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CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA

CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO


Rua Amélia , 50 - Espinheiro – fone - fax 3426-8540 RECIFE -PE
CNPJ 09.822.982/0001-71

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 23ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO – SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE
GARANHUNS.

O CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO –


CRF/PE, Autarquia Federal criada pela Lei nº 3.820/60, com sede na Rua Amélia, nº
50, Espinheiro, Recife-PE, por seus procuradores infra-assinados, nos autos dos
EMBARGOS À EXECUÇÃO em epígrafe, promovido pelo FABIANA QUEIROZ DE DEUS
MONTEIRO, com fulcro no artigo 17, da Lei n° 6.830/80, vem apresentar
IMPUGNAÇÃO À EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE pelos motivos de fato e de
direito que passa a expor.

I- INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. DÍVIDA REFERENTE À MULTA


E NÃO ANUIDADE.

Primeiramente, cumpre registrar, por oportuno, que o Excipiente não atacou o


auto de infração e tampouco o processo administrativo que entendeu por aplicar a multa
cuja cobrança do crédito se constitui objeto da execução embargada, pelo que a legalidade e
juridicidade daqueles procedimentos se apresentam incólumes, enquanto imaculados a
validade e eficácia de seus efeitos.

Ao contrário, a exceção de pré-executividade apresentada possuí, claramente,


apenas o propósito de retardar a prestação jurisdicional e o pagamento da dívida. É simples
a compreensão da controvérsia.
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No arrazoado apresentado, a excipiente sustentou, em síntese, que não lhe seria


devida a cobrança da anuidade. Não obstante, conforme indica a certidão de dívida ativa, a
dívida que lastreia a presente execução encontra-se amparada no descumprimento da
legislação pátria, notadamente o art. 24 da Lei 3.820/60 e 13.021/2014. Trata-se, portanto,
da cobrança de multa pela prática de ato ilícito e não referente à cobrança de anuidade.

Em suma, a pretensão autoral visa o pagamento de uma multa, enquanto que a


defesa foi toda construída tendo por base a cobrança de anuidade. Indiscutivelmente, as
dívidas são díspares, diversas e inconfundíveis.

Percebe-se, portanto, que quando da elaboração da peça exordial, o causídico da


Excipiente não cuidou em apontar os elementos mínimos e indispensáveis para a pretensão
almejada, porquanto sequer cuidou de identificar o objeto da dívida perseguida.

Insta salientar que a pretensão, na forma que se encontra suscitada, prejudica o


próprio exercício da ampla defesa, vez que à Reclamada não são devidamente
oportunizados os fatos necessários para a configuração da causa de pedir.

Em outras palavras, acaba-se por se defender às escuras. Assim, a sua peça de


iniciação se afigura lacônica, inepta, a ensejar a rejeição do pedido enfocado, sem exame
meritório.

Como é certo, Excelência, os fundamentos do pedido são, em verdade, a causa de


pedir, o fato constitutivo do direito almejado, aquele conjunto de circunstâncias que põe o
autor frente ao réu, na condição de pretendente e defendente de um direito que julga
preterido ou violentado.

Ora, a defesa da Reclamada não pode se limitar, como agora, infelizmente, será
feito, em impugnar o pedido, tomando por base uma presunção e uma ilação da parte ré. A
defesa não deve ser feita tendo por base suposições, ou conjecturas, mas deve ser baseada
em informações claras e precisas apresentadas na peça vestibular.

Entretanto, a despeito da referida informação revelar-se fundamental para o


deslinde do feito, inexplicavelmente, o petitório inicial quedou-se silente a esse respeito.
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Destarte, sob os fundamentos supra indicados, requer que seja declarada inépcia da
petição inicial, com espeque no artigo 330, §1º, III, dó Código de Processo Civil, eis que
dos fatos narrados não é possível decorrer a conclusão lógica vindicada e, por
consequência, seja, no tocante a este capítulo, extinta a reclamação o artigo 485, I, do
Código Processo Civil.

II- NÃO COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO DE POSTO DE


MEDICAMENTO AO TEMPO DA ATIVIDADE FISCALIZATÓRIA.
CONSTATAÇÃO PELO FISCAL DE QUE A LICENÇA
ENCONTRAVA-SE VENCIDA HÁ DOIS ANOS.

Por cautela, cuida a excipiente de apresentar defesa meritória, em verdadeiro exercício


de presunção, mas apenas para resguardar a legalidade da sua atuação.

Caso se entenda que a exceção de pré-executividade visa a desconstituição da atuação


fiscalizatória – o que se admite apenas, por hipótese, ante a manifesta inépcia da inicial, é de
observar, por outro lado, que a executada não comprovou atender os requisitos fáticos
necessárias para excluir a penalidade que lhe foi imposta.

Ora, a comprovação da qualificação do estabelecimento enquanto Posto de


Medicamentos é feita pela Agência de Vigilância Sanitária local. A despeito da executada ter
colacionado aos autos, uma licença dessa natureza expedida pela APEVISA, é fundamental
ter atenção quanto à data do referido documento.

Com efeito, o documento é claro em apontar que o estabelecimento só estava


autorizado a funcionar enquanto Posto de Medicamento no período de 13 de dezembro de
2017 até 13 de dezembro de 2018. Não obstante, o ato fiscalizatório ocorreu em 23/11/2017
Fácil constatar, portanto, que a referida licença é documento posterior à lavratura do auto de
infração.

Em outras palavras, o documento constante no ID4 058305.11568259 não tem o condão


de provar que a executada, ao tempo em que ocorreu a atividade fiscalizatória, encontrava-se,
legalmente, autorizada e enquadrada a atuar enquanto posto de medicamento. Para tanto,
seria indispensável que fosse colacionado aos autos uma licença da APEVISA
contemporânea à data em que ocorreu a fiscalização.

Afinal, indiscutivelmente, uma nova qualificação jurídica do estabelecimento não tem


a capacidade de modificar o ato administrativo já praticado. Do contrário, restaria
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caracterizada violação direta ao ato jurídico perfeito, objeto de proteção constitucional, vide,
nesse ponto, a previsão

Sendo assim, verifica-se que a executada não se desvencilhou do seu encargo


probatório referente ao fato impeditivo à pretensão autoral, uma vez que não provou,
efetivamente, que ao tempo da aplicação da multa pela autarquia federal já funcionava como
posto de medicamento.

Aliás, a bem da verdade, seria impossível à executada comprovar que, ao tempo da


fiscalização, encontrava-se autorizada a funcionar como posto de medicamento. Nesse
particular, o fiscal da autarquia federal, ao lavrar o auto de infração, registrou que a licença do
estabelecimento estava vencida desde 29/12/2016. Dada a relevância da informação, o auto
de infração é colacionado aos autos e o seu registro é reproduzido na sequência:

Deste modo, verifica-se que o Conselho Regional de Farmácia de Pernambuco adotou


uma postura irretorquível e idônea de estrito cumprimento da legislação. Afinal, se não há o
reconhecimento pelos órgãos públicos competentes do funcionamento do estabelecimento
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como posto de medicamento, seria impossível a autarquia federal se subverter na


competência dos órgãos sanitários e exercer tal reconhecimento.

Ao contrário, verificado que o estabelecimento não se encontrava autorizado a


desempenhar suas atividades como posto de medicamento e, ao mesmo tempo, havia a
comercialização de medicamentos, ao fiscal do CRF/PE não restava outra alternativa, senão
proceder a lavratura do auto de infração, uma vez que constatada a dispensação dos
medicamentos sem o responsável técnico.

É de se constatar, portanto, que os argumentos lançados na Exceção de Pré-


executividade sucumbem à regra contida no artigo 373, II, do Código de Processo Civil, uma
vez que o Excipiente, executado, não obteve êxito em desconstituir o direito em que o
Excepto, exequente, funda sua pretensão, sequer, o incidente fez prova capaz de impedir,
modificar ou extinguir o direito reivindicado nesta ação executiva.
De outro modo, o artigo 3º, da Lei de Execuções Fiscais – 6.830/80, dispõe que a
dívida ativa regularmente inscrita, como ocorre no caso da presente execução, goza da
presunção de certeza e liquidez, enquanto o parágrafo único do referido dispositivo legal
ressalva a possibilidade de ilidir tal presunção tão somente mediante prova inequívoca,
atribuindo o encargo ao devedor/executado ou terceiro, a quem aproveite, o que não ocorreu
no caso sub examine.

Nesse contexto, é oportuno destacar que a jurisprudência consolidada em todos os


âmbitos dos nossos Tribunais, inclusive, no Superior Tribunal de Justiça, sem desprezar o
princípio do livre convencimento do julgador, acolhe entendimento que exige fundamentação
concreta vinculada à prova dos autos, que não se confunde com o princípio da convicção
íntima, pelo que a convicção pessoal e subjetiva do magistrado, alicerçada em outros aspectos
que não a prova existente nos autos, não se presta para conferir suporte a uma decisão.

Verificados todos os elementos necessários e a fundamentação legal sobre a


constituição do crédito consubstanciado na certidão de dívida ativa executada, como no caso é
incontroverso e não foi desconstituído eficazmente pelo Excipiente, executado, a
jurisprudência mais lúcida e atualizada dos nossos Tribunais pacificaram entendimento de que
em situações como no caso sub examine, em que o a Exceção de Pré-Executividade ou, ainda
que fosse embargos à execução, se utiliza de argumentação genérica e incomprovada,
manifestamente subvertendo a realidade, princípios jurídicos e normas legais, jamais poderá
infirma a presunção "juris tantum" de veracidade que protege o que está lançado na certidão da
dívida ativa que instrumentaliza esta execução, cujo crédito, portanto, mantém incólume sua
executividade.
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Nesse contexto, é certo que o Excipiente, executado, expressamente admite o fato


apontado como violando o dispositivo legal de regência – qual seja: a ausência do profissional
farmacêutico no estabelecimento durante a comercialização de medicamentos - cujo
descumprimento motivou a autuação e originou o respectivo processo administrativo,
resultando na correspondente penalidade cuja cobrança se constitui objeto desta execução.

Na realidade, a Exceção de Pré-Executividade apresentada está consubstanciado em


discussão inapropriada à realidade do caso sub examine, tampouco aponta argumentos coerentes
com as circunstâncias deste processo executivo, manifestamente subvertendo a verdade e
procurando induzir em erro o Douto Julgador, além de invocar fundamentos e dispositivos
legais inaplicáveis ao caso concreto.

Enquanto isso, o Excepto, exequente, ajuizou a competente Execução com o objetivo


de receber crédito próprio regularmente constituído, decorrente de sua atividade fiscalizadora e
de polícia vinculada às atividades e profissionais farmacêuticos, cujo valor reivindicado e seus
encargos correlatos observam precisamente as disposições próprias da legislação de regência,
Leis n° 5.274/1.971; 3.820/1.960 e, ainda, 13.021/2014.

Ademais, a certidão de dívida ativa que instrumentaliza esta execução é jurídica e


formalmente perfeita, consequentemente, revestida dos pressupostos de exequibilidade, razão
pela qual o crédito exequendo também se apresenta líquido, certo e exigível, circunstâncias que
não foram desconstituídas pela Exceção de Pré-Executividade.

O certo é que o Excipiente, executado, em momento algum comprovou a ausência de


qualquer dos pressupostos que conferem executividade à certidão de dívida ativa que
instrumentaliza o presente processo executivo, tampouco fez prova de alguma mácula no
processo administrativa que originou a dívida exequenda ou de qualquer vício no crédito
executado.

Constatado inexistir questões de ordem público cognoscíveis de plano por este Douto
Magistrado, assim como não há provas do que é alegado pelo Excipiente, embargante, e
tampouco se encontra caracterizada razões jurídicas e legais para infirmar a liquidez, certeza e
exigibilidade do crédito executado, fundado em título absolutamente legal e juridicamente
perfeito e exigível, não há como se admitir o processamento e procedência do incidente de pré-
executividade, impondo-se que seja rejeitado em todos os seus termos, prosseguindo-se com a
execução em suas ulteriores fases até a plena satisfação do crédito executado.

Portanto, é de se constatar que os argumentos lançados na Exceção de Pré-


Executividade, manifestamente subvertendo a realidade deste processo executivo, sucumbem à
regra contida no artigo 373, II, do Código de Processo Civil, uma vez que o Excipiente,
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executado, não obteve êxito em desconstituir o direito em que o Excepto, executado, funda
sua pretensão, sequer, o incidente processual fez prova capaz de impedir, modificar ou
extinguir o direito reivindicado nesta ação executiva.

De outro modo, o artigo 3º, da Lei de Execuções Fiscais – 6.830/80, dispõe que a
dívida ativa regularmente inscrita, como ocorre no caso desta execução, goza da presunção de
certeza e liquidez, enquanto o parágrafo único do referido dispositivo legal ressalva a
possibilidade de ilidir tal presunção tão somente mediante prova inequívoca, atribuindo o
encargo ao devedor/executado ou terceiro, a quem aproveite, o que não ocorreu no caso sub
examine.

Em sendo assim, sob todos os ângulos que se analise o caso sub examine, enquanto os
argumentos declinados nesta impugnação se apresentam revestidos de suporte fático, jurídico e
legal, a pretensão do Excipiente, executado, não só subverte princípios jurídicos, como afronta
a atual legislação de regência, consequentemente, impondo a improcedência dos pedidos
reivindicados na Exceção de Pré-Executividade.

Indiscutível, por conseguinte, que inexiste suporte fático, jurídico e legal capaz de
macular a presente execução, que se encontra precisamente atendendo as regras da legislação
de regência, instruída por Certidão de Dívida Ativa jurídica e formalmente perfeita,
incontroversamente revestida dos pressupostos de exequibilidade, razão pela qual o crédito
exequendo também se apresenta líquido, certo e exigível, enquanto os cálculos judiciais de
atualização da dívida executada se revelam plenamente observando o ordenamento jurídico e
as normas legais de regência, ressalvando, tão somente, que devem incidir sobre o débito
exequendo os honorários advocatícios, circunstâncias, portanto, que impõe a rejeição da
Exceção de Pré-Executividade apresentada.

Ante o exposto, constatada a exequibilidade e regularidade da Certidão de Dívida


Ativa que instrumentaliza a presente execução fiscal, como, também, a liquidez, certeza e
exigibilidade do crédito exequendo, fundado em título absolutamente legal e juridicamente
perfeito e exigível, caracterizada a impropriedade dos argumentos suscitados pelo Excipiente,
executado, cujas alegações se revelam completamente desamparadas de juridicidade e suporte
legal, inclusive, manifestamente contrariando a realidade do caso sub examine e a regra disposta
no artigo 373, II, do Código de Processo Civil, e, também, as disposições contidas no artigo 3º,
da Lei de Execuções Fiscais – 6.830/80, e seu Parágrafo Único, requer a Vossa Excelência que
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA
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a Exceção de Pré-Executividade seja rejeitada em todos os seus termos, prosseguindo-se com a


Execução em suas fases subsequentes até a plena satisfação do crédito executado, condenando
a Excipiente/Executado no pagamento de honorários advocatícios à base de 20% sobre o
valor da causa.

Termos em que,
pede deferimento.
Recife, 27 de dezembro de 2019.

____________________________________ ____________________________________
BERGSON JOSÉ NOGUEIRA DO NASCIMENTO FILIPE SPENSER DOWSLEY
Procurador Autárquico. OAB-PE 20.645 Advogado do CRF-PE. OAB/PE 34555

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