) 2/3 do valor do terreno.
64. (FCC – 2022) Os preços dos bilhetes para uma peça de teatro e) 13/24 do valor do terreno.
são diferentes para professores e para alunos. O bilhete de pro-
fessor custa R$ 35,00 e o bilhete de aluno custa 3/7 do preço do
bilhete de professor.
69. (FCC – 2019) Um reservatório de água tem 1/5 de sua capaci-
O valor total gasto, em reais, com as entradas para uma peça de dade ocupada. Após a adição de 32.400 litros de água, o reser-
teatro de um grupo de 91 alunos e 6 professores é vatório ficou com 7/8 de sua capacidade ocupada. A capacidade,
a) 1.775,00. em litros, do reservatório é de
116 b) 1.375,00.
a) 37.000. x
MATEMÁTICA
74. (FCC – 2019) Ao se somar 0,23 com a fração y , x e y inteiros
b) 48.000. positivos, obtém-se um número inteiro. Os números x e y são,
c) 25.920. necessária e respectivamente,
d) 40.500. a) múltiplo de 7 e múltiplo de 10.
e) 23.350. b) divisor de 7 e divisor de 10.
c) número com algarismo das unidades igual a 7 e número
múltiplo de 10.
70. (FCC – 2019) A rodovia que liga a cidade A à cidade B pos- d) número com algarismo das dezenas igual a 2 ou 3 e número
sui duas saídas: uma para a cidade C e mais a frente uma para múltiplo de 5.
a cidade D. A saída para a cidade C está situada a 1/5 de toda e) número com algarismo das centenas igual a 1 e número
rodovia medido a partir do ponto de partida na cidade A. Via- divisor de 50.
jando mais 27 km pela rodovia em sentido da cidade B, encon-
tramos a segunda saída que é a que vai para acidade D. O trecho
da segunda saída até o final da rodovia corresponde a 13/20 de
toda a rodovia. Logo a fração que corresponde ao trecho entre 75. (FCC – 2019) Um armazém possui 400 caixas de garrafas,
a primeira e a segunda saída e o percurso total da rodovia, em cada caixa com 15 garrafas, sendo que dois terços das garrafas
quilômetros, é são de água mineral e as demais são de suco de uva. Dois quin-
tos das garrafas de água são de 1,5 L, e um quinto das garrafas
a) 17/20 e 180.
de suco são de 1,5 L. O total de garrafas de 1,5 L nesse armazém é
b) 3/20 e 200.
a) 2.000.
c) 14/25 e 99.
b) 2.700.
d) 3/20 e 180.
c) 3.900.
e) 14/25 e 200.
d) 3.600.
e) 3.200.
7 16 11 76. (FCC – 2019) Eduardo tem uma coleção de 2.100 selos entre
x= 9 ,y= 21 ,ez= 14
nacionais e estrangeiros. Se para cada 5 selos nacionais ele tem
2 selos estrangeiros, então a diferença entre o número de selos
É correto afirmar que
nacionais e o número de selos estrangeiros é
a) y < x < z.
a) 630.
b) z < x < y.
b) 1.050.
c) y < z < x.
c) 820.
d) z < y < x.
d) 900.
e) x < z < y.
e) 700.
b)
1 a) 198,40.
1008
2 b) 240,00.
c) 2018
c) 73,60.
1
d) 2019 d) 207,60.
2
e) 2019 e) 110,40.
MATEMÁTICA
lizar uma instalação hidráulica. Os parafusos são vendidos em de transformar operações complicadas em operações mais
pacotes, contendo quantidades diferentes de parafusos, cujos simples.
preços estão descritos na tabela abaixo.
X Y = 10x
Quantidade de parafusos no pacote 25 10 4
1, 02 10, 47
Preço, em R$ do pacote 24,00 10,00 4,50
1, 07 10, 72
O mínimo, em R$, que Ernesto consegue gastar para adquirir 1, 04 10, 96
no mínimo 42 parafusos é 1, 30 19, 95
a) 43,50
1, 40 25, 12
b) 43,00
4, 08 12 022,64
c) 44,00
4, 12 13 182,57
d) 42,00
e) 42,50 4, 16 14 454,40
Então
a) z < x < y.
b) z < y < x.
Æ ANÁLISE COMBINATÓRIA (PRINCÍPIO
c) y < z < x.
FUNDAMENTAL DA CONTAGEM, ARRANJOS,
d) x < y < z.
COMBINAÇÕES, PERMUTAÇÕES)
e) y < x < z. 95. (FCC – 2022) Diz-se que um número natural é um palíndro-
mo quando seus algarismos lidos da esquerda para a direita são
os mesmos quando lidos da direita para a esquerda. Por exem-
plo, 5, 33, 131 são palíndromos. A quantidade de palíndromos
91. (FCC – 2019) O quociente de 5050 por 2525 é
que estão entre 100 e 10.000 é:
a) 225
a) 90.
b) 1025
b) 180.
c) 1050
c) 8.910.
d) 1026
d) 4.455.
e) 226
e) 200.
MATEMÁTICA
tes sendo 39 homens e 27 mulheres. A cada semana 4 novos dobro é igual à sua metade mais 10. O valor de N é
homens e 6 novas mulheres se unem ao clube. O total de parti- a) 4.
cipantes na semana em que o número de homens se iguala ao
número de mulheres é: b) 2.
a) 126 c) 10.
b) 136 d) 6.
c) 146 e) 8.
d) 96
e) 116
113. (FCC – 2022) Em um dia, Marta, sua mãe e seu pai fizeram
ao todo 32 ligações de um celular. Marta fez 5 ligações e sua mãe
fez o dobro do número de ligações que seu pai fez.
108. (FCC – 2022) Uma balsa pode transportar, no máximo, ou 10
O número de ligações que a mãe de Marta fez foi
carros pequenos ou 6 caminhonetes em uma viagem. O balsei-
ro nunca mistura carros pequenos com caminhonetes em uma a) 20.
mesma viagem e só faz a travessia com a capacidade máxima b) 9.
de sua balsa. Em um determinado dia fez 5 viagens e transpor- c) 10.
tou ao todo 42 veículos. O número de caminhonetes transpor-
d) 18.
tadas nesse dia foi
e) 27.
a) 24
b) 12
c) 30
114. (FCC – 2022) Um aplicativo de entrega de comida apresenta
d) 18 apenas três opções de gorjeta aos clientes: R$ 5,00, R$ 1,00 ou
e) 36 não dar gorjeta. Amarildo concluiu 20 entregas em um deter-
minado dia de trabalho em que recebeu um total de R$ 68,00
em gorjetas.
109. (FCC – 2022) Cada quadradinho da figura deve ser preen- Sabendo que em apenas 4 dessas entregas não recebeu gorjeta,
chido com um número de tal forma que a soma de todos os o número de entregas em que recebeu R$ 1,00 de gorjeta, nesse
cinco números seja 35 e a soma dos três primeiros seja 22. Dois dia, foi
quadradinhos já foram preenchidos. a) 4.
b) 3.
3 4 c) 5.
d) 6.
O número que deve aparecer no quadradinho cinza é:
e) 7.
a) 12
b) 7
c) 9 115. (FCC – 2022) Considere 4 números, x, y, z e w, com x × y = 10,
d) 8 y × z = 6 e z × w = 15. O valor de x × w é
e) 10 a) 30.
b) 60.
c) 150.
110. (FCC – 2022) João distribuiu 300 reais entre seus netos d) 25.
Antonio, Bernardo e Carlos do seguinte modo: deu, sucessi-
e) 45.
vamente, 1 real a Antonio, 2 reais a Bernardo, 3 reais a Carlos,
4reais a Antonio, 5 reais a Bernardo, 6 reais a Carlos e conti-
nuou seguindo esse padrão até que o dinheiro fosse totalmente
distribuído. 116. (FCC – 2019) O chefe de uma seção passou a um de seus fun-
O valor que coube a Bernardo foi de cionários uma tarefa que consistia em ler, registrar e arquivar
um determinado número de processos. O funcionário depois
a) 108 reais. de ter lido, registrado e arquivado um quarto do número total
b) 92 reais. de processos, notou que se lesse, registrasse e arquivasse mais
c) 100 reais. três processos, teria completado um terço da tarefa. O número
total de processos que compõem a tarefa completa passada, ao
d) 102 reais.
funcionário, pelo chefe é de
e) 104 reais. a) 36.
b) 12.
c) 24.
111. (FCC – 2022) Um professor foi convidado a elaborar um
determinado número de questões para uma prova e realizou d) 48.
a tarefa em três dias. No primeiro dia ele elaborou metade e) 60.
das questões solicitadas, no segundo dia elaborou metade das
questões restantes e finalmente, no terceiro dia, elaborou 4
questões. 117. (FCC – 2019) A soma de três números pares, positivos e con-
O número total de questões solicitadas ao professor foi secutivos é 330. O maior número dessa sequência é o número
a) 15. a) 116.
b) 20. b) 108.
c) 16. c) 100.
d) 8. d) 112.
e) 24. e) 110. 121
118. (FCC – 2019) Adriana, Bianca, Carla e Daniela almoçaram 123. (FCC – 2019) Um recipiente P tem capacidade para 1,3 L, e
juntas em um restaurante. Adriana pagou 1/3 do total da conta, um recipiente Q tem capacidade para 350 mL. Para encher de
Bianca pagou 1/4 do total da conta e Carla pagou 1/5 do total con- água um tanque de 25 L, inicialmente vazio, empregou-se o
ta. Se restaram R$ 39,00 para Daniela totalizar a conta, então o recipiente P, cheio, por 16 vezes e o recipiente Q, também cheio,
valor total da conta foi de por
a) R$ 180,00. a) 8 vezes.
b) R$ 120,00. b) 11 vezes.
c) R$ 156,00. c) 10 vezes.
d) R$ 221,00. d) 9 vezes.
e) R$ 245,00. e) 12 vezes.
119. (FCC – 2019) Para a festa de aniversário de seu filho, Simone 124. (FCC – 2019) O número de blusas de Patrícia era igual a 70%
seguiu as instruções no rótulo de uma garrafa de suco de uva do número de blusas de Cláudia. Cláudia deu 12 de suas blusas
concentrado e misturou seu conteúdo com água n a proporção para Patrícia e, dessa forma, o número de blusas de Cláudia pas-
de 2/3 de água e 1/3 de suco concentrado, em volume, obten- sou a ser 70% do número de blusas de Patrícia. O número de
do, assim, 900 mL de refresco de uva. Ao notar que o número blusas que essas meninas têm, juntas, é
de crianças na festa seria maior do que o que previra, Simone a) 48.
diluiu um pouco mais o refresco, misturando mais água, de for- b) 68.
ma que, depois da diluição, a parte do volume que correspon-
c) 102.
dia a água ficou sendo 3/4. O volume de refresco obtido após a
diluição foi de d) 94.
a) 2,1 L. e) 84.
b) 1,5 L.
c) 1,8 L.
125. (FCC – 2019) Em um grupo de 60 pessoas, cada uma usa
d) 1,2 L.
uma pulseira em cada braço, que podem ter a mesma cor
e) 2,4 L. ou não, escolhidas entre verde, azul ou preta. Cada uma das
120pulseiras tem uma única cor, e sabe-se que quem usa uma
pulseira preta não pode usar a outra azul, e ninguém usa pul-
seira azul nos dois braços. Sabe-se ainda que no total são usa-
120. (FCC – 2019) No dia 2 de abril Gabriel tinha 80% do valor de
das 55 pulseiras pretas e o número total de pulseiras verdes
que precisava para comprar uma bicicleta. No dia 3 de abril ele
usadas excede em 15 o número total de pulseiras azuis usadas.
conseguiu mais R$ 120,80, porém a bicicleta sofreu um aumen-
Nessas condições, o número mínimo de pessoas que usam pul-
to de 12%, de maneira que ainda faltavam a Gabriel R$ 300,00
seira preta nos dois braços é
para completar o valor necessário. O preço da bicicleta no dia 2
de abril era de a) 1.
a) R$ 1.999,90. b) 7.
b) R$ 896,00. c) 14.
c) R$ 1.315,00. d) 20.
d) R$ 560,00. e) 27.
e) R$ 2.379,20.
MATEMÁTICA
crachás com identificações que começam pelas letras A ou B, descoberto pode servir para medir, em milímetros, a quantida-
seguidas de três números. Do total de inscritos,
3
receberam de de precipitação de uma chuva. Se o recipiente tiver seção
7
2 constante (recipiente cilíndrico ou prismático) a quantidade
crachás com a letra A. Em uma palestra 5 dos inscritos que de precipitação poderá ser lida diretamente pela altura da água
receberam crachás com a letra A compareceram e todos os acumulada no fundo do recipiente.
inscritos que receberam crachás com a letra B também com-
pareceram. Havia 260 participantes nessa palestra. O total de
inscritos nesse congresso é de
a) 300
b) 520
Num determinado dia em que choveu muito, a precipitação
c) 560
medida foi de 50 mm. Depois da chuva, uma piscina retangular
d) 350 (de profundidade constante), que antes continha água em 97,5%
e) 260 de sua capacidade, chegou exatamente ao limite do extravasa-
mento. A profundidade da piscina, em metros, é
a) 1,50
129. (FCC – 2019) Uma empresa levará seus funcionários ao tea- b) 1,25
tro. O grupo é formado por 240 funcionários e, dentre eles, há c) 1,00
pessoas com mais de 60 anos. No teatro há 2 tipos de ingres- d) 2,00
sos: normal ao preço de R$ 50,00; com desconto, para quem e) 2,25
tem mais de 60 anos, por R$ 25,00. O gasto da empresa com os
1
ingressos para os funcionários que têm mais de 60 anos foi 11
do gasto total. O valor gasto, em reais, com os demais funcioná-
134. (FCC – 2019) Se Ana der a Bruna duas de suas canetas,
rios foi de
ambas ficarão com o mesmo número de canetas, e se Bruna der
a) 12.000,00 a Ana três de suas canetas, Ana ficará com o dobro do número
b) 11.000,00 de canetas de Bruna. O número de canetas de Bruna é
c) 10.000,00 a) 10
d) 8.000,00 b) 13
e) 5.000,00 c) 17
d) 15
e) 14
130. (FCC – 2019) Maria tem 3 anos de diferença do seu irmão
mais velho. Daqui a 9 anos o produto das idades de ambos irá
aumentar 288 unidades. A idade de Maria é 135. (FCC – 2019) Uma lanchonete vende sanduíches por R$ 6,50
a) 10 e bebidas por R$ 2,00. Em um dia vendeu 209 produtos, entre
sanduíches e bebidas, e recebeu R$ 836,50. O número de san-
b) 11 duíches vendidos nesse dia foi
c) 20 a) 77
d) 12 b) 93
e) 9 c) 99
d) 105
e) 129
131. (FCC – 2019) Lívia leu um livro nas férias em 4 dias. No 1º dia,
leu um terço do livro. No 2º dia, leu um terço do que faltava. No
3º dia, leu 10 páginas a mais do que tinha lido no 2° dia. No 4º
136. (FCC – 2019) A razão entre o número de homens e o núme-
dia, Lívia leu as 30 páginas que faltavam para acabar o livro. O
ro de mulheres hospedados em um hotel no sábado era de 5
número de páginas do livro de Lívia é para 7. No dia seguinte hospedaram-se nesse hotel mais alguns
a) 240 homens e mais 14 mulheres e nenhum hóspede deixou o hotel.
b) 180 Considerando todas as pessoas hospedadas no domingo, o
hotel estava com 6 homens para cada7 mulheres. Se o número
c) 150 total de hóspedes homens no domingo passou a ser o mesmo
d) 480 número de mulheres hospedadas no sábado, então o número
e) 360 de homens que se hospedaram no domingo foi
a) 30
b) 18
132. (FCC – 2019) Há uma maçã verde, uma maçã vermelha e c) 24
uma laranja. Deve-se verificar quanto cada fruta pesa, mas só d) 12
podem ser pesadas duas a duas. As maçãs verde e vermelha e) 36
juntas pesam 450 g, a maçã verde e a laranja juntas pesam 390
g, a maçã vermelha e a laranja juntas pesam 360 g. A maçã ver-
melha pesa
137. (FCC – 2019) Em um laboratório, os frascos marcados com
a) 220 g P ou Q são misturas de água e álcool. Os frascos marcados com
b) 210 g P possuem 25% de álcool e os marcados com Q possuem80%
c) 205 g de álcool. Uma mistura de 110 litros de água e álcool, contendo
60% de álcool, foi preparada misturando p litros dos frascos P
d) 215 g com q litros dos frascos Q. A diferença, em litros, entre as quan-
e) 225 g tidades usadas dos frascos Q e P é igual a 123
a) 20 a) 88.
b) 15 b) 84.
c) 10 c) 80.
d) 25 d) 92.
e) 30 e) 96.
138. (FCC – 2019) Em uma padaria, o preço de um lanche espe- 143. (FCC – 2019) Paulo pegou oito quinze avos da quantia que
cial é R$ 6,00 mais caro que o lanche normal. Com a venda de 22 estava em um cofre e mais R$ 124,00 que estavam em sua car-
lanches normais e 43 lanches especiais, a padaria recebeu um teira para fazer o pagamento de um fornecedor. Se o valor rece-
total de R$ 1.265,50. O preço de um lanche normal, em reais, é bido por esse fornecedor foi R$ 3.500,00, a quantia que ainda
a) 20,50 sobrou no cofre foi igual a:
b) 15,50 a) R$ 2.998,00
c) 18,00 b) R$ 2.772,00
d) 13,00 c) R$ 2.836,00
e) 23,00 d) R$ 2.954,00
e) R$ 2.722,00
139. (FCC – 2019) Uma loja vende uma camisa individual por R$
40,00, um par de camisas por R$ 65,00 ou um trio de camisas 144. (FCC – 2019) Os irmãos Alberto e Humberto levaram uma
por R$ 90,00. Certo dia essa loja vendeu 100 camisas, tendo mesma quantia em dinheiro para uma viagem. A cada dia
recebido um total de R$ 3.385,00. Se foram vendidas 28 camisas Humberto gastou o dobro do que gastou seu irmão, de maneira
individuais, então o valor arrecadado com a venda de pares de que, após 20 dias, Alberto ainda tinha R$ 820,00 e, após 21 dias,
camisas, em reais, foi
Humberto ainda tinha R$ 160,00. O valor que cada um desses
a) 2.925,00 irmãos levou para a viagem foi:
b) 1.365,00 a) R$ 1.280,00
c) 1.625,00 b) R$ 1.360,00
d) 2.145,00 c) R$ 1.420,00
e) 975,00 d) R$ 1.500,00
e) R$ 1.640,00
142. (FCC – 2019) Lucas e Estela colecionam miniaturas de 147. (FCC – 2019) Dez times estão inscritos em um campeo-
carrinhos e a razão entre o número de carrinhos de Lucas e o nato de basquete. Cada time deve jogar exatamente uma vez
3
número de carrinhos de Estela é 5 . Se Lucas der 12 carrinhos com cada um dos outros times. A cada jogo o vencedor ganha
para Estela, ela passará a ter o triplo do número de carrinhos de 3pontos e, se houver empate, cada um dos times ganha 1 ponto.
Lucas. Eles têm, juntos, um total de carrinhos igual a: Se, ao final do campeonato, o total de pontos distribuídos para
124 todos os times for 125, o número de empates terá sido
a) 8.
MATEMÁTICA
b) 12.
c) 10.
d) 11.
e) 9.
148. (FCC – 2019) Em um teste, Maria deve acertar pelo menos 70% das questões para ser aprovada. Ela já fez 24 questões e sabe que
acertou 15 delas e não sabe responder 9. Se não acertar essas 9 questões e acertar todas as outras, ela passará no teste; porém, se não
acertar pelo menos uma dessas outras, ela não será aprovada. O número de questões desse teste é
a) 30.
b) 36.
c) 45.
d) 42.
e) 39.
149. (FCC – 2019) Ana, Beto e Carlos têm juntos 39 bolas de gude. Se Beto der 5 bolas para Carlos, Carlos der 4 bolas para Ana e Ana der
2 bolas para Beto, os três ficam com a mesma quantidade de bolas. O número de bolas de Beto antes das trocas é
a) 12.
b) 15.
c) 14.
d) 13.
e) 16.
150. (FCC – 2019) Em uma competição de culinária os concorrentes devem acertar o ingrediente especial de cada um dos 10 pastéis
que irão provar de olhos vendados. Para cada resposta certa o candidato ganha 1 ponto e para cada errada perde 1 ponto. Ana come-
çou com 10 pontos e, depois de provar os 10 pastéis, ficou com 14 pontos. O número de erros de Ana foi de:
a) 4.
b) 8.
c) 7.
d) 6.
e) 3.
125
É correto afirmar que:
a) c ≥ 0
b) b + c ≥ 0
c) ac > 0
d) bc ≥ 0
e) ab > 0
153. (FCC – 2019) Um comerciante compra uma caixa de latas de azeites estrangeiros por R$ 1.000,00. Retira 5 latas da caixa e a vende
pelo mesmo preço, R$ 1.000,00. Desse modo o preço de cada dúzia de latas do azeite aumenta em R$ 120,00 em relação ao preço que
ele pagou. O aumento, em porcentagem, do preço da lata foi de
a) 20
b) 25
c) 30
d) 35
e) 40
1 1
154. (FCC – 2019) Sejam a e b dois números positivos tais que a + b = 5. O menor valor que a expressão a + b pode assumir é
3
a) 5
2
b) 5
1
c) 5
4
d) 5
e) 5
155. (FCC – 2019) Em uma festa junina de uma escola, cada aluno trouxe para outro aluno 1 pacote de estalinhos, mas nenhum aluno
trouxe estalinhos para si mesmo. Os oito professores da escola trouxeram, cada um, 2 pacotes de estalinho para cada aluno e a dire-
tora da escola trouxe, para cada aluno, 3 pacotes de estalinho. Se, no total, foram trazidos2 419 pacotes de estalinho, então o número
de alunos dessa escola está compreendido entre
a) 40 e 50
b) 50 e 60
c) 60 e 70
d) 70 e 80
e) 80 e 90
Æ EQUAÇÕES EXPONENCIAIS
156. (FCC – 2020) Se a b e c e são números naturais que satisfazem 2a. 3b = 18. 6c, então b- a é igual a
a) 5
b) 2
c) 4
d) 3
e) 1
Æ SISTEMAS LINEARES
157. (FCC – 2021) Sabe-se que objetos iguais têm o mesmo peso e que uma balança de pratos está em equilíbrio quando, sobre cada
um de seus dois pratos, há o mesmo peso. Na figura abaixo, veem-se três balanças sobre cujos pratos foram colocados objetos na
forma de quadriláteros, estrelas e triângulos, além de pesos de 600 g.
126
Se as três balanças da figura estão em equilíbrio, então a soma dos pesos de um quadrilátero, um triângulo e uma estrela é
MATEMÁTICA
a) 1.500 g.
b) 1.000 g.
c) 1.200 g.
d) 900 g.
e) 1.800 g.
158. (FCC – 2021) Sabe-se que objetos iguais têm o mesmo peso e que uma balança de pratos está em equilíbrio quando, nos dois
pratos, há o mesmo peso. Objetos em forma de pentágono, estrela e triângulo foram colocados nas balanças de maneira que as duas
estejam em equilíbrio, como na figura abaixo:
Nesse caso,
a) um pentágono pesa o mesmo que duas estrelas.
b) três estrelas pesam o mesmo que quatro triângulos.
c) os três objetos têm o mesmo peso.
d) dois triângulos pesam o mesmo que três pentágonos.
e) uma estrela pesa o mesmo que um triângulo, que, por sua vez, tem a metade do peso de um pentágono.
159. (FCC – 2019) Uma confeitaria vende doces pequenos e grandes. O preço de um doce pequeno é R$ 7,00 a menos do que o preço
de um doce grande. Na venda de 93 doces pequenos e 79 doces grandes, foram arrecadados R$ 1.155,00. O preço de um doce pequeno
nessa confeitaria é:
a) R$ 3,00
b) R$ 3,50
c) R$ 4,00
d) R$ 4,50
e) R$ 5,00
127
Fazendo seus cálculos, o serralheiro constatou que, para confeccionar a peça, seria necessário, em metros, um comprimento total
de barras de ferro correspondente a:
a) 9,2.
b) 8,8.
c) 9,6.
d) 11,6.
e) 12,0.
162. (FCC – 2019) O triângulo ABC, de área 64 cm2, foi dividido pelos segmentos DE, DF, EF, em quatro triângulos congruentes. O
triângulo DEF, por sua vez, foi dividido pelos segmentos GH, HI, e GI, em quatro triângulos congruentes, o mesmo acontecendo com
o triângulo GHI através dos segmentos JK, KL, LJ.
163. (FCC – 2019) As retas r, s, t, u, v e w, indicadas na figura abaixo, são paralelas e equidistantes entre si.
Neste caso, a razão entre as áreas da região pintada e do triângulo ABD é igual a:
5
a) 2
2
b) 5
3
c) 2
5
d) 3
2
128 e) 3
Æ QUADRILÁTEROS (PROPRIEDADES, ÁREA, Se a área da figura destacada acima é de 200 metros quadrados,
MATEMÁTICA
PERÍMETRO, SOMA DOS ÂNGULOS, ETC) o produto dos lados do campo original é, em metros quadrados,
igual a
164. (FCC – 2022) No plano cartesiano temos um quadrado a) 500.
ABCD e três retas paralelas, s, r e t. Os vértices A, C e D perten- b) 300.
cem, respectivamente, às retas t, s e r, como na figura abaixo.
c) 400.
d) 150.
e) 550.
d) 59.
e) 42.
168. (FCC – 2019) O perímetro de um quadrilátero é a soma das
medidas dos seus 4 lados. Um retângulo ABCD tem perímetro
igual a 60 cm e um quadrado CDEF, que tem 3 lados sobrepos-
165. (FCC – 2022) Considere 3 quadrados como na figura. tos aos lados do retângulo, tem perímetro igual a 44 cm, confor-
me mostra a figura, sem escala
170. (FCC – 2019) Um retângulo possui 14 cm de comprimento e 8 cm de largura e foi dividido em duas regiões, Q e R, conforme mos-
tra a figura abaixo.
Sabendo-se que o lado do octógono mede b, quando o ponteiro tiver se deslocado 247,5º, a partir de sua posição inicial, a parte tra-
cejada do contorno do octógono medirá:
7b
a) 2
11b
b) 2
c) 10b
9b
d) 2
e) 5b
Æ GEOMETRIA ESPACIAL
172. (FCC – 2022) Para formar uma peça, 4 caixas idênticas, cujos lados são retangulares, foram coladas como mostra a figura.
130
Se para pintar o exterior de uma única caixa gasta-se 0,5 litro 177. (FCC – 2019) Sabe-se que o volume de um cone reto corres-
MATEMÁTICA
de tinta, para pintar todo o exterior da peça montada será/serão ponde à terça parte do volume de um cilindro reto de mesma
necessário(s) base e mesma altura. Uma peça maciça de vidro é constituída
a) 2,5 litros de tinta. de um cilindro reto de altura 10 cm, cujo raio da base mede 2
cm, vazado por uma região cônica reta com a mesma base do
b) 1,5 litro de tinta.
cilindro e altura 6 cm. Observa-se, na figura que a parte maciça
c) 3,25 litros de tinta. da peça, em vidro, é a região pintada.
d) 1,0 litro de tinta.
e) 2,0 litros de tinta.
Æ GEOMETRIA ANALÍTICA 31 A 83 A
32 A 84 E
180. (FCC – 2019) O gráfico da figura representa o sistema:
33 A 85 A
'3x – 5y
2x – y = 6 34 D 86 C
= –5
35 D 87 B
36 E 88 B
de equações do primeiro grau.
37 D 89 C
38 D 90 A
39 B 91 C
40 C 92 A
41 D 93 C
42 B 94 C
43 B 95 B
44 A 96 C
45 E 97 C
46 D 98 C
Neste caso, a área do triângulo definido pelos vértices C, E e F 47 D 99 C
vale
48 C 100 C
a) 7.
49 C 101 E
b) 20.
c) 6. 50 D 102 E
d) 17. 51 E 103 A
e) 12. 52 E 104 B
53 D 105 A
GABARITO 54 D 106 A
55 D 107 A
56 D 108 B
1 A 5 C
57 B 109 C
2 E 6 E
58 B 110 C
3 D 7 C
59 A 111 C
4 C 8 D
60 D 112 A
132
MATEMÁTICA
113 D 147 C
114 B 148 A
115 D 149 E
116 A 150 E
117 D 151 C
118 A 152 D
119 D 153 B
120 C 154 D
121 A 155 A
122 C 156 E
123 E 157 B
124 B 158 C
125 D 159 B
126 B 160 B
127 C 161 D
128 D 162 D
129 C 163 C
130 A 164 C
131 B 165 C
132 B 166 A
133 D 167 A
134 B 168 D
135 B 169 E
136 C 170 E
137 E 171 B
138 B 172 B
139 B 173 E
140 C 174 B
141 A 175 E
142 E 176 B
143 D 177 A
144 C 178 B
145 E 179 E
146 C 180 A
ANOTAÇÕES
133
ANOTAÇÕES
134
INFORMÁTICA
INFORMÁTICA
Æ CONCEITOS GERAIS DE INFORMÁTICA E Para a gravação NÃO ter ocorrido, o sexto arquivo pode ter
qualquer tamanho
INTRODUÇÃO
a) menor do que 3 GB.
1. (FCC – 2022) Em um pen drive foi encontrado um arquivo b) maior do que 700 MB.
chamado PGEAM121.zip, com tamanho em disco de 13.656.064
bytes. Trata-se de um arquivo c) menor do que 3700 MB.
a) compactado de aproximadamente 13,0 MB. d) maior do que 1.9 GB.
b) otimizado de aproximadamente 13,0 KB. e) maior do que 600000 KB.
c) de programa de aproximadamente 13,5 MB.
d) de sistema de aproximadamente 13,5 KB.
5. (FCC – 2018) O hardware é
e) compactado de aproximadamente 13,0 GB.
a) um software embutido em dispositivos eletrônicos durante
a fabricação do sistema operacional.
2. (FCC – 2022) Ao perceber que o disco do seu computador esta- b) constituído pelos programas, criados a partir de algoritmos
va cheio, um Professor começou a analisar o espaço ocupado por e suas representações no computador.
cada pasta do seu HD para descobrir as que usavam mais espaço. c) constituído por componentes eletrônicos, com memória e
Clicou com o botão direito do mouse sobre cada pasta no explo- dispositivos de entrada/saída.
rador de arquivos do Windows e acionou a opção Propriedades.
d) uma coleção de fios usados para transmitir sinais em
Em uma das pastas foram mostradas as informações abaixo.
paralelo.
Tamanho em disco: 578.400.256 bytes
e) uma máquina virtual de um computador hipotético.
Contém: 7.855 Arquivos, 1.348 Pastas
Observando-se a quantidade de bytes indicada, o tamanho
aproximado da pasta é de
6. (FCC – 2018) Considere as várias gerações dos computadores,
a) 566 GB. a seguir:
b) 566480 MB.
c) 566 KB. A Computadores a transístores
d) 500 TB.
B Computadores de integração em escala muito grande
e) 551 MB.
C Computadores mecânicos
D Computadores a válvulas
3. (FCC – 2019) Em um pen drive de 16 GB um Estagiário conse-
guirá armazenar E Computadores de circuitos integrados
a) 18 arquivos de 999 MB.
b) 4 arquivos de 5194304 KB. A ordem cronológica das gerações dos computadores, conside-
c) 8 arquivos de 3097152 KB. rando do mais antigo para o mais atual, é
Æ WINDOWS 7
9. (FCC – 2022) Um Professor deseja desinstalar um software
educacional do seu computador no Windows. A maneira cor-
reta para desinstalar o software e, normalmente, suas con- Este menu foi obtido por meio de um clique com o botão
figurações é a) direito do mouse sobre uma pasta em uma unidade de
a) por meio da opção Desinstalar um Programa que se encon- disco.
tra no Gerenciador de Dispositivos do Windows. b) esquerdo do mouse sobre uma unidade não expandida de
b) por meio do recurso nativo do Windows chamado Microsoft armazenamento, como um HD ou pen drive.
Uninstaller Manager que se encontra no menu principal do
c) direito do mouse sobre uma unidade não expandida de pen
Windows.
drive.
c) excluindo a figurinha com o nome do software da área de
d) esquerdo do mouse sobre uma pasta ou arquivo de um pen
trabalho do Windows, por onde o software pode ser aberto.
drive.
d) apagando a pasta do software que se encontra normalmen-
e) direito do mouse sobre um arquivo em uma unidade de
te dentro da pasta Arquivos de Programas na unidade C.
disco.
e) por meio da opção de desinstalação disponível a partir do
Painel de Controle.
INFORMÁTICA
selecionar Exibir. desabilitar o item Usar Reprodução Automática em todas
e) pressionar simultaneamente <ctrl> + <tab> na área de tra- as mídias e dispositivos.
balho e depois selecionar organizar. b) Gerenciador de Dispositivos, Controladores USB e desabili-
tar o item Reprodução Automática de mídia removível.
c) Ferramentas Administrativas, Gerenciamento de Reprodu-
15. (FCC – 2018) No sistema operacional Windows 7, as exten- ção Automática e desabilitar o item Reprodução Automáti-
sões dos tipos de arquivo conhecidos são ocultadas por padrão. ca de mídia removível.
Uma das formas de mostrar as extensões dos arquivos é por d) Programas Padrão, Alterar configurações de Reprodução
meio do Painel de Controle Automática e desabilitar o item Usar Reprodução Automá-
a) Personalização, Alterar Modo de Exibição, e, na janela Pas- tica em todas as mídias e dispositivos.
tas e Arquivos, modificar o item de ocultação da Extensão. e) Programas e Recursos, Ativar ou desativar recursos do Win-
b) Preferências, aba Pastas e Arquivos, e acessar o item de dows e desabilitar o item Reprodução Automática em todas
apresentação da extensão na aba Geral. as mídias e dispositivos.
c) Gerenciador de Preferências, Pastas e Arquivos, e acessar o
item de apresentação da extensão na aba Geral.
d) Personalização, aba Pastas e Arquivos, e acessar o item de 19. (FCC – 2018) No explorador de arquivos (Windows Explorer)
modificação na janela Apresentação. de um computador com o Microsoft Windows 7, em portu-
e) Opções de Pasta, aba Modo de Exibição, e acessar o item de guês, um técnico clicou com o botão direito do mouse sobre o
ocultação da extensão na janela Configurações Avançadas. nome de um arquivo que está no HD, e deseja definir o arquivo
somente para leitura, de forma que, se alterado, não possa ser
salvo com o mesmo nome na mesma pasta. Conseguirá fazer
isso a partir da janela que aparecerá ao clicar na opção
16. (FCC – 2018) O pen drive é um dos dispositivos de arma-
zenamento mais utilizados atualmente no universo da infor- a) Propriedades.
mática. Considere que um pen drive que possui armazenado b) Configurações.
o arquivo Edital.pdf, com 377 kB de tamanho, foi inserido na c) Ferramentas.
porta USB de um computador com sistema operacional Win-
dows 7. Caso o arquivo Edital.pdf seja arrastado para a Lixeira d) Permissões.
presente na Área de Trabalho, e) Criptografia e Segurança.
a) o arquivo será removido do pen drive e armazenado na pas-
ta Lixeira da Área de Trabalho possibilitando a restituição
do arquivo. 20. (FCC – 2018) O campo para pesquisar programas e arquivos
b) será apresentada uma janela para se escolher pela transfe- da área de trabalho do Windows 7, em português, permite loca-
rência do arquivo ou criar um atalho para o arquivo na pasta lizar rapidamente ferramentas e recursos do Windows, sem a
Lixeira da Área de Trabalho. necessidade de procurá-los nos menus. Uma ferramenta que
c) o arquivo será transferido para a pasta oculta Lixeira do pode ser localizada e acessada por meio desse campo abrirá
pen drive sendo possível recuperar o arquivo habilitando a uma tela onde será possível gerenciar os processos em execu-
visualização da pasta oculta. ção, encerrar programas problemáticos e verificar quanto do
d) será apresentada uma janela de alerta de exclusão perma- processador e da memória estão sendo utilizados. Trata-se da
nente, na qual se pode escolher o prosseguimento da ação. ferramenta conhecida como
e) o arquivo será transferido para a pasta oculta System Volu- a) Gerenciador de Dispositivos.
me Information do pen drive, não sendo possível recuperar b) Painel de Controle.
o arquivo. c) Central de Gerenciamento.
d) Central Administrativa.
e) Gerenciador de Tarefas.
17. (FCC – 2018) O usuário de um computador com sistema
operacional Windows 7 armazenou o arquivo Relatório Anual.
docx na pasta Documentos da sua pasta de arquivos pessoais.
Para facilitar o acesso a esse arquivo, o usuário decidiu criar um 21. (FCC – 2018) Para otimizar as configurações do sistema
Atalho para esse arquivo na Área de Trabalho. Para isso ele deve, operacional Windows 7, em português, uma recomendação
supondo o mouse em sua configuração padrão, selecionar o é: clicar no botão Iniciar e no campo Pesquisar programas e
arquivo Relatório Anual.docx na pasta Documentos, arrastá- arquivos digitar I e pressionar a tecla Enter. Na janela Confi-
-lo para a Área de Trabalho e soltá-lo, mantendo pressiona- guração do Sistema que se abre, na aba Inicialização do siste-
dos simultaneamente durante essa ação o botão esquerdo do ma, verificar se o Windows 7 foi selecionado. Em seguida, clicar
mouse e a tecla em Opções Avançadas e, na janela que se abre, marcar a opção
a) Shift. Número de processadores. Selecionar de preferência o maior
b) Alt. número possível de processadores propostos e clicar em Ok. Ao
fechar a janela e abrir a anterior, clicar em Aplicar e, em segui-
c) Ctrl.
da, em Ok. Reiniciar o computador.
d) Tab.
(Adaptado de: http://br.com.net/faq/2510-como-deixar-o-seu-windows-7-
e) Esc. mais-veloz)
23. (FCC – 2018) Para resolver um problema de conexão do com- 26. (FCC – 2018) Um funcionário está usando um computador
putador do escritório onde trabalha com a Internet, um Técni- com o sistema operacional Windows 7, em português, e deseja
co Administrativo ligou para o suporte da empresa provedora saber a quantidade total de memória RAM e quanto de memó-
de serviços de Internet. O funcionário do suporte solicitou ao
ria está livre naquele momento. Para isso, ele deve
Técnico que informasse o endereço IPv4 do computador. Para
obter esse número, o Técnico abriu o prompt de comandos do a) pressionar a tecla Windows, digitar cmd seguido de Enter e
Windows 7, em português, digitou um comando e pressionou a digitar mem seguido de Enter.
tecla Enter. O comando digitado foi b) acessar o menu “Sistema” a partir do Windows Explorer.
a) netsh -ip c) pressionar as teclas Ctrl+Alt+Delete e acessar a aba
b) ipconfig “Desempenho” do Gerenciador de Tarefas.
c) showIP -v4 d) acessar o menu “Memória” a partir do Windows Explorer.
d) netconfig -ip e) pressionar as teclas Windows + E e acessar a aba “Memória”
e) ls -ip do Gerenciador de Tarefas.
INFORMÁTICA
com Microsoft Windows normalmente são gravados em uma ws, Configurações de Criptografia e, depois, escolher o
pasta chamada Documentos do HD ou SSD, ou em outra pas- dispositivo.
ta selecionada pelo usuário. Para evitar a perda do documento c) selecionar o botão Iniciar, depois selecionar a Conta do
caso ocorram falhas graves nesses dispositivos de armazena- usuário logado e, em seguida, a opção de Criptografia de
mento, é aconselhável manter um backup do documento em dados.
um pen drive ou HD externo, por exemplo. Estando duas janelas
d) selecionar o botão Iniciar, depois Documentos, Criptografia
do Windows abertas, lado a lado, sem documentos seleciona-
dos documentos.
dos, uma com a pasta Documentos do HD e outra com a unida-
de de pen drive, para copiar um arquivo da pasta Documentos e) digitar, na caixa de pesquisa no rodapé da tela do Win-
para o pen drive basta dows, Proteção de dispositivos e, em seguida, escolher o
dispositivo.
a) pressionar as combinações de teclas CTRL + X e CTRL + V.
b) manter pressionada a tecla SHIFT e arrastar o arquivo da
janela da pasta Documentos para a janela do pen drive.
33. (FCC – 2020) Um deputado estadual que está em viagem
c) arrastar o arquivo da janela da pasta Documentos para a
acionou a equipe de assistência de informática porque acredi-
janela do pen drive.
ta que um vírus invadiu o seu notebook com Windows 10, em
d) pressionar as combinações de teclas CTRL + C e CTRL + V. português. Para realizar uma verificação de vírus na máquina,
e) clicar no menu Arquivo e na opção Copiar e, depois, na incluindo a verificação do sistema de boot, estando o computa-
opção Arquivo e Colar. dor sem conexão a redes, o deputado será orientado a utilizar a
opção de verificação da proteção contra vírus do Windows
a) completa.
30. (FCC – 2022) Um dos primeiros passos para se proteger um b) personalizada.
computador com o Windows 10, em português, contra malwa- c) atualizada.
res é desativar a reprodução automática de dispositivos USB,
d) rápida.
CD, Blu-ray, DVD etc. Isso faz com que, quando se conectar, por
exemplo, um pen drive em uma porta USB, qualquer malware e) offline.
que seria executado automaticamente seja evitado. Em condi-
ções ideais, para se chegar à janela onde será possível desativar
a reprodução automática para todas as mídias e dispositivos, 34. (FCC – 2019) Um Técnico de Informática teve todos os arqui-
clica-se na tecla com o símbolo (logotipo) do Windows, depois vos e pastas do pen drive danificados e, após plugá-lo em um
na sequência de opções: computador com o Windows 10, em Português, percebeu que,
a) Configurações > Dispositivos > Reprodução automática. apesar de ele ter sido reconhecido, os arquivos e pastas esta-
b) Acessórios > Configurações > Autoexecutar. vam inacessíveis. Considerando que a estrutura física do pen
drive estava preservada, a ação mais adequada, nesse caso, é
c) Explorador de Arquivos > Autoexecutar > Dispositivos.
a) descartar o pen drive e comprar um novo.
d) Painel de Controle > Dispositivos > Autoexecutar.
b) desfragmentar o pen drive a partir dos recursos presentes
e) Painel de Controle > Sistema e Segurança > Reprodução no Gerenciar de Arquivos.
automática.
c) restaurar o pen drive por meio dos recursos presentes no
Restaurador de Arquivos.
d) formatar o pen drive a partir dos recursos presentes no
31. (FCC – 2020) Para maior segurança com as informações Explorador de Arquivos.
de uma Assembleia Legislativa, computadores de deputa-
dos serão configurados para bloquearem automaticamente e) reconstruir as trilhas do pen drive por meio de recursos
o acesso, assim que o usuário se afastar do computador com o presentes no Painel de Controle.
seu telefone celular.
Considerando que os deputados têm computadores com a
versão mais atual do Windows 10, em português e Bluetooth, 35. (FCC – 2019) No Explorador de arquivos do Windows 10, em
para realizar essa configuração, a equipe de assistência de português, Ana clicou com o botão direito do mouse sobre a
informática precisa identificação de unidade de pen drive conectada no compu-
tador e selecionou as opções Novo > Pasta, para criar uma nova
a) alterar a política de senha para complexa, acessando a con-
pasta onde pretende guardar seus documentos. O nome desta
figuração de senhas do sistema.
pasta poderá ser:
b) selecionar a opção de bloqueio dinâmico, nas opções de
a) 08-12-2018
entrada da configuração de contas, na configuração do
Windows. b) 08/12/2018
c) configurar a opção PIN do Windows hello, nas opções de c) Dia8_12:20
entrada da configuração de contas do sistema operacional. d) <08_12_2018>
d) alterar as opções de acesso e bloqueio para controle por e) 08\12\2018
chave de segurança física.
e) escolher, na opção de administração de dispositivos, a rede
local de conexão e o dispositivo bluetooth desejado. 36. (FCC – 2019) Um assistente pretende localizar uma imagem
específica para acrescentá-la em um relatório, em um com-
putador com o sistema operacional Microsoft Windows 10,
32. (FCC – 2020) A equipe de assistência de informática quer em sua configuração padrão para a língua portuguesa. Porém,
criptografar um dispositivo de disco que opera em um compu- a imagem se encontra em uma pasta juntamente com muitas
tador com Windows 10, em português. Para saber se o recur- outras, e o seu nome possui apenas letras e números, dificul-
so de criptografia está habilitado no Windows 10, é necessário tando a sua localização. Uma maneira de localizar com mais
estar autenticado como administrador do sistema operacional facilidade essa imagem é configurar e utilizar um recurso do
e Explorador de Arquivos, que se chama
a) selecionar o botão Iniciar, depois Configurações, Atualiza- a) Detalhes.
ção e Segurança, Criptografia do dispositivo. b) Ícones Grandes. 139
c) Painel de Detalhes. c) com o botão direito do mouse sobre a unidade de pen drive,
d) Painel de Visualização. selecionar a opção Propriedades e, em seguida, marcar a
caixa de checagem Exibir Arquivos Ocultos.
e) Visualizador de Arquivos.
d) na guia Exibir e marcar a caixa de checagem Itens ocultos.
e) com o botão esquerdo do mouse sobre a unidade de pen
37. (FCC – 2019) Um técnico utilizando um computador com o drive e selecionar a opção Mostrar Arquivos Ocultos.
sistema operacional Windows 10, em sua configuração padrão
para a língua portuguesa, seleciona o botão Visão de Tarefas,
presente na Barra de Tarefas. Esse botão 41. (FCC – 2019) No gerenciador de dispositivos do Windows
a) amplia o texto e imagens da tela, facilitando a sua 10, em português, após selecionar um dispositivo e clicar
visualização. na ferramenta Atualizar driver de dispositivo, aparecerá uma
b) apresenta, na forma de gráfico, o uso dos principais recur- janela onde será possível escolher a forma como se deseja pes-
sos do computador pelas tarefas (CPU, memória, rede etc.). quisar pelo driver correto. Dentre outras, a opção que permite
c) apresenta uma tabela com todas as tarefas que o sistema localizar e instalar o software de driver manualmente é:
operacional pode executar. a) Localizar software de driver na instalação do Windows.
d) exibe a relação de tarefas que o sistema operacional está b) Procurar software de driver no computador.
executando no momento.
c) Pesquisar software de driver no disco de instalação.
e) permite visualizar as janelas que estão abertas nesse
d) Procurar software de driver na Internet.
momento.
e) Localizar software de driver em uma pasta ou na rede.
INFORMÁTICA
ção básica contra ameaças de segurança antes da conexão à dows 10, em português, faz rotineiramente login no sistema,
internet. Para ativar o firewall do Windows Defender em um por meio do seu usuário e senha, para seu perfil de usuário ser
computador com o sistema operacional Windows 10, em portu- carregado no computador. Toda vez que se ausenta do compu-
guês, em condições ideais, considere as ações listadas a seguir: tador, por questões de segurança, bloqueia sua área de trabalho
I. Utilizar o caminho inicial: acessar o Painel de Controle; e, quando retorna, digita a senha para desbloqueá-la. A tela que
digitar firewall na caixa de pesquisa e acessar o Windows possui opções para bloquear a área de trabalho, trocar o usuário
Defender Firewall. do computador, alterar senha, entre outras, pode ser acessada
II. Clicar na tecla do logotipo do Windows + F para abrir o Fire- a) clicando-se no botão Iniciar e na opção Gerenciar Usuários.
wall do Windows; na barra lateral direita da janela clicar b) pressionando-se simultaneamente a tecla com o símbolo
em Ativar ou Desativar o Firewall do Windows; marcar as do Windows e a letra R.
opções para ativar o firewall para redes públicas (Internet) e
c) clicando-se no botão Iniciar e na opção Painel de Controle
redes privadas, clicar em OK para salvar as alterações.
e, em seguida, na opção Gerenciador de Tarefas.
III. Utilizar o caminho inicial: clicar na tecla do logotipo do Win-
d) pressionando-se CTRL + Alt + Delete ou Ctrl + Alt + Del.
dows + Alt + D para acionar o Painel de Controle > Windows
Defender > Firewall do Windows; clicar em Habilitar agora e) clicando-se no botão Iniciar e na opção Permissões.
para habilitar o firewall.
Está correto o que consta APENAS em
a) I e III. 50. (FCC – 2019) O Windows 10, em português, possui os modos
de inicialização normal, que carrega todos os drivers de dispo-
b) II.
sitivos e serviços; de diagnóstico, que carrega apenas disposi-
c) III. tivos e serviços básicos; e seletiva, em que o usuário pode
d) I. selecionar o que quer carregar na inicialização. Após notar
e) I e II. um problema no funcionamento do Windows, um usuário
deseja definir o modo de inicialização de diagnóstico.
Para chegar à janela onde será possível escolher tal modo de
inicialização, pressionou a combinação de teclas Windows +
46. (FCC – 2019) Em um computador com o sistema operacional R e, na janela de execução, digitou um comando e clicou no
Windows 10, em português e em condições ideais, o comando
botão OK. O comando correto digitado pelo usuário foi
perfmon.msc acessa o
a) msinit
a) Monitor de Recursos, que exibe informações do processa-
dor, na mesma página e em tempo real, na forma de gráfi- b) msmode
cos, como % de uso da CPU, desempenho da memória RAM c) restartmode
e ROM, dentre outras. d) msconfig
b) Monitor de Desempenho, que exibe informações do proces- e) winsetup
sador, interface de rede e memória, dentre outros dados.
c) Gerenciamento do Computador, que exibe diversas cate-
gorias para fazer o monitoramento da máquina, como o
agendamento de tarefas, eventos, pastas compartilhadas, 51. (FCC – 2019) No Windows 10, em português, para acessar
gerenciador de dispositivos e de disco. a janela onde será possível mapear uma unidade de rede,
para acessá-la posteriormente por meio do Explorador de
d) Diagnóstico de Memória do Windows, que reinicia o com-
Arquivos, deve-se pressionar a tecla de logo do Windows + E
putador para fazer a verificação.
e selecionar
e) Painel de Configuração do Sistema, que permite ao usuário
a) Rede e Internet > Localizar unidades de rede.
escolher quais programas devem inicializar automatica-
mente quando o computador é ligado. b) Rede > Central de rede e compartilhamento > Mapear uni-
dades de rede.
c) Este computador > Mapear unidade de rede, na guia Computador.
47. (FCC – 2019) Suspeitando da existência de um vírus em seu d) Rede e Internet > Mapear unidade de rede, na guia Exibir.
computador, um usuário foi orientado pela equipe de suporte e) Este computador > Propriedades > Configurar unidade de rede.
da empresa a inicializar o Windows 10 no modo de seguran-
ça e, depois, passar o antivírus no computador. Para inicializar
o computador nesse modo, após ligá-lo, deve-se pressionar a
tecla: 52. (FCC – 2019) No Explorador de Arquivos do Windows 10, em
português, um usuário selecionou diversos arquivos presentes
a) F1.
em uma pasta e, para compactá-los em um único arquivo, cli-
b) F10. cou com o botão direito do mouse sobre um deles e selecionou,
c) F2. no menu suspenso que aparece,
d) F4. a) a opção Compactar agora.
e) F8. b) as opções Compactar arquivos > Zip > Compactar.
c) as opções Win-Zip > Compactar arquivos > Compactar.
d) a opção Compactar arquivos.
48. (FCC – 2019) Em um computador com o Windows 10, em e) as opções Enviar para > Pasta compactada.
português, um usuário possui duas janelas do Explorador de
Arquivos abertas, uma ao lado da outra. Na primeira janela
estão listados os arquivos e pastas de um pen drive (unidade
E) e na outra, uma pasta do HD (unidade C). Ao arrastar um 53. (FCC – 2019) Com a finalidade de proteger as informações do
arquivo do pen drive para o HD este arquivo será computador, o Windows 10 possui o
a) apenas copiado para o HD. a) Microsoft Avast Antivirus.
b) movido para o HD. b) Symantec Norton Security.
c) apagado do pen drive. c) Windows Kaspersky Security.
d) compactado para o HD. d) Microsoft Pcilin Housecall.
e) enviado para a lixeira. e) Windows Defender Firewall. 141
54. (FCC – 2018) O administrador de um computador com sis- 59. (FCC – 2018) Um Estagiário foi solicitado a realizar um
tema operacional Windows 10 deve configurar o sistema utili- backup em um computador com o sistema operacional Windo-
zando os recursos da janela Configurações do Windows. Uma ws 10, em português. Para isso
forma ágil de interagir com o Windows é por meio do atalho de a) é necessário adquirir um software específico para backup,
teclado, sendo que para abrir a janela Configurações do Windo- pois o Windows 10 não oferece este serviço.
ws deve-se pressionar simultaneamente as teclas b) utiliza-se o procedimento de backup disponível, em condi-
a) Windows+i. ções ideais, a partir de Configurações > Atualização e Segu-
b) Windows+g. rança > Backup.
c) Windows+c. c) não se deve utilizar um disco rígido externo para não colo-
car as informações em risco.
d) Windows+r.
d) deve-se ir para o prompt de comando do Windows, digitar o
e) Windows+f. comando backup e pressionar ENTER.
e) é recomendável adquirir uma unidade de disco magnético
do tipo SSD, muito segura para armazenar backups.
55. (FCC – 2018) Um Analista utiliza um computador com o
Windows 10 instalado, em português, e trabalha frequente-
mente com diversas janelas de aplicativos abertas. Para alter-
nar entre as janelas abertas e para fechar a janela ativa, ele
utiliza, correta e respectivamente, as combinações de teclas: Æ LINUX / UNIX
a) Alt + Tab e Alt + F4
60. (FCC – 2019) No Linux e no prompt de comandos do Windo-
b) Ctrl + Alt + A e Ctrl + Alt T ws, para mostrar a lista de arquivos e diretórios presentes na
c) Ctrl + F2 e Ctrl + F3 unidade de armazenamento atual, por exemplo, um pen drive,
utilizam-se, respectivamente, os comandos
d) Ctrl + Tab e Ctrl + F4
a) ls e dir.
e) Alt + A e Alt + X
b) list e mkdir.
c) cat e rmdir.
56. (FCC – 2018) Um usuário de um computador com siste- d) ps e dir.
ma operacional Windows 10 em português está utilizando o e) ls e files.
Explorador de Arquivos para procurar um arquivo de docu-
mento editado anteriormente. Para facilitar a busca, o usuário
acessou o menu Exibir e clicou no ícone para 61. (FCC – 2019) Um Analista de TI deseja:
a) adicionar colunas de informação. I. Mostrar arquivos que estão na pasta em que o usuário
b) classificar os arquivos pelo nome. está naquele momento, com informações detalhadas dos
c) classificar os arquivos pelo tipo. arquivos.
II. Mostrar a pasta atual que o usuário está no momento, para
d) criar um filtro de busca por arquivos.
auxiliar quando for salvar ou criar arquivos.
e) mostrar ou ocultar o painel de detalhes.
III. Mostrar o conteúdo do arquivo.
No Linux, para executar as ações I, II e III devem ser usados,
correta e respectivamente, os comandos
57. (FCC – 2018) Um Estagiário estava utilizando um compu-
a) rm mv cd
tador com o sistema operacional Windows 10 em português
e digitou a sequência de teclas Ctrl + Alt + Delete, que estava b) ls -l pwd cat
devidamente habilitada. Com esta ação, c) cp cal cd
a) o computador é imediatamente desligado. d) cat -s cd -l cal
b) é apresentada uma tela na qual há opções dentre as quais e) ls rm -s pwd
encontra-se Trocar usuário.
c) é apresentada uma tela na qual há opções dentre as quais
encontra-se Acessar Windows Explorer. 62. (FCC – 2019) Um Procurador solicitou ajuda ao suporte téc-
d) o computador é imediatamente reiniciado. nico para resolver um problema de conexão com a Internet
em um computador que usa o sistema operacional Linux. O
e) é apresentada a tela do Painel de Controle. atendente do suporte solicitou a ele para informar o endereço
IP do computador na rede.
Para obter este endereço, em linha de comando, ele utilizou a
58. (FCC – 2018) Em um computador com o sistema operacional instrução
Windows 10 em português e programa compactador instalado, a) getip -a
um Estagiário abriu o Windows Explorer, selecionou uma pas-
b) ifconfig
ta, clicou com o botão direito do mouse sobre o nome de um
arquivo e, na janela que se abriu, passou o mouse sobre a opção c) ipaddress
“Enviar para” e clicou em “Pasta compactada”. Este procedimen- d) netsh -a
to criou e) ipconfig
a) um arquivo .zip de mesmo nome, na mesma pasta.
b) uma nova pasta de nome Pasta compactada e dentro dela
criou uma cópia do arquivo. 63. (FCC – 2018) Um Analista recebeu um arquivo chamado
c) um atalho com o mesmo nome do arquivo, na mesma pasta. funcionarios.txt contendo o nome e outras informações de
cerca de 10 000 funcionários. Ao ser solicitado a localizar os
d) um arquivo .rar de mesmo nome, na mesma pasta. dados do funcionário Marconi Teixeira nesse arquivo, estando
e) uma nova pasta com o nome Pasta compactada e dentro na pasta em que se encontra o arquivo em um terminal Linux,
142 dela criou um arquivo .zip de mesmo nome. digitou o comando
a) get ‘Marconi Teixeira’ from funcionarios.txt 69. (FCC – 2020) No Microsoft Word 2010, em português, deseja-
INFORMÁTICA
b) grep ‘Marconi Teixeira’ funcionarios.txt -se quebrar a seção do texto na posição onde se encontra o cursor,
iniciando a nova seção na próxima página, para que o documento
c) ls ‘Marconi Teixeira’ in funcionarios.txt
tenha as páginas numeradas somente a partir da seção seguinte.
d) locate ‘Marconi Teixeira’ >> funcionarios.txt Para inserir essa quebra de seção, deve-se clicar em:
e) search ‘Marconi Teixeira’ funcionarios.txt a) Layout Da Página > Quebras > Próxima página (do grupo
quebra de seção).
b) Inserir > Quebras > Quebra de Página e Seção.
64. (FCC – 2018) Para visualizar o endereço IP do computador c) Página Inicial > Seção > Quebrar Seção > Próxima página.
em linha de comando, no Windows e no Linux, o Analista deve
d) Inserir > Quebras > Quebra de Seção (do grupo página).
utilizar, respectivamente, as instruções
e) Design > Quebra de seção > Próxima página (do grupo que-
a) ip /i mscomp e ip –i lxcomp
bra de seção).
b) net /ip e lan –ip
c) show_ip this e get_ip lxcomp
d) ipconfig e ifconfig 70. (FCC – 2019) Dois técnicos de um departamento de uma
e) ipWin e ipLx empresa receberam uma mesma cópia do relatório técnico
para revisar independentemente. O relatório foi elaborado no
Microsoft Word 10, em sua configuração padrão na língua por-
tuguesa. Posteriormente cada um encaminhou a sua revisão
65. (FCC – 2018) Para conhecer a finalidade de um comando para o chefe do departamento. Para facilitar a avaliação que os
no Linux, um Técnico precisará digitar um primeiro comando dois técnicos fizeram sobre o documento, o Microsoft Word 10
seguido do nome do comando que deseja conhecer. O primeiro permite que os documentos sejam
comando que terá que utilizar, nesse caso, é o
a) Combinados, gerando um único documento (aba Revisão >
a) bash Comparar > Combinar).
b) help b) Comparados, gerando em cada documento a indicação das
c) man modificações (aba Inserir > Comparar > Combinar).
d) show c) Destacados, gerando em cada documento a indicação das
e) ls modificações (aba Revisão > Examinar > Destacar).
d) Examinados, gerando um único documento (aba Inserir >
Documentos> Examinar).
e) Mesclados, gerando um único documento (aba Revisão >
Comparar > Mesclar).
Æ WORD 2010
66. (FCC – 2022) Usando o Microsoft Office 2010 ou superior, em
Português, e em condições normais de funcionamento e con- 71. (FCC – 2019) Ao trabalhar com texto, diante da necessidade
figuração, um Assistente criou um texto em um arquivo Word, de criar uma nota de rodapé ou um determinado expoente,
com letras artísticas que podem ser escolhidas em um painel para uma notação, se faz necessária a formatação do texto
quando, no grupo Texto do menu Inserir, for selecionada a opção: como sobrescrito ou subscrito. Assim, ao utilizar o Microsoft
Word 2010, o procedimento a ser adotado para colocar um texto
a) Inserir WordArt.
em sobrescrito, será
b) Caixa de texto especial.
a) após selecionar o texto, clicar com o botão direito do mou-
c) Objeto de desenho. se, selecionar fonte, clicar na aba avançado e selecionar a
d) Inserir Letras especiais. opção sobrescrito em estilo de fonte e clicar em aceito.
e) Texto artístico a partir de. b) selecionar a palavra ou texto, dar dois clicks com o botão
direito do mouse, e selecionar a função parágrafo, clicando
em sobrescrito, na janela de opções e clicar ok.
67. (FCC – 2022) Por meio das réguas que aparecem no Micro- c) dar dois clicks com o botão esquerdo do mouse sobre a
soft Word 2010, em português, é possível definir margens, palavra ou termo escolhido, selecionar estilo da fonte e cli-
recuos e tabulações no documento em edição. Porém, estas car em sobrescrito para selecionar a função que será assu-
réguas muitas vezes não estão visíveis. Para torná-las visíveis mida, clicando em aceitar.
deve-se clicar em d) após selecionar o texto, clicar com o botão direito do mouse
a) Página Inicial > Mostrar régua. sobre o texto selecionado, selecionar a opção fonte na jane-
la aberta, clicar na aba fonte, escolher a opção sobrescrito, e
b) Layout > Ativar régua.
clicar em ok.
c) Exibir > Réguas > Horizontal e vertical.
e) buscar o comando inserir, escolher a opção fonte, clicando
d) Página Inicial > Réguas > Exibir réguas. com o botão direito do mouse e selecionar a opção sobres-
e) Exibir > Régua. crito no menu aberto e clicar em ok.
68. (FCC – 2022) Para criar um formulário no Microsoft Word 72. (FCC – 2019) Uma Analista estava editando um texto no
2010, em português, e adicionar controles como caixas de sele- Microsoft Word 2010, em português, e precisou traduzir a
ção, caixas de texto, selecionadores de data e listas suspensas, expressão Processo Judicial para o inglês. Para isso ela esco-
é necessário habilitar a guia Desenvolvedor, que não é exibida lheu a opção Tradução, selecionando na caixa Para, a opção
por padrão. Para se chegar ao local da janela onde será possível Inglês (EUA). Em condições ideais, este recurso é acessado atra-
habilitar essa guia, clica-se em vés da guia:
a) Arquivo > Barra de Ferramentas > Opções > Guias. a) Referências > Tradução para outras línguas.
b) Referências > Opções > Personalizar Barra de Ferramentas. b) Página Inicial > Dicionário Internacional.
c) Arquivo > Opções > Personalizar Faixa de Opções. c) Revisão > Dicionário Internacional.
d) Exibir > Guias > Formulários. d) Referências > Referências Internacionais.
e) Exibir > Personalizar Guias > Meu Superior. e) Revisão > Dicionário de Sinônimos (ou Pesquisar). 143
73. (FCC – 2019) Um usuário estava editando um arquivo no 77. (FCC – 2018) Durante a edição de uma monografia no
Microsoft Word 2010, em português, e precisou inserir no texto MS-Word 2010, o usuário do aplicativo clicou sobre o íco-
um outro documento que estava armazenado no arquivo Pro- ne para mostrar as marcas de parágrafos e outros símbolos
cessosTJ_ago2019.docx. Para que este outro arquivo possa ser de formatação e obteve a apresentação do seguinte trecho de
integralmente inserido no texto, a partir da posição em que o texto:
ponteiro do mouse se encontra, deve-se acessar o caminho que
se inicia pela guia Inserir >
a) Página de Arquivo > Arquivo...
b) Arquivo > Texto do Arquivo...
c) Referência > Arquivo Texto... A linha pontilhada abaixo do texto indica
d) Objeto > Texto do Arquivo... a) Citação.
e) Objeto > Objeto... b) Citação interna.
c) Índice remissivo.
d) Referência cruzada.
74. (FCC – 2019) Em um texto padrão digitado no Microsoft
Word 2010, em português, um usuário selecionou a ferramen- e) Texto oculto.
ta mostrar/ocultar ( ¶ ), presente no grupo Parágrafo da guia
Página Inicial. Isso fez com que
a) todos os parágrafos recebessem uma tabulação de início de 78. (FCC – 2018) Ataques cibernéticos causaram prejuízo de
1,25 centímetros. US$ 280 bilhões às corporações
b) as marcas de formatação (parágrafo, tabulação etc.) apare- A extorsão virtual, quando servidores de empresas são blo-
cessem no texto. queados e seus gestores só recebem acesso novamente
c) aparecesse uma área para a digitação ou construção de mediante pagamento para os criminosos, também é um dos
funções matemáticas. maiores problemas na América Latina, 28,1%, ficando atrás
apenas do bloco de países Asiáticos, 35,1%. Os setores mais
d) os títulos fossem automaticamente classificados nos níveis
Título 1, Título 2 etc. suscetíveis a essa modalidade de ataques cibernéticos são ser-
viços financeiros (45,8%); cuidados da saúde (23,7%); energia
e) uma área para a criação de diagramas fosse aberta no texto, (23,3%); bens de consumo (22,4%); educação (22,1%); viagem,
na posição do cursor. turismo e lazer (19,8%); agricultura (17,9%); setor produtivo
(16,3%); tecnologia, meios de comunicação e telecomuni-
cações (13,0%); transporte (11,3%); imobiliário e construção
75. (FCC – 2018) Durante a edição de um texto no Word 2010, o (6,2%) e serviços profissionais (4,8%).
usuário clicou sobre o ícone presente na guia Página Inicial. (Disponível em: http://www.convergenciadigital.com.br)
Como resultado o usuário observou que o texto em edição apre-
sentava, entre outros símbolos, o símbolo de uma seta para a Considere que o texto foi digitado no Microsoft Word 2010, em
direita entre Noções e de conforme fragmento de texto abaixo: português, e que parte do trecho que apresenta os percentuais
foi reformatado como mostrado abaixo. Os setores mais susce-
tíveis a essa modalidade de ataques cibernéticos são:
1. Serviços financeiros (45,8%);
No contexto das marcas de parágrafos e símbolos de formata- 2. Cuidados da saúde (23,7%);
ção ocultos, o símbolo da seta para a direita indica 3. Energia (23,3%);
a) hifenização incondicional. 4. Bens de consumo (22,4%);
b) caractere de tabulação. 5. Educação (22,1%);
c) mudança de coluna em tabela. 6. Viagem, turismo e lazer (19,8%);
d) espaço incondicional. 7. Agricultura (17,9%);
e) hifenização opcional. Para que os setores e seus percentuais sejam numerados de 1 a
7 de forma automática, seleciona-se o trecho e utiliza-se a lista
numerada que
76. (FCC – 2018) Um Analista está escrevendo um relatório a) pode ser acessada clicando-se com o botão esquerdo do
no Microsoft Word 2010, em português, e deseja numerar as mouse sobre o trecho e escolhendo Numeração.
páginas a partir da terceira página, após a capa e o sumário, b) encontra-se na guia Página Inicial, no grupo Parágrafo.
iniciando pelo número 1. Para isso, deverá posicionar o cursor c) encontra-se na guia Layout da Página, no grupo Numeração.
no final da segunda página e
d) pode ser acessada clicando-se com o botão direito do mou-
a) realizar uma quebra de página. Depois, deverá inserir se sobre o trecho e escolhendo Marcadores.
número de página no cabeçalho ou rodapé, formatando
essa numeração para iniciar pelo número 3. e) é criada a partir da digitação do número 1 seguido de um
asterisco.
b) clicar a opção Número de páginas da guia Inserir. Na janela
que se abre ele terá que selecionar a opção Iniciar numera-
ção na próxima página e clicar no botão OK.
c) inserir uma quebra de seção para iniciar a próxima seção 79. (FCC – 2018) Um Professor de Matemática precisa fazer
na próxima página. Depois, deverá inserir a numeração de uma prova utilizando o Microsoft Word 2010, em português.
páginas no cabeçalho ou rodapé da terceira página sem vín- Nessa prova, precisará incluir equações matemáticas que
culo com a seção anterior. envolvem frações, raiz quadrada e diversos símbolos caracte-
rísticos da matemática. Este Professor
d) inserir uma quebra de página. Na página seguinte, deve-
rá dar um duplo clique na área de cabeçalho ou rodapé da a) terá que utilizar outro editor de textos, pois o Word não
página, digitar o número 1 no campo Número de página e suporta o uso de equações matemáticas.
clicar no botão OK. b) terá que usar o aplicativo Microsoft Equation Express para
e) clicar na opção Cabeçalho e Rodapé da guia Inserir. Na jane- criar a equação e depois exportá-la para o texto do Word.
la que se abre, deverá clicar na opção Número de Página, c) poderá incluir equações no texto a partir da opção Equação,
144 depois na opção Próxima página e, por fim, no botão OK. que está no grupo Símbolos da guia Inserir.
d) terá que escrever a equação em um aplicativo de imagem 84. (FCC – 2019) Uma das formas de se inserir Índices e Notas
INFORMÁTICA
como o Paint do Windows, salvá-la e depois inseri-la no tex- de Rodapé no Microsoft Word 2013, em português, é por inter-
to como figura. médio da guia
e) poderá incluir equações no texto a partir da opção Equação, a) Design.
que está no grupo Matemática da guia Página Inicial. b) Layout da Página.
c) Referências.
d) Correspondência.
80. (FCC – 2018) Um texto foi digitado no Microsoft Word 2010, e) Inserir.
em português, pelo usuário João. Após a revisão da usuária
Carla, utilizando os recursos de Controlar Alterações, o texto
foi modificado e ficou marcado nos pontos alterados. Ao fazer
85. (FCC – 2019) Carlos apagou acidentalmente um trecho de
a revisão, Carla optou por exibir, no texto modificado, somente um texto que está escrevendo no Microsoft Word 2013, em por-
as inserções e exclusões feitas, mas não os comentários e nem tuguês, e para desfazer a exclusão, pressionou a combinação
as mudanças de formatação. Ela conseguiu isso a partir de um de teclas
clique na guia Revisão, e na opção a) Ctrl + X.
a) Comparar. b) Shift + C.
b) Painel de Revisão. c) Alt + Z.
c) Mostrar Marcações. d) Shift + X.
d) Restringir Edição. e) Ctrl + Z
e) Exibir Principais.
INFORMÁTICA
o tamanho da fonte do texto seja aumentado em 1 ponto, por todas as páginas a partir da página 3.
meio de teclas de atalho, deve-se utilizar d) dividiu o documento em duas seções, uma com as páginas 1 e
a) Shift+Q 2 e outra a partir da página 3, aplicando a numeração de pági-
b) Alt+U nas apenas na segunda seção, sem vincular à seção anterior.
c) Ctrl+] e) quebrou página no final da página 2, inseriu rodapé somen-
d) Ctrl+Alt+I te a partir da página 3 e inseriu o número de página estático
no rodapé.
e) Alt+[
Æ EXCEL 2010
Æ WORD 2019
102. (FCC – 2022) Considere a planilha abaixo criada no Micro-
98. (FCC – 2022) Em um computador com o Windows, um
soft Excel 2010, em português.
Professor estava digitando um documento em um editor de
textos utilizando informações de uma página web aberta no
navegador. Eventualmente ele copiava partes que estavam na
página web aberta para o documento que estava redigindo.
Em certo momento ele pressionou a combinação de teclas
ALT + TAB, que permite
a) copiar um trecho de texto selecionado.
b) salvar o estado da janela ativa.
c) recortar um trecho de texto selecionado.
d) alternar entre janelas abertas no Windows.
e) colar um trecho de texto copiado.
A B C D E
a) =PROCV(B9;A2:B6;0;VERDADEIRO) b) =SE(B3=”moto”;52,99;55,92)
c) =COMPARE(B3=”moto”;52,99;55,92)
b) =PROCURAR(B9;A2:B6;2;VERDADEIRO)
d) =SE(B3=”moto”;PRT(52,99);PRT(55,92))
c) =PROCV(B9;A2:B6;2;FALSO)
e) =SE(B3=moto:52,99:55,92)
d) =PROCURAR(B9;A2:B6;0;FALSO)
e) =PROCV(B9;A2:B6;1;FALSO)
Tempo de
1 Nome Sexo Aposenta?
contribuição
Na célula D2 foi digitada uma fórmula que contempla a regra para aposentadoria para homens e mulheres, mostrando SIM quando
a aposentadoria é permitida e NÃO quando não é. Esta fórmula, após digitada na célula D2, foi arrastada pela alça de preenchimento
até a célula D6, mostrando os resultados que estão visíveis. A fórmula correta é
a) =SE(B2=”Feminino”&C2>=30;”SIM”;SE(B2=”Masculino”&C2>=35;”SIM”;”NÃO”))
b) =SE(B2=”Feminino”||C2>=30;”SIM”;SE(B2=”Masculino”||C2>=35;”SIM”;”NÃO”))
c) =SE(B2=”Feminino”;SE(C2>=30;”SIM”);SE(B2=”Masculino”;SE(C2>=35;”SIM”);”NÃO”))
d) =SE(B2=”Feminino” .E. C2>=30;”SIM”;SE(B2=”Masculino” .E. C2>=35;”SIM”;”NÃO”))
e) =SE(B2=”Feminino”;SE(C2>=30;”SIM”;”NÃO”);SE(B2=”Masculino”;SE(C2>=35;”SIM”;”NÃO”)))
112. (FCC – 2018) Considere a imagem abaixo, que corresponde ao trecho de uma planilha editada em Excel 2010, em português.
Caso as fórmulas =CONT.NÚM(A1:C3) e =SOMA(A1:C3) sejam inseridas nas células C4 e C5, nessa ordem, os valores apresen-
tados nessas células serão, respectivamente,
a) 6 e 21
b) 6 e #Valor!
c) 9 e 24
d) #NUM! e #Valor!
e) 21 e #NUM!
113. (FCC – 2018) A planilha abaixo, criada no Microsoft Excel 2010, em português, mostra o pagamento hipotético de honorários
periciais a um perito trabalhista.
Na célula E3 foi digitada uma fórmula que aplica ao valor contido na célula D3 o percentual de aumento contido na célula E1. Após
a fórmula ser corretamente digitada, ela foi copiada puxando-se a alça da célula E3 para baixo, até a célula E5, gerando os resultados
corretos automaticamente. A fórmula digitada foi
a) =SOMA((D3+D3)*E1)
b) =D3+D3*E$1
c) =AUMENTO(D3+D3;E1)
d) =D3+(D3*$E1)
e) =D3+D3*E1
114. (FCC – 2018) A planilha abaixo foi editada no MS-Excel 2010 em português e é utilizada para calcular o desconto nos preços dos
itens. 149
Caso seja inserida a fórmula =SE(B2>50;B2-B2*C2;B2) na célula D2 e posteriormente arrastada para as células D3 e D4, os valores
nas células serão, respectivamente,
a) 13,50; 45,00; 54,00.
b) 13,50; 45,00; 60,00.
c) 15,00; 45,00; 54,00.
d) 15,00; 45,00; 60,00.
e) 15,00; 50,00; 54,00.
115. (FCC – 2018) Ataques cibernéticos causaram prejuízo de US$ 280 bilhões às corporações
A extorsão virtual, quando servidores de empresas são bloqueados e seus gestores só recebem acesso novamente mediante
pagamento para os criminosos, também é um dos maiores problemas na América Latina, 28,1%, ficando atrás apenas do bloco de
países Asiáticos, 35,1%. Os setores mais suscetíveis a essa modalidade de ataques cibernéticos são serviços financeiros (45,8%);
cuidados da saúde (23,7%); energia (23,3%); bens de consumo (22,4%); educação (22,1%); viagem, turismo e lazer (19,8%); agricultu-
ra (17,9%); setor produtivo (16,3%); tecnologia, meios de comunicação e telecomunicações (13,0%); transporte (11,3%); imobiliário
e construção (6,2%) e serviços profissionais (4,8%).
(Disponível em: http://www.convergenciadigital.com.br)
Considere que os dados dos percentuais foram copiados, com os devidos ajustes, do Microsoft Word 2010 para o Excel 2010,
ambos em português, e foi criada uma planilha como mostra a figura abaixo.
Para que na célula A14 fosse escrita a frase O percentual da área de agricultura é de 17,9% foi utilizada a função
a) =STRING(“O percentual da área de “;; “ é de “;;A7; B7)
b) =CONCATENAR(“O percentual da área de “; A7; “ é de “; B7; “%”)
c) =STRINGCAT(“O percentual da área de “; A7; “ é de “; B7; “%”)
d) =PROCURAR(“O percentual da área de “, ?, “ é de “, ?,A7, B7)
e) =CONCATENAR(“O percentual da área de “, A7, “ é de “, B7, “%”)
116. (FCC – 2018) Ataques cibernéticos causaram prejuízo de US$ 280 bilhões às corporações
A extorsão virtual, quando servidores de empresas são bloqueados e seus gestores só recebem acesso novamente mediante
pagamento para os criminosos, também é um dos maiores problemas na América Latina, 28,1%, ficando atrás apenas do bloco de
países Asiáticos, 35,1%. Os setores mais suscetíveis a essa modalidade de ataques cibernéticos são serviços financeiros (45,8%);
cuidados da saúde (23,7%); energia (23,3%); bens de consumo (22,4%); educação (22,1%); viagem, turismo e lazer (19,8%); agricultu-
ra (17,9%); setor produtivo (16,3%); tecnologia, meios de comunicação e telecomunicações (13,0%); transporte (11,3%); imobiliário
e construção (6,2%) e serviços profissionais (4,8%).
(Disponível em: http://www.convergenciadigital.com.br)
Considere que os dados dos percentuais foram copiados, com os devidos ajustes, do Microsoft Word 2010 para o Excel 2010,
ambos em português, e foi criado um gráfico como mostra a figura abaixo.
150
INFORMÁTICA
Para a criação do gráfico, os dados das colunas A e B foram selecionados. Depois clicou-se
a) na guia Inserir, selecionou-se Pizza no grupo Gráficos e escolheu-se um dos gráficos de pizza 3D.
b) na guia Página Inicial, selecionou-se Barras no grupo Gráficos e escolheu-se um dos gráficos de pirâmide.
c) na guia Gráficos, selecionou-se Pizza e escolheu-se um dos gráficos de pizza 3D.
d) com o botão direito do mouse sobre os dados, selecionou-se Barras no grupo Gráficos e escolheu-se um dos gráficos de pirâmide.
e) com o botão esquerdo do mouse sobre os dados, selecionou-se Gráficos e escolheu-se um dos gráficos de pizza 3D.
117. (FCC – 2018) Considere a planilha abaixo, digitada no Excel 2010, em português.
Para somar na célula D9 somente os valores da coluna D referentes ao credor TELEMAR NORTE LESTE S/A, utiliza-se a fórmula
a) =SOMA(D4:D7)
b) =SE(C=”TELEMAR NORTE LESTE S/A”;SOMAR())
c) =SOMASE(C4:C8;A9;D4:D8)
d) =SOMA(D4:D8;”TELEMAR NORTE LESTE S/A”)
e) =SOMASE(C4:C8;”TELEMAR NORTE LESTE S/A”;D4:D8)
118. (FCC – 2018) Em uma planilha criada no Microsoft Excel 2010, em português, há duas pastas de trabalho: Plan1 e Plan2. Na
célula C3 da pasta de trabalho Plan1, há um valor resultante de um cálculo. Para copiar o valor presente nessa célula para a célula
A1 da pasta de trabalho Plan2, de forma que se for alterado o valor contido na célula C3 da pasta de trabalho Plan1, o valor equiva-
lente seja automaticamente atualizado na célula A1 da pasta de trabalho Plan2, a célula A1 deve conter a função
a) =ORIGEM[Plan1!$C$3]
b) =Plan1[$C$3]
c) =HERDAR[Plan1!$C$3]
d) =VINCULAR(Plan1!$C$3)
e) =Plan1!$C$3
151
119. (FCC – 2018) A planilha abaixo, criada no Microsoft Excel b) conta as ocorrências de um intervalo onde o valor2 supera o
2010, em português, mostra os volumes bombeados na Eleva- valor1.
tória de Pedreira para o Reservatório Billings, de Janeiro a Abril c) calcula o número de células de um intervalo dado.
de 2009.
d) soma o número de células em um intervalo qualquer.
e) conta as ocorrências de um intervalo onde o valor1 supera o
valor2.
A B
Na célula A3, foi digitado o texto 2ª Fase e mesclado de A3 até 3 Maria de Souza R$ 1.569,50
A6, centralizando-se, em seguida, o conteúdo da célula. Porém,
para colocar esse texto na vertical, como pode ser observado na 4 José Teodoro R$ 2.300,00
planilha acima, foi necessário selecionar a célula com o texto 2ª
5 André Freitas R$ 1.900,00
Fase e clicar em
a) Página Inicial > Alinhamento > Vertical > OK.
Após selecionar as duas colunas com os dados foi gerado o grá-
b) Página Inicial > Formatar Células > Alinhamento. No campo
fico abaixo.
orientação, foi selecionado o valor Vertical e, em seguida,
clicou-se no botão OK.
c) Dados > Alinhamento de texto > Vertical > OK.
d) Dados > Formatar texto > Vertical. No campo graus, foi digi-
tado o valor 90 e, em seguida, clicou-se no botão OK.
e) Página Inicial > Formatar > Formatar Células > Alinhamen-
to. No campo graus, foi digitado o valor 90 e, em seguida,
clicou-se no botão OK.
Considerando que a fórmula: =CONT.NÚM(B2:B6) foi inserida 123. (FCC – 2021) Considere que um técnico abriu um arquivo
na célula B7, esta célula apresentará: criado com Microsoft Excel, em português, e notou a existência
a) 20 de 3 planilhas nomeadas de, respectivamente, Planilha1, Plani-
lha2 e Planilha3. Na célula A1 da Planilha3 deseja colocar uma
b) #N/D
fórmula para somar corretamente o conteúdo da célula A1, da
c) 5 Planilha1, com o conteúdo da célula A1 da Planilha2. A fórmula
d) #VALOR! correta que se deve digitar é
e) 3 a) =Planilha1[A1]+Planilha2[A1]
b) =Planilha1!A1+Planilha2!A1
c) =SOMA(Planilha1[A1]+Planilha2[A1])
d) =A1[Planilha1]+A1[Planilha2]
Æ EXCEL 2013 e) =SOMA(A1[Planilha1]+A1[Planilha2])
INFORMÁTICA
II. Recortar o texto selecionado. do que 0.
III. Desfazer a execução do último comando. e) Dados > Formatação Condicional > Realçar Regras das Célu-
IV. Sublinhar o trecho selecionado. las > É menor do que 0.
As funcionalidades de I a IV são obtidas pressionando-se, res-
pectivamente, as teclas de atalho
a) CTRL + T, CTRL + R, CTRL + D e CTRL + U 129. (FCC – 2019) Lúcio está com dois documentos abertos, um
b) CTRL + A, CTRL + R, CTRL + D e CTRL + U no Microsoft Excel 2013, em português, e um no Microsoft
Word 2013, também em português. Não há nenhum outro
c) CTRL + T, CTRL + X, CTRL + Z e CTRL + S
software ou janela aberta além das que contém os dois docu-
d) CTRL + A, CTRL + C, CTRL + Y e CTRL + B mentos. Na planilha do Excel que está editando, selecionou
e) CTRL + A, CTRL + X, CTRL + Z e CTRL + S. um valor e deseja rapidamente copiá-lo para a posição em que
deixou o cursor no documento do Word. Para isso, Lúcio deverá
utilizar a sequência de atalhos:
125. (FCC – 2019) No Microsoft Excel 2013, em português, a) Ctrl + C Ctrl + Tab Ctrl + V
a) por meio da Ajuda é possível obter suporte das dúvidas b) Ctrl + X Alt + Tab Ctrl + V
mais comuns. Um atalho rápido é a tecla de função F5.
c) Ctrl + C Alt + Tab Ctrl + V
b) o local onde estão as principais guias do Excel, tais como:
Arquivo, Página Inicial, Inserir, Layout da Página, Fórmu- d) Ctrl + X Ctrl + Tab Ctrl + Alt + V
las, Dados, Revisão e Exibição é chamado de Faixa de Guias e) Ctrl + C F5 Ctrl + V
Rápidas.
c) a opção Imprimir está disponível na guia Layout.
d) cada pasta de trabalho tem sua própria janela, facilitando o 130. (FCC – 2019) Utilizando o Microsoft Excel 2013, em portu-
trabalho em duas pastas de trabalho ao mesmo tempo.
guês, um Escriturário calculou o valor futuro de um investi-
e) pode-se mudar rapidamente de uma planilha para outra mento com base em uma taxa de juros constante, considerando
utilizando-se as teclas combinadas Shift + Page Down para que as datas de vencimento dos pagamentos vencem no início
ir para a próxima ou Shift + Page Up para retornar à anterior.
do período (pagamentos mensais). Os valores usados são mos-
trados na planilha abaixo.
133. (FCC – 2019) Considere hipoteticamente que a planilha abaixo, criada no Microsoft Excel 2013, em português, represente as
tarifas para os serviços de abastecimento de água na categoria Residencial para determinado município.
A B C
1 Classes de consumo m3/mês Tarifas de água − (em R$ por m3)
2 Até 20 m3/mês 0,77
3 Acima de 50 m3/mês 2,56
4
5 Usuário Quantidade de m3 consumida Valor a ser pago em R$
6 João Pedro 18 13,88
7 Maria Cecília 23 58,38
8 André Ribeiro 70 179,2
A fórmula utilizada na célula C6 considera que o valor contido na célula B6 pode mudar e que, nesse caso, o usuário pode ser
enquadrado em outra classe de consumo, conforme indicam as linhas 2 e 3. Se isso ocorrer, o cálculo deverá ser ajustado automati-
camente. A fórmula utilizada para isso foi
a) =B6 * B2
b) =SE(B6<=20 Then B6*B2 Else B6*B3)
c) =SE(B6<20;B6*B$2:B6*B$3)
d) SE(B6<=20;(B6*B2):(B6*B3))
e) =SE(B6<=20;B6*B$2;B6*B$3)
134. (FCC – 2019) Após digitar uma planilha no Microsoft Excel 2013, em português, um Estagiário deseja gerar um arquivo PDF da
planilha para enviar a um colega de trabalho que não possui o Microsoft Excel. Em condições ideais, isso poderá ser feito selecio-
nando-se Arquivo >
a) Salvar Como > Documento PDF. Na janela que aparece deve-se nomear o arquivo e clicar em Salvar.
b) Ferramentas > Opções de Gravação > PDF. Na janela que aparece deve-se nomear o arquivo e clicar em Salvar.
c) Opções > Exportar > Exportar para PDF. Na janela que aparece deve-se nomear o arquivo e clicar em Exportar.
d) Salvar > Opções de Gravação > PDF. Na janela que aparece deve-se nomear o arquivo e clicar em Salvar.
e) Exportar > Criar Documento PDF/XPS > Criar PDF/XPS. Na janela que aparece, deve-se nomear o arquivo e clicar em Publicar.
135. (FCC – 2019) Para dar suporte à elaboração de demonstrações corporativas, um Analista de TI montou uma planilha criada no
Microsoft Excel 2013, em Português. Posteriormente teve que fazer alguns ajustes e, para tanto, usou a função Transpor que
a) converte um valor em texto com um formato de número específico.
b) converte um intervalo de células vertical em um intervalo horizontal e vice-versa.
c) substitui parte de uma cadeia de células por uma cadeia diferente.
d) converte uma cadeia de texto que representa um número, em um número.
e) substitui um texto antigo por outro novo em um intervalo de células.
154
Utilizando uma planilha criada no Microsoft Excel 2013, em Portu- 140. (FCC – 2018) Um Estagiário selecionou um trecho de uma
INFORMÁTICA
guês, um Analista de TI deve reproduzir o demonstrativo e calcular planilha criada no Microsoft Excel 2013 em português que, por
a variação percentual dos valores constantes da coluna 2018 em padrão, excederá uma página quando impresso. Para que o
relação aos da coluna de 2017, colocando os resultados em uma trecho seja completamente impresso em uma única página, ele
terceira coluna que deve apresentá-los no formato 0,00%. Para deverá clicar
isso essa coluna de resultados deve ser formatada como
a) em Arquivo > Imprimir > Configurar Página > Seleção >
a) Percentual e o cálculo correto é 1 - (Valor de 2017 / Valor de Ajustar Planilha em Uma Página.
2018).
b) no ícone da impressora e nas opções Configurar Página >
b) Porcentagem e o cálculo correto é (Valor de 2017 / Valor de Seleção > Ajustar para Caber.
2018) + 1.
c) em Arquivo > Imprimir > Propriedade da Impressora >
c) Número Percentual e o cálculo correto é (Valor de 2018 / Ajustes > Ajustar ao Papel > Imprimir Seleção.
Valor de 2017)- 100.
d) no ícone da impressora e nas opções Ajustes > Seleção >
d) Porcentagem e o cálculo correto é (Valor de 2018 / Valor de Ajustar ao Tamanho do Papel.
2017) - 1.
e) em Arquivo > Imprimir. Depois, no grupo de configurações,
e) Número percentual e o cálculo correto é Valor de 2018 - deverá clicar em Imprimir seleção > Ajustar Planilha em
(Valor de 2017 / Valor de 2018). Uma Página.
4
A planilha abaixo, criada no Microsoft Excel 2013 em português,
Quantidade Consu-
5 Consumidor
mida (m3/mês)
Valor a pagar calcula na coluna C o valor que cada usuário irá pagar, de acor-
do com sua faixa de consumo.
6 Paulo Freitas 18 24,3
Na célula C6, foi calculado o valor da tarifa a pagar pelo con- 1 Número do Usuário m³ consumido Valor a pagar
sumidor Paulo Freitas, com base nas categorias de consumo 2 1345 13 18,33
presentes nas células B2 e B3. A fórmula usada considera que
3 1346 29 145,29
se os valores presentes nas células B2, B3 e B6 mudarem e o
consumidor for enquadrado em outra categoria de consumo, o
cálculo seja ajustado automaticamente. Tal fórmula, usada na A fórmula correta que foi usada na célula C2, e que depois foi
célula C6, é copiada para a célula C3, é
a) =B6*B2 a) =SE(B2<=20 Then B2*1,41 Else B2*5,01)
b) =SE(B6<30;B6*B$2$;B6*B$3$) b) =CALCULA(B2*1,41;B2*5,01)
c) =SE(B6<=30;(B6*B$2);SENÃO(B6*B$3)) c) =SE(B2<=20;B2*1,41;B2*5,01)
d) =SE(B6<=30;B6*B$2;B6*B$3) d) =COMPARE(B2<=20:(B2*1,41):(B2*5,01))
e) =SE(B6<=30;B6*B$2:SEB6>30);B6*B$3$) e) =SE(B2<=20;1,41;5,01)
138. (FCC – 2019) A célula A2 da planilha chamada Plan1 em um 142. (FCC – 2018) Uma escola aplica duas avaliações Av1 e Av2
arquivo do Microsoft Excel 2013, em português, contém um a cada semestre para todas as turmas de alunos. Como adota
valor numérico. Para que este valor apareça vinculado na célu- o sistema de média ponderada, a Av1 tem peso 2 e a Av2 tem
la A5 da planilha chamada Plan2 do mesmo arquivo, de forma peso 3. Para calcular a média dos seus alunos, um professor
que, se alterado o valor na Plan1, a alteração reflita automatica- criou a planilha abaixo, utilizando o Microsoft Excel 2013, em
mente em Plan2, deve-se utilizar na célula A5 a fórmula português.
a) =COPIAR(Plan1!A2)
b) =REPLICAR(Plan1!$A$2)
c) =Plan1!A2
d) =VINCULAR(Plan1!$A$2)
e) =Plan1>>A2
A B C
149. (FCC – 2018) A planilha abaixo foi criada no Microsoft Excel
1 4 3 9
2013, em português, para mostrar a simulação de um emprés-
2 5 2 7 timo contraído por uma pessoa.
INFORMÁTICA
b) =SOMA(A1,C2,B6,D8)
c) =SUM(A1:C2:B6:D8)
d) =SOMA(A1:D8)
e) =SOMA(A1;C2;B6;D8)
Æ EXCEL 2016
151. (FCC – 2019) Considere a planilha abaixo, elaborada no Microsoft Excel 2016, em Português.
152. (FCC – 2019) Considere a planilha abaixo, elaborada no Microsoft Excel 2016, em Português.
A célula C4 deve conter a fórmula que trata do percentual de litros consumidos no mês (célula B4) em relação ao total consumido
(célula E2) que contém o somatório de B4 até B8, onde o Analista escreveu =B4/E2 e que, ao ser propagada pela alça de preenchi-
mento para as células C5 até C8, apresentou a mensagem de erro #DIV/0!, conforme apresentado na planilha.
Para evitar esse erro e calcular corretamente cada linha, a fórmula deve ser
a) =$B$4/E2.
b) =B4/$E2.
c) =B4/E$2.
d) =$B$4/$E2.
e) =$B$4/$E$2. 157
153. (FCC – 2019) Considere a Tabela Excel a seguir.
Æ EXCEL 2019
154. (FCC – 2022) Considere a planilha apresentada:
Æ POWERPOINT 2010
155. (FCC – 2018) Um Professor criou em seu computador uma apresentação de slides para suas aulas utilizando o Microsoft
PowerPoint 2010, em português. Como no computador da escola o PowerPoint não está instalado, resolveu gerar um vídeo a partir
da apresentação, mantendo elementos como narração, animação, movimentos do ponteiro do mouse etc.
Após concluir a apresentação de slides no PowerPoint, o vídeo poderá ser gerado a partir de um clique nas opções
a) Ferramentas, Gerar Mídia, Vídeo.
b) Arquivo, Salvar Como, Áudio/Vídeo.
c) Inserir, Elemento de Mídia, Vídeo.
d) Arquivo, Exportar, Vídeo do Windows.
e) Arquivo, Salvar e Enviar, Criar Vídeo.
156. (FCC – 2018) Considere hipoteticamente que um Analista possui uma apresentação gerada pelo Microsoft PowerPoint 2010,
em português, denominada TRTSP.pptx. Ele deseja que esta apresentação seja salva em um formato de autoapresentação. Nesse
formato basta dar um duplo clique no nome do arquivo para que o conteúdo seja exibido automaticamente e a transição dos slides
possa ser configurada com cliques no mouse ou através da barra de espaço. O formato que permite essa apresentação de slides é
a) .ppsm
158 b) .pptm
c) .potx a) na Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, guia Imagens,
INFORMÁTICA
d) .ppsx no grupo Inserir Instantâneo.
e) .ppxs b) no Menu Ferramentas, guia Imagens Online.
c) na Faixa de Opções , guia Inserir, Instantâneo.
d) no Menu Inserir, guia Imagens.
e) na Faixa de Opções, guia Imagens, Instantâneo.
Æ POWERPOINT 2013
157. (FCC – 2019) Um técnico está elaborando uma apresenta-
ção no Microsoft Powerpoint 2013, em português, mas ainda
não sabe qual logotipo e estilo que cada slide deverá ter. Para Æ WRITER
que posteriormente esse técnico possa fazer as alterações com
facilidade, ele deve editar um slide especial, que quando alte- 161. (FCC – 2019) Um Analista de TI elaborando um documento
rado, todos os slides baseados nele conterão essas alterações. de texto no LibreOffice Writer versão 6.2.2.2 (x64), em Portu-
Esse slide é denominado guês, precisou inserir três níveis de títulos para seus parágra-
a) Slide Mestre. fos, de forma que o Writer pudesse, posteriormente, controlá-los
no índice do documento, automaticamente, inclusive inserindo
b) Folha de Estilo.
o número da página em que se encontra cada título.
c) Folheto Mestre.
Para inserir os títulos com tais características, ele acessou a
d) Slide de Estilo Barra de Menu e utilizou, corretamente,
e) Anotações Mestras.
a) Exibir.
b) Ferramentas.
c) Formatar.
158. (FCC – 2019) Utilizando o Microsoft PowerPoint 2013, em
português, um usuário deseja gravar procedimentos realizados d) Inserir.
na tela do computador e inserir em um slide da apresentação. e) Estilos.
Para iniciar a gravação terá que acessar
a) Página Inicial > Mídia > Gravar Tela > Iniciar
b) Inserir > Gravação de Tela > Gravar 162. (FCC – 2018) Marcos está utilizando o editor de documen-
c) Animações > Vídeos > Gravação de Tela > Iniciar tos do suite LibreOffice 5.4.5.1 para editar um cartaz de divul-
gação da Feira Comunitária. Para tornar o cartaz mais atraente,
d) Inserir > Objeto > Gravação de Tela > Iniciar
Marcos decidiu inserir o texto no formato apresentado abaixo:
e) Página Inicial > Objetos > Gravar Tela > Gravar
INFORMÁTICA
terceirizado, mantendo o controle sobre dados cruciais. No
COMPUTING)
entanto, o negócio ainda precisa investir em infraestrutu-
171. (FCC – 2022) Uma empresa contratou uma solução de ra interna, pois a nuvem sob sua responsabilidade, mesmo
computação em nuvem composta por um grupo de aplicativos que seja menos dimensionada, precisa ser suportada com
executados diretamente no ambiente virtual, no qual usuários recursos locais.
podem acessar e-mails e aplicativos de escritório a partir de Com base nos dados do gráfico e nas informações acima, é cor-
uma interface disponibilizada na web. As características apre- reto afirmar que
sentadas permitem concluir que se trata de solução presente a) 22% das empresas utilizam nuvem privada.
na camada mais externa da nuvem, sendo uma solução do tipo
b) 3% das empresas utilizam nuvem pública.
a) Infraestrutura como Serviço (IaaS).
c) 22% das empresas utilizam serviços SaaS.
b) Software como Serviço (SaaS).
d) 69% das empresas utilizam nuvem híbrida.
c) Plataforma como Serviço (PaaS).
e) 94% das empresas utilizam serviços IaaS, PaaS e SaaS.
d) Tecnologia da Informação como Serviço (ITaaS).
e) Aplicativos de Escritório como Serviço (OaaS).
174. (FCC – 2022) Considere a planilha a seguir, digitada no Goo-
gle Planilhas.
172. (FCC – 2022) Na computação em nuvem, as empresas podem
usar recursos compartilhados de computação e armazenamen-
to, ao invés de criar, operar e melhorar a infraestrutura por conta
própria. É um modelo que permite os seguintes recursos:
I. Os provedores de serviços em nuvem podem ativar um
modelo de pagamento conforme o uso, em que os clientes
são cobrados com base no tipo de recursos e por uso.
II. Os usuários podem provisionar e liberar recursos sob demanda.
III. O redimensionamento automático para cima ou para baixo
é bloqueado por medidas de segurança. Essa operação é de
responsabilidade exclusiva da contratada.
Os recursos são acessíveis em uma rede com segurança adequada.
Estão corretos os recursos que constam APENAS em Na célula B9 foi digitada uma fórmula que retornou a nota do
aluno Paulo. A fórmula correta utilizada foi
a) II e III.
a) =HLOOKUP(B5;A3:D6;2;FALSE)
b) I e II.
b) =LCOL(B5;B3:D6;2;FALSE)
c) I, II e IV.
c) =VLOOKUP(B5;B3:D6;2;FALSE)
d) II e IV.
d) =PROCH(B5;A3:D6;2;FALSE)
e) III e IV.
e) =VLOOKUP(B5;A3:D6;2;FALSE)
177. (FCC – 2019) Como solução para auxiliar no uso de correio a) Documentos, Agenda e Chat.
eletrônico em uma organização, o IBM Verse b) Formulários, Planilha e Agenda.
a) possui recursos para gerenciamento de contas de e-mail, c) Documentos, Planilhas e Apresentações.
porém, não permite acessar funcionalidades por meio de
d) Formulários, Agenda e Documentos.
atalhos de teclado.
e) Documentos, Formulários e Agenda.
b) possui versões para desktop, web, cloud e mobile (somente
para dispositivos com sistema operacional Android).
c) não pode ser utilizado desconectado da internet, pois
necessita de sincronização com os servidores das contas de
e-mail gerenciadas.
d) permite marcar uma mensagem de e-mail como Needs GABARITO
Action, indicando que tal mensagem requer que se faça
algo, como enviar uma resposta na próxima semana.
e) permite que um usuário compartilhe seu calendário, mas 1 A 32 A
não permite que ele veja a disponibilidade de calendário de
outros usuários da mesma organização. 2 E 33 E
3 D 34 D
4 D 35 A
178. (FCC – 2018) Um Analista utiliza um conjunto de aplicati-
vos de escritório (Google Docs) que não estão instalados em 5 C 36 D
seu computador, mas em servidores espalhados em pontos
6 E 37 E
diversos da internet. Além de acessar os aplicativos, guarda
também os documentos produzidos por meio deles nesses 7 E 38 D
servidores, de forma a poder acessá-los a partir de qualquer
8 E 39 E
computador com acesso à internet. O Analista utiliza um tipo
de computação em nuvem conhecido como 9 E 40 D
a) Development as a Service.
10 D 41 B
b) Software as a Service.
11 A 42 D
c) Plataform as a Service.
d) Infrastructure as a Service. 12 C 43 A
e) Communication as a Service. 13 B 44 E
14 A 45 D
164
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO
CONSTITUCIONAL
Æ DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA b) Pluralismo político.
CONSTITUIÇÃO (ARTS 1° A 4° DA CF, DE 1988) c) Prevalência dos direitos humanos.
d) Liberdade de associação.
1. (FCC – 2022) A Constituição brasileira é a Constituição de um
e) Livre iniciativa.
país de economia de mercado; de um país capitalista, se se pre-
ferir. O sistema econômico capitalista é fundado na desigual-
dade e dela depende: para que o capitalismo funcione, é preciso
que haja o capitalista e o empregado, por exemplo, que sempre 4. (FCC – 2022) Segundo a Constituição Federal, no plano das
estarão em condições desiguais. O Direito pode regular as rela- relações internacionais, a República Federativa do Brasil
ções de trabalho de modo a proteger quem é mais vulnerável a) buscará a integração econômica, política, social e cultural
nessa relação. Isso só faz sentido se o Direito não tiver por fim dos povos da América Latina, visando à formação de uma
eliminar a relação desigual, mas regulá-la, protegendo a parte comunidade latino-americana de nações.
mais fraca. Assim, a Constituição não é refratária à desigualda-
de econômica em si. b) defenderá a ação bélica para solução dos conflitos quando
determinada por organismo internacional do qual reco-
(Adaptado de: FOLLONI, A.; FLORIANI NETO, A. B. “Desigualdade econômica nhece a jurisdição.
na Constituição...”. Novos Estudos Jurídicos, v. 23, n. 2, maio/ago. 2018, p.
593) c) defenderá a intervenção em outros países para garan-
tir a prevalência dos valores da civilização ocidental
Considerando as informações presentes no texto e o próprio judaico-cristã.
documento da Carta Magna brasileira, entende-se que a Cons- d) tratará as relações com Estados considerados desenvolvi-
tituição Federal de 1988 regula as relações presentes na socie- dos de maneira privilegiada.
dade brasileira quando afirma a
e) não concederá asilo político a cidadãos originários de Esta-
a) erradicação da pobreza e da marginalização, em seu artigo dos com os quais não mantém relação diplomática.
4°.
b) redução das desigualdades sociais e regionais, em seu arti-
go 3°.
5. (FCC – 2022) A República Federativa do Brasil rege-se nas
c) solução pacífica dos conflitos, em seu artigo 4°. suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
d) plena liberdade de associação para fins lícitos, em seu arti- I. pluralismo político.
go 5°.
II. repúdio ao terrorismo e ao racismo.
e) livre expressão da atividade intelectual, em seu artigo 5°.
III. erradicação da pobreza e da marginalização e redução das
desigualdades sociais e regionais.
IV. independência nacional.
2. (FCC – 2022) Considere os seguintes itens:
V. concessão de asilo político.
I. a soberania.
Está correto o que se afirma APENAS em
II. a plenitude de defesa.
a) II, IV e V.
III. o pluralismo político.
b) I, III e V.
IV. a inviolabilidade do domicílio.
c) II, III e V.
São fundamentos da República Federativa do Brasil previstos
d) I, III e IV.
no art. 1º da Constituição Federal o que consta de
e) I, II e IV.
a) I e II, apenas.
b) I, II, III e IV.
c) II e IV, apenas.
6. (FCC – 2021) São consideradas finalidades básicas do princí-
d) III e IV, apenas. pio da indissolubilidade do Estado Federativo a
e) I e III, apenas. a) capacidade de auto-organização e a soberania relativa.
b) soberania mitigada e a repartição territorial.
c) unidade nacional e a necessidade descentralizadora.
3. (FCC – 2022) Em consonância com as normas constitucionais,
d) não secessão e a necessidade de coexistência harmoniosa.
trata-se de princípio pertencente às relações internacionais da
República Federativa do Brasil: e) normatização interna própria e a autonomia relativa.
a) Liberdade de expressão. 165
7. (FCC – 2021) Dentre os princípios das relações internacionais 12. (FCC – 2019) Segundo o artigo 4º da Constituição Federal
há aquele que surgiu como consequência natural do processo de brasileira, a República Federativa do Brasil rege-se nas suas
descolonização, ganhando impulso nos primeiros anos após a relações internacionais por diversos princípios, NÃO sendo um
Segunda Guerra Mundial e que garante o livre desenvolvimento desses princípios a
econômico, social e cultural de nosso País. Trata-se do princípio a) garantia do desenvolvimento nacional.
a) do fortalecimento da autonomia interna. b) independência nacional.
b) da prevalência dos direitos humanos. c) autodeterminação dos povos.
c) da autodeterminação dos povos. d) não intervenção.
d) da não intervenção estrangeira. e) concessão de asilo político.
e) da igualdade e independência entre os povos.
DIREITO CONSTITUCIONAL
humano, reconhecidos e positivados na esfera jurídica de deter- fundamental da intimidade ato normativo que permita que
minado país, como o Brasil, enquanto os direitos internacio- bancos privados repassem informações sigilosas sobre a
nais se referem ao ser humano como tal, independentemente movimentação financeira de seus correntistas ao fisco.
de sua vinculação com uma determinada ordem institucional, Está correto o que se afirma APENAS em
sendo válidos para todos os homens em todos os tempos.
a) I, III e IV.
Essa concepção se refere, respectivamente, aos direitos previs- b) II e V.
tos na
c) IV e V.
a) Declaração dos Direitos do Homem e da Mulher e na Decla-
ração de Igualdade e Inclusão Social. d) I, II e III.
e) I e II.
b) Constituição dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal do Brasil.
c) Declaração Nacional de Inclusão Social e na Lei de Diretri-
37. (FCC – 2017) Diante da disciplina dos Direitos e Garantias
zes e Bases da Educação Nacional.
fundamentais na Constituição Federal,
d) Declaração dos Direitos do Cidadão e no Estatuto da Criança
a) somente são assegurados direitos fundamentais às pes-
e do Adolescente. soas físicas, uma vez que esses decorrem diretamente do
e) Constituição Federal do Brasil e na Declaração Universal de princípio da dignidade da pessoa humana.
Direitos Humanos. b) o rol de direitos e garantias fundamentais é taxativo, não
sendo admitida a existência de direitos e garantias que não
estejam expressamente previstos na Constituição, ainda
34. (FCC – 2018) Em relação à eficácia horizontal dos direitos que decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
fundamentais, são destinatários das normas constitucionais tados, ou previstos em tratados internacionais em que a
que dispõem sobre esses direitos: República Federativa do Brasil seja parte.
47. (FCC – 2018) A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado 50. (FCC – 2018) Conforme o Art. 286 da Constituição do Estado
em carreira, destina- se a da Bahia, a prática do racismo constitui
I. apurar infrações penais contra a ordem política e social ou a) contravenção penal punida nos termos da lei, incluído o
em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou preconceito de raça, de cor, sexo ou de estado civil.
de suas entidades autárquicas e empresas públicas.
b) crime, punido com prisão simples, de 3 meses a 1 ano, e
II. exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de multa de 1 a 3 vezes o maior valor de referência (MVR).
fronteiras.
c) falta grave quando cometida por funcionário ou servidor
III. polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos público, cabendo demissão sumária ou exoneração ex-officio.
corpos de bombeiros militares, além das atribuições defini-
das em lei, incumbindo, ainda, a execução de atividades de d) crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclu-
defesa civil. são, nos termos da Constituição Federal.
IV. prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro- e) violência que caracteriza infração dos direitos humanos e
gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da dos direitos e liberdades constitucionais.
ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.
GABARITO
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
1 B 5 A
d) I, II e IV.
e) I e III. 2 E 6 C
3 C 7 C
4 A 8 C
171
9 C 30 B
10 E 31 B
11 D 32 D
12 A 33 E
13 B 34 D
14 E 35 C
15 D 36 E
16 D 37 C
17 E 38 E
18 B 39 D
19 B 40 E
20 E 41 E
21 C 42 B
22 A 43 E
23 A 44 E
24 D 45 C
25 D 46 D
26 D 47 D
27 C 48 D
28 D 49 B
29 D 50 D
ANOTAÇÕES
172
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOS
Æ DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS Tal afirmação, contida no art. 1º da Declaração Universal dos
Direitos Humanos
HUMANOS (DUDH)
a) traduz as influências jusnaturalistas presentes na Decla-
1. (FCC – 2022) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, ração, especialmente a vertente racionalista da escola do
ainda que, como diz o nome, proclame direitos, também esta- direito natural.
belece expressamente que todos os seres humanos têm deve- b) reproduz herança greco-romana de que os direitos huma-
res para com nos estão fundamentados em um dever de agir que decorre
a) o planeta terra, para garantir condições de sobrevivência às da dignidade humana e da liberdade de consciência.
gerações futuras. c) revela, como concepção de fundo, que liberdade é dada com
b) a pátria, espaço privilegiado de exercício da igualdade, fra- o nascimento, mas a igualdade, a dignidade e a fraternidade
ternidade e liberdade. são conquistadas historicamente pela humanidade.
c) o Estado, por meio do qual as pessoas humanas têm preser- d) incorpora a tradição juscontratualista dos direitos huma-
vados seus direitos. nos, cujo pacto originário remonta às assembleias popu-
lares da revolução francesa nas quais se cunhou a tríade
d) os povos estrangeiros, participando de ações solidárias
axiológica da liberdade, igualdade e fraternidade.
sempre que sua dignidade esteja ameaçada.
e) demonstra sua filiação à concepção aristotélico-tomista de
e) a comunidade fora da qual o livre e pleno desenvolvimento
dignidade humana como atributo concedido ao homem por
de sua personalidade não é possível.
direito divino.
8. (FCC – 2017) Todos os seres humanos nascem livres e iguais 12. (FCC – 2022) É exemplo de situação fática de violação de um
em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, direito social e/ou econômico a condição de
devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. a) um idoso sem condições de trabalhar e excluído de qual-
O artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, quer benefício previdenciário ou assistencial.
transcrito acima, representa a seguinte característica: b) uma pessoa que não pode circular pelas ruas pelo risco de
a) Historicidade. ser vítima de bala perdida.
b) Limitabilidade. c) um preso assassinado por facções criminosas dentro do
c) Universalidade. sistema penitenciário.
d) Vedação ao retrocesso. d) uma pessoa que, em razão de ser mulher e negra, não con-
segue oportunidade de emprego.
e) Irrenunciabilidade.
e) uma pessoa impedida de escolher seus governantes por
meio de eleições periódicas e legítimas.
d) consolida a ética universal e, combinando o valor da liber- Joana é mais uma mulata triste que errou
dade com o da igualdade, enumera tanto os direitos civis e
políticos quanto os direitos econômicos sociais e culturais. Errou na dose
e) não tratou do direito à instrução, como direito à educação. Errou no amor
174 Joana errou de João
Ninguém notou a) II e IV, apenas.
Ninguém morou na dor que era o seu mal b) I e II, apenas.
DIREITOS HUMANOS
A dor da gente não sai no jornal c) I e III, apenas.
(Notícia de Jornal. Chico Buarque) d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
Considerando as violações aos direitos humanos de Joana, o
direito à saúde física e mental está previsto expressamente
a) na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
b) no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. 18. (FCC – 2018) Segundo previsão expressa no Pacto Interna-
cional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, os Esta-
c) na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. dos-Partes reconhecem que, com o objetivo de assegurar o
d) na Convenção Americana de Direitos Humanos. pleno exercício do direito à educação,
e) no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e a) a educação primária, incluindo creches e pré-escolas, deve-
Culturais. rá ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos.
b) a educação secundária deve ser voltada primordialmente à
preparação profissional e técnica que habilite o estudante
15. (FCC – 2021) A definição de saúde prevista pela Organização ao ingresso qualificado no mercado de trabalho.
Mundial de Saúde, no preâmbulo de sua carta de constituição, c) dever-se-á promover campanhas que sensibilizem a popu-
envolve a busca do mais elevado nível de saúde física e mental, lação sobre a importância da escolarização formal e punam
a qual também está inserida com o mesmo conceito no seguin- os pais que deixem de encaminhar os filhos para o ensino
te documento: obrigatório.
a) Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e d) a educação de nível superior deverá tornar-se acessível a
Culturais. todos, com base na capacidade de cada um, por todos os
b) Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças. meios apropriados e, principalmente, pela implementação
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos. progressiva do ensino gratuito.
d) Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com e) serão criados mecanismos que favoreçam a participação
Deficiência. direta da comunidade escolar, no mínimo, na definição do
e) Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as conteúdo curricular, jornada e calendário letivos e forma-
Formas de Discriminação contra a Mulher. ção do corpo docente.
16. (FCC – 2019) No que concerne à proteção de grupos vulnerá- 19. (FCC – 2016) O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
veis pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos, Sociais e Culturais entrou em vigor no ano de 1976 e é consi-
derado um relevante instrumento dos direitos humanos, espe-
a) a Convenção sobre os Direitos da Criança adota o princípio
cialmente por
de que ambos os pais têm obrigações comuns com relação à
educação e ao desenvolvimento da criança, expressamen- a) ser um relevante documento, mas omitiu-se quanto ao
te determinando, nesse sentido, que a duração das licenças direito de greve, não tratando deste relevante direito social.
maternidade e paternidade seja idêntica. b) ser um importante documento, mas não goza de nenhum
b) a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas tipo de mecanismo de monitoramento.
as Formas de Discriminação Racial proíbe expressamente c) ser reconhecido como um documento que venceu a resis-
qualquer tipo de diferenciação ou preferência baseado em tência de vários Estados e mesmo a doutrina que viam os
raça, cor ou origem étnica, inclusive em matéria de empre- direitos sociais em sentido amplo como sendo meras reco-
go e acesso a funções públicas. mendações ou exortações.
c) a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de d) que as medidas cautelares estão previstas no próprio texto
Discriminação contra a Mulher impõe expressamente aos original do pacto.
Estados a eliminação de todo conceito estereotipado dos
papéis masculino e feminino no âmbito do ensino, a partir e) que a previdência social, apesar de não prevista no pacto,
da educação secundária. está no protocolo facultativo.
d) a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência garante expressamente o reconhecimento
da capacidade legal das pessoas com deficiência em igual-
dade de condições com as demais pessoas em todos os
aspectos da vida, salvo no que toca ao exercício de direitos Æ CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS
patrimoniais. HUMANOS
e) o Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
embora proíba expressamente a discriminação baseada em 20. (FCC – 2022) É um mecanismo ou órgão criado especifi-
origem nacional, admite que os países em desenvolvimen- camente para a proteção dos direitos humanos no âmbito da
to determinem em que garantirão os direitos ali previstos Organização dos Estados Americanos
àqueles que não sejam seus nacionais. a) o Grupo de Trabalho para a Defesa dos Povos Indígenas.
b) o Comitê contra o Desaparecimento Forçado.
c) a Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de Discri-
17. (FCC – 2018) Integram a denominada Carta Internacional minação contra Pessoas com Deficiência.
dos Direitos Humanos − International Bill of Rights:
d) a Relatoria para a Liberdade de Expressão.
I. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
e) a Agência para a Abolição da Pena de Morte.
Culturais.
II. Carta da Organização das Nações Unidas − ONU.
III. Declaração Universal de Direitos Humanos.
21. (FCC – 2021) O “Protocolo de San Salvador” (Protocolo adi-
IV. Convenção Americana de Direitos Humanos. cional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em
Está correto o que se afirma em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais) 175
a) assegura o direito à alimentação, com nutrição adequada, 25. (FCC – 2021) Se determinado direito for violado por ação
que garanta a possibilidade de gozar do mais alto nível de imputável diretamente a um Estado-Parte do Protocolo de San
desenvolvimento físico, emocional e intelectual. Salvador, essa situação pode dar lugar à aplicação do sistema
b) admite a restrição ou limitação, pelos Estados Partes, dos de petições individuais da Convenção Americana sobre Direitos
direitos reconhecidos em menor grau de proteção pelo Humanos, mediante participação da Comissão Interamericana
Protocolo em relação à legislação interna, objetivando-se de Direitos Humanos e, quando cabível, da Corte Interamerica-
conferir coerência e integridade ao sistema jurídico de na de Direitos Humanos, conforme previsão expressa do Proto-
proteção. colo adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais.
c) prevê o acesso à Comissão de Direitos Humanos por meio
de petições individuais em caso de violações ao direito à Trata-se do Direito à
educação e aos direitos sindicais, dentre os quais o direito a) educação.
de greve. b) previdência social.
d) assegura os direitos de reunião e liberdade de associação, c) saúde.
ao trabalho, à sindicalização, à previdência social, à saúde, à
d) greve.
educação e à cultura, sem previsão do direito à constituição
e proteção da família. e) alimentação.
e) não foi ratificado pelo Brasil em virtude da ausência de
depósito do instrumento de aprovação congressual por
meio de decreto-legislativo. 26. (FCC – 2021) Considerando a condenação do Estado Bra-
sileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte
IDH) no caso Damião Ximenes vs Brasil, encontra-se ainda pen-
dente de cumprimento a seguinte obrigação, segundo a própria
22. (FCC – 2021) O Protocolo Adicional à Convenção Americana
Corte IDH:
sobre Direitos Humanos Referente à Abolição da Pena de Morte
a) estabelecer programa de formação e capacitação para pes-
a) ainda pende de aprovação pelo Congresso Nacional, embo-
soal vinculado à atenção em saúde mental, em particular
ra tenha sido assinado pelo Brasil.
acerca dos princípios que devem reger o cuidado com as
b) tornou inaplicável a pena de morte no Brasil mesmo em pessoas com transtornos mentais, de acordo com os parâ-
caso de guerra declarada e foi aprovado por Decreto Legis- metros internacionais para a matéria.
lativo com status de Emenda Constitucional.
b) publicar em prazo de seis meses, no diário oficial e em outro
c) teve depositado seu Instrumento de Ratificação pelo Gover- jornal de ampla circulação nacional, o capítulo relativo
no brasileiro com a aposição de reserva. aos fatos provados da sentença e aqueles relativos à parte
d) implica no compromisso do Estado signatário em não pro- dispositiva da sentença, nos termos do parágrafo 249 da
mover a extradição de pessoas para países que adotem a mesma.
pena capital. c) pagar à irmã e à mãe indenização por dano moral e por
e) ressalva a possibilidade de aplicação da pena de morte pelo dano imaterial nos termos e na quantidade fixada na sen-
Estado-Parte apenas em crimes cometidos antes da ratifi- tença, assim como os custos e gastos gerados no âmbito
cação e para os quais a pena já era prevista. interno e no processo internacional perante o sistema inte-
ramericano de proteção de direitos humanos.
d) garantir, em um prazo razoável, que os processos internos
23. (FCC – 2021) O Protocolo Adicional à Convenção Americana criminal e civil tendentes a investigar e sancionar os res-
sobre Direitos Humanos Referente à Abolição da Pena de Morte ponsáveis pelos fatos criminosos do caso surtam os devi-
dos efeitos, nos termos da sentença.
a) ainda pende de aprovação pelo Congresso Nacional, embo-
ra tenha sido assinado pelo Brasil. e) estabelecer uma legislação nacional protetora do direito
das pessoas com transtorno mental, que preveja a fiscaliza-
b) tornou inaplicável a pena de morte no Brasil mesmo em ção e reforma da atenção psiquiátrica oferecida a todas as
caso de guerra declarada e foi aprovado por Decreto Legis- pessoas com transtorno mental no Estado-Parte.
lativo com status de Emenda Constitucional.
c) teve depositado seu Instrumento de Ratificação pelo Gover-
no brasileiro com a aposição de reserva.
27. (FCC – 2019) O princípio da legalidade, conforme previsto no
d) implica no compromisso do Estado signatário em não pro- texto da Convenção Americana de Direitos Humanos, refere que
mover a extradição de pessoas para países que adotem a
pena capital. a) ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que,
no momento em que forem cometidas, não sejam delituo-
e) ressalva a possibilidade de aplicação da pena de morte pelo sas, de acordo com o direito aplicável.
Estado-Parte apenas em crimes cometidos antes da ratifi-
cação e para os quais a pena já era prevista. b) é dever de todos conduzir-se de acordo com a legislação
vigente de seu país e abstendo-se de praticar toda conduta
não autorizada em lei.
c) nenhuma declaração, tratado ou princípio internacional
24. (FCC – 2021) A Convenção Americana de Direitos Humanos de direitos humanos pode se sobrepor à lei vigente no país
prevê expressamente que, quando decidir que houve violação onde se dá a violação.
de um direito ou liberdade nela protegidos, a Corte Interameri-
cana de Direitos Humanos determinará, se couber, entre outras d) os direitos humanos se baseiam na lei natural e histórica
medidas, segundo a qual todos os homens são dotados de dignidade
e liberdade.
a) a anulação da regra ou da decisão que resultou na lesão do
direito. e) apenas por meio de lei legitimamente aprovada será admi-
tida a supressão ou limitação aos direitos humanos essen-
b) a persecução penal da autoridade responsável pela violação ciais de natureza civil, política ou social.
de direito.
c) a expropriação da decisão interna lesiva para instância
federal ou internacional.
28. (FCC – 2018) O diploma internacional que reconhece
d) o reconhecimento público, pelo Estado, de sua culpa pelas expressamente, em dispositivo autônomo e desvinculado de
violações ao direito. outro direito específico, o direito humano a um meio ambiente
176 e) o pagamento de indenização justa à parte lesada. sadio é
a) o Protocolo de São Salvador. c) o Tribunal Penal Internacional e o Comitê Americano de
b) o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Direitos Humanos.
DIREITOS HUMANOS
Culturais. d) o Alto Comissariado Latino-Americano e a Corte Federal de
c) a Convenção Americana de Direitos Humanos. Direitos Humanos.
d) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. e) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte
Interamericana de Direitos Humanos.
e) a Declaração Universal de Direitos Humanos.
GABARITO
1 E 4 A
2 D 5 C
3 D 6 A
178
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO
ADMINISTRATIVO
Æ ORIGEM, CONCEITO E FONTES DO DIREITO 4. (FCC – 2018) O termo Administração pública comporta diver-
sos sentidos, a depender do critério adotado para sua concei-
ADMINISTRATIVO tuação. Pode-se definir Administração pública em sentido
amplo e em sentido estrito. Deixando-se de lado a Administra-
1. (FCC – 2021) A discussão teórica sobre o conceito de Direito
ção pública em sentido amplo, é possível conceituar Adminis-
Administrativo se estabeleceu, a partir do debate acadêmico
tração pública a partir de dois critérios, o subjetivo e o objetivo,
europeu do Século XIX, em torno de determinados traços dis- que compreendem
tintivos da disciplina. Dentre as escolas que então se formaram,
a) os órgãos governamentais e os órgãos administrativos,
aquela que enfatizava a importância da distinção entre “atos
como a função política e a administrativa propriamente
de império” e “atos de gestão”, para fins de definição do campo
dita.
científico jus administrativo, é a escola
b) os órgãos governamentais e a função política, em especial a
a) do serviço público.
partir da judicialização das políticas públicas, ocorrida pelo
b) teleológica ou finalista. aumento em extensão e profundidade do controle judicial
c) da puissance publique ou potestade pública. do ato administrativo.
d) da gestão pública. c) as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem
função administrativa, excluindo-se as pessoas jurídicas
e) imperialista ou da supremacia administrativa. que compõem a administração indireta sujeitas a regime
jurídico de direito privado.
d) as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem
2. (FCC – 2021) O critério que define o direito público resumin- a função administrativa e a atividade administrativa por
do-o às regras de organização e gestão dos serviços públicos eles exercida, ou seja, a função administrativa propriamen-
exercidos pelo Estado ficou conhecido como o critério te dita.
a) residual. e) as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem
a função administrativa e a função administrativa exercida
b) do Poder Executivo. pelo Poder Executivo, excluindo-se as atividades da mesma
c) da escola puissance publique. natureza exercida pelos demais Poderes.
d) do serviço público.
e) das relações jurídicas.
5. (FCC – 2016) São fontes do Direito Administrativo:
I. lei.
3. (FCC – 2019) Dentre as fontes do Direito Administrativo, é II. razoabilidade.
possível deduzir que III. moralidade.
a) somente a lei formal pode ser considerada fonte do Direi- IV. jurisprudência.
to Administrativo, considerando a primazia do princípio da V. proporcionalidade.
legalidade.
Está correto o que consta APENAS em
b) o princípio da supremacia do interesse público é a principal
a) I e II.
fonte do Direito Administrativo, pois fundamenta todas as
ações e decisões da Administração pública. b) II e IV.
c) I e IV.
c) a jurisprudência não pode ser considerada fonte do Direito
Administrativo, pois não emana do Poder Executivo nem do d) III e V.
Poder Judiciário. e) IV e V.
d) as lacunas legais se consubstanciam em fontes concretas
do Direito Administrativo, considerando que ao Poder Exe-
cutivo é dado suprir a ausência de lei por meio da edição de
decreto. Æ PODER VINCULADO E DISCRICIONÁRIO
e) não se mostra necessária a codificação das leis e atos nor- 6. (FCC – 2021) Há espaço para a discricionariedade administra-
mativos para que se consubstanciem em fonte do Direito tiva quando
Administrativo. a) a lei expressamente prevê as vias passíveis de serem esco-
lhidas para a resolução do problema.
b) a lei prevê determinada competência, mas não estabelece a
conduta a ser adotada. 179
c) o Administrador, em se tratando de elementos do ato admi- d) com a promulgação da Carta de 1988, aquela se vê tratada
nistrativo, refere-se ao sujeito, finalidade e conteúdo. como uma ação administrativa com poderes ilimitados.
d) o Administrador, invariavelmente, abordar o motivo e o e) com a consagração da vinculação da administração públi-
conteúdo do ato administrativo. ca ao princípio da legalidade, e mais, à juridicidade admi-
e) o Administrador se utiliza de conceitos de experiência ou nistrativa, desenvolveu-se um âmbito muito mais livre de
empíricos que, conforme a atualidade, podem variar em apreciação e ação concedidas ao administrador.
sua interpretação.
DIREITO ADMINISTRATIVO
normativa das medidas e sanções a serem adotadas, caben- e) decidir, conforme as melhores razões de Estado.
do à autoridade competente identificar, quando da situa-
ção, a verificação da melhor conduta a tomar.
e) poder vinculado, tendo em vista que esse confere à Admi-
nistração a atribuição de escolher uma opção válida dentre
as possíveis de serem extraídas da interpretação legal. Æ PODER REGULAMENTAR
16. (FCC – 2022) O poder normativo ou regulamentar é a prer-
13. (FCC – 2016) Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho, rogativa reconhecida à Administração pública para editar atos
quando o “agente que elege a situação fática geradora da vonta- administrativos gerais para fiel execução das leis. Tradicional-
de, permitindo, assim, maior liberdade de atuação, embora sem mente, é reconhecida a possibilidade de órgãos e entidades
afastamento dos princípios administrativos”, está se referindo localizadas institucionalmente fora do âmbito do Poder Legis-
ao poder discricionário dos agentes públicos, que demanda a lativo exercerem, também, poder normativo.
a) previsão legal das opções postas ao administrador, bem (Rafael Carvalho Rezende de Oliveira, Curso de Direito Administrativo, 9.ed.,
item 7.4.1).
como possibilita revogação pela própria Administração ou
pelo Judiciário, preservado o mérito do ato administrativo. A propósito de tal poder,
b) existência de opções juridicamente válidas para que o a) é possível a alteração de lei, por meio de decreto edita-
administrador possa exercer seu juízo de conveniência e
do pelo Chefe do Poder Executivo, em matéria adstrita à
oportunidade, o que não afasta a possibilidade de controle
competência para editar regulamentos autônomos sobre
dessa atuação, tanto pela Administração, quanto pelo Judi-
a organização e funcionamento da administração, quando
ciário e pelo Tribunal de Contas.
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
c) revisão dos atos discricionários pela própria Administração de órgãos públicos.
ou pelo Poder Judiciário, não retroagindo efeitos seja no
b) a edição de atos normativos por autoridade administrativa,
caso da anulação ou da revogação, em razão da presunção
salvo os de mera organização interna, deverá ser precedi-
de veracidade que reveste os atos administrativos.
da de consulta pública para manifestação de interessados,
d) possibilidade de anulação de atos discricionários somente preferencialmente por meio eletrônico, a qual será consi-
pela própria administração ou pelo Tribunal de Contas, nos derada na decisão.
casos de atos administrativos.
c) dado o princípio do paralelismo das formas, todo decreto
e) análise pelo Poder Judiciário de todos os aspectos dos atos editado pelo Chefe do Poder Executivo poderá ser alterado
discricionários, anulando-os ou revogando-os diante do ou revogado por ato da mesma natureza.
controle de políticas públicas realizado por esse Poder.
d) por se tratar de ato infralegal, o decreto autônomo edi-
tado pelo Chefe do Poder Executivo não pode ser ques-
tionado por meio de ação de controle concentrado de
14. (FCC – 2016) dois casos hipotéticos: constitucionalidade.
I. João é servidor público estadual e chefe de determinada e) por força do princípio da hierarquia, é possível delegar a
repartição. No exercício de seu poder disciplinar, aplicou a subordinado a edição de atos normativos, salvo se houver
seu subordinado, o servidor Francisco, a sanção de suspen- vedação legal específica.
são após o respectivo processo administrativo disciplinar.
Cumpre salientar que a lei prevê, para a infração cometida
por Francisco, que a Administração pode punir o servidor
17. (FCC – 2019) O exercício do poder normativo pelos entes
com as penas de suspensão ou de multa.
públicos configura
II. Isabela, servidora pública estadual, sofreu remoção ex offi-
a) atuação que abrange a edição de decretos regulamenta-
cio. Referida remoção, de acordo com a lei, só pode dar-se
res sem inovação de mérito em face da lei regulamentada,
para atender à conveniência do serviço. No entanto, no caso
embora também permita a edição de decretos autônomos
de Isabela, foi feita para puni-la.
em situações expressamente previstas.
Nas situações narradas,
b) expressão do princípio da supremacia do interesse público,
a) há discricionariedade quanto à forma do ato administrati- pois admite que o Executivo possa editar atos normativos
vo, no caso I, vez que a lei prevê duas formas possíveis para quando houver omissão, voluntária ou involuntária, da
atingir o mesmo fim. legislação.
b) há discricionariedade quanto ao objeto do ato administrati- c) corolário do princípio da eficiência, tendo em vista que
vo, no caso I, vez que a lei prevê dois objetos possíveis para a agilidade da atuação do Executivo permite a edição de
atingir o mesmo fim. decretos para disciplinar a situação dos administrados de
c) há discricionariedade quanto à finalidade do ato admi- forma mais aderente à efetiva necessidade dos mesmos.
nistrativo, no caso II, e desvio de finalidade na atuação da d) manifestação do princípio da legalidade, tendo em vista que
Administração. a edição de decretos pelo Executivo se dá tanto pela edição
d) o caso II trata de exemplo de ato administrativo vinculado, de decretos regulamentares quanto paraa edição de decre-
havendo, na hipótese, vício de motivo. tos autônomos, de caráter geral e abstrato, para suprir lacu-
nas da lei.
e) ambos os casos correspondem a atos administrativos vin-
culados; no entanto, apenas no caso II, o ato administrativo e) expressão dos princípios da celeridade e da eficiência, pois
está viciado, sendo, portanto, ilegal. tem lugar para viabilizar a edição de decretos que veiculem
soluções para casos concretos, diante da inexistência de
previsão legal a respeito.
DIREITO ADMINISTRATIVO
zação de atribuições administrativas constituem matéria o controle exercido pelo Legislativo e Tribunais de Contas
reservada ao campo da lei em sentido formal, cabendo ape- sobre os atos e negócios realizados pelos entes que inte-
nas a regulamentação por decreto. gram a Administração indireta e que possuem natureza
jurídica de direito privado restringe-se ao exame do cum-
primento da legalidade.
25. (FCC – 2018) Suponha que o Chefe do Poder Executivo, c) não excluem o exercício de funções atípicas pelos seus
valendo-se das competências que lhe são conferidas pela diversos entes, como judicante e normativa, esta última
Constituição da República, pretenda proceder a uma gran- que abrange a edição de decretos autônomos pelo Chefe do
de reorganização administrativa. Para tanto, editou decreto, Executivo, Superintendentes de autarquias e de fundações
invocando seu poder regulamentar, detalhando a aplicação de integrantes da Administração indireta.
diploma legal que criou Secretarias e órgãos públicos, aprovei- d) incluem o exercício do poder de polícia, função tipicamente
tando o mesmo diploma para extinguir determinados cargos atribuída ao Poder Judiciário, para, em caráter excepcional,
criados pela mesma lei. Nesse caso, o chefe do Poder Executivo, limitar os direitos dos administrados com vistas à garantia
ao editar tal decreto, da segurança pública.
a) valeu-se do poder regulamentar de forma legítima, desde e) restringem a incidência de controle externo sobre seus
que não inove em matéria de reserva de lei, podendo, com atos, cabendo, exclusivamente, ao Judiciário o exame de
base no poder normativo, extinguir os cargos por decreto, legalidade e ao Legislativo, por meio do Tribunal de Contas,
desde que vagos. o exame da discricionariedade e de seus limites.
b) exerceu, legitimamente, seu poder regulamentar para
dispor sobre matéria de organização e funcionamento da
Administração, que inclui a criação e extinção de cargos,
28. (FCC – 2018) A edição de um decreto municipal que, preten-
desde que sejam de livre provimento.
dendo incentivar a reciclagem de lixo, estabelece a concessão
c) poderia invocar seu poder normativo, descabendo falar de prêmios aos moradores que conseguirem comprovar deter-
em poder regulamentar, o que, contudo, apenas autoriza a minadas quantidades de seleção, coleta e entrega nas oficinas
edição de decretos autônomos para extinção dos cargos se especializadas, bem como estabelece multas para aqueles que
extintos, pelo mesmo ato, os órgãos correspondentes. não o fizerem,
d) somente poderá extinguir os cargos mediante decreto a) configura expressão do poder normativo do ente público,
regulamentar na hipótese de ter a lei regulamentada pre- na medida em que disciplina gestão de serviços públicos de
visto expressamente tal delegação legislativa, eis que se sua titularidade e o manejo de verbas públicas disponíveis.
trata de matéria de reserva de lei formal.
b) excede o poder normativo do município, que pode se pres-
e) não pode dispor sobre o tema mediante decreto, a pretex- tar apenas a disciplinar e explicitar a operacionalização de
to de exercer seu poder regulamentar, eis que matéria de disposições legais.
organização e funcionamento da Administração é reserva-
da à lei, cuja iniciativa privativa é do Chefe do Executivo. c) se insere no poder de polícia do ente, que pode instituir e
aplicar multas àqueles que descumprirem a disciplina nor-
mativa editada pelo ente.
d) configura excesso de poder normativo, já que extrapola os
26. (FCC – 2018) O poder normativo atribuído ao Executivo deve limites materiais admitidos para os decretos autônomos do
observar limites e parâmetros constitucionalmente estabeleci- Chefe do Executivo, ingressando em matéria de lei.
dos, dentre os quais
e) pode ser convalidado se restar comprovado que o interesse
a) destaca-se a expressa indelegabilidade de seu exercício,
público está presente, bem como que a população concorda
não sendo permitindo a nenhum outro ente da Administra-
com a instituição de prêmios e multas.
ção indireta a edição de atos normativos.
b) a possibilidade de sua delegação para agências reguladoras,
constituídas sob a forma de autarquias, para organização
das atividades reguladas, bem como para estabelecimento 29. (FCC – 2018) A Administração pública de determinado Muni-
de critérios técnicos. cípio editou decreto instituindo obrigação dos administrados
submeterem seus estabelecimentos comerciais e de serviços
c) a constitucionalidade de sua delegação aos entes integran-
amais um procedimento de licenciamento para funcionamen-
tes da Administração pública indireta para edição de decre-
to. A medida
tos regulamentadores que disciplinem aspectos técnicos
em seus setores de atuação. a) deve ser cumprida pelos administrados porque configura
regular exercício do poder normativo pela Administração
d) insere-se a competência para edição de decretos autôno-
pública, que pode ter natureza originária quando se tratar
mos, em hipóteses expressas, passível de delegação aos
de matéria típica de poder de polícia.
entes de direito público que integram a Administração
pública indireta, como autarquias, fundações e agências b) pode ser sustada ou convalidada pelo Poder Legislativo, pois
reguladoras, para exercício nas mesmas condições. cabe ao Tribunal de Contas o controle dos atos praticados
pelo Executivo no exercício do poder normativo originário.
e) a necessidade de existência de lei prévia tratando dos
aspectos gerais e abstratos da questão, restando ao Execu- c) é regular expressão do poder discricionário da Administra-
tivo a obrigação de viabilizar a execução dessas diretrizes, ção pública, mas não poderá haver negativa na expedição
por meio da disciplina do procedimento para tanto. da licença ao administrado caso preencha os requisitos
constantes do decreto autônomo editado.
d) pode ser questionada no Poder Judiciário sob o fundamento
27. (FCC – 2018) As prerrogativas e poderes conferidos à Admi- de ter exorbitado os limites do poder normativo do Executi-
nistração direta e indireta para a consecução de suas funções, vo ao instituir obrigação aos administrados.
tipicamente executivas, e) poderá ser anulada ou revogada pela própria Administra-
a) admitem a prática de atos que exteriorizam o exercício de ção pública ou pelo Poder Judiciário, tendo em vista que o
parcela de funções atípicas, a exemplo da edição de decre- decreto editado abordou matéria reservada à lei, excedendo
to que extingue cargos vagos em determinado órgão cujas o poder normativo do Executivo.
funções foram absorvidas por outro departamento da
estrutura administrativa.
183
30. (FCC – 2017) Sobre os conceitos de poder regulamentar ou 33. (FCC – 2017) O poder normativo da Administração pública
regulamento e regulação, considere as assertivas abaixo: a) pode ter aplicação preventiva ou repressiva, tal qual o poder
I. A regulação, em sentido estrito, pode ser definida como ati- de polícia exercido pela Administração pública, sendo, no
vidade estatal que controla o comportamento dos agentes primeiro caso, restrito às matérias de organização admi-
econômicos para alinhá-lo ao interesse público, primário e nistrativa e de competência suplementar, ou seja, para dis-
secundário, de acordo com as políticas vigentes. ciplinar situações sobre as quais inexista lei pertinente.
II. O poder regulamentar é atribuição privativa do Chefe do b) permite à Administração pública a edição de atos normati-
Executivo, exercida por meio da edição de decretos que vos para fixação de parâmetros e diretrizes de gradação de
visam à explicitar e viabilizar a execução das leis editadas, penas disciplinares, quando relacionado ao poder discipli-
não podendo, salvo as exceções expressas no texto consti- nar, bem como para instituição de novas penas mais ade-
tucional, possuir conteúdo que inove o conteúdo do diplo- quadas para situações atuais.
ma regulamentado. c) fica restrito às situações em que estejam presentes relações
III. A atividade de regulação no ordenamento brasileiro envol- hierarquizadas, em que a competência para definição de
ve a delegação do poder regulamentar às agências regula- normas tenha caráter originário.
doras, de natureza autárquica ou fundacional, que cuidam d) pode ter natureza originária nas situações expressamente
de dar execução e o detalhamento técnico necessário à previstas constitucionalmente, fora das quais fica restrito a
execução das leis que regulam o setor, mas cujo conteúdo hipóteses de prévia existência de leis que demandem a dis-
demasiado genérico não é suficiente para tanto. ciplina e explicitação da forma de aplicação das mesmas às
Está correto o que consta em situações concretas.
a) I, II e III. e) consubstancia-se, quando aplicado a situações concretas,
em exercício de poder de polícia, diretamente incidente
b) II e III, apenas. sobre a esfera de direitos dos administrados, devendo estar
c) II, apenas. previamente previsto na legislação vigente.
d) I, apenas.
e) III, apenas.
34. (FCC – 2016) Considere as seguintes assertivas concernen-
tes ao poder regulamentar:
31. (FCC – 2017) A respeito dos poderes da Administração públi- I. O regulamento de execução é hierarquicamente subordi-
ca, é correto afirmar: nado a uma lei prévia, além de ser ato de competência pri-
vativa do Chefe do Poder Executivo.
a) As multas decorrentes do poder de polícia devem ser exe-
cutadas na via administrativa. II. O poder regulamentar da Administração pública, também
denominado de poder normativo, não abrange, exclusiva-
b) Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mente, os regulamentos; ele também se expressa por outros
mediante decreto, sobre (i) organização e funcionamento atos, tais como por meio de instruções, dentre outros.
da Administração federal, quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; e (ii) III. Os atos pelos quais a Administração pública exerce o seu
extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. poder regulamentar, assim como a lei, também emanam
atos com efeitos gerais e abstratos.
c) Em matéria de poder de polícia, suspende-se a prescrição
IV. O ato normativo, em hipóteses excepcionais, poderá criar
da ação punitiva por qualquer ato inequívoco que importe
direitos não previstos em lei, sem implicar em ofensa ao
em manifestação expressa de tentativa de solução concilia-
princípio da legalidade.
tória no âmbito interno da Administração pública federal.
Está correto o que se afirma em
d) É da competência exclusiva da Câmara dos Deputados sus-
tar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do a) I e IV, apenas.
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. b) I, II, III e IV.
e) O poder de rever atos e decisões e de decidir conflitos de c) I e III, apenas.
competência entre subordinados são desdobramentos ou d) II e IV, apenas.
decorrências do poder disciplinar.
e) I, II e III, apenas
DIREITO ADMINISTRATIVO
ficou que o subordinado não estava conseguindo concluir a ela- implica o gerenciamento de tarefas e o sancionamento dis-
boração de um complexo e importante parecer técnico de um cricionário diante da recusa dos servidores.
processo administrativo. Preocupado, Gustavo determinou a c) é expressão do poder normativo, considerando que o ato de
Estêvão que lhe encaminhasse os autos do processo adminis- designação do servidor para exercer as funções de coorde-
trativo, pois ele próprio se encarregaria de elaborar o parecer. nador não tem natureza de ato administrativo.
Posteriormente, justificou no processo administrativo a deci-
d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que
são de assumir a tarefa. No relato supra, a decisão adotada por
abrange a possibilidade de designação, de ofício, de tarefas
Gustavo consiste em ato de
aos servidores integrantes do quadro, observado o respec-
a) revogação. tivo âmbito de atuação.
b) ratificação. e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido amplo, que
c) avocação. também inclui o gerenciamento e limitação das condutas
dos servidores a ele subordinados.
d) delegação.
e) encampação.
DIREITO ADMINISTRATIVO
delito intitulado “condescendência criminosa”, configurando prestação de serviços públicos, inclusive aplicando penali-
crime próprio de funcionário público. Tal tipificação diz respei- dades às concessionárias.
to à omissão no exercício do poder
a) disciplinar.
b) discricionário. 53. (FCC – 2018) O poder disciplinar
c) normativo. a) é sempre vinculado.
d) de polícia administrativa. b) equipara-se, em determinadas hipóteses, ao poder punitivo
e) regulamentar. do Estado, realizado por meio da Justiça Penal.
c) não abrange as sanções impostas a particulares não sujei-
tos à disciplina interna da Administração.
50. (FCC – 2019) A celebração de contrato administrativo entre d) pode ser exercido ainda que não esteja legalmente
empresa particular e a Administração pública permite a inci- atribuído.
dência do poder e) vincula-se ao poder hierárquico, um reduzindo-se ao outro,
a) de polícia em relação aos atos praticados pela contratada haja vista que o primeiro é mais amplo que o segundo.
para a execução do objeto contratual, incluindo a aplicação
de penalidades.
b) normativo, diante da necessidade de aditamento do contra- 54. (FCC – 2018) Entre os poderes próprios da Administração, o
to para estabelecimento de alterações de ordem qualitativa. que está subjacente à aplicação de sanções àqueles que com ela
contratam, corresponde ao poder
c) disciplinar em relação à contratada, tendo em vista que
essa atuação abrange relações jurídicas que excedem o vín- a) disciplinar.
culo funcional, tal como vínculo contratual. b) regulamentar.
d) hierárquico, tendo em vista que esta prerrogativa confere c) de polícia.
posição de supremacia do poder público contratante em
d) hierárquico.
relação à contratada, admitindo inclusive alterações unila-
terais do contrato. e) de tutela.
188
Æ PODER DE POLÍCIA 67. (FCC – 2021) Durante a pandemia do novo coronavírus mui-
DIREITO ADMINISTRATIVO
tos dos entes federados editaram normas obrigando a popu-
63. (FCC – 2022) O poder de polícia atribuído à Administração lação a usar, em ambientes de acesso ao público, máscara de
a) somente é legítimo para reprimir condutas que ponham proteção facial, considerada medida não farmacológica de
em risco a segurança pública, sendo exercido diretamente redução do contágio e disseminação do vírus. A limitação refe-
ou por delegação. rida é manifestação do poder
b) decorre da supremacia do interesse público sobre o parti- a) de polícia administrativa, que pode incidir sobre bens,
cular, sendo sempre dotado de autoexecutoriedade. direitos e atividades, possuindo caráter preventivo, repres-
sivo e fiscalizador.
c) possui caráter repressivo, ao contrário do poder disci-
plinar que apenas impõe aos administrados limitações b) de polícia judiciária, o qual tem legitimidade para restringir
administrativas. a liberdade individual.
d) não autoriza a imposição de medidas de execução direta, c) de polícia administrativa, que incide sobre direitos e ativi-
mas apenas meios de coerção indiretos, como multas. dades, mas não sobre bens, por ter caráter essencialmente
e) contempla limitações administrativas ao exercício de preventivo.
liberdades individuais, tendo como um de seus atributos a d) sancionatório da administração, que encontra fundamento
exigibilidade. no princípio hierárquico.
e) de polícia judiciária, que tem por objetivo prevenir e repri-
mir ilícitos civis.
64. (FCC – 2022) O exercício do poder de polícia pela Adminis-
tração, no âmbito da atividade de polícia administrativa,
a) não admite delegação de nenhum de seus aspectos, deven- 68. (FCC – 2019) Um servidor de uma autarquia incumbida da
do ser executado diretamente pelo ente federado titular da vigilância sanitária de um determinado Município visitou, em
respectiva competência. trabalho de rotina, um estabelecimento comercial e verificou
b) não contempla medidas de coercibilidade, admitindo ape- que lá estava sendo explorada atividade estranha àquelas per-
nas meios de execução indireta, como aplicação de multas. mitidas e constantes do alvará de licença e instalação, inclusive
sem o devido cuidado com as normas sanitárias. Lavrou auto de
c) constitui atuação vinculada, sem qualquer discricionarie-
infração e imposição de multa, incluindo a interdição do esta-
dade por parte do agente público.
belecimento por determinado prazo, para que o responsável
d) é dotado do atributo da exigibilidade, que autoriza a Admi- providenciasse a regularização ou a desativação da atividade
nistração a tomar decisões executórias sem prévia submis- não autorizada. O responsável pelo estabelecimento apresen-
são ao Poder Judiciário. tou defesa, deduzindo que teria havido abuso de poder. A alega-
e) é dotado de imperatividade e autoexecutoriedade, o que ção do comerciante
autoriza a adoção de força pública para seu cumprimento e a) procede, tendo em vista que a autarquia não pode exercer
a execução administrativa das multas aplicadas. poder de polícia repressiva, apenas editar atos normativos
que regulem o setor e a atuação dos administrados a ele
subordinados.
65. (FCC – 2022) Em visita a uma empresa, um Auditor-Fiscal do b) é infundada, tendo em vista que as autarquias possuem
Trabalho verificou que havia indícios de fraudes relacionadas plenos poderes no setor que atuam, cabendo ao decreto
aos recolhimentos das contribuições obrigatórias a cargo do que as cria delimitar a esfera de competências e prerrogati-
empregador, promovendo a apreensão dos livros e documen- vas das mesmas.
tos necessários à apuração da situação e lavrando o auto de
c) não é aderente à legalidade, pois a atuação do servidor
apreensão e guarda respectivo.
público tem fundamento no exercício do poder de polícia,
A propósito de tal medida, trata-se que permite a adoção de medidas repressivas e de urgência
a) da aplicação irregular de sanção de polícia, pois deveria ter para obstar ilegalidades e riscos aos administrados.
sido precedida de notificação da empresa, para exercício de d) é improcedente tendo em vista que às autarquias é dado o
defesa prévia. exercício do poder de polícia em sua integralidade, cabendo
b) de atuação abusiva do agente público, visto que tal apreen- à lei que autoriza sua criação delegar aos servidores indica-
são deveria ter sido precedida por pedido de busca e dos a competência para instituir multas e sanções, mesmo
apreensão dirigido à autoridade judicial. que não constantes expressamente de lei.
c) de medida coercitiva regularmente aplicada, basea- e) procede, pois embora o servidor possa interditar o estabe-
da nos princípios de aplicação do poder disciplinar da lecimento, no regular exercício do poder de polícia, a impo-
Administração. sição de multa pecuniária depende previsão expressa em
d) de aplicação de medida atípica, porém sustentada pela dis- lei e de decisão judicial.
cricionariedade que caracteriza o poder regulamentar da
Administração.
e) de exercício regular de medida de polícia de natureza 69. (FCC – 2019) Em relação ao poder de polícia administrativo,
auto executória, com finalidade de acautelar a apuração considere as assertivas abaixo.
administrativa. I. Licença é ato administrativo discricionário e tem como
característica a revogabilidade, podendo a administração,
em respeito ao interesse público, cassar os efeitos do ato
66. (FCC – 2021) Ao exigir uma planta para licenciamento de que a concede.
construção pelo particular, o poder de Polícia da Administração II. Autorização é ato administrativo declaratório e vinculado e,
Pública demonstra ser uma atividade dessa forma, uma vez adimplidas as condições legais, deve-
a) negativa. rá a Administração outorgá-la, não podendo, por conta de
b) positiva. sua natureza jurídica, revogá-la posteriormente.
DIREITO ADMINISTRATIVO
municipal. praticar atos e adotar medidas que limitem os direitos indivi-
e) competência da guarda municipal para fiscalização de duais dos administrados, sob o fundamento de interesse públi-
infrações de trânsito. co, encontra fundamento no poder
a) de polícia, que admite a imposição e a supressão, por decre-
to, de direitos e obrigações aos administrados.
77. (FCC – 2019) Consoante o Art. 78 do Código Tributário Nacio- b) normativo, que produz efeitos gerais e também medidas
nal, trata-se de “atividade da administração pública que, limi- materiais de limitação aos direitos individuais.
tando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a c) disciplinar, que se dirige a todos os administrados, em razão
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse públi- da supremacia do interesse público.
co concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
d) de polícia, que abrange a possibilidade de adoção de medi-
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
das materiais repressivas diante da necessidade de tutela
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
do interesse público.
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos”. O excerto se refere ao e) normativo, cujo viés originário permite a instituição, por
poder decreto, de direitos e obrigações aos administrados.
a) regulamentar autônomo.
b) disciplinar.
c) discricionário. 81. (FCC – 2018) Na execução de suas funções executivas, a
Administração pública é dotada de algumas prerrogativas,
d) de polícia.
com amparo legal, que lhe permitem a adoção de uma série de
e) de império. medidas e atos para consecução das finalidades de interesse
público. Configura expressão de algumas dessas prerrogativas
a) o poder de polícia, que lhe permite limitar direitos indivi-
78. (FCC – 2019) A Administração pública desempenha suas duais sempre que a atividade fiscalizada for criminosa.
funções representada, em sentido amplo, por agentes públi- b) o poder regulamentar, que é expressamente previsto cons-
cos, que praticam atos de diversas naturezas. Dentre eles, está a titucionalmente dentre as competências legislativas, pos-
possibilidade da imposição de suindo matérias próprias de incidência.
a) condenações criminais, considerando que a apuração de c) o poder de polícia, que admite a adoção de medidas repres-
infrações praticadas pelos agentes públicos também envol- sivas e urgentes para impedir danos ou riscos à coletivida-
ve a esfera penal. de, cabendo ao destinatário daquelas defender-se após a
b) sanções aos administrados em processos administrati- prática desses atos.
vos, os quais não demandam a apresentação de defesa
d) a edição de decretos pelo Chefe do Poder Executivo, que se
ou recurso, porque não admitem nomeação de advogado,
insere no poder regulamentar, somente podendo se prestar
cabendo questionamentos apenas na esfera judicial.
a explicitar o conteúdo de leis já editadas, para sua melhor
c) multas, espécies de sanções pecuniárias, mediante instau- aplicação.
ração de processo judicial específico.
e) o poder de polícia e o poder regulamentar, que são autô-
d) multas e sanções administrativas, o que não afasta a neces- nomos, ou seja, encontram fundamento em competências
sidade de oportunizar defesa e contraditório àqueles que próprias da Administração pública, prescindindo de previ-
sofreram a imposição. são ou autorização legal.
e) sanções de apreensão de bens e recursos financeiros em
caráter administrativo e unilateral, cabendo àqueles que
sofreram a imposição questionarem os atos judicialmente.
82. (FCC – 2018) Considere que determinada autoridade públi-
ca, no exercício regular de sua função e nos limites de suas atri-
buições, tenha interditado um estabelecimento comercial em
79. (FCC – 2019) A atuação da Administração Pública se dá sob função de risco sanitário decorrente de grande quantidade de
diferentes formas, sendo o exercício do poder de polícia uma de entulho e lixo em suas dependências. Tal ato
suas expressões,
a) corresponde ao princípio da legalidade, exercido in
a) presente na aplicação de sanções a particulares que contra- concreto.
tam com a Administração ou com ela estabelecem qualquer
b) decorre do poder moderador, devendo ser exercido nos
vínculo jurídico, alçando a Administração a uma posição de
limites da competência da autoridade.
supremacia em prol da consecução do interesse público.
c) se insere no poder normativo próprio da Administração,
b) presente nas limitações administrativas às atividades do
dotado de coercibilidade.
particular, tendo como principal atributo a imperatividade,
que assegura a aplicação de medidas repressivas, indepen- d) é expressão do poder hierárquico, que encontra fundamen-
dentemente de previsão legal expressa, a critério do agente to no interesse da coletividade.
público. e) constitui expressão do poder de polícia, dotado de
c) dotada de exigibilidade, que confere meios indiretos para autoexecutoriedade.
sua execução, como a aplicação de multas, e admitindo,
quando previsto em lei ou para evitar danos irreparáveis
ao interesse público, a autoexecutoriedade, com o uso de
meios diretos de coação. 83. (FCC – 2018) Constitui exemplo de atuação da Administração
pública fundada no exercício do poder de polícia:
d) verificada apenas quando há atuação repressiva do poder
público, tanto na esfera administrativa, com aplicação de a) Interdição e demolição de construção com risco de
multas e sanções, como na esfera judiciária, com apreensão desabamento.
de bens e restrições a liberdades individuais. b) Permissão de uso de imóvel público para particular que se
e) dotada de imperatividade, porém não de coercibilidade, responsabilize por sua guarda.
pressupondo, assim, a prévia autorização judicial para a c) Declaração de inidoneidade à particular que fraudou proce-
adoção de medidas que importem restrição à propriedade dimento licitatório.
ou liberdade individual. d) Concessão de serviço público à exploração privada, sujeito
às normas fixadas pelo poder concedente. 191
e) Aplicação de penalidade a servidor público, observado o 87. (FCC – 2018) Os atos administrativos são permeados pela
devido processo legal e o contraditório. influência dos poderes da Administração. Destes são exemplo
o poder de polícia, o poder normativo, o poder disciplinar e o
poder hierárquico. O ato administrativo representa exercício do
atributo da autoexecutoriedade, que também pode estar pre-
84. (FCC – 2018) A Polícia Militar de um estado da federação
sente no poder de polícia,
organizou uma operação de fiscalização para controle de
embriaguez na condução de veículos automotores. Para além a) quando há imposição de sanções aos usuários dos serviços
das questões criminais possivelmente envolvidas, diante dos prestados pela Administração direta.
motoristas que se mostraram em desacordo com os níveis b) que se mostra eivado de ilegalidade, caso não tenha sido
de álcool permitidos para a condução de veículos, aferidos lavrado instrumento pertinente à notificação prévia sobre
mediante uso de instrumento específico (bafômetro), os agen- qualquer irregularidade.
tes apreenderam os veículos, bem como autuaram e lavraram c) discricionário, considerando que pode ser disciplinado por
autos de infração e imposição de multas. Essa atuação decreto autônomo, cabendo ao administrador identificar
a) dependeria de prévio processo administrativo, com respei- quando exercê-lo.
to ao contraditório e ampla defesa, sendo vedada a apreen- d) na organização interna dos órgãos administrativos, se tra-
são e a imposição de multa previamente à nomeação de tar da hierarquia e divisão de atribuições dos servidores.
defensor público para o motorista.
e) quando da adoção de providências materiais para obstar
b) configura exercício do poder de polícia pela Administração atuação dos administrados que coloque em risco a segu-
pública, que está autorizada a adotar medidas acautelató- rança na execução de projetos de obra.
rias da ordem e da segurança, diferindo o exercício do direi-
to de defesa pelo motorista.
c) é uma das formas de exercício do poder hierárquico exerci-
88. (FCC – 2018) A atuação da Administração no exercício do
do pela corporação militar, que o possui em caráter originá-
poder de polícia, de acordo com os limites do regime jurídico
rio, não sendo limitado pelo Poder Executivo.
administrativo que a informa,
d) pode ter se dado com base no poder disciplinar, conside-
a) é dotada de exigibilidade, representada por meios indiretos
rando que essa é uma característica intrínseca da atuação
de coerção, como aplicação de multa, e, quando expressa-
da Polícia Militar, independentemente de fundamento
mente previsto em lei, de auto-executoriedade, que autori-
normativo.
za a Administração a por em execução suas decisões, sem
e) caracteriza um procedimento de polícia para a Corporação necessidade de ordem judicial.
da Polícia Militar, que inclui polícia administrativa e polícia
b) corresponde a atividades de natureza negativa, impondo
judiciária.
aos particulares vedações ou restrições no exercício de seus
direitos em prol do interesse público, daí porque as ativida-
des positivas, como concessão de licenças e autorizações,
85. (FCC – 2018) O exercício do poder de polícia pela Adminis- escapam a tal atuação, configurando prestação de serviço
tração pública público.
a) envolve a imposição de limites e condicionamentos à liber- c) é exercida exclusivamente mediante atos materiais pratica-
dade e à propriedade das pessoas, tendo em vista finalida- dos pela Administração, de conteúdo preventivo ou repres-
des de interesse público. sivo, não abrangendo os atos normativos que estabeleçam,
b) envolve o combate preventivo e repressivo à violência, em em caráter geral e impessoal, restrições ou limitações ao
qualquer de suas formas, especialmente diante dos crimes exercício de atividades privadas.
e contravenções penais contra a Administração pública. d) é exercida nos limites e condições autorizados por lei, o que
c) envolve a prática de atos de caráter executivo e não norma- significa que não comporta margem de discricionariedade
tivo, em prol de interesses públicos. pela Administração, correspondendo a atos materiais de
natureza vinculada e sempre de cunho repressivo.
d) sujeita-se a reserva absoluta de lei, visto que pode resultar
na imposição de sanções administrativas aos responsáveis e) corresponde apenas à polícia judiciária, responsável pela
por infrações. repressão de crimes e proteção à segurança e à ordem
pública, sendo as restrições e limitações às atividades eco-
e) constitui manifestação do poder de império da Administra-
nômicas impostas aos particulares campo reservado à ati-
ção pública, extraordinariamente aplicável para fazer valer
vidade de regulação estatal.
o interesse público quando não exista Direito aplicável,
sempre respeitados o bom senso e a proporcionalidade.
DIREITO ADMINISTRATIVO
do serviço público, o que lhe confere prerrogativa suficiente nistrativa, que não se confunde com a polícia judiciária, está
de suplantar disposições contratuais para rever atos prati- correto o que consta APENAS em
cados pela contratada. a) II e IV.
b) I e II.
c) I, II e IV.
90. (FCC – 2018) A respeito da atividade de polícia adminis-
trativa da Administração Pública, é correto afirmar ser sua d) I e III.
característica: e) III e IV.
a) incidir sobre pessoas, individual e indiscriminadamente.
b) manifestar-se por atos administrativos, não envolvendo
94. (FCC – 2017) Considerando as vertentes do poder de polícia,
atos concretos.
que o divide em quatro ciclos, e a atuação das concessionárias
c) ser de competência exclusiva, em regra, podendo ser con- de serviços públicos, estas
corrente, caso a atividade seja de interesse simultâneo às
a) não podem exercer poder de polícia, porque lhes é veda-
três esferas da federação.
do exercer os quatro ciclos de polícia, em especial o de
d) a discricionariedade, sem possibilidade de limitação de fiscalização.
ordem legal, mas pautando-se, quando possível, pelos prin-
b) exercem somente o poder de fiscalização e o de sanção,
cípios da Administração Pública.
desde que o poder de polícia lhes tenha sido expressamen-
e) constituir represália a ilícito penal. te delegado no edital de licitação e contrato de concessão
assinado.
c) não abrange o exercício de poder de polícia, salvo o ciclo de
91. (FCC – 2017) Dentre as diversas atividades realizadas pelo ordem, ou normativo, que lhe pode ser delegado pela agên-
Estado, no desempenho de suas funções executivas, represen- cia reguladora, caso se trate de setor regulado.
tam expressão de seu poder de polícia: d) podem exercer os ciclos de consentimento e fiscalização
a) a regulação ou poder regulamentar, que visam conformar, do poder de polícia, nos termos e limites do que tiver sido
de forma restritiva ou indutiva, as atividades econômicas previsto no contrato de concessão e atos normativos auto-
aos interesses da coletividade, podendo abranger medidas rizadores da delegação.
normativas, administrativas, materiais, preventivas e fisca-
e) podem exercer os quatro ciclos de polícia, inclusive o nor-
lizatórias e sancionatórias.
mativo, tendo em vista que a delegação da exploração do
b) as medidas disciplinares e hierárquicas adotadas para con- serviço público enseja a outorga de todos os poderes ine-
formação da atuação dos servidores públicos e dos contra- rentes ao poder concedente.
tados pela Administração às normas e posturas por essa
impostas.
c) a fiscalização e autuação de condutores exercidas pelas 95. (FCC – 2017) Constitui exemplo do exercício do poder de
autarquias que desempenham serviços públicos rodoviários. polícia, titularizado pela Administração, a
d) a autotutela exercida pela Administração pública sobre a) interdição de estabelecimento comercial que esteja atuan-
seus próprios atos, que inclui a possibilidade de revisão e do em desacordo com normas de proteção a incêndios.
anulação dos mesmos. b) suspensão do direito de contratar com a Administração
e) a imposição de multas contratuais a empresas estatais explo- aplicado a empresas que tenham atuado em conluio para
radoras de atividades econômicas ou prestadoras de serviços fraudar licitações.
públicos, que também exercem poder de polícia ao impor
c) cassação de aposentadoria de inativo que venha a ser con-
multas a usuários dos serviços e atividades que prestam.
denado por crime praticado contra a Administração.
d) edição de decreto para restruturação do setor de inteligên-
cia da Polícia Militar.
92. (FCC – 2017) No que concerne ao Poder de Polícia da Admi-
nistração pública, considere: e) detenção de policial militar por ato de indisciplina ou insu-
bordinação, caracterizado como motim.
I. Incide sobre atividades, direitos e, sobretudo, pessoas.
II. Limita o exercício de direitos individuais em benefício do
interesse público. 96. (FCC – 2017) Para a consecução de seus atos a Administração
III. Regula sempre a prática de ato e não a abstenção de fato, pública pode lançar mão de algumas prerrogativas diferencia-
em razão do interesse público envolvido. das em relação às atividades da iniciativa privada. Pode, inclusi-
Está correto o que consta APENAS em ve, atuar limitando o exercício de direitos individuais, desde que
com a finalidade de atender o interesse público. Essa atuação
a) II e III.
a) contempla atos materiais concretos, tais como o cumpri-
b) I e II.
mento de medidas de apreensão de mercadorias previstas
c) I e III. em lei, como também pode abranger medidas preventivas,
d) II. como fiscalização, vistorias, dentre outras, nos termos da lei.
e) III. b) pode, inclusive, ser delegada a terceiros, sem restrições,
desde que haja previsão legal e que o delegatário edite e
exerça todos os atos e medidas de polícia que a Administra-
ção adotaria.
93. (FCC – 2017) Considere:
c) denomina-se poder de polícia, de natureza discricionária,
I. Agentes administrativos executando serviços de fiscaliza-
pois não seria possível prever as hipóteses de situações em
ção em atividades de comércio.
que uma atuação vinculada seria cabível, competindo, por-
II. Atuação na área do ilícito puramente administrativo (pre- tanto, à autoridade decidir a medida adequada a tomar.
ventiva ou repressivamente).
d) abrange apenas medidas repressivas, taxativamente previs-
III. Inspeções e perícias em determinados locais e documen- tas em lei, como interdição de estabelecimentos, embargos
tos, destinados a investigar a prática de crime. de obras, dentre outras, tendo em vista que a atuação pre-
IV. Rege-se pelo Direito Administrativo e incide, dentre outros, ventiva se insere no campo do poder normativo, não poden-
sobre as atividades dos indivíduos. do se qualificar como atuação de polícia administrativa. 193
e) possui atributos próprios, como a autoexecutoriedade, b) não poderia ter sido realizada sem prévia submissão a
presente em todos os atos administrativos, que permite à processo judicial, salvo se houvesse expressa previsão em
Administração executar seus próprios atos sem demandar decreto autônomo da Administração pública.
decisão judicial c) configurou regular exercício de poder disciplinar, que se
estende não só em relação aos servidores públicos, mas
também em direção daqueles que travar em relações jurí-
dicas com o poder público.
97. (FCC – 2017) Autarquia responsável pela vigilância sanitária
em determinado município realiza diligências periódicas em d) constitui regular exercício de poder de polícia pela Admi-
bares e restaurantes, sem divulgação prévia de agenda e loca- nistração pública, cuja atuação pode prever medidas pre-
lidades de visitação. Durante uma dessas inspeções, interditou ventivas e repressivas de urgência, a fim de garantir a
10 estabelecimentos em um mesmo bairro, todos em razão das segurança e a saúde dos administrados.
más condições de higiene, lavrando ainda auto de infração e e) deveria estar integral e expressamente prevista na legisla-
imposição de multa. ção que trata da competência de fiscalização da Adminis-
Parte dos bares e restaurantes questionou as multas em juízo e tração pública em matéria de vigilância sanitária, não se
outra parte pleiteou a imediata reabertura dos estabelecimen- admitindo adoção de medidas acautelatórias e de urgência.
tos, sob o fundamento de abuso de poder e dupla penalidade,
tendo em vista que já haviam sido autuados.
A atuação da autarquia 100. (FCC – 2017) Determinado estabelecimento comercial,
situado nas proximidades de equipamentos públicos, tais como
a) encontra respaldo na lei, tendo em vista que os entes públi-
escolas e hospitais, foi interditado pela vigilância sanitária, em
cos não se submetem ao Judiciário, decidindo no âmbito
razão de estar comercializando alimentos fora da data de vali-
da jurisdição administrativa e executando suas próprias
dade e deteriorados. Antes da interdição, o estabelecimento foi
sentenças.
notificado e lhe foi oportunizada a apresentação de defesa. No
b) configura expressão do exercício do poder disciplinar, que mesmo ato, alguns alimentos foram apreendidos, sendo cons-
se coloca sobre todos aqueles subordinados às normas e tatado, inclusive, que estavam impróprios para o consumo. Em
posturas da Administração. defesa, a pessoa jurídica interditada alegou que a Administra-
c) é expressão do poder normativo, no âmbito do qual devem ção agiu de forma arbitrária, porque, para tanto, dependeria
estar expressas todas as medidas de força passíveis de de ordem judicial prévia e de perícia produzida sob o crivo do
serem executadas pela própria Administração pública. contraditório.
98. (FCC – 2017) Considera-se exemplo da atuação da Adminis- d) improcede, pois a Administração pode produzir atos discri-
tração pública quando expressa seu poder de polícia a cionários, pautados em critério de conveniência e oportu-
nidade, que limitam ou interditam direitos, atividade que
a) notificação ao permissionário de imóvel público para deso- não se sujeita a controle externo, razão porque, na hipótese,
cupação ao término do prazo de vigência do ato autorizativo prescinde-se de prévia autorização judicial.
ou diante de descumprimento das condições do termo.
e) procede, pois desde a Constituição Federal de 1988, foi con-
b) imposição de multa ao contratado no caso de descumprimen- sagrado o princípio democrático, que, com fundamento
to de determinada cláusula de um contrato administrativo. no consensualismo, não mais permite a produção de atos
c) ordem para que o concessionário de serviço público expe- administrativos auto executórios.
ça carteirinha de isenção para determinados usuários de
transportes coletivos.
d) exigência de carteira de habilitação especial para conduzir 101. (FCC – 2017) Suponha que determinada entidade integrante
determinados veículos motorizados, em razão do porte ou da Administração federal pretenda majorar os valores cobrados
de alguma outra especificidade. dos cidadãos para o licenciamento ambiental de empreendi-
e) determinação de fornecimento de informações ao requeren- mentos, cuja análise e concessão encontram-se em sua esfera
te, em instância superior, quando a autoridade à qual foram de competência legal. A atuação da referida entidade corres-
solicitadas tenha indeferido o pedido imotivadamente. ponde à expressão de
a) poder regulamentar, passível de cobrança por preço públi-
co que reflita os custos efetivamente incorridos.
b) poder normativo, dependendo a majoração da edição de
99. (FCC – 2017) Durante inspeção a um laboratório e fábrica
decreto do Chefe do Executivo.
de produtos veterinários, os agentes da Administração públi-
ca competente constataram em um exemplar, a utilização de c) discricionariedade administrativa, representada por ato da
determinado insumo não mais autorizado. Em razão disso, autoridade competente, mediante resolução.
lavraram auto de infração e de apreensão de todos os produtos d) regulação da atividade econômica, própria de agências
da mesma categoria. reguladoras, que atuam mediante decisões fundadas na
Os donos do laboratório insurgiram-se contra a medida que discricionariedade técnica.
a) excedeu os limites do poder de polícia que compete à Admi- e) poder de polícia, custeado mediante cobrança de taxa insti-
nistração pública em razão da apreensão das mercadorias, tuída, obrigatoriamente, por lei.
194 o que demandaria autorização judicial.
102. (FCC – 2016) O Prefeito de um determinado Município cele- I. concessão de serviços públicos.
DIREITO ADMINISTRATIVO
brou convênio com empresa municipal para disciplinar as atri- II. autorização para vendas de material de fogos de artifícios.
buições pertinentes ao serviço de trânsito local, que passariam
a ser realizadas pelos funcionários daquela pessoa jurídica. De III. permissão de serviços públicos.
acordo com o que restou convencionado, os empregados dessa IV. concessão de licença ambiental para construção.
empresa, cujo escopo social assim autorizava, realizariam ativi- Caracterizam-se como manifestação do poder de polícia APE-
dades de fiscalização em campo. O convênio firmado NAS os constantes em
a) disciplina, em verdade, a delegação de parcela do poder de a) I e II.
polícia municipal à pessoa jurídica, o que dependeria da
b) II e III.
constituição de consórcio público, em razão da transferên-
cia de competência implícita. c) III e IV.
b) veicula delegação do exercício de um dos espectros do poder d) II e IV.
de polícia que não é exclusivo da Administração direta, não e) I e III.
implicando transferência de competência constitucional.
c) possui vício de inconstitucionalidade, tendo em vista que a
delegação de poderes afetos ao Executivo demanda a edi-
106. (FCC – 2016) A vigilância sanitária, após inspeção realizada
ção de lei, a fim de garantir que não haja usurpação de com-
em estabelecimento comercial especializado no fornecimento
petências privativas.
de refeições, em razão das péssimas condições de higiene e do
d) contraria entendimento do Supremo Tribunal Federal, que desrespeito às posturas municipais, que colocavam em risco
declarou indelegáveis todos os ciclos do poder de polícia iminente os frequentadores do local, interditou o local. No caso,
quando se tratar de atividade com potencial de sanciona- a Administração
mento de particulares.
a) exerceu irregularmente o denominado poder de polícia,
e) poderia ter abrangido as outras facetas do poder de polícia, porquanto não recorreu previamente ao judiciário tampou-
sendo necessário somente que as atividades a serem rea- co possibilitou a prévia defesa do particular.
lizadas pela empresa estivessem contempladas no objeto
social da mesma. b) agiu arbitrariamente, porquanto mesmo frente ao perigo
iminente, ante o princípio da livre iniciativa, tinha a obriga-
ção de conferir ao particular o prévio exercício do direto de
defesa em procedimento específico.
103.(FCC – 2016) Considere:
c) exerceu regularmente o poder de polícia, em especial con-
A Administração pública não pode, no exercício do poder de siderando cuidar-se de medida de urgência, que dispensa o
polícia, utilizar-se de meios diretos de coação, sob pena de exercício prévio do direito de defesa.
afronta ao princípio da proporcionalidade.
d) agiu dentro da lei, exercendo o poder normativo exteriori-
II. O objeto da medida de polícia, isto é, o meio de ação, sofre zado pela cassação do alvará de funcionamento do estabe-
limitações, mesmo quando a lei lhe dá várias alternativas lecimento comercial.
possíveis.
e) exerceu irregularmente o poder de polícia, porquanto este
III. A impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto se caracteriza por ser uma atividade negativa, o que implica
não pagas as multas de trânsito corresponde a exemplo
reconhecer que era vedado, na hipótese, o exercício de ati-
da utilização de meios indiretos de coação, absolutamente
vidade material pela Administração.
válido no exercício do poder de polícia.
Está correto o que consta em
a) I, II e III.
107. (FCC – 2016) Os poderes da Administração pública lhe
b) II e III, apenas. foram atribuídos para possibilitar o exercício de suas funções,
c) I e III, apenas. que sempre devem ser norteadas em benefício da coletivida-
d) I, apenas. de. Conferem, portanto, prerrogativas à Administração pública,
que não são ilimitadas. É exemplo disso
e) II, apenas.
a) o poder normativo conferido à Administração, por meio da
edição de decreto autônomo, que somente pode ter lugar
sempre que houver lacunas ou ausência de lei.
104. (FCC – 2016) A atividade de polícia administrativa b) o poder hierárquico, que atribui dever de subordinação dos
a) sempre é exercida de forma discricionária, sendo que servidores aos seus superiores, cabendo a estes a apuração
tal característica é impositiva, em razão do princípio da de infrações e aplicação de penalidades disciplinares.
proporcionalidade. c) o exercício do poder disciplinar, que se estende aos particu-
b) nem sempre é prestada de forma gratuita pela Administra- lares e empresas contratados pelo poder público para pres-
ção, havendo situações que implicam em onerosidade de tação de serviços em repartições públicas.
seu exercício.
d) o exercício do poder de polícia, que pode limitar os direi-
c) é irrenunciável, de modo que não é possível a revogação de tos individuais com algum grau de discricionariedade, mas
medidas de polícia administrativa, uma vez que tenham sempre deve ter previsão legal.
sido aplicadas pela autoridade competente.
e) o exercício do poder normativo-disciplinar, que se exterio-
d) é dotada do atributo de imperatividade, que consiste na riza na edição de normas de conduta disciplinar, com elen-
possibilidade que a Administração tem de executar suas co de infrações e sanções.
decisões com seus próprios meios, sem necessidade de
provocação do Poder Judiciário.
e) pode ser exemplificada pela atuação das corregedorias, ao
108. (FCC – 2016) Uma determinada indústria siderúrgica, res-
fiscalizar a atividades dos órgãos públicos.
ponsável pela fabricação e tratamento de aço e ferro fundidos,
situa-se na cidade de São Paulo, próxima a residências, escolas
e hospitais. Ocorre que os ruídos por ela provocados excede-
105. (FCC – 2016) O poder de polícia caracteriza-se como ativi- ram, em muito, o nível do legalmente admitido, razão pela qual
dade da Administração pública que impõe limites ao exercício a empresa foi intimada administrativamente a adotar medidas
de direitos e liberdades, tendo em vista finalidades de interes- para reduzir os ruídos perturbadores da coletividade. No entan-
se público. Considere os atos ou contratos administrativos a to, mostrou-se inflexível, recusando-se a atender as intimações
seguir: administrativas. No caso narrado, a Administração pública 195
a) poderá fechar o estabelecimento industrial por meio do superveniência de fato que teria tornado desnecessário o con-
exercício do poder de polícia, dada a urgência para a defesa trato, revogou a licitação. O ano letivo foi iniciado sem que o for-
da coletividade. necimento de merenda estivesse equacionado, razão pela qual
b) somente poderá fechar o estabelecimento industrial por a administração iniciou outro procedimento licitatório. O ato de
meio do exercício do poder de polícia, se houver lei expres- revogação praticado pelo administrador
samente autorizando tal procedimento. a) pode ser questionado judicialmente, sob a alegação de des-
c) poderá fechar o estabelecimento industrial por meio do vio de finalidade, demonstrando que sua edição se fundava
exercício do poder de polícia, no entanto, deverá remeter- em motivo diverso daquele externado.
-se previamente ao Judiciário para obter decisão judicial b) não pode ser revisto, considerando que se inseriu no âmbi-
que autorize a medida. to da discricionariedade administrativa, que não admite
d) poderá fechar o estabelecimento industrial por meio do controle externo.
exercício do poder de polícia, ressaltando-se que todas as c) possui vício, considerando que deveria ter sido anulada a
medidas de polícia administrativa apresentam a caracterís- licitação.
tica da autoexecutoriedade. d) deve ser impugnado judicialmente, por vício de motivação,
e) não poderá, em qualquer hipótese, fechar o estabeleci- ensejando a anulação.
mento industrial por meio do exercício do poder de polícia, e) possui vício de finalidade, podendo ser revogado, determi-
sob pena de grave ofensa aos princípios do contraditório e nando-se o reaproveitamento do procedimento de licitação.
ampla defesa.
DIREITO ADMINISTRATIVO
caberá analisar a necessidade de remuneração por meio da Constituição Federal e a Lei nº 8.987/1995, é compatível com o
cobrança de tarifa diretamente do usuário. instituto da permissão do serviço público
c) por meio de autorização legislativa específica para qualifica- a) formalização por meio de contrato que, por ter natureza
ção do serviço como público, além de autorização legislativa precária, não exige a fixação de prazo de vigência, é dizer,
para celebrar a concessão, ainda que a prestação do serviço cuida-se de exceção à regra segundo a qual os contra-
público seja prestada em regime jurídico de direito público. tos administrativos não podem ser firmados por prazo
d) de acordo com a repartição de competências estabelecidas indeterminado.
pelos entes políticos, desde que guarde pertinência com o b) remuneração da execução do serviço público por tarifa ou
setor de transporte. preço público pago pelo usuário do serviço, este que tem
e) para as atividades previstas como tal no ordenamento jurí- direitos e deveres reduzidos se comparado ao usuário de
dico, dotadas de relevância e inseridas dentre as competên- serviço público concedido.
cias do ente que figurar como poder concedente. c) possibilidade de revogação a qualquer tempo pelo titular do
serviço, ante o caráter precário da delegação, independen-
temente de indenização.
115. (FCC – 2018) Como destaca a doutrina abalizada, as pri- d) caráter transitório da outorga, somente realizada para nor-
meiras noções de serviço público, surgidas na França, eram malização de situação excepcional, ocorrida durante a exe-
tão amplas que abrangiam, algumas delas, todas as atividades cução de contrato de concessão.
do Estado. É certo que referido conceito evoluiu e passou por e) realização de licitação, por qualquer modalidade, desde que
modificações significativas, podendo-se afirmar que, atual- adequada à modalidade de serviço cuja exploração se pre-
mente, serviço público, em seu sentido estrito, tenda delegar.
a) denota, em seu aspecto subjetivo, a obrigatoriedade de
prestação direta pelo Estado ou por pessoa jurídica de direi-
to público. 118. (FCC – 2018) Um ente federado pretende desenvolver proje-
b) corresponde, em seu aspecto material, à prestação de to para ampliação e conservação de sua malha rodoviária, com
uma utilidade ou comodidade fruível diretamente pelos vistas a permitir o escoamento da produção de sua indústria,
administrados. propiciando desenvolvimento econômico e social com benefí-
c) significa toda a atividade de natureza econômica exercida cios à população.
pelo poder público, em regime de direito privado, mediante Poderá fazê-lo mediante
cobrança de tarifa. a) licitação para as obras de construção da rodovia, com base
d) apresenta, em seu aspecto formal, a instrumentalização na Lei nº 8.666/1993, e, após a conclusão, outro certame sob
mediante contrato de concessão ou delegação e a cobrança o mesmo regime, para exploração dos serviços rodoviários
direta do usuário por meio de taxa. mediante cobrança de tarifa.
e) representa a atuação do Estado, diretamente ou por inter- b) concessão de serviço público precedida de obra pública,
médio de delegação a entidades da Administração indireta, com a obrigação de a concessionária realizar as obras de
para prestar utilidades aos cidadãos, vedada a cobrança de ampliação, ficando a manutenção e conservação por conta
tarifa. da Administração direta, que poderá instituir pedágio como
sua forma de remuneração.
c) poderá licitar a contratação sob qualquer das formas legal-
116. (FCC – 2018) Apartando-se da discussão quanto ao critério mente admitidas, desde que explore o serviço diretamente,
identificador do conceito de serviço público e a partir da classi- vedada a terceirização.
ficação doutrinária segundo a qual o gênero atividade econô- d) permissão de serviço público e obra pública, outorgando ao
mica comporta duas distintas espécies, quais sejam, o serviço permissionário a titularidade do referido serviço e o dever
público e a atividade econômica em sentido estrito, a Constitui- de execução da obra necessária.
ção Federal e) licitação para contratação de uma concessão de serviço
a) submeteu a exploração de ambas as espécies ao mesmo público precedida de obra pública, cabendo à concessioná-
regime jurídico, essencialmente público, com o que se ria realizar a obra viária e se remunerar mediante cobran-
permitiu a coparticipação do setor privado na prestação ça de tarifa e, a depender do edital e contrato, por meio de
de serviços públicos e atividades econômicas de interesse receitas acessórias.
social.
b) submeteu a prestação de cada uma das atividades a dis-
positivos constitucionais e regimes jurídicos distintos, a 119. (FCC – 2018) Um município que pretenda contratar uma
primeira a regime essencialmente público e a segunda a concessão de serviço de transporte de ônibus regida pela Lei nº
regime privado. 8.987/1995, pode incluir, na modelagem do projeto, que
c) conferiu tratamento diverso às duas diferentes espécies de a) a prestação dos serviços pelo privado também poderá ser
atividade, razão pela qual o serviço púbico cuja exploração remunerada por meio de exploração de outras receitas,
é delegada à iniciativa privada perde sua natureza essen- alternativas ou acessórias, sem prejuízo do pagamento de
cial pública, passando a se submeter tão somente a normas tarifa diretamente pelos usuários do transporte.
indutivas.
b) a delegação à iniciativa privada da titularidade do serviço
d) conferiu o mesmo tratamento jurídico às duas espécies do público, para que, além do pagamento de tarifas, seja per-
gênero atividade econômica, razão pela qual não há utilida- mitida a cobrança de valores de outra natureza, tais como a
de prática na classificação, pois se submetem ao mesmo e exploração de receitas acessórias.
indistinto regime jurídico de prestação, a ser definido por
c) haverá transferência da propriedade dos ativos afetados ao ser-
decisão discricionária da Administração pública.
viço público ao concessionário de serviço público para comple-
e) submeteu cada uma das atividades a regimes e dispositivos mentação da remuneração pela prestação dos serviços.
constitucionais distintos, respectivamente público e priva-
d) sejam trespassados para o privado também os terminais de
do, razão pela qual, dado o princípio da livrei inciativa, ao
ônibus, com a garantia de que a propriedade desses imóveis
estado é vedada a prestação da segunda e à iniciativa priva-
será adquirida pela concessionária ao término da conces-
da da primeira.
são, caso haja investimentos não amortizados para serem
indenizados. 197
e) outros serviços públicos no objeto do contrato de conces- d) que o objeto do contrato seja alterado para inclusão de
são como forma de reequilíbrio econômico-financeiro em novos serviços, mesmo de natureza diversa do contrato ori-
favor do concessionário, desonerando o poder concedente ginário, caso se identifique a possibilidade de garantia da
de indenizar os investimentos não amortizados.) modicidade tarifária e da eficiência.
e) a substituição do concessionário de serviço público que o
estiver prestando de forma inadequada, insuficiente ou
120. (FCC – 2018) As diversas correntes e teorias que se ocupa- ineficiente para os usuários, independentemente de licita-
ram do tema dos serviços públicos pretendiam conceituar e ção, a fim de garantir a continuidade da prestação.
delimitar a natureza dessas atividades. Atualmente, as ativida-
des consideradas como serviços públicos são
a) prestadas diretamente pela Administração direta ou pelo 123. (FCC – 2016) Transporte público de passageiros quase sem-
setor privado, por meio de concessão administrativa ou pre é mencionado como exemplo de serviço público. A depender
concessão patrocinada, quando se tratar de serviços públi- do modal de transporte ou mesmo das localida desenvolvidas
cos em sentido estrito, remunerados mediante tarifa. no deslocamento, pode se alterar a titularidade desse gênero de
b) assim previstas na legislação, sendo possível admitir o serviço público. A titularidade do serviço público
conceito de serviços públicos em sentido amplo para fins a) também se altera quando ocorre a delegação da execução
de delegação à iniciativa privada por meio de concessão material para a iniciativa privada, pois o delegatário do
administrativa. serviço público assume integralmente a responsabilidade
c) utilidades disponibilizadas à população mediante expressa pelos ônus e bônus envolvidos com a prestação dessa ativi-
previsão legislativa, não se admitindo a delegação à iniciativa dade material.
privada de serviços públicos essenciais, que têm exclusivida- b) não pode se alterar, nem se transferir em nenhuma hipóte-
de de trespasse para pessoas jurídicas de direito público. se de delegação de serviço, seja para ente com personalida-
d) restritas aos serviços que possam ser prestados em caráter de jurídica de direito público integrante da Administração
lucrativo e exclusivo sob regime jurídico de direito privado. pública indireta, seja para a iniciativa privada, tendo em
vista que o regime de execução é sempre privado, indepen-
e) sempre remuneradas diretamente pelo usuário, por meio dentemente da natureza jurídica do delegatário.
de tarifa, aspecto que diferencia a atividade como essencial
e efetivamente necessária à população. c) depende do que constar da autorização legislativa que
deve ser editada especificamente para cada concessão ou
permissão de serviço público, podendo ser transferida ao
concessionário ou permissionário, mesmo que se trate de
121. (FCC – 2018) A gratuidade da tarifa de serviços públicos para pessoa jurídica de direito privado, desde que a execução do
grupos determinados de usuários serviço se dê em regime de direito público.
a) pode ser imposta unilateralmente pelo poder concedente d) remanesce com o ente público ao qual foi atribuída pela
ao concessionário de serviço público após a celebração do legislação, passível de delegação para a iniciativa privada a
contrato, por meio de ato motivado e mediante reequilíbrio execução material, salvo em se tratando de pessoa jurídi-
econômico-financeiro, se for o caso. ca de direito público integrante da Administração indireta,
b) implica ofensa ao princípio da isonomia, prévia ou poste- como as autarquias, para as quais é admissível a delegação
riormente à contratação, salvo se houver previsão de ree- legal da titularidade.
quilíbrio econômico-financeiro, por meio de indenização, e) está atrelada ao regime de execução imposto para o serviço
em favor do prestador do serviço. público, tendo em vista que quando prestado sob regime de
c) pode ser imposta unilateralmente pela Administração direito privado, a titularidade desloca-separa o delegatário,
pública após a contratação da concessão de serviço público, para que seja deste a integral responsabilidade pelos ônus
não admitindo reequilíbrio econômico-financeiro por se e bônus, e quando prestado sob regime de direito público, a
configurar evento previsível, inserida na álea ordinária do titularidade remanesce com ente público.
contratado.
d) depende da observância de critérios que justifiquem a dis-
tinção entre os usuários, juízo que se insere na discriciona- 124. (FCC – 2018) Incumbe ao Poder Público a prestação de ser-
riedade do administrador, não admitindo controle externo. viços públicos
e) deve estar previamente acordada em eventual contrato de a) cuja prestação seja indelegável à iniciativa privada, com
concessão, sob pena de não ser permitido ao poder conce- exclusão de quaisquer outros.
dente instituir novas isenções. b) que sejam como tais reconhecidos pelo ordenamento jurí-
dico, podendo ser prestados direta ou indiretamente pelo
Estado, nesse último caso mediante instrumentos de dele-
122. (FCC – 2017) O conceito de serviços públicos vem sofrendo gação à iniciativa privada.
alterações e evolução ao longo do tempo, podendo ser definido c) de saúde, educação e assistência social, fundamentais e
em sentido amplo ou restrito. É regido por princípios específi- exclusivos de Estado, apenas.
cos, dada a relevância de sua prestação, que permite ou garante, d) de importância maior para a coletividade, desde que noto-
conforme a situação riamente reconhecida, independentemente de reconheci-
a) a rescisão do contrato de concessão de serviço público mento pelo ordenamento jurídico.
diante da inadimplência de qualquer das partes, tendo em e) cuja prestação seja delegável à iniciativa privada, o que
vista o princípio da continuidade e qualidade, que exige a deve ser feito preferencialmente em caráter de exclusi-
imediata substituição do prestador. vidade, para facilitar a amortização de investimentos e a
b) a mutabilidade do regime jurídico que rege a prestação do lucratividade.
serviço público, de modo que permite, por exemplo, a exi-
gência contratual de adequação do concessionário às novas
tecnologias que possibilitam implementação de melhorias
de qualidade aos usuários.
c) que o concessionário altere os valores fixados para a tari- Æ CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
fa cobrada dos demais usuários em caso de imposição pelo
poder concedente de isenção ou redução dos valores em 125. (FCC – 2022) Serviço público impróprio é aquele que
relação a outros usuários com fundamento no princípio da a) pode ser repassado a particulares, mesmo sendo de titula-
198 igualdade. ridade exclusiva do Estado, em regime de direito público.
b) somente pode ser prestado pelo Estado, pois é de sua titula- e) pertinente, pois os serviços públicos de titularidade aberta
DIREITO ADMINISTRATIVO
ridade exclusiva. à iniciativa privada, podem ser explorados livremente, com
c) não caracteriza propriamente um serviço público e pode, ou sem finalidade lucrativa, desde que por pessoas jurídicas
assim, ser delegado. integrantes da Administração indireta.
d) pode ser prestado por particulares, em regime de direito
privado, pois o Estado não detém sua titularidade exclusiva.
e) pode ser repassado somente a fundações, em regime jurí-
dico de direito público, em razão de sua titularidade mista. Æ PRINCÍPIOS (SERVIÇOS PÚBLICOS, LEI 8.987)
129. (FCC – 2022) Considera-se princípio inerente ao regime
126. (FCC – 2019) Determinados serviços públicos – como tele- jurídico dos serviços públicos a
fonia, fornecimento de luz e gás encanado – caracterizam-se a) participação na manutenção da qualidade, que indica a
pela possibilidade de cobrança de tarifas de seus usuários. Tal contribuição do usuário acerca da prestação do serviço
cobrança é possível, pois se trata de serviços classificados como público.
a) uti universi. b) continuidade do serviço público, que assegura a prestação
b) uti singuli. do serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal.
DIREITO ADMINISTRATIVO
11 D 57 A
ção especialmente com relação aos contratos administrati-
vos e ao exercício da função pública. 12 B 58 A
No que concerne aos princípios inerentes ao regime jurídico
13 B 59 D
dos serviços públicos, está correto o que consta APENAS em
a) I. 14 B 60 B
b) I e III. 15 A 61 B
c) II.
16 A 62 E
d) I e II.
e) III. 17 A 63 E
18 B 64 D
19 C 65 E
138. (FCC – 2016) O princípio da continuidade dos serviços
públicos implica, essencialmente, para 20 A 66 A
a) a Administração pública, o dever de prestá-los a todos, sem 21 D 67 A
interrompê-los até mesmo em relação aos administrados
que deixem de pagar a devida contraprestação em dinheiro, 22 A 68 C
visto serem considerados serviços essenciais.
23 D 69 C
b) os administrados, o direito de usufrui-los gratuitamente,
inclusive quando sejam tais serviços remunerados e não 24 B 70 D
gratuitos, visto serem sempre essenciais.
25 A 71 C
c) os administrados, o direito de não presenciarem quaisquer
greves de trabalhadores responsáveis pela prestação de 26 B 72 E
serviços públicos.
27 A 73 A
d) a Administração pública, o dever de não interromper a sua
prestação injustificadamente, somente podendo fazê-lo 28 D 74 C
com fundamento no ordenamento jurídico.
29 D 75 D
e) a Administração pública, o dever de zelar pela celeridade na
prestação dos serviços públicos. 30 C 76 E
31 B 77 D
32 C 78 D
33 D 79 C
Æ REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS (SERVIÇOS
PÚBLICOS) 34 E 80 D
ANOTÇÕES
202
DIREITO PENAL
DIREITO PENAL
Æ CRIME IMPOSSÍVEL d) Arrependimento eficaz e crime qualificado.
e) Tentativa e desistência voluntária.
1. (FCC – 2021) O crime impossível
a) demanda o potencial lesivo da conduta e a ausência de ele-
mentos subjetivos do tipo para sua configuração.
5. (FCC – 2020) No tocante à tentativa, acertado afirmar que
b) ocorre quando o agente em situação de extrema vulnerabi-
lidade pratica um fato típico em razão da falta de apoio do
a) é impunível nos casos de contravenção penal e de falta gra-
Estado.
ve no curso da execução penal.
c) pode ocorrer em caso de furto em estabelecimento comer-
cial se a vigilância concretamente tornar impossível a con- b) o cálculo da prescrição em abstrato é regulado pelo máximo
sumação do delito. da pena cominada ao delito imputado, menos dois terços.
d) é reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça quando o c) não incide o respectivo redutor na fixação da quantidade de
agente já possuidor da droga a oferece ao policial, que efe- dias-multa.
tua a prisão em flagrante. d) é aplicável o redutor mínimo de um terço para efeito de
e) pela impossibilidade absoluta do meio ocorre quando verificação de cabimento da suspensão condicional do
o objeto não pode sofrer a ação típica, como no caso de processo.
alguém que atira da janela uma pessoa que já estava morta. e) é possível nos crimes formais, se plurissubsistentes.
DIREITO PENAL
subtrair, mediante grave ameaça exercida com emprego de
arma de fogo, bens do interior da residência das vítimas Ana e
a) I e II. Bianca. João desejava apenas subtrair os bens para pagar dívi-
b) I, III e IV. das. No decorrer do assalto, Mário desferiu tiros em Ana que lhe
c) I e IV. causaram a morte. No caso de condenação, deverão ser aplica-
das a João as penas do delito de
d) II e III.
a) latrocínio, pois João agiu com dolo eventual.
e) II, III e IV.
b) latrocínio, com a diminuição de pena de um sexto a dois
terços.
c) latrocínio culposo.
d) roubo majorado pelo concurso de agentes e emprego de
Æ DO ROUBO E DA EXTORSÃO (ARTS. 157 A 160 arma de fogo, com aumento até a metade caso fosse pre-
DO CP) visível o resultado mais grave. e) latrocínio, apenas se fosse
previsível o resultado mais grave.
16. (FCC – 2022) Considera-se o crime como consumado “quan-
do nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”
(art. 14, I do CP). Com base no texto legal e na tipicidade do crime
20. (FCC – 2019) Rômulo e José combinaram durante uma fes-
de roubo que exige a subtração da coisa móvel “para si ou para
ta a prática de um roubo contra determinada farmácia duran-
outrem”, o crime de roubo:
te a madrugada. Saindo da festa, os dois rumaram no carro de
a) consuma-se apenas quando o roubador possui a posse José para o estabelecimento comercial vítima e lá praticaram
mansa e pacífica, porquanto somente neste momento esta- o roubo, subtraindo todo o dinheiro que havia no caixa. Para o
rá presente o elemento do tipo “para si”. roubo Rômulo utilizou uma arma de brinquedo, enquanto José
b) consuma-se já no momento em que a coisa é retirada da empregou um revólver calibre 38, devidamente municiado.
vítima, mesmo que o roubador não tenha tido tempo de uti- Quando os dois roubadores estavam saindo da farmácia com
lizar a coisa como se fosse sua. o produto do roubo, o segurança do estabelecimento, Pedro,
resolveu reagir e, neste momento, José efetuou contra ele três
c) não se consuma no momento da retirada, mas em momen-
disparos de arma de fogo, ferindo-o gravemente na região
to seguinte no qual a vítima não mais mantém a vigilância
do abdômen. Pedro foi socorrido no hospital mais próximo e
sobre a coisa.
sobreviveu aos ferimentos. Naquela mesma noite Rômulo e
d) tem sua consumação antecipada e se consuma quando José foram presos pela polícia, que conseguiu recuperar a res
a ameaça é praticada, por ter elementos como violência e furtiva e apreender as armas utilizadas (simulacro e revólver
grave ameaça. calibre 38). Neste caso,
e) consuma-se quando o roubador tenha praticado algum ato a) Rômulo e José responderão por crime de tentativa de
que demonstre indubitavelmente que exerce a posse e a latrocínio.
propriedade da coisa.
b) José responderá por crime de tentativa de latrocínio,
enquanto Rômulo por roubo qualificado pelo concurso de
agentes.
17. (FCC – 2021) No crime de roubo, c) José responderá por crime de tentativa de latrocínio,
a) a arma imprópria e a arma branca, ensejam a majoração da enquanto Rômulo por roubo duplamente qualificado pelo
pena em dois terços. concurso de agentes e emprego de arma de fogo.
b) a hediondez é considerada se praticado com restrição da d) Rômulo e José responderão por crime de roubo duplamente
liberdade da vítima ou se a subtração for de substâncias qualificado pelo concurso de agentes e emprego de arma de
explosivas. fogo, bem como pelo crime de tentativa de homicídio contra
a vítima Pedro.
c) conforme entendimento dos Tribunais Superiores, o roubo
impróprio é incompatível com o concurso de agente. e) José responderá por crime de roubo duplamente qualifi-
cado pelo concurso de agentes e emprego de arma de fogo,
d) a aplicação da pena em dobro pelo emprego de arma de
bem como pelo crime de tentativa de homicídio contra a
fogo de uso restrito ou proibido só incide em relação à figu-
vítima Pedro, enquanto Rômulo responderá por crime de
ra do caput.
roubo qualificado pelo concurso de agentes.
e) quando praticado com arma de fogo de numeração supri-
mida, a pena é aplicada em dobro por ser equiparada a
arma de fogo de uso restrito ou proibido.
e) o texto constitucional carece de mandado de criminali- d) a recusa do estabelecimento público ou privado de ensino
zação contra a discriminação homofóbica e transfóbica, em disponibilizar documento comprobatório do rendimen-
razão pela qual se deu uma interpretação extensiva à Lei no to escolar e de percentuais de frequência do aluno.
7.716/1989 (Lei que define os crimes resultantes de precon- e) a denegação de certificado de conclusão ou diploma de
ceito de raça ou de cor) para abarcar os crimes resultantes níveis ou etapas de educação básica ou superior em estabe-
de homofobia e da transfobia. lecimentos públicos de ensino.
212
37. (FCC – 2018) No âmbito da Lei nº 7.716/1989, recusar, negar Está correto o que se afirma APENAS em
GABARITO
1 B 5 B
2 D 6 A
3 E 7 E
4 E 8 D
219
ANOTAÇÕES
220
DIREITO PENAL MILITAR
DIREITO PENAL MILITAR
Æ DA SUSPENSÃO CONDICIONADA (ARTS. 84 A 88
DO CPM)
1. (FCC – 2018) Segundo o Código Penal Militar Brasileiro,
a) reforma é uma espécie de pena acessória que sujeita o con-
denado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo
da instrução militar.
b) a pena de impedimento sujeita o condenado à situação de
inatividade e fora da unidade militar.
c) o crime cometido em país estrangeiro só atenua o crime
quando praticado por civil.
d) a suspensão dos direitos políticos é efeito automático das
condenações militares, ainda que o réu seja civil.
e) é vedada, em tempos de paz, a suspensão condicional da
pena para o crime de desrespeito a superior.
GABARITO
1 E
ANOTAÇÕES
221
ANOTAÇÕES
222