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Associação Paulista de Aposentados de Cartórios Extrajudiciais


Departamento Jurídico

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


RELATOR DR. MARREY UINT DA 3ª CÂMARA DE DIREITO
PÚBLICO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Apelação nº 1040555-53.2018.8.26.0053

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE
APOSENTADOS DE CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS, já qualificada
na presente ação, vem, respeitosamente, perante V. Exa., apresentar
suas
CONTRARRAZÕES AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
interposto pelo INSTITUTO DE PAGAMENTOS ESPECIAIS DE SÃO
PAULO- IPESP, as quais seguem anexas.

Ressalta-se que não há de se falar em


juízo de retratação, como proposto pela recorrente, tendo em vista que
a matéria ora discutida não se enquadra, como equivocadamente por
ela afirmado, no Tema nº 25, pois não estamos tratando de “vantagem
de servidor público” e nem no Tema nº 256, uma vez que também não
estamos falando em “piso salarial”.

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Por outro lado, tal matéria foi pacificada


pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4420, na medida em que restou expresso
que as regras da Lei estadual nº 14.016/10 não se aplicam àqueles
que já obtiveram seus benefícios antes da sua publicação, bem como
àqueles que já reuniam os requisitos necessários à concessão do
benefício, garantindo-lhes a vigência da lei 10.393/70 em todos os
seus termos.

Portanto, desde já, requer seja inadmitido


o presente recurso por não preencher os requisitos legais de
admissibilidade ou, caso admitido, não seja provido, haja vista sua
manifesta improcedência.

Termos em que,
Pede deferimento.

São Paulo, 16 de março de 2021

Rinaldo Pinheiro Aranha


OAB 122.504

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CONTRARRAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Recorrente: INSTITUTO DE PAGAMENTOS ESPECIAIS DE SÃO


PAULO- IPESP
Recorrida: ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE APOSENTADOS DE
CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS
Apelação nº 1040555-53.2018.8.26.0053

Egrégio Supremo Tribunal Federal,


Colenda Corte,
Ilustres Ministros;

Cumpre ressaltar de início que, “data


máxima vênia”, as razões da recorrente não merecem prosperar,
devendo o presente recurso ser totalmente improvido, estando seus
argumentos jurídicos fadados ao insucesso, justamente pela razão de
que os mesmos já foram muito bem apreciados por este Egrégio
Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4420.

Assim, por este motivo, o v. Acórdão


proferido em sede de apelação, o qual reverenciou a lúcida decisão
desta Suprema Corte, visando a coerência e a segurança jurídica,
deve ser mantido na sua íntegra, conforme se verifica dos termos a
seguir expostos.
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PRELIMINARMENTE

Não há comprovação de repercussão


geral! Nem mesmo há de se falar em “repercussão geral presumida”
para o conhecimento do presente recurso.

É de clareza solar que os Temas nº 25 e


256, citados pela recorrente como fundamento para a suposta
repercussão geral, como já mencionado na petição de juntada
dessas contrarrazões, não condizem com a matéria aqui tratada.
Nem mesmo a citada Súmula Vinculante nº 4 se aplica ao
presente caso, como passaremos a demonstrar nas razões de
mérito. Por mais que a recorrente insista na violação de preceitos
constitucionais, esta não persiste no caso em tela.

A recorrente apresenta entendimento


deturpado, afirmando que “o acórdão recorrido julgou em
contrariedade com o entendimento firmado pela Suprema Corte”,
quando o que ocorreu foi exatamente o contrário! O v. Acórdão
julgou em total respeito ao determinado pelos Eminentes
Ministros na citada Adi nº 4420.

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É certo que as questões aqui tratadas,


do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, não
ultrapassam os interesses subjetivos da causa, os quais se limitam,
especificamente, aos interesses dos associados da recorrida no que
diz respeito ao valor dos seus benefícios.

Portanto, inexiste pressuposto de


admissibilidade do presente Recurso Extraordinário, o que
impede o seu conhecimento.

DO MÉRITO

Aos 16/06/2018 transitou em julgado a


decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 4420/SP, a qual reconheceu o direito
adquirido daqueles que obtiveram seus benefícios antes da
publicação da Lei 14.016/10, bem como daqueles que já reuniam
os requisitos necessários à concessão do benefício, garantindo-
lhes a vigência da lei 10.393/70 em todos os seus termos.

“Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. EXTINÇÃO DA CARTEIRA DE
PREVIDÊNCIA DAS SERVENTIAS NÃO OFICIALIZADAS DA
JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. PROTEÇÃO DOS
DIREITOS ADQUIRIDOS. DIREITO À CONTAGEM RECÍPROCA
DO TEMPO DE SERVIÇO.
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1. A Lei nº 14.016, de 12.04.2010, do Estado de São Paulo, que declarou


em regime de extinção a Carteira de Previdência das Serventias não
Oficializadas da Justiça daquele Estado, não padece de
inconstitucionalidade formal, visto que o constituinte conferiu aos Estados-
membros competência concorrente para legislarem sobre previdência
social, consoante o disposto no art. 24, XII, da Constituição Federal.
2. A extinção da Carteira de Previdência das Serventias não Oficializadas
da Justiça daquele Estado, embora possível por meio da referida lei, deve,
contudo, respeitar o direito adquirido dos participantes que já faziam
jus aos benefícios à época da edição da lei, bem como o direito à
contagem recíproca do tempo de contribuição para aposentadoria pelo
Regime Geral de Previdência Social (CF, art. 201, §9º) dos participantes
que ainda não haviam implementado os requisitos para a fruição dos
benefícios.
3. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga parcialmente
procedente para: (i) declarar a inconstitucionalidade do art. 3º, caput, e §
1º, da Lei nº 14.016/2010, do Estado de São Paulo, no que excluem a
assunção de responsabilidade pelo Estado; (ii) conferir interpretação
conforme à Constituição ao restante do diploma impugnado, proclamando
que as regras não se aplicam a quem, na data da publicação da lei, já
estava em gozo de benefício ou tinha cumprido, com base no regime
instituído pela Lei estadual nº 10.393/1970, os requisitos necessários
à concessão; (iii) quanto aos que não implementaram todos os requisitos,
conferir interpretação conforme para garantir-lhes a faculdade da
contagem de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria pelo
Regime Geral da Previdência Social, nos termos do art. 201, § 9º, da
Constituição Federal.” (grifo nosso)

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Assim, dessa lúcida decisão, extraem-se


duas situações. A primeira, é que as modificações legislativas trazidas
pela lei de 2010 não abalam a situação daqueles que já constituíram
seu direito e/ou já gozavam do benefício sob a vigência da Lei
anterior, Lei estadual nº 10.393/70. A segunda, justamente oposta,
àqueles que não gozavam do benefício ao tempo da publicação da
nova regra, a ela se submetem.

A referida lei nº 10.393/70, nos arts. 12 e


13, dispõe que os benefícios regidos por esta lei devem ser
reajustados sempre que houver alteração do salário-mínimo, e na
mesma proporção.
"Artigo 12 - Sempre que se alterar o salário-
mínimo na Capital do Estado, serão reajustados, na mesma proporção, os
benefícios concedidos por esta lei. Parágrafo único - Vigorará o reajuste a
partir do primeiro dia do mês seguinte àquele em que ocorrer a alteração”.
Artigo 13 – “Os benefícios serão calculados
em salários mínimos, para que possam ser reajustados automaticamente na
forma do que dispõe o artigo anterior. Parágrafo único - O cálculo será feito
até centésimos de salário-mínimo, arredondando-se para mais a fração
igual ou superior a cinco milésimos e desprezando-se a inferior.”

É de fundamental importância ressaltar


que as aposentadorias concedidas sob a vigência da Lei 10.393/70
foram em salários-mínimos, ou seja, o cartorário se aposentava
com “X” salários-mínimos.

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Assim sendo, o salário-mínimo é da


essência daquelas aposentadorias, e não apenas utilizado como
índice de reajuste.

Tanto o é, que a própria Tabela anexa à


Lei 10.393/70, que prevê a remuneração-base dos cartorários, não
aponta valores monetários, mas sim múltiplos em salários-
mínimos, como podemos observar:

“A - Serventias de 1ª Classe (Comarca da Capital, entrância especial):

I - Ofícios de Justiça e Cartórios em geral; Cartórios de Registro Civil das


Pessoas Naturais dos distritos e subdistritos do município sede da comarca:
Remuneração- base

Serventuário 10,00 salários - mínimos

Oficial Maior 6,20 salários - mínimos

Escrevente 5,00 salários - mínimos

Auxiliar 2,50 salários- mínimos (...)”

Também há de se ressaltar que as


concessões dos benefícios quando publicados no Diário Oficial do
Estado, sempre expressava tantos salários mínimos, como podemos
observar nos exemplos abaixo colacionados:

terça-feira,11 de março de 2008 Diário Oficial Poder Executivo - Seção I São


Paulo, 118 (46) – 11

“Justiça e Defesa da Cidadania


GABINETE DO SECRETÁRIO
Portarias do Chefe de Gabinete, de 10-3-2008
Concedendo Aposentadoria:

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com fundamento no art.20, inciso II, c.c. os arts. 25 e 28, todos da Lei 10.393/70,
e com base no art. 4º da Lei 3.724/83, que estendeu os benefícios da L.C.269/81
e nos termos do parágrafo único do art.40 c.c. O art.51 da Lei Federal 8.935/94, e
art. 8º da Emenda Constitucional 20/98, e, ainda, a Emenda Constitucional
47/2005, a Fátima Maria Vilela Requena, RG 7.802.995-8, no cargo de Preposta
Escrevente do 1º Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de
Pessoa Jurídica da Comarca de São José dos Campos, fazendo jus aos proventos
mensais correspondentes a Serventia de Sede de Comarca de 3ª Entrância, cujo
valor da remuneração base é equivalente a 11,05 salários mínimos, por
contar com mais de 30 anos de contribuições.” (grifos nossos)

quinta-feira, 19 de agosto de 2004 Diário Oficial Poder Executivo - Seção I São


Paulo,114 (157) – 3

“Justiça e Defesa da Cidadania


GABINETE DO SECRETÁRIO
Portarias do Chefe de Gabinete, de 18-8-2004
Concedendo Aposentadoria:
com fundamento no art.20, inciso III, c.c. os arts. 22 (com a nova redação que lhe
foi dada pelo art. 24 da L.C. 539/88) e 25, todos da Lei 10.393/70, e nos termos do
parágrafo único do art.40 c.c. O art.51 da Lei Federal 8.935/94, e de acordo com o
art. 126, inciso I da Constituição do Estado de São Paulo, e, ainda, em face do
Laudo de Inspeção de Saúde 42/2004, do IPESP, constante do Pr.IP-25.853/2004,
por invalidez permanente a Sandra Andrade Silva, RG25.691.138-1, no cargo de
Preposta Auxiliar do 4º Tabelião de Notas da comarca da Capital, fazendo jus aos
proventos mensais, correspondentes a Serventia de Sede de Comarca de
Entrância Especial, cujo valor da remuneração base é equivalente a 5,00 salários
mínimos. 105/2004; com fundamento no art.20, inciso II, c.c. os arts. 25, § 2º e 28,
todos da Lei 10.393/70 e, nos termos do parágrafo único do art.40 c.c. O art.51 da
Lei Federal 8.935/94, e art. 8º da Emenda Constitucional 20/98, a Osmar Navarro,
RG2.948.865-5, no cargo de Preposto Substituto do 7º Tabelião de Notas da
Comarca da Capital, fazendo jus aos proventos mensais correspondentes a
Serventia de Sede de Comarca de Entrância Especial, cujo valor da
remuneração base é equivalente a 21,25 salários mínimos por contar com
mais de 35 anos de contribuições.” (grifos nossos)

Portanto, Excelências, repete-se, na


vigência da Lei nº10.393/70 os benefícios foram concedidos em
salários- mínimos!!

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Desta forma, todos aposentados e


pensionistas desta Carteira assim vinham percebendo até o mês de
março de 2.008, quando, surpreendentemente, o reajuste anual
deixou de ser aplicado, por determinação do DD. Superintendente da
recorrente, sob alegação de que o salário-mínimo não poderia mais
ser utilizado como indexador.

Os aposentados e pensionistas
permaneceram com seus benefícios defasados até a publicação da
Lei 14.016, aos 12 de abril de 2.010, a qual previa significativas
alterações na lei anterior, dentre as quais, um novo índice de reajuste
dos benefícios, o IPC-FIPE.
Em maio de 2010 foi então realizado o
tão esperado reajuste, aplicando-se o novo índice sobre os benefícios.
Porém, não houve aplicação retroativa do reajuste aos dois anos
anteriores, a fim de corrigir a defasagem dos benefícios.
Dessa forma, até os dias de hoje, os
aposentados e pensionistas sofrem o prejuízo da defasagem
correspondente a esses dois anos, o que é defeso pela Constituição
Federal (art. 7º VI c.c. art. 37, XV).

No julgamento da ADI nº 4.429/SP, no


qual foram considerados inconstitucionais os § 2º. e § 3º, do artigo 2º.
da Lei nº. 13.549/09 (que de forma semelhante, declarou em regime
de extinção a Carteira de Previdência dos Advogados de São Paulo),
o Eminente Ministro Marco Aurélio enfatizou que:
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“A modificação da realidade, por mais grave,


não se pode impor à força normativa da Carta da República.
Uma coisa é afirmar a alteração ou a supressão de certo regime
jurídico, respeitada a razoabilidade. Algo diverso é colocar em
segundo plano direitos adquiridos e, digo mais, situações
subjetivas já reconhecidas. Se formos ao inciso IV do § 4º do
artigo 60 da Carta Federal, constataremos uma dualidade: a
proteção, no tocante a emendas, faz-se presente considerados
direitos e garantias. Assim, incumbe ressaltar, desde logo, que
as novas regras instituídas pela norma impugnada são
inaplicáveis a quem, na data da publicação da Lei estadual nº
13.549, de 2009, já estava em gozo de benefício ou já tinha
cumprido, com base no regime instituído pela Lei nº 10.394, de
1970, os requisitos necessários à concessão. É exigível a
viabilidade do exercício do direito na forma como regulado antes
da liquidação, ainda que se precise repassar verbas públicas do
Estado de São Paulo para cobrir o déficit matemático”

O entendimento que embasou o julgado


na ADI 4420/SP não foi diferente. Além de declarar a responsabilidade
do Estado, sua grande relevância é o respeito ao direito adquirido,
o qual até então havia sido atropelado pela publicação da nova
lei, na medida em que esta colocou todos os beneficiários da
Carteira na mesma situação, passando a ser aplicada a todos sem
distinção.

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Dessa forma, deve ser mantido o


entendimento do v. Acórdão, que corretamente destacou:

“O direito dos associados da Requerente de


continuar recebendo os seus proventos nos termos da lei anterior
(Lei Estadual nº 10.363/70), é fato que se impõe, posto que já
incorporado aos seus patrimônios. Não pode a lei posterior, mais
gravosa, atingir uma situação jurídica já consolidada sob a égide
da lei anterior, sob pena de injustificável ofensa ao artigo 5º,
XXXVI, da Constituição da República.”

Da inaplicabilidade da Súmula Vinculante nº 04

A recorrente sustenta a impossibilidade de


adotar o salário-mínimo como índice para o reajuste dos benefícios,
tendo em vista que a Súmula Vinculante nº 04, editada pelo Supremo
Tribunal Federal veda a utilização do salário-mínimo como fator de
reajuste e de correção monetária.

Trata-se de outra premissa equivocada,


inaplicável para esta situação em concreto!

Como acima já explanado e demonstrado,


as aposentadorias concedidas sob a vigência da Lei 10.393/70 foram
em salários-mínimos, portanto este é a sua essência, o que faz total
diferença de utilizá-lo apenas como fator de reajustamento, conforme
disposto na referida Súmula.
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A Súmula nº 4 veio proibir a utilização do


salário mínimo como indexador de base de cálculo de vantagem de
servidor público ou de empregado, o quê não se aplica ao presente
caso, uma vez que os benefícios, de caráter alimentar, não se
enquadram como “vantagens” e os beneficiários em questão não são
funcionários públicos, mas sim, aposentados estatutários.

Quanto a este entendimento se


pronunciou o Ministro Marco Aurélio, nos seguintes termos:

“embora a restauração do equilíbrio


financeiro e atuarial do plano previdenciário mostre-se um
imperativo sistêmico, isso não quer dizer que o ônus deva recair
sobre o participante (...) Ao se determinar o reajustamento com
base no valor do salário mínimo, não se está a pretender utilizá-lo
como indexador de base de cálculo de vantagem, mas meramente
determinando o cumprimento de dispositivo legal, não havendo
óbice na Súmula vinculante nº 4.”

Em outra oportunidade, no julgamento do


RE 1077813, aos 05/02/2019, a Primeira Turma do STF decidiu não
haver vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário
mínimo, salientando que a Lei 4.950-A/1966, que assim estabelece o
salário profissional dos engenheiros, não contraria o enunciado da
Súmula Vinculante nº 04, nem o art. 7º, IV da Constituição Federal,
uma vez que o salário mínimo foi utilizado como parâmetro para a
fixação do salário-base, e não como fator de indexação.

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A sentença de Primeiro Grau proferida


nestes autos assim entendeu:

“Anote-se que o reajuste dos benefícios com


base no salário mínimo regional, nos termos previstos na Lei
n.º10.394/70, não afronta o disposto na Súmula Vinculante n.º 4, do
STF, posto que garante a segurança jurídica e visa tão somente o
estrito cumprimento de dispositivo legal, que não pode ser alterado
por decisão judicial, tendo o E.STF, por sua vez, reconhecido a
inaplicabilidade da Lei nova em relação aos já aposentados.”

Na sequência, o v. Acórdão da 3ª Câmara


de Direito Público de São Paulo, ora recorrido, corroborou esse
entendimento enfatizando o seguinte:

“Não se desconhece que o artigo


7º, inciso IV, da CF passou a proibir expressamente a vinculação
do salário mínimo para qualquer fim. Ocorre que a ADI 4420 foi
julgada em 16/11/2016, mais de 8 anos depois de editada a
Súmula Vinculante nº 4 e evidentemente depois da CF/88, de
modo que o STF, ao dar interpretação conforme à constituição
determinando que as regras da Lei Estadual nº 14.016/10 não se
aplicam a quem já gozava o benefício, acabou por recepcionar
totalmente a Lei nº 10.393/70.Em que pese, ainda, a edição da
súmula vinculante nº 4, o Egrégio Supremo Tribunal Federal
(“Salvo nos casos previstos na constituição, o salário mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem
de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por
decisão judicial.”), o índice anteriormente usado (salário mínimo)
também não pode ser substituído por mera decisão
administrativa, devendo ser mantido até a edição de novo ato
normativo.”
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Portanto, não podemos aplicar cegamente


a Súmula Vinculante nº 4 a esses benefícios, numa visão simplista,
como alegado pela recorrente!

A recorrente sustenta ainda,


equivocadamente, que a decisão na ADI 4420/SP não abrangeu
matéria de reajuste. Ora Excelências, a referida decisão proferida por
esta Corte é extremamente clara ao enfatizar que a Lei 10.393/70,
sem qualquer ressalva, se aplica àqueles que obtiveram seus
benefícios antes da publicação da Lei 14.016/10, bem como aos que
já reuniam os requisitos necessários à concessão do benefício, em
respeito ao direito adquirido.

Assim, a questão do reajuste pelo salário


mínimo está incluída na r. decisão, não sendo necessária uma
menção específica a respeito. Fosse o entendimento pela não
aplicação do salário-mínimo, aí sim tal matéria deveria ser objeto
de ressalva expressa!

O julgamento da ADI 4420 deixa claro que


o novo regramento, Lei 14016/10 não pode retroagir para afetar
situações já consolidadas sob a égide da lei anterior, Lei 10.393/70,
sob pena de ofensa às garantias constitucionais do direito adquirido e
do ato jurídico perfeito (artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição
Federal).

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Do “Congelamento” dos benefícios efetuado entre março de 2008


a abril de 2010:

Não obstante o Supremo Tribunal Federal


já ter sedimentado o entendimento de que é possível o congelamento
do reajuste outrora indexado em salário mínimo, até legislação
superveniente que estabeleça novo índice de correção, conforme
alega a recorrente, esse novo índice deveria ser aplicado
retroativamente ao período de congelamento, o que não ocorreu.

O pagamento das diferenças deste


período devem ser pagas, sim, a fim de se evitar a defasagem do valor
real do benefício!!

SEGURANÇA JURÍDICA!!

Esta Suprema Corte deve garantir a


eficácia dos seus julgados! A lúcida decisão proferida na ADI 4420/SP
deve ser respeitada e confirmada no presente no presente recurso.

Nesses tempos de incertezas em que


vivemos, é importante lembrar de um dos pilares fundamentais do
Estado de direito, A SEGURANÇA JURÍDICA. Princípio de suma
importância para uma sociedade organizada, equilibrada e justa, que
proporciona ao cidadão confiança de que o Estado o protegerá diante
da violação de um direito.
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Infelizmente a Insegurança jurídica é um


fantasma que há muito assola o nosso país, enfraquece o regime
democrático, afunda a nossa economia, gera completo descrédito para
o país e que adoece a nossa sociedade.

Esse país precisa de segurança


jurídica!!

A Incerteza de um direito deve ser evitada


ao máximo possível! O Direito não é matemática mas também não é
um jogo de azar! Pessoas que se encontram na mesma situação de
fato e de direito devem obter decisões semelhantes proferidas por
nossos Tribunais! É o que qualquer cidadão espera. Trata-se de um
pressuposto necessário para a consolidação de qualquer sistema
jurídico em um Estado Democrático de Direito

Os associados da recorrida, aposentados


e pensionistas que contribuíram compulsoriamente a vida toda para
um sistema previdenciário regido por uma lei muito clara, com regras
muito bem definidas; adquiriram os requisitos exigidos e se
aposentaram sob a égide dessa lei.

Durante o gozo do benefício, ao serem


surpreendidos com as bruscas mudanças da nova lei, só voltaram a
ter a certeza do seu direito com a julgamento da Adin 4.420, no qual
foi ressaltado o direito adquirido dessas pessoas que se encontravam
na mesma situação, considerando-se o princípio “tempus regit actum”.

Pça. Da Sé, 21, cjs. 1111/1112, Centro, São Paulo – SP, CEP: 01001-000 – Tel: 31055119
apacej@uol.com.br
APACEJ
Associação Paulista de Aposentados de Cartórios Extrajudiciais
Departamento Jurídico

O não cumprimento da decisão do STF


pela Fazenda Pública, gerando novas incertezas a estes idosos, não
pode ser ratificado pelo Poder Judiciário!

Face ao exposto, a recorrida requer seja


negado seguimento ao presente recurso, haja vista a ausência a
demonstração da repercussão geral da matéria e, caso admitido, no
mérito, seja negado o provimento, impondo-se a manutenção do v.
Acórdão recorrido em todos os seus termos, o qual se encontra em
perfeita conformidade com o entendimento do STF, proferido na Adi nº
4420/SP.

Por fim, requer, todas as intimações


sejam publicadas em nome do patrono da recorrida, regularmente
constituído, Rinaldo Pinheiro Aranha, OAB-SP 122.504, com escritório
na Praça da Sé, 21, cjs. 1111/1112, São Paulo-SP, endereço
eletrônico apacej@uol.com.br.

São Paulo, 16 de março de 2021

Rinaldo Pinheiro Aranha


OAB-SP 122.504

Pça. Da Sé, 21, cjs. 1111/1112, Centro, São Paulo – SP, CEP: 01001-000 – Tel: 31055119
apacej@uol.com.br

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