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A cidade em disputa
Olhares críticos sobre o PDDU de Salvador
João Soares Pena
resenha do livro
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/18.211/7425 1/14
26/07/2019 resenhasonline 212.01 livro: A cidade em disputa | vitruvius
Salvador e os
descaminhos do plano
diretor de
desenvolvimento urbano
Construindo novas
possibilidades
Hortênsia Gomes, Ordep
Serra e Débora Nunes
(Orgs.)
2019
Estação típica do metrô de superfície de Salvador, arquitetos João
212.01 livro
Batista Martinez Corrêa e Beatriz Pimenta Corrêa
sinopses
Foto divulgação [JBMC Arquitetura & Urbanismo]
como citar
idiomas
como citar
original: português
PENA, João Soares. A cidade em disputa. Olhares críticos sobre o PDDU de
Salvador. Resenhas Online, São Paulo, ano 18, n. 212.01, Vitruvius, ago. 2019 compartilhe
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/18.211/7425>.
212
Aprovado em 2016, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU de
Salvador (1) é, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988 e o
Estatuto da Cidade (2), o dispositivo legal e de planejamento urbano que
balizará o ordenamento e a produção do espaço urbano soteropolitano pelos
próximos anos. Este plano é parte do Plano Salvador 500, plano
estratégico que buscaria “materializar uma visão transformadora do futuro
da cidade até o horizonte de 2049, quando a cidade completará 500 anos de
sua fundação” (3). Fez parte desse processo também a revisão da Lei de
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Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo do Município de Salvador – Louos
(4), ou seja, esse plano estratégico englobou a revisão de dois
fundamentais instrumentos de política urbana para o desenvolvimento
urbano da cidade.
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aparece em outros capítulos do livro. Isto fica evidente na experiência
contemporânea de planejamento urbano com a difusão do planejamento
estratégico e seu tensionamento e incorporação pelos planos diretores,
entre outras medidas que garantem os interesses privados na produção
social da cidade. No âmbito do PDDU de 2016 as autoras centram sua
análise no macrozoneamento proposto para a cidade, o qual está subdivido
em: Macrozona de Ocupação Urbana e Macrozona de Conservação Ambiental. A
análise do PDDU de 2016 indica a redução de 4.842,91 ha de área ambiental
protegida em relação ao PDDU de 2008. Por outro lado, a Macrozona de
Ocupação Urbana foi ampliada, o que significa mais área disponível para o
setor imobiliário e da construção civil em detrimento da proteção de
recursos naturais. A partir da análise dos dados apresentados, as autoras
assinalam a intensificação da urbanização corporativa e privatista,
apesar das políticas urbanas vigentes no país serem regidas pelo ideário
de justiça social, equilíbrio ambiental e direito à cidade preconizado no
Estatuto da Cidade.
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Como afirma o autor, um plano diretor frágil e permissivo interessa ao
capital privado, tema que também é abordado em outros capítulos.
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restando aos pobres apenas a previsão de Zeis, porém sem garantia de sua
regulamentação. Hortênsia Pinho também denuncia a falta de estudos
técnicos atualizados e consistentes que embasem o conteúdo do plano, além
dos problemas de sua elaboração. A autora evidencia que o PDDU descumpre
as leis de política urbana ao não espacializar aos instrumentos de
política urbana, que podem ser quase inteiramente aplicados genericamente
na Macrozona de Ocupação Urbana. Isso seria uma estratégia para a não
implementação desses instrumentos, já que sua regulamentação é remetida a
posterior lei específica. São apresentados mapas para apenas dois dos
instrumentos: Zonas Especiais de Interesse Social e Operações Urbanas
Consorciadas (14). Este último instrumento, que engloba mais de 1/3 da
área continental do município, é muito importante para os interesses do
setor imobiliário, pois favorecem os proprietários de terras, mas também
a valorização imobiliária e maior permissividade dos parâmetros de uso e
ocupação do solo. A autora conclui que a mudança desse cenário ou
caminhos da cidade não deve ser restrito ao âmbito judiciário, mas
sobretudo ao campo político mediante intensa luta da sociedade civil pelo
direito à cidade (15).
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lógica do empreendedorismo urbano, dialogando com os outros capítulos,
que tem determinado o uso e a ocupação do solo em busca de um acesso mais
democrático ao espaço urbano.
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esferas municipal, estadual e federal. Temos, assim, como grande desafio
“a construção de uma nova ordem socioambiental pautada pela ética,
justiça social, justiça ambiental, solidariedade, transparência,
tecnologias apropriadas e participação social” (22).
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exatamente novo, mas tem sido mais amplamente difundido após os Jogos
Olímpicos de Barcelona, cidade que sofreu intervenções para o evento.
Assim, termos como urbanismo corporativo, empresariamento urbano,
planejamento estratégico, empreendedorismo urbano etc. têm sido
utilizados, cada um com sua especificidade, por diversos autores para
discutir esse papel do setor privado nas decisões acerca do planejamento
urbano. Privilegiar os interesses privados em detrimento das demandas
coletivas é diametralmente contrário ao que estabelece a Constituição
Federal de 1988 e o Estatuto da Cidade que, influenciados diretamente
pelo ideário da Reforma Urbana, estabelecem que o plano diretor e demais
políticas urbanas devem ser orientadas “em prol do bem coletivo, da
segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”
(24).
notas
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/18.211/7425 9/14
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1
O PDDU está disponível na página oficial da Secretaria de Desenvolvimento
Urbano – Sedur de Salvador
<http://www.sucom.ba.gov.br/category/legislacoes/pddu/>.
2
Cf.: Lei nº 10.257/2001
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>.
3
Cf.: A página oficial do Plano Salvador 500
<http://www.plano500.salvador.ba.gov.br/>encontra-se fora do ar, mas ele
continua mencionado na página oficial da Sedur do município:
<http://www.sucom.ba.gov.br/programas/salvador-plano-500/>.
4
A Louos está disponível na página oficial da Sedur do município
<http://www.sucom.ba.gov.br/category/legislacoes/louos/>.
5
FIGUEIREDO, Glória Cecília; AMORIM, Nayara Cristina Rosa; MOREIRA, Taiane.
Cidade de Salvador: o desencontro entre a política e o urbano. In: GOMES,
Hortênsia; SERRA, Ordep; NUNES, Débora (Orgs.). Salvador e os descaminhos do
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano: construindo novas possibilidades.
Salvador, Edufba, 2019.
6
O antropólogo José Guilherme Magnani define a forma como o planejamento urbano
tradicional acontece numa perspectiva “de longe e de fora” em oposição a uma
abordagem “de perto e de dentro”. Contudo, esses dois olhares não são
excludentes entre si, ao contrário, podem ser complementares para um melhor
entendimento da dinâmica urbana. Cf.: MAGNANI, José Guilherme Cantor. De perto
e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências
Sociais, vol. 17, n. 49, jun. 2002, p. 11-29
<http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v17n49/a02v1749.pdf>.
7
O conteúdo mínimo do plano diretor também é definido pela Resolução nº 34 do
Conselho das Cidades – Concidades
<http://www.ilhasolteira.sp.gov.br/planodiretor/images/res_34.pdf>.
8
Vale ressaltar que recentemente foi apresentado um Projeto de Lei que propõe a
alteração da função social da propriedade na Constituição Federal de1988,
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/18.211/7425 10/14
26/07/2019 resenhasonline 212.01 livro: A cidade em disputa | vitruvius
enfraquecendo as lutas sociais por cidades mais justas e esvaziando
substancialmente o plano diretor. Cf.: RIBEIRO, Tarcyla Fidalgo. Proposta de
Emenda à Constituição quer alterar a definição de função social da propriedade
<http://observatoriodasmetropoles.net.br/wp/proposta-de-emenda-constituicao-
quer-alterar-definicao-de-funcao-social-da-propriedade/>.
9
MARQUES, Daniel Maciel. O “Novo PDDU de Salvador” e a (não) observância das
exigências legais de base técnica, de conteúdo mínimo e de regulamentação de
instrumentos de defesa da função social da propriedade. In: GOMES, Hortênsia;
SERRA, Ordep; NUNES, Débora (Orgs.). Op. Cit.
10
NUNES, Débora; TEIXEIRA, Marina. Entre a pedagogia e a burocracia: notas sobre
a (não) participação popular e a impossibilidade de controle social no Plano
Salvador 500. In: GOMES, Hortênsia; SERRA, Ordep; NUNES, Débora (Orgs.). Op.
Cit.
11
A baixa participação da juventude nesse processo foi mote para a realização do
Projeto de Extensão “Ciclo de Oficinas PDDU, e eu com isso?”, proposto e
realizado por estudantes universitários com o objetivo de promover discussões
sobre os caminhos da cidade com estudantes do Instituto Federal da Bahia –
IFBA. As propostas derivadas do projeto foram apresentadas à comissão executiva
do Plano Salvador 500 durante um seminário público e sistematizadas no
relatório “A juventude tem um plano para Salvador: Propostas do ‘Ciclo de
Oficinas PDDU, e eu com isso?’” <https://pt.scribd.com/document/415021567/A-
juventude-tem-um-plano-para-Salvador-Propostas-do-Ciclo-de-Oficinas-PDDU-e-eu-
com-isso>.
12
MARICATO, Erminia. O impasse da política urbana no Brasil. Petrópolis, Vozes,
2011.
13
É frequente na elaboração de planos diretores a participação social apenas como
elemento de legitimação das decisões tomadas pelo poder público e agentes
hegemônicos, já que é uma exigência da legislação, não significando uma
participação efetiva da população no processo decisório dos caminhos da cidade.
Cf.: ARNSTEIN, Sherry R.. Uma Escada da Participação Cidadã
<http://www.tabuleirodigital.com.br/twiki/pub/MarSol/ItemAcervo45/Uma_escada_da_
14
Cf.: Mapas do PDDU 2016 <http://www.sucom.ba.gov.br/category/legislacoes/mapas-
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/18.211/7425 11/14
26/07/2019 resenhasonline 212.01 livro: A cidade em disputa | vitruvius
pddu-2016/>.
15
Para uma melhor compreensão do que vem a ser direito à cidade ver: LEFEBVRE,
Henri. O direito à cidade. 5ª edição. São Paulo, Centauro, 2001.
16
Cf.: CATALÃO, Igor. Dispersão urbana: apontamentos para um debate. Cidades,
vol. 12, n. 21, 2015, p. 250-277
<http://revista.fct.unesp.br/index.php/revistacidades/article/view/2591/3537>.
17
A Lei Complementar n. 41/2014 criou a Entidade Metropolitana da Região
Metropolitana de Salvador, mas sua atuação tem enfrentado problemas de
governança entre seus membros e pouco se vê em termos de resultados até o
presente momento
<http://www.embasa.ba.gov.br/images/Institucional/legislacaoeregulacao/leis/esta
18
Segundo notícia da Secretaria de Comunicação do Governo da Bahia, a elaboração
do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana de
Salvador – PDUI-RMS teria iniciado em maio de 2019
<http://www.secom.ba.gov.br/2019/05/148898/Elaboracao-do-PDUI-da-Regiao-
Metropolitana-de-Salvador-tera-inicio-neste-mes.html>.
19
REBOUÇAS, Thaís; MOURAD, Laila Nazem. Operações urbanas consorciadas e a
manifestação de interesse privado em Salvador: o regramento da cidade de
exceção. In: GOMES, Hortênsia; SERRA, Ordep; NUNES, Débora (Orgs.). Op. Cit.
20
Carlos Vainer desenvolveu a ideia de cidade de exceção a partir da definição de
“estado de exceção”, de Giorgio Agamben, entre outros elementos, a partir da
experiência de preparação do Rio de Janeiro para a Copa do Mundo da Fifa de
2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Cf.: VAINER, Carlos. Cidade de Exceção:
reflexões a partir do Rio de Janeiro. In: Encontro Nacional da Associação
Nacional de Planejamento Urbano – Anpur, 14, 2011, Rio de Janeiro, Anpur, 2011
<http://anpur.org.br/site/anais/ena14/ARQUIVOS/GT1-1019-633-
20110106150243.pdf>.
21
GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e cidades: ruptura e reconciliação. São
Paulo, Editora Senac São Paulo, 2010.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/18.211/7425 12/14
26/07/2019 resenhasonline 212.01 livro: A cidade em disputa | vitruvius
22
MORAES, Luiz Roberto Santos. Águas urbanas e saneamento básico no PDDU 2016: da
Letra da Lei à necessidade de efetiva implantação. In: GOMES, Hortênsia; SERRA,
Ordep; NUNES, Débora (Orgs.). Op. Cit.
23
SÁNCHEZ, Fernanda. Políticas urbanas em renovação: uma leitura crítica dos
modelos emergentes. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, n. 1,
mai. 1999, p. 115-132 <http://rbeur.anpur.org.br/rbeur/article/view/13/1>.
24
Cf.: Estatuto da Cidade, Art. 1, Parágrafo Único
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>.
25
Cf.: Constituição Federal de 1988
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
26
SAMPAIO, Heliodório. Do Epucs e Plandurb ao não-planejamento. In: NASCIMENTO,
Jaime; GAMA, Hugo (Orgs.). A urbanização de Salvador em três tempos: Colônia,
Império e República. Textos críticos de história urbana. Salvador, Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia, 2011.
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