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CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA

CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO


Rua Amélia , 50 - Espinheiro – fone - fax 3426-8540 RECIFE -PE
CNPJ 09.822.982/0001-71

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 33ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO ESTADO DE PERNAMBUCO – SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE PALMARES.

Processo: 0803855-74.2018.4.05.8300

O CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE


PERNAMBUCO – CRF/PE, Autarquia Federal já devidamente qualificados nos autos da
EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA em epígrafe,
promovida contra o SAO LOURENCO DA MATA PREFEITURA, pessoa jurídica de direito
público também já qualificado neste processo, por seu procurador infra-assinado, em
atendimento ao despacho de ID 4058300.11957163, vem se manifestar acerca da EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE oferecida pelo Executado, o que faz pelas razões de fato e de direito que
a seguir passa a expor.

I. PRELIMINARMENTE – PERDA DO PRAZO DOS EMBARGOS E


UTILIZAÇÃO INDEVIDA DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.

Primeiramente, cumpre registrar, desde logo, que o Excipiente, executado, não atacou
o auto de infração e tampouco o processo administrativo que entendeu por aplicar a multa cuja
cobrança do crédito se constitui objeto desta execução, pelo que a legalidade e juridicidade
daqueles procedimentos se apresentam incólumes, enquanto imaculados a validade e eficácia
de seus efeitos.
Ademais, o Excipiente, executado, apenas depois de perder o prazo para
oferecer embargos a esta execução, conforme certidão constante do ID
4058300.6154327, é que a apresentou a presente exceção. Com efeito, apenas após ter
ocorrido a juntado do demonstrativo atualizado de débito, é que o executado se utiliza do
incidente processual da Exceção de Pré-Executividade de forma inapropriada, porquanto, em
momento algum comprovou a ausência de qualquer dos pressupostos que conferem
executividade à certidão de dívida ativa que instrumentaliza o presente processo executivo,
tampouco fez prova de alguma mácula no processo administrativa que originou a dívida
exequenda ou de qualquer vício na constituição do crédito executado.
Em relação aos argumentos contidos na Exceção de Pré-Executividade, o
Excipiente se insurge contra o crédito exequendo de forma imprecisa, porquanto,
inversamente ao anunciado naquele incidente, a execução promovida pelo Excepto não
guarda qualquer relação com cobrança de anuidades, mas, como consta da certidão de
dívida ativa que instrumentaliza este processo executivo, é decorrente da violação à
obrigação legal da presença e responsabilidade técnica de farmacêutico no local autuado.
Conforme o Auto de Infração que originou a multa objeto da execução
embargada, não contestado pelo próprio Excipiente, o estabelecimento autuado se trata da
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farmácia central do Município de Barreiros – PE, que promovendo a entrega e distribuição


de remédios e medicamentos para usuários inseridos nos programas de assistência à saúde,
o que não se confunde com dispensário de medicamentos de hospitais e unidades/postos
de saúde, cuja distribuição é exclusivamente interna para os pacientes em
tratamento/atendimento na respectiva unidade de saúde.
Além do que, a exceção de pré-executividade ou objeção de executividade, criação
doutrinária que tem o respaldo da jurisprudência consolidada nos nossos Tribunais,
posteriormente contemplada pelo Código de Processo Civil, é instituto processual vigente em
nosso ordenamento como um dos meios de defesa de que dispõe o devedor executado,
independentemente de garantia do juízo, que se presta à arguição de questões de ordem
pública, apreciáveis de ofício pelo magistrado, e matéria demonstrável de plano, mediante
prova pré-constituída, em que não haveria necessidade de dilação probatória, discussões que,
verdadeiramente, não são tratadas na Exceção de Pré-Executividade apresentada pelo
Excipiente, Executado, que não contempla qualquer das circunstâncias que autorizam o
processamento e eventual acolhimento daquele incidente processual, que, sequer, admite
dilação probatória.
Com efeito, as jurisprudências citadas pelo Excipiente como suporte à
admissibilidade da exceção de pré-executividade não tratam de circunstâncias fáticas, jurídicas e
legais análogas ao caso sub examine, imprestáveis, portanto, a conferirem amparo ao
acolhimento daquele incidente.
Portanto, a controvérsia jurídica e legal estabelecida com a Exceção de Pré-
Executividade apresentada não se insere em questões de ordem pública, apreciáveis de ofício
pelo magistrado, e matéria demonstrável de plano, mediante prova pré-constituída, na verdade,
o Excipiente, executado suscita discussão que não se restringe à aplicação da exigência legal de
responsabilidade técnica e presença do profissional de farmácia à dispensários de
medicamentos, mas, propriamente, na comprovação das atividades efetivamente desenvolvidas
no estabelecimento autuado e as razões pelas quais estaria desobrigada da presença de
profissional farmacêutico e registro de responsabilidade técnica, o que não existe nos autos
deste processo.
Como a própria Exceção de Pré-Executividade admite, a multa objeto desta execução
decorre da inexistência de farmacêutico nos estabelecimentos de saúde municipais, cujo local
autuado, ao contrário do que procura induzir o Excipiente, executado, se encontra
subordinado à exigência legal da presença e responsabilidade técnica do profissional
farmacêutico, conforme preconizados na Lei n° 13.021/2014.
Ademais, inversamente ao que pretende deturpar o Excipiente, executado, as
farmácias públicas municipais não se equivalem a dispensários de medicamentos, que possuem
atividade restrita à dispensação de medicamentos, exclusivamente, para pacientes internos das
unidades de saúde/hospitalares das quais se encontram vinculadas, enquanto as farmácias
públicas, atuando propriamente como farmácia, desenvolvem suas atividades de forma
autônoma ligada ao armazenamento, controle, dispensação e distribuição de medicamentos e
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correlatos diretamente à população de forma geral, atendendo aqueles usuários crônicos


inseridos nos programas de assistência à saúde, portanto, inserindo o estabelecimento autuado
na exigência legal da responsabilidade técnica e presença de profissional farmacêutico durante
todo o expediente, sobretudo, porque possui instalações físicas desvinculadas de qualquer
unidade médica de saúde ou hospital e, portanto, sem ter o suporte profissional especializado,
razão pela qual funciona em desacordo com as legislações Farmacêuticas e Sanitárias, ou seja,
infringido as Leis Federais n° 3.820/60 e 5.991/73, como, sobretudo, a Lei n° 13.021/2014.
Conforme jurisprudência já firmada em nossas Cortes, independentemente de ser
privativa ou não de unidades hospitalares ou similares, o estabelecimento que atua como
farmácia pública ou da família, promovendo a distribuição de medicamentos aqueles usuários
contemplados pelos programas de assistência à saúde, está inserido no conceito amplo de
farmácia, pelo que, nos termos preconizados na Lei n° 13.021/2014, está subordinado à
exigência legal da presença e responsabilidade técnica do profissional farmacêutico, como pode
ser constado do Acórdão abaixo transcrito.

Apelação Cível – AC 589048-PE. Autuado em 27/05/2016


Terceira Turma
PROC. ORIGINÁRIO Nº: 00109953720144058300
Justiça Federal – PE
Vara: 11ª Vara Federal de Pernambuco (Privativa para Execuções Fiscais)
ASSUNTO: Dívida Ativa não-tributária – Administrativo
Relator: Desembargador Federal Cid Marconi
Apte: CRF/PE
Apdo: Município do Recife - PE
EMENTA. ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA. AUTO DE
INFRAÇÃO. MULTA. LEGALIDADE. PRESENÇA DE FARMACÊUTICO EM
"FARMÁCIA DA FAMÍLIA". EXIGÊNCIA. ATIVIDADES TÍPICAS DE FARMÁCIA E
DROGARIAS. ATENDIMENTO À POPULAÇÃO EM GERAL.1. Apelação interposta
pelo Conselho Regional de Farmácia de Pernambuco - CRF/PE, em face da sentença que
acolheu os Embargos à Execução Fiscal e extinguiu a Execução Fiscal pela qual se cobrava
multa aplicada, ante a ausência de profissional farmacêutico em estabelecimento gerido pelo
Município Apelado.2. A decisão impugnada acatou o entendimento reiterado do STJ segundo
o qual as unidades hospitalares de pequeno porte, entendidas como aquelas que detenham
menos de 50 (cinquenta) leitos, estão desobrigadas a conservarem responsável técnico em
farmácia, por comportarem apenas dispensário de medicamentos e não de farmácias ou
drogarias. (REsp 1.110.906/SP, julgado sob o rito dos recursos repetitivos em 23/05/2012,
DJe 07/08/2012).3. DO TEOR DO AUTO DE INFRAÇÃO QUE ORIGINOU A MULTA COBRADA,
PERCEBE-SE QUE O ESTABELECIMENTO FISCALIZADO FORA A "FARMÁCIA DA FAMÍLIA
PONTO DE PARADA", UNIDADE GERIDA PELO MUNICÍPIO APELADO, E COMO SE INFERE
DO PRÓPRIO NOME, NÃO PODE SER CONFUNDIDA COM "DISPENSÁRIO DE
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MEDICAMENTOS" DESTINADO EXCLUSIVAMENTE A ABASTECER UNIDADE HOSPITALAR


DE PEQUENO PORTE, VISTO QUE TEM COMO FINALIDADE ATENDER À POPULAÇÃO EM
GERAL.4. RECONHECIDA A LEGALIDADE DA MULTA APLICADA , IMPÕE-SE A REFORMA DA
SENTENÇA PARA QUE SEJAM REJEITADOS OS EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL E
DETERMINADO O REGULAR PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL.5. Apelação provida.
Honorários à conta do Apelado, fixados em R$ 1.000,00 (mil reais), com base no disposto no
art. 20, § 4º, do CPC/1973, aplicável à espécie, considerando-se, especialmente, o valor em
disputa (R$ 2.260,00 - dois mil, duzentos e sessenta reais). ACÓRDÃO Vistos, relatados e
discutidos os presentes autos, em que são partes as acima identificadas. Decide a Terceira
Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, dar provimento à
Apelação, nos termos do relatório e voto do Desembargador Relator, que passam a integrar o
presente julgado. Recife (PE), 30 de junho de 2016.Desembargador Federal CID MARCONI –
Relator.
Nessas circunstâncias, é de se constatar que inexiste qualquer vício ou
irregularidade no Auto de Infração que originou a multa objeto da execução embargada, cujo
estabelecimento autuado desenvolve atividade própria de farmácia pública/da família e, como
tal, se encontra subordinado à exigência legal da presença e responsabilidade técnica do
profissional farmacêutico durante todo o expediente, todavia, por ocasião da fiscalização,
sendo constatado que funcionando de forma irregular, o que não foi desconstituído pelo
Excipiente, executado, que, expressamente, reconhece o local autuado desenvolve atividade
como farmácia pública municipal.
Portanto, caracterizada a regularidade do Auto de Infração e de seu
correspondente processo administrativo, a certidão de dívida ativa que instrumentaliza a multa
correlata é jurídica e formalmente perfeita, consequentemente, revestida dos pressupostos de
exequibilidade, razão pela qual o crédito exequendo também se apresenta líquido, certo e
exigível.
Em sendo assim, inexistindo questões de ordem público cognoscíveis
de plano por este Douto Magistrado, assim como não há provas do que é alegado pelo
Excipiente, executado, e tampouco se encontra caracterizada razões para infirmar a liquidez,
certeza e exigibilidade do crédito executado, fundado em título absolutamente legal e
juridicamente perfeito e exigível, não há como se admitir o processamento e procedência do
incidente de pré-executividade, impondo-se que seja rejeitado em todos os seus termos,
prosseguindo-se com a execução em suas ulteriores fases até a plena satisfação do crédito
executado.

II. PRELIMINARMENTE: INÉPCIA DA INICIAL. AUSÊNCIA DE


IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DO ESTABELECIMENTO AUTUADO.
IMPOSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO DO FATO IMPEDITIVO
ALEGADO.
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Como não bastasse o manejo indevido da Exceção de Pré-Executividade, verifica-se,


também, a peça apresenta perante este juízo é absolutamente inepta. Com efeito, da leitura da
peça vestibular sequer se aponta qual o estabelecimento de saúde, em específico, reside a
controvérsia.
Por consequência, torna-se impossível até averiguar a verossimilhança das alegações
fáticas apresentadas pela Excipiente, sobretudo quanto à existência de um quantitativo de
leitos inferior a cinquenta. A bem da verdade, da narrativa exposta na peça vestibular não se
consegue, logicamente, chegar na conclusão apontada, razão pela qual é forçoso concluir que
a petição inicial é inepta, conforme preceitua o art. 330, §1º, do Código de Processo Civil.
Ora, se não há a indicação e a descrição do local em que ocorreu a infração,
indubitavelmente, é forçoso concluir que não houve a adequada descrição fática.

III. NOVO TRATAMENTO DA MATÉRIA, À LUZ DA LEI 13.021/2014

CUMPRE RESSALTAR, TAMBÉM, QUE A SITUAÇÃO FÁTICA, JURÍDICA E LEGAL


DISCUTIDA DO CASO SUB EXAMINE SE ENCONTRA SUBORDINADA ÀS REGRAS INSTITUÍDAS
PELA LEI N° 13.021/2014, UMA VEZ QUE O AUTO DE INFRAÇÃO, CUJA NULIDADE É
PRETENDIDA PELO EMBARGANTE, FOI LAVRADO JÁ NA VIGÊNCIA DA LEI N° 13.021/2014,
QUE ENTROU EM VIGOR NO MÊS DE SETEMBRO DE 2014.
A partir da entrada em vigor da Lei n° 13.021/2014, a jurisprudência mais lúcida e
atualizada das nossas Cortes vem consolidando entendimento no sentido de que as
farmácias e dispensário de medicamentos de unidades hospitalares se encontram
obrigadas para seu funcionamento à responsabilidade técnica e presença de
profissional farmacêutico, inexistindo qualquer restrição ou especificação no que se
refere ao seu tamanho/porte ou ao número de leitos existente na unidade
hospitalar/saúde a se subordinar a tal exigência ou tampouco faz distinção da
atividade farmacêutica ser principal ou subsidiária, como bem registrado no Voto
do Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior, QUE INTEGRA A 4ª
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DA QUINTA REGIÃO, EM ACÓRDÃO UNÂNIME DE
SUA RELATORIA, JÁ TRANSITADO EM JULGADO, cujo trecho é transcrito abaixo.
Tribunal Regional da Quinta Região – TRF5
PROCESSO Nº: 0800168-93.2017.4.05.8310 – APELAÇÃO
APELANTE: ESTADO DE PERNAMBUCO
APELADO: CONSELHO REGIONAL DE FARMACIA DE PERNAMBUCO
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Edilson Pereira Nobre Junior - 4ª Turma
JUIZ PROLATOR DA SENTENÇA (1° GRAU): Juiz(a) Federal Allan Endry Veras
Ferreira
...
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Nessa investigação, a partir da edição da Lei 13.021/2014, a necessidade da presença de farmacêutico


abrange as farmácias privativas de unidades hospitalares, independentemente do porte da
unidade hospitalar, encontrando-se superado, de conseguinte, o entendimento consolidado pelo Superior
Tribunal de Justiça nos autos do REsp 1.110.906/SP.
...
Desse modo, conforme jurisprudência mais lúcida e atualizada que
vem se firmando em nossos Tribunais, inclusive, nos termos de decisões já proferidas no
âmbito desta seção judiciária do Estado de Pernambuco, como se vê da sentença
abaixo transcrita, com a entrada em vigor da LEI N° 13.021/2014, farmácias de qualquer
natureza, o que compreende, também, farmácias públicas e dispensário de medicamentos, se
encontram obrigadas para seu funcionamento à responsabilidade técnica e presença de
profissional farmacêutico, inclusive, abrangendo farmácias privativas de unidades hospitalares,
inexistindo qualquer restrição ou especificação no que se refere ao seu tamanho/porte ou ao
número de leitos existente na unidade hospitalar/saúde a se subordinar a tal exigência ou
tampouco faz distinção da atividade farmacêutica ser principal ou subsidiária.

- JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Processo nº 0006639-28.2016.4.05.8300 - EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL


11a. VARA FEDERAL – Seção Judiciária do Estado de Pernambuco
Autuado em 02/05/2016 - Consulta Realizada em: 14/10/2016 às 11:15
EMBARGANTE: MUNICIPIO DE ARACOIABA
EMBARGADO: CONSELHO REGIONAL DE FARMACIA DE PERNAMBUCO -
CRF/PE
11a. VARA FEDERAL - Danielle Souza de Andrade e Silva Cavalcanti

O MUNICÍPIO DE ARAÇOIABA opõe embargos à execução fiscal nº 0011326-


82.2015.4.05.8300, que lhe move o CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA EM
PERNAMBUCO - CRF/PE alegando a desnecessidade de manutenção de farmacêutico em
farmácias públicas municipais quando funcionam como dispensários de medicamentos.
Requer a desconstituição do título executivo com o reconhecimento da nulidade da CDA.
Recebidos os embargos e determinada a suspensão da execução nos autos principais (fl. 37).
O CRF/PE apresenta impugnação aos embargos, afirmando que: a) a partir de 2014 passou a
ser obrigatória a presença de farmacêuticos em farmácias de qualquer natureza; b) é sua
atribuição a fiscalização da unidade autuada; c) a executada não provou que não está inserida
nas exigências legais de registro de responsável técnico e da presença de profissional
farmacêutico; d) o crédito exequendo é líquido, certo e exigível (fls. 41/54).
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O Município de Araçoiaba, intimado a se manifestar acerca da impugnação aos embargos,


informou que o estabelecimento autuado localiza-se dentro da Unidade Hospitalar e possui
apenas 6 leitos, funcionando tão somente como dispensário de medicamentos.
O Conselho Regional de Farmácia rebate as alegações do embargante e informa que o
estabelecimento autuado, em verdade, não se trata propriamente de uma unidade hospitalar,
mas de unidade de saúde vinculada ao Fundo de Saúde Municipal, atuando como farmácia
pública. No mais, reafirma o disposto na impugnação aos embargos.
É O RELATÓRIO. FUNDAMENTO E DECIDO.
Prefacialmente, anoto que, ao contrário do alegado pela embargante, os Conselhos Regionais e
Farmácia são responsáveis por promover a fiscalização de unidade de saúde quanto ao
cumprimento da legislação pertinente ao exercício da profissão farmacêutica. É o que se
depreende do art. 10, c, da Lei nº 3.820/60, in verbis:
Art. 10. As atribuições dos Conselhos Regionais são as seguintes:
(...)
c) fiscalizar o exercício da profissão, impedindo e punindo as infrações à lei, bem como
enviando às autoridades competentes relatórios documentados sôbre os fatos que apurarem e
cuja solução não seja de sua alçada;
Extrai-se do teor legal que, até mesmo para averiguar se é obrigatório o exercício da profissão,
é necessário que se atribua ao Conselho Regional de Farmácia o poder de fiscalização.
Obviamente, ele só poderá impor punições em caso de infração à lei, não cabendo presumir,
sem fiscalizar, que é dispensada a presença de um profissional de farmácia em um
estabelecimento que, de alguma forma, lide com fármacos.
A art. 24 da Lei nº 3.820/60 impõe a presença de um profissional habilitado e registrado no
Conselho Regional nas empresas e estabelecimentos que explorem serviços para os quais são
necessárias atividades de profissional farmacêutico.

O cerne da questão consiste em perquirir se no FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE


DE ARAÇOIABA, entidade citada no auto de infração que ensejou a multa que se
executa no processo nº 0011326-82.2015.4.05.8300, explora serviços em que a presença
do profissional de farmácia é imperativa.

A Lei nº 5.991/73, ao dispor sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos,


insumos farmacêuticos e correlatos, discerniu os conceitos de farmácia, drogaria e dispensário
de medicamentos:
Art. 4º - Para efeitos desta Lei, são adotados os seguintes conceitos:
(...)
X - Farmácia - estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio
de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de
dispensação e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra
equivalente de assistência médica;
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XI - Drogaria - estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos


farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais;
V - Dispensário de medicamentos - setor de fornecimento de medicamentos industrializados,
privativo de pequena unidade hospitalar ou equivalente;"
O art. 15 do diploma legal retro mencionado torna obrigatória a assistência de técnico
responsável inscrito no Conselho Regional de Farmácia apenas para as farmácias e drogarias.
Vejamos:
Art. 15 - A farmácia e a drogaria terão, obrigatoriamente, a assistência de técnico responsável,
inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei.
§ 1º - A presença do técnico responsável será obrigatória durante todo o horário de
funcionamento do estabelecimento.
§ 2º - Os estabelecimentos de que trata este artigo poderão manter técnico responsável
substituto, para os casos de impedimento ou ausência do titular.
§ 3º - Em razão do interesse público, caracterizada a necessidade da existência de farmácia ou
drogaria, e na falta do farmacêutico, o órgão sanitário de fiscalização local licenciará os
estabelecimentos sob a responsabilidade técnica de prático de farmácia, oficial de farmácia ou
outro, igualmente inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei.
Pois bem. O auto de infração constante no anexo 69 dá conta que o FUNDO MUNICIPAL
DE SAÚDE DE ARAÇOIABA se enquadra como farmácia pública, porém não possuía
profissional farmacêutico responsável. Na petição do Município (fls.58/59), há informação que
a referida unidade encontra-se localizada dentro de uma unidade hospitalar que possui 6 leitos,
funcionando apenas como dispensário de medicamentos.
DE VER-SE QUE A UNIDADE DE SAÚDE NÃO SE ENQUADRA NOS CONCEITOS DE FARMÁCIA OU
DROGARIA, E SIM NO DE DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS, O QUE, NOS TERMOS DO ART. 15
DA LEI Nº 5.991/73 ERA DISPENSADA DA OBRIGATORIEDADE DE ASSISTÊNCIA DE UM
PROFISSIONAL DE FARMÁCIA EM SEU QUADRO.
TAL ASSERTIVA TINHA VALIDADE ATÉ A ENTRADA EM VIGOR DA LEI Nº 13.021/2014, QUE
ASSIM DEFINIU "FARMÁCIA":
ART. 3º. FARMÁCIA É UMA UNIDADE DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DESTINADA A PRESTAR
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, ASSISTÊNCIA À SAÚDE E ORIENTAÇÃO SANITÁRIA
INDIVIDUAL E COLETIVA, NA QUAL SE PROCESSE A MANIPULAÇÃO E/OU DISPENSAÇÃO DE
MEDICAMENTOS MAGISTRAIS, OFICINAIS, FARMACOPEICOS OU INDUSTRIALIZADOS,
COSMÉTICOS, INSUMOS FARMACÊUTICOS, PRODUTOS FARMACÊUTICOS E CORRELATOS.
NESSE PISAR, A PARTIR DE 24/09/2014, OS DISPENSÁRIOS DE MEDICAMENTOS PASSARAM
A SER INCORPORADOS AO NOVEL CONCEITO DE FARMÁCIA . E A INOVAÇÃO NÃO FINDOU
NA MODIFICAÇÃO DESSE CONCEITO. A PARTIR DESSE MARCO, AS FARMÁCIAS DE
QUALQUER NATUREZA, ASSIM DEFINIDAS NO ART. 3º, PASSARAM A SER INJUNGIDAS A
CONTRATAR FARMACÊUTICO DURANTE TODO O HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO . É A
DICÇÃO DO ART. 6º DA LEI Nº 13.021/2014:
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ART. 6º. PARA O FUNCIONAMENTO DAS FARMÁCIAS DE QUALQUER NATUREZA , EXIGEM-


SE A AUTORIZAÇÃO E O LICENCIAMENTO DA AUTORIDADE COMPETENTE, ALÉM DAS
SEGUINTES CONDIÇÕES:
I - TER A PRESENÇA DE FARMACÊUTICO DURANTE TODO O HORÁRIO DE
FUNCIONAMENTO;
II - TER LOCALIZAÇÃO CONVENIENTE, SOB O ASPECTO SANITÁRIO;
III - DISPOR DE EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS À CONSERVAÇÃO ADEQUADA DE
IMUNOBIOLÓGICOS;
IV - CONTAR COM EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS QUE SATISFAÇAM AOS REQUISITOS
TÉCNICOS ESTABELECIDOS PELA VIGILÂNCIA SANITÁRIA .
NO CASO CONCRETO, O AUTO DE INFRAÇÃO FOI LAVRADO EM 26/01/2015, QUANDO JÁ
EM VIGOR A LEI Nº 13.021/2014. NAQUELA OCASIÃO, DISPENSÁRIOS DE MEDICAMENTOS
JÁ ERAM CONSIDERADOS FARMÁCIAS E, POR IMPOSIÇÃO DO ART. 6º DO MENCIONADO
DIPLOMA LEGAL, IMPERIOSA A PRESENÇA DE FARMACÊUTICO DURANTE TODO O SEU
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO.
O EMBARGANTE FUNDAMENTOU SEUS ARGUMENTOS EM LEIS ANTERIORES, SEMPRE
DEFENDENDO A NÃO EXIGÊNCIA DO PROFISSIONAL DE FARMÁCIA NA UNIDADE DE SAÚDE EM
QUESTÃO, PORÉM NÃO FEZ PROVA DA EXISTÊNCIA EFETIVA DESSE PROFISSIONAL DO MODO
EXIGIDO NA ATUAL LEGISLAÇÃO.
Dessa forma, mostra-se inequívoco que não havia farmacêutico na unidade quando da
fiscalização pelo Conselho Regional de Farmácia em 26/01/2015, donde legítima a cobrança
de multa pelo descumprimento da legislação pertinente.
NOTE-SE QUE, APÓS O ADVENTO DA LEI Nº 13.021/2014, É DESIMPORTANTE QUE A
UNIDADE DE SAÚDE AUTUADA NÃO POSSUA LEITOS, E O REPETITIVO DO STJ CITADO
PELA EMBARGANTE APLICA-SE APENAS ÀS SITUAÇÕES ANTERIORES À MUDANÇA
LEGISLATIVA.
POSTO ISSO, julgo improcedentes os pedidos formulados nos presentes embargos à
execução.
Sem custas (art. 7º, da Lei nº 9.289/96).
Condeno o Embargante ao pagamento de honorários advocatícios, que arbitro em 10% (dez
por cento) do valor atribuído à execução fiscal, nos termos do art. 85, § 3º, do CPC.
Junte-se aos autos da execução fiscal cópia desta sentença.
Registre-se. Publique-se. Intimem-se.

SENTENÇA - Tipo A
I - Relatório
O MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES propôs esta demanda com
observância procedimento comum, contra o CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA
DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CRF/PE e sustentou, em síntese: a) que o
demandado vem reiteradamente lhe aplicando multas, com fundamento legal no artigo 24 da
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA
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Lei nº. 3.820/60, sob o argumento de que as Unidades de Saúde do Município não dispõem de
farmacêutico responsável técnico, conforme exigência prevista no artigo 15, Lei nº 5.991/73;
b) que os dispensários de medicamentos municipais (98 unidades de saúde da família e 13
unidades básicas de saúde) são fiscalizados e monitorados por 7 (Sete) profissionais de
farmácia que se responsabilizam pelo armazenamento, distribuição de medicamentos e
condições desses locais; c) a desnecessidade da presença de farmacêutico legalmente habilitado
nas unidades de saúde da família ou nas unidades básicas de saúde do município, visto que
esses órgãos apenas realizam as funções de dispensários de medicamentos e, nessa condição,
não estão obrigados a manter profissionais de farmácia durante os respectivos períodos de
funcionamento, segundo a legislação e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
(Inclusive, em recurso repetitivo); d) a legislação de regência apenas exige a presença de
farmacêutico para as drogarias e farmácias particulares; e) a reiteração da aplicação das multas
importará em prejuízo à população, notadamente a mais carente, visto que não conseguirá
contratar profissionais suficientes para cada uma das unidades de saúde em curto espaço de
tempo. Pediu, liminarmente, que o demandado se abstenha de lhe aplicar multas, fundado no
art. 24 da Lei nº. 3.820/60. Pediu, assim, a declaração da inexistência da obrigação de manter
um farmacêutico em cada Unidade de Saúde do Município.
A tutela de urgência foi indeferida (ID 4058311.2408595).
A demandada apresentou contestação (ID 4058311.2730450). Em síntese: a) impugnou o valor
da causa; b) sustentou que sua atuação se restringe aos estabelecimentos que se caracterizam
como "farmácias públicas", os quais promovem a distribuição e dispensação de medicamentos
à população em geral; c) que os dispensários de medicamentos, em parte, se restringem à
dispensação de medicamentos a pacientes internos nas unidades de saúde/hospitalares, ao
passo que a farmácias pública, além de atender àqueles pacientes, também atuam na
distribuição e orientação direta de medicamentos para a população em geral; d) argumentou
que, conforme a legislação em vigor, "farmácias de qualquer natureza", o que inclui os
dispensários de medicamentos, são obrigadas a manter o farmacêutico responsável técnico.
Pediu a improcedência dos pedidos.
O valor da causa foi fixados em R$ 20.508,00 (ID 4058311.2821245).
Houve réplica (4058311.3042283).
As partes não indicaram provas a serem produzidas, embora intimadas especificamente para
este fim (ID's: 4058311.2982809 e 4058311.2991118).
II - Fundamentos.
1. O demandante postulou a declaração da inexistência de exigência legal de manutenção
de farmacêutico técnico responsável em cada Unidade de Saúde do Município.
Sustentou que as suas unidades de saúde se caracterizam como "dispensários de medicamentos
municipais", ao passo que a legislação de regência apenas exige a presença de farmacêutico para
as drogarias e farmácias particulares.
Argumentou que o farmacêutico responsável técnico se encontra presente na estrutura da
Saúde Pública do Município, visto que suas unidades de saúde são distribuídas em sete
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regionais e que cada uma destas possui um farmacêutico, em tempo integral, responsável por
fiscalizar e monitorar o armazenamento e as condições em que se encontram os dispensários
de medicamentos.
Arguiu a impossibilidade de contratação imediata de farmacêuticos para cada unidade de saúde,
com o único fim de entregar de medicamentos, e que o cumprimento desta exigência
acarretaria prejuízo à população.
Pois bem.
Naquilo que guarda pertinência com o tema, a legislação de regência assim dispõe:
Lei nº 13.021/2014
"Art. 1o As disposições desta Lei regem as ações e serviços de assistência farmacêutica
executados, isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas físicas
ou jurídicas de direito público ou privado.
Art. 2o Entende-se por assistência farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a
assegurar a assistência terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde
nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, tendo o
medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional.
Art. 3o Farmácia é uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência
farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, na qual se
processe a manipulação e/ou dispensação de medicamentos magistrais, oficinais,
farmacopeicos ou industrializados, cosméticos, insumos farmacêuticos, produtos
farmacêuticos e correlatos.
Parágrafo único. As farmácias serão classificadas segundo sua natureza como:
I - farmácia sem manipulação ou drogaria: estabelecimento de dispensação e comércio de
drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais;
(...)
Art. 5o No âmbito da assistência farmacêutica, as farmácias de qualquer natureza
requerem, obrigatoriamente, para seu funcionamento, a responsabilidade e a assistência
técnica de farmacêutico habilitado na forma da lei.
Art. 6o Para o funcionamento das farmácias de qualquer natureza, exigem-se a autorização
e o licenciamento da autoridade competente, além das seguintes condições:
I - ter a presença de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento;
(...)." (Grifos acrescidos).
Lei nº 3.820/60
"Art. 24. - As emprêsas e estabelecimentos que exploram serviços para os quais são necessárias
atividades de profissional farmacêutico deverão provar perante os Conselhos Federal e
Regionais que essas atividades são exercidas por profissional habilitado e registrado.
Parágrafo único - Aos infratores dêste artigo será aplicada pelo respectivo Conselho Regional a
multa de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros) a Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros)."
Lei nº 5.724/71
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"Art. 1º As multas previstas no parágrafo único do artigo 24 e no inciso II do artigo 30 da Lei


nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, passam a ser de valor igual a 1 (um) salário-mínimo a
3(três) salários-mínimos regionais, que serão elevados ao dôbro no caso de reincidência."
Lei n.º 5.991/73
"Art. 15. A farmácia e a drogaria terão, obrigatoriamente, a assistência de técnico responsável,
inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei.
§ 1º - A presença do técnico responsável será obrigatória durante todo o horário de
funcionamento do estabelecimento.
(...)." (Grifos acrescidos).
FAZ-SE MISTER TER BEM PRESENTE QUE A MATÉRIA RECEBEU RECENTE INOVAÇÃO
LEGISLATIVA COM A PROMULGAÇÃO DA LEI Nº 13.021/2014 (EM VIGOR DESDE SETEMBRO
DE 2014), PARA ALÉM DAS REGRAS INSERTAS NA LEI Nº 5.991/73.
COM EFEITO, A PARTIR DA LEI Nº. 13.021/2014, OS DISPENSÁRIOS DE MEDICAMENTOS DA
REDE PÚBLICA, ASSIM COMO OS HOSPITAIS PARTICULARES PASSARAM A SER LEGALMENTE
CONSIDERADOS COMO FARMÁCIAS.
POR CONSEGUINTE, A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.021/2014, OS DISPENSÁRIOS,
QUER PÚBLICOS, QUER OS HOSPITALARES, PÚBLICOS E PRIVADOS, UMA VEZ QUE
OSTENTAM A CONDIÇÃO DE FARMÁCIAS, DEVEM ESTAR ASSISTIDOS POR PROFISSIONAIS
FARMACÊUTICOS HABILITADOS.
EM OUTROS TERMOS, COM A VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.021/2014, NÃO MAIS PREVALECE A
DISTINÇÃO ENTRE "FARMÁCIAS" E "DISPENSÁRIOS DE MEDICAMENTOS", PARA FINS DE
INCIDÊNCIA DA REGRA ESTABELECIDA NO ART. 15 DA LEI N.º 5.991/73.
DESTE MODO, PARA AS SITUAÇÕES POSTERIORES À EDIÇÃO DA LEI N.º 13.021/2014, E
APENAS PARA ESSAS SITUAÇÕES, ENCONTRA-SE SUPERADA A JURISPRUDÊNCIA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, INCLUSIVE, O RECURSO REPETITIVO, NO SENTIDO DA
INEXIGIBILIDADE DESSES PROFISSIONAIS NOS DISPENSÁRIOS PÚBLICOS OU NAS
UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE.
SOBRE O PONTO, O SEGUINTE PRECEDENTE:
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA. PRESENÇA DE FARMACÊUTICO.
RESP 1110906/SP REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA - ART. 543-C DO
CPC. DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS. FISCALIZAÇÃO ANTERIOR À
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.021/2014. VERBA HONORÁRIA MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO.
- A obrigatoriedade de profissional técnico farmacêutico nas farmácias e drogarias, encontra-se
disciplinada no artigo 15 da Lei nº 5.991/73, que trata do Controle Sanitário do Comércio de
Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos e Correlatos, e dá outras Providências. O
artigo 4º de referido diploma legal conceitua drogaria, farmácia e dispensário de medicamentos.
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- Ausente previsão legal, inviável exigir a permanência de profissional farmacêutico no posto


e/ou dispensário de medicamentos, bem assim, em Unidades Básicas de Saúde, incluídas no
conceito de "posto de medicamentos".
- "Se eventual dispositivo regulamentar, seja ele Decreto, Portaria ou Resolução, consignou tal
obrigação, o fez de forma a extrapolar os termos estritos da legislação vigente e, desta forma,
não pode prevalecer" (REsp 1.110.906/SP). Assim, a obrigatoriedade da assistência e
responsabilidade de farmacêutico em dispensários de hospitais ou unidades de saúde, públicas
ou privadas não pode subsistir nos termos em que dispõe o artigo 1º do Decreto nº 85.878/81.
- A C. Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento, em
julgamento submetido à sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil - REsp nº
1.110.906/SP, de que não é exigível a presença de responsável técnico farmacêutico nos
dispensários de medicamentos.
- Na ocasião, restou consignada a incidência da Súmula 140 do extinto Tribunal Federal de
Recursos, cujo conceito de dispensário de medicamentos foi atualizado para estabelecer que, "a
partir da revogação da Portaria Ministerial 316/77, ocorrida em 30/12/10, considera-se
unidade hospitalar de pequeno porte o hospital cuja capacidade é de até 50 leitos". Nesse
passo, a interpretação dada pelo julgado afasta a alegada violação aos princípios da isonomia,
da proporcionalidade e da dignidade humana, bem assim aos artigos 6º e 196 da Constituição
Federal.
- A matéria foi radicalmente alterada pela entrada em vigor da Lei nº 13.021, de
08/08/2014. Com a entrada em vigor em setembro de 2014, os dispensários de
medicamentos da rede pública, e também dos hospitais particulares, passaram a ser
legalmente considerados como farmácias.
- Por silogismo, na ótica na novel legislação, os dispensários públicos e os hospitalares,
públicos e privados, sendo considerados como farmácias, devem estar assistidos por
profissionais farmacêuticos habilitados.
- Para as situações posteriores à edição da lei em comento, e apenas para estas
situações, encontra-se superada a jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça e
dos demais Tribunais pátrios no sentido da inexigibilidade de tais profissionais.
- No caso, aplica-se a legislação anterior à Lei nº 13.021/2014, uma vez que conforme Termo
de Intimação/Auto de Infração (fls. 123/129 e 137/146), em 24/08/2004, 02/12/2005,
15/09/2006 e 22/04/2008, a apelada foi autuada como Posto de Pronto Atendimento - PPA
Isamu Ito - Farmácia Privativa de Unidade Básica de Saúde, Prefeitura Municipal de
Itapira/SP, assim, de rigor a manutenção da r. sentença Singular.
- Quanto à verba honorária, nos termos da jurisprudência da Quarta Turma, e considerando o
valor da causa (R$ 37.415,50 - trinta e sete mil, quatrocentos e quinze reais e cinquenta
centavos - em 30/11/2012 - fl. 122), bem como a matéria discutida nos autos, mantenho os
honorários advocatícios em 10% (dez por cento) do valor da execução, devidamente
atualizados, conforme a regra prevista no § 4º do artigo 20 do Código de Processo Civil.
- Apelação improvida (Destaques acrescidos).
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(TRF da 3ª Região, 4ª Turma, AC: 00421866720154039999 SP 0042186-67.2015.4.03.9999,


Rel. Mônica Nobre, j: 02/03/2016, e-DJF3: 14/03/2016)
Por sua vez, a eventual impossibilidade de contratação imediata de farmacêuticos para cada
unidade de saúde, arguida pelo demandante, não o exime do cumprimento da determinação
legal.
Sob outro aspecto, importa ressaltar que nem sequer ficou demonstrado nos autos, de forma
inequívoca, que todos os estabelecimentos mencionados pelo demandante, de fato, se
caracterizam como dispensários de medicamentos.
NADA OBSTANTE, AINDA QUE ASSIM NÃO FOSSE, CONSOANTE ACIMA SE EXPÔS, OS
DISPENSÁRIOS DE MEDICAMENTOS, A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.021/2014, SÃO
LEGALMENTE CONSIDERADOS COMO FARMÁCIAS, DE MODO QUE SE IMPÕE A CONCLUSÃO
DE QUE OS ESTABELECIMENTOS EM QUESTÃO DEVEM, SIM, OBSERVÂNCIA AO DISPOSTO
NO ART. 15 DA LEI N.º 5.991/73.
NESTAS CONDIÇÕES, A IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS SE IMPÕE NA HIPÓTESE.
2. Honorários advocatícios
O art. 85, caput, do CPC (Lei n.º 13.105/05) estabelece que a sentença condenará o vencido a
pagar honorários ao advogado do devedor, com observância dos critérios estabelecidos nos
incisos do § 2º deste mesmo dispositivo.
Assim, em razão da pouca complexidade desta ação incidente e do reduzido tempo gasto para
a sua solução, os honorários devem ser fixados no patamar legal, isto é, em dez por cento
(10%) sobre o valor da causa (§ 3º, inc. I, do art. 85 do CPC), o qual deverá ser atualizado a
partir do ajuizamento.
3. Reexame necessário.
O valor da causa não supera o importe equivalente a cem (100) salários mínimos, ou seja, o
valor da situação material controvertida não acarreta benefício patrimonial superior ao patamar
legal (art. 496, § 3º, inc.III, do CPC).
Portanto, não cabe o reexame necessário desta sentença, segundo o disposto no art. 496, § 3º,
inc. III, do CPC).
4. Conhecimento e questões providas.
Consigna-se, por fim, que por todas as razões acima expostas, bem como em virtude de ser a
fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes,
considera-se como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os
como devidamente prequestionados, possibilitando, eventualmente, a interposição dos
recursos cabíveis.
Deve-se ter bem presente, neste ponto, que o juiz está obrigado a prover sobre os pontos,
questões e argumentos que importem na constituição destes e que infirmem a conclusão
apontada na sentença (Arts. 489, inc. IV, e 1.022, inc. II, do CPC).
Não é a mera afirmação ou argumentação da parte que justifica a interposição do recurso, mas,
sim, o argumento concreto que se constitui em ponto controvertido, e, por conseguinte, em
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questão de fato ou de direito que deve ser dirimida, conforme a previsão dos arts. 489, inc. IV,
e art. 1.022, inc. I, do CPC, combinados.
Em outros termos, os argumentos que devem ser conhecidos e providos são aqueles que
constituem efetivos pontos e questões, e não todas as afirmativas que a parte lançou em seus
pronunciamentos.
Por outro lado, é mister considerar que a previsão do inc. VI, do art. 489, do CPC, não se
aplica à jurisprudência, súmulas e precedentes meramente persuasivos, ou seja, devem ser
referir necessariamente apenas aos mencionados nos arts. 332, inc. IV, e 927, do CPC, os quais
não se identificam na hipótese deste processo.
Visto que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento daquilo que já
foi decidido, ficam advertidas as partes de que a sua oposição protelatória importará na
aplicação da sanção por litigância de má-fé, na forma dos arts. 80, inc. VII, e 1.026, § 2º, do
CPC.
III. Dispositivo
1. Julgo improcedentes os pedidos, nos termos do art. 487, inc. I, do CPC.
2. Sem custas (Art. 4º, inc. I, da Lei nº 9.289/96).
3. Condeno o demandante ao pagamento dos honorários advocatícios, os quais arbitro
em dez (10%) sobre o valor da causa, nos termos do art. 85, §§ 1.º, 2.º e 3.º, do CPC,
atualizado a partir do ajuizamento.
4. Não cabe o reexame necessário, segundo o disposto no art. 496, § 3º, inc. III, do CPC.
5. Transitada esta em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se.
Remeta-se cópia da presente ao relator do agravo de instrumento nº 0807263-
15.2016.4.05.0000 (ID 4058311.2433313).
P.R.I.
Jaboatão dos Guararapes/PE, data da assinatura eletrônica.
GEORGIUS LUÍS ARGENTINI PRINCIPE CREDIDIO
Juiz Federal

- TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA SEGUNDA REGIÃO

Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível


Nº CNJ: 0000295-41.2014.4.02.5113 (2014.51.13.000295-9)
RELATOR: Desembargador Federal GUILHERME DIEFENTHAELER
APELANTE: CRF - CONSELHO REGIONAL DE FARMACIA
ADVOGADO: MARIA DE FATIMA BESERRA DUARTE E OUTROS
APELADO: MUNICIPIO DE SAPUCAIA - RJ
ADVOGADO: ARTHUR LEMGRUBER MIRANDA DE SOUZA
ORIGEM: 01ª Vara Federal de Três Rios (00002954120144025113) Juiz Federal GUSTAVO
BAIÃO VILELA
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EMENTA
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
CRF/RJ. DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS. PRESENÇA DE
FARMACÊUTICO. DESNECESSIDADE. LEI 13.021/14. INAPLICABILIDADE.
TEMPUS REGIT ACTUM. APELAÇÃO DESPROVIDA.
1 - O Juizo a quo acolheu os Embargos à Execução, declarando extinta a Execução
Fiscal originária, eis que fundada em título executivo nulo que, por sua vez, estaria
embasado em multa administrativa inaplicável ao caso concreto.
2 - O Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp 1110906/SP, pelo
Relator Min. Humberto Martins, sob a sistemática dos recursos repetitivos, reiterou
entendimento pacífico, no sentido de que inexiste obrigatoriedade de manutenção de
responsável técnico farmacêutico, em período integral, nos dispensários de medicamentos
situados em pequena unidade hospitalar.
3 - Pela Lei 13.021/2014, dispensário médico passa a se enquadrar no conceito
de farmácia, estando, portanto, inserido no artigo 15 da Lei 5.991/73, que exige
a presença de técnico farmacêutico responsável em período integral, bem como a
autorização e o licenciamento emitidos pela autoridade competente.
4 - Em respeito ao Princípio do tempus regit actum, à época em que a infração foi lavrada e
a inscrição em Dívida Ativa concretizada, prescindia-se de profissional farmacêutico no
referido dispensário médico, sendo irregular a multa aplicada e, consequentemente, nulo o
título executivo que embasa a Execução Fiscal ora Embargada.
5 - Apelação desprovida.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas:


Decide a Oitava Turma Especializada do Egrégio Tribunal Regional Federal da 2ª Região,
por unanimidade, em negar provimento à Apelação, nos termos do voto do Relator,
constante dos autos e que fica fazendo parte integrante do presente julgado.
Rio de Janeiro, 02 de setembro de 2016. GUILHERME DIEFENTHAELER,
Desembargador Federal.

- TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA TERCEIRA REGIÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0006789-68.2015.4.03.0000/SP


2015.03.00.006789-2/SP
RELATORA – Desembargadora Federal CONSUELO YOSHIDA
AGRAVANTE Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo CRF/SP
ADVOGADO SP296905 RAFAEL PEREIRA BACELAR e outro
AGRAVADO(A) CLINICA DE CIRURGIA PLASTICA JORGE ISHIDA S/C LTDA
ADVOGADO SP130788 CRISTIANE SCHINEIDER CALDERON e outro
ORIGEM JUIZO FEDERAL DA 11 VARA SAO PAULO Sec Jud SP
No. ORIG. 00028528320154036100 11 Vr SAO PAULO/SP
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DECISÃO
DEFIRO o efeito suspensivo pleiteado (CPC, art. 558), nos termos que seguem.
O agravante interpôs o presente agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo,
contra a r. decisão de fls. 74/76 dos autos originários (fls. 18/20 destes autos), que, em
mandado de segurança, deferiu o pedido de liminar para suspender a exigibilidade do termo de
intimação/auto de infração n. 281818 e o de reincidência; bem como se abstenha de promover
novas autuações até o final do processo.
Pretende o agravante a reforma da r. decisão agravada, alegando, em síntese, que, não obstante
o entendimento jurisprudencial pacificado no sentido de que a presença do farmacêutico à
frente de dispensário de medicamentos não é obrigatória, certo é que a Lei n. 13.021/2014
passou a regular a matéria; que em razão de haver dispensação de medicamentos controlados,
obrigatória se faz a responsabilidade técnica exercida por um farmacêutico habilitado.
Requer seja atribuído efeito suspensivo ao recurso, "suspendendo-se consequentemente a Liminar
proferida no tocante à proibição de o agravante fiscalizar e, se caso for, autuar e multar o estabelecimento
Agravado por inobservância do disposto na Lei n. 13.021/2014"
Razão assiste à agravante.
Inicialmente, observo que o recorrente pleiteia a atribuição de efeito suspensivo somente
quanto à segunda parte do dispositivo da decisão agravada, ou seja, no tocante à abstenção de
lavratura de novas autuações.
Passo, então, ao exame.
Tinha entendimento no sentido de que, de acordo com o art. 15 da Lei n.º 5.991/73, somente
as farmácias e drogarias sujeitavam-se à exigência legal da presença de técnico responsável
inscrito no Conselho Regional de Farmácia, afastando a aplicação da Portaria n.º 1.017/02,
bem como de qualquer outra portaria, decreto ou regulamento que requeresse a presença do
profissional farmacêutico nos dispensários de medicamentos, por se tratar de norma infralegal.
OCORRE QUE, A LEI N. 13.021/2014, ESPECIALMENTE SEUS ARTIGOS 3º, 5º E 6º, INCISO I,
ATUALMENTE PREVÊ EXPRESSAMENTE A NECESSIDADE DA PRESENÇA DE
FARMACÊUTICO PARA DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS, VERBIS:

ART. 3O FARMÁCIA É UMA UNIDADE DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DESTINADA A


PRESTAR ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, ASSISTÊNCIA À SAÚDE E ORIENTAÇÃO
SANITÁRIA INDIVIDUAL E COLETIVA, NA QUAL SE PROCESSE A MANIPULAÇÃO E/OU
DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS MAGISTRAIS, OFICINAIS, FARMACOPEICOS OU
INDUSTRIALIZADOS, COSMÉTICOS, INSUMOS FARMACÊUTICOS, PRODUTOS
FARMACÊUTICOS E CORRELATOS.
PARÁGRAFO ÚNICO. AS FARMÁCIAS SERÃO CLASSIFICADAS SEGUNDO SUA NATUREZA
COMO:
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I - FARMÁCIA SEM MANIPULAÇÃO OU DROGARIA: ESTABELECIMENTO DE DISPENSAÇÃO E


COMÉRCIO DE DROGAS, MEDICAMENTOS, INSUMOS FARMACÊUTICOS E CORRELATOS EM
SUAS EMBALAGENS ORIGINAIS;
II - FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO: ESTABELECIMENTO DE MANIPULAÇÃO DE
FÓRMULAS MAGISTRAIS E OFICINAIS, DE COMÉRCIO DE DROGAS, MEDICAMENTOS,
INSUMOS FARMACÊUTICOS E CORRELATOS, COMPREENDENDO O DE DISPENSAÇÃO E O
DE ATENDIMENTO PRIVATIVO DE UNIDADE HOSPITALAR OU DE QUALQUER OUTRA
EQUIVALENTE DE ASSISTÊNCIA MÉDICA.
(...)
ART. 5O NO ÂMBITO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, AS FARMÁCIAS DE QUALQUER
NATUREZA REQUEREM, OBRIGATORIAMENTE, PARA SEU FUNCIONAMENTO, A
RESPONSABILIDADE E A ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE FARMACÊUTICO HABILITADO NA
FORMA DA LEI.
ART. 6O PARA O FUNCIONAMENTO DAS FARMÁCIAS DE QUALQUER NATUREZA, EXIGEM-
SE A AUTORIZAÇÃO E O LICENCIAMENTO DA AUTORIDADE COMPETENTE, ALÉM DAS
SEGUINTES CONDIÇÕES:
I - TER A PRESENÇA DE FARMACÊUTICO DURANTE TODO O HORÁRIO DE
FUNCIONAMENTO;

ASSIM, NÃO MAIS SUBSISTE A POLÊMICA QUANTO À NECESSIDADE OU NÃO DA PRESENÇA


DE FARMACÊUTICO EM ESTABELECIMENTO DE DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS, APÓS
A ENTRADA EM VIGOR DA LEI SUPRA MENCIONADA.
ADEMAIS, VISLUMBRO QUE A DETERMINAÇÃO GENÉRICA DE ABSTENÇÃO DE A ENTIDADE
PROMOVER NOVAS AUTUAÇÕES EQUIVALERIA EM PRINCÍPIO A UM "CHEQUE EM
BRANCO" PARA O ADMINISTRADO.
Em face do exposto, DEFIRO o efeito suspensivo pleiteado (CPC, art. 558), para sustar a
eficácia da parte final do dispositivo da decisão agravada, diante da superveniência da Lei n.
13.021/2014, podendo a agravante fiscalizar, autuar e multar o estabelecimento agravado por
infringência das disposições da nova legislação.
Intime-se a agravada, nos termos do art. 527, V, do CPC, para que responda, no prazo legal,
instruindo-se adequadamente o recurso.
Comunique-se ao MM. Juízo a quo, dispensando-o de prestar informações, nos termos do art.
527, IV, do mesmo Código.
Após, abra-se vista ao Ministério Público Federal, nos termos do disposto no art. 75 da Lei n.º
10.741/2003.
Intimem-se.

São Paulo, 08 de abril de 2015.


CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA
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Consuelo Yoshida
Desembargadora Federal

- Justiça Federal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo

11a Vara / SP - Capital-Cível


Processo - 0002852-83.2015.4.03.6100.
Data de Protocolo 10/02/2015. DISTR. AUTOMATICA em 10/02/2015.
MANDADO DE SEGURANCA.
Impetrante - CLINICA DE CIRURGIA PLASTICA JORGE ISHIDA S/C LTDA.
Impetrado - PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE FARMACIA DO
ESTADO DE SAO PAULO

11ª Vara Federal Cível - São Paulo. Autos n. 0002852-83.2015.403.6100Sentença(tipo A) O


presente mandado de segurança foi impetrado por CLINICA DE CIRURGIA PLÁSTICA
JORGE ISHIDA S/A LTDA em face do PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL
DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO, cujo objeto é nulidade de auto de
infração. Narrou a impetrante que, apesar de possuir decisão transitada em julgado (processo n.
0005322-49.1999.403.6100), a autoridade impetrada lhe aplicou multa, sob a alegação de que a
impetrante possui "Dispensário de Medicamentos" sem a presença de responsável técnico
farmacêutico perante o CRF, nos termos do artigo 24 da Lei n. 3.820/60. Apresentou recurso
administrativo, que foi indeferido. Sustentou que a aplicação da multa afronta decisão
transitada em julgado no processo n. 1999.61.00.005322-0 250991 AMS-SP, além de ser sócia
do SINDHOSP e, nesta condição está protegida por sentença transitada em julgado no
processo n. 95.0000902-1 e, que o artigo 15 da Lei n. 5.991/73, preceitua a exigência de
responsável técnico somente nas farmácias e drogarias. Requereu a procedência do pedido da
ação "[...] declarando-se a nulidade do Auto de Infração/Multa perpetrado [...] determinando-
se que a ora Impetrada se abstenha da perpetração de novas autuações ilegais [...] a condenação
da Impetrada, nos termos do Art. 25 da Lei do Mandado de Segurança [...] a condenação da
Impetrada, nos termos do Art. 26 da Lei do Mandado de Segurança [...]" (fl. 15).A liminar foi
deferida (fls. 74-76). A autoridade impetrada interpôs recurso de agravo de instrumento (fls.
150-156), ao qual foi deferido efeito suspensivo (fls. 162-164).A autoridade impetrada
apresentou informações, nas quais sustentou que embora houvesse entendimento
jurisprudencial pacificado de que é desnecessária a presença de farmacêutico à frente de
dispensários de medicamento, foi aprovada a Lei n. 13.021/2014, em 08/08/2014, que previu
a exigência, além disso, a Portaria SVS/MS n. 344, de 12/05/1988, dispõe sobre a dispensação
de medicamentos controlados (fls. 91-149).O Ministério Público Federal, em seu parecer,
opinou pela concessão da segurança (fls. 158-159).Vieram os autos conclusos para sentença.É
o relatório. Fundamento e decido.A questão consiste em saber se houve ou não ilegalidade na
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aplicação do auto de infração.Conforme constou da decisão proferida no agravo de


instrumento:"Tinha entendimento no sentido de que, de acordo com o art. 15 da Lei n.º
5.991/73, somente as farmácias e drogarias sujeitavam-se à exigência legal da presença de
técnico responsável inscrito no Conselho Regional de Farmácia, afastando a aplicação da
Portaria n.º 1.017/02, bem como de qualquer outra portaria, decreto ou regulamento que
requeresse a presença do profissional farmacêutico nos dispensários de medicamentos, por se
tratar de norma infralegal. Ocorre que, a Lei n. 13.021/2014, especialmente seus artigos
3º, 5º e 6º, inciso I, atualmente prevê expressamente a necessidade da presença de
farmacêutico para dispensário de medicamentos, verbis: Art. 3o Farmácia é uma
unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica,
assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, na qual se processe a
manipulação e/ou dispensação de medicamentos magistrais, oficinais, farmacopeicos
ou industrializados, cosméticos, insumos farmacêuticos, produtos farmacêuticos e
correlatos. Parágrafo único. As farmácias serão classificadas segundo sua natureza
como: I - farmácia sem manipulação ou drogaria: estabelecimento de dispensação e
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas
embalagens originais; II - farmácia com manipulação: estabelecimento de
manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação
e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente
de assistência médica. (...) Art. 5o No âmbito da assistência farmacêutica, as farmácias
de qualquer natureza requerem, obrigatoriamente, para seu funcionamento, a
responsabilidade e a assistência técnica de farmacêutico habilitado na forma da lei.
Art. 6o Para o funcionamento das farmácias de qualquer natureza, exigem-se a
autorização e o licenciamento da autoridade competente, além das seguintes
condições: I - ter a presença de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento;
Assim, não mais subsiste a polêmica quanto à necessidade ou não da presença de
farmacêutico em estabelecimento de dispensação de medicamentos, após a entrada em
vigor da Lei supra mencionada. Ademais, vislumbro que a determinação genérica de
abstenção de a entidade promover novas autuações equivaleria em princípio a um "cheque em
branco" para o administrado. "Com a edição da Lei n. 13.021/2014, as decisões proferidas
nas ações judiciais anteriormente ajuizadas não mais se aplicam à impetrante, pois há
a exigência expressa da presença de farmacêutico durante todo o horário de
funcionamento nos estabelecimentos de dispensação e comércio de drogas, em
farmácias de qualquer natureza, sendo a impetrante submetida à fiscalização e
autuações. Porém, o auto de infração discutido na presente ação data de 21/07/2014 (fls. 32-
33), enquanto a Lei n. 13.021/2014 foi editada em 08 de agosto de 2014.Portanto, em relação
ao pedido de anulação do auto de infração, não se aplica a Lei n. 13.021/2014 e a decisão do
processo n. 95.0000902-1 do SINDHOSP beneficia a impetrante. Por fim, em relação ao
pedido de condenação da autoridade impetrada, nos termos dos artigos 25 e 26 da Lei do
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mandado de segurança (fl. 15), não se constata ocorrência de litigância de má-fé ou crime de
desobediência. Quanto à alegação de descumprimento nas ações anteriormente ajuizadas, a
impetrante, no momento da fiscalização não informou ser filiada ao SINDHOSP e que estava
abrangida na ação n. 95.0000902-1, para obstar a fiscalização, bem como a sentença transitada
em julgado no processo n. 0005322-49.1999.403.6100, apenas anulou auto de infração
anteriormente aplicado, mas não impede a aplicação de novo auto de infração, uma vez que o
dispositivo é que transita em julgado e no dispositivo não há menção à impossibilidade de
novas autuações. Não houve crime de desobediência ou litigância de má-fé, o que houve foi a
apresentação pela impetrante de decisões que lhe favorecem, posteriormente à fiscalização.
Decisão. Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO.
Procedente para declarar a nulidade do auto de infração n. 281818. Improcedente em relação
ao pedido de determinação à autoridade de que se abstenha de realizar novas autuações, bem
como de fixação de multa. A resolução do mérito dá-se nos termos do artigo 269, inciso I do
Código de Processo Civil. Comunique-se ao DD. Desembargador Federal da 6ª Turma,
Relator do agravo de instrumento n. 0006789-68.2015.4.03.0000, o teor desta sentença. Após o
trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Publique-se, registre-se e intimem-se. São Paulo, 26
de junho de 2015.REGILENA EMY FUKUI BOLOGNESI Juíza Federal. Disponibilização
D. Eletrônico de sentença em 12/08/2015, pag 147/2015.

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4ª Vara Federal de Florianópolis


ROCEDIMENTO COMUM Nº 5016805-63.2016.4.04.7200/SC
AUTOR: FEDERACAO DAS SANTAS CASAS HOSPITAIS E ENTIDADES FILANT
AUTOR: ASSOCIACAO DE HOSPITAIS DO ESTADO DE SANTA CATARINA
RÉU: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
- CRF/SC

DESPACHO/DECISÃO
Cuida-se de ação pelo procedimento comum, de natureza coletiva, ajuizada pela
ASSOCIAÇÃO DE HOSPITAIS DO ESTADO DE SANTA CATARINA - AHESC e a
FEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS, HOSPITAIS E ENTIDADES FILANTRÓPICAS
DO ESTADO DE SANTA CATARINA - FEHOSC, em face do CONSELHO REGIONAL
DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, buscando, inclusive em sede de
antecipação de tutela, os seguintes provimentos:
a) suspender a exigibilidade das sanções administrativas já aplicadas e, consequentemente,
vedar a inserção dos associados aos Requerentes nos cadastros de dívida ativa – em
decorrência da ausência de profissional farmacêutico responsável técnico para os dispensários
de medicamentos das pequenas unidades hospitalares, assim considerados aquelas com até 50
(cinquenta) leitos, ou da ausência de registro, ou do não pagamento de anuidade;
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b) impedir que o Conselho Requerido efetue novas autuações dos associados aos Requerentes,
com até 50 (cinquenta) leitos, tendo como fato gerador a ausência de profissional farmacêutico
e responsável técnico pelos seus dispensários de medicamentos, ou a ausência de registro, ou o
não pagamento de anuidade;
c) impedir que o Conselho Requerido ingresse com novas Execuções Fiscais embasadas em
CDAs cuja fato gerador seja a ausência de profissional farmacêutico e responsável técnico
pelos seus dispensários de medicamentos, ou a ausência de registro, ou o não pagamento de
anuidade;
d) determinar que o Conselho Requerido se abstenha de exigir dos associados aos Requerentes
que possuam até 50 (cinquenta) leitos, o registro e o pagamento de anuidades; e
e) determinar que o Conselho Requerido se abstenha de realizar procedimentos fiscalizatórios
nos associados aos Requerentes que possuam até 50 (cinquenta) leitos.

Alegam, em aperta síntese, que inexiste obrigação legal da existência de farmacêuticos


responsáveis junto aos dispensários de medicamentos das pequenas unidades hospitalares,
assim considerados os hospitais com até 50 (cinquenta) leitos. Aduz que a Lei 5.991/73
diferencia os conceitos de farmácia, drogaria e dispensário de medicamentos, exigindo a
contratação de profissional farmacêutico e responsável técnico somente para farmácias e
drogarias. Assevera que o STJ, por meio do REsp nº 1.110.906/SP, resolveu o Tema 483 dos
Recursos Repetitivos, fixando que "não é obrigatória a presença de farmacêutico em
dispensário de medicamentos", sendo que no mesmo julgado restou esclarecido que são
consideradas pequenas unidades hospitalares ou hospitais de pequeno porte, os
estabelecimentos que contem com até 50 leitos registrados no CNES. Afirma que a Lei n º
13.021/14 não derrogou o conceito de dispensário de medicamentos, bem como que estes não
possuem personalidade jurídica própria, o que impossibilita o seu registro junto ao Conselho
Requerido.

Em relação ao periculum in mora, sustenta que o perigo de dano exsurge da iminência dos
hospitais associados aos demandantes, com até 50 leitos, serem fiscalizados, autuados,
multados, notificados e inscritos em dívida ativa por obrigação não prevista em lei (contratar
profissional farmacêutico responsável para os seus dispensários de medicamentos em período
integral de funcionamento do nosocômio).
Junta documentos.

Decido.
Nos termos do art. 300 do CPC/2015, "A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo."
Não vislumbro, neste momento processual, a existência do fummus boni juris, a ensejar a
concessão da medida liminar requerida.
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Ocorre que um dos principais fundamentos da parte autora é o reconhecimento da


inexigência de profissional farmacêutico nos dispensários de hospitais, conforme
entendimento do Superior Tribunal de Justiça.

De fato, até o início da vigência da Lei nº. 13.021/14, vigorava o entendimento de que
era inexigível a presença de profissional farmacêutico, devidamente habilitado, em tais
estabelecimentos, em virtude do dispoto no art. 4º, inciso XIV, da Lei nº. 5.991/73, bem como
do firme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no sentido de que a Súmula
140/TFR deve ser interpretada considerando dispensário de medicamentos a pequena unidade
hospitalar com até 50 (cinquenta) leitos para efeito de afastar a obrigatoriedade da exigência de
manter profissional farmacêutico, conforme acórdão proferido no RESP 1.110.906, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJE 07/08/2012, pelo regime do artigo 543-C do Código de
Processo Civil, assim ementado:
"ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA.
DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS. PRESENÇA DE FARMACÊUTICO.
DESNECESSIDADE. ROL TAXATIVO NO ART. 15 DA LEI N. 5.991/73.
OBRIGAÇÃO POR REGULAMENTO. DESBORDO DOS LIMITES LEGAIS.
ILEGALIDADE. SÚMULA 140 DO EXTINTO TFR. MATÉRIA PACIFICADA NO STJ.
1. Cuida-se de recurso especial representativo da controvérsia, fundado no art. 543-C do Código de Processo
Civil sobre a obrigatoriedade, ou não, da presença de farmacêutico responsável em dispensário de medicamentos
de hospitais e clínicas públicos, ou privados, por força da Lei n. 5.991/73. 2. Não é obrigatória a presença de
farmacêutico em dispensário de medicamentos, conforme o inciso XIV do art. 4º da Lei n. 5.991/73, pois não
é possível criar a postulada obrigação por meio da interpretação sistemática dos arts. 15 e 19 do referido
diploma legal. 3. Ademais, se eventual dispositivo regulamentar, tal como o Decreto n. 793, de 5 de abril de
1993 (que alterou o Decreto n. 74.170, de 10 de junho de 1974), fixar tal obrigação ultrapassará os limites
da lei, porquanto desbordará o evidente rol taxativo fixado na Lei n. 5.991/73. 4. A jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que não é obrigatória a presença de farmacêutico em
dispensário de medicamentos de hospital ou de clínica, prestigiando - inclusive - a aplicação da Súmula 140 do
extinto Tribunal Federal de Recursos. Precedentes. 5. O teor da Súmula 140/TFR - e a desobrigação de
manter profissional farmacêutico - deve ser entendido a partir da regulamentação existente, pela qual o conceito
de dispensário atinge somente "pequena unidade hospitalar ou equivalente" (art. 4º, XV, da Lei n.
5.991/73); atualmente, é considerada como pequena a unidade hospitalar com até 50 (cinquenta) leitos, ao
teor da regulamentação específica do Ministério da Saúde; os hospitais e equivalentes, com mais de 50
(cinquenta) leitos, realizam a dispensação de medicamentos por meio de farmácias e drogarias e, portanto, são
obrigados a manter farmacêutico credenciado pelo Conselho Profissional, como bem indicado no voto-vista do
Min. Teori Zavascki, incorporado aos presentes fundamentos. 6. Recurso sujeito ao regime do art. 543-C do
CPC, combinado com a Resolução STJ 08/2008. Recurso especial improvido."
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CONTUDO, EM QUE PESEM OS RESPEITÁVEIS POSICIONAMENTOS EM SENTIDO


CONTRÁRIO, ENTENDO QUE DESDE O INÍCIO DA VIGÊNCIA DA LEI Nº. 13.021/14, TAL
JURISPRUDÊNCIA NÃO MAIS PREVALECE, PORQUANTO A REFERIDA NORMA PASSOU A
EXIGIR ÀS FARMÁCIAS PRIVATIVAS DE HOSPITAIS (OU DISPENSÁRIOS MÉDICOS) O MESMO
TRATAMENTO DADO ÀS FARMÁCIAS NÃO PRIVATIVAS DE HOSPITAIS. IN VERBIS:
ART. 1O AS DISPOSIÇÕES DESTA LEI REGEM AS AÇÕES E SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA EXECUTADOS, ISOLADA OU CONJUNTAMENTE, EM CARÁTER
PERMANENTE OU EVENTUAL, POR PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO
OU PRIVADO.
ART. 2O ENTENDE-SE POR ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA O CONJUNTO DE AÇÕES E DE
SERVIÇOS QUE VISEM A ASSEGURAR A ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA INTEGRAL E A
PROMOÇÃO, A PROTEÇÃO E A RECUPERAÇÃO DA SAÚDE NOS ESTABELECIMENTOS
PÚBLICOS E PRIVADOS QUE DESEMPENHEM ATIVIDADES FARMACÊUTICAS, TENDO O
MEDICAMENTO COMO INSUMO ESSENCIAL E VISANDO AO SEU ACESSO E AO SEU USO
RACIONAL.
ART. 3O FARMÁCIA É UMA UNIDADE DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DESTINADA A PRESTAR
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, ASSISTÊNCIA À SAÚDE E ORIENTAÇÃO SANITÁRIA
INDIVIDUAL E COLETIVA, NA QUAL SE PROCESSE A MANIPULAÇÃO E/OU DISPENSAÇÃO DE
MEDICAMENTOS MAGISTRAIS, OFICINAIS, FARMACOPEICOS OU INDUSTRIALIZADOS,
COSMÉTICOS, INSUMOS FARMACÊUTICOS, PRODUTOS FARMACÊUTICOS E CORRELATOS.
PARÁGRAFO ÚNICO. AS FARMÁCIAS SERÃO CLASSIFICADAS SEGUNDO SUA NATUREZA
COMO:
I - FARMÁCIA SEM MANIPULAÇÃO OU DROGARIA: ESTABELECIMENTO DE DISPENSAÇÃO E
COMÉRCIO DE DROGAS, MEDICAMENTOS, INSUMOS FARMACÊUTICOS E CORRELATOS EM
SUAS EMBALAGENS ORIGINAIS;
II - FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO: ESTABELECIMENTO DE MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS
MAGISTRAIS E OFICINAIS, DE COMÉRCIO DE DROGAS, MEDICAMENTOS, INSUMOS
FARMACÊUTICOS E CORRELATOS, COMPREENDENDO O DE DISPENSAÇÃO E O DE
ATENDIMENTO PRIVATIVO DE UNIDADE HOSPITALAR OU DE QUALQUER OUTRA
EQUIVALENTE DE ASSISTÊNCIA MÉDICA. (GRIFEI)
ART. 6 PARA O FUNCIONAMENTO DAS FARMÁCIAS DE QUALQUER NATUREZA, EXIGEM-SE
A AUTORIZAÇÃO E O LICENCIAMENTO DA AUTORIDADE COMPETENTE , ALÉM DAS
SEGUINTES CONDIÇÕES:
I - TER A PRESENÇA DE FARMACÊUTICO DURANTE TODO O HORÁRIO DE
FUNCIONAMENTO;
II - TER LOCALIZAÇÃO CONVENIENTE, SOB O ASPECTO SANITÁRIO;
III - DISPOR DE EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS À CONSERVAÇÃO ADEQUADA DE
IMUNOBIOLÓGICOS;
IV - CONTAR COM EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS QUE SATISFAÇAM AOS REQUISITOS
TÉCNICOS ESTABELECIDOS PELA VIGILÂNCIA SANITÁRIA.
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ART. 7 PODERÃO AS FARMÁCIAS DE QUALQUER NATUREZA DISPOR, PARA ATENDIMENTO


IMEDIATO À POPULAÇÃO, DE MEDICAMENTOS, VACINAS E SOROS QUE ATENDAM O PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO DE SUA REGIÃO DEMOGRÁFICA .
ART. 8 A FARMÁCIA PRIVATIVA DE UNIDADE HOSPITALAR OU SIMILAR DESTINA-SE
EXCLUSIVAMENTE AO ATENDIMENTO DE SEUS USUÁRIOS. (GRIFEI)
PARÁGRAFO ÚNICO. APLICAM-SE ÀS FARMÁCIAS A QUE SE REFERE O CAPUT AS MESMAS
EXIGÊNCIAS LEGAIS PREVISTAS PARA AS FARMÁCIAS NÃO PRIVATIVAS NO QUE CONCERNE
A INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, DIREÇÃO E DESEMPENHO TÉCNICO DE
FARMACÊUTICOS, ASSIM COMO AO REGISTRO EM CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA.
(GRIFEI)
EM SE TRATANDO DO MESMO TRATAMENTO, É INDISPENSÁVEL NÃO SÓ A PRESENÇA DE
RESPONSÁVEL TÉCNICO PELA REFERIDA FARMÁCIA, COMO TAMBÉM A OBRIGAÇÃO DE
INSCREVER-SE NO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA (CRF/SC) E DE RECOLHER
ANUIDADE, NO QUE CONCERNE AO DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS, MESMO EM SE
TRATANDO DE PEQUENAS UNIDADES HOSPITALARES, ASSIM CONSIDERADAS AS UNIDADES
COM ATÉ 50 LEITOS.
ADEMAIS, O FATO DE AS UNIDADES HOSPITALARES PRESTAREM, ALÉM DA NATURAL
ATIVIDADE PRINCIPAL DE PRESTAÇÃO DE SAÚDE, TAMBÉM A ATIVIDADE DE
DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS ATRAVÉS DE FARMÁCIA PRIVATIVA , JUSTIFICA A
EXIGÊNCIA DE QUE ESTAS UNIDADES TENHAM REGISTRO EM CONSELHO REGIONAL DE
FARMÁCIA, EM CONFORMIDADE COM O DISPOSTO NO PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 8º, DA
LEI 13.021/14, ACIMA CITADO.

Não bastasse, entendo inexistente também o perigo de dano ou resultado útil ao processo, não
se caracterizando a situação de urgência pela mera possibilidade de fiscalização dos associados
da parte autora pelo CRF. Importante consignar que, caso a parte autora venha a ser vencedora
ao final do processo, eventuais autuações fiscais poderão ser declaradas nulas, sem que se
possa falar em risco de ineficácia da medida.
Ante o exposto, indefiro o pedido de antecipação dos efeitos da tutela.

Cite-se o réu.
Intimem-se.

ADRIANO JOSÉ PINHEIRO


Juiz Federal

- Tribunal Regional da Terceira Região


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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0011512-33.2015.4.03.0000/SP


2015.03.00.011512-6/SP

RELATOR : Desembargador Federal JOHONSOM DI SALVO

AGRAVANTE : Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo CRF/SP


ADVOGADO : SP296905 RAFAEL PEREIRA BACELAR e outro

AGRAVADO (A) : Prefeitura Municipal de Mairiporã SP


ADVOGADO : SP152941 ROBERTA COSTA PEREIRA DA SILVA e outro

ORIGEM : JUÍZO FEDERAL DA 6 VARA SÃO PAULO Sec Jud SP


No. ORIG. : 00078023820154036100 6 Vr SÃO PAULO/SP

DECISÃO - Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo Conselho Regional de


Farmácia do Estado de São Paulo -CRF/SP contra decisão que deferiu pedido de antecipação
dos efeitos da tutela para, reconhecendo a inexigibilidade de manutenção de responsável
técnico farmacêutico em unidades hospitalares de pequeno porte (com o máximo de 50 leitos),
determinar que a ré se abstenha de lavrar novas autuações em desacordo com esse
entendimento, bem como para suspender a exigibilidade das multas impostas nos autos de
Infração 291402, 291404, 291405, 291406, 291427, 291429, 291430 e 291431, ressalvado ao
Conselho a verificação quanto ao efetivo enquadramento das unidades autuadas como unidade
hospitalar de pequeno porte.
Nas razões do agravo a recorrente sustenta, em resumo, que não obstante o entendimento
jurisprudencial pacificado no sentido de que a presença do farmacêutico à frente de
dispensários de medicamentos não é obrigatória, certo é que uma nova legislação passou a
regular a matéria, qual seja, a Lei nº 13.021/2014, que dispõe sobre o exercício e fiscalização
das atividades farmacêuticas, traz novas classificações à farmácia e rechaça qualquer dúvida
quanto a sua aplicabilidade aos estabelecimentos públicos.
Aduz ainda que as unidades fiscalizadas realizam a dispensação de medicamentos controlados,
sendo também por esta razão exigida responsabilidade técnica exercida por farmacêutico
habilitado na forma da Portaria nº 344/1998.
Pede a atribuição de efeito suspensivo ao recurso (fl. 07).
Decido.
Segundo a nova Lei nº 13.021/2014, os estabelecimentos de dispensação de medicamentos são
considerados: (a) farmácia sem manipulação (drogaria): estabelecimento de dispensação e
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens
originais; (b) farmácia com manipulação: estabelecimento de manipulação de fórmulas
magistrais e oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e
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correlatos, compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de unidade


hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica.
Como se vê, os dispensários de medicamentos da rede pública, e também aqueles dos
hospitais, passam a ser legalmente considerados como farmácias.
No seu art. 5º, a lei foi categórica (grifei): no âmbito da assistência farmacêutica, as farmácias
de qualquer natureza requerem, obrigatoriamente, para seu funcionamento, a responsabilidade
e a assistência técnica de farmacêutico habilitado na forma da lei.
Destarte, a partir da nova lei, farmácias e drogarias deixam de ser meros estabelecimentos
comerciais para se transformar em unidades de prestação de assistência farmacêutica e à saúde,
além de orientação sanitária individual e coletiva; o mesmo ocorre com locais públicos e
privados de dispensação de medicamentos (manipulados e/ou já industrializados). E a impõe a
obrigatoriedade da presença permanente (art. 6º, I) do farmacêutico naquilo que ela mesma
trata como farmácias de qualquer natureza.
Um outro ponto merece destaque: para os estabelecimentos comerciais (farmácias)
reconhecidos como micro e pequenas empresas, continua vigendo a previsão de a presença
obrigatória de "técnico responsável inscrito no Conselho Regional de Farmácia" e, em algumas
situações, sua substituição por "prático de farmácia" ou "oficial de farmácia". Tal exceção, que
prestigia o art. 15 da Lei nº 5.991/1973 (lei anterior), foi inserida na Lei nº 13.021/2014 através
da Medida Provisória nº 543/2014, de 08 de agosto de 2014, publicada no DOU de 11 de
agosto de 2014.
Portanto, no tocante a inexigibilidade de manutenção de responsável técnico
farmacêutico em dispensário de medicamentos de unidades hospitalares, de grande,
médio ou de pequeno porte (com o máximo de 50 leitos), a questão já não se põe mais
desde que entrou em vigor a lei supra citada (45 dias após sua publicação).
Agora, ou seja, após a edição da nova lei das farmácias, todos os estabelecimentos
dessa natureza, inclusive os dispensários públicos e os hospitalares públicos e
privados, têm o dever legal da manutenção de farmacêutico nos seus quadros, em
tempo integral, correndo a exceção à conta da Medida Provisória nº 543/2014, para aos
estabelecimentos privados de micro e pequeno porte.
Portanto, para as situações ulteriores a edição da nova lei das farmácias , encontra-se
superada a jurisprudência do STJ cristalizada em REsp 1.110.906/SP, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/05/2012, DJe
07/08/2012, impondo-se apenas observar se os fatos e a fiscalização do CRF/SP que
resultou em auto de infração, deram-se após a entrada em vigência da Lei
nº 13.021/2014.
No caso, a fiscalização nos estabelecimentos da autora foi efetuada em duas datas
distintas ( 11/02/2015 e23/02/2015 - fls. 33/40), sendo constatado funcionamento sem
responsável técnico perante o CRF/SP, do que resultou lavratura de autos de infração
com fundamento no art. 4º da Lei nº 13.021/2014, já vigente à época.
Com razão, portanto, a parte agravante.
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Pelo exposto, DEFIRO o efeito suspensivo pleiteado.


Comunique-se.
Intimem-se.
São Paulo, 02 de junho de 2015.
Johonsom di Salvo
Desembargador Federal
Em sendo assim, conforme se verifica das decisões acima transcritas,
depois da edição e entrada em vigor da Lei nº 13.021/2014, todas as farmácias de qualquer
natureza, contemplando, inclusive, os dispensários de medicamentos públicos e de hospitais
públicos e privados, têm o dever legal da presença de farmacêutico responsável técnico nos
referidos estabelecimentos, em tempo integral, razão pela qual decisões judiciais proferidas
anteriormente a nova lei, ainda que transitada em julgado, não mais se aplicam ou produzem
efeito às situações ocorridas na vigência da Lei nº 13.021/2014, restando, portanto, superada a
jurisprudência do STJ cristalizada através do REsp 1.110.906/SP, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/05/2012, DJe 07/08/2012.
Pela interpretação correta das disposições contidas na Lei n°
13.021/2014, constata-se que a exigência contida no inciso I, do seu artigo 6º, conjugada com
as regras estabelecidas nos artigos 5° e 8°, também daquele dispositivo legal, no que se refere à
obrigatoriedade da responsabilidade técnica e presença do profissional farmacêutico para
funcionamento de farmácia de qualquer natureza, não faz qualquer distinção entre os gêneros
de classificação dos estabelecimentos que desenvolvem atividades de farmácia, portanto,
abrangendo não só as farmácia que atuam com manipulação, mas, também, as que não
possuem manipulação ou drogarias, que compreendem os estabelecimentos que desenvolvem
atividades que se dedicam à dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais.
Nos termos definidos pelo artigo 3°, da Lei n° 13.021/2014,
independentemente de ser pública ou privada, a atividade farmacêutica é classificada por sua
natureza em dois grupos, farmácias sem manipulação ou drogarias e farmácias com
manipulação.
As farmácias sem manipulação ou drogarias compreendem as
atividades dos estabelecimentos que se dedicam, simultaneamente ou não, à dispensação e
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens
originais.
Por sua vez, a farmácia com manipulação abrange as atividades dos
estabelecimentos de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o de
atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência
médica.
Desse modo, no que se refere à classificação das farmácias pela
natureza das atividades desenvolvidas, a única distinção adotada pela Lei n° 13.021/2014,
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através de seu artigo 3º, é em relação à manipulação ou não de fórmulas magistrais e oficinais,
todavia, sem dispensar a presença e registro de responsabilidade técnica do profissional
farmacêutico em qualquer dos segmentos de atuação, inclusive, independentemente de ser
pública ou privada.
A partir da entrada em vigor das disposições contidas na Lei n°
13.021/2014, em setembro de 2014, ratificando e complementando as regras já então aplicadas
à atividade farmacêutica, consignando que regem as ações e serviços de assistência
farmacêutica executados isolada ou conjuntamente, por pessoas físicas ou jurídicas de direito
público ou privado, que possuam o medicamento como insumo essencial e visando o seu
acesso e uso racional, especificamente as disposições contidas nos artigos 3°, 5°, 6° e 8°, com
abrangência à farmácia de qualquer natureza, restou estabelecido como obrigatoriedade para o
funcionamento a presença e responsabilidade de assistência técnica de farmacêutico habilitado
na forma da lei.

É certo, assim, a teor do que consta do auto de infração que gerou a


penalidade objeto desta execução e pelos próprios argumentos constantes da Exceção de Pré-
Executividade, onde expressamente é reconhecido que o local autuado se trata de uma das
farmácias públicas municipais, inexiste qualquer irregularidade na autuação e respectivo
processo administrativo, cujo teor e validade permanecem imaculados para todos os fins
jurídicos e legais, uma vez que não foram desconstituídos pelo Excipiente, executado, razão
pela qual não se constata qualquer mácula à executividade do crédito objeto deste processo
executivo.
De outro modo, inexiste nos autos deste processo qualquer
comprovação que o estabelecimento autuado se trate, exclusivamente, de dispensário de
medicamentos privativo de pequena unidade de saúde/hospitalar, razão pela qual a
jurisprudência mais lúcida e atualizada em nossos Tribunais firmou o entendimento por
reconhecer a juridicidade e legalidade da multa aplicada.
É de se constatar, portanto, que os argumentos lançados na Exceção
de Pré-executividade sucumbem à regra contida no artigo 373, II, do Código de Processo Civil,
uma vez que o Excipiente, executado, não obteve êxito em desconstituir o direito em que o
Excepto, exequente, funda sua pretensão, sequer, o incidente fez prova capaz de impedir,
modificar ou extinguir o direito reivindicado nesta ação executiva.
De outro modo, o artigo 3º, da Lei de Execuções Fiscais – 6.830/80,
dispõe que a dívida ativa regularmente inscrita, como ocorre no caso da presente execução,
goza da presunção de certeza e liquidez, enquanto o parágrafo único do referido dispositivo
legal ressalva a possibilidade de ilidir tal presunção tão somente mediante prova inequívoca,
atribuindo o encargo ao devedor/executado ou terceiro, a quem aproveite, o que não ocorreu
no caso sub examine.
Nesse contexto, é oportuno destacar que a jurisprudência consolidada
em todos os âmbitos dos nossos Tribunais, inclusive, no Superior Tribunal de Justiça, sem
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desprezar o princípio do livre convencimento do julgador, acolhe entendimento que exige


fundamentação concreta vinculada à prova dos autos, que não se confunde com o princípio da
convicção íntima, pelo que a convicção pessoal e subjetiva do magistrado, alicerçada em outros
aspectos que não a prova existente nos autos, não se presta para conferir suporte a uma
decisão.

Verificados todos os elementos necessários e a fundamentação legal


sobre a constituição do crédito consubstanciado na certidão de dívida ativa executada, como
no caso é incontroverso e não foi desconstituído eficazmente pelo Excipiente, executado, a
jurisprudência mais lúcida e atualizada dos nossos Tribunais pacificaram entendimento de que
em situações como no caso sub examine, em que o a Exceção de Pré-Executividade ou, ainda
que fosse embargos à execução, se utiliza de argumentação genérica e incomprovada,
manifestamente subvertendo a realidade, princípios jurídicos e normas legais, jamais poderá
infirma a presunção "juris tantum" de veracidade que protege o que está lançado na certidão da
dívida ativa que instrumentaliza esta execução, cujo crédito, portanto, mantém incólume sua
executividade.

Além do mais, considerando que o Excipiente, executado,


expressamente reconhece que o estabelecimento autuado se trata de uma das farmácias
públicas municipais, que atua na distribuição direta de medicamentos e correlatos à população
de forma geral, portanto, propriamente se caracterizando como farmácia pública, atendendo
aqueles usuários crônicos inseridos nos programas de assistência à saúde, não há que se cogitar
qualquer irregularidade na autuação que originou a multa representada na certidão de dívida
ativa que instrumentaliza o crédito executado.
Nesse contexto, é certo que o Excipiente, executado, expressamente
admite o fato apontado como violando o dispositivo legal de regência, cujo descumprimento
motivou a autuação e originou o respectivo processo administrativo, resultando na
correspondente penalidade cuja cobrança se constitui objeto desta execução.
Na realidade, a Exceção de Pré-Executividade apresentada está
consubstanciado em discussão inapropriada à realidade do caso sub examine, tampouco aponta
argumentos coerentes com as circunstâncias deste processo executivo, manifestamente
subvertendo a verdade e procurando induzir em erro o Douto Julgador, além de invocar
fundamentos e dispositivos legais inaplicáveis ao caso concreto.
Enquanto isso, o Excepto, exequente, ajuizou a competente Execução
com o objetivo de receber crédito próprio regularmente constituído, decorrente de sua
atividade fiscalizadora e de polícia vinculada às atividades e profissionais farmacêuticos, cujo
valor reivindicado e seus encargos correlatos observam precisamente as disposições próprias
da legislação de regência, Leis n° 5.274/1.971; 3.820/1.960 e, ainda, 13.021/2014.
Ademais, a certidão de dívida ativa que instrumentaliza esta execução
é jurídica e formalmente perfeita, consequentemente, revestida dos pressupostos de
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exequibilidade, razão pela qual o crédito exequendo também se apresenta líquido, certo e
exigível, circunstâncias que não foram desconstituídas pela Exceção de Pré-Executividade.
O certo é que o Excipiente, executado, em momento algum
comprovou a ausência de qualquer dos pressupostos que conferem executividade à certidão de
dívida ativa que instrumentaliza o presente processo executivo, tampouco fez prova de alguma
mácula no processo administrativa que originou a dívida exequenda ou de qualquer vício no
crédito executado.
Constatado inexistir questões de ordem público cognoscíveis de plano
por este Douto Magistrado, assim como não há provas do que é alegado pelo Excipiente,
embargante, e tampouco se encontra caracterizada razões jurídicas e legais para infirmar a
liquidez, certeza e exigibilidade do crédito executado, fundado em título absolutamente legal e
juridicamente perfeito e exigível, não há como se admitir o processamento e procedência do
incidente de pré-executividade, impondo-se que seja rejeitado em todos os seus termos,
prosseguindo-se com a execução em suas ulteriores fases até a plena satisfação do crédito
executado.
Portanto, é de se constatar que os argumentos lançados na Exceção
de Pré-Executividade, manifestamente subvertendo a realidade deste processo executivo,
sucumbem à regra contida no artigo 373, II, do Código de Processo Civil, uma vez que o
Excipiente, executado, não obteve êxito em desconstituir o direito em que o Excepto,
executado, funda sua pretensão, sequer, o incidente processual fez prova capaz de impedir,
modificar ou extinguir o direito reivindicado nesta ação executiva.
De outro modo, o artigo 3º, da Lei de Execuções Fiscais – 6.830/80,
dispõe que a dívida ativa regularmente inscrita, como ocorre no caso desta execução, goza da
presunção de certeza e liquidez, enquanto o parágrafo único do referido dispositivo legal
ressalva a possibilidade de ilidir tal presunção tão somente mediante prova inequívoca,
atribuindo o encargo ao devedor/executado ou terceiro, a quem aproveite, o que não ocorreu
no caso sub examine.
Como não bastasse., não é demais lembrar que a comprovação
de que se trata de estabelecimento com menos de 50 (cinquenta) leitos é fato
impeditivo à pretensão autoral.
Desta feita, à luz do artigo 373, II, do Código de Processo Civil,
competiria à Excipiente a comprovação do fato impeditivo, qual seja, que o
estabelecimento autuado possuiria, à época em que foi lavrado o auto de infração,
menos de 50 (cinquenta) leitos. Não obstante, não foram juntadas aos autos quaisquer
provas documentais referentes ao quantitativo de leitos, haja vista, inclusive, que
sequer há descrição do local em que ocorreu a autuação.
Destarte, como a parte ré não se desvencilhou do seu encargo
probatório, não há aderir à conclusão sustentada, mas, ao contrário, rejeitá-la por
completo.
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Em sendo assim, sob todos os ângulos que se analise o caso sub


examine, enquanto os argumentos declinados nesta impugnação se apresentam revestidos de
suporte fático, jurídico e legal, a pretensão do Excipiente, executado, não só subverte
princípios jurídicos, como afronta a atual legislação de regência, consequentemente, impondo a
improcedência dos pedidos reivindicados na Exceção de Pré-Executividade.
O certo é que inexiste suporte fático, jurídico e legal capaz de macular
a presente execução, que se encontra precisamente atendendo as regras da legislação de
regência, instruída por Certidão de Dívida Ativa jurídica e formalmente perfeita,
incontroversamente revestida dos pressupostos de exequibilidade, razão pela qual o crédito
exequendo também se apresenta líquido, certo e exigível, enquanto os cálculos judiciais de
atualização da dívida executada se revelam plenamente observando o ordenamento jurídico e
as normas legais de regência, ressalvando, tão somente, que devem incidir sobre o débito
exequendo os honorários advocatícios, circunstâncias, portanto, que impõe a rejeição da
Exceção de Pré-Executividade apresentada.
Ante o exposto, constatada a exequibilidade e regularidade da
Certidão de Dívida Ativa que instrumentaliza a presente execução fiscal, como, também, a
liquidez, certeza e exigibilidade do crédito exequendo, fundado em título absolutamente legal e
juridicamente perfeito e exigível, caracterizada a impropriedade dos argumentos suscitados
pelo Excipiente, executado, cujas alegações se revelam completamente desamparadas de
juridicidade e suporte legal, inclusive, manifestamente contrariando a realidade do caso sub
examine e a regra disposta no artigo 373, II, do Código de Processo Civil, e, também, as
disposições contidas no artigo 3º, da Lei de Execuções Fiscais – 6.830/80, e seu Parágrafo
Único, requer a Vossa Excelência que a Exceção de Pré-Executividade seja rejeitada em todos
os seus termos, prosseguindo-se com a Execução em suas fases subsequentes até a plena
satisfação do crédito executado, condenando a Excipiente/Executado no pagamento de
honorários advocatícios à base de 20% sobre o valor da causa.
Pede deferimento.
Recife, 16 de setembro de 2019.
BERGSON JOSÉ N. DO NASCIMENTO
OAB/PE – 20.645

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