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Processo: 0803855-74.2018.4.05.8300
Primeiramente, cumpre registrar, desde logo, que o Excipiente, executado, não atacou
o auto de infração e tampouco o processo administrativo que entendeu por aplicar a multa cuja
cobrança do crédito se constitui objeto desta execução, pelo que a legalidade e juridicidade
daqueles procedimentos se apresentam incólumes, enquanto imaculados a validade e eficácia
de seus efeitos.
Ademais, o Excipiente, executado, apenas depois de perder o prazo para
oferecer embargos a esta execução, conforme certidão constante do ID
4058300.6154327, é que a apresentou a presente exceção. Com efeito, apenas após ter
ocorrido a juntado do demonstrativo atualizado de débito, é que o executado se utiliza do
incidente processual da Exceção de Pré-Executividade de forma inapropriada, porquanto, em
momento algum comprovou a ausência de qualquer dos pressupostos que conferem
executividade à certidão de dívida ativa que instrumentaliza o presente processo executivo,
tampouco fez prova de alguma mácula no processo administrativa que originou a dívida
exequenda ou de qualquer vício na constituição do crédito executado.
Em relação aos argumentos contidos na Exceção de Pré-Executividade, o
Excipiente se insurge contra o crédito exequendo de forma imprecisa, porquanto,
inversamente ao anunciado naquele incidente, a execução promovida pelo Excepto não
guarda qualquer relação com cobrança de anuidades, mas, como consta da certidão de
dívida ativa que instrumentaliza este processo executivo, é decorrente da violação à
obrigação legal da presença e responsabilidade técnica de farmacêutico no local autuado.
Conforme o Auto de Infração que originou a multa objeto da execução
embargada, não contestado pelo próprio Excipiente, o estabelecimento autuado se trata da
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SENTENÇA - Tipo A
I - Relatório
O MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES propôs esta demanda com
observância procedimento comum, contra o CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA
DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CRF/PE e sustentou, em síntese: a) que o
demandado vem reiteradamente lhe aplicando multas, com fundamento legal no artigo 24 da
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Lei nº. 3.820/60, sob o argumento de que as Unidades de Saúde do Município não dispõem de
farmacêutico responsável técnico, conforme exigência prevista no artigo 15, Lei nº 5.991/73;
b) que os dispensários de medicamentos municipais (98 unidades de saúde da família e 13
unidades básicas de saúde) são fiscalizados e monitorados por 7 (Sete) profissionais de
farmácia que se responsabilizam pelo armazenamento, distribuição de medicamentos e
condições desses locais; c) a desnecessidade da presença de farmacêutico legalmente habilitado
nas unidades de saúde da família ou nas unidades básicas de saúde do município, visto que
esses órgãos apenas realizam as funções de dispensários de medicamentos e, nessa condição,
não estão obrigados a manter profissionais de farmácia durante os respectivos períodos de
funcionamento, segundo a legislação e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
(Inclusive, em recurso repetitivo); d) a legislação de regência apenas exige a presença de
farmacêutico para as drogarias e farmácias particulares; e) a reiteração da aplicação das multas
importará em prejuízo à população, notadamente a mais carente, visto que não conseguirá
contratar profissionais suficientes para cada uma das unidades de saúde em curto espaço de
tempo. Pediu, liminarmente, que o demandado se abstenha de lhe aplicar multas, fundado no
art. 24 da Lei nº. 3.820/60. Pediu, assim, a declaração da inexistência da obrigação de manter
um farmacêutico em cada Unidade de Saúde do Município.
A tutela de urgência foi indeferida (ID 4058311.2408595).
A demandada apresentou contestação (ID 4058311.2730450). Em síntese: a) impugnou o valor
da causa; b) sustentou que sua atuação se restringe aos estabelecimentos que se caracterizam
como "farmácias públicas", os quais promovem a distribuição e dispensação de medicamentos
à população em geral; c) que os dispensários de medicamentos, em parte, se restringem à
dispensação de medicamentos a pacientes internos nas unidades de saúde/hospitalares, ao
passo que a farmácias pública, além de atender àqueles pacientes, também atuam na
distribuição e orientação direta de medicamentos para a população em geral; d) argumentou
que, conforme a legislação em vigor, "farmácias de qualquer natureza", o que inclui os
dispensários de medicamentos, são obrigadas a manter o farmacêutico responsável técnico.
Pediu a improcedência dos pedidos.
O valor da causa foi fixados em R$ 20.508,00 (ID 4058311.2821245).
Houve réplica (4058311.3042283).
As partes não indicaram provas a serem produzidas, embora intimadas especificamente para
este fim (ID's: 4058311.2982809 e 4058311.2991118).
II - Fundamentos.
1. O demandante postulou a declaração da inexistência de exigência legal de manutenção
de farmacêutico técnico responsável em cada Unidade de Saúde do Município.
Sustentou que as suas unidades de saúde se caracterizam como "dispensários de medicamentos
municipais", ao passo que a legislação de regência apenas exige a presença de farmacêutico para
as drogarias e farmácias particulares.
Argumentou que o farmacêutico responsável técnico se encontra presente na estrutura da
Saúde Pública do Município, visto que suas unidades de saúde são distribuídas em sete
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regionais e que cada uma destas possui um farmacêutico, em tempo integral, responsável por
fiscalizar e monitorar o armazenamento e as condições em que se encontram os dispensários
de medicamentos.
Arguiu a impossibilidade de contratação imediata de farmacêuticos para cada unidade de saúde,
com o único fim de entregar de medicamentos, e que o cumprimento desta exigência
acarretaria prejuízo à população.
Pois bem.
Naquilo que guarda pertinência com o tema, a legislação de regência assim dispõe:
Lei nº 13.021/2014
"Art. 1o As disposições desta Lei regem as ações e serviços de assistência farmacêutica
executados, isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas físicas
ou jurídicas de direito público ou privado.
Art. 2o Entende-se por assistência farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a
assegurar a assistência terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde
nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, tendo o
medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional.
Art. 3o Farmácia é uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência
farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, na qual se
processe a manipulação e/ou dispensação de medicamentos magistrais, oficinais,
farmacopeicos ou industrializados, cosméticos, insumos farmacêuticos, produtos
farmacêuticos e correlatos.
Parágrafo único. As farmácias serão classificadas segundo sua natureza como:
I - farmácia sem manipulação ou drogaria: estabelecimento de dispensação e comércio de
drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais;
(...)
Art. 5o No âmbito da assistência farmacêutica, as farmácias de qualquer natureza
requerem, obrigatoriamente, para seu funcionamento, a responsabilidade e a assistência
técnica de farmacêutico habilitado na forma da lei.
Art. 6o Para o funcionamento das farmácias de qualquer natureza, exigem-se a autorização
e o licenciamento da autoridade competente, além das seguintes condições:
I - ter a presença de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento;
(...)." (Grifos acrescidos).
Lei nº 3.820/60
"Art. 24. - As emprêsas e estabelecimentos que exploram serviços para os quais são necessárias
atividades de profissional farmacêutico deverão provar perante os Conselhos Federal e
Regionais que essas atividades são exercidas por profissional habilitado e registrado.
Parágrafo único - Aos infratores dêste artigo será aplicada pelo respectivo Conselho Regional a
multa de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros)."
Lei nº 5.724/71
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questão de fato ou de direito que deve ser dirimida, conforme a previsão dos arts. 489, inc. IV,
e art. 1.022, inc. I, do CPC, combinados.
Em outros termos, os argumentos que devem ser conhecidos e providos são aqueles que
constituem efetivos pontos e questões, e não todas as afirmativas que a parte lançou em seus
pronunciamentos.
Por outro lado, é mister considerar que a previsão do inc. VI, do art. 489, do CPC, não se
aplica à jurisprudência, súmulas e precedentes meramente persuasivos, ou seja, devem ser
referir necessariamente apenas aos mencionados nos arts. 332, inc. IV, e 927, do CPC, os quais
não se identificam na hipótese deste processo.
Visto que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento daquilo que já
foi decidido, ficam advertidas as partes de que a sua oposição protelatória importará na
aplicação da sanção por litigância de má-fé, na forma dos arts. 80, inc. VII, e 1.026, § 2º, do
CPC.
III. Dispositivo
1. Julgo improcedentes os pedidos, nos termos do art. 487, inc. I, do CPC.
2. Sem custas (Art. 4º, inc. I, da Lei nº 9.289/96).
3. Condeno o demandante ao pagamento dos honorários advocatícios, os quais arbitro
em dez (10%) sobre o valor da causa, nos termos do art. 85, §§ 1.º, 2.º e 3.º, do CPC,
atualizado a partir do ajuizamento.
4. Não cabe o reexame necessário, segundo o disposto no art. 496, § 3º, inc. III, do CPC.
5. Transitada esta em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se.
Remeta-se cópia da presente ao relator do agravo de instrumento nº 0807263-
15.2016.4.05.0000 (ID 4058311.2433313).
P.R.I.
Jaboatão dos Guararapes/PE, data da assinatura eletrônica.
GEORGIUS LUÍS ARGENTINI PRINCIPE CREDIDIO
Juiz Federal
EMENTA
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
CRF/RJ. DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS. PRESENÇA DE
FARMACÊUTICO. DESNECESSIDADE. LEI 13.021/14. INAPLICABILIDADE.
TEMPUS REGIT ACTUM. APELAÇÃO DESPROVIDA.
1 - O Juizo a quo acolheu os Embargos à Execução, declarando extinta a Execução
Fiscal originária, eis que fundada em título executivo nulo que, por sua vez, estaria
embasado em multa administrativa inaplicável ao caso concreto.
2 - O Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp 1110906/SP, pelo
Relator Min. Humberto Martins, sob a sistemática dos recursos repetitivos, reiterou
entendimento pacífico, no sentido de que inexiste obrigatoriedade de manutenção de
responsável técnico farmacêutico, em período integral, nos dispensários de medicamentos
situados em pequena unidade hospitalar.
3 - Pela Lei 13.021/2014, dispensário médico passa a se enquadrar no conceito
de farmácia, estando, portanto, inserido no artigo 15 da Lei 5.991/73, que exige
a presença de técnico farmacêutico responsável em período integral, bem como a
autorização e o licenciamento emitidos pela autoridade competente.
4 - Em respeito ao Princípio do tempus regit actum, à época em que a infração foi lavrada e
a inscrição em Dívida Ativa concretizada, prescindia-se de profissional farmacêutico no
referido dispensário médico, sendo irregular a multa aplicada e, consequentemente, nulo o
título executivo que embasa a Execução Fiscal ora Embargada.
5 - Apelação desprovida.
ACÓRDÃO
DECISÃO
DEFIRO o efeito suspensivo pleiteado (CPC, art. 558), nos termos que seguem.
O agravante interpôs o presente agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo,
contra a r. decisão de fls. 74/76 dos autos originários (fls. 18/20 destes autos), que, em
mandado de segurança, deferiu o pedido de liminar para suspender a exigibilidade do termo de
intimação/auto de infração n. 281818 e o de reincidência; bem como se abstenha de promover
novas autuações até o final do processo.
Pretende o agravante a reforma da r. decisão agravada, alegando, em síntese, que, não obstante
o entendimento jurisprudencial pacificado no sentido de que a presença do farmacêutico à
frente de dispensário de medicamentos não é obrigatória, certo é que a Lei n. 13.021/2014
passou a regular a matéria; que em razão de haver dispensação de medicamentos controlados,
obrigatória se faz a responsabilidade técnica exercida por um farmacêutico habilitado.
Requer seja atribuído efeito suspensivo ao recurso, "suspendendo-se consequentemente a Liminar
proferida no tocante à proibição de o agravante fiscalizar e, se caso for, autuar e multar o estabelecimento
Agravado por inobservância do disposto na Lei n. 13.021/2014"
Razão assiste à agravante.
Inicialmente, observo que o recorrente pleiteia a atribuição de efeito suspensivo somente
quanto à segunda parte do dispositivo da decisão agravada, ou seja, no tocante à abstenção de
lavratura de novas autuações.
Passo, então, ao exame.
Tinha entendimento no sentido de que, de acordo com o art. 15 da Lei n.º 5.991/73, somente
as farmácias e drogarias sujeitavam-se à exigência legal da presença de técnico responsável
inscrito no Conselho Regional de Farmácia, afastando a aplicação da Portaria n.º 1.017/02,
bem como de qualquer outra portaria, decreto ou regulamento que requeresse a presença do
profissional farmacêutico nos dispensários de medicamentos, por se tratar de norma infralegal.
OCORRE QUE, A LEI N. 13.021/2014, ESPECIALMENTE SEUS ARTIGOS 3º, 5º E 6º, INCISO I,
ATUALMENTE PREVÊ EXPRESSAMENTE A NECESSIDADE DA PRESENÇA DE
FARMACÊUTICO PARA DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS, VERBIS:
Consuelo Yoshida
Desembargadora Federal
mandado de segurança (fl. 15), não se constata ocorrência de litigância de má-fé ou crime de
desobediência. Quanto à alegação de descumprimento nas ações anteriormente ajuizadas, a
impetrante, no momento da fiscalização não informou ser filiada ao SINDHOSP e que estava
abrangida na ação n. 95.0000902-1, para obstar a fiscalização, bem como a sentença transitada
em julgado no processo n. 0005322-49.1999.403.6100, apenas anulou auto de infração
anteriormente aplicado, mas não impede a aplicação de novo auto de infração, uma vez que o
dispositivo é que transita em julgado e no dispositivo não há menção à impossibilidade de
novas autuações. Não houve crime de desobediência ou litigância de má-fé, o que houve foi a
apresentação pela impetrante de decisões que lhe favorecem, posteriormente à fiscalização.
Decisão. Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO.
Procedente para declarar a nulidade do auto de infração n. 281818. Improcedente em relação
ao pedido de determinação à autoridade de que se abstenha de realizar novas autuações, bem
como de fixação de multa. A resolução do mérito dá-se nos termos do artigo 269, inciso I do
Código de Processo Civil. Comunique-se ao DD. Desembargador Federal da 6ª Turma,
Relator do agravo de instrumento n. 0006789-68.2015.4.03.0000, o teor desta sentença. Após o
trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Publique-se, registre-se e intimem-se. São Paulo, 26
de junho de 2015.REGILENA EMY FUKUI BOLOGNESI Juíza Federal. Disponibilização
D. Eletrônico de sentença em 12/08/2015, pag 147/2015.
DESPACHO/DECISÃO
Cuida-se de ação pelo procedimento comum, de natureza coletiva, ajuizada pela
ASSOCIAÇÃO DE HOSPITAIS DO ESTADO DE SANTA CATARINA - AHESC e a
FEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS, HOSPITAIS E ENTIDADES FILANTRÓPICAS
DO ESTADO DE SANTA CATARINA - FEHOSC, em face do CONSELHO REGIONAL
DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, buscando, inclusive em sede de
antecipação de tutela, os seguintes provimentos:
a) suspender a exigibilidade das sanções administrativas já aplicadas e, consequentemente,
vedar a inserção dos associados aos Requerentes nos cadastros de dívida ativa – em
decorrência da ausência de profissional farmacêutico responsável técnico para os dispensários
de medicamentos das pequenas unidades hospitalares, assim considerados aquelas com até 50
(cinquenta) leitos, ou da ausência de registro, ou do não pagamento de anuidade;
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b) impedir que o Conselho Requerido efetue novas autuações dos associados aos Requerentes,
com até 50 (cinquenta) leitos, tendo como fato gerador a ausência de profissional farmacêutico
e responsável técnico pelos seus dispensários de medicamentos, ou a ausência de registro, ou o
não pagamento de anuidade;
c) impedir que o Conselho Requerido ingresse com novas Execuções Fiscais embasadas em
CDAs cuja fato gerador seja a ausência de profissional farmacêutico e responsável técnico
pelos seus dispensários de medicamentos, ou a ausência de registro, ou o não pagamento de
anuidade;
d) determinar que o Conselho Requerido se abstenha de exigir dos associados aos Requerentes
que possuam até 50 (cinquenta) leitos, o registro e o pagamento de anuidades; e
e) determinar que o Conselho Requerido se abstenha de realizar procedimentos fiscalizatórios
nos associados aos Requerentes que possuam até 50 (cinquenta) leitos.
Em relação ao periculum in mora, sustenta que o perigo de dano exsurge da iminência dos
hospitais associados aos demandantes, com até 50 leitos, serem fiscalizados, autuados,
multados, notificados e inscritos em dívida ativa por obrigação não prevista em lei (contratar
profissional farmacêutico responsável para os seus dispensários de medicamentos em período
integral de funcionamento do nosocômio).
Junta documentos.
Decido.
Nos termos do art. 300 do CPC/2015, "A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo."
Não vislumbro, neste momento processual, a existência do fummus boni juris, a ensejar a
concessão da medida liminar requerida.
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De fato, até o início da vigência da Lei nº. 13.021/14, vigorava o entendimento de que
era inexigível a presença de profissional farmacêutico, devidamente habilitado, em tais
estabelecimentos, em virtude do dispoto no art. 4º, inciso XIV, da Lei nº. 5.991/73, bem como
do firme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido de que a Súmula
140/TFR deve ser interpretada considerando dispensário de medicamentos a pequena unidade
hospitalar com até 50 (cinquenta) leitos para efeito de afastar a obrigatoriedade da exigência de
manter profissional farmacêutico, conforme acórdão proferido no RESP 1.110.906, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJE 07/08/2012, pelo regime do artigo 543-C do Código de
Processo Civil, assim ementado:
"ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA.
DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS. PRESENÇA DE FARMACÊUTICO.
DESNECESSIDADE. ROL TAXATIVO NO ART. 15 DA LEI N. 5.991/73.
OBRIGAÇÃO POR REGULAMENTO. DESBORDO DOS LIMITES LEGAIS.
ILEGALIDADE. SÚMULA 140 DO EXTINTO TFR. MATÉRIA PACIFICADA NO STJ.
1. Cuida-se de recurso especial representativo da controvérsia, fundado no art. 543-C do Código de Processo
Civil sobre a obrigatoriedade, ou não, da presença de farmacêutico responsável em dispensário de medicamentos
de hospitais e clínicas públicos, ou privados, por força da Lei n. 5.991/73. 2. Não é obrigatória a presença de
farmacêutico em dispensário de medicamentos, conforme o inciso XIV do art. 4º da Lei n. 5.991/73, pois não
é possível criar a postulada obrigação por meio da interpretação sistemática dos arts. 15 e 19 do referido
diploma legal. 3. Ademais, se eventual dispositivo regulamentar, tal como o Decreto n. 793, de 5 de abril de
1993 (que alterou o Decreto n. 74.170, de 10 de junho de 1974), fixar tal obrigação ultrapassará os limites
da lei, porquanto desbordará o evidente rol taxativo fixado na Lei n. 5.991/73. 4. A jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que não é obrigatória a presença de farmacêutico em
dispensário de medicamentos de hospital ou de clínica, prestigiando - inclusive - a aplicação da Súmula 140 do
extinto Tribunal Federal de Recursos. Precedentes. 5. O teor da Súmula 140/TFR - e a desobrigação de
manter profissional farmacêutico - deve ser entendido a partir da regulamentação existente, pela qual o conceito
de dispensário atinge somente "pequena unidade hospitalar ou equivalente" (art. 4º, XV, da Lei n.
5.991/73); atualmente, é considerada como pequena a unidade hospitalar com até 50 (cinquenta) leitos, ao
teor da regulamentação específica do Ministério da Saúde; os hospitais e equivalentes, com mais de 50
(cinquenta) leitos, realizam a dispensação de medicamentos por meio de farmácias e drogarias e, portanto, são
obrigados a manter farmacêutico credenciado pelo Conselho Profissional, como bem indicado no voto-vista do
Min. Teori Zavascki, incorporado aos presentes fundamentos. 6. Recurso sujeito ao regime do art. 543-C do
CPC, combinado com a Resolução STJ 08/2008. Recurso especial improvido."
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Não bastasse, entendo inexistente também o perigo de dano ou resultado útil ao processo, não
se caracterizando a situação de urgência pela mera possibilidade de fiscalização dos associados
da parte autora pelo CRF. Importante consignar que, caso a parte autora venha a ser vencedora
ao final do processo, eventuais autuações fiscais poderão ser declaradas nulas, sem que se
possa falar em risco de ineficácia da medida.
Ante o exposto, indefiro o pedido de antecipação dos efeitos da tutela.
Cite-se o réu.
Intimem-se.
através de seu artigo 3º, é em relação à manipulação ou não de fórmulas magistrais e oficinais,
todavia, sem dispensar a presença e registro de responsabilidade técnica do profissional
farmacêutico em qualquer dos segmentos de atuação, inclusive, independentemente de ser
pública ou privada.
A partir da entrada em vigor das disposições contidas na Lei n°
13.021/2014, em setembro de 2014, ratificando e complementando as regras já então aplicadas
à atividade farmacêutica, consignando que regem as ações e serviços de assistência
farmacêutica executados isolada ou conjuntamente, por pessoas físicas ou jurídicas de direito
público ou privado, que possuam o medicamento como insumo essencial e visando o seu
acesso e uso racional, especificamente as disposições contidas nos artigos 3°, 5°, 6° e 8°, com
abrangência à farmácia de qualquer natureza, restou estabelecido como obrigatoriedade para o
funcionamento a presença e responsabilidade de assistência técnica de farmacêutico habilitado
na forma da lei.
exequibilidade, razão pela qual o crédito exequendo também se apresenta líquido, certo e
exigível, circunstâncias que não foram desconstituídas pela Exceção de Pré-Executividade.
O certo é que o Excipiente, executado, em momento algum
comprovou a ausência de qualquer dos pressupostos que conferem executividade à certidão de
dívida ativa que instrumentaliza o presente processo executivo, tampouco fez prova de alguma
mácula no processo administrativa que originou a dívida exequenda ou de qualquer vício no
crédito executado.
Constatado inexistir questões de ordem público cognoscíveis de plano
por este Douto Magistrado, assim como não há provas do que é alegado pelo Excipiente,
embargante, e tampouco se encontra caracterizada razões jurídicas e legais para infirmar a
liquidez, certeza e exigibilidade do crédito executado, fundado em título absolutamente legal e
juridicamente perfeito e exigível, não há como se admitir o processamento e procedência do
incidente de pré-executividade, impondo-se que seja rejeitado em todos os seus termos,
prosseguindo-se com a execução em suas ulteriores fases até a plena satisfação do crédito
executado.
Portanto, é de se constatar que os argumentos lançados na Exceção
de Pré-Executividade, manifestamente subvertendo a realidade deste processo executivo,
sucumbem à regra contida no artigo 373, II, do Código de Processo Civil, uma vez que o
Excipiente, executado, não obteve êxito em desconstituir o direito em que o Excepto,
executado, funda sua pretensão, sequer, o incidente processual fez prova capaz de impedir,
modificar ou extinguir o direito reivindicado nesta ação executiva.
De outro modo, o artigo 3º, da Lei de Execuções Fiscais – 6.830/80,
dispõe que a dívida ativa regularmente inscrita, como ocorre no caso desta execução, goza da
presunção de certeza e liquidez, enquanto o parágrafo único do referido dispositivo legal
ressalva a possibilidade de ilidir tal presunção tão somente mediante prova inequívoca,
atribuindo o encargo ao devedor/executado ou terceiro, a quem aproveite, o que não ocorreu
no caso sub examine.
Como não bastasse., não é demais lembrar que a comprovação
de que se trata de estabelecimento com menos de 50 (cinquenta) leitos é fato
impeditivo à pretensão autoral.
Desta feita, à luz do artigo 373, II, do Código de Processo Civil,
competiria à Excipiente a comprovação do fato impeditivo, qual seja, que o
estabelecimento autuado possuiria, à época em que foi lavrado o auto de infração,
menos de 50 (cinquenta) leitos. Não obstante, não foram juntadas aos autos quaisquer
provas documentais referentes ao quantitativo de leitos, haja vista, inclusive, que
sequer há descrição do local em que ocorreu a autuação.
Destarte, como a parte ré não se desvencilhou do seu encargo
probatório, não há aderir à conclusão sustentada, mas, ao contrário, rejeitá-la por
completo.
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