Você está na página 1de 12

Historicidade da propriedade privada capitalista

e os cercamentos
Historicity of capitalist private property and surroundings
Historicidad de la propriedade privada capitalista y los cercamentos
Diogo de Calasans Melo Andrade*

Resumo Introdução
O presente artigo busca fazer um es-
forço histórico – uma vez que o estudo da
história serve para compreender o presente
e interferir na construção do futuro – para
levantar a tese que a propriedade privada
capitalista está diretamente vinculada à so-
ciabilidade capitalista.
A “propriedade privada” na Idade An-
tiga e o processo de troca interna desenvol-
veram-se, em um primeiro momento, no Di-
reito Romano, contudo, muito diferente da
propriedade privada capitalista atual, pois
a propriedade privada romana era comum
(comunal) e não uma mercadoria, haja vista
que somente após o capitalismo, com o sur-
gimento da propriedade privada burguesa,

*
Doutor em Direito pela Mackenzie. Pesquisador e
professor da Universidade Tiradentes. E-mail: con-
tato@diogocalasans.com

Recebido em 26/2/2018 - Aprovado em 31/3/2018


http://dx.doi.org/10.5335/hdtv.18n.3.8597

408
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
a propriedade tornar-se-ia mercadoria no A propriedade privada individual
processo de troca.
Já a “propriedade privada” feudal,
capitalista e a vitória da burguesia
presente na Idade Média, teve seu funda-
Foi a Revolução Francesa que aboliu a
mento na lealdade, pois era do senhor, mas
“propriedade privada” feudal em favor da
usada pelo vassalo, ou seja, a propriedade
burguesia, instituindo a propriedade priva-
não era considerada mercadoria, não podia
da capitalista. Essa revolução estava ligada
ser trocada como na sociedade capitalista.
às lutas dos camponeses do século XVIII,
Mas, foi a Revolução Francesa que
fruto da crise do sistema feudal que existia
aboliu a “propriedade privada” feudal ins-
na época.
tituindo-se a propriedade privada capitalis-
Com a revolução burguesa, institui-se
ta. A partir da revolução agrária e da mo-
uma revolução agrária que transforma as
nopolização de terras e, por meio do direito
propriedades feudais em propriedades pri-
burguês, a propriedade privada capitalista
vadas capitalistas, criando-se, assim, a mo-
tornou-se absoluta e exclusiva, elevada ao
nopolização da terra. Assim, a estrutura da
patamar de direito absoluto, estável, prote-
sociedade capitalista proveio da estrutura
gida em todo o mundo pelas leis, pela polí-
econômica da sociedade feudal, a decom-
cia e pelos tribunais.
posição dessa liberou os elementos daquela,
De outro modo, com a expropriação e/
explica Marx:
ou os cercamentos, passou-se a separar os
camponeses dos seus meios de produção, es- O produtor direito, o trabalhador, somente
pôde dispor de sua pessoa depois de estar
pecificamente, a terra, havendo uma disso-
desvinculado à gleba e de ser servo ou de-
lução entre o trabalho e a propriedade, pois pendente de outra pessoa. Para tornar-se
antes a propriedade era do trabalhador, pas- livre vendedor de força de trabalho, que
sando o proprietário a não necessitar traba- leva sua mercadoria a qualquer lugar onde
houver mercado para ela, ele precisa ainda
lhar e a explorar o trabalho do trabalhador. ter escapado do domínio das corporações,
Assim, pretende-se, neste artigo, analisar a de seus regulamentos para aprendizes e
ligação entre os cercamentos e a proprieda- oficiais e das prescrições restritivas do tra-
balho (1996, p. 341).
de privada capitalista, como também sua re-
lação com as expropriações atuais. Os artigos de Marx sobre o furto de
Desta maneira, somente após o surgi- madeira1 são a primeira incursão de Marx
mento do capitalismo, pode-se falar em pro- nas controvérsias, que naquele momento
priedade privada nos moldes atuais, uma chegavam ao auge, sobre a definição pro-
vez que a “propriedade privada” feudal foi priedade, neles Marx afirma que a Revolu-
transformada em propriedade privada capi- ção Francesa sacralizou constitucionalmente
talista, tornando-se mercadoria e podendo a propriedade:
ser negociada.

409
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
considerada, dentro do espírito liberal re- dores e camponeses que haviam formado as
volucionário, o fundamento e a garantia da tropas de choque da Revolução. A proprie-
liberdade individual do cidadão, e a des-
sacralizou em seguida, tornando oponível dade era considerada lei imutável por serem
a ela o direito à existência, em especial no inspiradas por Deus. Entre 1789 e 1800 a no-
momento em que se estabeleceu um teto breza possuía cerca de 25 por cento da terra
máximo para o preço do pão e dos produ-
arável na França, e a maior parte delas pas-
tos de primeira necessidade, imposto sob a
ascensão dos sans-culottes no Ano II (2017, sou às mãos da burguesia que passou a deter
p. 37). 30% do total. Abolindo os interesses feudais
nas propriedades imobiliárias, a burguesia
A propriedade privada capitalista ou
garantiu seus empréstimos à velha nobreza
burguesa desvinculou-se das anteriores
e à Coroa e lançou bases de seu poder futuro
ideias de propriedade privada que existiam
(TIGAR, 1977, p. 229-242).
para inserir um sentido de utilidade econô-
Para Hobsbawm (1996, p. 127) feliz-
mica ao bem. Com a revolução burguesa,
mente, a Revolução Francesa está viva, pois
criou-se uma revolução agrária que está li-
Liberdade, Igualdade e Fraternidade e os
gada à produção de mercadorias e à prole-
valores da razão e do Iluminismo, os valo-
tarização, uma vez que transformou a pro-
res que construíram a civilização moderna
priedade feudal em propriedade burguesa.
desde os tempos da Revolução Americana,
A respeito do abandono da posse fundiária,
são mais necessários do que nunca, na me-
de seu caráter feudal, para assumir um ca-
dida em que o irracionalismo, a religião fun-
ráter industrial, com o objetivo de ganhar
damentalista, o obscurantismo e a barbárie
dinheiro, o filósofo adverte:
estão, mais uma vez, avançando entre nós.
A grande posse fundiária, como vemos na Sobre a Revolução Francesa (século
Inglaterra, já abandonou o seu caráter feu- XVIII), a abolição da propriedade feudal em
dal e assumiu um caráter industrial, na me-
benefício da burguesia e os objetivos no co-
dida em que quer fazer o máximo dinheiro
possível. Ela proporciona ao proprietário munismo explica Marx:
a máxima renda fundiária possível, ao ar-
A Revolução Francesa, por exemplo, abo-
rendatário o máximo lucro possível de seu
liu a propriedade feudal em benefício da
capital. Os trabalhadores agrícolas estão,
burguesia.
por isso, reduzidos já ao mínimo e a classe
O que caracteriza o comunismo não é a
dos arrendatários já representa o poder da
abolição da propriedade em geral, mas a
indústria e do capital no interior da posse
abolição da propriedade burguesa.
fundiária (MARX, 2004, p. 77).
Porém, a moderna propriedade burguesa é
a última e mais completa expressão da pro-
Após a Revolução Francesa, o Código
dução e apropriação de produtos baseadas
de Napoleão, promulgado em 20 de março em antagonismos de classes, na exploração
de 1804, é considerado revolucionário, pois de umas pelas outras.
trouxe os ideais burgueses de propriedade, Nesse sentido, os comunistas podem resu-
mir sua teoria em uma expressão: supres-
reconhecidos e aplicáveis a serviço da bur- são da propriedade privada (2015, p. 48).
guesia, constituindo-se uma visível traição
aos interesses e às aspirações dos trabalha-

410
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
Marx não defendia o fim da propriedade sível de ser contestada a todo momento e de
em geral, mas a abolição da propriedade privada ser defendida a mão armada para transfor-
nos meios de produção. O significado da proprie- mar-se em um direito absoluto, estável, que
dade jurídica da terra para Marx é que o proprie- segue a coisa por todo lado e que, desde que
tário fundiário2 pode dispor de sua terra do mes- a civilização burguesa espalhou seu domí-
mo modo que qualquer possuidor de mercadorias nio a todo o globo, é protegida em todo o
pode dispor de suas mercadorias. É o capitalismo mundo pelas leis, pela polícia e pelos tribu-
que transforma a propriedade fundiária feudal nais (PACHUKANIS, 1988, p. 73).
em propriedade fundiária moderna quando liber- Marx em seus manuscritos datados de
ta totalmente das relações de domínio e servidão 1844, considerado como seu primeiro texto
(PACHUKANIS, 1988, p. 69). sobre a questão da propriedade privada,
O direito burguês, segundo o modelo do considera a essência subjetiva e objetiva da
Código Napoleão, concebeu a propriedade como propriedade privada:
poder absoluto e exclusivo sobre coisa determi-
A essência subjetiva da propriedade priva-
nada, visando à utilidade exclusiva do seu titular. da, a propriedade privada como atividade
Por outro viés, a civilização burguesa estabele- para si, como sujeito, como pessoa, é o tra-
balho. [...]
ceu a nítida separação entre o Estado e a socieda-
Mas o trabalho, a essência subjetiva da
de civil, entre o homem privado, como indivíduo, propriedade privada como exclusão da
e o cidadão, como sujeito da sociedade política. propriedade, e o capital, trabalho objetivo
como exclusão do trabalho, é a proprieda-
Nesse esquema dicotômico, a propriedade foi co-
de privada como relação desenvolvida da
locada inteiramente no campo do direito privado contradição e por isso uma relação enérgi-
e essa dicotomia foi o alvo preferido da crítica ca que tende à solução. [...]
[...] a essência subjetiva da propriedade
socialista (COMPARATO, 1997, p. 4-5).
privada [o trabalhador] aparece como
Como foi visto, a revolução agrária exclusão da propriedade [o produto que
aboliu a propriedade feudal e instituiu a pertence ao burguês]. E, o capital, como
trabalho objetivo [o produto que perten-
propriedade privada capitalista, instituindo
ce ao burguês] como exclusão do trabalho
a monopolização da terra, assim, a proprie- [o trabalhador sem propriedade] (2004,
dade fundiária feudal foi transformada em p. 99-103).
propriedade fundiária moderna quando fi-
Comentando essa essência da subjeti-
cou livre as relações de domínio e servidão
va da propriedade (trabalho/ trabalhador),
tão presentes da Idade Antiga e Média. Por
como também da objetiva (o capital/o pro-
isso, somente com o direito burguês, a pro-
duto) de Marx, discorre Meksenas:
priedade passou a ser considerada como po-
der absoluto e exclusivo sobre a coisa deter- O conceito de propriedade privada é enten-
dido por Marx dentro de dupla determina-
minada, como também se passou a separar o
ção: 1) a essência subjetiva e 2) a essência
Estado da sociedade civil. objetiva. Quando admitimos uma essência
Assim, a propriedade burguesa capi- subjetiva percebemos que a propriedade
privada tem um início, uma força criadora
talista deixa de ser uma posse flutuante e
e que se manifesta no sujeito-em-atividade
instável, uma posse puramente de fato, pas- produzindo-a, o trabalho. [...]

411
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
O reconhecimento do estado exterior da Ainda sobre os manuscritos de Marx,
propriedade privada é a sua objetividade não é a propriedade privada em sua existên-
como propriedade ou como produto de
posse; o objeto possuído. Daí que, o traba- cia imediata, em seu ser, o fundamento da
lho é o em si da propriedade privada e está, relação de alienação, mas exatamente o con-
o por si. Marx admitiu, ainda, que a desco- trário, é o trabalho em sua forma alienada
berta da essência subjetiva da propriedade
privada [o trabalho], em época que se reco- (aqui ainda não há a distinção entre trabalho
nhecia apenas a sua existência objetiva [o e força de trabalho) que é a determinação
produto], coube a Adam Smith. [...] central e originária. A propriedade privada
Em outras palavras, a sociedade burguesa
aparece então, não mais em seu modo de ser
instituiu historicamente a separação entre
quem realiza o trabalho e quem domina a imediato como pura exterioridade, mas, an-
produção deste trabalho; cindiu a essência tes, como oriunda de uma dada relação so-
subjetiva da propriedade privada [o tra-
cial que lhe é anterior na ordem do ser. É a
balhador] da sua essência objetiva [o pro-
duto, que pertence ao burguês] (2008, p. 1, atividade, e suas condições subjetivas, trans-
grifos do autor). formada em objeto de cessão a outrem que
fornece o segredo da propriedade privada
Assim, quando Marx trata da essên-
(ALVES, 2008, p. 10).
cia subjetiva da propriedade, analisa-se o
Em sua obra mais importante, O Ca-
sujeito trabalhador que produz o trabalho,
pital, Marx trata em seu capítulo XXIV, da
ou seja, sujeito em atividade produzindo-a,
acumulação primitiva,4 buscando os fatores
o trabalho. Já a essência objetiva da proprie-
fundamentais que ocasionaram a transfor-
dade é o reconhecimento do estado exterior
mação do modo de produção feudal para o
da propriedade, criando o produto da posse,
capitalista, tendo a Inglaterra como objeto
o objeto possuído, qual seja, o capital. Foi a
de sua investigação. Inicialmente, é neces-
burguesia que separou aquele que realiza o
sário compreender o capitalismo e analisar
trabalho (o trabalhador) daquele que é dono
o modo de produção5, entendendo como
da produção, do produto (o burguês).
um conjunto de relações de produção entre
Na verdade, segundo o autor francês
classes que se transforma em outra, ou seja,
Emmanuel Hérichon, Marx não define um
trabalhadores camponeses, sem o modo de
único conceito de propriedade privada, mas
produção terra, transformam-se em traba-
criou uma teoria da propriedade:
lhadores assalariados da indústria.
Assim, recusando-se a "dar uma definição De mais a mais, quando o antigo obs-
de propriedade como um produto inde-
táculo da propriedade suprema da gens e da
pendente, uma categoria separada, uma
ideia abstrata e eterna", Marx não deu uma tribo foi suprimido pelo novo proprietário,
definição de propriedade, mas várias de- rompe-se o vínculo do proprietário com o
finições. É entender o conceito na diversi-
solo, surgindo o dinheiro e a propriedade
dade de significados que a história lhe dá,
que foi possível identificar uma teoria da privada da terra, pois a terra agora podia
propriedade, teoria que não é uma defini- tornar-se mercadoria, podia ser vendida ou
ção, mas a teoria várias definições da pro-
penhorada e hipotecada. Com isso, progre-
priedade das relações que existem entre
cada uma delas3 (1970, p. 164). diram, rapidamente, a centralização e con-

412
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
centração das riquezas nas mãos de uma Em 1850, quando cessa quase completa-
mente o tráfico negreiro (dificultando o
classe pouco numerosa e o empobrecimento
abastecimento das fazendas com a mão de
das massas (ENGELS, 2012, p. 161-162). obra escrava), a mesma elite fundiária ob-
Com o fim do feudalismo, o traba- tém a aprovação da Lei. n. 601, conhecida
como Lei de Terras, que impedia o acesso
lhador torna-se livre e liberto para vender às terras devolutas por outro meio que não
sua força de trabalho. Sobre a liberdade e a fosse a compra. A Lei de Terras garantiu
a mobilização das instituições jurídicas e
igualdade assegura Naves:
policiais na defesa da propriedade fundiá-
As categorias da liberdade e da igualda- ria, garantindo, ao mesmo tempo, o cará-
ter compulsório do trabalho, da venda da
de estão intimamente relacionadas a esse
força de trabalho ao fazendeiro por parte
processo de expropriação da massa cam- dos trabalhadores que não dispusessem de
ponesa, que é arrancada do ambiente em outro meio de viver senão a sua capacida-
que vive e produz, despojada dos meios de de trabalhar. Ora, a “riqueza” da época,
que permitem a sua subsistência e coloca- para os desprovidos de meios, era princi-
da à disposição dos agentes que controlam palmente a terra, neste país ainda carente
as condições de produção. A separação do de grandes capitais. A Lei das Terras con-
trabalhador direto dos meios de produção sagrava aquilo que não existia plenamente:
vai constituir uma esfera de circulação a terra como equivalente de capital, como
mercantil inteiramente nova, na qual a renda territorial capitalizada (MARTINS,
própria pessoa ingressa como “portador” 2015, p. 278-279).
de um objeto que é ele mesmo e no qual ele
se vende a outro sem perder a liberdade
Marx defende que a suposta libertação
(2014, p. 46). dos produtores das estruturas feudais não
significou o fim da exploração, mas o sur-
Marx demonstra que não há nada gimento de uma nova forma de exploração,
mais desigual do que o tratamento igual qual seja, a expropriação (separação do cam-
dos desiguais; que a igualdade pressuposta ponês de seus meios de produção, qual seja,
no mercado nos ilude, fazendo acreditar na a terra), ocorrendo à dissolução entre traba-
igualdade entre as pessoas; que as doutrinas lhador e propriedade. E Marx descreve, com
burguesas dos direitos de propriedade pri- precisão, o processo que cria a relação-capi-
vada fazem parecer que todos temos direitos tal e o início do avanço do capitalismo:
humanos; que as ilusões da liberdade pes- Portanto, o processo que cria a relação-ca-
soal e da liberdade nascem do mercado e do pital não pode ser outra coisa que o pro-
cesso de separação de trabalhador da pro-
livre comércio (HARVEY, 2013, p. 291). priedade das condições de seu trabalho,
No Brasil, o primeiro passo para fazer um processo que transforma, por um lado,
os meios sociais de subsistência e de pro-
com que o trabalhador livre aceitasse, sob o dução em capital, por outro, os produtores
pretexto da igualdade jurídica, a realidade diretos em trabalhadores assalariados. [...]
da desigualdade econômica foi: O prelúdio do revolucionamento, que
criou a base do modo de produção capi-
talista, ocorreu no último terço do século
XV e nas primeiras décadas do século XVI.
Uma massa de proletários livres como os
pássaros foi lançada no mercado de traba-
lho pela dissolução dos séquitos feudais
[...] (1996, p. 328- 331).

413
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
A propriedade privada capitalista é a de. Antes a propriedade era do trabalhador,
sustentação do modo de produção capitalis- após a propriedade capitalista, o proprietá-
ta. Antes a propriedade era do trabalhador, rio não trabalha, mas explora o trabalho do
com a transformação em propriedade priva- trabalhador.
da capitalista, o proprietário não trabalha, Por isso, os produtores rurais ficaram
mas explora o trabalho do trabalhador. impossibilitados de trabalhar em suas ter-
ras, tendo que buscar emprego na indústria,
aumentando a mão de obra e extraindo a
Os antigos cercamentos e as novas
mais-valia.6 Marx descreve o surgimento
expropriações no mundo capitalista da propriedade privada capitalista, gerada
a partir dessa lei que possibilitava cercar as
Os cercamentos das áreas agrícolas
terras comunais, ou seja, um golpe do Es-
dos pequenos proprietários de terra da In-
tado parlamentar para a transformação da
glaterra abarcaram a própria lei no veículo
propriedade comunal (terra comuns) em
do roubo das terras do povo em favor da
propriedade privada dos grandes proprietá-
burguesia, assim assevera o, talvez, mais
rios fundiários.
importante pensador acerca da história da
Comentando o roubo sistemático da
economia política:
propriedade comunal e o cercamento das
A forma parlamentar do roubo é a das terras comuns, Harvey adverte:
Bills for Inclosuresofommons (leis para o
cercamento da terra comunal), em outras A violenta usurpação dessa propriedade
palavras, decretos pelos quais os senhores comunal, em geral acompanhada da trans-
fundiários fazem presente a si mesmos da formação das terras de lavoura em pasta-
terra do povo, como propriedade privada, gens, tem início no final do século XV e
decretos de expropriação do povo. Sir F. prossegue durante o século XVI [...]. Marx
M. Eden refuta sua astuta argumentação escolhe um exemplo posterior, o caso es-
de advogado, na qual ele busca apresentar petacular da expulsão dos habitantes das
a propriedade comunal como propriedade Terras Altas escocesas, onde os campo-
privada dos grandes proprietários fun- neses foram expulsos pouco a pouco de
diários, que tomaram o lugar dos feudais, suas terras até o fim do século XIX [...]. A
ao pedir ele mesmo “uma lei parlamentar questão sobre o que todas essas pessoas
geral para o cercamento das terras comu- expulsas de suas terras fariam... Em geral
nais”, admitindo, portanto, que é necessá- não havia emprego para elas; então, ao me-
rio um golpe de Estado parlamentar para nos aos olhos do Estado, tais indivíduos se
sua transformação em propriedade pri- tornavam vagabundos, mendigos, ladrões
vada, porém, por outro lado, solicitando e assaltantes. O aparato estatal respondia
da legislatura uma “indenização” para os de um modo que perdura até nossos dias:
pobres expropriados (MARX, 1996, p. 348- criminalizando e encarcerando, tratando-
349, grifos do autor). -os como vagabundos e praticando contra
eles a mais extrema violência (2013, p. 283).
Assim, com a expropriação existiu a
separação do camponês dos seus meios de O cercamento expropriou as terras dos
produção, qual seja a terra. Com isso, hou- camponeses com o intuito de promover o
ve a dissolução entre trabalho e proprieda- acúmulo do capital. Outro ponto importan-

414
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
te para o crescimento da propriedade bur- propriedade privada e, como encontraram
guesa pela luta pela soberania absoluta foi a resistência por parte dos membros do clã,
expulsão violenta do camponês de sua terra resolveram enxotá-los com violência direta
comunal, como por exemplo, o florescimen- (MARX, 1996, p. 352-353).
to da manufatura de lã, crescendo a violên- Embora a transformação do campo sob
cia dos usurpadores, pois a alta dos preços o impacto do mercado global de commodities
da lã, fez com que as terras rurais transfor- – agrícolas ou de exploração mineral – tenha
massem em pastagens para as ovelhas: ampliado a escala da expulsão populacional
e impulsado a migração para as cidades, não
Foi muito mais, em oposição mais teimosa
à realeza e ao Parlamento, o grande senhor se trata de um processo novo, ele é conheci-
feudal quem criou um proletariado incom- do desde as origens do capitalismo, quando
paravelmente maior mediante expulsão os “enclosures of the commons” (cercamento
violenta do campesinato da base fundiária,
sobre a qual possuía o mesmo título jurídi-
dos espaços comuns) impediram acesso à
co feudal que ele, e usurpação de sua terra terra por parte dos antigos servos, empur-
comunal. O impulso imediato para isso foi rando para a proletarização nas cidades
dado, na Inglaterra, nomeadamente pelo (ROLNIK, 2015, p. 159).
florescimento da manufatura flamenga
de lã e a consequente alta dos preços da lã Quando o homem, como sujeito in-
(MARX, 1996, p. 331). dividual e parte de um contrato, torna-se a
medida das práticas sociais, a propriedade
O último grande processo de expro- se define em relação a ele como proprieda-
priação dos lavradores da base fundiária de privada. Contento em si uma dinâmica
foi clamado de “Clearing of Estates” (clarear de expansão de seus campos de aplicação, a
propriedades, de fato, limpá-las de seres hu- noção de propriedade entra em conflito com
manos). Todos os métodos ingleses até ago- sua concepção antiga como modo de posse
ra observados culminaram no “clarear”. Na passiva. Assim, somente no século XVIII o
Escócia, os celtas da alta constituíam clãs, movimento de cercamentos (a apropriação
cada um deles proprietário do solo por ele de terras comunais pelos grandes proprietá-
ocupado. O representante do clã, seu chefe rios de terra), iniciado na Inglaterra no fim
ou “grande homem”, era apenas o proprie- do século XV, recebeu unção legal, foi aí que
tário titular desse solo, tal como a rainha da a própria lei se tornou o instrumento da es-
Inglaterra é a proprietária titular de todo o poliação (MARX, 2017, p. 24).
solo nacional. Quando o governo inglês con- O primeiro projeto de lei de cercamen-
seguiu reprimir as guerras desses “grandes to foi aprovado no Parlamento em fevereiro
homens” e suas contínuas incursões nas pla- de 1710 e os historiadores têm observado
nícies da baixa Escócia, os chefes de clãs não que a grande era dos cercamentos parlamen-
renunciaram, de modo algum, a seu velho tares, entre 1760 e 1820, comprova não só o
ofício de assaltante; mudaram apenas a for- frenesi pelo desenvolvimento agrícola, mas,
ma. Por conta própria, transformaram seu também, a tenacidade em que os sujeitos
direito titular de propriedade em direito de “impertinentes” e “despeitados” obstruíam

415
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
os cercamentos por acordo, resistindo até o das formas capitalistas de produção e consu-
fim em favor da antiga economia baseada mo (ROLNIK, 2015, p. 195).
nos costumes (THOMPSON, 1998, p. 94-95). Assim, com os cercamentos, surgiu a
Esses antigos cercamentos de terras propriedade privada capitalista, transfor-
ainda existem na atualidade, senão vejamos: mando a propriedade comunal em privada
capitalista, para isso, houve a expropriação
Observa-se, na atualidade, que os “cer-
camentos”, descritos por Marx em sua das terras do camponês, com o objetivo de
abordagem do capitalismo nascente na acúmulo do capital. Ainda hoje, existem os
Inglaterra como mecanismos básicos para cercamentos e são denominados de expro-
a acumulação primitiva, não deixaram priação, presentes tanto nos países pouco
de atuar como componentes do capitalis-
mo na acumulação avançada. Trata-se do desenvolvidos quanto nos de desenvolvi-
que vem sendo chamado por estudiosos mento mais avançado. Com o cercamento,
de “novos cercamentos”, fenômenos de impediram o acesso à terra, empurrando a
expropriação observáveis tanto em paí- população para as cidades, ocasionando a
ses pouco desenvolvidos quanto naqueles
de desenvolvimento mais avançado (PE- proletarização.
NHAVEL, 2011, p. 2). Percebe-se, por tudo isso, que os méto-
dos utilizados para a acumulação primitiva
O açambarcamento das terras foi de- de capital e, consequentemente, para o sur-
fendido na época em nome da proprieda- gimento da propriedade privada capitalista
de agrícola, cujo crescimento supostamente foram os bens roubados da igreja, a venda
erradicaria a fome e a penúria, ainda que à fraudulenta dos domínios do Estado, o furto
custa de uma terrível miséria humana. Hoje da propriedade comunal (terra comum) e a
estaríamos presenciando uma nova onda de transformação violenta e usurpadora da pro-
cercamentos, que se justifica pela corrida à priedade feudal em propriedade privada mo-
inovação ou pela urgência da alimentação derna (com os cercamentos das terras). As-
mundial (MARX, 2017, p. 58). sim, entendendo a história da transformação
Nos últimos 250 anos da história da da propriedade privada, primeiro em feudal
relação social entre a humanidade e o terri- e, for fim, em capitalista, podemos compreen-
tório, uma forma específica de uso e direito der melhor a propriedade privada moderna
sobre a terra – a propriedade privada indi- no sistema capitalista em que vivemos.
vidual – se sobrepôs às demais, esse mo- Assim, somente após o surgimento do
vimento tem início com o cercamento das capitalismo a propriedade feudal transfor-
terras comunais na Europa do século XVIII, ma-se em propriedade privada capitalista,
por meio do processo definido como “des- considerada como mercadoria e essencial ao
locamento territorial”, ou a separação entre processo de troca. Por outro viés, os proprie-
terra e trabalho, e avançou em sua direção tários tornam-se sujeito de direito, aptos a
à sua consagração jurídico-política na cons- contratar, com base na igualdade e na leal-
trução do Estado liberal, mas, recentemen- dade, podendo vender ou trocar a proprie-
te, passou a se estender sobre o conjunto do dade privada, surgindo, assim, a subjetivi-
planeta, por intermédio da expansão global dade jurídica.

416
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
Considerações finais trabalha, mas explora o trabalho do traba-
lhador.
A partir das teorias e exposições reali- Esse cercamento expropriou as terras
zadas, observa-se um importante debate so- dos camponeses com o intuito de promover
bre a origem da propriedade privada. Nesse o acúmulo do capital, impedindo o acesso à
sentido, detectou-se que, na Idade Antiga, terra e empurrando a população do campo
não existia a propriedade privada capitalis- para a cidade, sendo um dos motivos para
ta, haja vista que a propriedade privada era o surgimento da proletarização. Através dos
comum e não uma mercadoria, uma vez que cercamentos surgiu a propriedade privada
o proprietário não podia apropriar-se da capitalista e, atualmente, eles ainda existem,
mercadoria alheia e vender a sua. mas denominados de novos cercamentos ou
Na Idade Média, exista a “proprieda- expropriações, o que impede o acesso à terra
de privada” feudal, que não era mercadoria, e expulsa a população para as periferias das
não podia ser negociada, como desejava a cidades.
burguesia, uma vez que sua base era a rela- Por isso, conclui-se que somente após
ção feudal de lealdade, entre senhor feudal e o surgimento do capitalismo podemos falar
servo, com uma dominação fundada na reli- em propriedade privada nos moldes capi-
gião e na moral, por isso, pode-se, também, talistas atuais, uma vez que a “propriedade
afirmar que não exista a propriedade priva- privada feudal” foi transformada em pro-
da capitalista naquela época. priedade privada capitalista, tornando-se
Identificou-se que foi a Revolução mercadoria e podendo ser negociada, para
Francesa que aboliu a “propriedade priva- isso, os proprietários foram considerados
da” feudal, criando a propriedade priva- sujeitos de direito, “livres e iguais”, aptos
da capitalista, para atender os anseios da a contratar e poder comprar ou vender sua
burguesia. Com essa revolução, institui-se propriedade privada capitalista.
a revolução agrária, transformando as pro-
priedades privadas feudais em privadas ca- Abstract
pitalistas, com a possibilidade da monopo-
lização da terra. Aqui não existem mais as The purpose of this article is to differen-
relações de domínio e servidão presentes na tiate the various types of “private pro-
Idade Antiga e na Idade Média. perty” that have emerged in our history,
Detectou-se que com a expropriação, from the Old Age, through the Middle
por meio dos cercamentos das áreas agríco- Ages, to the present private capitalist
las da Inglaterra, ocasionou a separação do property. For this, the relation between
the French Revolution and Agrarian Re-
camponês dos seus meios de produção (a
volution was identified with the emer-
terra), havendo a dissolução entre trabalho
gence of private capitalist property. On
e propriedade; antes a propriedade era do
the other hand, it was detected that with
trabalhador, após o surgimento da proprie- the expropriations, resulting from the
dade privada capitalista, o proprietário não enclosures, there was the dissolution

417
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
between work and property. As a result, Notas
capital accumulation and expulsion of
the population from the countryside to 1
Esses artigos foram transformados em livro, tra-
the city were promoted. Finally, it was duzidos para o português e publicado no Brasil
sob o título: Os despossuídos: debates sobre a lei
realized that this phenomenon, of En- referente ao furto de madeira (MARX, 2017).
glish origin, still exists today, preventing 2
“Ao discutir a renda da terra e a propriedade
access to land and pushing the poor po- fundiária em particular, Marx revela a estrutura
da formação de valor e preço, o que é crucial para
pulation to the periphery of cities. a análise da concorrência. A mais-valia é também
apropriada sob outras formas, como a renda da
Keywords: Enclosures. Origin. Private ca- terra, para a qual as relações da propriedade fun-
diária são importantes, e o juro, razão pela qual
pitalist property. o capital financeiro deve ser analisado. A conclu-
são de Marx é que, na medida em que o acesso do
capital à terra é limitado pela propriedade fun-
Resumen diária, o desenvolvimento intensivo da agricultu-
ra fica obstruído. A capacidade e o incentivo dos
El objetivo de este artículo es diferenciar capitalistas para buscar lucros suplementares ou
excedentes na agricultura são inibidos na medida
los diversos tipos de “propiedad priva- em que a renda possa ser apropriada” (BARTTO-
da” que surgieron en nuestra historia, MORE, 1988, p. 127).
desde la Edad Antigua, pasando por 3
Tradução livre feita pelo autor do texto em fran-
cês: “Ainsi, refusant de « donner une définition
la Edad Media, hasta llegar a la actual
de la propriété comme d’um rapport indépen-
propiedad privada capitalista. Para ello, dant, d’une catégorie à part, d’une idée abstraite
se identificó la relación entre la Revolu- et éternelle », Marx n’a pas donné une définition
ción Francesa y la Revolución Agraria de la propriété, mais plusieurs définitions. C’est
par la saisie du concept dans la diversité des si-
con surgimiento de la propiedad priva- gnifications que lui donne l’histoire, qu’il était
da capitalista. Por otro lado, se detectó possible de dégager une théorie de la propriété,
que con las expropiaciones, derivadas théorie qui n’est pas une définition, mais la théo-
rie des diverses définitions de la propriété et des
de los cercamientos, hubo la disolución rapports qui existent entre chacune d’elles” (HÉ-
entre trabajo y propiedad. Con ello, se RICHON, 1970, p. 163-181).
promovió la acumulación de capital y 4
“A acumulação primitiva diz respeito às origens
históricas do trabalho assalariado, assim como à
la expulsión de la población del campo
acumulação nas mãos do capitalista dos recursos
a la ciudad. Por último, se percibió que necessários para empregá-lo. Trata-se da expro-
ese fenómeno, de origen inglés, todavía priação violenta de toda uma classe de pessoas
existe actualmente, impidiendo el acce- do controle sobre os meios de produção, primei-
ro por meio de ações ilegais e, por fim, como a lei
so a la tierra y empujando a la población de cercamento na Inglaterra, pela ação do Esta-
pobre hacia la periferia de las ciudades. do” (HARVEY, 2013, p. 279-280).
5
“Uma vez que as relações de produção pré-ca-
pitalistas são predominantemente agrícolas, dis-
Palabras clave: Recinto. Origen. Propie- pondo os camponeses dos principais meios de
dad privada capitalista. produção, como a terra, o capitalismo só se pode
afirmar esbulhando os camponeses de sua terra.
Assim sendo, as origens do capitalismo encon-
tram-se na transformação das relações de produ-
ção no campo. A separação entre os camponeses

418
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419
e a terra é o manancial de onde provêm os traba- ______. O Capital: Crítica da Economia Políti-
lhadores assalariados, tanto para o capital agríco- ca. Tradução de Regis Barbosa e Flávio R. Ko-
la como para a indústria” (ABBAGNANO, 1998,
the. Livro primeiro. Tomo I. Cap. I. São Paulo:
p. 15).
6
“Uma vez que o valor nasce do trabalho e outra Nova Cultural, 1996.
coisa não é senão trabalho materializado, se o HARVEY, David. Para entender o capital. Tra-
empresário retribuísse ao assalariado o valor to-
dução de Rubens Enderle. São Paulo: Boitem-
tal produzido pelo seu trabalho, não existiria o
fenômeno puramente capitalista do dinheiro que po, 2013.
gera dinheiro. Mas como o empresário não retri- HÉRICHON, Emmanuel. Le concept de pro-
bui ao assalariado aquilo que corresponde ao va-
priétédans la pensée de Karl Marx. In: L'Hom-
lor por ele produzido, mas apenas o custo da sua
força de trabalho (o suficiente para produzi-la, o me et la société, N. 17, 1970. Sociologie et idéolo-
mínimo vital), temos o fenômeno da mais-valia gie: marxisme et marxologie. p. 163-181.
que é a parte do valor produzido pelo trabalha-
dor assalariado da qual o capitalista de apodera”
HOBSBAWM, Eric J. Ecos da Marselhesa: dois
(ABBAGNANO, 1998, p. 637-638). séculos reveem a Revolução Francesa. Tradu-
ção de Maria Celia Paoli. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1996.
Referências MARTINS, José de Souza. O cativeiro da terra. 9.
ed. São Paulo: Contexto, 2015.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia.
MEKSENAS, Paulo. Introdução ao conceito de
São Paulo: Martins Fontes, 1998.
propriedade nos Manuscritos Econômicos e
ALVES, Antônio José Lopes. Propriedade Pri- Filosóficos de Marx. Revista Espaço Acadêmico,
vada e Liberdade Em Hegel e Marx. Revista In- ano VIII, n. 86, jul. 2008.
tuitio, Porto Alegre, v. 1, n. 2, nov. 2008.
NAVES, Márcio Bilharinho. A Questão do Di-
ANDRADE, Diogo de Calasans Melo. O Prin- reito em Marx. São Paulo: Outras Expressões;
cípio da Função Social da Propriedade. São Paulo: Dobra Universitária, 2014.
Letras Jurídicas, 2014.
THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em
BARTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamen- comum. Tradução de Rosaura Eichemberg.
to Marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
COMPARATO, Fábio Konder. Direito e deveres PENHAVEL, Pedro Felix Carmo. Capitalismo
fundamentais em matéria de propriedade. Revista avançado e acumulação primitiva: a urbaniza-
CEJ, v. 1, n. 3, set./dez. 1997. ção por despossessão. Anais do II Seminário de
ENGELS, Friedrich. A Origem da Família da Pro- Pesquisa da Faculdade de Ciências Sociais. Nov.
priedade Privada e do Estado. Tradução de Ruth 2011.
M Klaus. 4. ed. São Paulo: Centauro, 2012. ROLNIK, Raquel. Guerra dos Lugares: a coloni-
MARX, Karl. Os despossuídos: debates sobre zação da terra e da moradia na era das finan-
a lei referente ao furto de madeira. Tradução ças. São Paulo: Boitempo, 2015.
de Nélio Schneider, Daniel Bensaid e Mariana TIGAR, Michael E.; LEVY, Madeleine R. O Di-
Echalar. São Paulo: Boitempo, 2017. reito e a Ascensão do Capitalismo. Tradução de
______. Manuscritos econômico-filosóficos e outros Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
textos escolhidos. Tradução de Jesus Raineri. São
Paulo: Boitempo, 2004.

419
História: Debates e Tendências – v. 18, n. 3, set./dez. 2018, p. 408-419

Você também pode gostar