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SONIA APARECIDA LOPES BENITES O PROFESSOR DE PORTU GUÊS E SEU DISCURSO
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heterogêneo, constituído por outros discursos, sobre os não pod e deixar de servir-se das idéias gerais, das aprecia-
quais, na maioria das vezes, não tem o menor controle. ções e das definições já dadas a conhecer. E, ao penetrar
Identificando-se com diferentes domínios do saber, nesse meio agitado por diálogos e palavras tensas, o dis-
os professores sujeitos demonstram filiações a diferentes curso cruza-se com outros, separa-se de outros tantos e se
Formações Discursivas, marcadas histórica e ideologic a- funde com muitos outros.
mente ora pela escola tradicional, ora pe la estrutural ou A segunda noção basilar para a formulação do con-
por uma concepção interacionista. Desfazem, assim, a ceito de heterogeneidade do sujeito e, conseqüentemente,
noção de unicidade e homogeneidade que o sujeito julga do discurso (Authier -Revuz, 1982), é a "ilusão do eu",
inerentes a si (cf. a concepção freudiana), revelando uma preconizada por Freud. É graças a essa ilusão que o sujeito
multiplicidade de dizeres tensos, oriundas de sujeitos hete- se apresenta como centro de sua enunciação e se imagina
rogêneos que se movem de uma posição-sujeito a outra, fonte única de seu discurso, embora não faça mais que
deixando marcas de seu percurso histórico e de sua auto- reproduzir concepções provenientes do momento em que
identificação como professores atualizados e modernos. vive e do espaço que ocupa. Essa ilusão ou esse desconhe-
cimento justifica-se por localizar -se no inconsciente, o que
propicia uma alt eração no conceito de “outro”, conforme
HETEROGENEIDADE DISCURSIVA preconizado por Bakhtin. Este seria constituído não apenas
pelo alocutário do discurso mas pelo próprio inconsciente
O conceito de heterogeneidade do sujeito e do dis- do locutor, povoado por vozes da família, da escola, da
curso, formulado por Jacqueline Authier -Revuz (1982), religião, do grupo social a que pertence, das experiências
tem origem em duas fontes: a concepção do duplo dialo- vividas, enfim, por tudo o que caracteriza a historicidade
gismo bakhtiniano e a abordagem freudiana do sujeito. A dos indivíduos.
primeira postula, para todo ato de fala, o dialogismo do Partindo desses princípios e, considerando ser tarefa
discurso com o discurso do outro (o interlocutor), tal como do lingüista reconhecer, na ordem do discurso, a realidade
é imaginado pelo locutor, e o dialogismo do discurso com das formas pelas quais o sujeito se representa como centro
outros discursos. de sua enunciação, Authier -Revuz formula, inicialmente, o
Segundo a concepção bakhtiniana, o alocutário a- conceito de Heterogeneidade Constitutiva, segundo o qual:
presenta-se como agente da construção da mensagem do
locutor, uma vez que sua imagem é levada em conta, no Todo discurso é constitutivamente atravessado por “ou-
processo de produção do discurso, constituindo-o, portan- tros discursos” e pelo “discurso do Outro”. O outro não
to. Além disso, todo discurso se constrói pela relação com é um objeto (exterior, do qual se fala) mas uma condi-
outros, que, dessa forma, se estabelecem como seu “exte- ção (con stitutiva, pela qual se fala) do discurso de um
rior constitutivo”. Isso porque, surgindo num momento sujeito falante que não é a fonte primeira de seu discur-
histórico e num meio social determinados, um enunciado so. (Authier-Revuz, 1982, p. 141).
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Conforme enfatiza a autora, a relação de um discur- de refletir a respeito de sua prática educativa, posicionan-
so com “outros discursos” e com o “discurso do outro” não do-se sobre os objetivos que o moviam, sobre a contribu i-
é exterior, mas inerente a ele. Ou seja, um discurso é hete- ção dada pelos conteúdos desenvolvidos para que se atin-
rogêneo porque sempre comporta outros, constitutivamen- gissem esses objetivos, sobre as razões que justif icavam a
te, em seu interior. Dito de outra forma, todo dis curso é seleção de conteúdos realizada e sobre a metodologia ado-
heterogêneo porque o sujeito do discurso é heterogêne o, na tada nas aulas. Durante as entrevistas, procuramos registrar
medida em que, através de sua boca, falam diversas vozes. não só o conteúdo das respostas mas também o tom das
Essa heterogeneidade é, quase sempre, ignorada pe- verbalizações e as reações não verbais dos professores
lo locutor, que tem a impressão produzir um discurso ho- participantes. O segundo instrumento, a análise dos cader-
mogêneo, esquecendo a incorporação, quando da constru- nos dos alunos, permitiu-nos cotejar as diferentes vozes
ção de sua fala, de determinados enunciados, os quais, constitutivas dos discursos do professor.
uma vez ali inseridos, provocam um efeito de originalida-
de.
Entretanto, se, na maioria das vezes, escapa ao loc u- VOZES INOVADORAS
tor a percepção de que seu discurso é constitutivamente
heter ogêneo, há situações em que ele não apenas percebe a Considerando que uma visão clara dos objetivos do
presença do outro em sua fala, como deseja dar a conhecer ensino de língua portuguesa precede, necessariamente, a
essa presença. São os casos que Authier-Revuz (1982) seleção de objet ivos e de metodologias, esse era o teor do
denomina de Heterogeneidade Mostrada, em que, ao con- primeiro questionamento feito aos professores, no início
finar o outro a um fragmento discursivo, o locutor institui de cada curso. As respostas abordavam, invariavelmente, a
todo o resto do discurso como emanando dele próprio. formação de um leitor crítico, de um falante capaz de ade-
Através desse procedimento, o locutor, pela posição meta- quar sua modalidade lingüística às exigências da situação
lingüística em que se coloca, define sua capacidade de de fala, e de um “escritor” capaz de se colocar como sujei-
separar o seu discurso do discurso do outro, atribuindo ao to e redigir textos pertencentes às diferentes modalidades
fragmento marcado pelas formas de HM o estatuto de uma textuais exigidas em sua faixa etária. Eis alguns exemplos:
particularidade acidental, algo contingente, evitável.
Procuraremos, a seguir, verificar até que ponto o “Todos os cursos que a gente faz falam que é importan-
professor tem consciência dessa heterogeneidade e a de- te que o aluno saiba usar a linguagem oralmente e por
escrito, de maneira adequada à situação.” (M.F.P/RE–
monstra em sua construção discursiva. Para nos aprox i- 1997) 1
marmos da prática efetiva dos professores, utilizamos, na
coleta de dados, além de entrevistas, a análise dos cader-
1
nos dos alunos. O primeiro instrumento apresentou-se-nos - RE, RM e RP significam rede estadual, rede municipal e rede
acessível e útil, por propiciar ao professor a oportunidade particular, respectivamente. O número refere-se ao ano em que
o dado foi coletado.
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“É necessário que o aluno reconheça a sua forma de fa- • reconhecer e valorizar a linguagem de seu grupo soci-
lar como uma forma particular, diferente, característica, al como instrumento adequado e eficiente na comuni-
mas não errada. (...) Precisamos lembrar que não fala- cação cotidiana, na elaboração artística e mesmo nas
mos da mesma forma em todas as situações ou com to- interações com pessoas de outros grupos sociais que se
das as pes soas. “ (M.P.F./RE/2000) expressem por meio de outras variedades (...). (p. 41)
“Ao falar, escolhemos palavras e expressões que consi- Em relação à performatividade da linguagem, os
deramos adequadas a nossa maneira de ser. (...) Procu- PCNs afirmam, em outro momento:
ramos também agradar ao nosso ouvinte.”
(T.L.P./RP/1999) (...) pela linguagem se expressam idéias, pensamentos e
intenções, se estabelecem relações interpessoais anteri-
Quanto à importância da consideração da imagem ormente inexistentes e se influencia o outro, alterando
que o locutor faz do alocutário, quando da construção de suas representações da realidade e da sociedade e o ru-
um texto, os professores foram unânimes, reconhecendo-a mo de suas (re)ações. (p. 24)
como determinante da delimitação e da forma de aborda-
gem do tema, uma vez que a linguagem comporta, mais As palavras dos professores entrevistados demons-
que regras lingüísticas, regras sociais. Ainda quanto a esse travam que alguns deles reconheciam o sujeito do discurso
aspecto, revelaram perceber a função performativa da lin- como resultado da aglutinação de outras vozes, social e
guagem, que não representa a realidade, mas é responsável ideologicamente marcadas:
por sua criação, já que todo dizer implica um fazer:
“Pessoas do mesmo grupo social costumam ter idéias e
“Através da linguagem, podemos convencer os outros, formas de se expressar parecidas. Eu mesma, às vezes
deixá -los zangados ou felizes, fazer rir ou fazer chorar. me pego repetindo trechos que li em jornais ou pedaços
(...) as palavras dos outros podem despertar em nós es- do sermão do padre.” (M.F.E/RP/1997)
ses mesmos sentimentos.” (J.D.P/ RM/ 1998)
Por último, em relação ao papel da gramática na es-
Os professores mostravam -se, assim, afinados teor i- cola, os professores afirmavam que ela
camente com a pragmática, a sociolingüística e as teorias
do texto e do discurso em geral, sintetizadas mais uma vez “não é um fim, mas um auxiliar na formação de leito-
nos PCNs, que afirmam serem objetivos das aulas de lín- res e produtores de textos mais eficientes. De nada adi-
gua portuguesa: anta conhecer toda a nomenclatura gramatical e não
conseguir produzir um texto com coesão e coerência. ”
• conhecer e valorizar as diferentes variedades do por- (A.T.C./RP/ 1997).
tuguês, procurando combater o preconceito lingüístico;
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Esse trecho do discurso de A .T.C. faz ecoar mais curso como essencial. Se o que interessa não é descrever
uma vez a voz dos PCNs: ou aprender uma língua, para só então utilizá-la, pode-se
supor que o educador, em sala de aula, volte-se para os
Deve-se ter claro, na seleção dos conteúdos de análise usos sociais da linguagem, tomando-os como objeto de
lingüística, que a referência não pode ser a gramática estudo.
tradicional. A preocupação não é reconstruir com os a- Entretanto, embora tenha sido observado um certo
lunos o quadro descritivo constante dos manuais de consenso a respeito dos objetivos do ensino de língua ma-
gramática escolar (por exemplo, o estudo ordenado das terna na escola, o caminho para alcançá-los revelou-se
classes de palavras com suas múltiplas subdivisões, a
construção de paradigmas morfológicos, como as con-
variado e, na maioria das vezes, questionável.
jugações verbais estudadas de um fôlego em todas as Dessa forma, ainda que reconhecessem a função so-
suas formas temporais e modais, ou de pontos de gr a- cial da linguagem, vendo-a como responsável pelo estabe-
mática, como todas as regras de concordância, com su- lecimento de vínculos diferenciados, conforme as inten-
as exceções reconhecidas).(...) ções dos envolvidos nas diversas relações, como se verif i-
O que deve ser ensinado não responde às imposições de cou no item anterior, os professores entrevistados revela-
organização clássica de conteúdos na gramática esco- ram não enfatizar a necessidade de situar socialmente o
lar, mas aos aspectos que precisam ser temat izados em ensino da língua escrita, propiciando ao aluno o estabele-
função das necessidades apresentadas pelos alunos nas cimento de relações com alocutários reais, em situações
atividades de produção, leitura e escuta de textos. (p.
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definidas, de forma a poder argumentar para alcançar o
efeito pretend ido.
Infelizmente, as concepções teóricas referentes às Como é sabido, na sala de aula, a voz que mais se
concepções de língua e de linguagem subjacentes aos obje- ouve é a do autor do livro didático. Este, via de regra, traz
tivos do ensino de língua materna apontados no discurso à tona vozes normativistas, preocupadas não com o de-
senvolvimento da competência escrita do aluno, mas com
dos professores não se materializam nos conteúdos e nas
o treinamento de itens gramaticais. Mesmo quando apre-
metodologias adotadas em sala de aula. Como veremos a
senta um cunho mais descritivista, revelando traços do
seguir, em relação a esses aspectos, são outras as vozes
estruturalismo lingüístico, a única modalidade lingüística
evocadas.
descrita é a culta, enfatizada em exercícios behavioristas.
Daí as atividades de redação propostas, completamente
VOZES CONSERVADORAS dissociadas da realidade da criança, dentre as quais, a se-
guir, apresentamos algumas, colhidas nos cadernos dos
Uma concepção da linguagem em seu funcionamen- alunos, a título de exemplos:
to, como trabalho constante de sujeitos, implica, eviden-
temente, a consideração do processo de produção de dis-
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“Escreva você também sobre a palavra liberdade. Faça identificamos nos cadernos analisados uma preocupação
como Cecília Meireles: às vezes, use as reticências a com a decodific ação pura e simples, como em algumas
fim de deixar espaço para a imaginação do leitor.” (C a- questões de leitura referentes ao texto “Marcelo, marmelo,
derno de 6ª série, aluno de J.F.G./RM-1999) martelo”, de Ruth Rocha:
“Renata Pallotini escreveu seu texto em versos. Vocês “1)Qual é a queixa que Marcelo tem da linguagem?
também podem criar um poema coletivo usando o fut u-
2)Por que a mãe de Marcelo disse que ele não poderia
ro do presente ou o futuro do pretérito. Sugerimos dois se chamar marmelo?
títulos e deixamos o resto com a imaginação e sensibi- 3)Como Marcelo decidiu chamar a colherzinha de me-
lidade do grupo.
xer café?
1) Que bom seria se ... 4)Que significa ‘suco de vaca’ na língua de Marcelo?”
2) Que bom será quando ...” (Caderno de 6ª série, aluno (Caderno de 5ª série, aluno de M.G.S.B./RE–1996)
de J.F.G./RM-1999)
“Crie um anúncio para vender relógios importados, u- Em outras situações, a pergunta que visava avaliar a
sando em seu texto pronomes possessivos e oblíquos.” leitura já apresentava, em sua formulação, o direciona-
(Caderno de 5ª série, aluno de (J.D.P/ RM/ 1998) mento que o aluno deveria dar à resposta. É o caso, por
exemplo, de questões ref erentes a uma entrevista de Sérgio
“1.Recortem de jornais e revistas, ou copiem de livros, Groissman:
frases que contenham orações subordinadas substanti-
vas objetivas diretas e objetivas indiretas. “Comparando os jovens de hoje com os dos anos 60 e
2.Dêem novas redações às frases, de modo que sobres- 70, Serginho acha que atualmente o jovem demonstra
saiam outras idéias. Mudem a posição dos termos das incoerência quanto ao modo de pensar, de agir e de se
orações diversas vezes, mas sempre levando em conta a vestir.
coerência e a clareza dos enunciados. Você concorda com esse ponto de vista? A abundância
3.Montem um cartaz com as frases originais e as novas de gr upos ou ‘tribos urbanas’ – punks, góticos, metalei-
redações que a elas foram dadas e o exponham à classe. ros, skinheads, darks, etc. – não contraria essa opinião?
” (Caderno de 8ª série, aluno de (A.T.C./RP/ 1997) b) Pela fala do apresentador, a juventude daquelas dé-
cadas parecia ser mais homogênea. Mas será que na-
Em relação à leitura, o quadro não se apresentou quela época mesmo os jovens que trabalhavam na la-
muito diverso. Embora tivessem se manifestado favoráveis voura ou nas fábricas ou estavam presos em casas de
a uma concepção que permitisse aos alunos serem capazes recuperação de menores se interessavam pelas questões
de agregar conhecimentos semióticos, históricos, ideoló- políticas?” (Caderno de 8ª série, aluno de
E.M.C./RP/1999)
gicos e pragmáticos, em uma leitura de mundo (“É preciso
descobrir as intenções do autor, entender as razões do
comportamento dos person agens(...)” – E.M.C./RP/1999),
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da formação normativista a que o próprio professor foi e ensinar com textos didáticos e paradidáticos. São Paulo:
submetido. Cortez, 1997.
Como, entretanto, segundo Hall (1997), a identific a- BRASIL, S.E.F. Parâmetros Curriculares Nacionais –
ção é um processo, em constante construção e reformula-
Língua portuguesa – 1ª a 4ª séries. Brasília, 1998.
ção, os resultados podem não fazer jus ao atual momento
por que passa o mesmo grupo, que pode haver sofrido CORACINI, M. J. F. A Escamoteação da Heterogeneidade
alterações em direções variadas, conforme as representa- nos Discursos da Lingüística Aplicada e da Sala de Aula.
ções e interpelações culturais a que se submeteu desde a Revista LETRAS nº 14 - Alteridade e Heterogeneidade.
coleta de dados. Esse fato, certamente, não o tornou menos Universidade Federal de Santa Maria, RS, janeiro a junho
incoerente, já que incoerência e contradição são caracterís- de 1997.
ticas humanas. CORACINI, M. J. Subjetividade e identidade do professor
de português (LM). Trabalhos em Lingüística Aplicada,
REFERÊNCIAS Campinas, n. 36, p. 147-158, 2000.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade.
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(se) Trad. Tomás T. da Silva e Guaciara Louro. Rio de Janeiro:
enunciativa(s). Cadernos de Estudos Lingüísticos (19). DP&A Ed., 1997.
Trad. Celene. M. Cruz e João Wanderley Geraldi. Campi-
nas, 1990.
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneit é Montrée et
Heteroneité Constitutive: Elements pour une approuche de
l’autre dans le discours. DRLAV (26). Paris, Centre de
recherche de l’Université Paris X – Nanterre Press Univer-
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AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Paroles tenues à distan-
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1980, Université Paris X – Nanterre Press Universitaires
de Lille.
BRANDÃO, H.H.N. e MICHELETTI, G. Teoria e prática
da leitura. In: CHIAPPINI, L. (coord. Geral).In: Aprender
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