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ALINHANDO O

PPP 20
20

bncc
à

Saiba como alinhar o Projeto Pedagógico (PP) à


Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

1
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
• A necessidade de novas práticas educacionais alinhadas
ao Projeto Pedagógico 4
• A chegada da BNCC, os impactos na escola e no PP 6
• Desafios da Gestão Escolar de hoje e de sempre 8
• Métricas 10
• Um pouco mais sobre o Conceito do PP 11

CAPÍTULO II
• Alinhando o PP à BNCC 15
• Como conduzir as reuniões de revisão do Projeto 1 9

INTRODUÇÃO
Chegou o momento tão esperado e debatido: a im-
plantação da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) no ensino do Brasil.

A nova proposta educacional contou com a partici-


pação de diversos profissionais da área de Educação
e mobilizou a sociedade civil para finalmente ter sua
homologação em dezembro de 2017.

Diante desta nova etapa da educação que está pre-


vista para iniciar em janeiro de 2020, as escolas pas-
sarão por um período de adequação a um modelo de
ensino mais voltado ao desenvolvimento de compe-
tências, habilidades e conhecimentos para formação
global dos alunos. Com isso, será preciso atualizar e
remodelar vários documentos, entre eles o Projeto
Pedagógico (PP). Sabendo da importância desta fer-
ramenta de gestão para as instituições educacionais,
elaboramos um guia para facilitar sua (re)elaboração
anual.

Nesse e-book você encontrará dicas para:

- Modernizar processos da sua escola;


- Gestão de tempo;
- Impactos da BNCC no PP;
- Erros para evitar na revisão do documento;
- O que atualizar de um ano para o outro;
- E muito mais!

Esperamos que este guia contribua muito para a sua


instituição.

Mãos à obra!

Equipe Redação Nota 1000.

2
CAPÍTULO

3
1
CAPÍTULO I
A necessidade de novas práticas
educacionais alinhadas ao Proje-
to Pedagógico
O perfil dos alunos mudou. Superconectados, prin-
cipalmente a seus celulares, estão sujeitos a no-
vos estímulos a todo momento, por isso, anseiam
por informações rápidas e práticas. As escolas, por
sua vez, estão em processo de adaptação a es-
sas novas gerações e, para isso, professores que
antes lecionavam utilizando apenas os recursos
simples disponíveis em sala de aula, agora op-
tam por inovações como plataformas tecnológicas
para passar e cobrar tarefas, tecnologia de apon-
tamento de erros para ensinar redação e aplicati-
vos para estabelecer a comunicação com os pais.
Esses e diversos outros recursos, antes inimaginá-
veis, passaram a fazer parte da escola do futuro.

Apesar de muitos gestores escolares estarem ha-


bituados a introdução dessas novidades nas aulas,
as necessidades das novas gerações são diver-
sas e a cada dia maiores, gerando a todo momen-
to novos desafios para se superar na educação.
Diante desse cenário, para ajudar nossos jovens a
compreender e triunfar nesse novo mundo, é pre-
ciso que todos estejamos remando para o mes-
mo lado, daí a importância do Projeto Pedagó-
gico (PP), anteriormente conhecido como PPP¹.

Quando falamos do PP de uma instituição de ensi-


no, estamos nos referindo na verdade a sua iden-
tidade. Este importante documento traz aspectos
particulares de seu público-alvo, sua história, pe-
culiaridades e descreve o modus operandi do co-
légio, servindo como uma bússola que indica para
onde se está caminhando e, principalmente, onde
se quer chegar por via do ensino, ou seja, que tipo
de aluno queremos formar no futuro. Além disso, o
PP informa quais serão as adaptações que a esco-
la precisará adotar para se adequar às novas ten-

4
dências educacionais e necessidades regionais.

Ainda que todas as instituições possuam a obrigatorie-


dade legal de produzir esse documento, nos depara-
mos com uma triste realidade em diversas delas: o PP
visto apenas como uma pendência anual obrigatória!

Outro problema muito comum é o não comprome-


timento de boa parte ou até mesmo de todos os
envolvidos no processo educativo com ele, tan-
to por não ter conhecimento real sobre sua utili-
dade e/ou função, quanto por não se sentirem in-
cluídos na produção final do PP. Na grande maioria
dos casos, infelizmente, alunos e responsáveis não
recebem qualquer informação sobre a existência
do Projeto Pedagógico, sequer sabem de sua exis-
tência ou onde ele fica armazenado, enfatizan-
do um triste quadro para gestão escolar no Brasil.

Como há um desnível entre expectativas e realida-


des relacionados ao PP, observa-se nas escolas que
vivenciam os problemas citados a necessidade de
se inovar não somente em comunicação e tecnolo-
gia, mas especialmente em processos educacionais
condizentes com a nova realidade. Torna-se eviden-
te a falta do conhecimento e/ou definição da pró-
pria personalidade institucional, de sua missão, em
especial, do papel que cada pessoa precisa exercer
como vetor dessa identidade para que o projeto não
fique apenas no papel. Afinal, se não sabemos quem
nós somos, não sabemos o que queremos, muito me-
nos para onde estamos indo, tornando-se impossível
orientar alguém a encontrar o seu próprio caminho.

Para complementar esse cenário de informações


descentralizadas, os educadores de todo o Bra-
sil ganharam mais um desafio para superar na ela-
boração do PP logo no início de 2020: alinhá-lo ao
novo documento orientador de currículos do Bra-
sil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

¹ O termo “Político” foi retirado das documentações oficiais do


MEC após a posse do presidente Jair Bolsonaro.

5
A chegada da BNCC, os impactos
na escola e no PP
A BNCC chega com a promessa de nivelar o aces-
so à educação de qualidade, reduzir ruídos existen-
tes nas propostas pedagógicas atuais e, principal-
mente, modernizar o ensino do país somando forças
aos PCN’s (Parâmetros Nacionais Curriculares) e as
Diretrizes Nacionais da Educação Básica (DCN’s).

Ponto de partida para elaboração de currículos, a


Base estabelece conhecimentos, competências e
habilidades que todos os estudantes devem desen-
volver ao longo da escolaridade básica. A intenção
primária deste documento é proporcionar, acima de
tudo, uma educação direcionada à formação inte-
gral do aluno, promovendo sua autonomia, desen-
volvimento de habilidades emocionais, autogestão
e, como consequência, um cidadão que possa atu-
ar na construção de uma sociedade mais igualitária.

Prevista na Lei de Diretrizes e Bases (1996) e no Plano


Nacional de Educação (2014), após um longo proces-
so de discussões em diferentes campos educacio-
nais, além da contribuição de diversos profissionais
da área e de 12 milhões de cidadãos em consultas
públicas, o documento foi finalmente homologado
em dezembro de 2017 para implantação da fase de
ensino pré-escolar e fundamental em janeiro de 2020.

Como toda mudança traz consigo impactos, com a


BNCC não será diferente, pois o documento apresen-
ta várias indicações de como devemos introduzir os
estudantes pouco a pouco a lidar com situações do
novo cotidiano. Uma das principais novidades trazi-
das é o desenvolvimento de 10 competências socio-
emocionais que devem dialogar com todos os docu-
mentos obrigatórios, mas em especial com o Projeto
Político, pois este é responsável por retratar os valo-
res e atitudes que espera-se do aluno em formação.

Em um mundo que atualmente luta contra bullying,


questões raciais, sustentabilidade, representati-
vidade e afins, incluir propostas que estimulem a
empatia é muito importante para formação de um

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cidadão consciente. Além disso, estabelecer um
projeto de vida, lidar com tecnologias e tornar-se
apto a gerenciar seu próprio futuro são alguns pon-
tos da BNCC que precisam ser sincronizados ao PP.

Para que ambos os documentos se articulem bem


nessa nova fase da educação, a escola que conhe-
cemos precisará mais do que nunca transformar os
processos engessados em “coisa do passado”, pre-
parar gestores e professores para lidar também
com recursos tecnológicos muito além do que já
temos incorporado às aulas nos dias de hoje, pois
com a Base Nacional Comum Curricular muitos
conteúdos que antes eram pouco explorados tor-
naram-se agora parte de componente curricular.

Esse processo exigirá ainda mais tempo para o pla-


nejamento dos gestores, consequentemente alte-
rará também por completo a formação docente da
maneira como a conhecemos. Naturalmente os edu-
cadores devem passar por uma fase de adaptação,
uma vez que não existe hoje no mercado este tipo
de preparo durante a licenciatura, aliás, de modo
geral, o que ocorre atualmente em algumas uni-
versidades é uma introdução ao uso de tecnolo-
gias que, por enquanto, ainda é tímida se compa-
rada ao suporte que as novas gerações precisarão.

Sendo assim, a equipe gestora, condutora da formação


dos professores, precisará também se preparar para
garantir suporte total aos docentes nesta adaptação
ao novo modelo¹ de ensino e ter ainda mais critérios
na escolha ou preparo dos novos materiais didáticos,
que deverão ganhar uma nova roupagem orientada ao
domínio de inovações cada vez mais diversificadas.

Como se pode observar, a BNCC impactará a edu-


cação em um “efeito cascata”, modificando con-
teúdos, aplicações, a forma de ensino em sala de
aula e, consequentemente, a maneira de ingres-
so ao ensino superior. Avaliações como o Exa-
me Nacional do Ensino Médio, por exemplo, se-
rão feitos virtualmente no futuro (segundo o INEP,
até 2026)². Um projeto piloto já será testado em
2020 em 15 capitais, exigindo que os alunos este-
jam cada vez mais autônomos tecnologicamente.
7
Diante disso, nota-se que a melhor forma de evi-
tar essas falhas no ensino é através da conscienti-
zação sobre os impactos das mudanças sociais nas
escolas por meio de constantes aprimoramentos
tanto como educadores quanto como pessoas. Com
isso, é possível fortificar e estabelecer valores para
o desenvolvimento dos jovens, construindo ações
na elaboração do PP de qualquer instituição. Con-
tudo, é importante lembrar que para funcionar cor-
retamente as diretrizes devem ser formadas com o
auxílio da comunidade escolar, uma vez que as mo-
dificações ocorridas na sociedade afetam a todos.

A produção do Projeto não deve ser vista como exi-


gência somente para preencher a agenda da Se-
cretaria da Educação, mas sim uma forma de con-
tribuir para a transformação da educação no Brasil.

Assim, para diminuir os impactos que possam surgir


na fase de implantação da BNCC na adequação do
PP, é essencial promover o engajamento de todos
os envolvidos na construção de um documento re-
almente descentralizado, totalmente colaborativo,
convidando as pessoas a participarem de todas as
etapas que contemplam o projeto, desde sua funda-
mentação teórica até a divulgação para a comunida-
de externa.

Desafios da Gestão Escolar de


hoje e de sempre
Convenhamos que reunir toda a escola para extra-
ção de diagnósticos para compor o Projeto Políti-
co e conhecer a fundo os dilemas regionais já não
são tarefas fáceis. Administrar e registrar as opini-
ões expressas nas reuniões de PP, principalmen-
te. É difícil ter jogo de cintura e um tempo razoá-
vel para se trabalhar bem essas demandas, porém
elas são vitais para a construção de um bom projeto.

² FERREIRA, Maria. “Enem vai ser 100% digital até 2026, dia
Inep”. Disponível em: <https://g1.globo.com/educacao>. Aces-
so em: (Acesso em 10 de janeiro de 2020).

8
Isso tudo nos leva a crer que talvez o real desafio
que as escolas precisam superar nesse momento de
transição para melhorar todos os indicadores, e que
ironicamente está por trás da queda de todos eles,
seja a gestão de tempo, pois é por meio de uma má
gestão que diretores/coordenadores na pressa para
resolver tarefas rotineiras, copiam o PP do ano ante-
rior, ou pior, de outras instituições. A rotina agitada
faz com que não se consiga planejar com qualidade
as ações da escola e muito menos se desdobrar sobre
as várias reuniões de construção do Projeto, especial-
mente quando elas envolvem a comunidade externa
escolar de modo geral ou até mesmo sua divulgação.
A impossibilidade de estabelecer um debate constru-
tivo e saudável motivado pela falta de tempo prejudi-
ca engajamento dos docentes, o que afeta também
os alunos.

O primeiro passo para promover a transformação que


a escola precisa para atender as necessidades edu-
cacionais vigentes do século XXI não está em uma ati-
vidade nova e tecnológica complexa, mas sim em um
velho obstáculo comum já conhecido pelos gestores,
separar um tempo na agenda para definir as priorida-
des anuais e planejar.

Um outro ponto é que gestores que possuem o per-


fil centralizador acabam prolongando questões sem
necessidade. A escola é um ambiente dinâmico que
exige intervenções rápidas, alguém sobrecarregado
dificilmente consegue lidar bem com planejamentos
ou com quaisquer outros problemas recorrentes. Jus-
tamente por isso o PP precisa ser “político”, ele é res-
ponsabilidade de todas as pessoas que fazem parte
da escola, professores, diretores, pais e responsáveis,
equipe da limpeza e afins, pois quando a construção
é coletiva, todos se sentem responsáveis pelos indi-
cadores.

Desse modo, o novo DNA que a escola do futuro pre-


cisa manifestar deve ser pautado na ideia de coletivi-
dade. As pessoas que se apoderam do espaço escolar
precisam ser incluídas em cada etapa da (re)elabora-
ção do Projeto Pedagógico e compreender como será
sua contribuição na rotina da escola, gerando um bom
alinhamento entre as propostas e ações que forem
estabelecidas pela instituição.

9
Métricas
Outro fator de sucesso importante, é a elaboração de
um conjunto de metas que sejam claras e que façam
sentido a todos. Esses objetivos precisam não só es-
tar alinhados aos indicadores de qualidade que auxi-
liam a construir e reforçar a identidade escolar, mas
também devem ser efetivos socialmente.

Não é incomum encontrar no cenário educacional es-


colas que, apesar de tecnologicamente equipadas,
repetem anualmente os mesmos resultados, sem
entender onde está o erro. Quando se trabalha sem
observar o PP, não estamos focando nos indicadores
sintomáticos apontados nos diagnósticos, especial-
mente os qualitativos. Se o diretor da instituição opta
por observar uma métrica que não faz sentido aos
professores, por exemplo, haverá um desengajamen-
to natural com o apontado no diagnóstico, o professor
passará a apenas entregar o dado sem questionar se
deve fazer algo a respeito, afinal, estará recebendo
apenas uma parte da informação. Esse problema não
ocorre quando a (re)elaboração é coletiva, pois todos
observam os mesmos pontos e se sentem inteiramen-
te responsáveis pelos mesmos indicadores.

É importante compreender como o PP funciona, pois


quando somado a outros dados nos ajuda a decifrar o
que pode levar ao aumento da evasão escolar, quais
motivações podem estar por trás da diminuição da
participação dos pais em reuniões semestrais, além
de uma série de outros fatores que influenciam a ro-
tina de aprendizagem dos alunos. Por isso, é uma das
ferramentas mais importantes que a escola pode, e
deve, utilizar sempre como suporte na construção de
um colégio moderno e preparado para o futuro.

10
Um pouco mais sobre o Conceito
do PP

O que é e o que não é o Projeto Pedagógico

“O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação


intencional, com sentido explícito, com um compro-
misso definido coletivamente.”

Ilma Passos Alencastro Veiga - Projeto político-pedagógico


da escola: Uma construção possível

Considerando que a escola tem a missão de formar


cidadãos para exercer papéis ativos na sociedade e
que o Projeto Pedagógico é o instrumento de media-
ção do ensino e da formação desses discentes, com-
preender a definição do que é, e principalmente do
que não é esse documento, torna-se essencial para
estabelecer prioridades e um bom direcionamento
das ações pedagógicas.

Para acabar de vez com qualquer dúvida, o PP é um


documento centralizador que define a identidade da
escola, indica quais caminhos que ela deve seguir,
quais os objetivos de aprendizagem na formação dos
alunos, denota sua organização, metodologias e ava-
liações utilizadas para alcançar esses objetivos.

No documento, entre outras coisas, a intencionalida-


de educativa da instituição fica evidenciada. Formali-
za um compromisso entre escola, comunidade e alu-
no, por isso, exige a participação e envolvimento de
toda a comunidade escolar em sua confecção e, além
disso, que todos tenham acesso livre ao documento
finalizado. Então, caso você não saiba onde está o PP
da sua escola, exija conhecê-lo!

11
Debruçando-se sobre os conceitos que formam os pi-
lares da elaboração do Projeto Pedagógico, consegui-
mos entender por que ele é tão vital para instituição:

Projeto: por reunir uma projeção do que se espera exe-


cutar no futuro transformando objetivos em realidade.

Político por reforçar a função social da esco-


la como instituição política de formação de ci-
dadãos emancipados, responsáveis e críti-
cos que atuarão ativamente na sociedade.

Pedagógico: por definir e organizar estraté-


gias, atividades, técnicas e metodologias que se-
rão utilizadas na formação plena dos alunos.

É muito comum que profissionais da área da educa-


ção, que não lidam diretamente com o PP, confundam
o documento com outros. Palavras como planejar,
projeto e plano, são naturalmente tratadas como si-
nônimos, quando na verdade, se tratando especifica-
mente da elaboração do PP, não possuem o mesmo
significado. Além disso, documentos já conhecidos
pelos docentes podem fazer parte do Projeto, mas
não o caracterizam.

Portanto, definitivamente o PP não é:

- Plano de marketing;
- Projeto institucional;
- Portfólio;
- Currículo.

A melhor forma de compreender o PP é analisando


detalhadamente os componentes do documento.
Composição básica do documento

No documento, encontramos detalhes de como


será a organização de tempo dos colaboradores,
quais serão os instrumentos de apoio, como será a

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gestão, qual o perfil da comunidade escolar que
frequenta a escola, que desafios eles enfrentam,
entre outros aspectos que circundam o colégio.

• Qual a missão, visão e valores da escola;

• Qual será a proposta curricular adotada;

• Qual metodologia de ensino será utilizada;

• Quais serão as diretrizes que avaliarão aprendiza-


gem dos alunos;

• Plano de ação;

• Dados regionais e perfil da comunidade que fre-


quenta a escola;

• Plano de capacitação e organização da equipe do-


cente;

• Como será o suporte administrativo da gestão para


o alcance do que foi proposto.

• Qual será o papel de todos na escola para que as


metas estabelecidas sejam cumpridas incluindo
alunos, funcionários, pais e responsáveis, profes-
sores, coordenadores, diretores e afins.

Devido a necessidade de se inserir muitas informa-


ções e da participação de toda a comunidade em sua
confecção, muitos gestores têm dúvidas sobre como
elaborar o PP na prática, especialmente sobre o que é
necessário inserir e modificar de um ano para o outro,
quem deve redigir o documento final, como saber se
está correto, entre outras questões.

Com a chegada da Base Nacional Comum Curricular


(BNCC), essas dúvidas parecem ter se multiplicado.
Para ajudar os gestores a superarem esse desafio, de-
talharemos como fazer isso etapa por etapa.

13
CAPÍTULO

14
2
CAPÍTULO II
Alinhando o PP à BNCC
O ideal é que o PP mantenha uma estrutura simples
que facilite sua edição/revisão de um ano para o ou-
tro, dando espaço para que a cada ano as questões
categorizadas no documento sejam aprofundadas e
alteradas conforme a indicação de desempenho das
práticas pedagógicas.

Além disso, definir indicadores claros facilitará a es-


colha de quais ações manter ou não de um ano para
o outro.

Veja abaixo mais detalhes sobre a estrutura do docu-


mento e a regularidade das alterações necessárias:

Identificação da escola: nome, CNPJ, registro


civil, história da escola, mantenedora, localização,
etc.

Quem mais contribui nessa parte: diretor.


É importante para: estrutura básica do documento.

Regularidade de atualização: apenas se houver mu-


dança de CNPJ (abertura de uma nova escola).

Fundamentação teórica e bases legais: além


de mencionar dispositivos legais e normativos previs-
tos nos currículos estaduais, descreve questões es-
pecíficas do contexto local da escola.

Quem mais contribui nessa parte: diretor.

Periodicidade para atualização sugerida: Entre dois e


cinco anos.

É importante para: gerar compreensão de que o PP é


um documento embasado e respaldado por diretrizes
locais e nacionais que transcendem a escola.

15
Missão (ou marco referencial): princípios da
instituição e valores que se quer repassar, ou seja, em
que cenário a escola está hoje e que tipo de aluno
pretende formar.

Regularidade de atualização: não é necessário mudar


esse trecho de um ano para o outro, as alterações po-
dem ser feitas entre dois e cinco anos, ou se houve-
rem mudanças muito significativas na escola, como
o público-alvo, sucessões familiares na gestão, intro-
dução do fundamental aos 9 anos, entre outras. É im-
portante ter em mente que, para alterar esse ponto,
é necessário ter respaldado nos planos municipal ou
estadual de Educação - quando existirem na rede.

Quem mais contribui nessa parte: diretor.

É importante para: fortalecer e promover a identidade


da escola, se aprofundando no conhecimento de suas
origens.

Público-alvo: levantamento de informações


sobre o perfil do público que frequenta a esco-
la por meio de pesquisa e fichas de matrícula.

Periodicidade para atualização sugerida pela secreta-


rias: entre dois e cinco anos.

Quem mais contribui nessa parte: diretor.

É importante para: compreender quem mais


precisa do espaço escolar e como a institui-
ção pode contribuir para a evolução deles.

Dados sobre aprendizagem: diagnóstico sobre o


ensino na instituição contendo número de alunos, mé-
dias, taxas de aprovação/reprovação, aproveitamento
em avaliações internas/externas, disciplinas críticas
(que os alunos têm mais dificuldades), transferên-
cias, estatísticas regionais/municipais, entre outros.

Periodicidade para atualização: anual.


Quem mais contribui nessa parte: diretor e coordena-
dor Pedagógico.

16
É importante para: conhecer as capacidades e dificul-
dades dos alunos e professores para definir ações pe-
dagógicas.

Estudo de relacionamento com as famílias:


dados sobre como as famílias têm contribuído e par-
ticipado dos projetos da escola, participação em reu-
nião de pais, conselho escolar, entre outras atividades.

Periodicidade para atualização: anual.


Quem mais contribui nessa parte: diretor.

É importante para: a escola existe para atender a socie-


dade. Para que isso ocorra de forma integral, é neces-
sário que no processo educativo ocorra o envolvimen-
to dos pais e, para tal, é preciso conhecer mais sobre
as famílias que fazem parte da comunidade escolar.

Pesquisa dos recursos: detalhamento da es-


trutura física da escola (salas, equipamentos, espa-
ços livres, entre outros) e recursos humanos (ges-
tores escolares e demais funcionários), escopo de
horário de trabalho, bem como recursos financeiros.

Periodicidade para atualização: pode ser aproveitado


de um ano para o outro.
Quem mais contribui nessa parte: secretaria escolar.

É importante para: detalhar quais os recursos a escola


dispõe para alcançar os objetivos traçados.

Diretrizes pedagógicas: as descrições dos ob-


jetivos pedagógicos da escola, os conteúdos que
serão ministrados, os métodos de avaliação por sé-
rie, ciclo ou disciplina formam os currículos da es-
cola. Com base nesses dados, a equipe pedagógi-
ca consegue formular planos de ações e projetos.

Quem mais contribui nessa parte: coordenador peda-


gógico e professores.
Periodicidade para atualização sugerida: entre dois e
cinco anos.
É importante para: fomentar os argumentos e obser-
vações do documento.

17
Plano de ação: lista completa de conteúdos que
serão ministrados durante o ano letivo, contemplan-
do os objetivos de aprendizagem dos alunos (a partir
dos currículos estaduais de referência), materiais di-
dáticos (especificando quais as diretrizes para esco-
lha e/ou produção dos mesmos), metas de resultados
educacionais (Prova Brasil, ANA e demais avaliações
locais), informações detalhadas sobre como a escola
adaptará seus currículos à BNCC contemplando to-
das as esferas de aprendizagem (isto é, como a es-
cola preparará os alunos para que eles se apropriem
dos objetos de conhecimento, como será a formação
e orientação dos professores para essa etapa, como
os alunos serão assistidos, entre outros aspectos).

Quem mais contribui nessa parte: coordenador peda-


gógico, diretor e professores.
Periodicidade para atualização: anual.

É importante para: estabelecer um objetivo claro a


todos os envolvidos no processo educativo.

Comunicação a comunidade escolar: após


o texto final ser apresentado no conselho de classe
para que todos possam opinar, incluir ou modificar
pontos, um resumo do documento deve ser copiado
e distribuído internamente a todos da escola e uma
duplicata deve ser entregue à Secretaria de Educa-
ção e outra deve permanecer na secretaria escolar,
tanto para consulta, quanto para atualização ao lon-
go do ano.

Periodicidade para atualização sugerida: entre dois e


cinco anos.

É importante para: envolver todos os atores ativa-


mente no processo educativo, bem como para acom-
panhar o que tem sido feito.

18
Como conduzir as reuniões de re-
visão do Projeto
Enfim, chegou o momento: a equipe docente e os ges-
tores estão engajados em revisar/elaborar o Projeto,
os dados de cada turma estão na mesa, o café está
pronto e todos os membros do conselho já estão pre-
sentes. Eis que surge a dúvida: por onde começar?

Definir o caminho que será trilhado não é uma tarefa


simples e provavelmente não será feito em um único
encontro. Em vários casos, as discussões de PP podem
levar meses, a média para (re)elaborar o projeto e dei-
xá-lo com a cara da instituição é de dois anos. Caso
as reuniões não sejam bem direcionadas, há uma ten-
dência natural das pessoas se dispersarem, deixando
o objetivo da convocação, que é dar vida ao documen-
to, em segundo plano ou não muito bem estruturado.

Primeiramente (em votação de preferência), deve-se


eleger entre o grupo quem será responsável por redigir
o texto final do documento. Pode ser uma única pes-
soa ou uma equipe específica. É importante que essa
pessoa ou grupo consiga filtrar os resultados impar-
cialmente, afinal, não há uma forma de transcrever to-
das as opiniões expressadas nas reuniões diretamente
no documento e, por isso, é preciso haver mediação.

Para evitar que ocorram dispersões na confecção do


PP, trouxemos algumas dicas simples que podem aju-
dar na organização das pautas.

Categorizando pautas

Convide os docentes a conhecerem os documentos


de apoio que fomentarão o PP, como currículo munici-
pal, metas de aprendizado e diretrizes das Secretarias,
Base Nacional Comum Curricular, entre outros.

Estimule os professores a trazerem questões relacio-


nadas à realidade da instituição, separando temas de
acordo com as disciplinas que lecionam. Categorize-
-as entre ambiente interno (alunos em sala de aula) e
externo escolar (a participação dos pais em reuniões,
por exemplo).
19
A partir disso, em votação, elejam uma pauta comum
para a primeira reunião, se possível já definam tam-
bém os temas das próximas, escolhendo a ordem de
prioridade das categorias.

Reforce a ideia de que o momento não é de apontar o


dedo ou de cobranças, mas sim para analisar os cená-
rios em que os problemas orbitam e, a partir disso, de-
finir ou reforçar a identidade escolar e seus objetivos.

Valores como ponto de partida

Não é incomum que entre os problemas diagnostica-


dos e estabelecidos como pauta estejam temas rela-
cionados a valores que não foram seguidos ou defini-
dos nos Projetos Pedagógicos anteriores. Para reforçar
a importância disso, te convido a imaginar um exemplo
fictício:

Em uma escola que nunca definiu como valor promo-


ver o espírito de família (ou algo semelhante), a pauta
levantada foi “a responsabilidade pelo aluno” e a “ne-
cessidade de mais envolvimento por parte dos respon-
sáveis”. No local só eram promovidas apenas reuniões
de pais semestrais, não ocorriam outras ações, desse
modo, percebe-se que os pontos debatidos envolve-
ram questões que a instituição deixou de explorar. Me-
diante a isso, esses aspectos devem ser repensados
na revisão do documento, alinhado sempre a outros
dados.

Deve-se refletir sobre a própria conduta escolar antes


de se estabelecer qualquer estratégia para resolver as
pautas elegíveis.

Desse modo, logo na primeira reunião, convide todos


a exporem seu ponto de vista sobre cada assunto, se
possível sempre o relacionando a um valor que se quer
ser percebido na formação dos alunos, para então pro-
por soluções às próximas intervenções.

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Para comunicar a construção do PP aos pais e a co-
munidade externa criando um filtro dos assuntos nas
reuniões, organize um questionário baseado nas pau-
tas levantadas pela equipe de gestão.

O objetivo principal do questionário deve ser enten-


der que tipo de educação os pais almejam para os
filhos e se esses valores que eles trazem dialogam
com os propostos pela carta identitária da escola
(PP). A fim de manter um debate saudável e demo-
crático, essa é uma boa oportunidade para abrir um
espaço do diálogo para receber feedbacks de como
eles têm visto a instituição e também uma boa oca-
sião para se solicitar ou propor ideias sobre a cola-
boração deles na rotina escolar.

Importante: relacione sempre o que foi definido em


conjunto com as orientações recebidas das secreta-
rias municipal ou estadual.

Formando grupos de debate homogêneos

A melhor forma de mediar os debates é separando as


pessoas em grupos homogêneos. Além dos gestores
escolares, devem participar das reuniões funcionários
de diferentes setores da escola, pais e alunos. A con-
tribuição das pessoas que fazem uso dos espaços do
colégio é muito importante para ampliar a visão sobre
as questões trazidas como prioritárias.

Recomendações gerais

Defina um cronograma para as reuniões de forma-


ção/revisão do PP;

Leve também outros tipos de materiais de referên-


cias para a construção do projeto como filmes, frases,
livros, revistas e tudo que puder dar suporte às dis-
cussões.

21
Exemplos de questões que não devem ser trazidas
para as reuniões:

• Questões pessoais;
• Questões pontuais que não tenham relação com os
assuntos debatidos;
• Conflitos gerados por ideias opostas (respeite as
opiniões dos participantes das reuniões).

Reflita: Na dúvida, sempre se questione:

• Como a questão que eu trago impacta no cotidiano


da escola?
• Como esse tema deve refletir no Projeto Pedagógi-
co?
• O que é mais importante permanecer no texto final
do PP?

Lembre-se: esteja sempre aberto ao diálogo, pois ele


é a base do PP.

Esperamos que essas ideias contribuam com a elabora-


ção do PP da sua escola e que ajude a mantê-la in-
ventiva, preparada e acessível para quem mais precisa
dela: os alunos.

Em nosso blog você encontra mais materiais sobre ges-


tão escolar.
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