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HUGO REZENDE HENRIQUES

O perspectivismo e a verdade na ciência e no Direito

Belo Horizonte
2013
HUGO REZENDE HENRIQUES

O perspectivismo e a verdade na ciência e no Direito

Projeto de pesquisa para tese de doutoramento elaborada para o


Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito
da Universidade Federal de Minas Gerais

Linha de Pesquisa 04: Estado, Razão e História

Área de Estudo: Filosofia do Estado e Cultura Jurídica

Belo Horizonte
2013
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1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O iluminismo e o projeto liberal deram as bases modernas para o desenvolvimento


pleno do racionalismo. Essa teoria crê na possibilidade de definição do real e, portanto, do
verdadeiro, definindo-o a partir de deduções e proposições lógicas das quais se extraem
conclusões a respeito da veracidade destas. Para essa corrente filosófica, a realidade é um
dado, e a razão humana é capaz de apreendê-la. Essa crença deriva de uma outra, qual seja, a
de que esta mesma razão humana estaria localizada em perspectiva externa em relação a esta
realidade, possibilitando então apreendê-la a partir da observação e das conclusões a que esta
chega por meio do raciocínio lógico-dedutivo.
A contemporaneidade, contudo, trouxe um desconforto em relação às crenças do
projeto liberal, uma vez que os conceitos modernos do humano, e do próprio conhecimento,
se viram fadados ao fracasso à medida que a liberdade, este ideal máximo do projeto, falhou
em cumprir com as promessas que idealizara, e seus ideais emancipatórios se mostraram
infundados.
Por esta razão, outras correntes de pensamento surgiram ou reemergiram na
atualidade, numa busca por dar vazão a este desconforto, numa tentativa de ressignificar as
bases epistemológicas do humano, com o propósito de dar outros sentidos aos conceitos
básicos que norteiam a vida humana, a ciência e, inclusive, o Direito.
O perspectivismo é uma das correntes filosóficas que negam e criticam a tese
racionalista, buscando dar novas e diversas explicações aos problemas centrais da filosofia.
Desenvolvida especialmente pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, ela tangencia o
niilismo em relação à possibilidade do conhecimento da realidade, que possui significações
totalmente diversas nesta teoria, mas simultaneamente traz uma interessante concepção de
mundo e de homem.
Para o perspectivismo, conhecer é sempre e invariavelmente pôr-se em relação a
alguma coisa. Portanto, sujeito e objeto não são estáticos, e tampouco possuem um
distanciamento entre si que comporte uma apreensão isenta. Dado isso, tem-se que um
conhecimento absoluto, para esta corrente, é não somente um ideal inatingível na prática,
como também uma contradição em termos, pois há uma carência completa de fixação de
qualquer dos componentes da análise.
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Nas palavras do próprio autor, no livro “A vontade de poder”, o perspectivismo seria


aquilo “em virtude de que todo centro de força – e não apenas o homem – constrói todo o
resto do mundo de seu próprio ponto de vista” (Nietzsche, 1968). Consequência disso,
conforme afirmamos anteriormente, é que este conjunto de centros de força não poderia
constituir uma unidade, posto que envolva perspectivas contraditórias, e cuja soma será
sempre inconsistente.
Em relação ao sujeito humano da relação, se é que podemos fazer essa distinção
sujeito-objeto, uma vez que o perspectivismo nega-a com tamanha veemência, podemos
facilmente compreender que somente se oferecerá à consciência humana aquilo que possa, e
na forma que o for, ser captado pela nossa percepção e pela estrutura limitante da linguagem.
Assim, nos explica a Professora Dra. Silvia Rocha:
“Não podemos dirigir nosso olhar para o mundo sem ao mesmo tempo submetê-lo a
nossos esquemas perceptivos e a nossas projeções antropomórficas. (...) Pretender
suprimi-la (a perspectiva) para alcançar ‘as coisas em si mesmas’ seria um absurdo
comparável a querer suprimir os olhos para ver melhor.” (Rocha, 2004, modificado)

Dito de outra forma, devemos compreender que toda estabilidade interpretativa será
sempre provisória, resultando de uma única conformação específica da multiplicidade das
forças conformadoras do real, que são responsáveis por constituir o modo de ser da realidade
e em que estão sempre presentes nossos sentimentos, humores, pulsões, afetos, bem como
nossas particularidades históricas, linguísticas e fisiológicas.
Mas a metáfora desenvolvida da perspectiva em relação à visão apresenta um
problema com a teoria perspectivista, uma vez que subentende a existência de um sujeito e de
um objeto apartados entre si, preexistentes e subsistentes àquela relação. Nesse sentido,
devemos compreender que o estabelecimento de sentidos é sempre a partir de alguém,
intrometido e indissociável do processo de configuração de realidade. O sujeito não poderia
pretender anteceder ao processo interpretativo ou perspectivo, posto que ele também é seu
resultado. É dizer que ele é mesmo resultado desse processo, o sujeito vem a ser o que é a
partir do movimento interpretativo. O mesmo poderia ser dito em relação ao objeto, também
fruto dessa relação, e dependente dela, não podendo ser considerado enquanto algo alheio ao
próprio processo interpretativo.
O próprio Nietzsche formula essa ideia central da impossibilidade da existência de um
objeto em si: isento, estático, e independente do sujeito. Assim, no livro A vontade de poder,
podemos ler o trecho: “Que as coisas tenham uma constituição em si, completamente
abstraída da interpretação e da subjetividade, é uma hipótese inteiramente ociosa: seria
pressupor que o interpretar e o ser sujeito não sejam essenciais, que uma coisa desligada de
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todas as relações ainda seja coisa” (Nietzsche, 1968). Dessa forma, o perspectivismo nega a
possibilidade do sujeito, bem como nega a possibilidade do objeto, desconfigurando os dois
polos essenciais da relação de observação racionalista do mundo.
Para esta corrente filosófica, independente do que venha a ser o mundo, o homem é
parte integrante dele, não podendo pretender uma transcendência que o possibilite a instituir a
razão enquanto sujeito e o mundo como objeto. Tal somente seria possível se
considerássemos um ponto de vista sem tempo e espaço, um verdadeiro “olhar divino”. É esta
impossibilidade que Nietzsche apresenta no aforismo 374 de Gaia Ciência, que apresenta uma
formulação central para o perspectivismo:
“Até onde vai o caráter perspectivo da existência? Possui ela de fato outro caráter?
Uma existência sem explicação, sem “razão”, não se torna precisamente uma
“irrisão”? E por outro lado, não é qualquer existência essencialmente “a
interpretar”? É isso que não podem decidir, como seria necessário, as análises mais
zelosas do intelecto, as mais pacientes e minuciosas introspecções: porque o espírito
do homem, no decurso dessas análises, não pode deixar de se ver conforme a sua
própria perspectiva e só de acordo com ela. Só podemos ver com nossos olhos.”
(Nietzsche, 2001)

O perspectivismo avança em sua inquietude em relação ao conhecimento, buscando


compreender suas próprias extensões, e termina por suspeitar que a própria existência seja
desprovida de qualquer forma e medida, de todo sentido, valor e finalidade, senão aqueles que
as diferentes perspectivas lhe atribuem. Tal suposição vai ao extremo de supor que o mundo
em si, seria então destituído de todo e qualquer fundamento. Mas a afirmação do
perspectivismo da própria existência deve ser melhor compreendida pois “ao afirmar o
perspectivismo da existência, o que Nietzsche recusa não é uma instância ontológica, mas a
hipótese de uma duplicação ontológica: a hipótese de que (...) as construções perspectivas
sejam a representação de um mundo constituído” (Rocha, 2004).
Assim, temos que a “verdade” no perspectivismo, também é linguagem e perspectiva,
uma vez que não existe em si, mas tão somente enquanto interpretação particular e
intransferível. Nesse sentido, cabe compreendermos o papel da linguagem no perspectivismo,
uma vez que a linguagem, diferente de sua conotação liberal, não poderá ser um artifício
capaz de produzir, com fins utilitários, uma rede de significâncias comunicacionais capaz de
assegurar uma certa estabilidade social para a sociedade humana. Assim que, para Nietzsche,
a verdade é linguagem em sentido diverso, é um conjunto “de metáforas, de metonímias, de
antropomorfismos” que foram alçadas pelo longo uso a uma aparente regularidade, seria então
um conjunto de figuras em perspectiva que perderam sua força sensível e apresentam-se
firmes a um povo (Nietzsche, 2001).
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Às voltas então com esta compreensão relativamente superficial acerca da assim


chamada “suspeita” perspectivista. Dizemos suspeita, posto que afirmar o perspectivismo
enquanto conhecimento ou teoria, seria um contrassenso em partes, pois geraria um paradoxo
na própria proposição, que não pode rejeitar se afirmar enquanto perspectiva. Assim é que a
atitude de Nietzsche frente a este relativo paradoxo, seria melhor explicado não como uma
relação de dúvida em relação ao conhecimento, mas de suspeita, uma vez que quem suspeita
permanece numa incerteza, mas não se torna incapaz de aplica-la.
Devemos imaginar então como o perspectivismo se relaciona com o positivismo, esta
corrente de pensamento que tanto influenciou o Direito. Para tanto, indispensável que também
reconstituamos brevemente o próprio pensamento positivo, em especial no que tange à assim
chamada: ciência jurídica.
O positivismo legal é a tese de que a existência e o conteúdo da lei depende de fatos
sociais, e não de seus méritos. É importante ressaltar que a tese positivista não afirma que os
méritos da lei sejam ininteligíveis, desimportantes ou periféricos à filosofia do direito. Diz tão
somente que não são estes os critérios para se determinar a existência de um sistema legal. Em
outras palavras, o fato de que determinada política seja justa, eficiente, ou prudente, não é
suficiente para acreditar que ela seja a lei. De forma oposta, que uma política seja injusta,
ineficiente, ou imprudente nunca seria razão suficiente para duvidar de seu caráter legal.
O positivismo legal encontrou no jurista austríaco Hans Kelsen sua formulação mais
amplamente divulgada, que se propunha a atacar certos aspectos reducionistas de visões
positivas do direito anteriores. Ele dita que a lei é normativa e deve ser compreendida como
tal. O poder não faz o direito ou a lei e, portanto, a filosofia jurídica deve explicar o fato de
que a lei existe e é capaz de impor obrigações aos sujeitos. Além disso, em sua visão, o direito
é um sistema normativo, ou em suas palavras, “o direito não é, como às vezes se diz, uma
regra. É um conjunto de regras que possui o tipo de unidade que entendemos por sistema”
(Kelsen, 2005). Para a teoria kelseniana, a unidade do sistema normativo consiste no fato de
que as normas estão encadeadas em uma corrente de autoridade. No entanto, esta teoria recai
no problema paradoxal da norma fundamental, à qual Kelsen explica que deve ser validada
pela seguinte norma básica: “A norma fundamental deve ser obedecida”. Sabe-se que a norma
fundamental não pode ser uma norma legal, e tampouco pode ser um fato social, posto que o
próprio Kelsen sustenta que a razão de validade de uma norma deve ser sempre outra norma.
Chega-se então à conclusão de que um sistema normativo se ancora numa norma hipotética
transcendental que é a condição de inteligibilidade de todo o sistema. Para este teórico, a
pressuposição desta norma não é endossa-la enquanto justa ou boa, mas é tão somente a pré-
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condição necessária para uma compreensão não reducionista do direito como sistema
normativo.
Esta teoria encontra diversos problemas e críticas, embora seja amplamente difundida,
e muitas vezes erroneamente empregada. Um dos problemas mais sensíveis do postulado
kelseniano poderia ser enunciado da seguinte forma: se o direito não pode se basear, em
última instância, na força, ou no próprio direito, ou numa norma pressuposta, onde estaria
assentada a autoridade do direito?
A resposta mais influente a esta pergunta foi formulada pelo filósofo inglês Hart, que
rejeitou o transcendentalismo kelseniano, e sua visão kantiana de autoridade em favor de uma
visão empirista e weberiana. Assim, para ele, a autoridade do direito é social. O critério
último de validade em um sistema normativo não é uma norma legal, nem uma norma
pressuposta, mas uma regra social que existe tão somente porque ela é praticada. Para Hart, o
direito se assenta, em última análise, sobre os costumes. Assim, define-se que é um costume
social que determina uma “Regra matriz de reconhecimento” que especifica o critério último
de validade no sistema normativo. É importante ressaltar que esta regra de reconhecimento à
qual Hart faz menção, não é uma regra costumeira necessariamente difundida à comunidade
em visão ampla, mas uma regra costumeira oficial, no sentido relacionado à ideia weberiana
de uma burocracia racional.
É importante ressaltar que Hart não se compromete com uma visão do direito
enquanto uma aquisição ou ganho cultural. Nesse sentido, a despeito de algumas críticas nesse
sentido, o direito na visão positiva é uma forma específica de organização política, e não uma
conquista moral e, portanto, sua necessidade e mesmo sua utilidade, depende inteiramente de
seu conteúdo e do seu contexto. Portanto, sociedades que desconhecem o direito podem estar
perfeitamente adaptadas ao sem ambiente, sem nada perder com isso.
A visão positivista, portanto, oferece uma teoria da validade do direito no sentido que
Kelsen afirma da validade como modo específico de existência de uma norma. Nesta visão, a
moralidade está apartada do campo normativo, embora não haja qualquer restrição em que
pese a sua presença no campo jurídico, mais amplo que aquele. Assim, o positivismo dá as
bases para a compreensão do que seria o objeto exterior sobre o qual se estuda o direito, ou
seja, a norma. Esta, portanto, deve ter valor de verdade para que se prossiga com a análise
científica do Direito proposta por Kelsen.
O perspectivismo, em especial Nietzsche, teve oportunidade de debater com o
pensamento positivo geral – distinto do positivismo jurídico, embora de raízes comuns, e
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algumas constatações interessantes podem ser extraídas do trecho a seguir, do fragmento 481
de A vontade de poder:
“Contra o positivismo, que fica no fenômeno ‘só há fatos’, eu diria: não, justamente
não há fatos, só interpretações. Não podemos verificar nenhum fato ‘em si’: talvez
seja um absurdo querer tal coisa. // “Tudo é subjetivo, dizeis: mas já isso é
interpretação. O “sujeito” não é nada de dado, mas sim algo a mais inventado, posto
por trás. É afinal necessário pôr o intérprete por trás da interpretação? Isso já é
poesia, hipótese. // Tanto quanto a palavra ‘conhecimento’ tem sentido, o mundo é
conhecível: mas ele é interpretável de outra maneira, ele não tem nenhum sentido
atrás de si, mas sim inúmeros sentidos. ‘Perspectivismo’. // Nossas necessidades são
quem interpreta o mundo; nossas pulsões e seus prós e contras. Cada pulsão é uma
espécie de ambição despótica, cada uma tem a sua perspectiva, perspectiva que a
pulsão gostaria de impor como norma para todas as outras pulsões.” (Nietzsche,
1968)

Neste trecho podemos antever a crítica que o perspectivismo realiza ao positivismo


enquanto visão, e inclusive vislumbramos uma crítica ao próprio positivismo jurídico, uma
vez que observamos que, na visão perspectivista, “cada pulsão é uma espécie de ambição
despótica, cada uma tem a sua perspectiva (...) que (...) gostaria de impor como norma para
todas as outras pulsões”.
Tendo em vista a história do positivismo jurídico, inclusive seus desdobramentos mais
recentes em teorias chamadas pós-positivistas, o presente trabalho se funda na necessidade de
verificação das visões da verdade jurídica nos diferentes autores do positivismo e pós-
positivismo, para contrapor tais visões à visão perspectivista, de forma a possibilitar verificar
até que ponto cada uma destas teorias pode ser validada ou confrontada por esta visão, e até
que ponto incorporam ou deixam de incorporar esta crítica em suas proposições.
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2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo a reconstrução histórica da teoria perspectivista e


sua inserção no debate epistemológico contemporâneo, para que se possa adquirir os
fundamentos desta teoria e contrapô-la às demais cosmovisões, em especial àquelas
atualmente hegemônicas.
Desta maneira, confronta-se a visão perspectivista da realidade aos pressupostos
liberais da realidade humana, inclusive no que tange à própria filosofia da ciência.
Em particular, o presente trabalho deverá também realizar uma reconstrução histórica
do positivismo e pós-positivismo jurídico, situando esta visão do campo do Direito nos
embates atualmente havidos acerca da validade, da legitimidade e da autoridade do sistema
normativo.
A partir destas duas visões, o estudo pretende confrontar as perspectivas jurídico-
positivistas à teoria perspectivista, para verificação da validade, autoridade e legitimidade
destas perspectivas frente a esta teoria, em especial no tocante às suas formulações de uma
verdade jurídica.
Por fim, o estudo pretende ainda avaliar se há, e até que ponto haveria, uma
incorporação da teoria perspectivista nas diferentes visões positivista dos principais autores
desta linha.
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3 MEDOTOLOGIA DE PESQUISA

A pesquisa se baseará numa reconstrução, a partir de uma perspectiva histórica, do


conceito de verdade na ciência e, em específico, na ciência jurídica, para então utilizar-se dos
conceitos de subjetividade e objetivação para verificar os pressupostos destes conceitos e
tentar definir seus limites dentro do conceito de verdade para o Perspectivismo. A respeito da
utilização da perspectiva histórica como ferramenta indispensável para a análise, aponta Joan
Scott:
(...) precisamos nos referir aos processos históricos que, através do discurso,
posicionam sujeitos e apresentam suas experiências. Não são indivíduos que têm
experiência, mas sim os sujeitos que são construídos pela experiência. Experiência
nesta definição torna-se, então, não a origem de nossa explanação, não a evidência
legitimadora (porque vista ou sentida) que fundamenta o que é conhecido, mas sim o
que procuramos explicar, sobre o que o conhecimento é apresentado. Pensar sobre a
experiência desse modo é historicizá-la, bem como historicizar as identidades que
ela produz. (Scott, 1998, p. 304).

Nesse sentido, a execução do projeto se dará a partir de pesquisa bibliográfica que terá
duas frentes principais:
1. No âmbito do debate epistemológico geral, a reconstrução histórica das estruturas
do Dogmatismo, Ceticismo, Relativismo e Perspectivismo nos darão bases para a construção
da ideia da “Verdade” ao longo da história da cultura ocidental e nos inserirá no debate
contemporâneo acerca do tema. Para tanto, analisaremos os trabalhos de autores essenciais
aos temas como Gadamer, Russel, Heidegger e Nietzsche, dentre outros que eventualmente
sejam pertinentes.
2. A reconstrução das principais ideias de Kelsen, Hart, Alexy e Dworkin acerca da
ciência positiva jurídica nos servirão de base para compreender o estado atual do debate sobre
as bases da ciência jurídica, permitindo a formulação de hipóteses sobre o sentido de
“Verdade” no campo jurídico para cada um desses autores.
A partir da análise dos resultados destas pesquisas iniciais, utilizaremos os conceitos
de “Verdade” no debate epistemológico contemporâneo para avaliar a inserção da ciência
jurídica nesse debate e, caso seja necessário, avaliarmos como os conceitos de “Verdade”, em
especial no sentido que lhe emprega o Perspectivismo, pode ser utilizado para limitar,
revalidar ou afirmar os conceitos da ciência positiva jurídica.
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Também utilizaremos estes conceitos, em suas diferentes concepções epistemológicas,


para avaliar a forma como se faz a prática jurídica, em especial o exercício estatal da
jurisdição.
O levantamento bibliográfico será realizado utilizando-se as bases de dados
disponíveis aos alunos da Universidade Federal de Minas Gerais, bem como àqueles
disponibilizados pela CAPES e outros que eventualmente se façam necessários e aos quais o
aluno tenha acesso.
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4 PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA

O projeto será concluído em 48 meses, tempo suficiente para a finalização da pesquisa.


O cronograma deverá ser executado conforme a tabela a seguir:

1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO


Levantamento bibliográfico X
Revisão bibliográfica X X X
Análise dos dados obtidos X X X
Redação da Tese X X
Revisão da Tese X
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