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CURSO: L I C E N C I A T U R A E M MATEMÁTICA

DISCIPLINA: PROJETOS SOCIAIS


PROF.(A).: LUCINEIDE PENHA TORRES DE TURNO: VESPERTINO
FREITAS
NOTA
TURMA: S2 SALA:
GRADUAÇÃO ALUNO (A): ISMAEL MARTINS MATOS
DATA: 31/07/2020 RESENHA: SOBRE O ÓBVIO - Darcy Ribeiro

Através do Livro Sobre o Óbvio, do escritor e antropólogo, pedagogo e político Darcy Ribeiro,
um dos mais importantes intelectuais brasileiros, percebemos claramente que o óbvio às vezes
precisa ser dito. Em abril de 1995 Darcy Ribeiro lançava 2 novos livros: O Povo Brasileiro e o Brasil
como problema. Darcy começou a se formar na década de 40 sobre as aldeias indígenas, aos 24
anos recém formada em sociologia pela USP resolveu viver entre os índios e durante 10 anos
trabalhou como etnólogo com as tribos do Pantanal e na Amazônia. De volta à civilização Darcy
ajudando a estruturar a Universidade Nacional de Brasília, torna-se o primeiro reitor, O antropólogo
foi o idealizador da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) que hoje leva seu nome:
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, sua sede está em Campos dos
Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. Neste meio tempo assume o Ministério da educação e
cultura de João Goulart, embora o golpe de 64 tenta barrar o furacão Darcy a essa altura, chefe do
gabinete civil de Jango, Darcy é preso e vive fora do país por longos 10 anos, mas em 1978 o clima
muda e ele volta à política, 4 anos depois é eleito vice-governador de Leonel Brizola no Rio em uma
festa de posse bem popular, Senador pelo Rio. Em 1990 Darcy luta contra um câncer que teima em
querer abatê-lo, mas a doença em frente o páreo duro é empurrado pela enorme energia de
vontade de viver. Darcy faleceu com 74 anos em Brasília, dia 17 de fevereiro de 1997, vítima deste
câncer. Em seu livro de memórias escreveu:
“Termino esta minha vida já exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais
saber, mais travessuras.”
Tempo integral, interdisciplinaridade, envolvimento com a cultura local, respeito máximo ao
professor. Esses conceitos que são muito falados e ainda pouco praticados, tiveram em Darcy
Ribeiro um grande defensor e alguém que efetivamente os aplicou.
Focando no seu livro Sobre o Óbvio publicado no Rio de Janeiro pela Editora Guanabara em
1986, O autor vem através do texto, nos informar como foram implantadas as primeiras escolas e a
universidade pioneira aqui no Brasil, vem também nos revelar uma classe preocupante, mas ao
mesmo tempo aquela em que assegura também o poder à classe dominante.
Por sermos um país colonizado, mestiço e inferiorizado, sempre fomos alvos de preconceitos
e durante muito tempo achávamos, pelo saber do senso comum, que toda essa carga era natural,
mas com o passar do tempo e com a ciência podemos reconhecer que sem a educação nos
manteremos na mesma situação. A educação é que melhor se concretiza a sabedoria das nossas
classes dominantes e sua formidável na defesa de seus interesses, observamos que Darcy no
conjunto de trabalho reunido em “Sobre o Óbvio”, trata de questões diversificadas, deixando clara,
no entanto, sua preocupação em relação à educação dos brasileiros. Tratou de forma coerente e
audaciosa todos os argumentos apresentados, pois se referiu a uma classe que tem poder e
atribuiu a essa classe toda a culpa pela realidade vivida pela maioria dos brasileiros.
No entanto, ele cita 5 obviedades e as descreve até chegar na obviedade educacional. Na
questão brasileira a qual é o seu foco, o autor afirma que, de fato, só conseguimos desmascarar
uma obviedade para descobrir outras mais óbvias ainda. A primeira obviedade citada é como a
dinâmica do Sol é vista por nós. Pelo fato de ele nascer, se levantar, dá a volta e se pôr novamente.
Segundo ele a ideia sobre isto é uma questão divina. Porém várias gerações passaram sacrifícios
para mostrar que a verdade não era essa. Ele disse que isso não passava de uma “treta” de Deus.
Entretanto, a questão heliocêntrica não foi dita claramente nesta colocação. A segunda obviedade é
a questão de os pobres viverem dos ricos. Essa questão óbvia que foi retirada sendo colocada uma
outra uma visão que revela que a necessidade é a dos ricos em relação à existência dos pobres. A
terceira obviedade está relacionada a inferioridade dos negros em relação aos brancos e que por
isso os negros não conseguem ascender socialmente e tudo isso por razões históricas. A quarta
obviedade é a relação do povo brasileiro é um povo chinfrim, inferior e sustentado pela sociedade
em que vive.
O autor explica que a própria ciência existiu por um enorme tempo para sustentar essa
obviedade. Ele cita que além de sermos um povo mestiço, ou seja, um povo inapto ao progresso
somos também um povo tropical e que civilização dos trópicos não dá. Outra razão que há
evidencias é que a nossa inferioridade em sermos católicos, pois, segundo ele, o catolicismo
barroco é algo atrasado. Além disso haveria outras forças para nos deixar ainda mais inferiores
ainda como exemplo a ancestralidade portuguesa. Ainda cita que com esses motivos nunca
conseguiríamos ir para a frente e que o povo nunca iria ter sucesso, portanto, desse modo, estava
fadada ao fracasso. Porém na década de 50 graças às novas ciências descobrimos que essa
obviedade relacionada a nossa inferioridade racial religiosa climática e ancestral para justificar o
nosso atraso não passava de mais uma “treta” de Deus e que por trás dessa obviedade existia outra
mais óbvia ainda a qual era consequência da nossa classe dominante e seus compassos e que
esse era o real motivo dos nossos passos sempre atrasados. Ele ainda subverte que a causa real
do atraso do povo brasileiro e quem tem a culpa do nosso subdesenvolvimento somos nós mesmos
ou melhor a melhor parte de nós mesmos.
Falar sobre a educação brasileira é voltar no tempo e tentar entender as causas que hoje
arruínam essa educação. Darcy Ribeiro fala desse texto do início da educação fragilizada que
temos hoje. Ele faz um percurso dela desde que o nosso país foi colonizado pelos portugueses até
as consequências provocadas por atitudes falhas em relação a esse importante instrumento da
ignorância. O autor também pede para imaginar como seria se todos tivessem feito ou ensino
superior porém se continuar com rostos tristonhos e de que não existirá mais neste mundo
concluindo que será um país com efeito turístico o único lugar no mundo onde se poderá enxergar
as coisas desse modo com coisas raras extravagantes.
Entretanto o texto deixa acordado que para o povo é costumeiro a inferioridade tanto de raça,
gênero ou credo que por muitas vezes tratamos como normal mas, não está na forma como
ingerimos ou fazemos pensar e sim como a classe dominante, abusiva e tirana de pessoas do alto
padrão como a sociedade rotula, se comporta e impõe suas decisões e escolhas diante do povo,
portanto, o autor gera um conformismo de pensamento e até profere elogios a esta classe pois,
segundo Darcy, ela tem uma enorme capacidade e competência de fazer com que a classe
oprimida agradeça de algum modo à classe dominante por poder ter uma vaga no mercado de
trabalho ou até mesmo uma posição hierárquica, mas abaixo do seu senhor.
É importante ressaltar que não há país construído mais racionalmente pela elite que o nosso
e que a classe trabalhadora no meio de tudo isso é que dá riqueza à classe dominante que por sua
vez dá, como se fossem esmolas, o pagamento por meio de salário, do seu trabalho.
É incrível como o autor coloca seus argumentos de crise educacional como um programa.
Será se realmente é preciso ter analfabetos? Será se o Brasil irá se tornar apenas turismo se todos
os jovens daqui a alguns anos terem o ensino superior? O mercado de trabalho brasileiro ainda é
confuso, certamente não tem vagas para todos. Quantas pessoas, hoje, terminam suas graduações
e não conseguem vaga na área desejada, isso é real mas certamente todos temos a capacidade de
entender que só a educação não fragilizada, e bem arquitetada poderá tomar novos rumos para o
povo brasileiro, onde deve-se entender que a educação não é apenas um meio de se enriquecer ou
tornar alguém confortável, como o grande educador brasileiro Paulo Freire designava a educação
como um meio de transformar o intelecto, levando em consideração que esta educação gera
reinvenção constante da própria realidade através da reflexão-humana. Logo o saber deve ser
difundido, mas não somente para as classes dominantes do saber e sim para todos como o um
meio de incluir as pessoas na sociedade e não de reprimir e se tornar dependentes seja físico ou
intelectual. È importante tentarmos entender que não importa onde chegamos e sim onde estamos:
a nossa verdadeira essência sem deixar corromper.

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