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A legislação penal protege a honra elegendo-a como um bem jurídico em que não cabe a

admissão de ofensas que atinjam os valores inerentes à dignidade do homem, pois tal ato
atenta contra o respeito que os indivíduos devem apresentar à pessoa do outro.

A honra protegida é dividida em 2 espécies: a subjetiva e a objetiva. A primeira é a


consciência própria que se tem de si, enquanto que a segunda é a imagem que a opinião
pública apresenta do indivíduo nos seus atributos. Especificamente, é nos crimes contra a
honra objetiva (calúnia e difamação) que surge a figura da “exceção da verdade” que significa
a oportunidade de a parte responsável pela ilicitude provar a verdade do fato imputado, ou
seja, comprovar que o objeto pelo qual está sendo processado realmente aconteceu.

A exceção da verdade não é igual para todos os crimes contra honra, tendo características
distintas em cada um deles. Define-se o elemento típico da calúnia como a imputação falsa de
fato definido como crime, a imputação deve ser falsa para se constituir o crime de calúnia e
este tem presunção relativa de falsidade: admite-se o instrumento de exceção da verdade para
que o acusado demonstre a verdade da imputação, afastando, dessa maneira, a calúnia por
torná-la um fato atípico; a elementar de “falsidade” é excluída. A regra é a admissão da
exceção da verdade na calúnia, exceto em 3 hipóteses taxativas:

 Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado
por sentença irrecorrível

[Violação do desejo de segredo da vítima, tornando público a prova de veracidade em


matéria em que nem mesmo a vítima realizou o processo]

 Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n° I do art. 141 (Presidente


da República/ Chefe de governo estrangeiro)
 Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível

O pressuposto principal é que na difamação não há a exceção da verdade; não havendo a


elementar que exigi a falsidade da imputação, não importa que o fato seja verídico ou não, em
uma outra o crime permanece sem afastamento, consolida-se do mesmo modo. Mas, de
maneira excepcional, diz o artigo 139 do Código Penal: “A exceção da verdade somente se
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções”.
O legislador abriu essa lacuna para que a coletividade possa ter a liberdade de exercer a
fiscalização dos servidores sem temor; o ofensor que demonstra a verdade da acusação
defendendo o interesse do público é absolvido. A imputação verdadeira exclui a ilicitude do
crime, porém não se deve realizar ofensas a fatos da vida privada do agente.

Resta saber que no crime de injúria é inadequada a exceção da verdade. Segundo Cleber
Masson, “como não há imputação de fato, mas atribuição de qualidade negativa, é impossível
provar a veracidade dessa ofensa, sob pena de provocar à vítima um dano ainda maior do que
aquele proporcionado pela conduta criminosa. Imagine o prejuízo que seria causado se a lei
permitisse que, depois de o agente ter chamado alguém de pessoa monstruosa, provasse ele a
adequação da sua assertiva.

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