Você está na página 1de 4

27/03/2020 Étnico-Racial - Educação Escolar Quilombola

BRASIL
(HTTPS //GOV BR)
Ir para conteúdo Alto
Contraste

(/index.php)

Busca 

(https://www.facebook.c
(https://twitter.com
(https://www
(https://

 (/?tmpl=component&print=1&page=)
Início (/)  Educação Escolar Quilombola

EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA


Tweetar Compartilhar

Apresentação

A questão da terra tem sido o principal obstáculo à implementação de políticas públicas destinadas às comunidades remanescentes de
quilombos e motivo de perpetuação dos históricos con itos pela posse e uso da terra.

Quanto à educação observa se que um grande número de comunidades não possui escolas quilombola, ou seja, escola situada no território
quilombola O que leva crianças, jovens e adultos quilombolas serem transportados para fora de suas comunidades de origem. Observa se que
as unidades educacionais estão longe das residências, o acesso é difícil, os meios de transporte são insu cientes e inadequados, e o currículo das
escolas localizadas fora da comunidade muitas vezes está longe da realidade histórica e cultural destes alunos e alunas

As comunidades remanescentes de quilombos possuem dimensões educacionais, sociais, políticas e culturais signi cativas, com particularidades
no contexto geográ co e histórico brasileiro, tanto no que diz respeito à localização, quanto à origem. Considerando essas dimensões em 20 de
novembro de 2012 o ministro da educação homologo a Resolução CNE 08/2012 que que de ne as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Escolar Quilombola na Educação Básica.

A Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica de ni que a Educação Escolar Quilombola, requer
pedagogia própria, respeito à especi cidade étnico- racial e cultural de cada comunidade, formação especí ca de seu quadro docente, materiais
didáticos e paradidáticos especí cos, devem observar os princípios constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a
Educação Básica Brasileira, e deve ser oferecida nas escolas quilombolas e naquelas escolas que recebem alunos quilombolas fora de suas
comunidades de origem.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, representa uma vitória dos movimentos sociais, pois elas nasceram na
base, a partir da luta da população negra, mais especi camente do movimento quilombola. Uma revolução no ensino brasileiro tendo em vista
que as referidas diretrizes orientam os sistemas de ensino a valoriza os saberes, as tradições e o patrimônio cultural das comunidades
remanescente de quilombos, algo impensável em outras épocas.

Etnia — De acordo com o artigo 2º do Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, os quilombos são "grupos étnico-raciais segundo critérios
de auto atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais especí cas, com presunção de ancestralidade negra
relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida". As comunidades quilombolas no Brasil são múltiplas e variadas e se encontram
distribuídas em todo o território nacional, tanto no campo quanto nas cidades.

Conheça o texto da  Legislação (/legislacao)

A Coordenação Geral para a Educação das Relações Étnico-Raciais orienta a respeito da implementação da Educação Escolar Quilombola junto
aos alunos/as e professores/as das comunidades existentes no município do estado de Minas Gerais com as informações a seguir.

No exercício de 2011, foram elaboradas, com ampla participação das comunidades remanescentes de quilombos, as Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Escolar Quilombola, que revisa a perspectiva ideológica da formulação de currículos, respeitando os valores históricos e
culturais dos/as alunos/as e professores/as das comunidades remanescentes de quilombos. As diretrizes atendem as deliberações da
Conferência Nacional de Educação (CONAE, 2010) e ao acordo rmado no I Seminário Nacional de Educação Quilombola realizado em novembro
de 2010. Tais eventos contaram com a participação de delegados/as quilombolas, professores/as e gestores/as e lideranças quilombolas de
todas as unidades da federação.

etnicoracial.mec.gov.br/educacao-escolar-quilombola 1/4
27/03/2020 Étnico-Racial - Educação Escolar Quilombola

Nesse mesmo evento, foi instituída uma comissão de assessoramento à comissão especial da Câmara de Educação Básica do CNE, comissão está
formada por oito integrantes: quatro quilombolas indicados pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombola (CONAQ); uma pesquisadora da educação quilombola; uma representante da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão - SECADI e representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR/PR.

Em parceria com a comissão assessora durante o exercício de 2011, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação – CNE
realizou três audiências públicas para subsidiar a elaboração das referidas Diretrizes Curriculares Nacionais.

As audiências públicas realizadas tiveram como tema "A Educação Escolar que temos e que queremos" e contou com a participação signi cativa
de representantes das comunidades, gestores, docentes, estudantes, movimentos sociais, fóruns estaduais e municipais de educação e
diversidade étnico-racial, pesquisadores/as e pessoas interessadas no tema. As datas e locais das audiências foram os seguintes:

1ª audiência: Cidade de Itapecuru-Mirim, Estado do Maranhão, 368 participantes;

2ª audiência – Cidade de São Francisco do Conde, Estado da Bahia, 433 participantes;

3ª audiência – Brasília/DF, auditório do Conselho Nacional de Educação com 110 participantes.

Pelos depoimentos feitos nas audiências e pelo Parecer CNE/CEB nº 16/2012 pode-se observar que os quilombolas, compreendidos também
como povos ou comunidades tradicionais, exigem que as políticas públicas a eles destinadas considerem a sua inter-relação com as dimensões
históricas, políticas, econômicas, sociais, culturais e educacionais que acompanham a constituição dos quilombos no Brasil. Consequentemente,
a Educação Escolar Quilombola não pode ser pensada somente levando-se em conta os aspectos normativos, burocráticos e institucionais que
acompanham a con guração das políticas educacionais. A sua implementação deverá ser sempre acompanhada de consulta prévia e informada
a realização pelo poder público junto às comunidades quilombolas e suas organizações.

Considerando-se o processo histórico de con guração dos quilombos no Brasil e a realidade vivida, hoje, pelas comunidades quilombolas, é
possível a rmar que a história dessa parcela da população tem sido construída por meio de várias e distintas estratégias de luta, a saber: contra
o racismo; pela terra e território, pela vida, pelo respeito à diversidade sociocultural, pela garantia do direito à cidadania, pelo desenvolvimento
de políticas públicas que reconheçam, reparem e garantam o direito destas comunidades à saúde, à moradia, ao trabalho e à educação.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Quilombola aprovadas pelo CNE de caráter mandatório, com base na legislação em
geral e em especial na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho rati cada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo 143/2003
e do Decreto nº 6.040/2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais tem por
objetivo:

Orientar os sistemas de ensino da União dos Estados do Distrito Federal e dos Municípios na elaboração, no desenvolvimento e na avaliação de
seus projetos educativos;

Orientar os processos de construção de instrumentos normativos dos sistemas de ensino visando garantir a Educação Escolar Quilombola na
diferentes etapas e modalidades, da Educação Básica, sendo respeitadas as suas especi cidades;

Assegurar que as escolas quilombolas e as escolas que atendem estudantes oriundos dos territórios quilombolas considerem as práticas
socioculturais, políticas e econômicas das comunidades quilombolas, bem como os seus processos próprios de ensino-aprendizagem e as suas
formas de produção e de conhecimento tecnológico;

Assegurar que o modelo de organização e gestão das escolas quilombolas e das escolas que atendem estudantes oriundos desses territórios
considere o direito de consulta e a participação da comunidade e suas lideranças, conforme o disposto na Convenção 169 da OIT;

Fortalecer o regime de colaboração entre os sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na oferta da
Educação Escolar Quilombola;

Zelar pela garantia do direito à Educação Escolar Quilombola às comunidades quilombolas rurais e urbanas, respeitando a história, o território, a
memória, a ancestralidade e os conhecimentos tradicionais;

Subsidiar a abordagem da temática quilombola em todas as etapas da Educação Básica, pública e privada, compreendida como parte integrante
da cultura e do patrimônio afro-brasileiro, cujo conhecimento e imprescindível para a compreensão da história, da cultura e da realidade
brasileiras.

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Quilombola, a construção do projeto político pedagógico (PPP) das escolas e a
formação de professores/as são elementos estruturantes para essa modalidade de ensino. A construção do PPP de forma participativa
envolvendo o coletivo da escola e a comunidade constitui-se como um processo no qual a escola revela seus compromissos, suas intensões e
principalmente a identidade de seus integrantes e deve estar intrinsecamente relacionado com a realidade histórica, regional, politica,
sociocultural e econômica das comunidades quilombolas.

etnicoracial.mec.gov.br/educacao-escolar-quilombola 2/4
27/03/2020 Étnico-Racial - Educação Escolar Quilombola

Na formação inicial e continuada de professores/as para a educação escolar quilombola, as diretrizes destacam a importância da inclusão do
estudo de memória, ancestralidade, oralidade, corporeidade, estética e do etnodesenvolvimento, produzido pelos quilombolas ao longo do seu
processo histórico, político, econômico e sociocultural. A formação de professores/as deverá ainda desencadear o processo de inserção da
realidade quilombola no material didático e de apoio pedagógico existente e produzido para docentes da Educação Básica nas suas diferentes
etapas e modalidades.

A produção e distribuição de material especí co precisa ser feita em diálogo com as realidades locais das várias comunidades existentes em cada
município.

A Educação Escolar Quilombola demanda também a formação de gestores/as dos sistemas, das escolas das coordenações pedagógicas e das
coordenações ou núcleos da diversidade; deve contar também com a presença das lideranças quilombola que, há muito tempo, reivindicam a
participação na elaboração, análise e monitoramento das políticas públicas voltadas para essas comunidades.

O Programa de alimentação escolar (merenda escolar) voltado para as comunidades deverá ser desenvolvido em diálogo com essas
comunidades.

As DCNEEQ determinam que a Educação Escolar Quilombola deva implementar um programa institucional de alimentação escolar voltado para
as especi cidades socioculturais das comunidades quilombolas e seus hábitos alimentares.

Outro tema muito debatido nas audiências publica foi a nucleação e o transporte escolar para alunos/as quilombolas. As DCNEEQ indicam que,
pelas especi cidades da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental na Educação Escolar Quilombola, realizada em áreas rurais,
deverão ser sempre ofertados nos próprios territórios quilombolas, considerando a sua importância, no âmbito do Estatuto da Criança e do
Adolescente. Observa-se ainda que as escolas quilombolas dos anos nais do Ensino Fundamental, o Ensino Médio, da Educação Jovens e
Adultos integrada ou não a educação o Pro ssional Técnica, quando nucleadas, deverão car em polos quilombolas e somente serão vinculadas
aos polos não quilombolas em casos comprovadamente excepcionais. Vale ressaltar ainda, que o Plano Nacional de Educação P N E – Lei
13005/2014 estabelece metas e estratégia para a oferta de educação para a população quilombola e povos indígenas:

Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos
95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.

Estratégia.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em especial dos anos iniciais, para as populações do campo, indígenas e quilombolas,
nas próprias comunidades;

Quando os anos nais do Ensino Fundamental, o Ensino Médio, integrado ou não à Educação Pro ssional Técnica, e a Educação de Jovens e
Adultos que comprovadamente não puderem ser ofertados nos próprios territórios quilombolas, a nucleação rural levará em conta a
participação das comunidades quilombolas e de suas lideranças na de nição do local, bem como as possibilidades de percurso a pé pelos
estudantes na menor distância a ser percorrida e em condições de segurança.

Quando se zer necessária a adoção do transporte escolar de alunos das series nais do Ensino Fundamental, ou Ensino Médio, Educação de
Jovens e Adultos integrado ou não à Educação Pro ssional Técnica, devem ser considerados o menor tempo possível no percurso residência-
escola e a garantia de transporte intracampo dos estudantes quilombolas, em condições adequadas de segurança.

O eventual transporte de crianças e jovens com de ciência, em suas próprias comunidades ou quando houver necessidade de deslocamento
para a nucleação, deverá adaptar-se às condições desses estudantes, conforme leis especí cas.

O transporte escolar quando for comprovadamente necessário, deverá considerar o Código Nacional de Trânsito, as distâncias de deslocamento,
a acessibilidade, as condições de estradas e vias, as condições climáticas, o estado de conservação dos veículos utilizados e sua idade de uso, a
melhor localização e as melhores possibilidades de trabalho pedagógico com padrão de qualidade.

Assegurar que a gestão municipal e o gestor das escolas que atendem estudantes quilombolas fora de suas comunidades de origem considere o
direito de consulta e a participação da comunidade e suas lideranças, na decisão sobre o transporte dos alunos conforme o disposto na
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho rati cada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo 143/2003 e do Decreto nº
6.040/2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais tem por

Outra questão séria e que diz respeito à organização e funcionamento das escolas localizadas em comunidades quilombolas e que recebem
estudantes desses territórios foi a Alimentação Escolar (MERENDA ESCOLAR).

Há uma reivindicação histórica das organizações do movimento quilombola em relação à alimentação destinada às escolas e seus estudantes. Os
quilombolas reivindicam uma alimentação escolar articulada aos costumes locais, à sua dieta alimentar, aos modos de ser e de produzir das
comunidades.

etnicoracial.mec.gov.br/educacao-escolar-quilombola 3/4
27/03/2020 Étnico-Racial - Educação Escolar Quilombola

Algumas experiências de alimentação escolar especí ca destinadas às comunidades quilombola têm sido desenvolvidas no Brasil. Todavia, elas
ainda acontecem como programas e projetos especí cos. A Educação Escolar Quilombola deverá implementar um programa institucional de
alimentação escolar voltado para as especi cidades socioculturais das comunidades quilombolas e seus hábitos alimentares. Este deverá ser
organizado em regime de cooperação entre União, Estados, DF e Municípios e por meio de convênios entre sociedade civil e poder público.

Contudo, cabe um alerta: todo e qualquer programa de alimentação escolar voltado para as comunidades quilombolas deverá ser desenvolvido
em diálogo com essas comunidades. Deverão ser ouvidas as lideranças quilombolas e o Movimento Quilombola local a m de que tais políticas
se realizem de forma coerente com as reais necessidades e hábitos alimentares dessas comunidades, (conforme Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho rati cada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo 143/2003 e do Decreto nº 6.040/2007, que institui a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais

O respeito à diversidade cultural no que se refere a garantia da alimentação escolar a essas comunidades implica na superação de práticas
alimentares massi cadas, industrializadas e muito pautadas no modelo urbano de alimentação.

O MEC vem orientando os sistemas de ensino para que ao elaborarem o Plano de Ações Articuladas-PAR proponham ações de: construção de
escolas nas comunidades; formação continuada de professores/as; distribuição de materiais didáticos especí cos para alunos/as e
professores/as das referidas comunidades e capacitação de gestores para que a educação escolar quilombola seja implementada no dia a dia da
escola.

Técnica Responsável - Maria Auxiliadora Lopes

mariaauxiliadora@mec.gov.br (mailto:mariaauxiliadora@mec.gov.br)

etnicoracial.mec.gov.br/educacao-escolar-quilombola 4/4

Você também pode gostar