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O estado de bem-estar social, que teve sua origem na Europa, foi uma
resposta direta à eclosão da “questão social”, no final do século 19. O
medo da revolução, a preocupação em assegurar a coesão nacional,
associada à crescente indignação com as condições de vida dos
trabalhadores, levou liberais, progressistas e mesmo conservadores,
como Bismarck, na Alemanha, a uma inesperada convergência. Era
necessário transferir ao Estado maiores responsabilidades para regular a
economia e propiciar a melhoria das condições de vida de uma massa de
trabalhadores dilacerada pela Revolução Industrial.
Não é preciso ser nenhum Thomas Piketty para saber quem ganha e
quem perde e quais mecanismos têm fortalecido uma obscena e
persistente concentração de renda no Brasil. Basta abrir a janela ou olhar
no espelho para saber.
Desvincular e lançar recursos hoje destinados aos mais pobres para que
sejam livremente disputados na atroz arena do conflito distributivo
brasileiro, chamada Orçamento, não será um passo rumo a liberação do
Estado brasileiro, mas sim um salto em direção à consolidação de um
perigoso estado de mal-estar social.