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Cédula de crédito rural - aval prestado por terceiro. Duplicata rural. Nota promissória rural.
CSMSP - Apelação Cível: 1000686-28.2016.8.26.0288
Localidade: Ituverava Data de Julgamento: 31/08/2018 Data DJ: 18/03/2019
Relator: Geraldo Francisco Pinheiro Franco
Jurisprudência: Procedente
Especialidades: Registro de Imóveis
REGISTRO DE IMÓVEIS – CÉDULA DE CRÉDITO RURAL – Garantia prestada por terceiro – Possibilidade –
Precedente do Eg. Conselho Superior da Magistratura que se mostra em consonância com a atual
jurisprudência deste Eg. Tribunal de Justiça e do Eg. Superior Tribunal de Justiça – Art. 60, §§ 2º e 3º, do
Decreto-Lei 167/67 que vedam o aval, e outras garantias pessoais e reais, prestadas por terceiros em nota
promissória rural e em duplicata rural, salvo nas hipóteses expressamente autorizadas no referido artigo –
Recurso provido para julgar a dúvida improcedente.
íntegra
ACÓRDÃO
ACORDAM, em Conselho Superior de Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "Deram provimento ao recurso para julgar a dúvida improcedente e, em consequência, permitir o
registro do título, v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este Acórdão.
PINHEIRO FRANCO
CORREGEDOR GERAL DA JUSTIÇA E RELATOR
Apelação nº 1000686-28.2016.8.26.0288
Apelante: Banco do Brasil
Apelado: Oficial de Registro de Imóveis da Comarca de Ituverava
Voto nº 37.549
REGISTRO DE IMÓVEIS – CÉDULA DE CRÉDITO RURAL – Garantia prestada por terceiro – Possibilidade –
Precedente do Eg. Conselho Superior da Magistratura que se mostra em consonância com a atual
jurisprudência deste Eg. Tribunal de Justiça e do Eg. Superior Tribunal de Justiça – Art. 60, §§ 2º e 3º, do
Decreto-Lei 167/67 que vedam o aval, e outras garantias pessoais e reais, prestadas por terceiros em nota
promissória rural e em duplicata rural, salvo nas hipóteses expressamente autorizadas no referido artigo –
Recurso provido para julgar a dúvida improcedente.
Trata-se de apelação interposta pelo Banco do Brasil S.A. contra r. sentença que julgou procedente a dúvida
e manteve a negativa do Sr. Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica
da Comarca de Ituverava em promover o registro da Cédula de Crédito Rural Pignoratícia nº 40/02708-2 por
conter garantia prestada por pessoa diversa do emitente do título, consistente em aval.
O apelante alega, em suma, que a cédula de crédito rural representa a vontade das partes do negócio jurídico
e que a atual jurisprudência do Eg. Superior Tribunal de Justiça, ao analisar o art. 60 do Decreto-Lei 167/67,
passou a admitir a validade do aval prestado em cédula de crédito rural pignoratícia, interpretação que,
segundo afirmou, deve nortear o julgamento da dúvida (fls. 77/86). A douta Procuradoria Geral de Justiça
opinou pelo provimento do recurso (fls. 122/125).
É o relatório.
A recusa do registro do título teve como fundamento o disposto no § 3º do art. 60 do Decreto-Lei 167/67:
“Art. 60. Aplicam-se à cédula de crédito rural, à nota promissória rural e à duplicata rural, no
que forem cabíveis, as normas de direito cambial, inclusive quanto a aval, dispensado porém o
protesto para assegurar o direito de regresso contra endossantes e seus avalistas.
§ 1º O endossatário ou o portador de Nota Promissória Rural ou Duplicata Rural não tem direito
de regresso contra o primeiro endossante e seus avalistas.
§ 2º É nulo o aval dado em Nota Promissória Rural ou Duplicata Rural, salvo quando dado pelas
pessoas físicas participantes da empresa emitente ou por outras pessoas jurídicas.
§ 3º Também são nulas quaisquer outras garantias, reais ou pessoais, salvo quando prestadas
pelas pessoas físicas participantes da empresa emitente, por esta ou por outras pessoas
jurídicas”.
Discute-se o alcance da nulidade prevista no § 3º do art. 60 do Decreto-Lei 167/67 que, segundo anterior
interpretação, diria respeito a todos os títulos de créditos referidos no caput do citado dispositivo.
Porém, este Col. Conselho Superior da Magistratura alterou sua antiga orientação para admitir o registro de
Cédula de Crédito Rural Pignoratícia com aval, passando a entender que a nulidade prevista nos §§ 2º e 3º do
art. 60 do Decreto-Lei 167/1967 somente alcança as garantias reais e pessoais prestadas por terceiros em
Nota Promissória Rural e em Duplicata Rural, exceto nas hipóteses autorizadas no referido artigo, como a
seguir se verifica:
É que a redação da norma em análise inicia com o advérbio “também” (“Também são nulas...”), parecendo
remeter às nulidades tratadas no § 2º" (CSM, Apel. Cível nº 1008819-06.2016.8.26.0047 da Comarca de
Assis, Relator o Exmo. Des. Pereira Calças).
Essa nova orientação tem amparo na jurisprudência do Eg. Superior Tribunal de Justiça que, também
alterando seu antigo entendimento, passou a adotar interpretação restritiva para o § 3º do art. 60 do Decreto-
Lei nº 167/1967 e a considerar que a nulidade nele prevista somente se aplica às garantias prestadas por
terceiros em Nota Promissória Rural e em Duplicata Rural, ressalvadas as hipótese em que essas garantias
são expressamente permitidas, previstas no mesmo artigo.
1. "Admite-se o aval nas cédulas de crédito rural, pois a vedação contida no § 3º do art. 60 do
Decreto-Lei 167/1967 não alcança o referido título, sendo aplicável apenas às notas e
duplicatas rurais. Precedentes das Terceira e Quarta Turmas do Superior Tribunal de Justiça."
(Cf. AgRg no AREsp 741.088/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 20/10/2015, DJe 23/10/2015) 2. Agravo interno desprovido" (AgInt no REsp
1638996/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe
26/10/2017);
1. Não viola o artigo 535 do Código de Processo Civil de 1973 nem importa negativa de
prestação jurisdicional o acórdão que adota, para a resolução da causa, fundamentação
suficiente, porém diversa da pretendida pelo recorrente, para decidir de modo integral a
controvérsia posta.
4. Agravo interno não provido" (AgInt no AREsp 955.824/MS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe 18/08/2017);
II. A nulidade do aval se dá apenas com relação às notas promissórias e às duplicatas rurais,
não se estendendo às cédulas de crédito rural.
Precedentes das Terceira e Quarta Turmas do Superior Tribunal de Justiça". (AgRg no REsp
1557317/PR, Rel. Ministro Moura Ribeiro, terceira turma, julgado em 17/11/2015, DJe
19/11/2015).
IV. Recurso improvido" (AgInt no REsp 1365814/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/10/2016, DJe 20/10/2016).
O Col. Tribunal de Justiça de São Paulo, em igual sentido, decidiu pela inexistência de nulidade em aval
prestado por terceiro na cédula de crédito rural:
Ante o exposto, pelo meu voto dou provimento ao recurso para julgar a dúvida improcedente e, em
PINHEIRO FRANCO
Corregedor Geral da Justiça e Relator