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MANUAL DE
OPERAÇÕES HUMANITÁRIAS DOS
GRUPAMENTOS OPERATIVOS DE
FUZILEIROS NAVAIS
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2008
OSTENSIVO CGCFN-1-13
MARINHA DO BRASIL
2008
FINALIDADE: BÁSICA
1ª Edição
OSTENSIVO CGCFN-1-13
ATO DE APROVAÇÃO
AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC
Em_____/_____/_____ CARIMBO
OSTENSIVO - II - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-1-13
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto ........................................................................................................ I
Ato de Aprovação ................................................................................................... II
Índice....................................................................................................................... III
Introdução ............................................................................................................... V
CAPÍTULO 1 - GENERALIDADES
1.1 - Considerações Iniciais .................................................................................... 1-1
1.2 - Operações Humanitárias................................................................................. 1-1
1.3 - O GptOpFuzNav nas Operações Humanitárias .............................................. 1-3
CAPÍTULO 2 - O SISTEMA INTERNACIONAL DE RESPOSTA HUMANITÁRIA
2.1 - Considerações Iniciais .................................................................................... 2-1
2.2 - Organização das Nações Unidas (ONU) ........................................................ 2-1
2.3 - Movimento da Cruz Vermelha Internacional e Crescente Vermelho............. 2-3
2.4 - Organizações Não Governamentais................................................................ 2-4
2.5 - Coordenações Necessárias.............................................................................. 2-5
CAPÍTULO 3 - PLANEJAMENTO
3.1 - Considerações Iniciais .................................................................................... 3-1
3.2 - Fatores da Decisão.......................................................................................... 3-1
3.3 - Inteligência ..................................................................................................... 3-3
CAPÍTULO 4 - CENTRO DE OPERAÇÕES CIVIS-MILITARES
4.1 - Considerações Iniciais .................................................................................... 4-1
4.2 - Organização do COCM .................................................................................. 4-1
4.3 - Tarefas do COCM........................................................................................... 4-2
4.4 - Encarregado do COCM .................................................................................. 4-3
4.5 - Exemplo de Emprego do COCM.................................................................... 4-4
CAPÍTULO 5 - ASSUNTOS CIVIS E OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
5.1 - Considerações Iniciais .................................................................................... 5-1
5.2 - Assuntos Civis ................................................................................................ 5-1
5.3 - Operações Psicológicas .................................................................................. 5-2
5.4 - Aplicação dos Assuntos Civis e Operações Psicológicas pelo GptOpFuzNav 5-4
OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-1-13
INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
Esta publicação apresenta os elementos conceituais e doutrinários básicos
aplicáveis ao planejamento e desenvolvimento de operações humanitárias por Grupamentos
Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav).
2 - DESCRIÇÃO
No capítulo 1 são definidos conceitos e princípios básicos que regem as operações
humanitárias, bem como a atuação dos GptOpFuzNav neste tipo de operação; no capítulo 2
são apresentados os organismos que compõem o Sistema Internacional de Resposta
Humanitária; no capítulo 3 é descrito, sucintamente, o planejamento das operações
humanitárias; no capítulo 4 é descrita a organização do Centro de Operações Civís-Militares;
no capítulo 5 são abordados os assuntos civis e as operações psicológicas; no capítulo 6 são
enfocadas as relações públicas; e no capítulo 7 é descrito o apoio logístico necessário aos
GptOpFuzNav nas operações humanitárias.
3 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações
da Marinha, como: Publicação da Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, básica e
manual.
4 - SUBSTITUIÇÃO
Esta publicação substitui a CGCFN-2700 - Manual de Operações Humanitárias dos
Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, 1ª edição, aprovada em 25 de junho de 2004,
preservando seu conteúdo, que será adequado ao previsto no Plano de Desenvolvimento da
Série CGCFN (PDS-2008), quando de sua próxima revisão.
CAPÍTULO 1
GENERALIDADES
1.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O fim da Guerra Fria, apesar de afastar a possibilidade de um conflito generalizado,
permitiu a proliferação de conflitos regionais. Desde 1990 forças internacionais vêm
sendo envolvidas em uma grande variedade de ações militares e conflitos localizados,
como a Guerra do Golfo em 1991, os conflitos nos Bálcãs e intervenções em países do
chamado terceiro mundo.
Durante estes conflitos ocorreram, paralelamente, operações humanitárias (OpHum) nas
regiões envolvidas. Estas operações requerem um planejamento especial, diferente do
que estamos acostumados, e uma íntima cooperação com diversos atores do cenário
internacional, como a Organização das Nações Unidas, o Movimento da Cruz Vermelha
Internacional e diversas organizações não-governamentais.
Os integrantes, civis e militares, dessas organizações partilham do mesmo propósito nas
OpHum: salvar vidas, diminuir o sofrimento do povo e contribuir para reconstrução da
região afetada, aceitando um grande risco para suas próprias vidas nesse trabalho.
1.2 - OPERAÇÕES HUMANITÁRIAS
A Doutrina Militar de Defesa define Operações de Ação Humanitária como as que se
desenvolvem, por meio de contingente de forças navais, terrestres e aéreas,
proporcionadas, isoladamente, por um Estado, ou por Estados Membros da ONU ou de
qualquer outro organismo internacional de que o Brasil seja partícipe, para a urgente
prestação de socorro de natureza diversa a nacionais de país atingido pelos efeitos de
catástrofes naturais, ou decorrentes da devastação de guerra entre nações litigantes, tudo
com o propósito de proteger, amparar e oferecer bem-estar às populações vitimadas,
respeitado o princípio da não-intervenção.
A Doutrina Básica da Marinha prevê o emprego de Forças Navais em contribuição ao
apoio humanitário dentro do aspecto amplo de todos os tipos de operações de paz. Prevê
também o emprego do Poder Naval, quando necessário, de acordo com a legislação em
vigor, em ações que lhe forem acometidas, em decorrência da participação da MB no
Sistema Nacional de Defesa Civil.
As Diretrizes Básicas da Marinha, no seu Capítulo 3 – Diretrizes Básicas, que
estabelece as orientações para o preparo da Marinha, prevê o emprego do Poder Naval
em OpHum quando sob a égide de organismos internacionais.
OPERAÇÕES HUMANITÁRIAS
Em resposta a:
logística presente nas OpHum, para constituir seu EM com representantes que
possuam grande experiência no Apoio de Serviço ao Combate (ApSvCmb). Este
fator deve condicionar, também, a organização e o emprego dos apoios de
comunicações e inteligência, que devem ser empregados como facilitadores,
principalmente, das ações logísticas.
O nível de ameaça às forças terrestres e o volume de atividades aéreas podem ser tão
restritos nas OpHum que permitam ocorrer situação em que o comando do
GptOpFuzNav seja acumulado com o do CASC, tendo em vista que o esforço
logístico será sempre intenso. O usual, no entanto, é a separação destes dois
comandos para que o comandante do GptOpFuzNav possa focar o seu esforço nas
relações com os civis.
1.3.2 - Componente de Combate Terrestre (CCT)
O Componente de Combate Terrestre, neste tipo de operação, terá como tarefas as
atividades relacionadas diretamente com a segurança de instalações e comboios, com
o estabelecimento de postos de controle de trânsito, com ações de controle de
distúrbios, além de constituir uma força de resposta rápida que garanta a segurança
das ações do CASC, ampliando a sua capacidade de atuação e aliviando-o, tanto
quanto possível, da necessidade de possuir elementos de segurança em sua
organização por tarefas. O CCT deverá coordenar suas ações com as das outras
tropas terrestres ou policiais que estejam operando dentro da mesma AOp. Outra
preocupação é a de planejar a futura passagem de responsabilidades para as forças
locais, após o término da missão.
1.3.3 - Componente de Apoio de Serviços ao Combate (CASC)
O CASC, normalmente, exercerá o esforço principal do GptOpFuzNav.
Distintamente do que ocorre em outros tipos de operações, nas OpHum o foco das
atividades logísticas não estará voltado para apoiar os demais componentes,
buscando aumentar seus respectivos poderes de combate. Os serviços prestados pelo
CASC estarão voltados, principalmente, para o apoio externo ao GptOpFuzNav,
visando tanto a população vitimada como as diversas agencias civis de ajuda
humanitária. O CASC passa então a constituir a principal ferramenta que o
CmtGpOpFuzNav disporá para cumprir sua missão, os demais componentes, por sua
vez, deverão canalizar seus esforços para facilitar e viabilizar as atividades logísticas.
O núcleo do CASC variará de escalão de acordo com a missão a ser cumprida.
CAPÍTULO 2
O SISTEMA INTERNACIONAL DE RESPOSTA HUMANITÁRIA
2.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os diversos problemas decorrentes do crescimento global e dos conflitos armados, que
assolam principalmente os países em desenvolvimento, como também das catástrofes
naturais, têm como uma de suas principais conseqüências o que chamamos de
emergências humanitárias. Estas emergências humanitárias vêm aumentando
gradativamente. De 1978 até 1985 foram verificados, em média, cinco grandes casos; já
em 1992 esse número subiu para 17 e em 1993 para 20. Este acréscimo de casos já se
tornou um dos padrões definidos da nova ordem mundial.
A comunidade internacional intervem, em resposta às emergências humanitárias, por
meio dos Estados (onde estão inseridas as OpHum efetuadas por Forças Militares), das
Organizações Intergovernamentais (como a ONU, OEA, etc.) e de diversas ONG, dentre
as quais podemos destacar a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho. Este conjunto de
atores é chamado de Sistema Internacional de Resposta Humanitária (SIRH). Com o
aumento das emergências humanitárias tem surgido um grande número de organizações
de ajuda.
2.2 - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)
A ONU é uma organização intergovernamental. Formada por 191 Estados soberanos,
foi fundada ao término da Segunda Guerra Mundial para manter a paz e a segurança
internacional, fomentar relações amistosas entre as nações e promover o progresso
social, melhores padrões de vida e os direitos humanos. Desde sua criação, a ONU tem
granjeado, inegavelmente, êxitos na manutenção da paz e na ajuda humanitária, com
participação em todo espectro de operações humanitárias, o qual percorre desde a
prevenção, mitigação e provisão de alívio para situações de emergência até a
reconstrução e reabilitação de toda a infra-estrutura do país vitimado, de forma a
permitir a retomada do funcionamento imediato e um desenvolvimento de longo prazo.
Os estados-membros são unidos pelos princípios da Carta da ONU, um tratado
internacional que enuncia os seus direitos e deveres como membros da comunidade
internacional.
A organização detalhada das Nações Unidas é tratada no manual EMA-402 Operações
de Manutenção da Paz, em seu capítulo 1, sendo basicamente constituída por seis
órgãos principais: a Assembléia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho
As ONG voltadas para a assistência humanitária, quando realizam seus trabalhos com
cooperação militar, têm suas ações facilitadas, uma vez que contam com infra-estrutura,
pronta e adestrada, em apoio às suas atividades.
2.5 - COORDENAÇÕES NECESSÁRIAS
Para melhor proveito das populações a serem assistidas, todo o esforço em busca da
coordenação e da coesão deverá ser envidado. No âmbito da ONU, a responsabilidade
por esse esforço é do Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários –
“Office for the Coordination of Humanitarian Affairs (OCHA)”. A participação de
forças militares no esforço de assistência humanitária requer a coordenação entre o
OCHA e o Departamento de Operações de Paz – “Department of Peace-keeping
Operations (DPKO)”. Ambos, em um nível mais elevado, são regidos pelo
Departamento de Assuntos Políticos – “Department of Political Affairs (DPA)”.
O comandante de uma operação humanitária, por sua vez, deve conhecer as
organizações pertencentes ao SIRH, suas possibilidades e limitações e deve, durante seu
planejamento, efetuar as coordenações necessárias para obter informações importantes,
uma vez que é comum que a organização do país vitimado ou a mais próxima do local
da emergência, no âmbito interno, comece seus trabalhos imediatamente, antes da
chegada da ajuda militar. As principais informações a serem levantadas junto a estas
organizações são:
- a situação no local da operação, incluindo o estado da infra-estrutura existente;
- a identificação dos líderes;
- as necessidades imediatas (como água, comida e remédios);
- os riscos de contaminação e medidas profiláticas necessárias; e
- a necessidade e existência de equipamentos específicos para trabalhos diversos, como
de engenharia, descontaminação etc.
Estas organizações são bem estruturadas e realizam seu trabalho com responsabilidade
e eficiência. Porém, visando sua adequação ao planejamento militar, deve-se levar em
conta que a percepção da situação do ponto de vista de uma entidade civil pode ser
diferente.
CAPÍTULO 3
PLANEJAMENTO
3.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No planejamento e execução de OpHum, verifica-se que o componente militar
participante é composto, normalmente, por frações que executam tarefas em apoio a
esforços políticos e humanitários de maior magnitude. Em decorrência disso, aos
grupamentos operativos a serem empregados, diferentemente do emprego em situação
de combate, não caberá o esforço principal, requerendo de seus comandantes uma nova
abordagem em seus planejamentos para adaptá-los ao cumprimento de tarefas não
tradicionais. Entretanto, as caraterísticas de flexibilidade, ciclicidade e continuidade,
presentes no processo de planejamento militar, certamente serão de grande valia aos
comandantes, em decorrência da complexidade inerente às OpHum.
3.2 - FATORES DA DECISÃO
A natureza e especificidades das OpHum apontam para a necessidade de se conduzir o
planejamento de maneira não usual. Serão apresentados, a seguir, alguns aspectos que
os comandantes devem levar em consideração quando da análise dos fatores da decisão,
ou seja, o MITM-T (missão, inimigo, terreno, meios e tempo disponível).
3.2.1 - Missão
No planejamento usual, as missões atribuídas o são, normalmente, com tarefas e
propósitos claramente estabelecidos, baseados em objetivos políticos e/ou militares
definidos. Nas OpHum, a natureza emergencial não permite o desenvolvimento
completo do processo de planejamento militar e, quase como regra geral, a situação é
pouco clara e sofre constantes e rápidas mudanças. Por estes motivos, o
estabelecimento da missão é um dos itens mais difíceis para o comandante. Ele deve
estar atento a estabelecer tarefas que conduzam diretamente ao atendimento do
propósito, de forma clara e concisa, levando em conta o relacionamento com outras
organizações que prestam ajuda humanitária, o ambiente operacional e considerações
de segurança. Uma vez redigida a missão, esta deve ser submetida ao comando
superior para aprovação e avaliação dos detalhes políticos.
3.2.2 - Inimigo
Os comandantes estão acostumados a desenvolver seus planejamentos baseados em
um inimigo claramente definido e buscam conhecer não só sua ordem de batalha
como seu centro de gravidade, de forma a atingi-lo de forma eficaz e rápida.
Neste tipo de operação não haverá um inimigo claramente definido. Isso geralmente
induz os planejadores a criar inimigos, tomar algum partido e subestimar situações
complexas. O inimigo pode ser algo mais abstrato como o anarquismo, a fome, as
diferenças étnicas, o tribalismo ou outro fator de difícil quantificação e
entendimento. No entanto, é interessante registrar que a análise histórica do emprego
de forças militares em OpHum aponta para a ocorrência da necessidade de emprego
de tropas em ações de combate contra parcela da população local que venha a
constituir milícias. Ainda que a intervenção tenha sido consentida pelo governo
vigente, não se pode afastar, em hipótese alguma, a possibilidade dessas milícias
atuarem violentamente contra as tropas de intervenção, podendo, inclusive, ameaçar
sua integridade física.
3.2.3 - Terreno
As OpHum normalmente têm lugar em áreas com pouca infra-estrutura ou que foram
severamente degradadas por alguma catástrofe natural ou produzida pelo homem. As
forças militares envolvidas devem ter o máximo cuidado quando obrigadas a utilizar-
se dessa infra-estrutura, de forma a não degradá-la ainda mais. Os portos, campos de
pouso, rodovias, etc., certamente serão objetos de disputa pelas agências
humanitárias, já que necessitam dessas instalações para movimentar os suprimentos e
itens emergenciais colocados à disposição da operação. Com o decorrer das ações, as
instalações de apoio necessitarão de reparos e/ou melhorias e, certamente, as forças
militares deverão enfrentar limitações quanto ao seu uso.
3.2.4 - Meios
As operações combinadas, onde temos mais de uma força atuando no cumprimento
de uma mesma missão, são reconhecidamente de difícil planejamento e execução.
Nas OpHum essas dificuldades são ainda maiores devido à sua própria natureza, aos
diversos organismos envolvidos e aos entendimentos políticos sobre o problema que
cada país traz para a área da operação. Torna-se necessário que os comandantes
conheçam em profundidade o problema a enfrentar, para que possam organizar os
grupamentos operativos de forma eficaz para o cumprimento das tarefas. Qualquer
alteração na missão só pode ser concretizada após consulta aos escalões superiores e
deve ser amplamente divulgada e entendida por todos. A necessidade de
interoperabilidade entre os diversos componentes dará margem ao surgimento de
diversos problemas, principalmente os relacionados à política, costumes locais e
CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS
POLÍTICA
MILITAR
RELIGIÃO INTELIGÊNCIA
EM PARAMILITAR
ETNIA
OPERAÇÕES CRIMINALIDADE
ECONOMIA
HUMANITÁRIAS MEIO AMBIENTE
MEDICINA
O estabelecimento de fontes de dados nas OpHum, mesmo que as de mais baixo nível,
como informantes e agentes infiltrados é difícil pois requer um processo longo e
complicado. Além disso, a resposta destas fontes de dados é quase sempre incompleta,
devido à constante evolução dos acontecimentos na área de operações.
Os comandantes devem ter em mente que o estabelecimento de uma rede de
informantes é um processo demorado, baseado na criação de uma relação de confiança
entre fontes e equipes de operações de inteligência. Portanto, tratar os assuntos de
inteligência de forma açodada e intempestiva não trará benefícios ao planejamento.
Outro problema encontrado quando da realização de OpHum em territórios estrangeiros
são as diferenças lingüísticas. Muitas vezes a contratação de tradutores locais, que
estejam ligados a facções do poder regional, pode levar a interpretações tendenciosas
nos estudos de inteligência realizados. Outras vezes a contratação de nossos nacionais,
residentes no país, pode colocá-los em risco, já que podem ser considerados como
integrantes de nossas forças e, dessa forma, não configuram o caráter imparcial inerente
ao trabalho de tradução. Portanto, deve ser dada atenção especial ao emprego de
tradutores, para que possam transmitir a essência de seu trabalho, ou seja, a
imparcialidade e que sejam de nossa inteira confiança.
Os comandantes devem entender a importância da atividade de inteligência e apoiar as
ações para se obter os conhecimentos necessários que irão auxiliar na execução das
operações. O CGCFN-20 Manual de Inteligência nos GptOpFuzNav aborda toda
atividade de inteligência e deverá ser seguido pelos comandantes e seus estados-maiores
no desenvolvimento das metodologias para a produção dos conhecimentos.
Os conhecimentos necessários de interesse de um GptOpFuzNav são os constantes do
Anexo - Conhecimentos necessários para as Operações Humanitárias.
CAPÍTULO 4
CENTRO DE OPERAÇÕES CIVIS-MILITARES
4.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A habilidade do comandante do GptOpFuzNav em trabalhar com outras organizações
de distintas origens e variadas metodologias é essencial para o cumprimento da missão
em uma OpHum. Um bom relacionamento entre as forças militares, as autoridades
locais, agências nacionais e internacionais envolvidas e a própria população civil
facilitarão a realização das tarefas. O local de coordenação das atividades, reunião de
recursos e concentração dos meios necessários é o Centro de Operações Civis-Militares
(COCM).
AGÊNCIAS LOCAIS:
- DEFESA CIVIL
- CRUZ VERMELHA NACIONAL
ONG ONU
GOVERNO E GptOpFuzNav
POPULAÇÃO
ENCARREGADO
COCM
AJUDANTE ASSESSORIA
COCM DE INTELIGÊNCIA
atividades:
- facilitar o cumprimento ou o entendimento decorrente das orientações e decisões do
ComGptOpFuzNav no que se refere às operações civis-militares;
- facilitar e coordenar as atividades do grupamento operativo, de outras agências e
organizações da cena de ação e dos escalões superiores na cadeia de comando;
- auxiliar no planejamento de deslocamentos de comboios, evacuação de civis e na
assistência em campos de refugiados da alçada das ONG;
- prover informações e levantamentos de área de interesse do GptOpFuzNav, relativos
ao ambiente civil;
- auxiliar no monitoramento da situação com a coleta e obtenção de informação;
- distribuir informes atualizados sobre as atividades desenvolvidas;
- coordenar as relações públicas da operação;
- prover informações seguras à população civil quanto a áreas minadas, situação nas
fronteiras, rotas seguras e outras ameaças;
- atuar como um meio de troca de informações entre as comunidades civil e militar,
possibilitando o fluxo de informação tanto em um sentido quanto no outro;
- prover um local de trabalho em parceria das forças militares com as agências de ajuda
humanitária já estabelecidas;
- prover facilidades aos agentes civis, como locais para reuniões, mapas e acesso a
comunicações, informações seguras etc.;
- receber, priorizar e monitorar as necessidades de rotina e emergenciais das
organizações de ajuda humanitária; e
- dar apoio às equipes de ajuda humanitária.
4.4 - ENCARREGADO DO COCM
O encarregado do COCM, dentro de uma estrutura de Estado-Maior, será o Oficial de
Operações Civis-Militares, e atuará no mesmo nível dos demais oficiais de EM. As
principais tarefas desse Oficial são:
- assessorar o Comando com relação aos assuntos afetos à coordenação das atividades
civis-militares;
- assessorar o Comando quanto à influência dos agentes civis nas operações militares e
quanto ao impacto destas no meio civil;
- assessorar o Comando quanto às obrigações legais e morais com a população local,
devendo, para tanto dispor de uma assessoria jurídica;
CAPÍTULO 5
ASSUNTOS CIVIS E OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
5.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os militares designados para as atividades de assuntos civis (AsCiv) e operações
psicológicas (OpPsc) desempenham um papel importante em qualquer tipo de operação.
Entretanto, em se tratando de operações humanitárias (OpHum), este papel cresce de
importância, podendo até suplantar as atividades operativas.
A razão de estudarmos estas duas atividades em conjunto se deve a vários aspectos.
Primeiramente, os grupos de AsCiv e de OpPsc têm muito em comum. Ambos são
multiplicadores de força e se complementam mutuamente, conseguindo resultados
superiores aos investimentos, sendo voltados para as operações civis-militares. A chave
para o sucesso de suas tarefas é contar com elementos bem instruídos e adestrados.
Podemos demonstrar isto com a descrição feita por dois comandantes que atuaram no
Haiti em 1994, onde a informação foi sua “munição” mais importante e crítica; as OpPsc
foram as responsáveis pela utilização da “munição” correta nos “alvos” certos
selecionados pelos AsCiv. Para eles, as atividades de ajuda à população civil eram as
mais críticas – perceberam que garantindo a segurança da população e promovendo o seu
bem estar estariam assegurando o sucesso da operação e a segurança de sua própria força.
A aplicação dos princípios de AsCiv e a correta condução das operações civis-militares
nucleiam estes dois pontos de vista.
Os grupos de AsCiv/OpPsc devem ser integrados por especialistas no trato com o público
civil e suas organizações. Nas Forças Armadas brasileiras, os AsCiv e as OpPsc
pertencem a um campo que está crescendo de importância. Porém, o número de militares
habilitados nestes tipos de operações ainda é pouco significativo, resumindo-se a
algumas experiências pessoais e a cursos realizados no exterior. Por não contarmos, no
âmbito do CFN, com tais especialistas, deveremos conhecer o que outras organizações,
governamentais ou não, estão habilitadas a fazer e como nossas forças podem interagir
com elas.
Com estes fatores em mente, analisaremos cada atividade isoladamente.
5.2 - ASSUNTOS CIVIS
AsCiv são responsabilidade do comando. Normalmente, os comandantes militares não
possuem o preparo adequado para lidar com civis. Entretanto, as várias OpHum
desenvolvidas nos últimos anos vêm trazendo para os comandantes militares esta
diversas ONG e até jornalistas não familiarizados com operações militares, associam esta
expressão com algum processo de lavagem cerebral comum aos regimes de exceção. Esta
imagem não é uma simples distorção da realidade, mas o reflexo de um entendimento
errôneo do papel das OpPsc, especialmente em OpHum. Nas OpHum a credibilidade é
essencial e a propaganda deve ser verdadeira e refletir os reais objetivos da assistência
prestada.
As OpPsc são uma importante ferramenta para o comandante, uma arma não-letal em seu
arsenal. O seu papel fundamental é a informação, permitindo que a população tenha
conhecimento do que realmente está acontecendo e impedindo a disseminação de boatos
que geralmente são veiculados em situações de crise. Também desempenham a
importante função, reduzir o temor da população local em relação às nossas tropas e aos
membros das organizações de ajuda. As OpPsc podem ajudar a população a entender o
papel da tropa e a finalidade da operação em curso, tornando-a aliada e participante. Este
entendimento irá diminuir a força de grupos de oposição que eventualmente venham a
tentar interferir ou, até mesmo, atacar as forças envolvidas nas operações.
As OpPsc devem ser empregadas antes da operação, no preparo da população para a
chegada de uma força militar. Durante a operação, visam manter o público-alvo sempre
informado das metas e atividades realizadas e do seu progresso. Após a operação, visam
preparar a população para o momento da retirada das forças. Esta transparência irá
estreitar laços entre as forças militares e as organizações civis envolvidas com a
população apoiada.
Outro item fundamental para o sucesso das OpPsc é a coordenação com outras
organizações envolvidas – o que nem sempre ocorre de maneira satisfatória. Por
exemplo, por ocasião da operação “Uphold Democracy”, levada a cabo pelos Estados
Unidos no Haiti, uma agência americana divulgou que as tropas iriam distribuir gêneros e
suprimentos médicos no norte do país. Isto, no entanto, não fazia parte do planejamento
das forças americanas e não havia estoque destes materiais para esta finalidade, o que
gerou um mal-estar na população. Coordenar informações políticas com as operações em
curso é uma necessidade fundamental.
Além de coordenação, há mais cinco requisitos críticos para uma integração perfeita das
OpPsc nas OpHum:
- similarmente aos AsCiv, é necessário ter pessoal adestrado. Isto inclui não somente o
conhecimento tático de OpPsc, mas também outros conhecimentos técnicos específicos
CAPÍTULO 6
RELAÇÕES PÚBLICAS
6.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Quando uma operação humanitária (OpHum) é desencadeada, um aspecto fundamental
que deve ser analisado é o relacionamento com todos os segmentos da sociedade
envolvidos. Esse relacionamento é desempenhado pela atividade de relações públicas.
Ao nos dirigirmos à população, ao concedermos uma entrevista ou ao nos relacionarmos
com as diversas agências participantes da mesma operação, devemos conhecer bem o
processo de comunicação, pois estaremos efetivamente representando o CFN e sua
história.
O EMA-850 Manual de Relações Públicas da Marinha estabelece as normas que
orientam e disciplinam a atividade e deve ser do conhecimento de todos que participam
de uma OpHum. Apresentaremos alguns aspectos relevantes para estas operações.
6.2 - COOPERAÇÃO COM A IMPRENSA
Nossa cooperação com a imprensa é essencial para a projeção de uma imagem forte e
positiva. De um modo geral, a maioria dos jornalistas não é hostil às forças militares,
ainda mais no desenvolvimento de uma ação de ajuda humanitária.
O mais importante para um comandante é não se deixar envolver pelas idéias e atitudes
de uma imprensa adversa. Deve sempre manter seu auto-controle e o controle da sua
mensagem. Precisa ter em mente que, não importando o quão familiar possa ser a mídia
com determinado tópico ou evento que esteja cobrindo, ele, o comandante, é o
responsável pelas ações.
Algumas vezes é necessário reagir a eventos inesperados, como um acidente, por
exemplo. A melhor ação é ser previdente e planejar a abordagem do assunto a ser
tratado com tanto cuidado como se planeja a ação militar propriamente dita.
Para alcançar estas metas necessitamos entender certas características da cobertura de
imprensa, características estas que, se não forem do nosso domínio, podem levar à
distorção das nossas mensagens:
- prazo fatal - os jornalistas operam sob rígida cobrança e com tempos exíguos que
podem ser ainda mais reduzidos de acordo com a situação. Desta forma, eles irão
divulgar o que estiver ao seu alcance. Cabe a nós fazer com que as informações sejam
divulgadas corretamente e em um curto espaço de tempo;
- limitação de espaço e tempo - imprensa escrita, rádio e televisão têm pequenos
do Brasil.
As respostas devem ser francas, honestas e sucintas. Deve-se evitar comentários das
atividades, o que deve ser feito pela seção de relações públicas e, em hipótese alguma,
deve-se tecer comentários sobre política.
Adestre todos os componentes do grupamento para que utilizem correto linguajar e
atitudes perante os órgãos de imprensa. Diga a eles o que esperar e alerte-os da forma
como jornalistas podem agir para conseguirem o que desejam.
Abaixo exemplificamos algumas perguntas comuns, factíveis de serem feitas pela
imprensa local durante uma OpHum e a sugestão de resposta:
- Pergunta: Como você se sente saindo de sua casa e podendo até morrer por um país
que não é o seu?
- Resposta sugerida: Esta é parte do risco da profissão que escolhemos.
- Pergunta: Você se sente como um instrumento da política?
- Resposta sugerida: Não. Eu me sinto como um Fuzileiro Naval.
- Pergunta: O que você entende por seu trabalho aqui?
- Resposta sugerida: Estamos aqui para prestar ajuda e apoio a uma nação amiga.
6.5 - NOTA À IMPRENSA
Uma Nota à Imprensa (“press release”) atualizada, além de ser um dos melhores
métodos de manter a imprensa a par dos acontecimentos, evitando seu assédio
constante, também ajuda a manter seus subordinados informados daquilo que o
comando quer que seja de conhecimento público.
Em primeiro lugar, tenha consciência de que uma Nota à Imprensa padronizada e igual
para todos os tipos de mídia não é, de todo, a melhor estratégia de comunicação.
A Nota à Imprensa deve ser adaptada às necessidades de cada órgão de comunicação.
Por exemplo, uma revista de tecnologia necessita de informação diferente da que utiliza
um jornal político. Se enviar a nota certa ao órgão certo, muito provavelmente, ela será
publicada.
Nesta perspectiva, deve-se colocar sempre em primeiro plano a informação mais
importante para cada órgão de comunicação.
Não se esqueça, ainda, de que não se deve "bombardear" os jornalistas com informações
irrelevantes, o que poderá desgastar a imagem do GptOpFuzNav.
CAPÍTULO 7
APOIO LOGÍSTICO
7.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A coordenação das forças militares, organizações transnacionais, ONG, governos e
demais organizações envolvidas em uma OpHum é de difícil execução. As OpHum não
são previsíveis. Resultam da necessidade de conduzir determinadas ações em
determinadas circunstâncias, sendo preparadas de acordo com os planos decorrentes da
missão a cumprir. Daí resulta a especificidade do sistema de apoio logístico (ApLog) a
cada operação. Este ApLog representa a parte mais difícil desse enorme esforço.
Os Comandantes dos GptOpFuzNav devem ter em mente que uma OpHum é uma
grande operação logística, onde as lições táticas e estratégicas aprendidas no estudo das
grandes batalhas pouco irão ajudar no cumprimento da missão. O ApLog às unidades ou
elementos nacionais participantes de uma OpHum poderá ser fornecido em parte pela
estrutura logística da ONU ou da organização regional em que esses elementos se
integram, se for o caso de uma OpHum realizada em apoio a outro país. Contudo, em
última instância, este apoio é uma responsabilidade nacional. O esforço principal é, sem
dúvida, capitaneado pela logística, ou seja, o planejamento e a execução dos planos
devem priorizar os meios que minimizarão os problemas enfrentados pela população
que sofre os efeitos das tragédias causadas, não só pela natureza, como também pelo
homem. A publicação EMA-400 Manual de Logística da Marinha tem o propósito de
apresentar os conceitos doutrinários básicos da Logística Militar aplicáveis à Marinha.
Neste capítulo apresentaremos as peculiaridades relativas à logística nas OpHum.
7.2 - ORGANIZAÇÃO LOGÍSTICA
A organização logística do contingente é responsabilidade de cada país participante.
Contudo, deverá ajustar-se da melhor maneira possível aos procedimentos adotados pela
Força que cumprirá a missão, de modo a enquadra-se no sistema global de ApLog.
No caso dos GptOpFuzNav, é desejável que em sua organização haja uma
preponderância de destacamentos oriundos de unidades de ApSvCmb em detrimento
dos oriundos de unidades de combate ou de ApCmb.
Nas OpHum, as unidades de ApLog necessitam de maior autonomia pois:
- muitas vezes o dispositivo no terreno e a situação podem retardar o ApLog;
- não sendo clara a delimitação das áreas de atuação em operações dessa natureza, a
liberdade de movimento e as linhas de comunicação podem ser afetadas mais
Todos os dados referentes aos escalões a transportar deverão ser obtidos com
antecedência. Desse modo, o comando do GptOpFuzNav pode planejar o respectivo
transporte e a conseqüente recepção na área de operações.
Esta informação deverá conter elementos relativos aos terminais de embarque,
quantitativos de pessoal e material (incluindo excesso de bagagem individual) a
transportar por via aérea, marítima ou rodoviária e data em que o mesmo estará
pronto para embarque; listas de carga de material e indicações relativas a pessoal que
acompanhe o material.
É importante a constituição de um destacamento precursor que se desloque para a
área de operações a fim de estabelecer contatos com vistas à recepção do grosso do
contingente, devendo fazer-se acompanhar dos meios mínimos que lhe permitam
condições de sobrevivência e liberdade de ação para desenvolver as suas tarefas.
7.3.2 - Dentro da área de operações
Os deslocamentos serão realizados, preferencialmente, em comboio. Os veículos
leves farão a segurança para os veículos mais pesados. É extremamente importante a
manutenção de comunicações confiáveis entre as viaturas e entre o comboio e o
comando do Componente a que ele estiver subordinado. Dependendo do grau de
ameaça, pode ser necessária a utilização de escolta aérea.
7.4 - SERVIÇO DE POLÍCIA
Os Comandantes dos GptOpFuzNav, quando empregados em OpHum, não devem
prescindir do apoio de elementos de polícia. São eles que irão prover a flexibilidade e a
versatilidade necessárias em ocasiões especiais.
As missões normalmente designadas aos elementos de polícia são: apoio à manobra e
mobilidade; segurança de área; recolocação de pessoas deslocadas; e garantia da lei e da
ordem.
7.4.1 - Apoio à manobra e mobilidade
Os elementos de polícia contribuem para controlar o tráfego e a movimentação dos
recursos postos à disposição dos componentes da operação e provêem segurança nas
áreas de acampamento/acantonamento, assegurando a liberdade de movimentos das
forças e do apoio logístico. As tarefas decorrentes desse tipo de missão podem
incluir: reconhecimento de itinerários e sua vigilância; controle de áreas sensíveis; e
controle de distúrbios.
final é o retorno dos refugiados e deslocados aos seus lares, com segurança.
7.4.4 - Garantia da lei e da ordem
As forças de polícia são as mais bem preparadas para o controle de distúrbios que
podem ocorrer na área de operações. O seu adestramento em operações com cães,
segurança física pessoal, escolta de prisioneiros e negociação em caso de tomada de
reféns pode auxiliar o comandante do GptOpFuzNav na garantia da lei e da ordem.
7.5 - APOIO DE SAÚDE
7.5.1 - Considerações Iniciais
Organizações internacionais, tais como Médicos Sem Fronteiras e Cruz Vermelha,
que prestam ajuda humanitária a populações afetadas por desastres, naturais ou não,
muitas vezes encontram grande dificuldade em se estabelecer nas áreas onde ocorrem
essas tragédias. Além disso, poucas possuem a capacidade de, rapidamente, serem
deslocadas e apoiar com presteza e eficiência essas populações.
Nesses momentos, avulta de importância a medicina operativa que, devido às suas
características, pode prover rápido apoio de saúde, desdobrando-se em menor tempo
na área de operações.
Os hospitais de campanha, os navios hospitais e a evacuação aeromédica são alguns
exemplos de como as forças militares podem contribuir para salvar vidas.
A medicina preventiva tem importância vital no desenvolvimento de OpHum, visto
que contribuem enormemente para minimizar a incidência de óbitos. Dentre as
medidas de medicina preventiva a serem adotadas, podemos citar o fornecimento de
água potável; a orientação sobre higiene; o saneamento básico; a alimentação
adequada; apropriada imunização/vacinação; e a manutenção de um sistema de
informações de saúde, baseado em uma vigilância diuturna sobre as doenças infecto-
contagiosas. Sempre que possível as forças militares devem dispor de laboratórios de
campanha com a capacidade de diagnosticar com, agilidade, essas doenças,
prevenindo o agravamento do problema.
A medicina preventiva levada a efeito pelas forças norte-americanas em Bangladesh,
durante a operação “Sea Angel” (1991), demonstrou que as medidas de vigilância
epidemiológica, o controle de vetores e a melhoria da qualidade da água e das
condições sanitárias contribuiu sobremaneira para a redução da taxa de mortalidade.
7.5.2 - Limitações das forças militares
Doenças como sarampo, diarréia e infecções respiratórias são as três principais
b) Responsabilidade do Comando
A implementação de medidas médicas preventivas é, normalmente, vista como
um assunto dos profissionais de saúde, entretanto é de inteira responsabilidade do
comando. O pessoal de saúde deve recomendar a adoção das medidas, cabendo
porém, aos Comandantes, em todos os escalões, zelar pelo cumprimento integral
dessas recomendações.
c) Providências Pré-desdobramento
O primeiro passo a ser dado pelo Comando, antes do desdobramento da tropa, se
dirige ao conhecimento das ameaças à saúde dos militares. Cada operação é única
e somente após a caracterização das ameaças biológicas e do meio ambiente na
área de operações, poder-se-á dimensionar as contramedidas adequadas e
exeqüíveis a serem postas em prática.
As contramedidas básicas pré-desdobramento incluem: palestras esclarecedoras
sobre as principais doenças presentes na área de operações; imunização de toda
tropa; obtenção dos medicamentos e suprimentos necessários; e obtenção de
adequados uniformes, mosquiteiros e repelentes de insetos.
O pessoal de saúde, dentro do possível e de acordo com as necessidades, deve
contar em sua equipe com especialistas em saúde ambiental, entomologistas,
técnicos em medicina preventiva, etc.
O não envolvimento do pessoal de saúde nos momentos iniciais do planejamento
costuma ser um dos mais freqüentes erros no pré-desdobramento das forças.
Quando as ameaças epidemiológicas não são levantadas com antecedência, as
contramedidas não poderão ser implementadas a tempo.
d) Providências no decorrer da operação
Os Comandantes devem entender que o simples fato da tropa estar bem adestrada
não é suficiente para manter elevada a disponibilidade de pessoal. Por exemplo, se
a tropa estiver operando em uma área de elevada incidência de malária, todos os
comandantes de frações devem checar se seus subordinados fazem uso de
repelentes de insetos, utilizam mosquiteiros, mantém as mangas das gandolas
arriadas e, se for o caso, continuam a utilizar os medicamentos preventivos.
O pessoal de saúde, por si só, não é capaz de implementar e fiscalizar as ações
preventivas que visam a diminuir a incidência de doenças. Ações simples como
lavar as mãos ao alimentar-se, acompanhamento da elaboração do rancho e
ANEXO
CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS PARA AS OPERAÇÕES HUMANITÁRIAS