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1 OSTENSIVO
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2010
OSTENSIVO CGCFN-1-8.1
MARINHA DO BRASIL
2010
FINALIDADE: BÁSICA
1ª EDIÇÃO
OSTENSIVO CGCFN-1-8.1
ATO DE APROVAÇÃO
AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC
Em_____/_____/_____ CARIMBO
OSTENSIVO - II - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-1-8.1
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto ......................................................................................................... I
Ato de Aprovação.................................................................................................... II
Índice ....................................................................................................................... III
Introdução................................................................................................................ V
CAPÍTULO 1 - AS OPERAÇÕES DE PAZ
1.1 - Operações de Paz da Organização das Nações Unidas ................................... 1-1
1.2 - Operações de Paz da Organização dos Estados Americanos .......................... 1-3
1.3 - Operações de Paz sob a égide de outras Organizações Regionais .................. 1-4
CAPÍTULO 2 - AS OPERAÇÕES DE PAZ DE CARÁTER NAVAL
2.1 - Considerações Gerais ...................................................................................... 2-1
2.2 - A Força Naval ................................................................................................. 2-1
2.3 - Situações que indicam o emprego da Força Naval ......................................... 2-2
CAPÍTULO 3 - ASPECTOS LEGAIS DAS OPERAÇÕES DE PAZ
3.1 - Principais documentos afetos a uma Operação de Paz ................................... 3-1
3.2 - Legislação aplicável às Operações de Paz de Caráter Naval .......................... 3-4
CAPÍTULO 4 - EMPREGO DA FORÇA NAVAL
4.1 - Considerações Gerais ...................................................................................... 4-1
4.2 - Ações Constabulares ....................................................................................... 4-1
4.3 - Outras Operações em proveito da OpPaz de Caráter Naval............................ 4-5
4.4 - Operações de Guerra Naval em proveito da OpPaz de Caráter Naval............ 4-5
4.5 - Base de Apoio ................................................................................................. 4-7
CAPÍTULO 5 - COMANDANTE DA FORÇA, PERITOS EM MISSÃO E OFICIAIS
DE ESTADO-MAIOR
5.1 - Considerações Gerais ...................................................................................... 5-1
5.2 - Comandante da Força...................................................................................... 5-1
5.3 - Peritos em Missão ........................................................................................... 5-3
5.4 - Oficiais de Estado-Maior ................................................................................ 5-9
CAPÍTULO 6 - O APOIO LOGÍSTICO NAS OPERAÇÕES DE PAZ DE CARÁTER
NAVAL
6.1 - Considerações Gerais ...................................................................................... 6-1
6.2 - Conceituação Básica ....................................................................................... 6-1
OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-1-8.1
INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
A presente publicação tem por propósito disseminar conhecimentos básicos e orientar a
preparação de militares da Marinha do Brasil (MB) para participar de Operações de Paz
(OpPaz) de Caráter Naval.
2 - DESCRIÇÃO
O Capítulo 1 inicia apresentando aspectos das OpPaz realizadas sob a égide da
Organização das Nações Unidas (ONU), seguidos das considerações intrínsecas deste tipo de
missão, quando realizadas sob a égide dos Estados Americanos (OEA) e de outras
Organizações Regionais.
O Capítulo 2 conceitua a OpPaz de Caráter Naval, apresentando as atividades que são
realizadas pela Força Naval.
O Capítulo 3 apresenta uma abordagem sobre os preceitos legais de uma OpPaz,
particularizando os aspectos relativos às de Caráter Naval.
O Capítulo 4 detalha como a Força Naval é empregada nas diversas atividades das
Operações de Caráter Naval que foram elencadas no Capítulo 2.
O Capítulo 5 enuncia as tarefas que os militares da MB desempenham quando da
assunção das funções de Comandante da Força, Peritos em Missão e de Oficiais de Estado-
Maior, assim como as competências que são exigidas no exercício de cada função.
O Capítulo 6 aborda a logística nas OpPaz, particularizando os aspectos relativos às de
Caráter Naval.
Finalmente é apresentado um Anexo com a lista de publicações utilizadas como
referência bibliográfica para as OpPaz de Caráter Naval.
3 - RECOMENDAÇÕES
A manutenção de expressões, termos e siglas pertinentes ao assunto, mormente em
inglês, visa familiarizar os integrantes de Operações de Paz com aquilo que efetivamente
ouvirão e terão de empregar no cumprimento de suas tarefas. Para que isso ocorra
naturalmente, recomenda-se que a instrução e o adestramento sejam conduzidos enfatizando a
terminologia em inglês.
4 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações da
Marinha, como: Publicação da Marinha do Brasil (PMB), não controlada, ostensiva, básica e
manual.
CAPÍTULO 1
AS OPERAÇÕES DE PAZ
1.1 - OPERAÇÕES DE PAZ DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações
Unidas (ONU), este tipo de operação tomou impulso e passou a ser amplamente
utilizado como instrumento na solução de conflitos intra ou internacionais.
Conforme o estabelecido no Artigo I da Carta das Nações Unidas, um dos propósitos
básicos da ONU é: “Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim, tomar,
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão
ou outra ruptura qualquer da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com
os princípios de justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das
controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz”.
Os Capítulos VI, VII e VIII da Carta detalham as medidas que têm como objetivo
impor, manter e consolidar a paz mundial.
Em linhas gerais, o Capítulo VI limita o campo de atuação do Conselho de Segurança a
recomendações às partes envolvidas, cabendo a elas o esforço maior em busca do
entendimento, agindo de forma voluntária em atendimento ao Conselho de Segurança.
O Capítulo VII tem natureza coercitiva e prevê a utilização de ações políticas,
econômicas ou emprego efetivo de força militar para a manutenção ou restabelecimento
da paz. Por fim, o Capítulo VIII dá ênfase à resolução dos conflitos por meio de
medidas de caráter regional.
Para executar suas múltiplas tarefas, a ONU é estruturada em seis órgãos, a saber:
- Secretariado (The Secretariat);
- Assembléia Geral (The General Assembly);
- Conselho de Segurança (The Security Council);
- Conselho Econômico-Social (The Economic and Social Council);
- Conselho de Tutela (The Trusteeship Council); e
- Corte Internacional de Justiça (The International Court of Justice).
Os órgãos diretamente envolvidos com as Operações de Paz (OpPaz) são o Conselho de
Segurança e o Secretariado.
Por delegação da Carta da ONU, o Conselho de Segurança (CS) é o órgão que detém a
responsabilidade pela manutenção da paz e da segurança internacionais. É integrado por
quinze países estados-membros, sendo cinco deles permanentes (China, Estados Unidos
CAPÍTULO 2
AS OPERAÇÕES DE PAZ DE CARÁTER NAVAL
2.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
A Operação de Paz de Caráter Naval é uma operação militar na qual o Poder Naval é
normalmente empregado em Operações e Ações de Guerra Naval ou em Operações
Militares em Tempo de Paz, aqui enquadradas as atribuições subsidiárias cabíveis, sob a
égide de organizações internacionais. Poderão predominar, nesse contexto, operações e
ações em ambiente marítimo, lacustre ou fluvial, incluindo-se as operações de projeção
de poder sobre terra, diferentemente das Operações de Paz de caráter estritamente
terrestre.
A participação de uma Força Naval, composta por meios navais, aeronavais e de
fuzileiros navais, inserida no contexto de uma Força Multinacional operando sob a
égide de organismos internacionais, é uma das formas de emprego do poder naval fora
das fronteiras nacionais, em tempo de paz.
Observa-se a tendência do aumento de importância deste tipo de operação em função da
grande concentração populacional em regiões costeiras, da dependência do uso de rotas
de navegação, estreitos e passagens por parte do comércio mundial e do aumento da
incidência de problemas ligados às novas ameaças à ordem mundial, tais como crises de
governabilidade, pirataria, grupos insurgentes armados, terrorismo internacional, tráfico
internacional de entorpecentes, armas e munições e imigração ilegal em regiões
costeiras e no alto-mar. As organizações internacionais, em conseqüência, poderão
requisitar cada vez mais a contribuição de forças navais aos países que possuem
Marinhas equipadas e adestradas.
Neste contexto, a Marinha do Brasil pode participar dessas operações com meios navais,
aeronavais e de fuzileiros navais ou provendo Oficiais para exercer funções de
Comandante de Forças-Tarefa Marítimas (FTM), Peritos em Missão (observadores
militares, conselheiros técnicos militares e oficiais de ligação) ou Oficiais de Estado-
Maior.
2.2 - A FORÇA NAVAL
A constituição de uma Força Naval para atuação em Operações de Paz de Caráter
Naval, pode estar vinculada ou não a um componente militar terrestre.
Nos casos em que estiver vinculada a um componente terrestre, poderá ser constituída
uma Força Naval subordinada ao Force Commander (FC), normalmente denominada
Força-Tarefa Marítima (Maritime Task Force - MTF). Tal força poderá dispor de meios
de um ou mais países e seu valor e características variarão de acordo com a situação e as
tarefas a ela atribuídas. Como exemplo, pode-se citar a Força Multinacional no Líbano
(United Nations Interim Force in Lebanon - UNIFIL), composta por meios navais da
Alemanha, da Itália, da Grécia e da Turquia.
Quando for requerida uma força de menor envergadura, dispondo apenas de
embarcações de pequeno porte, será constituída uma Célula Marítima, a qual poderá
dispor, também, de meios de um ou mais países. Um exemplo de composição de Célula
Marítima, com meios de apenas um país (somente embarcações do Uruguai), é o caso
da MINUSTAH (United Nations Stabilization Mission in Haiti).
No cumprimento de mandatos ou sanções tipicamente marítimos, impostos por
organismos internacionais como a ONU, a OEA, a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN), dentre outros, a Força Naval não estará vinculada a um componente
terrestre, sendo, normalmente, multinacional, composta por meios navais, aeronavais,
de fuzileiros navais ou terrestres, caracterizando uma das formas de emprego do Poder
Naval, fora das fronteiras nacionais, em tempo de paz.
Em se tratando de uma Força Naval Multinacional, os meios navais devem atender a um
padrão mínimo de tecnologia compatível às necessidades de operação integrada, o que
constitui uma grande diferença para as Forças Terrestres Multinacionais, pois nestas as
unidades terrestres necessitam de menor compatibilidade tecnológica para operar de
maneira integrada. Desta forma, a quantidade de Estados que podem contribuir com
meios navais se reduz bastante devido às necessidades de sustentabilidade e
interoperabilidade tecnológica.
O emprego de uma Força Naval constituída por um único país minimiza a necessidade
de interoperabilidade, porém a sustentabilidade operacional permanece como um
requisito imprescindível.
2.3 - SITUAÇÕES QUE INDICAM O EMPREGO DA FORÇA NAVAL
Em uma Operação de Paz de Caráter Naval as características de mobilidade,
permanência, flexibilidade e versatilidade da Força Naval, associadas às ações de guerra
naval relativas ao controle da área marítima, à negação do uso do mar e à projeção de
poder sobre terra são amplamente exploradas, pois no curso desta Operação a Força
Naval, em conformidade com o estabelecido em resoluções e mandatos, terá que
implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos no mar, águas interiores
1
Os ingleses definem como “constabulary actions” (termo ainda sem tradução) aquelas ações do Estado que se prendem ao
exercício da soberania sobre um dado território, fazendo valer o monopólio da força, impondo obediência a suas leis e aos termos
de acordos internacionais, atuando, ainda, como força de preservação da vida e do patrimônio em situações emergenciais. Elas
constituem uma zona cinzenta entre a defesa nacional e o provimento de ordem pública; na prática, tanto as forças armadas
quanto as polícias, assim as guardas costeiras, as guardas de fronteiras e as polícias federais desempenham, de formas diferentes,
papéis na defesa nacional, nas ações constabulares e no provimento da ordem pública. Possuem especificidade própria em termos
de emprego da violência, dentro dos limites da proporcionalidade e de sua subordinação a regimes jurídicos. EGN-304B (p. 1-2).
CAPÍTULO 3
ASPECTOS LEGAIS DAS OPERAÇÕES DE PAZ
3.1 - PRINCIPAIS DOCUMENTOS AFETOS A UMA OPERAÇÃO DE PAZ
Neste tópico, serão abordados os principais documentos, sejam de caráter permanente,
sejam os especificamente elaborados ou decorrentes de uma OpPaz em particular.
3.1.1 - Resolução
É o documento de mais alto nível emitido pelo CS com vistas ao estabelecimento de
uma OpPaz. Seu conteúdo, normalmente:
- enfatiza os princípios básicos da ONU, os acordos violados pelas partes em litígio e
esforços feitos pela Organização com vistas ao fim das hostilidades como, por
exemplo, a Diplomacia Preventiva;
- apresenta referências a fatos e denúncias que contem com a desaprovação da
Comunidade Internacional apresentados no relatório do SG;
- estabelece o nome da missão, o capítulo da Carta que regerá a OpPaz e a previsão
inicial para a sua duração;
- define as tarefas a serem incluídas no mandato inicial, bem como o período de
duração do mesmo;
- exorta os países membros e outras organizações internacionais à participação e
contribuição; e
- inclui orientações e atribuição de responsabilidades do SG como, por exemplo, o
acompanhamento da situação e o calendário de relatórios.
3.1.2 - Mandato
É o documento que expressa, de maneira abreviada, a Resolução do CS quanto à
forma de condução de determinada OpPaz, contendo seus fundamentos e objetivos a
serem atingidos. Sua validade, normalmente, abrange um período de seis meses a um
ano, podendo ser renovado. Além do contido na Resolução, incorpora os acordos e
negociações coordenadas pela ONU entre as partes em conflito e os países
contribuintes. Normalmente, aborda os seguintes aspectos:
- objetivos e tarefas da missão;
- período de vigência do mandato;
- relação dos países participantes;
- responsabilidades assumidas pelo país anfitrião e pelas partes em conflito em
relação à presença da Missão;
CAPÍTULO 4
EMPREGO DA FORÇA NAVAL
4.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
Em uma OpPaz de Caráter Naval, a Força Naval dispõe de meios navais, aeronavais e
de fuzileiros navais aptos a executarem, em conformidade com o estabelecido em
resoluções e mandatos, ações constabulares, operações de guerra naval e outras
operações em proveito da própria OpPaz ou mesmo estabelecerem uma base de apoio, a
fim de implementar e fiscalizar o cumprimento de resoluções e acordos, assim como de
leis e regulamentos no mar, águas interiores ou área ribeirinha.
O Conjugado Anfíbio confere à Força Naval que participa de uma OpPaz de caráter
naval flexibilidade e versatilidade inigualáveis, capacitando a Força Naval para atuar em
um amplo espectro de atividades.
Os meios de Fuzileiros Navais são parte integrante do Poder Naval, sendo específicos
para embarque em navios ou que os distinguem dos meios das demais Forças. A
conjugação das características do Poder Naval conformam e conferem capacidade
expedicionária às Forças Navais. A capacidade expedicionária, a qual possibilita o
emprego tempestivo de Força auto-sustentável para cumprir missão de tempo limitado,
sobre condições austeras e em área operacional distante de sua base.
Os três eixos estruturantes, interdependentes e complementares, que alicerçam a
Doutrina no CFN, direcionando a preparação e o emprego das Forças de Fuzileiros
Navais, segundo o prescrito na publicação CGCFN-0-1 - Manual Básico dos
Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, são os seguintes: o resgate, a valorização
e o permanente aperfeiçoamento da capacidade de realizar Operações Anfíbias,
ampliação da capacidade de emprego dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais
(GptOpFuzNav), particularmente, pelo aumento de sua mobilidade, poder de fogo e
meios de Comando e Controle, bem como pelo incremento de sua participação em
diferentes missões e a opção pela adoção do estilo da guerra, conhecido como Guerra de
Manobra.
4.2 - AÇÕES CONSTABULARES
As OpPaz de Caráter Naval podem ser realizadas em regiões costeiras, lacustres ou
fluviais onde o Estado, devido às circunstâncias específicas, possui pouca ou nenhuma
capacidade de realizar ações constabulares.
A realização de ações constabulares implicará na condução de patrulhas empregando
Dentre as operações de guerra naval, o CFN pode ser empregado nas Operações
Anfíbias (OpAnf), em Operações Ribeirinhas (OpRib), nas Operações Terrestres de
Caráter Naval e nas Operações Civis-Militares, além de poder contribuir com todas as
outras, provendo a proteção física dos meios navais ou integrando GVI/GP.
Todas as modalidades de OpAnf podem ser empregadas em proveito de uma Operação
de Paz de Caráter Naval. Destaca-se a Projeção Anfíbia, que utiliza-se das capacidades
intrínsecas do Conjugado Anfíbio para introduzir em área de interesse, a partir do mar,
meios para cumprir tarefas diversas em apoio a operações de guerra naval ou
relacionadas, dentre outras contingências, com a prevenção de conflitos e a mitigação de
crises. Assim, os Fuzileiros Navais constituem uma ForDbq para a realização da OpAnf
em proveito da OpPaz, estando o emprego detalhado na publicação CGCFN-1-1 -
Manual de Operações Anfíbias dos GptOpFuzNav.
As OpRib são realizadas em hidrovia fluvial ou lacustre, terreno e espaço aéreo
sobrejacente, onde as linhas de comunicações terrestres são limitadas e a superfície
hídrica serve como via de penetração estratégica ou rota essencial ou principal para o
transporte de superfície. Este tipo de operação é normalmente caracterizado pela forte
associação à calha do rio, em que os GptOpFuzNav estão permanentemente ligados aos
navios e embarcações orgânicas para assegurar o controle de margens.
As Operações Terrestres de Caráter Naval são desenvolvidas em terra pela Força Naval
no curso da Operação de Paz de Caráter Naval. Nestas operações poderão ser
empregados os GptOpFuzNav ou elementos de Operações Especiais, que deverão
preservar suas características de parcela intrínseca e inseparável do Poder Naval. As
Operações Terrestres de Caráter Naval podem ser ofensivas, defensivas,
complementares ou ainda sob condições especiais. Para maiores detalhes sobre estas
operações a publicação CGCFN-0-1 - Manual Básico dos GptOpFuzNav deve ser
consultado.
As Operações Civil-Militares buscam estabelecer, manter influência ou capitalizar as
interações e as relações de cooperação e coordenação entre as forças militares, a
população civil e as autoridades e organizações governamentais ou não-governamentais,
tendo como propósito facilitar a condução de outras operações e ações, bem como a
conquista de objetivos militares. Seus propósitos contribuem para o sucesso das OpPaz
de Caráter Naval. Neste tipo de Operação a Força Naval poderá ser empregada no
transporte de pessoal, suprimentos e em atividades de apoio de saúde, em que os
CAPÍTULO 5
COMANDANTE DA FORÇA, PERITOS EM MISSÃO E OFICIAIS DE ESTADO-
MAIOR
5.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
O Departamento de Operações de Paz da ONU, no que diz respeito ao emprego em
Missões de Paz, classifica o pessoal militar em três diferentes ramos: membros dos
Contingentes Militares, seja no Comando, Estado-Maior ou tropa de Unidades como
Batalhões e GptOpFuzNav; Oficiais Peritos em Missão, como é o caso dos
Observadores Militares; e os Oficiais especificamente empregados no Estado-Maior do
Comandante da Força.
O Comandante da Força, por sua vez, goza de um status diferenciado, podendo ser
preparado em um curso denominado UN Senior Mission Leader Course (SMLC).
5.2 - COMANDANTE DA FORÇA
Em Operações de Paz de maior vulto, com emprego de Unidades Militares, o Chefe do
Componente Militar é um Oficial do serviço ativo que usualmente recebe o título
funcional de Force Commander, em português, Comandante da Força.
Normalmente será designado para esse cargo um Oficial General no primeiro ou
segundo posto do generalato, podendo, entretanto, em missões menores onde exista
apenas Peritos em Missão, serem designados Oficiais Superiores no último posto para o
cargo de Chefe dos Peritos em Missão de Paz da ONU, com denominação específica
segundo a categoria de peritos empregada na respectiva missão.
O Comandante da Força, normalmente, executará tarefas no nível Operacional de uma
Missão de Paz.
Nas OpPaz de Caráter Naval, haverá o Maritime Task Force Commander, em
português, Comandante da Força Tarefa Marítima, que poderá estar ou não vinculado a
uma Força de Paz Terrestre. Para este cargo será designado um Oficial General e,
devido à qualificação técnica necessária, somente poderá ser desempenhado por militar
da Marinha do país contribuinte. Quando o vulto das operações no mar e vias aquáticas
não comportar uma Força Tarefa Marítima, será constituída uma Maritime Cell (Célula
Marítima), normalmente, vinculada a uma Força de Paz, comandada por um Oficial
Superior de Marinha.
5.2.1 - Tarefas
Normalmente, caberá ao Force Commander as seguintes tarefas2:
- assessoria militar ao Chefe da Missão;
- gerenciamento da interface político-militar;
- cumprimento das tarefas do Mandato;
- condução da diplomacia militar;
- planejamento da missão;
- geração da Força e seu desdobramento;
- comando das tropas;
- planejamento de contingência; e
- gerenciamento de crises e resolução de conflitos.
5.2.2 - Requisitos de liderança
Para melhor cumprir estas tarefas, é esperado que o Comandante da Força possua as
seguintes características em relação à liderança militar:
- habilidade para identificar as áreas críticas e ser capaz de lidar com elas;
- capacidade de gerenciamento de conflitos multi-dimensionais relativos às áreas
diplomáticas, militar, política e social;
- imparcialidade quando lidando com as partes envolvidas;
- criação de aceitabilidade tanto dentro da estrutura da missão como entre as partes
em conflito;
- entendimento da grande variedade de valores humanos e éticos envolvidos,
tentando alinhá-los no sentido do cumprimento da missão;
- ter tato, mantendo o foco no cumprimento da missão; e
- habilidade para conduzir a equipe, extraindo o melhor de cada um.
5.2.3 - Requisitos adicionais
- habilidade para negociar e persuadir;
- habilidade para comunicar-se com grupos étnicos e profissionais variados;
- aptidão para aprendizado de idiomas;
- capacidade para lidar com a mídia;
- aptidão para trabalhar em ambiente de tecnologia da informação; e
- capacidade de gerenciamento de múltiplas agências.
2
O General Rajender Singh , Force Commander da United Nations Mission in Ethiopia and Eritrea (UNMEE) em 2004, em
apresentação durante o SMLC realizado no ano de 2007, especificou algumas tarefas realizadas pelo Comandante da Força.
competências:
- proficiência em técnicas de verificação e investigação utilizadas na ONU;
- conhecimento de equipamentos, armas, campos minados e engenhos explosivos
(incluindo a análise da cratera e os efeitos das granadas);
- processos de Disarmament Demobilization and Reintegration (DDR);
- conhecimento do Direito Internacional Humanitário e dos Direitos Humanos;
- familiaridade com o papel de agências, pertencentes ou não às Nações Unidas na
área da missão;
- proficiência em investigar/verificar alegações de abusos de direitos humanos; e
- familiaridade com os princípios das Nações Unidas aplicáveis ao monitoramento de
direitos humanos, à preservação das provas e aos procedimentos de investigação
conjunta com componentes de direitos humanos.
5.3.4 - Negociação e Mediação
Os Peritos são encarregados de:
- facilitar ou conduzir negociações formais e informais entre pessoas e grupos no
domínio;
- representar a missão em negociações;
- ajudar as partes a resolver problemas de propriedade de terras;
- distender a violência e apoiar partidos de oposição a concordar com uma resolução
pacífica;
- facilitar a troca de prisioneiros ou retornos;
- facilitar a repatriação de corpos para as comunidades;
- ajudar as partes a definir as zonas de cessar-fogo;
- facilitar a liberdade de circulação dos componentes da missão; e
- ajudar com o regresso dos refugiados e pessoas deslocadas internamente.
Para tais tarefas, faz-se necessário que o Perito seja proficiente em:
- técnicas básicas de negociação;
- identificação de disputas;
- prevenção de escalada de crises;
- resolução de disputas;
- consciência sobre gênero3; e
3
Diferentemente do sexo, definido biologicamente, o gênero é a percepção cultural, social e histórica das diferentes tarefas,
direitos, deveres e relações com o poder entre homens e mulheres.
- uso de intérpretes.
5.3.4 - Ligação
No curso de suas atividades os Peritos estabelecem ligações informais para interagir
com grupos da comunidade local e com a população durante as patrulhas, assim
como ligações formais por meio de reuniões periódicas ou ad-hoc com grupos ou
altos funcionários, relações com a mídia e participação em cerimônias.
Os Peritos são encarregados de estabelecer ligação com:
- governos locais e nacionais;
- forças militares e de outras instituições de segurança;
- grupos armados opostos;
- agências internacionais; e
- outros parceiros das Nações Unidas, internacionais e nacionais, organizações não
governamentais, incluindo organizações de direitos humanos, a comunidade de
assistência humanitária, grupos da sociedade civil local, incluindo grupos de
mulheres e outras pessoas ou organizações identificadas pela Missão.
Para tais tarefas, faz-se necessário que o Perito possua as seguintes competências:
- boa capacidade de comunicação;
- elevado nível de proficiência na língua oficial da missão;
- técnicas de ligação;
- técnicas de entrevista;
- uso de intérpretes;
- familiaridade com os papéis dos diferentes parceiros relevantes para a realização do
mandato da missão; e
- familiaridade com as obrigações internacionais de direitos humanos e as
implicações da justiça penal.
5.3.6 - Assistência
Os Peritos são encarregados de fornecer informações e assistência geral aos
indivíduos não-militares, organizações como a ONG, operações humanitárias civis,
comunidades locais, instituições governamentais e outros grupos, conforme indicado
pela missão.
Para tais tarefas, faz-se necessário que o Perito esteja familiarizado com o papel das
agências e outros atores na área da missão, o papel da ONU nas áreas de assistência
humanitária, direitos humanos, proteção civil e com os processos de DDR.
5.3.7 - Assessoria
Os Peritos são encarregados de:
- assessorar por meio de briefings: militares, policiais e civis componentes da missão
de paz; e
- prover assessoria aos funcionários do governo e aos partidos envolvidos no
processo de paz sobre questões relacionadas com o seu papel de missão e tarefas
específicas.
Para tais tarefas, o Perito deve ter:
- proficiência em ministrar aulas e realizar apresentações informais, bem como em
programas de computador utilizados em apresentações; e
- familiaridade com o tema “reforma do setor de segurança”, em particular no que diz
respeito ao papel que o governo desempenha neste setor.
5.3.8 - Facilitação da coordenação entre parceiros
Os Peritos são encarregados de:
- coordenar as ações e procedimentos de diversos atores no terreno;
- organizar o local de apoio e administrativo para reuniões;
- facilitar a interação entre funcionários da ONU e outros atores-chave na área da
missão; e
- coordenar o apoio às interações de alto nível conduzidas pela Missão, pelo governo
ou outras partes envolvidas.
5.3.9 - Confecção de relatórios
Os Peritos são encarregados da produção de relatórios escritos, que devem ser
estruturados de uma forma lógica para descrever com precisão os fatos descobertos,
os pressupostos ou a avaliação feita, as ações do escritor, a conclusão e
recomendações pertinentes. Os relatórios devem utilizar os princípios de brevidade,
precisão e clareza.
Os Peritos devem estar em condição de realizar apresentações orais breves a
funcionários do alto escalão das Nações Unidas.
Para tais tarefas, o Perito deve ter:
- proficiência no uso de computadores e sistemas de comunicação;
- habilidade para escrever e falar em alto nível na língua de trabalho;
- experiência na confecção de relatórios escritos;
- familiaridade com os SOP das Nações Unidas sobre comunicação; e
CAPÍTULO 6
O APOIO LOGÍSTICO NAS OPERAÇÕES DE PAZ DE CARÁTER NAVAL
6.1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
As OpPaz de Caráter Naval possuem peculiaridades intrínsecas decorrentes do emprego
de meios navais, particularmente, no tocante à logística, que as distinguem das
Operações de Paz puramente terrestres.
Tendo em vista que as OpPaz de Caráter Naval são realizadas fora do território
nacional, com as forças navais atuando distante de suas bases, o planejamento logístico
é bastante complexo, sendo o atual sistema de reembolso para navios e helicópteros do
país contribuinte também particularizado.
Outro aspecto a ser observado é a presença de meios navais, aeronavais e de fuzileiros
navais de diversos países atuando juntos. Essa peculiaridade apresenta óbices ao apoio
logístico nos aspectos sob a responsabilidade do comando da operação, uma vez que
esses contingentes serão dotados de material diversificado e tendo diferentes culturas e
costumes. Isso, de certa forma, obriga a organização a restringir o apoio logístico aos
aspectos que sejam comuns, cabendo os específicos a cada país contribuinte.
As organizações que, atualmente, possuem procedimentos logísticos relativos às forças
navais para operar em missões multinacionais de paz são a OTAN e a ONU. Este
capítulo tratará do apoio logístico em missões da ONU, organização da qual o Brasil é
país membro.
6.2 - CONCEITUAÇÃO BÁSICA
6.2.1 - Sistema de reembolso da ONU
É o procedimento de reembolsar os países contribuintes no que diz respeito à
depreciação do material empregado, pagamento de pessoal e despesas com transporte
para as áreas de missão e de regresso ao país de origem. A publicação da ONU COE
Manual regula a política de reembolso e controle de equipamentos nacionais
empregados em Operações de Paz deste órgão, bem como apresenta tabelas com
valores e bases para cálculos de reembolso.
Em uma OpPaz de caráter naval, os navios e helicópteros da Força-Tarefa Marítima
são considerados Major Equipments. Atualmente, devido à falta de instruções
específicas referentes ao emprego de meios navais no COE Manual, a ONU
reembolsa seu uso segundo Letters of Assist (LOA) elaboradas para cada país, com
valores calculados de acordo com uma taxa diária denominada all-inclusive daily
rate. Cabe ressaltar que as demais considerações do COE Manual continuam válidas,
tais como inspeções de eficiência, o reembolso de equipamentos individuais,
consumíveis e o custo mensal do militar, diário para o translado de desdobramento e
de repatriação dos meios navais.
Durante a assinatura da LOA, cada país contribuinte negocia seus próprios interesses
bilateralmente com o Departamento de Logística Operacional (Department of Field
Support – DFS), das Nações Unidas, particularmente quanto:
- à taxa de reembolso diária do navio em estação;
- ao custo do trânsito, associado com o desdobramento do meio na área de operações; e
- à taxa de reembolso da hora de vôo do helicóptero embarcado.
6.2.2 - Categorias de reembolso
a) Major Equipment (ME)
Enquadra, genericamente, navios, embarcações, aeronaves, viaturas, máquinas de
emprego genuinamente militar e itens de equipagem de uso coletivo, bem como as
taxas de reembolso por sua caracterização para a missão e por sua depreciação
pelo uso.
Constarão do MOU as taxas de reembolso pelos ME, o limite de indisponibilidade
por categoria de ME e o limite de tempo de indisponibilidade sem penalização.
b) Special Cases
Enquadra material ainda não catalogado como Major Equipment, mas cujo
emprego é reconhecidamente necessário ao desempenho das tarefas ou ao
conforto na área da missão. Existe uma tendência a que, em futuro próximo, todo
o material empregado por forças de paz seja homogeneizado em uma categoria
denominada Standard Major Equipment.
c) Self-Sustainment (SS)
É a capacidade de auto-sustentação no que diz respeito às atividades de comando
e controle, apoio de serviços e de conforto, pequenos equipamentos e
consumíveis. Cada país informa, por ocasião do planejamento de uma OpPaz, as
subcategorias em que é auto-sustentável, bem como a auto-suficiência em termos
de dias de duração na ação, sendo por isso, reembolsado dentro de valores
proporcionais padronizados, desde que os serviços prestados estejam dentro dos
padrões estabelecidos pela ONU. Estes serviços normalmente incluem:
aprovisionamento, assistência médica, escritórios, eletricidade, lavanderia,
suas bases navais para manutenção e ressuprimento dos meios navais empregados
na missão. Além destas, bases navais de países membros, próximos à região de
operações, poderão ser disponibilizadas para uso.
6.3.3 - Organização logística nacional
A articulação do apoio logístico nacional abrange o preparo da força naval e o seu
deslocamento para a área da missão, bem como a concentração de suprimentos em
apoio à esta força e seu transporte posterior. Na área da missão, esses recursos serão
concentrados, inicialmente, na BaLogFor (quando instalada) ou base auxiliar da
ONU, em base em terra de força de fuzileiros navais (quando houver e for adequada
ao apoio à força naval) ou em base de outro contingente nacional participante para
imediata distribuição ao navio a que pertencer.
No nível nacional, o apoio logístico inclui o suporte ao preparo dos meios navais,
aeronavais e de fuzileiros navais, ao seu emprego, aos rodízios de pessoal e meios e à
desmobilização. Caberá à MB, em último caso, coordenar este apoio.
O preparo inclui:
- o adestramento e a instrução do pessoal com vistas às suas futuras tarefas, bem
como a adoção de medidas administrativas, protocolares e profiláticas;
- a avaliação das quantidades em equipamentos e níveis de suprimentos acordados
com a ONU para a fase inicial da operação, bem como dos níveis de segurança que
proporcionem aos navios e contingente de terra a necessária auto-suficiência;
- o confronto das disponibilidades com as necessidades;
- a condução dos processos licitatórios para a aquisição dos recursos disponíveis e
seu recebimento;
- o deslocamento dos navios para a área de operações; e
- o planejamento da obtenção, preparação e envio para a área da missão, em meios da
Força Aérea Brasileira (FAB) e da MB, dos suprimentos em apoio à força naval e
contingentes de fuzileiros navais.
Na fase do emprego, o apoio logístico obedecerá a instruções específicas previstas na
LOA e no MOU. São exemplos de acordos:
- sobressalentes e suprimentos, tais como alimentação, combustível e lubrificantes
são de responsabilidade do país contribuinte;
- o apoio logístico e o reabastecimento dos meios navais podem ser realizados em
bases navais do país anfitrião ou em portos de países vizinhos que apóiam a
execução da missão;
- a partir da chegada na missão, cada embarcação tem direito a duas semanas de
manutenção a cada quatro meses de operação;
- em caso de incidentes ou acidentes envolvendo navios a serviço da FTM, as Nações
Unidas cobrem os prejuízos pessoais e materiais causados a terceiros, desde que
não decorram de negligência ou má conduta. Os prejuízos causados à embarcação
ou navio da FTM e à sua tripulação são de responsabilidade do país contribuinte;
- o atendimento de saúde poderá ser prestado pelas Nações Unidas em hospitais
específicos (nível 2, 3 e 4). O atendimento nível 1 deve ser provido pelo próprio
meio naval;
- o controle dos níveis de suprimentos, na área da missão, com vistas ao
ressuprimento tempestivo dos itens, sejam eles de responsabilidade nacional ou
não;
- o estabelecimento e a manutenção de um canal logístico que permita o
acompanhamento da situação logística na área da missão e o processamento dos
pedidos de ressuprimento; e
- a execução de um plano coordenado de viagens empregando meios de transporte da
FAB e da MB.
Nos rodízios dos navios, os principais aspectos a serem observados são:
- a preparação dos recursos humanos e materiais substitutos, considerando-se
experiências anteriores; e
- concentração e preparação dos itens de suprimento necessários à auto-suficiência
dos navios, aeronaves e GptOpFuzNav substitutos necessários ao período do
desdobramento.
A desmobilização de pessoal, seja ela de meios substituídos ou decorrente do término
da OpPaz, requer sempre especial atenção. De maneira geral, envolve as seguintes
ações:
- concentração e preparação dos recursos humanos e materiais a serem repatriados;
- regresso dos navios, aeronaves e GptOpFuzNav para o Território Nacional; e
- inspeção de saúde para a verificação da higidez física dos recursos humanos.
a) Centro de Coordenação Logística (CCL)
É uma estrutura combinada, de caráter eventual ou permanente, situada em
território nacional e subordinada ao Ministério da Defesa (MD), que tem por
4
Generic Guidelines for Troop Contributing Countries Deploying Military Units to the United Nations Peacekeeping
Missions, Art 1.15.
custo para o Brasil, bastando, para isso, um contato via Conselheiro Militar da
Missão Permanente do Brasil junto à ONU. Este aspecto torna-se especialmente
útil em um primeiro desdobramento; e
- realização de vídeo-conferências com o pessoal já desdobrado.
Além da preparação profissional, a ONU exige que o pessoal desdobrado esteja
apto em exame de saúde. Os padrões determinados pela Organização encontram-
se no Pre-deployment medical examinations of Uniformed Peacekeepers.
Ressalta-se que, segundo a mencionada norma, o repatriamento de militares, cuja
enfermidade (médica, dentária ou mental) tenha origem no período anterior ao
desdobramento, correrá por conta do país contribuinte (ST/AI/2000/14 Travel and
Transportation for Deaths in Service or Health Emergency - Administrative
Instruction).
d) Moral
O assunto é relevante em toda ForPaz. O ambiente difícil e tenso afeta o
condicionamento físico e mental, podendo ter efeitos sobre o moral da tropa e das
guarnições dos navios. É fundamental, portanto, balancear as atividades de
recreação com as tarefas inerentes às operações da Força Naval. Os meios navais
deverão possuir instalações e equipamentos para recreação e realização das
atividades de manutenção da higidez física e do moral. As bases navais, dispondo
de tais meios, também poderão ser empregadas para tal.
A ONU regula, por meio de procedimentos operativos padronizados (Standing
Operating Procedures – SOP), a concessão de afastamentos e o descanso dos
participantes das missões de paz.
Os afastamentos autorizados da área da missão, conhecidos como Leave visam a
contribuir para a manutenção do moral do pessoal, permitindo que os participantes
possam descansar ou mesmo rever os familiares e seu país de origem. Um
exemplo de política de Leave em missões da ONU é o afastamento autorizado de
até dois dias e meio por mês de serviço completado, podendo ser acumulados,
porém sem que o afastamento total ultrapasse vinte dias. Normalmente, a ONU
não cobre o deslocamento de pessoal durante os afastamentos da missão, cabendo
tais despesas aos próprios militares ou ao país contribuinte.
Além disto, podem estar previstos pequenos períodos de descanso e recreação
(arejamento), conhecidos como Rest and Recuperation (R&R), que tem por
5
A/59/19/Rev.1, Capítulo II, para. 21 e A/60/19, para. 68.
6
A/59/19/Rev.1, Capítulo II, para. 22.
7
Generic Guidelines for Troop Contributing Countries Deploying Military Units to the United Nations Peacekeeping
Missions, Art. 1.13.2.
6.5.7 - Engenharia
No âmbito do GptOpFuzNav, as atividades de engenharia poderão melhorar a
infraestrutura em apoio à Força Naval, realizando, entre outras, as seguintes
atividades:
- a melhoria das condições de conforto das bases navais;
- o tratamento de água;
- o lançamento de obstáculos para proteção do perímetro das bases;
- o lançamento de obstáculos canalizadores e redutores da velocidade nos Postos de
Controle (PCt) e nos acessos permitidos às bases; e
- construção de abrigos, paióis de munição e guaritas.
6.5.8 - Polícia
Embora não prevista como função logística pela ONU, o emprego de tropas em
atividades de polícia possibilita à Força Naval o provimento da segurança durante as
necessárias atracações em bases navais ou portos dentro ou fora da região de
operações. Esta atividade é particularmente importante nas Operações de Paz, devido
à possibilidade da existência de sabotadores, terroristas, guerrilheiros e outras Forças
Irregulares, em oposição à presença da missão no país.
ANEXO
REFERÊNCIAS
BRASIL. Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão. Grupo de Visita e Inspeção e
Guarnição de Presa (CAAML-1142). 1ª Rev. Confidencial. Rio de Janeiro, 2007.
CARTA das Nações Unidas e Estatuto da Corte Internacional de Justiça. UNIC: Rio de
Janeiro. 2001.
MCLOUGHLIN, ROB. International Humanitarian Law Series: United Nations Naval Peace
Operations in the Territorial Sea. Serie Lei Internacional Humanitária: Operações Navais de
Paz da ONU no Mar Territorial. Martinus Nijhoff Publishers: Leiden/Boston, 2009.
MINUSTAH. Standing Operating Procedures Military. Procedimentos Operativos
Padronizados Militares. Serie 100. U-1 Personnel: Porto Príncipe, 2005.
ONU. Assembléia Geral das Nações Unidas. Manual on Policies and Procedures Concerning
the Reimbursement and Control of Contingent-Owned Equipment of Troop/Police
Contributors Participating in Peacekeeping Missions (COE Manual). Manual sobre Política e
Procedimentos Concernentes ao Reembolso e Controle de Equipamentos de Contingentes de
Países Contribuintes com Tropa/Polícia participantes em Missões de Paz. Nova Iorque, 2008.
PROENÇA JÚNIOR, Domício; Diniz, Eugenio e Raza, Salvador Ghelfi. Gui de Estudos
Estratégicos. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.