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SETOR PÚBLICO
AULA 3
Olá, caros alunos! Esta é a nossa terceira aula, e pretendemos trazer para
vocês as peculiaridades da contabilidade no que tange ao setor público.
Nesta aula serão apresentadas normas específicas, oriundas do processo
de convergência das normas internacionais. Também trataremos dos elementos
das demonstrações contábeis e de algumas contas específicas de classificação.
CONTEXTUALIZANDO
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Diante do fato de que o contexto atual evidencia que os padrões contábeis
do IFAC estão sendo adotados por diversos países, o Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), órgão credenciado ao IFAC no Brasil, instituiu grupos de
estudo com o objetivo de propor as Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público (NBCASP) alinhadas às IPSAS, além de que a
interpretação dessas normas para o setor público ficasse a cargo da Secretaria
do Tesouro Nacional (STN). A STN, por sua vez, tem por finalidade elaborar e
publicar os manuais de contabilidade aplicada ao setor público, dando assim
sequência ao cumprimento do objetivo de padronização dos procedimentos
contábeis do setor público.
Essas normas têm por disposição a contabilidade patrimonial. Uma das
alterações trata exatamente da necessidade de registro de todos os atos e fatos
que alterem ou possam vir a alterar a situação patrimonial das entidades, sejam
elas dependentes de execução orçamentária ou não.
Nesse novo cenário nacional, a contabilidade aplicada ao setor público
vem requerendo cada vez mais estudos e normas para regulamentar e
consolidar a padronização do setor. Acima de tudo, ela vem contribuindo com a
formação do profissional de contabilidade, bem como a de usuários de
informações.
Assim, por meio de resoluções, surgem as chamadas Normas Brasileiras
de Contabilidade (NBC), que estabelecem conceitos doutrinários, regras e
procedimentos aplicados de contabilidade às normas aplicáveis ao setor público.
No que diz respeito ao atual cenário, tem-se 12 normas vigentes:
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12. NBC T 16.11: sistema de informação de custos do setor público.
A NBC TSP Estrutura Conceitual: Elaboração e Divulgação de
Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público,
uma norma específica de outubro de 2016 que trata dos componentes e itens
que devem compor a elaboração das demonstrações contábeis, observa que a
estrutura básica das demonstrações contábeis tem por essência o
reconhecimento e a codificação de eventos ocorridos. Essas demonstrações são
estruturadas para caracterizar, classificar e consolidar os dados das
movimentações econômicas ocorridas em determinado exercício; assim,
usuários e tomadores de decisão podem fazer uso delas com confiança, partindo
do princípio de que estão bem representados pelas características qualitativas
da informação contábil.
No que diz respeito a receitas de transação, tem-se duas normas. A
primeira é a NBC TSP 01, que trata da receita decorrente de transações sem
contraprestação, exceto daquelas sem contraprestação que dão origem à
combinação de entidades. Essa regulamentação especifica as situações de
reconhecimento e mensuração da receita das transações sem contraprestação.
A segunda é a NBC TSP 02, receita originada de transações com
contraprestação. Entende-se por transação com contraprestação a situação em
que a entidade recebe ativos ou serviços, ou tem passivos extintos, e faz a
entrega direta de um valor (prioritariamente sob a forma de bens, serviços ou
uso de ativos) equivalente à outra parte.
São considerados exemplos de transações com contraprestação a
compra ou a venda de bens e serviços, ou ainda o aluguel ou o arrendamento
de ativo imobilizado.
A NBC TSP 03 objetiva a definição de provisões, ativos e passivos
contingentes, bem como a identificação das condições em que devam ser
reconhecidos, evidenciados e mensurados. Também estabelece exigências para
divulgação em notas explicativas de informações sobre natureza, valores e
vencimentos de registros, proporcionado aos usuários maior entendimento dos
itens.
Evidencia-se na NBC TSP 04 como devem ser contabilizados os
estoques. E, nesse sentido, o essencial é justamente a contabilização pelo valor
do custo a ser reconhecido como ativo e mantido nos registros até que as
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receitas deles decorrentes sejam reconhecidas. Especifica o método e os
parâmetros utilizados na atribuição de custos aos estoques.
No tocante aos contratos de serviços, as definições estão dispostas na
NBC TSP 05: Contratos de Concessão de Serviços Públicos. Seu mote é
especificar como deve ser a contabilização dos contratos de concessão pela
ótica do concedente em uma entidade do setor público.
Com relação à NBC T 16.6 (R1): Demonstrações Contábeis, cabe
esclarecer inicialmente que a letra R significa "revisões" e que o número que a
segue indica quantas vezes a norma já foi ajustada. Em seguida, evidencia-se
que estão dispostas nessa norma a forma como as demonstrações contábeis
devem ser elaboradas e divulgadas pelas entidades do setor público. Ela traz
também a definição de demonstração como sendo a técnica contábil que revela
em certo período as informações a respeito dos resultados alcançados e os itens
de naturezas orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio de
entidades do setor público e suas mutações.
A NBC T 16.7: Consolidação Das Demonstrações Contábeis tem por
objetivo disseminar o conhecimento e disponibilizar os macroagregados do setor
público, evidenciar a visão global do resultado e a forma de instrumentalizar o
controle social.
E, em se tratando de controle, o CFC dispõe na NBC T 16.8: Controle
Interno que o controle interno à luz da contabilidade é considerado o conjunto
de métodos, procedimentos e recursos que uma organização pública estabelece
para assegurar seus ativos e demais componentes patrimoniais. Salienta
também os mecanismos de controle, monitoramento e avaliação de riscos.
Considerando-se os aspectos patrimoniais, a NBC T 16.9: Depreciação,
Amortização e Exaustão preconiza conceitos, definições e critérios de
aplicabilidade dos itens a serem depreciados, amortizados ou passíveis de
exaustão.
Por fim, destacamos a NBC T 16.10: Avaliação e Mensuração de Ativos
e Passivos e a NBC T 16.11: Sistema de Informação de Custos. A primeira
trata de parâmetros, critérios e procedimentos para avaliação e mensuração de
ativos e passivos integrantes do patrimônio de entidades do setor público; a
segunda, de regras básicas para mensuração e evidenciação dos custos no
setor público.
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Leitura complementar
Para saber um pouco mais sobre as normas aplicáveis ao setor público,
acesse: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-tsp-
do-setor-publico/>.
Ativo;
Passivo;
Receita ou variação patrimonial aumentativa (mcasp, 2017);
Despesa ou variação patrimonial diminutiva (mcasp, 2017);
Contribuição dos proprietários;
Distribuição aos proprietários.
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2.1 Ativo
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Leitura complementar
Para saber mais sobre as resoluções e ementas do CFC, acesse:
<http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/NBCT16.6
(R1)>.
2.2 Passivo
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até 12 meses depois da data das demonstrações contábeis são considerados
circulantes, enquanto os outros casos classificam-se como não circulantes.
É bom lembrar que no balanço patrimonial tem-se o passivo financeiro,
que está compreendido nas dívidas fundadas e demais pagamentos que não
dependam de autorização orçamentária. Já o passivo permanente evidenciará
as dívidas fundadas e outras que sejam dependentes de autorização legislativa
para amortização ou resgate (art. 105 da Lei nº 4.320/1964).
O pagamento consiste na efetiva saída do recurso financeiro que
ocasionará a baixa de um passivo exigível existente.
O Mcasp (2017) apresenta uma exemplificação de contabilização do
passivo exigível e seu pagamento quando ocorre a contratação por parte do
poder público de uma operação de crédito. Nesse momento, deve-se observar
as 04 1:
a) Na contratação:
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
Nacional (F)
C 2.1.2.2.x.xx.xx Empréstimos a Curto Prazo – Externo (P)
b) No empenho:
c) Na liquidação:
Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação
C6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
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Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Entradas
Compensatórias
Observação
Patrimônio Líquido (PL) ou Situação Patrimonial Líquida: a situação
líquida do ente público é estabelecida pela diferença entre os ativos e os
passivos depois da integração de outros recursos, bem como depois de
deduzidas as outras obrigações, reconhecidas no BP como Patrimônio Líquido
(PL). Essa situação patrimonial líquida pode se caracterizar como negativa ou
positiva.
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2.3.1 Reconhecimento da VPA antes da ocorrência da arrecadação da
receita orçamentária
b) No momento da arrecadação:
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Houver decréscimo ou extinção do valor econômico de um ativo;
Surgir um passivo sem a correspondência do ativo.
b) Na liquidação:
Natureza da informação
D1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal e a
Terceiros (P)
C 2.1.8.9.x.xx.xx Suprimento de Fundos a Pagar (F)
Observação
Resultado Patrimonial: para obter o resultado patrimonial é necessário
apurar o resultado da diferença entre o valor total das VPA e o valor total das
VPD, o que ocorre no encerramento da apuração na Demonstração das
Variações Patrimoniais do período. Se o total das VPA forem maiores do que
o total das VPD, diz-se que o resultado patrimonial foi superavitário ou ainda que
houve um superávit patrimonial. Caso contrário, diz-se que o resultado
patrimonial foi deficitário ou que houve um déficit patrimonial.
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entender que a finalidade da mensuração é fornecer informações pertinentes à
contabilidade que permitam ao usuário avaliar os custos dos serviços em
determinado lapso temporal e compará-los aos da atualidade, bem como
analisar a capacidade operacional e a capacidade financeira.
De acordo com a NBC TSP – Estrutura Conceitual, a mensuração pode
ter várias bases, como podemos ver nos quadros a seguir:
Observável, Específica,
Base de Entrada
Descrição ou não no ou não à
mensuração ou saída
mercado entidade
Valor para adquirir ou
desenvolver um ativo, o qual
corresponde ao caixa ou a Específica
Geralmente
Custo histórico equivalentes de caixa, ou o Entrada para a
observável
valor de outra importância entidade
fornecida à época de sua
aquisição ou desenvolvimento
Valor de
mercado Não
(quando o Entrada específica
Observável
mercado é e saída para a
aberto, ativo e Montante pelo qual um ativo entidade
organizado) pode ser trocado entre partes
cientes e dispostas e em
transação sob condições
normais de mercado Depende da Depende
Valor de
técnica de da técnica de
mercado (em Saída
atribuição de atribuição de
mercado inativo)
valor valor
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alienação ao final de sua vida
útil
Observável, Específica,
Base de Entrada
Descrição ou não no ou não à
mensuração ou saída
mercado entidade
Valor de
mercado Montante pelo qual um Não
(quando o passivo pode ser liquidado Entrada e específica
entre partes cientes e Observável
mercado é saída para a
aberto, ativo e interessadas em transação entidade
organizado) sob condições normais de
mercado
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Montante que a entidade
racionalmente aceitaria na
troca pela assunção do
passivo existente Específica
Preço presumido Entrada Observável para a
Termo utilizado no contexto entidade
dos passivos para se referir
ao mesmo conceito de custo
de reposição para os ativos
Fonte: Mcasp (2017)
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empresa. Entretanto, o passivo será o valor presente menos o fluxo futuro
de saídas líquidas da instituição (que se refere ao valor normal de
operações).
TEMA 4 – ESTOQUES
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Percebe-se que essa ligação entre custo e estoque na contabilização dos
valores tem como finalidade atribuir um valor correto aos ativos, ou seja, fazer
uma mensuração
Conforme o Pronunciamento CPC 16 ‒ R1 (Estoques), os estoques
“devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos
dois o menor", o que afirma o uso de valores de entrada, deste que estes não
sejam superiores ao valor a ser realizado na venda destes ativos.
Cabe salientar que o reconhecimento inicial é feito com base nos valores
de aquisição, produção ou construção. E que, no tocante aos itens de
depreciação, amortização e exaustão sistemática, esses procedimentos são
realizados quando sua vida útil econômica é limitada sem prejuízo das exceções
expressamente consignadas.
Considere como pontos essenciais a serem ponderados na contabilização
do ativo imobilizado:
À luz da NBC TSP 08, entende-se por ativo intangível o bem ou o ativo
não monetário, assim como também os direitos identificáveis, que não possuem
uma forma física.
Ressaltamos que para poder mensurar os direitos que tenham por objeto
bens incorpóreos e que sejam disponibilizados para uso na manutenção da
atividade pública é preciso considerar valores de aquisição ou de produção
decrescidos do saldo da respectiva conta de amortização acumulada. Também
é preciso levar em conta qualquer montante acumulado de quaisquer perdas do
valor tenham ocorridos durante a vida útil por redução do valor recuperável
(impairment).
Um ativo é identificável se ele:
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de biblioteca, periféricos de computadores e pequenos itens de equipamento, e
aplicar o critério ao valor agregado”.
O ente deverá ponderar na ocasião do reconhecimento todos os custos
dos ativos imobilizados no momento em que estes ocorrem. Devem ser
considerados os custos incorridos iniciais de aquisição ou construção.
Lembramos que se houver gastos posteriormente, estes serão acrescidos aos
custos desde que haja “geração de benefícios econômicos futuros ou potenciais
de serviços”. Outros gastos eventuais deverão ser registrados como despesa do
período.
Vale destacar que um ativo intangível deve ser reconhecido somente
quando:
Leituras complementares
Para saber mais sobre ativos imobilizados, acesse:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTSP0
7&arquivo=NBCTSP07.docx>. Para ativos intangíveis, veja:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTSP0
8&arquivo=NBCTSP08.docx>.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao
Setor Público, assinale a opção que indica o objeto da Contabilidade Aplicada
ao Setor Público.
a. Os ativos públicos;
b. O patrimônio público;
c. O resultado público;
d. O fornecimento de informações alcançadas pelas entidades do setor
público;
e. Os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física
do patrimônio da entidade do setor público.
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b. Perda do valor recuperável de bens móveis;
c. Reconhecimento a cada mês trabalhado do 13° salário a ser pago no
final do ano;
d. Recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de
serviços;
e. Reconhecimento de obrigação de prestar serviços em regime de
concessão.
FINALIZANDO
Leitura complementar
Para a versão integral e atualizada do Manual de contabilidade aplicada
ao setor púbico, acesse:
<http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2
%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7-
490c-8967-b0acd3923f6d>.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htmhttp://www.pl
analto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 23 out. 2017.
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SILVA, L. M. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
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RESPOSTAS
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