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LISBOA E O VALE DE CHELAS

Reabilitação do Património Industrial através do ‘Bairro’ e da Desfragmentação


Espacial e Social do Vale

PROJETO FINAL DE MESTRADO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ARQUITETURA

Ana Raquel Fonseca Silva


Licenciada

PROPOSTA

Orientação Científica
Professor Doutor José Aguiar
Professor Doutor José Luís Crespo

Lisboa, Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, 02 de janeiro de 2018


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ÍNDICE

Título 5

Tema de estudo 5

Introdução 5

1. Objetivos 7/8

2. Questões de trabalho 9

3. Estado do Conhecimento

3.1. Enquadramento Histórico, Social e Territorial

3.1.1. História do Vale de Chelas e da Tinturaria Portugália 11/12

3.1.2. Caracterização Territorial

3.1.2.1. Caracterização Física 12

3.1.2.2. Plano de Estudo e Planos de Pormenor para o Vale de Chelas 12

3.1.2.3. Caracterização Social 13

3.2. Conceitos-Chave 14

3.2.1. Património Industrial 14-16

3.2.2. Bairro 17

3.2.3. Vazios Urbanos 17-19

3.3. Casos de Estudo 19

4. Metodologia 21/22

5. Calendarização 23

6. Estrutura do Projeto de Final de Mestrado 25

7. Bibliografia 27/28

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Título LISBOA E O VALE DE CHELAS
Tema de estudo Reabilitação do Património Industrial através do ‘Bairro’ e da Desfragmentação
Espacial e Social do Vale

INTRODUÇÃO

O tema proposto pretende abordar o conceito de bairro enquanto centro para a promoção da
consolidação espacial e social do Vale de Chelas, não excluindo o passado industrial que tão fortemente
marcou este território.

O interesse por este tema surge pela invocável dúvida que sempre se sente em relação a esta zona e
às origens da sua marginalidade espacial e social na cidade de Lisboa. A proximidade pessoal a este
território e a abordagem do mesmo no âmbito da unidade curricular de Laboratório de Projeto VI vieram
desencadear outro tipo de questões mais formais de nível arquitetónico, ecológico, social e urbano, às
quais a presente proposta pretende responder.

Situado no lado oriental da cidade de Lisboa, o Vale de Chelas é atualmente uma zona física e
socialmente fragmentada e negligenciada, consequência das sucessivas ocupações e apropriações do
seu território. Território demasiado esquecido, onde, após décadas de desindustrialização e de
encolhimento urbano, restam as estruturas de fábricas que se transformaram num símbolo de um
passado industrial outrora fulgurante, constituindo assim parte do conhecido cemitério das fábricas.

Neste sentido, a presente proposta surge de forma a reabilitar esta zona da cidade através da
revitalização, regeneração e requalificação dos espaços (na sua maioria) inativos da antiga Fábrica da
Tinturaria Portugália e de vilas e pátios operários conexos a esta.

Assim, no desenvolvimento do Projeto Final de Mestrado, ter-se-á como questão de partida: que efeito
pode ter a reconversão do património industrial na criação de uma nova centralidade que auxilie na
desfragmentação física e social do Vale de Chelas?

CONCEITOS-CHAVE
BAIRRO, CENTRALIDADE, PATRIMÓNIO INDUSTRIAL, REABILITAÇÃO, VAZIO URBANO

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1. OBJETIVOS

A presente proposta procura então perceber a influência da reconversão de espaços industriais


na criação de uma nova centralidade que ajude na estruturação social de uma zona atualmente
fragmentada e isolada física e socialmente. Para isso será necessário abordar temas/conceitos como o
património industrial como parte integrante da memória coletiva de um território; centralidade (em forma
de bairro) e a sua importância neste território; e também as questões da fragmentação espacial e social
e dos vazios urbanos – as suas causas e consequências neste território, que possam auxiliar na
descoberta de um novo sentido para o Vale de Chelas.

Assim, no Projeto Final de Mestrado que aqui se propõe desenvolver, pretende-se atingir os
seguintes objetivos:

a) Investigação
Um dos objetivos propostos é a avaliação das características territoriais e a caracterização da
população local da área de análise e intervenção. Como complemento surge a análise das relações (ou
falta delas) da mesma população com o passado industrial do Vale, de forma a perceber qual a memória
ainda presente dos usos das antigas estruturas fabris, assim como das necessidades ao nível dos
equipamentos e dos espaços públicos, do ponto de vista desta população, para a integração e
revitalização desta zona da cidade de Lisboa.

b) Intervenção
Um dos objetivos primários da intervenção a projetar no Vale de Chelas passará pela
revitalização da zona jusante à antiga Fábrica da Tinturaria Portugália, criando assim um dinamismo
económico e social num território que se apresenta atualmente como um vazio urbano na cidade.
No mesmo sentido, uma das intenções da presente proposta será a devida integração de
espaços já ali existentes, contando não apenas com as ruínas da fábrica, mas também com o antigo
balneário municipal e com o Centro de Acolhimento do Beato, que alberga cerca de 271 pessoas com
vidas associadas à pobreza, à toxicodependência e outros, e que ocupa atualmente uma parte das
antigas instalações fabris.
Um dos aspetos a desenvolver, considerado como um objetivo fundamental na presente
proposta, será o aumento da população mais jovem na zona, acreditando-se que será um auxílio na
integração da população local, não apenas na zona oriental, mas também na cidade em si. Este aspeto
baseia-se nos últimos dados recolhidos do INE, em 2011, referentes à freguesia do Beato, onde a
população mais jovem (entre os 0 e os 24 anos) representa apenas 21% da população local,
comparativamente aos 26% referentes à população local acima dos 65 anos.

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b.1) Intervenção – o equipamento
A proposta projetual prevê assim a reconversão das antigas instalações fabris da Tinturaria
Portugália e a inclusão de outras estruturas a projetar na sua envolvente próxima. A reconversão
passará pela transformação das instalações num novo equipamento, tendo como objetivo promover
não só a revitalização já enunciada como novas formas de uso dos espaços públicos, interiores e
exteriores.
A opção da reconversão da antiga fábrica num novo equipamento público deve-se ao facto de
este tipo de tipologia arquitetónica gerar oportunidades pouco comuns de convivência de diferentes
grupos etários e sociais; a somar ao facto de permitir um diferenciado número de atividades que podem
auxiliar na integração da população local, que é atualmente algo marginalizada pela sociedade lisboeta.
A implantação central da fábrica na área sul do Vale de Chelas foi decisiva para a opção de
reconversão desta antiga estrutura industrial, uma vez que permite uma conexão entre outros pontos
de interesse do vale, tais como o antigo Convento de S. Félix e Sto. Adrião de Chelas (mais a norte), a
antiga Fábrica da Samaritana (mais a Sul), as vilas e pátios operários que ainda persistem nesta zona
de Lisboa (a título de exemplo, a Vila Amélia/Emília, a Vila Dias, e a Vila Flamiano), e ainda o antigo
Convento da Madre de Deus e toda a frente ribeirinha oriental, caracterizada pelo seu passado
industrial.

Em suma, os objetivos enunciados tratam de perceber como a “produção do espaço” se articula


com “a construção social do lugar”, para que este(s) lugar(es) da frente ribeirinha permaneça(m) na
memória coletiva e pública da metrópole (SILVA NUNES & SEQUEIRA, 2011).

Figura 1 – Monografia da Tinturaria Portugália (século XX). Figura 2 – Foto da Tinturaria Portugália (1960’s). Fonte: http://aps-
Fonte: http://lh3.googleusercontent.com/- ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2009/05/rua-gualdim-pais-v.html
lc2QXD0Qrmc/VTiLs0NnoCI/AAAAAAABhXs/_H6wiAxnA2U/s16 (consultado a 5/11/2017)
00-h/Tinturaria-Portuglia.16.jpg (consultado a 5/11/2017)

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2. QUESTÕES DE TRABALHO

A questão enunciada inicialmente – que efeito pode ter a reconversão do património industrial
na criação de uma nova centralidade que auxilie na desfragmentação física e social do Vale de Chelas
– conduziu a outras questões que serão desenvolvidas neste Projeto Final de Mestrado, tais como:

I) Património Industrial

a. O que é o Património Industrial e quais os seus valores?

b. Qual a importância da sua carga histórica, social e técnica?

c. Que valores patrimoniais devem apelar à sociedade?

d. Qual o papel da sociedade na manutenção do Património?

e. Qual a diferença entre Património e Ruína? Qual o momento em que o Património deixa de ser
Ruína?

f. Qual o significado da memória coletiva e a sua importância para a classificação de um


Património?

g. Porque não está (e poderia estar) a Tinturaria classificada como Património Municipal/Nacional?

II) Urbanidade – Regeneração – Revitalização do Vale

a. O que é o bairro e qual a sua importância na estrutura da cidade?

b. Como pode ser o bairro gerador de uma nova centralidade e qual o seu contexto?

c. Qual o papel das pessoas na revitalização do espaço?

III) Reabilitação dos Espaços e Edifícios Industriais

a. Como tocamos no Património?

b. Como dialogam o novo e o antigo?

c. Que usos podem ter os espaços industriais?

d. Qual a leitura de um espaço industrial? Que efeitos afetam, direta e indiretamente, essa leitura
espacial?

e. Qual a importância da história do edifício na sua reconversão?

f. Como podem ser usadas as estruturas da antiga Fábrica da Tinturaria Portugália e a ainda
habitada vila operária Amélia/Emília na criação de uma centralidade como é o bairro?

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3. ESTADO DO CONHECIMENTO

3.1. Enquadramento Histórico, Social e Territorial

3.1.1. História do Vale de Chelas e da Tinturaria Portugália

O Vale de Chelas é uma área da zona oriental da cidade de Lisboa ligada à ocupação árabe
fora da Cerca Moura, e, mais tarde, à ocupação de várias ordens religiosas, que acabaram por formar
uma rede qualificada de quintas de recreio e palácios na área. Com a extinção das ordens religiosas
em 1834, deu-se o crescimento da Lisboa ribeirinha oriental, com as quintas a serem convertidas em
fábricas, armazéns, vilas e pátios, e com o desenvolver das atividades portuárias e da crescente
circulação de pessoas e mercadorias.
Juntamente com a construção e abertura da Estação Ferroviária de Santa Apolónia (1856),
assim como a construção à posteriori da linha de circunvalação sobre o Vale de Chelas, o fenómeno
intensificou-se, contribuindo não apenas para a mudança da paisagem da Lisboa oriental, como para
o aceleramento do crescimento industrial da cidade (FOLGADO & CUSTÓDIO, 1999).
O Vale de Chelas representa assim a origem da industrialização da zona oriental da cidade de
Lisboa, uma vez que foi ali também que se instalaram as primeiras unidades de estamparia de algodão,
ainda no século XVIII (CUSTÓDIO, 1994)
Como refere Custódio (1994), na maior parte das vezes as estamparias não sobreviviam muitos
anos, e, se a este facto juntarmos a indústria da tinturaria, que surgiu anexada à da estamparia por
afinidade, pode não ser estranho por isso que pouca informação haja sobre a antiga Fábrica da
Tinturaria Portugália.

Através da análise cartográfica das plantas de Filipe Folque (1856/58), Câmara Municipal de
Lisboa (1871) e Silva Pinto (1911), é possível afirmar que a estrutura da antiga fábrica, que foi sendo
alterada através de acrescentos ao longo do tempo, remonta pelo menos ao século XIX, sendo possível
observar que, já nessa altura, a fábrica instalada no Vale de Chelas estava implantada junto a linhas e
poços de água, matéria-prima para as indústrias da estamparia e tinturaria.

Figura 3, 4 e 5 – Plantas
Cartográficas de Lisboa. Da
esquerda para a direita: Filipe
Folque (1856/58), CML (1871) e
Silva Pinto (1911). Fonte: Lisboa
Interativa - http://lxi.cm-
lisboa.pt/lxi/ (consultado a
02/01/2018)

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A fábrica da Tinturaria Portugália manteve-se aberta até, pelo menos, ao último quartel do
século XX.
O século XX veio, portanto, reverter o fenómeno da industrialização na cidade de Lisboa, dando
lugar à desindustrialização, com as fábricas a transformarem-se num símbolo de um passado industrial
fulgurante e, consequentemente, em espaços devolutos por falta de reestruturação urbana. Desta
forma, o que antes era uma paisagem rural transformou-se num cemitério de chaminés industriais, onde
apenas impera a sua memória.

3.1.2. Caracterização Territorial

3.1.2.1. Caracterização Física

Situado na zona oriental da cidade de Lisboa, junto ao rio Tejo e entre os antigos
Convento da Madre Deus e Convento de São Francisco, o Vale de Chelas prolonga-se até ao
Convento de São Félix e Santo Adrião (atual Arquivo Geral do Exército). Apresenta-se hoje
como sempre o foi: uma área de baixa altitude, cercada por duas colinas, onde percorre (pelo
solo) a ribeira de Chelas, que desagua no rio Tejo.

Em termos administrativos, encontra-se dividido por três freguesias de Lisboa – a


freguesia da Penha de França (área corresponde à antiga freguesia de São João, extinta em
2012), a freguesia do Beato e a freguesia de Marvila.

3.1.2.2. Plano de Estudo e Planos de Pormenor para o Vale de Chelas

O Projeto Final de Mestrado terá em conta os planos de estudo e os planos de pormenor


requeridos e referenciados pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) para o território em estudo.

Assim, pretende-se analisar o Plano de Estudo, de seu nome Corredor Oriental,


realizado pelo atelier NPK sob a solicitação da CML, que propõe soluções de foro biológico e
ecológico, como a reconversão do Vale de Chelas num parque urbano, à semelhança do que
foi feito nos anos 50 do século XX na área de Monsanto, o que inclui a criação de bacias de
retenção de águas e a arborização/reflorestação do vale, e tendo como consequência a
demolição de algumas das estruturas arquitetónicas e consideradas obsoletas.

Pretende-se também analisar, de forma pouco intensiva e meramente informativa, os


Planos de Pormenor do Casal do Pinto (2009) e do Parque Hospitalar Oriental (2011), para
assim poder adquirir-se uma análise do território em estudo mais abrangente, atualizada e em
vista para o futuro.

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3.1.2.3. Caracterização Social

A zona oriental de Lisboa é atualmente uma acumulação de vários passados, rurais e


industriais, que levaram ao seu isolamento progressivo, não só em relação ao conjunto da
cidade, como também em relação ao rio Tejo. Esta marginalidade marcou o território física e
socialmente.
Enquadrado numa operação de desenvolvimento e planeamento integrado da cidade de
Lisboa ocorrida nos finais da década de 50 do século XX, o território do Vale de Chelas foi
submetido à realização de um plano de promoção pública de habitação social, aprovado em
1964. O plano tinha como principal objetivo o desenvolvimento de uma estrutura urbana
multifuncional e socialmente diversificada, integrada no conjunto da cidade (HEITOR, 2001).
Contudo, verifica-se atualmente que a operação prevista foi interrompida, levando à
desvalorização do tecido urbano e, entre outros, ao isolamento físico da zona. Esta situação
agrava-se quando associada à presença de um tecido social de uma só classe, formado
maioritariamente por uma população economicamente carenciada e desequilibrada em termos
de composição etária.
Não é de estranhar por isso que a população local esteja associada a um estigma social
provocado não só pelas condições descritas, mas também por um isolamento do resto da
cidade que leva a sentimentos de exclusão e marginalização na comunidade local.

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3.2. Conceitos-Chave

Tal como enunciado anteriormente, para perceber a influência da reconversão de espaços


industriais na criação de uma nova centralidade que ajude na estruturação social de uma zona
atualmente fragmentada e isolada física e socialmente, como o é o Vale de Chelas, é necessário ter em
consideração os conceitos-chave (e a sua interligação) em que assenta a presente Proposta Final de
Mestrado.

3.2.1. O Património Industrial

No século XVIII, a Revolução Industrial marcou o início de um fenómeno histórico que veio
marcar o mundo, deixando como vestígios objetos materiais que apresentam atualmente um importante
valor universal que deve ser estudado e conservado.
Como Choay (2017) nos faz questão de lembrar, estes vestígios industriais possuem não só um
valor afetivo de memória para aqueles para quem estes eram o território e o horizonte e que procuram
não ser deles desapossados, como representam também um valor documental sobre uma fase da
civilização industrial.
Assim, na Carta de Nizhny Tagil (TICCIH, 2003) estes vestígios ficaram definidos sob o desígnio
de Património Industrial:

‘(…) O património industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico,
tecnológico, social, arquitectónico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas,
fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção,
transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim
como os locais onde se desenvolveram actividades sociais relacionadas com a indústria, tais como
habitações, locais de culto ou de educação. (…)’

in Carta de Nizhny Tagil sobre o Património Industrial,


TICCIH, 2003, p. 3

Tal como em muitas capitais europeias, também Lisboa ficou marcada por estes vestígios
industriais.
Ao longo da história da cidade existiu sempre uma divisão social e territorial entre as zonas
ocidental e oriental. A instalação simétrica das primeiras indústrias, no século XIX, nos vales de
Alcântara e Chelas, aproveitando a morfologia destes territórios, assim como a energia hidráulica
proporcionada pelas águas das ribeiras existentes, e a instalação dos primeiros caminhos de ferro, veio
assinalar ainda mais este facto, uma vez que a tendência de crescimento para ocidente provocou uma
desvalorização do território oriental, sendo por essa razão que é no Vale de Chelas e na sua envolvência
que encontramos em maior número e concentração estes vestígios industriais.

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Estes vestígios industriais são, atualmente e na sua maioria, objetos de um passado fulgurante
e vistos como um património com uma grande carga histórica, social e técnica que nos toca de perto
(FERREIRA DE ALMEIDA, 1993), devido ao forte impacto que têm na paisagem das cidades, da
memória distante que invocam, da herança que representam. São objetos que nos fazem ver e tocar o
que as gerações anteriores viram e tocaram. Como Ruskin (CHOAY, 2017) metaforizou, os edifícios do
passado falam connosco, fazem-nos escutar vozes que nos envolvem num diálogo.
Leniaud (FERREIRA DE ALMEIDA, 1993) reforçou esta posição, quando definiu património
como um conjunto de bens que uma geração sente que deve transmitir às seguintes porque pensa que
esses bens são um talismã que permite à sociedade compreender o tempo nas três dimensões. Mais
uma vez, a questão do património como herança que permite a perceção real da passagem do tempo
pelas cidades.
Voltando ao Vale de Chelas, muitos destes vestígios industriais que ali ainda permanecem, como
as antigas fábricas da Samaritana e da Tinturaria Portugália, apresentam-se hoje, para muitos, como
ruínas de um passado ligado à indústria. No entanto, é necessário compreender que ruína e património
(industrial), embora na sua génese remontem à ideia de memória, têm definições semelhantes, mas
não iguais.
Serrão (2014) aponta-nos o que muitos pensam – as ruínas, com o acúmulo do tempo de
abandono, deixam de ser recuperáveis e passam a ser “não-lugares sem memórias”, desnecessárias
e sem sentido, com a sua destruição como condenação inevitável. As causas para o seu arruinamento
estão associadas a várias circunstâncias, como a mudança de uso, as pressões urbanísticas e outros
fatores que agravam as condições destes imóveis e levam à sua degradação ou, em último caso, à sua
demolição. Serrão afirma mesmo que o conceito de ruína assume uma linhagem pesada e culposa,
uma vez que nada se fez para evitar a desonra e a indignidade a que a degradação destes imóveis
chega.
No entanto, não podemos atribuir a conotação de ruína às antigas fábricas que ainda
permanecem no Vale de Chelas, porque, e tal como nos diz Brandi (2006: 40), ruína é ‘tudo aquilo que
é testemunho da história humana, mas com aspeto bastante diverso e quase irreconhecível em relação
àquele que se revestia antes’. Ora, quando observamos os edifícios das antigas fábricas mencionadas,
não só o casco, como a sua implantação, podemos ainda ter uma ideia do seu uso primordial.
Assim, estas fábricas permanecem sob o desígnio de património industrial não apenas por ainda
ser possível identificar o seu uso e tipologia, mas porque, tal como mencionado anteriormente e mais
uma vez referido por Ruskin (CHOAY, 2017), a arquitetura é o único meio que dispomos para conservar
vivo um laço com um passado ao qual devemos a nossa identidade e que é constitutivo do nosso ser,
laço esse definido essencialmente pelas gerações humanas que nos precederam.
Estando esta diferenciação estabelecida, é necessário agora perceber o que fazer com estes
vestígios industriais, que usos podem ter e que valores sociais podem adquirir ou ocultar perante o
território em estudo.

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Tal como Moreira (2014) afirma, atualmente procuram-se outros modos de intervenção no
património industrial que considerem a materialidade e a história industrial. A reutilização de edifícios
industriais tem acompanhado a importância do património industrial como uma solução de preservação
destes vestígios materiais.
Quando se opta por reutilizar um antigo edifício industrial, como o são as já referidas Fábrica da
Samaritana e Fábrica da Tinturaria Portugália, é fundamental ter em conta que estes edifícios atuam
como edifícios palimpsesto. Tal como refere Szylar (2013), um edifício palimpsesto é uma obra com
uma longa história, que sobrepõe construções de diferentes épocas, permitindo apenas ter ‘um
conhecimento sempre incompleto e com o qual lidamos através de ruturas, inserções, fissuras e
revestimentos’ (p. 48).
Assim, qualquer que seja o uso dado na reutilização destes antigos espaços industriais, deverá
ter-se sempre em conta a conjugação do passado, presente e potencial futuro destas estruturas
industriais que revelam nos seus espaços e estruturas histórias que coexistem e que, como
palimpsestos, se renovam, mas nunca se apagam.

Segundo a Carta de Nizhny Tagil (TICCIH, 2003), o património industrial oculta um valor social
como parte do registo de vida das pessoas, por essa razão não podemos estranhar quando estes
vestígios são reconvertidos com usos que ajudam na regeneração de um território em declínio. É
necessário entender que estes vestígios do passado industrial pertencem a uma memória passada, a
uma memória coletiva e são símbolo de um tempo de progresso, de fluidez de vida e de não-estagnação
– fatores que marcam atualmente muitos destes territórios industriais, onde se inclui o Vale de Chelas.
Desta forma, a reutilização destes vestígios industriais tem como grandes vantagens não apenas
o conservar da memória e da identidade sociocultural das comunidades locais e respetivas zonas
urbanas onde se inserem (CORDEIRO, 2013), como permite atuar como um centro para a regeneração
urbana de territórios em declínio, como o é o Vale de Chelas. Além disso, trata-se de uma solução
económica e sustentável, uma vez que os elementos estruturais (aqueles que representam um maior
investimento numa construção de raiz) já estão construídos e, na sua maioria, apresentam-se ainda em
bom estado.

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3.2.2. Bairro

Sem pessoas, os espaços não são espaços. Ou melhor, são lugares obsoletos e terras de
ninguém, vazios. Assim, é necessário criar condições para que o Vale de Chelas não veja a sua situação
social piorar, delimitando ainda mais a sua marginalidade. Por essa razão é tão importante a criação de
espaços que fixem novos grupos sociais e integrem os ainda residentes desta zona. O bairro pode ser
a solução.
Lefebvre (FERREIRA, 2012: 49) define imprecisamente bairro como ‘o ponto de contacto entre
o espaço geométrico e o espaço social, o ponto de passagem de um a outro (…) é uma forma de
organização do espaço e do tempo de uma cidade’. O bairro caracteriza-se assim como a antítese da
desagregação social, à escala do quotidiano, onde existe a possibilidade de reconhecimento, da
pertença e do fortalecimento de vínculos (CRESPO, 2012).
A cidade de Lisboa é disso exemplo. Composta por diversos bairros ao longo de toda a sua
extensão, uns mais tradicionais e antigos que outros, a cidade lisboeta é conhecida em Portugal como
a cidade dos bairros, onde perduram as tradições bairristas e os vínculos sociais. O bairro em Lisboa é
o centro da vida social dos seus residentes. E por muito semelhantes que possam aparentar ser, como
Crespo afirma, cada bairro é único, tem a sua história, a sua ocupação urbana, e o seu conteúdo
socioeconómico e cultural; tem a sua identificação, a sua identidade e as suas características próprias.
O bairro apresenta-se assim como uma solução estruturante da fragmentação espacial do
território em estudo, porque irá permitir a sua regeneração e revitalização ao nível das rotinas
quotidianas, com a criação de espaços que envolvem fatores não só sociais como culturais,
económicos e arquitetónicos (lembremos a presença forte do património industrial), que irão permitir à
comunidade local não apenas o despertar da sua identidade, como a sua reintegração no espaço social
e territorial da cidade de Lisboa.

3.2.3. Os Vazios Urbanos

Segundo Solà-Morales (2002), vazios urbanos são “lugares aparentemente olvidados donde
parece predominar la memoria del pasado sobre el presente. Son lugares obsoletos en los que sólo
ciertos valores residuales parecen mantenerse a pesar de su completa desafección de la actividad de
la ciudad. Son, en definitiva, lugares externos, extraños, que quedan fuera de los circuitos, de las
estructuras productivas. Desde un punto de vista económico, áreas industriales, estaciones de
ferrocarril, puertos, zonas residenciales inseguras, lugares contaminados, se han convertido en áreas
de las que puede decirse que la ciudad ya no se encuentra allí”.
Na base da ideia do arquiteto e filósofo está o termo francês terrain vague, que, segundo ele,
se trata de uma porção de terra expectável e potencialmente aproveitável, onde a ausência de uso, de
atividade, remete para uma promessa, para um espaço do possível, com uma conotação de liberdade
e vagabundagem, porque se tratam de lugares indefinidos e incertos. Como causas para a conversão

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de uma determinada zona em terrain vague, Fialovà (BORDE, 2002) defende que são sempre
consequência da sua história.
O Vale de Chelas pode ser assim caracterizado como um território expectante, aparentemente
esquecido, de limites imprecisos, e conotado como estranho, marginal, ao sistema urbano da cidade
de Lisboa. De facto, tal como se apresenta hoje em dia, o Vale é consequência de um passado de
sucessivas ocupações (rurais, conventuais e industriais) e de vários processos de urbe e
suburbanização instantânea, descontínua, pouco heterogénea e criativa.

Mas como alterar esta realidade?

O Vale de Chelas, tal como tantos outros vazios urbanos, apresenta ainda uma remanescência
de paisagem, seja pela sua morfologia, pelas suas características bio e ecológicas, seja pelos vestígios
industriais que ali ainda permanecem. Por essa razão, quando olhamos para este tipo de vazios, temos
de entender que a sua transformação em oportunidade(s) pode ter potencialidades positivas, mas
também efeitos perversos, caso estas mesmas potencialidades não sejam orientadas pelas autoridades
como elementos estratégicos para a reestruturação do território urbano (PORTAS, 2000).
Assim, quando olhamos para o Vale de Chelas temos de entender que se trata de um território
que representa uma interrupção no tecido da cidade, onde qualquer intervenção que para aqui seja
pensada não pode limitar-se apenas ao cumprimento de um programa de edifício, mas primeiramente
à criação experimental de um modelo urbano. É neste sentido que vemos muitas vezes os vazios
urbanos referenciados como oportunidades, uma vez que normalmente já se encontram perto de
infraestruturas e acessos (como o são, no caso do Vale, a 2ª circular de Lisboa, o aeroporto e o
metropolitano – a norte; a Avenida Infante Dom Henriques, a linha de comboio de Santa Apolónia e o
Porto de Lisboa – a sul).

E a população local, qual o seu papel?

É importante referir que os vazios urbanos representaram sempre uma possibilidade


reconstrutiva da cidade, tanto ao nível económico e político, como ao nível cultural e social,
demonstrando que têm sido sempre espaços de experimentação e recriação do seu novo (TABORDA,
2007). Significa isto que o Vale de Chelas, se o considerarmos um espaço entre espaços, pode tornar-
se num território de descompressão para a cidade, ao mesmo tempo que mantém a sua integridade
física, social e temporal.
Nuno Portas (2000) relembra um facto importante para estes territórios – ‘quanto mais extensivo
e básico for o programa e os respetivos projetos, mais diretamente terá que envolver a comunidade
beneficiária e os serviços de linha da administração’. E no Vale de Chelas este fator será muito
importante na sua regeneração urbana, uma vez que sendo a cidade para e das pessoas, no caso
deste território foi a população local a mais prejudicada pelo seu declínio urbano e social.

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No entanto, é necessário refletir sobre o impacto das mudanças neste vazio urbano que é o
Vale de Chelas, tendo em conta tudo o que foi referido anteriormente acerca da preservação da
memória coletiva. Fialovà refere que a conexão entre história, memória e identidade está impregnada
de uma certa resistência à mudança (BORDE, 2012), contudo tal não é o caso do Vale de Chelas onde,
apesar da presença dos vestígios industriais, a memória do passado industrial apenas permanece
representada pelos edifícios das antigas fábricas e vilas e pátios operários, uma vez que a população
local atualmente já pouco ou nada se identifica com este passado, seja por não terem tido contato
direto com a mesma, seja porque quando ali se instalaram já nada restava das indústrias.
Desta forma, será necessário que haja um diálogo de reflexão entre as potencialidades que
oferece este tipo de vazio urbano, a importância de manter o que permanece do passado industrial que
caracterizou este território, e ainda a relação da população com este território e com este passado pelo
qual não nutrem qualquer valor para além daquele que a sociedade tenta impor.

3.3. Casos de Estudo

Para uma melhor abordagem do tema em estudo, pretende-se analisar seis casos de referência,
nacionais e internacionais, que auxiliem no desenvolvimento de um programa projetual que cumpra
todos os seus objetivos primários e de foro social e urbano.

Assim, para Portugal selecionou-se o complexo industrial LX Factory e o antigo complexo


industrial da Manutenção Militar (que abriga atualmente o Hub Criativo do Beato), em Lisboa, uma vez
que representam casos de estudo atuais e de sucesso da reconversão de antigos espaços industriais
desocupados e quase devolutos em zonas centrais e socialmente apelativas na estrutura da cidade.
De foro internacional, selecionou-se a antiga WestergasFabriek, na Holanda, e as antigas
Fábrica de Porre, na Bélgica, e Fábrica NÄÄS, na Suécia. Esta seleção foi realizada tendo em conta o
impacto urbano que estes casos de estudo representaram nas suas respetivas cidades, e os usos que
lhes foram atribuídos após a sua reconversão.

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20
4. METODOLOGIA

A metodologia adotada para o desenvolvimento do Projeto/Trabalho Final de Mestrado será uma


metodologia de estudo de caso, que terá como base uma abordagem de carácter qualitativo.

Esta metodologia estará dividida em duas grandes partes – uma parte teórica, de análise e
investigação; e uma parte prática, de aplicação de conceitos e temáticas abordados na parte teórica,
com fundamento na respetiva análise e investigação realizada – que contribuirão para a criação e
desenvolvimento projetual de um programa de duas tipologias diferentes – um equipamento coletivo e
um conjunto habitacional, que contribuam não só para um melhoramento do bem-estar social e da
qualidade de vida da população da área de estudo, como também para um melhoramento da estrutura
urbana da cidade de Lisboa.

O trabalho será assim estruturado em duas partes com cinco momentos distintos, mas
interdependentes e relacionados entre si.

PARTE TEÓRICA

FASE 1 – Leitura e Análise do Território

A primeira fase de investigação irá consistir na definição mais concreta da estrutura do território
em estudo. Para tal, recorrer-se-á à recolha e análise de cartografia e outros documentos históricos; à
análise de planos de estudos e outros planos, municipais e nacionais, desenvolvidos para a área de
estudo; e ainda à investigação e análise de casos de estudo de relevância nacional e internacional, com
base em recolha e análise crítica de textos, imagens e documentários.

FASE 2 – Análise, Contextualização e Enquadramento Espacial e Social da Área de Estudo

A segunda fase de investigação irá abranger uma caracterização da população da área de


estudo, com base em técnicas de observação direta às práticas espaciais da população; em dados
estatísticos, nomeadamente dos últimos recenseamentos gerais da população (2001 e 2011)
elaborados pelo INE1; e ainda na realização de entrevistas aos residentes e utentes da área em estudo,
com o objetivo de perceber, através do seus resultados, a adequação dos espaços propostos a nível
projetual ao perfil da população.

FASE 3 – Análise e Conclusões dos Resultados das Fases 1 e 2

A terceira fase de investigação será uma análise e reflexão crítica aos resultados obtidos nas
fases anteriores de investigação, de forma a validar as hipóteses e questões de trabalho geradas no
início do trabalho. Esta terceira fase tem como objetivo principal gerar uma melhor compreensão do

21
tema e do problema em análise, fundamental para a definição de um programa a desenvolver na parte
prática do Projeto/Trabalho Final de Mestrado.

FASE 4 – Análise Conceptual e Temática dos Problemas Identificados na Fase 3

A quarta fase de investigação seguirá o alinhamento da terceira fase, de forma a identificar


conceitos e temas a abordar na solução projetual como soluções para as questões levantadas nas
fases anteriores.

Para tal, será necessário consultar e analisar bibliografia de referência, para além de realizar
observações exploratórias que permitam a formulação de uma pergunta de investigação mais definida
e de respetivas hipóteses de trabalho.

PARTE PRÁTICA

FASE 5 – Programação Projetual no Território e no Espaço Urbano

Com base na informação obtida através da investigação, a quinta fase irá consistir na definição
de uma estratégia geral urbana a projetar, que interligue e relacione diferentes pontos do território à
área em estudo. Nesta fase será também desenvolvido o programa e tipologia projetual a adotar,
nomeadamente a definição de um equipamento coletivo e de um conjunto habitacional, que respondam
às necessidades observadas nas fases anteriores de investigação. Paralelamente, será definido o local
concreto de intervenção e implantação do programa desenvolvido.

FASE 6 – Solução Projetual do Projeto/Trabalho Final de Mestrado

A sexta e última fase do Projeto/Trabalho Final de Mestrado consistirá no desenvolvimento


projetual do programa definido na fase anterior, isto é, na concretização (através do desenho) de uma
solução arquitetónica aos problemas identificados e desenvolvidos nas fases de investigação. Esta fase
irá compreender diferentes escalas de desenho, desde a mais urbana (1:10 000 a 1:1000) à escala do
objeto a intervir (1:200 a 1:20).

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5. CALENDARIZAÇÃO

2017 2018

TAREFAS MÊS OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR. MAIO JUN JUL

Reunião de Orientação

Elaboração da Proposta de Trabalho Final de


Mestrado

FASE 1 E 2

Análise e caracterização da área de estudo

Recolha e análise de planos, programas e


projetos para a área de estudo

Recolha e análise de projetos de referência


nacionais e internacionais

Leitura e análise de bibliografia

Recolha, tratamento e análise de informação


estatística

Observação in loco com vários registos de


informação (fotografia e outros)

Elaboração, realização e tratamento de


entrevistas

Relatório com a análise dos resultados do


território e entrevistas

FASE 3 E 4

Análise e tratamento da informação recolhida


nas fases 1 e 2

Recolha, leitura e análise da bibliografia

Observações exploratórias e análise de


documentação

Relatório com a redação dos capítulos


teóricos

FASE 5 E 6

Interligação entre a componente de


investigação e a proposta projetual

Desenvolvimento da proposta projetual

ENTREGA DO DOCUMENTO ESCRITO DO


PROJETO FINAL DE MESTRADO

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24
6. ESTRUTURA DO PROJETO DE FINAL DE MESTRADO
Resumo
Abstract
Índice Geral
Índice de Figuras
Introdução
Tema e Problemática
Objetivos
Delimitação da Área em estudo
Metodologia e Técnicas de Abordagem
Organização Estrutural do Trabalho

Capítulo I. Enquadramento Conceptual e Teórico


Nota Introdutória
1. Património Industrial
2. Vazio Urbano
3. Bairro e Centralidade
4. O Uso de Equipamentos Coletivos
Síntese

Capítulo II. Projetos de referência


1. Portugal
2. Europa
Síntese

Capítulo III. O Vale de Chelas


Caracterização do Território no Contexto da Cidade de Lisboa
Caraterização Social e Demográfica da População Local
O Território Visto Pela População: O Espaço Público e Os Equipamentos Coletivos

Capítulo IV. Contextualização da Proposta de Intervenção


Vale de Chelas Sul. Análise e Enquadramento
Objetivos e Estratégia de Intervenção Urbana

Capítulo V. Componente Projetual


Objetivos da Proposta de Intervenção
Programa Base
Proposta Urbana para o Vale de Chelas Sul
Proposta de Reconversão e Reabilitação da Tinturaria Portugália e da Vila Operária Amélia

Conclusão
Bibliografia
Anexos

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7. BIBLIOGRAFIA

CONSULTADA

BRANDI, Cesare (2006), Teoria do Restauro. Lisboa: Edições Orion.

CHOAY, Françoise (2017), A Alegoria do Património. Lisboa: Edições 70, Lda.

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In: MENDES, M.; FERREIRA, C.; SÁ, T.; CRESPO, J. – Coords., A Cidade entre Bairros. Lisboa:
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HEITOR, Teresa V. (2001), A Vulnerabilidade do Espaço em Chelas – Uma Abordagem Sintáctica.


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