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O papel do professor na EJA - Educação de Jovens e Adultos desafios e

perspectiva:

A acentuação das desigualdades sociais reflete-se nas condições de


acesso à escola e extensão da escolaridade. Impulsionando uma parcela da
sociedade ao analfabetismo. Fica, pois, evidente que o equacionamento do
problema do analfabetismo e dos baixos índices de escolarização da
população jovem e adulta no Brasil passa necessariamente pela ampliação das
oportunidades educacionais e a busca da qualidade do ensino regular
destinado à infância e juventude.

A ausência de políticas públicas mais efetivas de médio e de longo prazo


conduz à fragmentação, dispersão e descontinuidade dos programas de EJA.
Configurando antes programas de governo que políticas de Estado, as
iniciativas vinculadas à EJA mostram-se particularmente vulneráveis à
descontinuidade político-administrativa, ficando à mercê de interesses
momentâneos ou alterações nas gestões políticas.

EJA, que cada vez mais ocupam lugar secundário no interior das
políticas educacionais em geral e de educação fundamental em particular. Essa
posição resulta da falta de prioridade política no âmbito federal, o que se reflete
no comportamento das demais esferas de governo; consequentemente,
também a sociedade atribui reduzido valor a essa modalidade de educação.

A falta de compromisso nacional com a erradicação do analfabetismo,


retira da União a obrigatoriedade de aplicar 50% dos recursos vinculados à
educação no ensino fundamental e tenta sutilmente suprimir o direito público
subjetivo e a obrigação do poder público em atender universalmente no ensino
fundamental aos jovens e adultos que a ela não tiveram acesso na infância e
adolescência ou dela foram excluídos, transformado este direito em objetivo do
assistencialismo.

Ocupando lugar secundário nas políticas educacionais, atribuem-se à


EJA recursos insuficientes; faltam informações sobre os montantes de recursos
a ela destinados, bem como critérios claros para sua distribuição e liberação.
Dispondo de financiamento escasso, os programas de EJA não contam com
recursos materiais e humanos condizentes com a demanda por atender. Essa
modalidade de ensino padece da falta de profissionais qualificados, de
materiais didáticos específicos e de espaços físicos adequados, problemas
estes agravados pela discriminação dos cursos e alunos por parte dos
dirigentes das unidades educativas e pela ausência de um processo
sistemático de acompanhamento, controle e avaliação das ações
desenvolvidas. Situação financeira da maioria dos estados e municípios,
agravada pela política econômica nacional, enfrentando dificuldades para
pagar salários condignos aos profissionais da educação e prover outras
condições básicas ao desenvolvimento do ensino.

Dentre os problemas enfrentados pela EJA, destaca-se a falta de um


corpo docente habilitado para um desempenho adequado a essa modalidade
de ensino. Os cursos de formação para o magistério não contemplam as
especificidades da área e há poucas alterações de qualificação e
especialização nos níveis de 2° e 3° graus, de modo que o professorado dispõe
de reduzidas oportunidades de aperfeiçoamento e atualização nos
fundamentos teórico-metodológicos da EJA, restrito quase que

Exclusivamente àqueles programas que empreendem esforços de


formação em serviço de seus educadores. Há que se considerar ainda a
existência de um elevado contingente de docentes sem habilitação e/ou
formação especifica que atuam tanto nas redes públicas de ensino, como nas
escolas comunitárias e também nas práticas educativas dos movimentos
sociais, para os quais alguns Estados mantêm programas de habilitação de
professores leigos.

A normatização legal vigente opera muitas vezes como um instrumento


burocrático formal cuja inflexibilidade dificulta a expansão das iniciativas
comunitárias e do setor público, bem como a implementação de propostas
pedagógicas inovadoras.

Assim, faz-se necessário admitir que parte dos programas de EJA sejam
eles promovidos por organismos governamentais ou não governamentais
apresenta pouca consistência teórico-metodológica. Embora tenda a prevalecer
um conceito mais abrangente de alfabetização, do qual resultam esforços no
sentido de assegurar aos jovens e adultos a continuidade de estudos, ainda
podem ser encontradas práticas que evidenciam uma visão reducionista desse
processo. De um modo geral, as políticas, sendo reduzidas as oportunidades
de estudos em níveis mais avançados ou deformação profissional.

Com relação à introdução de recursos tecnológicos na educação, falta


debate público e articulação entre as esferas de governo. A teleducação,
tecnologia emergente de educação à distância, entendida como recurso
complementar de ensino, não vem sendo objeto de produção descentralizada e
recepção organizada em larga escala, como seria desejável.

No enfrentamento dos problemas da qualidade da EJA, há consenso de


que as universidades muito têm a construir nos campos da formação e
aperfeiçoamento dos educadores, assessoramento dos sistemas de ensino,
elaboração de materiais educativos e na pesquisa educacional. Diversas
instituições de ensino superior já vêm oferecendo contribuições à EJA nos
âmbitos da pesquisa, assessoria, formação de professores e implementação de
projetos. Seu envolvimento com o tema, porém, ainda é marginal, o que se
reflete na pesquisa acadêmica, quantitativamente inexpressiva e pouco
difundida.

O papel do professor na EJA-educação de jovens e adultos, é de grande


importância no processo de reingresso do aluno às turmas, é de suma
importância o perfil do docente no sucesso de aprendizagem do aluno adulto,
para muitos o professor é um modelo a seguir.

O conhecimento modifica o homem, assim considera-se que a EJA-educação


de jovens e adultos, é capaz de mudar significativamente a vida de uma
pessoa, traz oportunidades para conviver em uma sociedade democrática,
justa e igualitária com direitos e também deveres. No Brasil tem sido estratégia
de exclusão da desigualdade social, a realidade do aluno, é algo fundamental e
deve ser conhecido pelo professor, em especial aquele que leciona para essa
modalidade de ensino.

Sabemos que a educação é um processo complexo, onde ainda hoje em


pleno século XXI, uma imensa parcela da população não teve ou não tem
acesso à educação, devido às condições socioeconômicas em que se
encontram, o que dificulta o acesso ao conhecimento. Por este motivo, entre
outros, o índice de analfabetismo e evasão escolar ainda são altíssimos no
Brasil.

Os educadores que se comprometem com a Educação de Jovens e


Adultos, tem que possuir consciência da necessidade de buscar mecanismos,
métodos e teorias que estimulem o público alvo a não abandonar a sala de
aula, ou seja, o professor é o estimulador, o mediador de seus alunos. Esses
educadores devem ser comprometidos com a aprendizagem dessas pessoas,
adequando métodos incessantemente cada vez mais relacionados à realidade
do público que estão trabalhando, inserindo no currículo a realidade do aluno,
como destaca esse pensador: “Não há razão para se envergonhar por
desconhecer algo, testemunhar a abertura dos outros, a disponibilidade curiosa
à vida, a seus desafios, são saberes necessários à prática educativa” (FREIRE,
1999, p. 153).

Uma das grandes preocupações de Paulo Freire era com a postura e


responsabilidade profissional do educador. Os professores da EJA-educação
de

Jovens e adultos, precisam se adaptar as novas mudanças, como a de receber


em sua sala de aula alunos com mais idade, e que ainda não sabem ler, a
escola,

Portanto não pode ignorar esses alunos. Daí o interesse em pesquisar e


desenvolver este trabalho, utilizando as concepções de Paulo Freire, que são
de grande importância para o trabalho docente, assim como, a importância da
aplicabilidade de sua metodologia no fazer pedagógico do educador, somando
desta maneira positivamente para as mudanças e transformações que se faz
necessário a prática educativa dos educadores de jovens e adultos.

Para que a EJA consiga de fato cumprir o papel que lhe é confiado na
atual LDB, é necessário superar a concepção de que a idade adequada para
aprender é a infância e a adolescência e que a função prioritária ou exclusiva
da educação de pessoas jovens e adultas é a reposição de escolaridade
perdida na “idade adequada”. O que hoje é concebido como educação de
jovens e adultos, corresponde a aprendizagem e qualificação permanentes,
não apenas suplementares, mas fundamentais e que favoreçam a
emancipação desses sujeitos.

Como diz Di Pierro (2005):

(...) o paradigma compensatório acabou por enclausurar a


escola para jovens e adultos nas rígidas referências
curriculares, metodológicas, de tempo e espaço da escola de
crianças e adolescentes, interpondo obstáculos à flexibilização
da organização escolar necessária ao atendimento das
especificidades desse grupo sociocultural (DI PIERRO, 2005,
p. 1.118).

Dessa forma, é preciso voltar ao paradigma freiriano, em sua proposta


de alfabetização e pós-alfabetização de adultos conscientizadora, que
preconizava com centralidade o diálogo como princípio educativo e a
assunção, por parte dos educandos adultos, de seu papel de sujeitos de
aprendizagem, de produção de cultura e de transformação do mundo. Partindo
desse entendimento, é necessário combater de frente os reais problemas que
estão presentes na rede pública municipal dessa modalidade de ensino.

O ensino da EJA precisa tratar daquilo que interessa ao aluno e faz


parte do seu universo. Infelizmente nota-se a inexistência de materiais
didáticos eficazes e nos livros direcionados a esse público, os conteúdos na
maioria das vezes são adequação do ensino regular, além disso, a forma como
esses conteúdos são trabalhados e repassados não despertam o interesse dos
alunos desmotivando-os.

Nessa perspectiva, o currículo tem que ser construído em cima de uma


proposta de formação humana para construir pontes entre aquilo que a escola
pretende e aquilo que o sujeito deseja ou espera dela. Só haverá uma
experiência bem-sucedida, se em primeiro lugar, a escola identificar quem são
esses alunos, onde e como vivem e qual é o seu histórico de vida,
reconhecendo que essas pessoas são diferentes entre si.
Às vezes, os próprios materiais didáticos de ensino não se questionam
sobre isso, provocando um descompasso entre o que a escola oferece e o que
de fato esse aluno já sabe, do que ele gosta e em que contexto social e cultural
ele está inserido. A partir do momento que se conhece o perfil desse aluno, é o
momento de partir para a elaboração do planejamento.

O autêntico planejamento parte da experiência, dos saberes, dos


sentimentos e das necessidades dos alunos, de tal modo a mergulhar a prática
escolar na prática social cotidiana de sua vida, como afirmam Jardino e Araújo
(2014).

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