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3 OSTENSIVO
MANUAL DE
CONTROLE DE DISTÚRBIOS
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2014
OSTENSIVO CGCFN-31.3
MARINHA DO BRASIL
2014
FINALIDADE: BÁSICA
1ª REVISÃO
OSTENSIVO CGCFN-31.3
ATO DE APROVAÇÃO
AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC
Em_____/_____/_____ CARIMBO
OSTENSIVO - II - REV.1
OSTENSIVO CGCFN-31.3
ÍNDICE
Páginas
Folha de Rosto .................................................................................................................. I
Ato de Aprovação ............................................................................................................. II
Índice................................................................................................................................. III
Introdução ......................................................................................................................... V
CAPÍTULO 1 - DISTÚRBIOS
1.1 - Generalidades .................................................................................................. 1-1
1.2 - Conceitos básicos ............................................................................................ 1-1
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA DO USO GRADUAL DA FORÇA
2.1 - Generalidades .................................................................................................. 2-1
2.2 - Negociação ...................................................................................................... 2-1
2.3 - Identificação dos Sujeitos................................................................................ 2-1
2.4 - Identificação dos níveis da metodologia do uso gradual da força................... 2-2
2.5 - O Triângulo da força letal ............................................................................... 2-5
2.6 - Procedimentos para aplicação da força ........................................................... 2-6
CAPÍTULO 3 - MATERIAL UTILIZADO EM CONTROLE DE DISTÚRBIOS
3.1 - Generalidades .................................................................................................. 3-1
3.2 - Armamento e Munição.................................................................................... 3-1
3.3 - Agentes Químicos ........................................................................................... 3-6
3.4 - Equipagens e Equipamentos............................................................................ 3-7
CAPÍTULO 4 - A COMPANHIA DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
4.1 - Generalidades .................................................................................................. 4-1
4.2 - Organização Básica da Companhia de Controle de Distúrbios....................... 4-2
4.3 - Composição da Companhia de Controle de Distúrbios .................................. 4-3
4.4 - Atribuições dos componentes da Companhia de Controle de Distúrbios ....... 4-4
4.5 - Adestramento .................................................................................................. 4-8
CAPÍTULO 5 - FORMAÇÕES E COMANDOS
5.1 - Generalidades .................................................................................................. 5-1
5.2 - Formações da Companhia de Controle de Distúrbios..................................... 5-1
5.3 - Formações do Pelotão de Controle de Distúrbios ........................................... 5-3
5.4 - Comandos........................................................................................................ 5-5
OSTENSIVO - IV - REV.1
OSTENSIVO CGCFN-31.3
INTRODUÇÃO
As Tropas de Fuzileiros Navais poderão, quando determinado por autoridade
competente, organizarem-se e serem empregadas no Controle de Distúrbios. Esta publicação
trata dos aspectos relacionados com as técnicas e os meios utilizados por ocasião deste tipo de
emprego. O Controle de Distúrbios está diretamente ligado às Atividades de Emprego
Limitado da Força, porém pode estar inserido em outros contextos previstos na Doutrina
Básica da Marinha (DBM), que exigirão adaptações e ampliações ao contido neste Manual e
nas Regras de Engajamento previstas para cada situação.
No primeiro capítulo são apresentadas as generalidades e os conceitos básicos dos
Distúrbios, incitados por Agentes de Perturbação da Ordem Pública, os tipos de turbas e as
ações por elas desencadeadas.
O capítulo dois descreve a Metodologia do Uso Gradual da Força, enfatizando os
princípios da proporcionalidade e da força mínima necessária, a fim de controlar uma
determinada ameaça apresentada.
O capítulo três apresenta o Material utilizado pelas Tropas de Controle de Distúrbios.
O capítulo quatro descreve a organização e composição da Companhia de Controle
de Distúrbios.
No capítulo cinco são abordadas as Formações e os Comandos a serem utilizados
pela Companhia e pelo Pelotão de Controle de Distúrbios.
O capítulo seis descreve, em termos gerais, o planejamento, o emprego e os
procedimentos a serem cumpridos pela tropa no transcurso das Ações de Controle de
Distúrbios.
As principais alterações realizadas nesta revisão consistem na alteração da
composição da Companhia de Controle de Distúrbios, na alteração dos tipos de formação do
Pelotão de Controle de Distúrbios, na inclusão da metodologia do uso gradual da força, no
detalhamento das Ações de Controle de Distúrbios e na retirada das técnicas de utilização do
fuzil em Controle de Distúrbios. Foram ainda consideradas as orientações decorrentes da
Diretriz Ministerial nº 9/2014.
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações
da Marinha, como: Publicação da Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, básica e
manual.
Esta publicação substitui a CGCFN-31.3 – Manual de Controle de Distúrbios dos
Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, 1ª edição, aprovada em 12NOV2008. O
OSTENSIVO - VI - REV.1
OSTENSIVO CGCFN-31.3
CAPÍTULO 1
DISTÚRBIOS
1.1 - GENERALIDADES
Distúrbios são manifestações decorrentes da inquietação ou tensão de parcela da
população, que tomam a forma de atos de violência. São empreendidos por Agentes de
Perturbação da Ordem Pública (APOP) e podem originar-se de diversas causas de
cunho social, político e econômico, cujo estudo não é objeto desta publicação.
Adicionalmente, condições resultantes de calamidades públicas podem contribuir para a
geração de distúrbios, seja pela tentativa da população de escapar de catástrofes, seja
pelo aproveitamento da situação reinante por indivíduos ou grupos inescrupulosos.
Quando não controlados pelas autoridades competentes, os referidos distúrbios poderão
ocasionar:
- a redução ou perda da confiança do povo nas autoridades constituídas;
- a intimidação ou desgaste do poder legal;
- a perturbação da ordem e do funcionamento das Instituições e dos Órgãos Públicos e
Privados; e
- a agitação, a intimidação ou o pânico de toda a população.
1.2 - CONCEITOS BÁSICOS
1.2.1 - Agentes de Perturbação da Ordem Pública
São pessoas ou grupos de pessoas cuja atuação momentaneamente comprometa a
preservação da ordem pública ou ameace a incolumidade das pessoas e do
patrimônio.
1.2.2 - Ato ameaçador
É a ação agressiva e deliberada com o intuito de provocar efeitos lesivos ou danosos
contra, respectivamente, pessoas ou patrimônio.
1.2.3 - Legítima defesa
É o uso moderado dos meios necessários para repelir injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem.
1.2.4 - Autodefesa
Legítima defesa com o emprego dos próprios meios em resposta a um ataque direto.
1.2.5 - Reação mínima
É a menor intensidade de violência, suficiente e necessária, para repelir ou prevenir o
ato ameaçador, se possível, sem danos ou lesões.
1.2.6 - Proporcionalidade
Correspondência proporcional entre a ação dos APOP e a reação da tropa empregada,
de modo a não haver excesso por parte do integrante desta, durante toda a operação.
1.2.7 - Força mínima
É o menor grau de força necessário para desestimular o APOP a prosseguir nos seus
atos, causando-lhe o mínimo de danos possível, seja sobre sua pessoa (dano físico ou
psíquico), seja sobre o seu patrimônio.
1.2.8 - Manifestação
É a demonstração, realizada por pessoas reunidas, com sentimento hostil ou
simpático a determinada autoridade ou a alguma condição ou fato de natureza social,
política ou econômica.
1.2.9 - Aglomeração
Grande número de pessoas temporariamente reunidas. Geralmente, os integrantes de
uma aglomeração pensam e agem como elementos isolados e não organizados.
1.2.10 - Multidão
Grande número de pessoas reunidas e psicologicamente unificadas por interesses
comuns. Em geral, a formação de multidão caracteriza-se pelo aparecimento do
emprego do pronome "nós" entre os participantes, que utilizam frases de efeito, tais
como: "nós estamos aqui para protestar..." ou "nós viemos prestar nossa
solidariedade...".
1.2.11 - Tumulto
Desrespeito à ordem, levado a efeito por várias pessoas, em apoio a um desígnio
comum de realizar certo empreendimento, por meio de ação planejada, contra
alguém que a elas possa se opor.
1.2.12 - Perturbação da ordem
Abrange todos os tipos de ação, inclusive decorrentes de calamidade pública que,
por sua natureza, origem, amplitude e potencial, possam vir a comprometer o
exercício dos poderes constituídos, o cumprimento das leis e a manutenção da
ordem pública, ameaçando a população, propriedades públicas e privadas.
1.2.13 - Turba
Multidão cujos componentes, sob o estímulo de intensa excitação ou agitação,
perderam o senso da razão e o respeito à lei e seguem líderes em atos de
perturbação da ordem pública.
- cargas de demolição que poderão ser utilizadas para romper barragens ou dutos a
fim de inundar uma área.
f) Utilização de armas de fogo
Os líderes da Turba poderão, ainda, encorajá-la a realizar ações mais violentas e
ousadas pelo emprego de armas de fogo contra a Tropa.
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA DO USO GRADUAL DA FORÇA
2.1 - GENERALIDADES
Durante as últimas duas décadas a doutrina de emprego de Tropas inseridas em ações de
Controle de Distúrbios (CD) sofreu diversas atualizações. Uma das principais consiste
no entendimento de que o CD deixou de ser uma ação que exigia o contato físico da
Tropa com os integrantes da Turba para conter o seu avanço, dividi-la e dispersá-la e
passou a ser uma ação de dispersão à distância, empregando os armamentos e recursos
de baixa letalidade nos limites de seus alcances.
Em casos onde o contato faz-se necessário e inevitável, avulta de importância a adoção
de uma metodologia do uso da força, sendo imperativa a observância dos princípios da
proporcionalidade, legalidade e necessidade. Tal metodologia é adotada para auxiliar na
identificação do nível de força apropriado a ser utilizado para um determinado nível de
resistência. Nas Atividades de Emprego Limitado da Força, nas quais os Grupamentos
Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) devam seguir orientações rígidas e
precisas contidas em regras de engajamento, o referido modelo auxilia sobremaneira na
utilização do mínimo de força que seja razoavelmente necessária, sob as circunstâncias
que assim a requeiram, para controlar a situação apresentada.
2.2 - NEGOCIAÇÃO
A negociação pode ser entendida como a ação de convencimento empreendida pelas
Forças com o objetivo de persuadir a outra parte envolvida, por meio da apresentação
dos benefícios mais relevantes em relação ao ponto de vista defendido. A negociação
deve preceder o emprego da dissuasão e do uso gradual da força.
Sempre que possível deve ser utilizado pessoal adequadamente preparado para negociar
com Multidões, podendo ser o Comandante da Tropa enquadrada ou outro militar
habilitado e com pendor para tal. No intuito de atenuar as dificuldades encontradas nesta
difícil e importante tarefa, poderá ser previsto o auxílio das Equipes de Negociação
Distritais dos diversos Distritos Navais.
2.3 - IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS
Para a correta compreensão da metodologia do uso gradual da força, faz-se necessária a
identificação de dois tipos de sujeito, cada qual com duas subdivisões:
áreas confinadas; e
- não deverá ser utilizado em dias chuvosos ou úmidos, bem como simultâneo com
jato d’água.
2.4.5 - Utilização de Armas Intermediárias
As Armas Intermediárias são utilizadas para auxiliar o militar no controle de sujeitos
ativos quando não for possível exercê-lo quando da observância das técnicas de
respostas agressivas. Essa opção torna-se extremamente válida e deverá ser
observada antes da utilização da força letal. Neste nível são utilizados cassetetes,
bastões retráteis, dispositivos elétricos incapacitantes (eletrochoque) e munição de
borracha (elastômero). Deverão ser observados cuidados especiais, quando da
utilização destes recursos, tais como:
- a visada deverá ser feita, preferencialmente, no centro do corpo, em grandes áreas
musculares e, se possível, nos membros inferiores. A visada na cabeça e no pescoço
é proibida;
- quando a intenção for dissuadir o APOP, deverão ser efetuados disparos na altura
dos joelhos;
- evitar o disparo de projéteis de borracha em pessoas posicionadas em locais altos
pela possibilidade de produzir quedas, que possam levar a ferimentos graves ou a
mortes;
- respeitar as prescrições constantes nos respectivos manuais técnicos para utilização
das armas de baixa letalidade, particularmente os dispositivos elétricos
incapacitantes; e
- a utilização de armas de baixa letalidade contra idosos, gestantes, crianças e
portadores de necessidades especiais é proibida quando esses estiverem isolados, e
deve ser evitada, se possível, quando se confundirem com uma Turba.
2.4.6 - Força Letal
Ato destinado a causar, ou com alta probabilidade de causar, a morte ou lesões
extremamente graves. Com a finalidade de auxiliar o militar na identificação deste
nível de força, deve-se observar o gráfico contendo os níveis da Metodologia do uso
gradual da força (Fig. 2-1).
2.5.3 - Ações
São concretizadas quando um APOP toma vantagem de sua arma e oportunidade
intencionando colocar a Tropa ou outras pessoas em iminente risco de vida ou de lesões
graves.
Importante salientar que apenas o fato de o sujeito possuir uma arma, na cintura, por
exemplo, não credencia o militar a utilizar de Força Letal. Para que efetivamente a Força
Letal seja empregada deve existir, ainda, a oportunidade e a ação.
haja vista a alta probabilidade de ocorrerem efeitos colaterais indesejáveis neste tipo de
ação. Contudo, caso seja extremamente necessário utilizar-se deste recurso, deverá ser
executado, em locais visíveis pelos APOP, de forma a intimidá-los. Deve-se, ainda, ao
utilizar o armamento letal:
- atirar somente na direção do APOP claramente identificado;
- buscar ferir e não matar o APOP;
- direcionar os tiros para os membros inferiores dos APOP, com o objetivo de
incapacitá-los, ou para o motor ou pneus do veículo, se estiverem embarcados;
- tomar todas as precauções razoáveis para não ferir qualquer outra pessoa além do
APOP;
- deverá ser mantido o controle na execução dos fogos, os quais cessarão tão logo
alcancem o efeito desejado e/ou o APOP houver cessado a ameaça;
- sempre realizar disparos intermitentes; e
- imediatamente após o ocorrido, o Comandante da Tropa envolvida deverá reportá-lo
ao escalão superior e prestará todo o socorro possível às vítimas, sejam elas
pertencentes à Tropa ou não.
CAPÍTULO 3
MATERIAL UTILIZADO EM CONTROLE DE DISTÚRBIOS
3.1 - GENERALIDADES
Neste capítulo serão abordados armamentos, munições, agentes químicos, equipagens e
equipamentos passíveis de serem utilizados em CD.
Nos Anexos A e B são detalhados, respectivamente, o alcance dos armamentos e
equipamentos utilizados pelos integrantes da Companhia de Controle de Distúrbios
(CiaCD), assim como as equipagens, armamento e munição.
3.2 - ARMAMENTO E MUNIÇÃO
Ocorrendo impactos em pessoas, quando utilizado qualquer armamento não letal, é
recomendável que seja preenchido o relatório constante do Anexo C.
Os seguintes armamentos e munições serão empregados pela CiaCD.
3.2.1 - Armamento letal
a) Pistola 9mm
Armamento utilizado para a autoproteção do militar e, secundariamente, para
autodefesa dos militares do Pelotão de Controle de Distúrbios (PelCD), caso
necessário.
b) Fuzil com luneta/mira reflexiva
Empregado pelos Seguranças em missões eventuais de tiro, cujo propósito seja a
neutralização de uma ameaça que represente risco iminente à vida dos militares,
como, por exemplo, atiradores posicionados em prédios.
3.2.2 - Armamento e munição não letal
a) Espingarda militar 18,6mm
Armamento de uso consagrado nas ações de CD, utilizando munições de borracha
e lacrimogênea. São distribuídas nos Grupos de Controle de Distúrbios (GpCD) e
empregadas por determinação do Comandante do PelCD (CmtPelCD).
Devido à potência e às características da munição, pode ser empregada contra
alvos tipo ponto ou área, a uma distância entre quinze e cinquenta metros,
conforme o tipo de munição empregada.
b) FN-303
Poder ser empregado, sem letalidade e com precisão, para marcar ou neutralizar,
momentaneamente, um alvo a uma distância que varia de um a cinquenta metros.
Utiliza munições de:
I) Impacto
De emprego semelhante às munições de borracha das espingardas 18,6mm.
II) Tinta lavável
Utilizada para marcar elementos específicos da Turba, podendo ser removida
facilmente.
III) Tinta não lavável
Utilizada para marcar elementos específicos da Turba, sendo de difícil
remoção.
IV) Pimenta
Além de provocar a dor inerente ao impacto, libera gás de pimenta,
contribuindo para causar maior desconforto e dispersar manifestantes (efeito
aproximado de quarenta minutos).
c) Lançador de granadas 40mm
O lançador de granadas 40mm possibilita o emprego de munições de borracha e
espuma, podendo ser empregado sem letalidade e com precisão para neutralizar
um alvo a uma distância que varia de cinco a vinte e cinco metros, conforme o
tipo de munição utilizada.
Este armamento possibilita, ainda, lançar granadas a uma distância entre
cinquenta e setenta metros, empregando as seguintes munições:
I) Efeito moral
Tem o propósito de demonstrar força e afetar o moral dos integrantes da Turba,
produzindo som e fumaça. Preferencialmente, será a primeira munição a ser
empregada, por não causar dano colateral, permitindo o emprego gradual da
força.
II) Fumígena
Tem o propósito de produzir densa cortina de fumaça que causa confusão e
mascara a localização precisa da Tropa, possibilitando seu reposicionamento
em curto prazo.
Permite, secundariamente, o levantamento preciso da direção do vento,
d) Pistola de eletrochoque
Armamento empregado pelo Elemento Eletrochoque do Grupo de Presa, cuja
finalidade é imobilizar o APOP, a fim de facilitar sua captura.
Seu utilizador não poderá manter acionada a tecla do gatilho por mais de cinco
segundos, a fim de evitar possíveis sequelas no alvo. Considera-se o alcance
máximo de dez metros.
Não deverão ser utilizados disparos simultâneos de mais de uma pistola de
eletrochoque sobre um mesmo alvo. Disparos subsequentes desse armamento
sobre um mesmo alvo só se justificam quando o Grupo de Presa não conseguir
efetuar o aprisionamento durante o efeito causado pelo primeiro disparo.
Atingir áreas de nervos ou de músculos, evitando os ossos e a gordura, pois agem
como isoladores. São as seguintes as áreas preferenciais de contato:
- peitoral e parte superior das costas;
- lado esquerdo e direito do abdomem; nádegas;
e) Espargidor de pimenta
Possui excelente eficácia na incapacitação de pessoas, atuando por meio da ação
de agentes químicos, sendo apropriado para a defesa pessoal e para dispersar e
neutralizar pequenos grupos.
Os espargidores de pimenta pequenos (pequeno volume de gás e curto alcance)
são utilizados para autodefesa e, secundariamente, para dispersar indivíduos e
pequenos grupos. Quando for necessária a dispersão ou neutralização de maior
número de APOP, deverão ser utilizados espargidores grandes com maior volume
de gás e maior alcance, devendo ser respeitadas as prescrições constantes nos
respectivos manuais técnicos dos fabricantes.
Características:
- substância: capsaicina (pimenta);
- excelente eficácia física e psicológica;
- efeitos imediatos de quarenta minutos;
- surpreende totalmente as pessoas;
- fechamento involuntário dos olhos;
- forte lacrimejamento;
- fotofobia ou fotosensibilidade;
- sensação de sufocação e queimação;
- tonteira;
- grande reação emocional;
- irritação e corrimento nasal;
- odor característico;
- desorientação; e
- formas de emprego: grupo aerosol; grupo espuma; grupo gel; e grupo ampola.
RECOMENDAÇÕES:
- o espargimento deve ser contínuo com duração de um a dois segundos;
- evitar o disparo contra o vento (aerosol);
- o espargimento do gás deve ser direcionado para a face do agressor, de maneira
circular, fazendo com que o agressor inale e seja atingido nos olhos;
- buscar surpreender o agressor; e
- serão necessários dois ou mais jatos de “spray” caso o agressor esteja usando
óculos ou cobertura.
Características:
- sólido micropulverizado;
- odor de pimenta;
- classificação tática – inquietante (irritante);
- classificação fisiológica – lacrimogêneo; e
- efeitos fisiológicos – lacrimejamento intenso, ardência na pele e mucosas
variáveis e tosse, entre outros (dez a trinta minutos).
3.4 - EQUIPAGENS E EQUIPAMENTOS
As equipagens e os equipamentos empregados pela CiaCD são apresentados a seguir.
3.4.1 - Equipagens utilizadas pela Tropa empregada em CD
- capacete balístico nível III-A;
- colete balístico nível III-A;
- viseira antitumulto;
- máscara contra gases;
- joelheira, caneleira e cotoveleira antitumulto;
- bornal de perna para máscara contra gases; e
- algemas plásticas (duas).
3.4.2 - Megafone/dispositivo acústico direcional “HyperSpike”
Utilizado para transmitir mensagens direcionadas para a Multidão a grandes
distâncias.
3.4.3 - Extintor de incêndio
Utilizado, primordialmente, para conter pequenos focos de incêndio provocados
pelos APOP.
3.4.4 - Bastão retrátil de polímero (21 polegadas)
Utilizado para defesa pessoal a curta distância.
3.4.5 - Cassetete longo
Empregado em ações defensivas e ofensivas. As técnicas de utilização do cassetete
são apresentadas no Anexo D.
3.4.6 - Escudo antitumulto
Empregado defensivamente para proteger a Tropa contra o lançamento direto de
objetos pelos manifestantes. É empregado de forma ofensiva, por meio da linha de
escudos empurrando e direcionando a Turba para um local desejado.
3.4.7 - Comunicações
O Comandante da Companhia de Controle de Distúrbios (CmtCiaCD) será o
responsável pela instalação, operação e manutenção do sistema de comunicações da
Subunidade (SU) e pela sua correta exploração, integrando o sistema de
comunicações do escalão superior (Componente de Combate Terrestre - CCT ou
CmdoGptOpFuzNav).
Para assegurar o estabelecimento das ligações com o escalão superior e com seus
elementos subordinados, poderá constituir ou integrar as seguintes Redes-Rádio:
- Rede Tática do escalão superior;
- Rede Tática do CCT (atuando como CCT) ou Rede Tática da CiaCD (quando
subordinada ao CCT);
- Rede Tática do PelCD; e
- outras Redes julgadas necessárias de acordo com a missão.
3.4.8 - Ferramentas de sapa e de corte
Dependendo da situação, a Tropa poderá necessitar de ferramentas de sapa e de corte
(machados, alavancas, pás, picaretas, alicates etc.) para remover obstáculos,
desobstruir passagens e arrombar prédios e instalações, como armazéns e oficinas,
seja para desalojar manifestantes, seja para permitir ações de controle de avarias,
incluindo combate a incêndio.
CAPÍTULO 4
A COMPANHIA DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
4.1 - GENERALIDADES
A Companhia de Fuzileiros Navais (CiaFuzNav), devidamente reorganizada e equipada,
será o elemento básico de emprego em CD. Após observada a referida reorganização,
passará à denominação de Companhia de Controle de Distúrbios (CiaCD), sendo esta o
menor valor de Tropa empregado em ações de CD. Outras Unidades do Corpo de
Fuzileiros Navais poderão ceder efetivos para serem empregados em ações de CD,
necessitando para tal maior tempo de adestramento específico. As Companhias de
Polícia do Comando da Tropa de Reforço, do Batalhão Naval e dos Grupamentos de
Fuzileiros Navais Distritais, por serem vocacionadas para as ações de CD, poderão
conduzir o referido adestramento.
A frente a controlar, em princípio, determinará a composição da CiaCD que poderá
contar com um, dois ou três Pelotões. Assim, a CiaCD a um Pelotão é capaz de ocupar
uma frente bem definida de até vinte metros e controlar uma frente de sessenta metros
empregando fogos de dispersão. A dois Pelotões a frente ocupada não deverá
ultrapassar setenta metros e a frente a controlar poderá alcançar 105m. A três pelotões a
frente ocupada será de 120m e a frente a controlar não ultrapassará 160m.
4.3.2 - PelCD
O PelCD é o Elemento de execução das ações de CD propriamente ditas.
A atuação de maneira isolada do PelCD não é aconselhável, haja vista a falta dos
apoios essenciais providos pela SeçCmdo da CiaCD. Portanto, sempre que houver
necessidade de ser empregado isoladamente, deverá contar, obrigatoriamente, com
operador de video/fotógrafo e, sempre que possível, com Cães de Guerra, grupo de
aprisionamento, meios de transporte, incluindo ambulância. Havendo disponibilidade
e possibilidade de emprego, contará com Viaturas Blindadas.
O PelCD possui a seguinte organização:
SeçCmdo do PelCD
Comandante
Auxiliar
Escudeiro do Cmt
Segurança (02)
1°GpCD 2°GpCD 3°GpCD
Comandante Comandante Comandante
Atirador (02) Atirador (02) Atirador (02)
Lançador (02) Lançador (02) Lançador (02)
Escudeiro (07) Escudeiro (07) Escudeiro (07)
APOIOS
Grupo de Presa
Marcador
Enfermeiro Elm Cmb Incd
Elm Eletrochoque
Aprisionador
TOTAL: 46 militares
4.4.2 - PelCD
a) Comandante do PelCD
Planeja, emprega taticamente e controla sua fração e os apoios disponíveis.
Emprega o armamento não letal disponível, de forma a dispersar a Turba o mais
distante possível da Tropa.
Determina, durante as ações, quando empregar os Atiradores e Lançadores e qual
armamento e munição não letal serão utilizados.
Determina, quando necessário, o emprego do Segurança, visando a salvaguardar a
Tropa.
b) Auxiliar
Auxilia diretamente o CmtPelCD na execução de suas funções, particularmente
quanto ao emprego apropriado dos armamentos.
c) Escudeiro do Comandante do PelCD
Provê a proteção aproximada do CmtPelCD.
d) Segurança
Função desempenhada por militar perito atirador de fuzil. Executará missões
eventuais de tiro mediante ordem direta do CmtPelCD ou do CmtCiaCD, caso
existam ameaças à integridade da Tropa. Adicionalmente, proverá a segurança
durante os deslocamentos por ser um dos poucos militares a portar armamento
letal que poderá ser utilizado nas situações em que os APOP empreguem
armamento letal que possam vir a colocar em risco a vida dos militares. Deverá,
preferencialmente e se disponível, utilizar luneta/mira reflexiva em seu
armamento, de forma a tornar o tiro mais eficaz e minimizar danos colaterais.
e) Comandante do GpCD (CmtGpCD)
Responsável por cumprir as ordens e determinações emanadas pelo CmtPelCD,
pela segurança, pelas formações determinadas e pelo controle das ações, pela
eficiência e pelo correto emprego de seu Grupo.
Deve manter a coesão e a rigidez das formações, por meio de comando de voz,
ações enérgicas e, quando necessário, utilizando o espargidor de pimenta, visando
a dispersar os APOP, bem como controlar e coordenar as ações dos Atiradores.
f) Atirador
Responsável por executar as missões de tiro com munição não letal determinadas
pelo CmtPelCD, coordenadas e controladas pelo CmtGpCD.
Presa. Seu armamento é o FN-303, com munição para marcação de APOP a ser
capturado. Responde diretamente às ordens do CmtPelCD, ficando em
condições de localizar e marcar o APOP. Caso necessário, poderá executar as
tarefas dos Atiradores.
II) Elemento eletrochoque
Função é exercida, preferencialmente, por um CB-FN com habilitação e
suficientemente adestrado no emprego da pistola de eletrochoque. É o
responsável pela neutralização do elemento selecionado pelo Marcador,
visando ao seu posterior aprisionamento.
Ressalte-se que a utilização da pistola de eletrochoque tem por finalidade a
neutralização momentânea do APOP, uma vez que atua sobre o sistema
nervoso central, causando contrações musculares e desorientação mental,
incapacitando-o em um curto período de tempo, dependendo da compleição
física do agressor, sem causar dano irreparável.
III) Aprisionador
Porta algemas de metal ou de plástico, devendo ser adestrado em defesa
pessoal e técnicas de imobilização com algemas. É o responsável pela
imobilização e condução do elemento neutralizado até o Grupo de
Aprisionamento.
4.5 - ADESTRAMENTO
Uma vez que a Tropa de CD é formada a partir da reorganização de militares
especificamente designados, faz-se necessário o adestramento pertinente antes do seu
efetivo emprego. As Organizações Militares (OM) previstas para constituir Tropa de
CD devem manter uma “Tabela Mestra” de CD permanentemente atualizada e realizar
adestramento periodicamente. O tempo estimado para o preparo da CiaCD sendo ela
organizada a partir de uma CiaFuzNav ou de CiaPol é de cinco dias, caso existam a
referida “Tabela Mestra” e adestramento períodico, e de dez dias caso contrário.
Para a CiaCD organizada por Tropas de outras naturezas, o tempo estimado é de quinze
dias.
CAPÍTULO 5
FORMAÇÕES E COMANDOS
5.1 - GENERALIDADES
Durante as ações de CD poderão ser adotadas formações de controle que auxiliarão
sobremaneira no cumprimento das tarefas designadas. Para a melhor compreensão
durante a execução destas ações, serão observados Comandos específicos e de fácil
entendimento para as Tropas de CD.
Entende-se como intervalo o espaço lateral entre dois homens; e distância como o
espaço entre elementos considerados em coluna. Nas formações de CD, os intervalos e
as distâncias entre os homens são de um passo, normalmente, entretanto poderão ser
ajustados às situações particulares, sendo importante sempre explorar a profundidade
das formações.
A cadência normal para a Tropa se deslocar e reunir, a fim de tomar qualquer das
formações para o CD, é a de passo acelerado (de 170 a 180 passos por minuto).
A cadência normal para o deslocamento da Tropa, depois que esta tomar qualquer das
formações para o CD, é inferior à do passo ordinário (116 passos por minuto).
A cadência poderá ser aumentada ou diminuída, a critério do Comandante da
Subunidade/Fração, para enfrentar as diversas situações.
5.2 - FORMAÇÕES DA COMPANHIA DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
A CiaCD utiliza as formações em linha (Fig. 5-1) e em cunha (Fig. 5-2) e o PelCD, em
linha, em cunha e escalonado à direita/esquerda.
De acordo com a evolução da situação, outras formações poderão ser adotadas pelas
Tropas de Fuzileiros Navais em ações de CD, como por exemplo apoio lateral e
circular.
5.3.2 - Em cunha
É utilizada para penetrar e separar grupos de uma Turba e realizar uma ação rápida
em qualquer direção.
Ela pode ser modificada, adotando a formação circular fim prover defesa a toda
volta.
5.3.5 - Circular
Essa formação visa à defesa do próprio PelCD, caso este seja envolvido pela Turba.
Nesse caso, os Escudeiros formarão um círculo, e todo o restante do PelCD permanecerá
em seu interior. Militares deverão permanecer em condições de utilizar os
equipamentos/armamento inerentes à sua função.
5.4 - COMANDOS
Durante o emprego de uma Tropa de CD, faz-se necessário simplificar ao máximo todos
os comandos, as formações e as manobras, de modo a obter um melhor entendimento
por parte dos militares e, com isso, uma execução imediata das ordens.
Para tal, deve-se atentar para:
- evitar comandos por gestos, pois alguns elementos, mais avançados em relação a seus
Comandantes, não enxergarão os sinais;
- impedir correria no centro da formação;
- realizar os deslocamentos, no interior da formação, com rapidez, em passo acelerado,
mantendo os intervalos e as distâncias estabelecidas, para evitar acidentes entre os
elementos da Tropa;
- utilizar, nos comandos à viva voz, frases curtas; e
- utilizar ao máximo a linguagem clara nas comunicações rádio, evitando-se indicativos
complicados e chamadas longas. Caso inexista Rádio-Operadores, cada CmtCiaCD,
CmtPelCD e CmtGpCD deverá operar o seu próprio equipamento, evitando
intermediários.
5.4.1 - Comando para as formações
Para a entrada em posição em todas as formações supracitadas será utilizado o
seguinte Comando:
Advertência – “ATENÇÃO PELOTÃO”
Local – “CINCO ou DEZ METROS ou O PRÓPRIO LOCAL DO PelCD”
Frente – “FRENTE ARQUIBANCADA CENTRAL ou DOZE HORAS (método do
relógio)”
CAPÍTULO 6
AÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
6.1 - GENERALIDADES
As Tropas de CD, normalmente inseridas em um GptOpFuzNav, são empregadas nas
ações de CD para restaurar e/ou manter a ordem, utilizando táticas e técnicas adequadas
a cada situação, tais como nos conflitos de alta intensidade e nas atividades de emprego
limitado da força.
O Comando dos GptOpFuzNav empregados em ações de CD, normalmente, contará
com as seguintes Seções:
- de Pessoal;
- de Inteligência;
- de Operações;
- de Logística;
- de Assuntos Civis;
- de Comunicação Social;
- de Equipe de Negociação;
- de Comunicações (incluindo Guerra Eletrônica e Defesa Cibernética);
- de Assuntos Jurídicos; e
- outras julgadas pertinentes, conforme as peculiaridades da missão.
Tendo em vista a grande visibilidade ocasionada por ações desta natureza, deverá ser
criada uma Seção de Comunicação Social (SeçComSoc) específica e com estrutura
permanente. A Seção deverá atuar sempre em articulação com o Centro de
Comunicação Social da Marinha, por meio da cadeia de comando do GptOpFuzNav.
Entre outros aspectos, caberá à Seção de ComSoc a centralização dos atendimentos aos
veículos de comunicação das diferentes mídias e a produção de conteúdos informativos
a serem veiculados aos públicos externo e interno. É essencial a condução de pautas que
visem ao fortalecimento da imagem das nossas Forças, além de ações que visem à
desmobilização dos APOP.
Com o objetivo de registro da atuação da Tropa junto aos escalões avançados e com os
propósitos de dar transparência às ações realizadas, além de resguardar seus executantes
de eventuais distorções informativas, deverá haver uma equipe de filmagem e fotografia
composta por pessoal especializado.
Dependendo do vulto da Operação e dos meios disponíveis, o GptOpFuzNav poderá
- do Ministério Público; e
- de Segurança Pública.
Os Distritos Navais que possuam nos seus Núcleos de Polícia Judiciária Militar,
Equipes de Negociação Distrital e de Peritos Criminais poderão apoiar os
GptOpFuzNav neste tipo de ação. A falta dessas equipes em determinada área Distrital
poderá ser suprida por elementos congêneres dos Órgãos de Segurança Pública locais,
previamente solicitados pelos Distritos Navais.
6.3.1 - Diretiva para emprego de Tropa em ações de CD
As ações de CD deverão ser executadas de acordo com a Diretiva específica para tal,
a qual deverá conter, entre outros, os seguintes dados:
- reforços disponíveis para emprego nas ações de CD;
- formas de atuação dos APOP face às ações repressivas;
- tarefas dos elementos de CD;
- ideia geral de como será conduzida a operação;
- medidas de coordenação com outros elementos da Tropa e Órgãos de Segurança
Pública;
- meios e procedimentos para a ligação, observação e comunicações;
- procedimentos com presos, feridos e mortos;
- postos de vigilância nos acessos à instalação ou área que se deseja proteger;
- posições de bloqueio;
- procedimentos para retraimento dos elementos de CD;
- controle de trânsito;
- apoios que poderão ser prestados pela instalação a ser protegida (aproveitamento da
vigilância eletrônica disponível, por exemplo);
- medidas para identificação de pessoal e viaturas; e
- normas e medidas de coordenação com autoridades civis e com outras Forças
eventualmente empenhadas no mesmo local, incluindo a troca de elementos de
ligação.
Especial atenção deverá ser dada às regras de engajamento (neste caso, consideram-
se regras de engajamento o conjunto de normas e procedimentos expedidos por
autoridade competente, que orientam as ações de uma Tropa empenhada no CD).
Deverão ser expedidas por todos os escalões envolvidos e particularizadas, quando
necessário, para cada tipo de situação visualizada. Deverão levar em consideração a
a) Bloqueio
As Tropas de CD poderão ser empregadas para negar o acesso de uma Turba a
instalações de interesse do Poder Naval ou a qualquer outra determinada por
autoridade competente.
Deve-se buscar esgotar os procedimentos de negociação, na tentativa de dissuadir
os APOP. Para tal, poderá ser utilizado o LRAD para alcançar todos os
integrantes da Turba. Caso a negociação não atinja os efeitos desejados, deverá
ser observada a metodologia do uso gradual da força.
Formações de Controle de Distúrbios serão adotadas, sendo a formação em linha a
mais apropriada, desdobradas à retaguarda de barreiras físicas dispostas em
profundidade para impedir a progressão da Turba, as quais deverão ser batidas a
distância, no limite das armas não letais de maior alcance.
b) Dispersão
Dispersar consiste em medidas utilizadas para fragmentar uma Turba reunida de
modo a prevenir a ocorrência de pessoas feridas e a destruição do patrimônio
público. É extremamente eficaz contra Turbas não muito grandes em ambientes
urbanos. Contudo, tal medida poderá aumentar a intensidade das ações da Turba,
espalhando-a em pequenos focos. No intuito de minimizar este efeito, deverão ser
planejadas rotas de dispersão para que a Turba possa ser direcionada
apropriadamente.
Ressalta-se que a decisão por dispersar uma Turba deve ser tomada tendo sido
esgotadas todas as tentativas preliminares de negociação, que antecedem a
utilização da metodologia do uso gradual da força.
Após a coleta de dados realizada durante a fase de monitoramento, com a
consequente constatação da formação e início do deslocamento de uma Turba com
intenção de transpor o bloqueio, poderá ser organizado, a critério do Comandante
da CiaCD e se a situação permitir, um Destacamento de Controle Avançado
(DCA). Ele deverá ser composto por GpCD apoiado por uma Viatura Sobre
Rodas, preferencialmente Blindada. Sua principal tarefa consiste em desorganizar
a Turba ainda em suas ações iniciais, à frente da barreira de contenção mais
avançada, antes do contato propriamente dito com o núcleo de contenção da
CiaCD. Para tal, deverá ser observado o uso em larga escala de irritantes químicos
e munição de borracha, conforme as regras de engajamento estabelecidas.
Turba se espalhe por áreas adjacentes. Além disso, dificulta o reforço da Turba
por outros APOP e a fuga dos que ocupam a área.
Um método de contenção eficaz alia a utilização de barreiras físicas para limitar a
área, patrulhas motorizadas no perímetro para barrar pontos críticos e impedir o
deslocamento em direções indesejadas, bem como Tropa de CD na formação de
controle de distúrbios apropriada, utilizando as técnicas de contenção em contato
aproximado com os integrantes da Turba. A exemplo do que já foi mencionado
nas medidas de dispersão, deve-se ter especial atenção para não encurralar a Turba
durante os procedimentos de contenção, evitando-se uma desnecessária escalada
da violência. Se disponíveis Viaturas Blindadas poderão ser posicionadas para o
bloqueio de ruas, complementando as medidas de contenção. Adicionalmente,
poderão ser utilizadas como Postos de Comando Tático proporcionando
segurança, comunicações e mobilidade.
Viaturas Sobre Rodas, preferencialmente Blindadas, deslocando-se nas
proximidades da Turba, em coluna com pequenos intervalos entre elas, são
amplamente empregadas como uma barreira de grande efeito psicológico. Podem
ser utilizadas para conter uma grande Turba que se desloca rapidamente. O cordão
em movimento, formado pelas viaturas, cria um obstáculo temporário entre a
Turba e a linha estabelecida pela Tropa de CD, a partir da qual a Turba não
poderá avançar. A velocidade do cordão em movimento não deverá ultrapassar a
dez km/h, com intervalos de aproximadamente 6 metros entre as viaturas. Luzes
do giroflex, sirenes e buzinas poderão ser utilizadas para ampliar o efeito
psicológico pretendido.
Há uma tendência natural em se enfatizar a dispersão, particularmente a forçada,
em detrimento à contenção, na abordagem dos procedimentos repressivos
observados nas ações de CD. A dispersão forçada pode resultar em uma quebra da
Turba em múltiplos grupos que podem se espalhar por uma área maior, tornando o
controle ainda mais difícil. Tal fato pode vir a representar maiores problemas de
ordem pública e, também, uma ameaça contínua as nossas Forças.
Em muitos casos, será preciso avaliar se uma Turba não poderia ser controlada em
melhores condições por meio da contenção, confinando suas atividades em uma
área previamente estabelecida. Em geral, o Distúrbio tenderá a ter sua duração
ANEXO A
ALCANCE DE UTILIZAÇÃO DO MATERIAL EMPREGADO NO CONTROLE DE DISTÚRBIOS
DISTÂNCIAS EM METROS
MATERIAL
1 5 10 15 20 25 50 70 100 300
Pistola 9mm
Pistola elétrica
Fuzil FN - 303
Bastão retrátil
Cassetete longo
Extintor de CO2 de 6 Kg
LRAD
ANEXO B
QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DO MATERIAL EMPREGADO PELA COMPANHIA
DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
Equipagem comum a todas as funções
1. Capacete balístico nível III-A;
2. Colete balístico nível III-A;
3. Viseira antitumulto;
4. Joelheira, caneleira e cotoveleira antitumulto;
5. Máscara contra gases;
6. Bornal de perna para máscara contra gases; e
7. duas Algemas plásticas.
Equipagem e armamento/munição específico das seguintes funções:
Armamento/munição
1. Pistola 9mm;
2. três Carregadores;
Função: 3. quarenta e cinco Cartuchos
Comandante da 9mm; e
CiaCD / 4. Espargidor de pimenta
Imediato / PelCD (pequeno).
Equipagem/equipamento
Posto: 1. Coldre;
Of SUP / Of Itr / 2. Porta-carregador de pistola
Of Sublt 9mm Sistema Mole;
(FN/QC-FN/AFN) 3. Rádio EP-450;
4. Megafone;
5. Bastão retrátil de polímero; e
6. Porta-bastão retrátil.
Armamento/munição
1. Pistola 9mm;
2. cinco Carregadores;
3. setenta e cinco Cartuchos
9mm; e
Função: 4. Espargidor de Pimenta
Auxiliar do PelCD (pequeno).
Equipagem/equipamento
Graduação: 1. Coldre;
SO/SG-FN 2. Porta-carregador de pistola
9mm Sistema Mole;
2. Rádio EP-450;
3. Bastão retrátil de polímero; e
4. Porta-bastão retrátil.
Armamento/munição
1. Pistola 9mm;
2. três Carregadores;
3. quarenta cinco Cartuchos
9mm; e
Função:
4. Espargidor de pimenta
Comandante
(grande).
do
Equipagem/equipamento
GpCD
1. Rádio EP-450;
2. Coldre;
Graduação:
SG-FN-IF 3. Porta-carregador de pistola
9mm Sistema Mole;
4. Porta-espargidor de pimenta
(grande);
5. Bastão retrátil de polímero; e
6. Porta-bastão retrátil.
Armamento/munição
1. Espingarda 18,6mm/Fuzil FN-
303;
2. quatro Carregadores para Fuzil
FN-303;
Função: 3. trinta e dois Cartuchos de
Atirador borracha; e
4. Espargidor de pimenta
Graduação: (pequeno).
CB-FN-IF
Equipagem/equipamento
1. três Porta-cartucho 18,6mm
oito “slots” Sistema Mole;
2. Bastão retrátil de polímero; e
3. Porta-bastão retrátil.
Armamento/munição
1. Lançador de granadas 40mm;
2. seis Granadas efeito moral;
3. seis Granadas de gás
pimenta/lacrimogênio
seis Granadas fumígenas;
Função:
4. seis Granadas de mão de gás
Lançador
de pimenta/lacrimogênio; e
5. Espargidor de pimenta
Graduação:
(pequeno).
CB-FN-IF/
Equipagem/equipamento
SD-FN
1. Bornal de perna (extra);
2. Bastão retrátil de polímero;
3. Porta-bastão retrátil; e
quatro Porta-cartucho 40mm
dois “slots” Sistema Mole.
Armamento/munição
N/C
Função:
Escudeiro
Equipagem/equipamento
Graduação: 1. Cassetete longo;
CB-FN-IF/ 2. Porta-cassetete; e
SD-FN 3. Escudo antitumulto dupla
face.
Armamento/munição
1. Fuzil FN-303;
2. quatro Carregadores para
Fuzil FN-303; e
3. Espargidor de pimenta
Função:
(pequeno).
Marcador
Equipagem/equipamento
Graduação:
SG-FN-IF 1. Rádio EP-450;
2. Bornal de perna (extra);
3. Bastão retrátil de polímero; e
4. Porta-bastão retrátil.
Armamento/munição
1. Pistola elétrica;
2. Bateria reserva;
3. dez Eletrôdos; e
Função: 4. Espargidor de pimenta
Elemento (pequeno).
eletrochoque
Equipagem/equipamento
Graduação: 1. Bornal de perna (extra);
CB-FN-IF/ 2. Bastão retrátil de polímero; e
SD-FN 3. Porta-bastão retrátil.
Armamento/munição
1. Espargidor de pimenta
(pequeno).
Função:
Aprisionador
Graduação: Equipagem/equipamento
SD-FN 1. três Algemas metálicas;
2. Bastão retrátil de polímero; e
3. Porta-bastão retrátil.
Armamento/munição
1. Fuzil M16A2;
2. quatro Carregadores;
3. 120 Cartuchos 5,56mm; e
4. Espargidor de pimenta
Função: (pequeno).
Segurança
Equipagem/equipamento
Graduação: 1. Bastão retrátil de polímero;
CB-FN-IF 2. Porta-bastão retrátil;
3. Porta-carregador M16 Sistema
Mole; e
4. Luneta/mira reflexiva.
Armamento/munição
N/C
Função:
Elemento de
combate a
incêndio Equipagem/equipamento
1. Bastão retrátil de polímero;
Graduação: 2. Porta-bastão retrátil; e
SD-FN 3. Extintor CO2 6kg.
Armamento/munição
1. Pistola 9mm;
2. três Carregadores; e
3. quarenta e cinco Cartuchos
Função:
9mm.
Cinófilo
Equipagem/equipamento
Graduação: 1. Bastão retrátil de polímero;
CB-FN-IF/ 2. Porta-bastão retrátil; e
SD-FN 3. Cão de Guerra.
ANEXO C
MODELO DE RELATÓRIO DE EMPREGO DE ARMAMENTO NÃO LETAL
==============================================
==============================================
==============================================
Descrição da lesão:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Descrição do emprego:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Local,_____de_________de _________.
ASSINATURA
POSTO/NIP/NOME COMPLETO
==============================================
ANEXO D
TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO DO CASSETETE EM CONTROLE DE DISTÚRBIOS
1 - GENERALIDADES
Localizado no nível cinco da metodologia do uso gradual da força (Inciso 2.4.5 - Armas
Intermediárias), o Cassetete constitui-se em uma das principais ferramentas utilizadas
pelas Tropas em ações de CD.
A utilização do Cassetete é baseada no exame da situação feito pelo Comandante da
Tropa. Poderá ser usado em ações ofensivas ou defensivamente para proteger pessoas e
propriedades. Na fase final de um conflito, quando a intensidade da violência já tenha
decrescido e é esperado que o mesmo não perdure por muito tempo, as Tropas,
provavelmente, estarão em postura defensiva. Nesse caso, o Cassetete facilitará o
cumprimento de suas tarefas.
2 - ESTOCADAS E CORTES
As tropas que portam Cassetete devem conhecer os pontos vulneráveis do corpo humano.
Os APOP devem ser detidos, desencorajados ou dispersos, mas devem-se evitar golpes
letais ou causar danos permanentes às pessoas, tais como os golpes em articulações do
corpo humano. Na figura D-1 são mostrados os pontos vulneráveis do corpo humano e na
figura D-2 os pontos que, se atingidos, podem provocar a morte.
As estocadas são movimentos feitos com a ponta do cassetete, para golpear uma zona ou
ponto específico do corpo do antagonista, com a finalidade de desarmá-lo ou incapacitá-
lo momentaneamente (Fig. D-3).
Os cortes são golpes rápidos de través, executados com o terminal do cassetete, o qual se
move em ângulo até um ponto ou zona específica do corpo do adversário com a
finalidade de desarmá-lo ou incapacitá-lo momentaneamente (Fig. D-4).
Existem situações em que não são necessários golpes contra a Multidão. Nesse caso, o
militar que porta o cassetete o manterá firmemente, apontando na direção do plexo solar
do APOP (Fig. D-5).
ANEXO E
COMPOSIÇÃO DA COMPANHIA DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
SeçCmdo da CiaCD
1 Of SUP/Itr CmtCiaCD
1 Of Sublt ImtCiaCD
1 SD-FN Operador video/fotógrafo
1 SD-FN Mensageiro
4 Militares
DstSau Gp de transporte
1 Of Sublt Médico 1 SO/SG-MO Encarregado
2 SG/CB-EF Enfermeiro 10 CB/SD-FN Motorista
3 Militares 11 Militares
PelCD
SeçCmdo do PelCD
1 Of Sublt CmtPelCD
1 SO/SG-FN AuxPelCD
1 SD-FN Escudeiro do Cmt
2 CB-FN Segurança
5 Militares
Gp de Presa
1 SG-FN Marcador
1 CB/SD-FN Elm Eletrochoque 1 SG/CB-EF Enfermeiro
1 SD-FN Aprisionador 1 SD-FN ElmCmbIncd
3 Militares 2 Militares
TOTAL UM
46 138 TOTAL TRÊS PelCD 168 TOTAL CiaCD
PelCD