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m mês a seguir uma alimentação exclusivamente vegan.

Sem mudar
rotinas de treino e acompanhada por um nutricionista. Efeitos no corpo e
na mente? Como ajustamos o nosso comportamento, alimentar e social?
É o que vou contar nas próximas quatro semanas.

9 de Março de 2020, 11:35


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Quando recebi a pré-visualização do e-mail da editora da Ímpar para


escrever este texto, estava a trincar um ovo cozido. Não é exagero se
disser que quase me engasguei: teria de começar… De imediato! Se
bem pensei, depressa o fiz: fui oferecer aos colegas os restantes ovos
cozidos que tenho no frigorífico do escritório — são os
meus snacks entre refeições. Nesse dia, ao almoço, estava safa: chili
vegan, feito por mim!

Deixem apresentar-me, em termos de alimentação: sou flexitariana. A


minha alimentação é maioritariamente de origem biológica e uns 80%
vegetariana. Consumo ovos todos os dias (para aporte proteico), peixe
duas vezes por semana, carne esporadicamente. Faço jejuns duas a três
vezes por ano: três dias a sumos fortificados com proteína
vegan… Preparo quase todos os meus almoços da semana ao domingo e
sou a verdadeira ‘marmiteira’, sempre carregada de frascos e caixinhas
de vidro. Acontece tanto elogiarem a apresentação da minha comida
como me perguntarem “que diabo é essa cena verde?”.

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italianos

Frente a uma feijoada à brasileira com entrecosto no forno (uma das


especialidades que cozinho) ou perante o novo menu A História – são
17 pratos – do 100 Maneiras (a última ceia que comi fora de casa), não
consigo dizer ‘Não!’. “Restrições”, perguntam? “Não tenho”, respondo,
não querendo perder pitada, apesar de ter identificadas por análise de
sangue intolerâncias alimentares à lactose e à proteína do leite, à
baunilha e às hortaliças brássicas. Sou seguida pelo nutricionista
Sérgio Veloso, que reintroduziu as couves na minha alimentação. A
pedido, tenho no meu plano alimentar opções veganas: substitui-se o
peixe e a carne por leguminosas, e nessa refeição como menos
quantidade de arroz ou batata. No plano nutricional que me prescreve,
a cada dois meses, não há recomendação de tofu ou seitan, mas acabo
por comê-los algumas vezes.
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Um frigorífico apetrechado para fazer uma dieta vegan RITA MACHADO

Adoro, simplesmente adoro, comer e parte do meu dia é passado a


pensar no que vou cozinhar. De manhã e ao almoço cumpro o plano, ao
jantar… tem dias! Passo a semana a tentar controlar o que ingiro, e o
fim-de-semana em indulgência. Eu chamo-lhe equilíbrio, mas aceito
que haja outras interpretações. Para mim funciona. Tenho mais de 40
anos e estou num rácio de massa corporal saudável. Há anos que me
interesso por alimentação e exercício e já experimentei muita coisa.
Curiosamente nunca tinha estado exclusivamente vegana.

No final de 2019 o documentário The Game Changers ocupou as


discussões masculinas e femininas nos balneários: como assim, o
Arnold Schwarzenegger, ex-Mr. Olympia, agora é vegan? Os
gladiadores do Império Romano, bem antes de Cristo, eram
predominantemente vegetarianos? É possível ser um atleta de elite e
comer apenas vegan? Ao meu lado na padaria, quer dizer, na Bakery
Crossfit, onde treino, o coach Eduardo Arruda é vegan e o seu PR
(jargão da modalidade: recorde pessoal) não fica nada atrás de outros
treinadores que conheço: em deadlift levanta 175 kg; em back squat,
155 kg; e em front squat, 125. Nada mau para quem tem uma
alimentação exclusivamente vegana há mais de dois anos, após seis
meses de transição num regime ovo lácteo vegetariano e dois anos sem
consumir carne.

LER MAIS

 Sou vegan e estou grávida. E agora, há risco?

 Bebé vegan morre nos EUA: negligência ou culpa da dieta?

O mote está dado e eu também quero experimentar! Não quero tornar-


me 100% vegana – acho que ficou claro nos parágrafos anteriores o
quanto gosto de comer! –, mas quero ver como reajo, física e
emocionalmente. Já agora, contribuir para a sustentabilidade do
planeta, fazendo as escolhas mais ajustadas à realidade actual. E
reportar os efeitos para os leitores e as leitoras

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