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Professor Alyson Barros
SEMAD-Goiânia 2020
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

9. HUMANIZAÇÃO DA ATENÇÃO. ................................................................... 1


10. MULTIPROFISSIONALIDADE NAS AÇÕES DE SAÚDE. ................................ 14
CLÍNICA AMPLIADA ................................................................................... 16
11. PRECEPTORIA NO SUS. ........................................................................ 32
QUESTÕES ............................................................................................... 34
QUESTÕES COMENTADAS E GABARITADAS .................................................. 36

54
Aula 04

2:
:1
04
0
02
9. Humanização da Atenção.

/2
03
8/
Segundo o site HumanizaSUS:

-2
Política Nacional de Humanização
om
A Política Nacional de Humanização existe desde 2003 para
.c
ok

efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de


tlo
ou

atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e


@

incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores


09

e usuários.
bs
-m

Sabemos o quanto é crítica a situação da saúde no Brasil. O problema é que


1

sempre, ou pelo menos quase sempre foi assim. Um sistema que se propõe
-7
41

universal e integra, mas que não tem médicos, remédios ou atendimento


.9

humanizado. Não é incomum encontrarmos pessoas madrugando à porta de


34
.7

hospitais em busca de senhas de atendimento. Quando atendidas, e seus 2 ou três


17

minutos de atenção dispensada pelo médico, o cidadão tende a ser


-0

reencaminhado para outro profissional. Em contrapartida, o mesmo cidadão se


a
lv
Si

sente impedido de manifestar e de participar da elaboração dos procedimentos


o

necessários a ele mesmo.


un
Br

Qual seria o objetivo maior da humanização? Mudar esse quadro! Veja que
s
co

não falamos apenas de dar “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”, mas de mudar
ar

o modo como o SUS está estruturado para o cidadão e para os profissionais de


M

saúde.
Comecemos pela definição de humanização. Humanização, ao contrário do
que o bom senso diria, não significa povoar de pessoas, “humanizar”, mas
propiciar um contexto com condições mínimas de dignidade da pessoa humana
para o exercício de sua cidadania. Em outras palavras, humanizar é ter serviços
ofertados de forma mais condizente com a promoção da dignidade da pessoa
humana. Isso implica em condições de relação interpessoal, psicológicas, sociais e
até de competência profissional.
Trabalhar em um ambiente desumano, ao contrário, significa trabalhar em
um lugar degradante, com relações pessoais que desvalorizam a saúde

1
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

profissional e do paciente e que afetam negativamente a qualidade de vida das


pessoas. Existe lugar assim na saúde pública brasileira? Sim, sempre houve e
arrisco dizer que sempre haverá. Em toda a história da saúde no Brasil
encontramos aspectos considerados “desumanizantes”, relacionados a falhas no
atendimento e nas condições de trabalho. Entre as falhas de atendimento estão as
longas filas de espera, adiamento de consultas e exames, ausência de
regulamentos, excesso de burocracia, falta de normas e rotinas, deficiência de
instalações e equipamentos, bem como falhas na estrutura física, morosidade
para entrega de exames e para a realização de consultas, consultas muito rápidas,
etc.
Além da desumanização que ocorre pelas condições precárias de

54
atendimento, outros fatores tornam a prática de saúde no Brasil mais um negócio

2:
:1
ou política que uma relação entre o profissional de saúde e seu paciente. Entre

04
esses fatores estão o anonimato do paciente, a falta de privacidade, a

0
02
aglomeração, a falta de preparo psicológico e de informação, bem como a falta de

/2
03
ética por parte de alguns profissionais, etc.

8/
-2
Por outro lado, o profissional de saúde também é afetado pela péssima

om
qualidade da estrutura de saúde no Brasil. Baixos salários, dificuldade na
.c
conciliação da vida familiar e profissional, jornada dupla ou tripla, ocasionando
ok

sobrecarga de atividades e cansaço, o contato constante com pessoas sob tensão


tlo
ou

geram ambiente de trabalho desfavorável.


@

Na nossa área, a área da saúde, a humanização implica na mudança de


09
bs

atitude dos gestores e profissionais de saúde na forma de oferecer seus serviços.


-m

Essa mudança altera o modo como usuários e trabalhadores da área da saúde


1

interagem e o modo como a saúde é estruturada. Podemos dizer que a


-7
41

humanização em saúde possui dois beneficiados: os pacientes e os profissionais


.9
34

de saúde. A humanização na área da saúde tem como um dos seus principais


.7

objetivos, portanto, fornecer um melhor atendimento dos beneficiários e


17
-0

melhores condições para os trabalhadores.


a

Humanizar o atendimento é atuar com ética e orientado para o paciente


lv
Si

em sua doença e, principalmente, em sua dimensão existencial. Humanizar é


o
un

também investir em melhorias nas condições de trabalho dos profissionais da


Br

área, é alcançar benefícios para a saúde e qualidade de vida dos usuários, dos
s
co

profissionais e da comunidade.
ar
M

Chegar nessa humanização, em termos práticos, significa monitorar o


sistema de saúde, privado e/ou particular, mudar a mentalidade dos gestores de
saúde, as práticas dos profissionais de saúde, o ambiente de trabalho e a relação
com os pacientes. Além disso, a humanização pode implicar, também, na
mudança dos protocolos de atendimento, para criar profissionais mais
capacitados e que melhoram o sistema de saúde.
No contexto da saúde, a humanização não é novidade, e no Brasil já temos
uma história consolidada na área. Após a Constituição de 1988, encontramos
algumas iniciativas que contribuíram para a humanização no SUS. Os pontos mais
importantes do nosso passado recente são os seguintes:

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

1999 - Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares –


PNASH
2000 - Programa de Humanização Pré-Natal e Nascimento
2000 - Método Canguru
2000 - Norma de Atenção Humanizada de Recém- Nascido de baixo
peso
2000 a 2002 – Programa Nacional de Humanização da Atenção
Hospitalar ( PNHAH ),
Esses fatos contribuíram para a Política Nacional de Humanização (PNH),
em 2003. Essa foi uma política transversal de governo, construída de forma
coletiva e com diferentes segmentos da sociedade. Essa política foi orientada

54
pelas experiências do SUS que deram certo na época e teve a efetivação dos

2:
:1
princípios do SUS nas práticas do dia-a-dia da atenção e da gestão, fomentando as

04
trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários para a produção de

0
02
saúde.

/2
03
Essa política possui um nome mais comum entre os brasileiros, é o

8/
-2
HumanizaSUS. Essa política, coordenada pelo Ministério da Saúde, traça as

om
seguintes perspectivas:
.c
- Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo
ok

de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores;


tlo
ou

- Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos


@

e dos coletivos;
09
bs

- Aumento do grau de co-responsabilidade na produção de


-m

saúde e de sujeitos;
1

- Estabelecimento de vínculos solidários e de participação


-7
41

coletiva no processo de gestão;


.9
34

- Mapeamento e interação com as demandas sociais,


.7

coletivas e subjetivas de saúde;


17
-0

- Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo


a

brasileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem


lv
Si

distinção de idade, etnia, origem, gênero e orientação


o
un

sexual;
Br

- Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua


s
co

indissociabilidade, tendo como foco as necessidades dos


ar
M

cidadãos, a produção de saúde e o próprio processo de


trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as
relações sociais no trabalho;
- Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais
acolhedor, mais ágil e mais resolutivo;
- Compromisso com a qualificação da ambiência,
melhorando as condições de trabalho e de atendimento;
- Compromisso com a articulação dos processos de
formação com os serviços e práticas de saúde;
- Luta por um SUS mais humano, porque construído com a
participação de todos e comprometido com a qualidade dos

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

seus serviços e com a saúde integral para todos e qualquer


um.
Segundo o Ministério da Saúde:
O campo da humanização
Como política transversal, a PNH entende que, em seu papel articulador,
ela deve se dirigir, por um lado, à facilitação e à integração dos processos e das
ações das demais áreas, criando o campo onde a Política de Humanização se dará;
por outro lado, deve também assumir-se como núcleo de saber e de competências
com ofertas especialmente voltadas para a implementação da Política de
Humanização.
A criação do campo da humanização se fará pela intercessão nas diferentes

54
2:
políticas de saúde. Nesse caso, a PNH trabalhará em ações decididas com as áreas

:1
de modo a integrá-las, além de facilitar contatos e interagir com as instâncias do

04
0
SUS onde tais políticas se efetuam.

02
Suas funções de núcleo de humanização definem-se por garantir,

/2
03
estrategicamente, a especificidade da Política de Humanização e, nesse sentido,

8/
-2
fará ofertas de conteúdos e de metodologias a serem trabalhados sobre processos e

om
prioridades considerados essenciais para cada área da atenção. Além disso,
.c
estabelecerá linhas de implantação, integração, pactuação e difusão da PNH.
ok
tlo

Assim, na construção do campo da humanização, a PNH assume o compromisso


ou

de:
@
09

• propor e integrar estratégias de ação que constituam o “campo da


bs

humanização”, operando como apoio matricial para as áreas, as


-m

coordenações e os programas de saúde no que for com eles


1
-7

contratualizado;
41

• propor e integrar estratégias de ação para implantação da PNH no âmbito


.9
34

do Ministério da Saúde em interface com as demais áreas e coordenações e


.7

as demais instâncias do SUS;


17
-0

• criar grupo de apoiadores regionais da PNH, que trabalharão com as SES,


a

as SMS, os Pólos de Educação Permanente, os hospitais e outros


lv
Si

equipamentos de saúde que desenvolvam ações de humanização. Tal


o
un

grupo funcionará como um dispositivo articulador e fomentador de ações


Br

humanizantes, estimulando processos multiplicadores nos diferentes


s
co

níveis da rede SUS;


ar
M

• criar e incentivar mecanismos de divulgação e avaliação da PNH em


interface com as demais áreas, as coordenações e os programas do MS.

Enquanto núcleo específico, a PNH se propõe a:
• construir metodologias de trabalho para implantação de projetos de
humanização nos diversos âmbitos da rede SUS, seja por meio da
concepção de dispositivos de suporte ao desenvolvimento de ações
voltadas para os usuários no âmbito da atenção, seja no que concerne às
condições de trabalho dos profissionais e dos modelos de gestão do
processo de trabalho em saúde no âmbito da gestão, seja na contribuição
nos processos de formação propondo a inclusão da PNH nos diversos
âmbitos da formação em saúde; seja, ainda, na relação com a cultura, a

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sociedade na perspectiva do fortalecimento da participação dos cidadãos


na construção de um SUS humanizado;
• fortalecer, ampliar e integrar a Rede Nacional de Humanização
estruturada em dimensão presencial e eletrônica.

Implantação e funcionamento da PNH 

Para a implantação de uma PNH efetivamente transversal às
demais ações e políticas de saúde, é necessário combinar a atuação
descentralizada dos diversos atores que constituem o SUS, com a
articulação e a coordenação necessárias à construção de sinergia e ao
acúmulo de experiências.
Assim, ao mesmo tempo em que são experimentadas novas

54
2:
propostas de ação e multiplicadas – com as devidas mediações – as

:1
experiências exitosas, os processos de debate e pactuação entre os níveis

04
0
federal, esta- dual e municipal do SUS deverão consolidar a Humanização

02
como uma estratégia comum e disseminada por toda a rede de atenção.

/2
03
Dessa forma, cabe à Coordenação da PNH articular a atuação das

8/
-2
áreas do Ministério da Saúde, ao mesmo tempo em que contribui para o

om
fortalecimento das ações das secretarias estaduais e das secretarias
.c
municipais de saúde. Assim, esquematicamente, o que se propõe está
ok
tlo

representado no diagrama a seguir:


ou
@
09
bs
-m
1
-7
41
.9
34
.7
17
-0
a
lv
Si
o
un
Br
s
co
ar
M

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E o que é o acolhimento em saúde? É a reorganização do serviço de saúde a


partir da problematização dos processos de trabalho, de modo a possibilitar a
intervenção de toda a equipe multiprofissional, encarregada da escuta e da
resolução do problema do usuário. Significa propor as mudanças estruturais na
forma de gestão do serviço de saúde, ampliando os espaços democráticos de
discussão, de escuta, trocas e decisões coletivas.
O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde e
de atender a todos os que procuram os serviços mediante uma postura capaz de
acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas aos usuários. Esse processo
implica na postura de escuta e compromisso em dar respostas às necessidades de
saúde trazidas pelo usuário, valorizando a cultura, saberes e a capacidade de

54
avaliar riscos.

2:
:1
No acolhimento dos pacientes, temos de adotar a classificação de riscos.

04
Essa classificação é adotada em função da escassez de recursos no contexto da

0
02
saúde Brasileira. Selecionamos os mais graves e que preenchem a determinados

/2
03
critérios para ofertarmos serviços, procedimentos ou medicamentos. Apesar da

8/
-2
saúde ser um direito de todos, há uma fila para ter esse direito.

om
Voltando para a (ir)realidade que devemos estudar para concursos, a
.c
classificação de risco organiza as filas de atendimento e propõe uma nova ordem
ok

de atendimento diferente da ordem de chegada. Seu objetivo maior, para fins de


tlo
ou

concursos, é garantir o atendimento imediato do usuário com grau de risco


@

elevado. Seguido disso temos a sua capacidade de informar o paciente que não
09
bs

corre risco imediato, assim como a seus familiares, sobre o tempo provável de
-m

espera; promover o trabalho em equipe por meio da avaliação contínua do


1

processo; dar melhores condições de trabalho para os profissionais pela discussão


-7
41

da ambiência e implantação do cuidado horizontalizado; aumentar a satisfação


.9
34

dos usuários e, principalmente, possibilitar e instigar a pactuação e a construção


.7

de redes internas e externas de atendimento.


17
-0

É óbvio que apenas a reorganização da fila de atendimento não melhora a


a

qualidade da saúde em um país, mas constrói fluxos claros e um pouco mais


lv
Si

justos de pacientes na rede de atenção à saúde.


o
un
Br

Segundo a cartilha do HumanizaSUS:


s
co
ar
M

O que entendemos por “acolhimento”?


Acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a,
agasalhar, receber, atender, admitir (FERREIRA, 1975). O acolhimento como ato
ou efeito de acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de
aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de
inclusão.
Essa atitude implica, por sua vez, estar em relação com algo ou alguém. É
exatamente nesse sentido, de ação de “estar com” ou “estar perto de”, que
queremos afirmar o acolhimento como uma das diretrizes de maior relevância
ética/estética/política da Política Nacional de Humanização do SUS:

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• ética no que se refere ao compromisso com o reconhecimento do


outro, na atitude de acolhê-lo em suas diferenças, suas dores, suas
alegrias, seus modos de viver, sentir e estar na vida;
• estética porque traz para as relações e os encontros do dia-a-dia a
invenção de estratégias que contribuem para a dignificação da vida
e do viver e, assim, para a construção de nossa própria humanidade;
• política porque implica o compromisso coletivo de envolver-se
neste “estar com”, potencializando protagonismos e vida nos
diferentes encontros.
Nós queremos chamar atenção, neste início de conversa, para a idéia de
que o acolhimento está presente em todas as relações e os encontros que fazemos

54
na vida, mesmo quando pouco cuidamos dele. Entretanto, temos de admitir que

2:
:1
parece ter ficado difícil exercer e afirmar o acolhimento em nossas práticas

04
cotidianas.

0
02
O avanço de políticas com uma concepção de Estado mínimo na

/2
03
reconfiguração da má- quina estatal, na dinâmica da expansão e da acumulação

8/
-2
predatória do capital no mundo, tem produzido efeitos devastadores no que se

om
refere à precarização das relações de trabalho, emprego, e à crescente
.c
privatização dos sistemas de seguridade social, alijando grande parte da
ok

população da garantia das condições de existência. O impacto desse processo, no


tlo
ou

que diz respeito às relações intersubjetivas, é igualmente avassalador, na medida


@

em que as reduz, muitas vezes, ao seu mero valor mercantil de troca.


09
bs

Os processos de “anestesia” de nossa escuta e de produção de indiferença


-m

diante do outro, em relação às suas necessidades e diferenças, têm-nos produzido


1

a enganosa sensação de salvaguarda, de proteção do sofrimento. Entretanto,


-7
41

esses processos nos mergulham no isolamento, entorpecem nossa sensibilidade e


.9
34

enfraquecem os laços coletivos mediante os quais se nutrem as forças de invenção


.7

e de resistência que constroem nossa própria humanidade. Pois a vida não é o que
17
-0

se passa apenas em cada um dos sujeitos, mas principalmente o que se passa


a

entre os sujeitos, nos vínculos que constroem e que os constroem como potência
lv
Si

de afetar e ser afetado.


o
un

Com isso, podemos dizer que temos como um dos nossos desafios reativar
Br

nos encontros nossa capacidade de cuidar ou estar atento para acolher, tendo
s
co

como princípios norteadores:


ar
M

• o coletivo como plano de produção da vida;


• o cotidiano como plano ao mesmo tempo de reprodução, de
experimentação e invenção de modos de vida; e
• a indissociabilidade entre o modo de nos produzirmos como
sujeitos e os modos de se estar nos verbos da vida (trabalhar, viver,
amar, sentir, produzir saúde...).
O acolhimento no SUS: um pouco de história
A idéia de acolhimento nos serviços de saúde já acumula uma farta
experiência em diversos serviços de saúde do SUS. Tal experiência é heterogênea
como o próprio SUS e tem acúmulos positivos e negativos. Reconhecer essa longa
trajetória, ao falar do acolhimento, significa por um lado reconhecer que grande

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parte do que sabemos hoje se deve a esse acúmulo prático, mas também, por
outro lado, é preciso esclarecer a “qual” acolhimento estamos nos referindo, já
que algumas dessas experiências inscreveram o acolhimento numa atitude
voluntária de bondade e favor, por parte de alguns profissionais, e deram ao nome
“acolhimento” alguns significados dos quais não compartilhamos.
Tradicionalmente, a noção de acolhimento no campo da saúde tem sido
identificada:
• ora como uma dimensão espacial, que se traduz em recepção
administrativa e ambiente confortável;
• ora como uma ação de triagem administrativa e repasse de
encaminhamentos para serviços especializados.

54
Ambas as noções têm sua importância. Entretanto, quando tomadas

2:
:1
isoladamente dos processos de trabalho em saúde, se restringem a uma ação

04
pontual, isolada e descomprometida com os processos de responsabilização e

0
02
produção de vínculo. Nessa definição restrita de acolhimento, muitos serviços de

/2
03
saúde:

8/
-2
• convivem com filas “madrugadoras” na porta, disputando sem

om
critério algum, exceto à hora de chegada, algumas vagas na manhã.
.c
É preciso salientar que tais serviços atendem principalmente os
ok

“mais fortes” e não os que mais necessitam de assistência;


tlo
ou

• reproduzem uma certa forma de lidar com trabalho que privilegia


@

o aspecto da produção de procedimentos e atividades em


09
bs

detrimento dos resultados e efeitos para os sujeitos que estão sob


-m

sua responsabilidade. Muitas vezes, oferecem serviços totalmente


1

incongruentes com a demanda e acreditam que o seu objeto de


-7
41

trabalho é esta ou aquela doença ou procedimento, atribuindo


.9
34

menor importância à existência dos sujeitos em sua complexidade e


.7

sofrimento;
17
-0

• atendem pessoas com sérios problemas de saúde sem, por exem-


a

plo, acolhê-las durante um momento de agravação do problema,


lv
Si

rompendo o vínculo que é alicerce constitutivo dos processos de


o
un

produção de saúde;
Br

• encontram-se muito atarefados, com os profissionais até mesmo


s
co

exaustos de tanto realizar atividades, mas não conseguem avaliar e


ar
M

interferir nessas atividades de modo a melhor qualificá-las;


• convivem, os serviços de urgências, com casos graves em filas de
espera porque não conseguem distinguir riscos.
Tais funcionamentos demonstram uma lógica produtora de mais
adoecimento, na qual, ainda hoje, parte dos serviços de saúde vem se apoiando
para o desenvolvimento do trabalho cotidiano. O objetivo principal é o repasse do
problema, tendo como foco a doença e não o sujeito e suas necessidades.
Desdobra-se daí a questão do acesso aos serviços, que, de modo geral, é
organizado a partir das filas por ordem de chegada, sem avaliação do potencial de
risco, de agravo ou do grau de sofrimento.

| 8
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Evidentemente que todas essas práticas não somente comprometem a


eficácia como causam sofrimento desnecessário a trabalhadores e usuários do
SUS. Para superar tais dificuldades, é necessário que outras técnicas e outros
saberes sejam incorporados por todos os profissionais das equipes de saúde.
A proposta do acolhimento, articulada com outras propostas de mudança
no processo de trabalho e gestão dos serviços (co-gestão, ambiência, clínica
ampliada, programa de formação em saúde do trabalhador, direitos dos usuários
e ações coletivas) é um dos recursos importantes para a humanização dos serviços
de saúde.
É preciso não restringir o conceito de acolhi- mento ao problema da
recepção da “demanda espontânea”, tratando-o como próprio a um regime de

54
afetabilidade (aberto a alterações), como algo que qualifica uma relação e é, por-

2:
:1
tanto, passível de ser apreendido e trabalhado em todo e qualquer encontro e não

04
apenas numa condição particular de encontro, que é aquele que se dá na

0
02
recepção. O acolhimento na porta de entrada só ganha sentido se o entendemos

/2
03
como uma passagem para o acolhimento nos processos de produção de saúde.

8/
-2
A reversão desse processo nos convoca à construção de alianças éticas com

om
a produção da vida, em que o compromisso singular com os sujeitos, os usuários e
.c
os profissionais de saúde ganhe centralidade em nossas ações de saúde. Essas
ok

alianças com a produção da vida implicam um processo que estimula a co-


tlo
ou

responsabilização, um encarregar-se do outro, seja ele usuário ou profissional de


@

saúde, como parte da minha vida. Trata-se, então, do incentivo à construção de


09
bs

redes de autonomia e compartilhamento, em que a experimentação advinda da


-m

complexidade dos encontros possibilita que “eu me reinvente, inventando-me


1

com o outro”.
-7
41

[...]
.9
34

O acolhimento como estratégia de interferência nos processos de trabalho


.7

O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética: não


17
-0

pressupõe hora ou profissional específico para fazê-lo, implica compartilhamento


a

de saberes, angústias e invenções, tomando para si a responsabilidade de “abrigar


lv
Si

e agasalhar” outrem em suas de- mandas, com responsabilidade e resolutividade


o
un

sinalizada pelo caso em questão. Desse modo é que o diferenciamos de triagem,


Br

pois ele não se constitui como uma etapa do processo, mas como ação que deve
s
co

ocorrer em todos os locais e momentos do serviço de saúde. Colocar em ação o


ar
M

acolhimento, como diretriz operacional, requer uma nova atitude de mudança no


fazer em saúde e implica:
• protagonismo dos sujeitos envolvidos no pro- cesso de produção
de saúde;
• a valorização e a abertura para o encontro entre o profissional de
saúde, o usuário e sua rede social, como liga fundamental no
processo de produção de saúde;
• uma reorganização do serviço de saúde a partir da
problematização dos processos de trabalho, de modo a possibilitar
a intervenção de toda a equipe multiprofissional encarregada da
escuta e da resolução do problema do usuário;

| 9
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

• elaboração de projetos terapêuticos individuais e coletivos com


equipes de referência em atenção diária que sejam responsáveis e
gestoras desses projetos (horizontalização por linhas de cuidado);
• mudanças estruturais na forma de gestão do serviço de saúde,
ampliando os espaços democráticos de discussão e decisão, de
escuta, trocas e decisões coletivas. A equipe neste processo pode
também garantir acolhimento para seus profissionais e às
dificuldades de seus componentes na acolhida à demanda da
população;
• uma postura de escuta e compromisso em dar respostas às
necessidades de saúde trazidas pelo usuário, de maneira que inclua

54
sua cultura, seus saberes e sua capacidade de avaliar riscos;

2:
:1
• uma construção coletiva de propostas com a equipe local e com a

04
rede de serviços e gerências centrais e distritais.

0
02
O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde,

/2
03
de forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus

8/
-2
pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e dar

om
respostas mais adequadas aos usuários. Ou seja, requer prestar um atendimento
.c
com resolutividade e responsabilização, orientando, quando for o caso, o paciente
ok

e a família em relação a outros serviços de saúde, para a continuidade da


tlo
ou

assistência, e estabelecendo articulações com esses serviços, para garantir a


@

eficácia desses encaminhamentos.


09
bs

Uma postura acolhedora implica estar atento e poroso às diversidades


-m

cultural, racial e étnica.


1
-7

Fonte: Cartilha da PNH - Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde.


41

Ministério da Saúde, 2004.


.9
34
.7

Voltando ao que diz o Ministério da Saúde :


17
-0

A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS tem como


a

propósitos:
lv
Si

- Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os


o
un

princípios e as diretrizes da humanização;


Br

- Fortalecer iniciativas de humanização existentes;


s
co

- Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das


ar
M

práticas de gestão e de atenção;


- Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a
mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão;
- Implementar processos de acompanhamento e avaliação,
ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-
sucedidas.
Para isso, o HumanizaSUS trabalha com três macro-objetivos:
- Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos
gestores e aos conselhos de saúde, priorizando a atenção
básica/fundamental e hospitalar, com ênfase nos hospitais de
urgência e universitários;

| 10
Professor Alyson Barros
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

- Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS na


agenda dos gestores, dos conselhos de saúde e das organizações da
sociedade civil;
- Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os
processos de formação e produção de conhecimento em articulação
com movimentos sociais e instituições.

Na prática, os resultados que a Política Nacional de Humanização busca


são:
- Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso;
- Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de risco;

54
- Implantação de modelo de atenção com responsabilização e vínculo;

2:
:1
- Garantia dos direitos dos usuários;

04
- Valorização do trabalho na saúde;

0
02
- Gestão participativa nos serviços.

/2
03
8/
-2
Seus princípios são os seguintes:

om
Transversalidade
.c
A Política Nacional de Humanização deve se fazer presente e estar inserida
ok

em todas as políticas e programas do SUS. A PNH busca transformar as


tlo
ou

relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da


@

comunicação entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das


09
bs

relações de poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as


-m

diferentes especialidades e práticas de saúde podem conversar com a


1

experiência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir


-7
41

saúde de forma mais corresponsável.


.9
34

Indissociabilidade entre atenção e gestão


.7

As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde. Por isso,


17
-0

trabalhadores e usuários devem buscar conhecer como funciona a gestão


a

dos serviços e da rede de saúde, assim como participar ativamente do


lv
Si

processo de tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de


o
un

saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o cuidado e a assistência em saúde não


Br

se restringem às responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua


s
co

rede sócio-familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si


ar
M

nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a sua saúde


e a daqueles que lhes são caros.
Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos
Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com
a ampliação da autonomia e vontade das pessoas envolvidas, que
compartilham responsabilidades. Os usuários não são só pacientes, os
trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o
reconhecimento do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece
cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua
atuação na produção de saúde.

| 11
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Método
O HumanizaSUS, aposta na INCLUSÃO de trabalhadores, usuários e
gestores na produção e gestão do cuidado e dos processos de trabalho. A
comunicação entre esses três atores do SUS provoca movimentos de
perturbação e inquietação que a PNH considera o “motor” de mudanças e
que também precisam ser incluídos como recursos para a produção de
saúde.
Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos
de gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma
pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir
para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de

54
organizar o trabalho.

2:
:1
04
Mas incluir como?

0
02
As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos sociais e a gestão

/2
03
dos conflitos gerados pela inclusão das diferenças são ferramentas

8/
-2
experimentadas nos serviços de saúde a partir das orientações da PNH.

om
Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que eles, no dia a
.c
dia, reinventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos das
ok

mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários e suas redes sócio-


tlo
ou

familiares nos processos de cuidado é um poderoso recurso para a


@

ampliação da corresponsabilização no cuidado de si.


09
bs
-m

Diretrizes para a implementação do HumanizaSUS


1

A Política Nacional de Humanização atua a partir de orientações clínicas,


-7
41

éticas e políticas, que se traduzem em determinados arranjos de trabalho.


.9
34

Entenda melhor alguns conceitos que norteiam o trabalho da PNH:


.7
17
-0

Acolhimento
a

O QUE É?
lv
Si

Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular


o
un

necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a


Br

relação entre equipes/serviços e usuários/populações. Como valor das


s
co

práticas de saúde, o acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da


ar
M

análise dos processos de trabalho e tem como objetivo a construção de


relações de confiança, compromisso e vínculo entre as
equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede sócio-
afetiva.
COMO FAZER?
Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades
do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários a
tecnologias adequadas às suas necessidades, ampliando a efetividade das
práticas de saúde. Isso assegura, por exemplo, que todos sejam atendidos
com prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco.

| 12
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Gestão Participativa e cogestão


O QUE É?
Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos de
análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da gestão - que se
transforma também em espaço de realização de análise dos contextos, da
política em geral e da saúde em particular, em lugar de formulação e de
pactuação de tarefas e de aprendizado coletivo.
COMO FAZER?
A organização e experimentação de rodas é uma importante orientação da
cogestão. Rodas para colocar as diferenças em contato de modo a produzir
movimentos de desestabilização que favoreçam mudanças nas práticas de

54
gestão e de atenção. A PNH destaca dois grupos de dispositivos de

2:
:1
cogestão: aqueles que dizem respeito à organização de um espaço coletivo

04
de gestão que permita o acordo entre necessidades e interesses de

0
02
usuários, trabalhadores e gestores; e aqueles que se referem aos

/2
03
mecanismos que garantem a participação ativa de usuários e familiares no

8/
-2
cotidiano das unidades de saúde.

om
Colegiados gestores, Mesas de negociação, Contratos Internos de Gestão,
.c
Câmara Técnica de Humanização (CTH), Grupo de Trabalho de
ok

Humanização (GTH), Gerência de Porta Aberta, entre outros, são arranjos


tlo
ou

de trabalho que permitem a experimentação da cogestão no cotidiano da


@

saúde.
09
bs
-m

Ambiência
1

O QUE É?
-7
41

Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem a


.9
34

privacidade, propiciem mudanças no processo de trabalho e sejam lugares


.7

de encontro entre as pessoas.


17
-0

COMO FAZER?
a

A discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das reformas e do uso


lv
Si

dos espaços de acordo com as necessidades de usuários e trabalhadores


o
un

de cada serviço é uma orientação que pode melhorar o trabalho em saúde.


Br
s
co

Clínica ampliada e compartilhada


ar
M

O QUE É?
A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja finalidade é
contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento e do sofrimento,
que considere a singularidade do sujeito e a complexidade do processo
saúde/doença. Permite o enfrentamento da fragmentação do
conhecimento e das ações de saúde e seus respectivos danos e ineficácia.
COMO FAZER?
Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos diagnósticos (outras
variáveis além do enfoque orgânico, inclusive a percepção dos afetos
produzidos nas relações clínicas) e a qualificação do diálogo (tanto entre os
profissionais de saúde envolvidos no tratamento quanto destes com o

| 13
Professor Alyson Barros
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

usuário), de modo a possibilitar decisões compartilhadas e


compromissadas com a autonomia e a saúde dos usuários do SUS.

Valorização do Trabalhador
O QUE É?
É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores e incluí-los
na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de analisar, definir e
qualificar os processos de trabalho.
COMO FAZER?
O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a Comunidade Ampliada
de Pesquisa são possibilidades que tornam possível o diálogo, intervenção

54
e análise do que gera sofrimento e adoecimento, do que fortalece o grupo

2:
:1
de trabalhadores e do que propicia os acordos de como agir no serviço de

04
saúde. É importante também assegurar a participação dos trabalhadores

0
02
nos espaços coletivos de gestão.

/2
03
8/
-2
Defesa dos Direitos dos Usuários

om
O QUE É?
.c
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os serviços de
ok

saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos e assegurar que


tlo
ou

eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde a recepção até a


@

alta.
09
bs

COMO FAZER?
-m

Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser informado
1

sobre sua saúde e também de decidir sobre compartilhar ou não sua dor e
-7
41

alegria com sua rede social.


.9
34
.7

Formação é intervenção
17
-0

... e intervenção é mudança


a

Através de cursos e oficinas de formação/intervenção e a partir da


lv
Si

discussão dos processos de trabalho, as diretrizes e dispositivos da PNH são


o
un

vivenciados e reinventados no cotidiano dos serviços de saúde. Em todo o Brasil,


Br

os trabalhadores são formados técnica e politicamente e reconhecidos como


s
co

multiplicadores e apoiadores da PNH, pois são os construtores de novas


ar
M

realidades em saúde e poderão se tornar os futuros formadores da PNH em suas


localidades.
A PNH investe em diversos materiais de formação, como cartilhas,
documento base e outras publicações disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde.
Acesse!

10. Multiprofissionalidade nas Ações de Saúde.

| 14
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Precisamos, apenas, definir dois pontos desse tópico: o que são equipes
interprofissionais e qual a sua importância.
Equipes interprofissionais são equipes formadas por profissionais de mais
de um campo de conhecimento profissional e que podem atuar em uma das
etapas a seguir:
a) Caracterização do fenômeno estudado: é o entendimento de cada caso a
partir do viés de cada disciplina trabalhada.
b) Atuação conjunta: é o atendimento integrado de um caso por profissionais
de diferentes áreas.
Essas equipes são, portanto, equipes interdisciplinares. O que são equipes
interdisciplinares? Para não termos confusões quanto ao tipo de equipes

54
formadas, podemos sintetizar em um quadro três modalidades de atuação

2:
:1
conjunta:

04
0
Multidisciplinaridade Interdisciplinaridade Transdisciplinaridade

02
- Envolve mais de uma - Envolve mais de uma - Representar um nível de

/2
03
disciplina disciplina integração disciplinar

8/
-2
- Cada disciplina - Adota uma perspectiva além da

om
envolvida mantém sua teórico-metodológica interdisciplinaridade
.c
metodologia e teoria sem comum para as - Etapa Superior de
ok
tlo

modificações disciplinas envolvidas integração onde não


ou

- Não há integração dos - Promove a integração existe fronteira entre as


@

resultados obtidos dos resultados disciplinas


09
bs

- Busca a solução de um - Busca a solução dos - Um sistema de disciplina


-m

problema imediato, sem problemas através da inovado (supera o


1
-7

explorar a articulação. articulação das conceito de disciplina)


41

disciplinas - Nenhum saber é mais


.9
34

- Os interesses próprios importante que outro


.7

de cada disciplina são


17
-0

preservados
a
lv
Si

A vantagem das equipes interprofissionais, portanto, é a melhora no


o
un

embasamento de atuação de cada profissional, pois estará se subsidiando


Br

também pelo trabalho dos colegas de equipe, e a melhor atuação profissional.


s
co

Desse modo, o objetivo da equipe interprofissional é proporcionar o


ar
M

levantamento de informações mais completo e a prestação de serviço mais


adequada para cada caso, mantendo a independência das disciplinas e
promovendo a integração de resultados.
Como é o relacionamento dos profissionais e de suas competências? Nessa
modalidade de organização de equipe, os conhecimentos se complementam e
visam a um resultado comum principal. As competências dos profissionais são
relacionadas para a promoção articulada da solução de problemas.
A equipe interprofissional está presente em várias áreas de atuação
profissional, seja no campo laboral, social ou de saúde. No Estatuto da Criança e
do Adolescente, por exemplo, fala-se da obrigatoriedade de uma equipe
interprofissional mínima constituída por um psicólogo e um assistente social para

| 15
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

tratar de casos de adoção. No contexto do trabalho, podemos falar que existe uma
equipe interprofissional quando profissionais de diferentes áreas do
conhecimento atuam em conjunto para a melhor caracterização (estudo) do
fenômeno, através da atuação conjunta de psicólogos, médicos do trabalho e
ergonomistas, por exemplo, para promover programas de Qualidade de Vida.
Outro exemplo da atuação de equipes interprofissionais é a que deve estar
presente na Saúde Pública, mais especificamente nas equipes de Estratégia de
Saúde da Família1, isso implica que os processos de trabalho em equipe devem se
focar na efetivação da integralidade e na articulação das ações de promoção da
saúde. Essa integralidade é melhor alcançada pela estruturação de equipes de
forma interprofissional.

54
2:
:1
Clínica Ampliada

04
0
A fonte básica de conhecimentos aqui é uma cartilha do Ministério da

02
/2
Saúde relançada em 2008.

03
8/
CLÍNICA AMPLIADA

-2
De modo geral, quando se pensa em clínica, imagina-se um médico
om
prescrevendo um remédio ou solicitando um exame para comprovar ou não a
.c
ok
hipótese do usuário ter uma determinada doença. No entanto, a clínica precisa ser
tlo

muito mais do que isso, pois todos sabemos que as pessoas não se limitam às
ou
@

expressões das doenças de que são portadoras. Alguns problemas como a baixa
09

adesão a tratamentos, os pacientes refratários (ou “poliqueixosos”) e a


bs

dependência dos usuários dos serviços de saúde, entre outros, evidenciam a


-m

complexidade dos Sujeitos que utilizam serviços de saúde e os limites da prática


1
-7

clínica centrada na doença. É certo que o diagnóstico de uma doença sempre


41
.9

parte de um princípio universalizante, generalizável para todos, ou seja, ele supõe


34

alguma regularidade e produz uma igualdade que é apenas parcialmente


.7
17

verdadeira, por exemplo: um alcoolista é um alcoolista e um hipertenso é um


-0

hipertenso.
a
lv

Mas isso pode levar à suposição de que basta o diagnóstico para definir
Si
o

todo o tratamento para aquela pessoa. Entretanto, como já dizia um velho ditado:
un

“cada caso é um caso”. E esta consideração pode mudar, ao menos em parte, a


Br
s

conduta dos profissionais de saúde. Por exemplo, se a pessoa com hipertensão é


co
ar

deprimida ou não, se está isolada, se está desempregada ou não, tudo isso


M

interfere no desenvolvimento da doença. O diagnóstico pressupõe uma certa


regularidade, uma repetição. Mas para que se realize uma clínica adequada é
preciso saber, além do que o sujeito apresenta de igual, o que ele apresenta de
diferente, de singular, inclusive, um conjunto de sinais e sintomas que somente
nele se expressam de determinado modo. Com isso, abrem-se inúmeras
possibilidades de intervenção, e é possível propor tratamentos muito melhores
com a participação das pessoas envolvidas.
A seguir, veremos algumas situações concretas

1
Araújo, E. M. D. & Galimbertti, P. A. (2013). A colaboração interprofissional na Estratégia
Saúde da Família. Psicologia & Sociedade, 25(2), 461-468.

| 16
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Um serviço de hematologia percebeu que mesmo tendo disponível toda a


tecnologia para o diagnóstico e o tratamento dos usuários com anemia falciforme,
havia um problema que, se não fosse levado em conta, não resolveria a anemia
desses usuários. Essa doença acomete principalmente a população negra que, na
cidade em que o serviço funcionava, só tinha acesso ao trabalho braçal, herança
de uma história de discriminação racial e resultado da desigualdade social. O
serviço percebeu que o tratamento ficaria muito limitado caso o enfoque fosse
estritamente hematológico, pois a sobrevivência dos usuários estava ameaçada
pela composição da doença com o contexto em que os sujeitos se encontravam.
Era necessário criar novas opções de trabalho para esses usuários do serviço, uma
vez que, mesmo com acesso a tratamento, eles não poderiam executar trabalhos

54
braçais. A equi- pe então se debruçou sobre o problema e propôs buscar ajuda em

2:
:1
escolas de computação, com a ideia de oferecer cursos para aos usuários com

04
anemia falciforme que o desejassem, criando assim novas opções de trabalho e

0
02
melhorando a expectativa de vida. O serviço buscou aumentar a autonomia dos

/2
03
usuários, apesar da doença.

8/
-2
O serviço de saúde poderia ter se concentrado no problema genético e em toda a

om
tecnologia que ele dispõe para diagnóstico e tratamento, ignorando a história e a
.c
situação social das pessoas que estão sob seus cuidados, comprometendo assim a
ok

adesão ao tratamento e a eficácia.


tlo
ou

Podemos dizer então que a clínica ampliada é (DECORE):


@

• um compromisso radical com o sujeito doente, visto de modo singular;


09
bs

• assumir a RESPONSABILIDADE sobre os usuários dos serviços de saúde;


-m

• buscar ajuda em outros setores, ao que se dá nome de INTERSE-


1

TORIALIDADE;
-7
41

• RECONHECER OS LIMITES DOS CONHECIMENTOS dos profissionais de


.9
34

saúde e das TECNOLOGIAS por eles empregadas e buscar outros


.7

conhecimentos em diferentes setores, como no exemplo


17
-0

• mencionado anteriormente em que o serviço de saúde incorporou o


a

conhecimento acerca da situação de exclusão em que viviam seus usuários;


lv
Si

• assumir um compromisso ÉTICO profundo.


o
un
Br

A situação mencionada demonstra as implicações éticas da clínica, pois, se


s
co

o serviço de saúde tivesse reduzido os usuários à doença, ele pode- ria ser
ar
M

considerado cúmplice da discriminação racial e da desigualdade social que ainda


existe no país.
Como se sabe, não são poucas as situações em que o adoecimento é
causado ou agravado por situações de dominação e injustiça social. Algumas
dessas dominações podem passar despercebidas, como é o caso das relações de
gênero, dada a prevalência em alguns contextos culturais. As doenças (como a
LER/DORT) causadas pela superexploração, pelas condições de trabalho
inadequadas ou formas de gestão autoritárias também são outros exemplos. A
clínica ampliada exige, portanto, dos profissionais de saúde um exame
permanente dos próprios valores e dos valores em jogo na sociedade. O que pode
ser ótimo e correto para o profissional pode estar contribuindo para o

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adoecimento de um usuário. O compromisso ético com o usuário deve levar o


serviço a ajudá-lo a enfrentar, ou ao menos perceber, estas causalidades externas.
E por falar de dificuldades, não podemos esquecer que, às vezes, o próprio
diagnóstico já traz uma situação de discriminação social que aumenta o
sofrimento e dificulta o tratamento (exemplos são as doenças que produzem
discriminação social, e os “diagnósticos” que paralisam a ação de saúde, em vez
de desencadeá-la). Cabe à clínica ampliada não assumir como normal estas
situações, principalmente quando comprometem o tratamento.
Algumas sugestões práticas
A ESCUTA – Escutar significa, num primeiro momento, acolher toda queixa
ou relato do usuário mesmo quando possa parecer não interes- sar diretamente

54
para o diagnóstico e tratamento. Mais do que isto, é preciso ajudá-lo a reconstruir

2:
:1
(e respeitar) os motivos que ocasionaram o seu adoecimento e as correlações que

04
o usuário estabelece entre o que sente e a vida – as relações com seus convivas e

0
02
desafetos. Ou seja, perguntar por que ele acredita que adoeceu e como ele se

/2
03
sente quando tem este ou aquele sintoma. Quanto mais a doença for compreendi-

8/
-2
da e correlacionada com a vida, menos chance haverá de se tornar um problema

om
somente do serviço de saúde, mas sim, também, do sujeito doente. É mais fácil,
.c
assim, evitar a infantilização e a atitude passiva diante do tratamento. Pode não
ok

ser possível fazer uma escuta detalhada o tempo todo para todo mundo
tlo
ou

(dependendo do tipo de serviço de saúde), mas é possível escolher quem precisa


@

mais, e é possível temperar os encontros clínicos com estas “frestas de vida”.


09
bs

VÍNCULO E AFETOS – Tanto profissionais quan- to usuários,


-m

individualmente ou coletivamente, transferem afetos. Um usuário pode associar


1

um profissional com um parente e vice-versa. Um profissional que tem um parente


-7
41

com diabete não vai sentir-se da mesma forma, ao cuidar de um sujeito com
.9
34

diabete, que um profissional que não tem este vínculo afetivo.


.7

É necessário aprender a prestar atenção nesses fluxos de afetos para


17
-0

melhor compreender-se e compreender o outro, e poder ajudar a pessoa doente a


a

ganhar mais autonomia e lidar com a doença de modo proveitoso para ela. Nesse
lv
Si

pro- cesso, a equipe de referência é muito importante, porque os fluxos de afetos


o
un

de cada membro da equipe com o usuário e familiares são diferentes, permitindo


Br

que as possibilidades de ajudar o sujeito doente sejam maiores. Sem esquecer


s
co

que, dentro da própria equipe estas transferências também acontecem.


ar
M

MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA


– Infelizmente o mito de que os tratamentos e intervenções só fazem bem é muito
forte. Ocorre, entretanto, com relativa frequência, o uso inadequado de
medicações e exames, causando graves danos à saúde e desperdício de dinheiro.
Os diazepínicos e antidepressivos são um exemplo. Aparentemente, muitas vezes,
é mais fácil para os profissionais de saúde e também para os usuários utilizarem
esses medicamentos, do que conversar sobre os problemas e desenvolver a
capacidade de enfrentá-los. O uso abusivo de antibióticos e a terapia de reposição
hormonal são outros exemplos. Quanto aos exames, também existe uma
mitificação muito forte. É preciso saber que muitos deles têm riscos à saúde e
limites, prin- cipalmente quando são solicitados sem os devidos critérios. A noção

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de saúde como bem de consumo (“quanto mais, melhor”) precisa ser combatida
para que possamos diminuir os danos. O real significado e as expectativas das
pessoas quando procuram um serviço de saúde precisam ser trabalhados na
clínica ampliada, para diminuir o número de doenças causadas por tratamento e
para não iludir as pessoas.
EVITAR RECOMENDAÇÕES PASTORAIS E CULPABILIZANTES. NEGOCIAR
RESTRIÇÕES SEM RANCOR E LEVANDO EM CONTA INVESTIMENTOS DO DOENTE
– Quem nunca viu aquele usuário que se compraz em provocar a equipe contando
que não tomou a medicação ou que burlou uma dieta? Como isso acontece?
Acontece que muitas vezes a equipe, acreditando que uma determinada forma de
viver seja mais saudável, põe-se a orientar enfaticamente os usu- ários sobre o que

54
fazer e evitar. Fala muito e escuta pouco. Então, quando os usuários encontram

2:
:1
dificuldades de seguir “as ordens” ou têm outras prioridades, a equipe se irrita

04
com eles, muitas vezes não se dando conta disso. Essa irritação transparece e

0
02
dificulta o diálogo e a possibilidade de uma proposta terapêutica pactuada com o

/2
03
usuário, provocando reações de “afirmação de autonomia” e resistência ao

8/
-2
tratamento, gerando um neurótico círculo vicioso.

om
É muito importante tentar produzir co-responsabilidade e não culpa. A
.c
culpa anestesia, gera resistência e pode até humilhar. Muitas vezes, entra em
ok

funcionamento uma forma inconsciente da equipe de lidar com as limitações do


tlo
ou

tratamento transferindo o ônus de um possível fracasso para o usuário.


@

TRABALHAR COM OFERTAS E NÃO APENAS COM RESTRIÇÕES – As


09
bs

mudanças de hábitos podem ser encaradas como ofertas de experiên- cias novas e
-m

não apenas como restrições. Atividade física pode ser uma prazerosa descoberta,
1

pratos mais adequados podem ser bons, etc. Se admitirmos que o jeito normal de
-7
41

viver a vida é apenas mais um, e não o único, e que as descobertas podem ser
.9
34

interessantes, fica mais fácil construir conjuntamente propostas aceitáveis.


.7

ESPECIFICAR OFERTAS PARA CADA SUJEITO – Se um usuário ama a


17
-0

atividade X ou a comida Y que, no entanto, não são recomendáveis para sua


a

condição biológica, é preferível não começar o tratamento por ali. Ou então,


lv
Si

tentar um “meio termo” possível (redução de da nos). Especificar os Projetos


o
un

Terapêuticos significa procurar o jeito certo e a proposta certa para cada pessoa
Br

ou grupo, de acordo com suas preferências e história.


s
co

EVITAR INICIAR CONSULTAS QUESTIONANDO AFERIÇÕES E


ar
M

COMPORTAMENTOS. VALORIZAR QUALIDADE DE VIDA – Ao lidar com pessoas


portadoras de doenças crônicas, pode ser muito eficiente não começar todos os
encontros com perguntas sobre a doença (comeu, não comeu, tomou remédio ou
não, etc.) ou infantilizantes (“comportou-se??”). Isso mostra ao usuário o que
queremos: ajudá-lo a viver melhor e não torná-lo submisso às nossas propostas.
PERGUNTAR O QUE O USUÁRIO ENTENDEU DO QUE FOI DITO SOBRE
SUA DOENÇA E MEDICAÇÃO – A linguagem dos profissionais de saúde nem
sempre é compreensível. Portanto, habituar-se a perguntar o que foi ouvido do
que dissemos ajuda muito. Além disso, é importante ouvir quais as causas da
doença na opinião dos usuários. Em doenças crônicas é muito comum que a
doença apareça após um estresse, como falecimentos, desemprego ou prisões na

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família. Ao ouvir as associações causais, a equipe pode saber em que situações


similares o usuário pode piorar e o quanto o tratamento pode depender do
desenvolvimento da capacidade do usuário de lidar com essas situações.
Algumas sugestões para tentar evitar hipocondria e hipermedicação
EVITAR ASSUSTAR O USUÁRIO – O medo nem sempre é um bom aliado.
Provavelmente funciona menos do que se imagina. Afinal, supor que o medo de
adoecer ou morrer vai funcionar sempre significa supor que as pessoas agem
sempre de forma racional em direção aos seus interesses de sobrevivência.
Evidentemente, não somos assim. Existem forças internas, como os desejos (por
exemplo, por uma comida “especial”, ou uma atividade importante); existem
forças externas, como a cultura, definindo papéis sociais e hábitos de vida. Por

54
tudo isso, talvez na maioria das vezes, assustar o usuário é uma ação pouco eficaz

2:
:1
que pode tanto levar a pessoa a uma dependência do serviço, quanto à resistência

04
ao tratamento. Isso não significa que não devam ser apresentados os possíveis

0
02
riscos.

/2
03
LEMBRAR QUE DOENÇA CRÔNICA NÃO PODE SER A ÚNICA

8/
-2
PREOCUPAÇÃO DA VIDA. EQUILIBRAR COMBATE À DOENÇA COM PRODUÇÃO DE

om
VIDA – “Medicalização da vida” é quando a doença torna-se preocupação central
.c
na vida do usuário. Isso é muito comum em doenças crônicas. A autonomia
ok

diminui e procurar médicos e fazer exames torna-se uma atividade central e quase
tlo
ou

única. Na verdade, as mesmas atitudes que podem produzir resistência ao


@

tratamento podem facilitar a medicalização. Resistência ou dependência são duas


09
bs

faces da mesma moeda. A equipe deve saber adequar as propostas terapêuticas


-m

aos investimentos afetivos do usuário (ou seja, o que gosta ou o que não gosta)
1

para que a doença e o tratamento não se tornem o seu objeto de investimento


-7
41

central. Isso é equilibrar as preocupações e ações de combate à doença com as


.9
34

preocupações de produção de vida.


.7

ATUAR NOS EVENTOS MÓRBIDOS COM O MÁXIMO DE APOIO E O MÍNIMO


17
-0

DE MEDICAÇÃO. PREFERIR FITOTERÁPICOS A DIAZEPÍNICOS – Muitos usuários


a

iniciam uma doença durante processos de luto ou situações difíceis, como


lv
Si

desemprego, prisão de parente, etc. A repetição ou persistência dessas situações


o
un

também pode agravar a doença. É importante que a equipe tente lidar com essas
Br

situações da forma competente e tentando evitar dependência dos ansiolíticos


s
co

(diazepínicos, principalmente). A capacidade de escuta da equipe é uma grande


ar
M

ferramenta e é preciso saber que parte da cura depende do sujeito aprender a lidar
com essas situações agressivas de uma forma menos danosa. A ideia de que toda
dor ou estresse requer um ansiolítico é extremamente difundida, mas não pode
seduzir a equipe de saúde, que deve apostar num conceito de saúde ampliado que
inclui também a capacidade de lidar com os limites e revezes da vida da forma
mais produtiva possível. O ansiolítico deve ser de preferência inicialmente
fitoterápico, por não gerar dependência, e deve ser encarado como se fosse um
pedido de tempo numa partida esportiva: permite uma respirada e uma reflexão
para continuar o jogo. Mas o essencial é o jogo e não sua interrupção.
DIREITO À DIFERENÇA – Uma outra possibilidade, importante no caso de
atenção à população étnica ou culturalmente diferenciada, como indígenas,

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negros ou ciganos é considerar a provável existência de recursos e de atores


sociais que atuam com o terapeutas tradicionais, que compõem o universo
sociocultural desses segmentos da população. A procura paralela e autônoma
desses recursos deve ser considerada. O diálogo respeitoso sobre essa
possibilidade configura condição indispensável tanto da aproximação à lógica das
concepções e práticas sobre o processo saúde-doença afeitas ao sujeito doente e à
sua rede social, como de possíveis negociações terapêuticas no objetivo de atingir
resultados que combinem maiores chances de eficácia biomédica com
aceitabilidade cultural.
EQUIPE DE REFERÊNCIA (INTERDISCIPLINAR) E APOIO MATRICIAL
O trabalho em saúde pode ser comparado a uma corrente, cuja resistência

54
(eficácia) depende de todos os elos. Se a corrente é quase toda de aço, mas um elo

2:
:1
é de plástico, a resistência à tração do conjunto é a do plástico e não a do aço.

04
Essa metáfora demonstra a grande interdependência do trabalho em saúde. É vá-

0
02
lida tanto para um serviço de saúde com seus diferentes profissionais quanto para

/2
03
o sistema de saúde com seus diferentes serviços. Portanto, a qualidade da atenção

8/
-2
e a satisfação dos trabalhadores também dependerão de como a gestão facilita

om
este diálogo e reforça a interação criativa entre profissionais e serviços de saúde. É
.c
por isso que a proposta de Equipe Interdisciplinar (de Referência) e Apoio Matricial
ok

objetiva facilitar a humanização da gestão e da atenção ao mesmo tempo.


tlo
ou

O conceito de equipe de referência é simples. Podemos tomar como


@

exemplo a equipe multiprofissional de Saúde da Família, que é referência para


09
bs

uma determinada população. No plano da gestão esta referência facilita um


-m

vínculo específico entre um grupo de pro- fissionais e um certo número de


1

usuários. Isso possibilita uma gestão mais centrada nos fins do que nos meios
-7
41

(consultas por hora é um exemplo de gestão centrada nos meios). No entanto, a


.9
34

proposta de equipes de referência vai além da responsabilização e chega até a


.7

divisão de poder gerencial. As equipes interdisciplinares ou transdisciplinares (o


17
-0

“trans” aqui indica o aumento do grau de comunicação, da troca de saberes, de


a

afetos e de co-responsabilidade entre os integrantes da equipe) têm que ter algum


lv
Si

poder de decisão na organização, principalmente, no que diz respeito ao processo


o
un

de trabalho da equipe. Não há como propor humanização da gestão e da atenção


Br

sem propor um equilíbrio maior de poderes nas relações entre os trabalhadores


s
co

dentro da organização e na relação da organização com o usuário. Primeiro,


ar
M

porque, do contrário, as decisões serão centralizadas em um serviço de saúde ou


em um profissional da equipe, reduzindo o trabalho dos outros trabalhadores a
simples execução, o que, além de ser adoecedor para estes trabalhadores, será
péssimo para a qualidade da atenção, já que o envolvimento com o usuário tende
a diminuir e o trabalho a se burocratizar. Em segundo lugar, se a gestão não
produz relações de poder na organização de saúde que valorizem a equipe como
espaço de decisão, ela faz o contrário: produz fragmentação desta equipe. Em
outras palavras: nada pior para dois profissionais que estão na mesma equipe,
trabalhando com o mesmo usuário, do que estarem obrigados a dialogar por meio
de terceiros, ou seja, por intermédio dos seus coordenadores (“superiores”, como
se costuma dizer). As diferenças e os conflitos, em vez de serem preferencialmente

| 21
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resolvidas no grupo, são remetidas aos coordenadores, para que eles conversem e
resolvam. Isto é, produz-se uma certa “infantilização” dos trabalhadores e induz-
se mais a competição do que a cooperação e coletivização. A falta de equipe de
referências pode induzir uma ilusão de auto-suficiência das corporações e um
clima de disputa estéril no serviço. A proposta de equipe de referência pretende,
ao menos, não alimentar estes conflitos corporativos, colocando o usuário no
centro do processo gerencial e da atenção.

54
2:
:1
04
0
02
/2
03
8/
-2
om
.c
ok
tlo
ou
@
09
bs
-m
1
-7
41
.9
34
.7
17
-0
a
lv
Si

A Figura 1 pode se encaixar em qualquer organograma típico, piramidal,


o
un

que divide o trabalho em “caixinhas” separadas (setores, departamentos,


Br

programas...) e concentra o poder no alto. Podemos tomar o organograma como


s
co

parâmetro didático da lógica de gestão. Não significa que toda mudança tenha
ar
M

necessariamente que começar pelo organograma. O que importa é a vida real da


organização/ serviço e a construção de linhas de diálogo em todas as direções
(não somente de cima para baixo), ou seja, o que importa é construir viabilidade
para a chamada “transversalidade”, que muitas vezes pode fazer um organograma
“real” mais adequado.
Potencialmente os organogramas podem induzir tanto o trabalho
cooperativo quanto competitivo (MORGAN, 1996). Porém, o organograma
tradicional induz predominantemente à competição porque propõe uma pirâmide
em que no alto concentra-se muito poder de decisão. É chamado organograma
VERTICAL. O organograma também é potencialmente cooperativo porque propõe
uma certa divisão de trabalho que, teoricamente, no somatório do trabalho de

| 22
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todas as “caixinhas”, resultaria na missão da organização. Mas, no caso das


organizações de saúde, quando o usuário vai transitando entre as caixinhas quase
como numa “linha de montagem” (com os tais “encaminhamentos” no sistema, e
com as “interconsultas” nos hospitais), isso não funciona muito bem. Ao final da
linha o usuário fica sem alguém que seja responsável por ele como um “todo”,
como se costuma dizer. Cada profissional faz a sua “parte” e não há quem “junte
as partes”. Alguns autores chamam esta responsabilização que “junta tudo” de
coordenação (STARFIELD, 2002). Mas, como o saber popular analisa, “o que é de
todo mundo, não é de ninguém”. E nesta lógica, ocorre com maior facilidade o que
se chama de “desresponsabilização”, além da sobreposição de atividades (de
exames, por exemplo), das iatrogenias (desde que não há quem se responsabilize

54
por pensar qual será o resultado da soma de todas as propostas de intervenção) e

2:
:1
uma maior probabilidade de haver abandono de tratamento sem que os serviços

04
sequer percebam. O usuário muitas vezes fica com uma sensação de desamparo

0
02
(uma vez que “pula” entre serviços e profissionais), enquanto o trabalhador se

/2
03
distancia da possibilidade de ver o resultado final do seu trabalho para o usuário,

8/
-2
identificando-se preponderantemente com partes do processo (reforçando a

om
chamada redução do objeto de trabalho).
.c
Num serviço hospitalar pode-se definir a equipe de referência como o
ok

conjunto de profissionais que se responsabiliza pelos mesmos usuários


tlo
ou

cotidianamente. Por exemplo, um certo número de leitos em uma enfermaria a


@

cargo de uma equipe. Esta mesma equipe pode ter profissionais que trabalhem
09
bs

como apoiadores, quando fazem uma “interconsulta” ou um procedimento em


-m

usu- ários que estão sob a responsabilidade de outra equipe. A diferença do apoio
1

e da interconsulta tradicional é que o apoiador faz mais do que a interconsulta, ele


-7
41

deve negociar sua proposta com a equipe responsável. Ou seja, é da


.9
34

responsabilidade da equipe de referência entender as propostas, as implicações e


.7

as interações que o diagnóstico e a proposta do apoiador vão produzir. Nessa


17
-0

proposta não é possível transferir a responsabilidade dos pedaços do usuário por


a

especialidades.
lv
Si

Outros tipos de apoio também podem existir. A coordenação por


o
un

categorias profissionais (clínica, de enfermagem, de fisioterapia, etc.), por


Br

programas e temas (como o Controle de Infecções Hospitalares) também pode


s
co

funcionar como apoiadores. Em vez de apenas prescrever determinações, estes


ar
M

apoiadores deverão reconhecer a legitimidade da equipe e negociar as propostas


e as formas de realizá-las com cada uma das equipes. Passam a fazer o chamado
apoio à gestão para as equipes de referência, ajudando-as a aumentar sua
capacidade de análise da realidade e de intervenção.
As unidades de urgência e emergência também podem adotar a mesma
lógica interna de divisão por equipes de referência em relação aos leitos de
observação ou de espera para internação. Estas equipes deverão encontrar formas
de lidar com as trocas de plantão sem perder o seguimento e tentando construir
projetos terapêuticos. Durante o dia é recomendável dispor de profissionais com
contratos de diaristas para poder acompanhar os freqüentadores assíduos e os
internados de forma mais eficaz e de fato constituir uma equipe multiprofissional.

| 23
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No entanto, mesmo quando há esta inserção horizontal de profissionais no servi-


ço é necessário trocar plantões. Estes momentos podem ser valorizados para a
construção de Projetos Terapêuticos Singulares. As equipes de referência nas
unidades de urgência deverão se responsabilizar pelos usuários que as procuram,
devendo buscar formas de contato com as unida- des internas do hospital.
Enquanto uma equipe de uma unidade de especialidade não acolhe um paciente
ou não faz determinado procedi- mento, o paciente deve ser considerado como de
responsabilidade da equipe de referência da urgência, para evitar que o paciente
fique abandonado. Há também os contratos com as unidades externas do
hospital: as equipes de atenção básica ou de um serviço de especialidade
precisam saber – não somente por meio do usuário – que um paciente sob sua

54
responsabilidade está usando assiduamente uma unidade de urgência, ou

2:
:1
apresentou uma complicação de um problema crônico. É preciso criar novas

04
formas de comunicação na rede assistencial a partir do apoio matricial

0
02
Em relação à REDE ASSISTENCIAL, como funciona o princípio da equipe de

/2
03
referência? Da mesma forma. Os centros de especialidade passam a ter “dois

8/
-2
usuários”: os seus usuários propriamente ditos e as equipes de referência da

om
atenção básica com a qual estes usuários serão compartilhados.
.c
Um grande centro de especialidade pode ter várias equipes de referência
ok

locais. O “contrato de gestão” com o gestor local pode não ser mais apenas sobre
tlo
ou

o número de procedimentos, mas também sobre os resultados. Um centro de


@

referência em oncologia, por exemplo, vai ter muitos usuários crônicos ou sob
09
bs

tratamento longo. Os seus resultados (a serem pactuados e avaliados em


-m

contratos de gestão com o gestor da rede local) podem depender da equipe local
1

de Saúde da Família, como por exemplo da capacidade desta, de lidar com a rede
-7
41

social necessária a um bom pós-operatório, ou do atendimento adequado de


.9
34

pequenas intercorrências. A equipe especialista poderia fazer reuniões com a


.7

equipe local, para trocar informações, orientar e planejar conjuntamente o Projeto


17
-0

Terapêutico de usuários compartilhados que estão em situação mais grave.


a

Quem está na atenção básica tem um ponto de vista diferente e


lv
Si

complementar ao de quem está num centro de referência. A equipe na Atenção


o
un

Básica tem mais chance de conhecer a família a longo tempo, conhecer a situação
Br

afetiva, as consequências e o significado do adoecimento de um deles. O centro de


s
co

especialidade terá uma visão mais focalizada na doença. Um especialista em


ar
M

cardiologia pode tanto discutir projetos terapêuticos de usuários crônicos com-


partilhados com as equipes locais, como trabalhar para aumentar a autonomia
das equipes locais, capacitando-as melhor, evitando assim compartilhamentos
desnecessários. Tudo isso porque, do ponto de vista gerencial, mudou o contrato
de gestão. Estendeu-se a responsabilidade da equipe especialista, para além da
realização de procedimentos ou consultas. Um centro de especialidade que
consiga aumentar a capacidade de prevenção e intervenção das equipes locais
adscritas pode diminuir a sua demanda e aumentar sua eficácia. A velha ficha de
referência e contrarreferência continua existindo, mas incorporam-se outros
recursos para incrementar o diálogo entre os diferentes serviços. Um destes
recursos, veremos adiante, é o Projeto Terapêutico Singular.

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A proposta de Núcleo de Saúde Integral pode ser entendida como uma


proposta de apoio matricial. Se o contrato do profissional de nutrição, por
exemplo, não for de apoio matricial, sua ação em consultas individuais será
segmentada e ele não dará conta da demanda. Por outro lado, se ele aprender a
fazer o apoio, poderá compartilhar os seus saberes para que as equipes na
Atenção Básica sob sua responsabilidade sejam capazes de resolver os problemas
mais comuns e poderá participar das reuniões com as equipes para fazer projetos
terapêuticos singulares nos casos mais complicados. A atenção individual pode
ocorrer, mas não deve se configurar na principal atividade do nutricionista.
Evidentemente, para que isso aconteça o profissional que faz apoio deve adquirir
novas competências e o contrato com o gestor deve ser muito claro.

54
A proposta de equipe de referência exige a aquisição de novas capacidades

2:
:1
técnicas e pedagógicas tanto por parte dos gestores quanto dos trabalhadores. É

04
um processo de aprendizado coletivo, cuja possibilidade de sucesso está

0
02
fundamentada no grande potencial resolutivo e de satisfação que ela pode trazer

/2
03
aos usuários e trabalhadores. É importante para a humanização porque se os

8/
-2
serviços e os saberes profissionais muitas vezes recortam os Sujeitos em partes ou

om
patologias, as equipes de referência são uma forma de resgatar o compromisso
.c
com o Sujeito, reconhecendo toda a complexidade do seu adoecer e do seu
ok

projeto terapêutico. Uma das dificuldades de executar esta proposta é reconhecer


tlo
ou

a interdependência entre profissionais e serviços, porque isso pode significar


@

reconhecer os próprios limites e a necessidade de inventar caminhos e soluções


09
bs

que estão além do saber e competência de cada um. Se esta é a dificuldade, esta é
-m

também a grande força motriz, uma vez que o trabalho criativo é muito mais
1

saudável e prazeroso. O desafio, portanto, é o da mudança de uma cultura


-7
41

organizacional no SUS, ou melhor, a mudança de uma cultura organizacional


.9
34

ainda em desacordo com os princípios do SUS.


.7
17
-0

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR – PTS


a

O PTS é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas,


lv
Si

para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma


o
un

equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário. Geralmente é dedicado


Br

a situações mais complexas. No fundo é uma variação da discussão de “caso


s
co

clínico”. Foi bastante desenvolvido em espaços de atenção à saúde mental como


ar
M

forma de propiciar uma atuação integrada da equipe valorizando outros aspectos,


além do diagnóstico psiquiátrico e da medicação, no tratamento dos usuários.
Portanto, é uma reunião de toda a equipe em que todas as opiniões são
importantes para ajudar a entender o Sujeito com alguma de- manda de cuidado
em saúde e, conseqüentemente, para definição de propostas de ações. O nome
Projeto Terapêutico Singular, em lugar de Projeto Terapêutico Individual, como
também é conhecido, nos parece melhor porque destaca que o projeto pode ser
feito para grupos ou famílias e não só para indivíduos, além de frisar que o projeto
busca a singularidade (a diferença) como elemento central de articulação
(lembrando que os diagnósticos tendem a igualar os sujeitos e minimizar as
diferenças: hipertensos, diabéticos, etc.).

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O PTS contém quatro momentos:


1) O diagnóstico: que deverá conter uma avaliação orgânica,
psicológica e social, que possibilite uma conclusão a respeito dos
riscos e da vulnerabilidade do usuário. Deve tentar captar como o
Sujeito singular se produz diante de forças como as doenças, os
desejos e os interesses, assim como também o trabalho, a cultura, a
família e a rede social. Ou seja, tentar entender o que o Sujeito faz
de tudo que fizeram dele.
2) Definição de metas: uma vez que a equipe fez os diagnósticos, ela
faz propostas de curto, médio e longo prazo, que serão negociadas
com o Sujeito doente pelo membro da equipe que tiver um vínculo

54
melhor.

2:
:1
3) Divisão de responsabilidades: é importante definir as tarefas de

04
cada um com clareza.

0
02
4) Reavaliação: momento em que se discutirá a evolução e se farão

/2
03
as devidas correções de rumo.

8/
-2
É realmente muito simples, mas alguns aspectos precisam ser observados:

om
a) a escolha dos casos para reuniões de PTS: a proposta é de que
.c
sejam escolhidos usuários ou famílias em situações mais graves ou
ok

difíceis, na opinião de alguns membros da equipe (qualquer


tlo
ou

membro da equipe). Não parece necessário nem possível que o


@

grande esforço de fazer um PTS seja dirigido a todos os usuários de


09
bs

uma equipe, exceto em hospitais e, eventualmente, centros de


-m

especialidade;
1

b) as reuniões para discussão de PTS: de todos os aspectos que já


-7
41

discutimos em relação à reunião de equipe, o mais importante no


.9
34

caso deste encontro para a realização do PTS é o vínculo dos


.7

membros da equipe com o usuário e a família. Cada membro da


17
-0

equipe, a partir dos vínculos que construiu, trará para a reunião


a

aspectos diferentes e poderá também receber tarefas diferentes, de


lv
Si

acordo com a intensidade e a qualidade desse vínculo. Defendemos


o
un

que os profissionais que tenham vínculo mais estreito assumam


Br

mais responsabilidade na coordenação do PTS. Assim como o


s
co

médico generalista ou outro especialista pode assumir a


ar
M

coordenação de um tratamento frente a outros profissionais, um


membro da equipe também pode assumir a coordenação de um
projeto terapêutico singular frente à equipe. Uma estratégia que
algumas equipes utilizam é reservar um tempo fixo, semanal ou
quinzenal, para reuniões exclusivas do PTS.
c) o tempo de um PTS: o tempo mais dilatado de formulação e
acompanhamento do PTS depende da característica de cada
serviço. Serviços de saúde na Atenção Básica e Centros de
Especialidades com usuários crônicos têm um seguimento longo
(longitudinalidade) e também uma necessidade maior da Clínica
Ampliada. Isso, naturalmente, significa processos de aprendizado e

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transformação diferenciados. Serviços com tempo de permanência


e vínculo menores farão PTSs com tempos mais curtos. O mais difícil
é desfazer um viés imediatista que a cultura hospitalar imprimiu em
profissionais e usuários. Geralmente não se faz uma abordagem
integral em um encontro único, mesmo que seja uma consulta
longa. Muitas informações essenciais surgem no decorrer do
seguimento e a partir do(s) vínculo(s) com o usuário. A história, em
geral, vai se construindo aos poucos, embora, obviamente, não se
possa falar de regras fixas para um processo que é relacional e
complexo.
d) PTS e Mudança: quando ainda existem possibilidades de

54
tratamento para uma doença, não é muito difícil provar que o

2:
:1
investimento da equipe de saúde faz diferença no resultado. O

04
encorajamento e o apoio podem contribuir para evitar uma atitude

0
02
passiva por parte do usuário. Uma pessoa menos deprimida, que

/2
03
assume um projeto terapêutico solidário, como projeto em que se

8/
-2
(re)constrói e acredita que poderá ser mais feliz, evidentemente

om
tende a ter um prognóstico e uma resposta clínica melhor.
.c
No entanto, não se costuma investir em usuários que se acreditam
ok

“condenados”, seja por si mesmos, como no caso de um alcoolista, seja pela


tlo
ou

estatística, como no caso de uma patologia grave. Se esta participação do usuário


@

é importante, é necessário persegui-la com um mínimo de técnica e organização.


09
bs

Não bastam o diagnóstico e a conduta padronizados. Nos casos de “prognóstico


-m

fechado”, ou seja, de usuários em que existem poucas opções terapêuticas, como


1

no caso dos usuários sem possibilidade de cura ou controle da doença, é mais fácil
-7
41

ainda para uma equipe eximir-se de dedicar-se a eles, embora, mesmo nesses
.9
34

casos, seja bastante evidente que é possível morrer com mais ou menos
.7

sofrimento, dependendo de como o usuário e a família entendem, sentem e lidam


17
-0

com a morte. O PTS nesses casos pode ser importante como ferramenta gerencial,
a

uma vez em que constitui um espaço coletivo em que se pode falar do sofrimento
lv
Si

dos trabalhadores em lidar com determinada situação. A presunção de “não


o
un

envolvimento” compromete as ações de cui- dado e adoece trabalhadores de


Br

saúde e usuários, porque, como se sabe, é um mecanismo de negação simples,


s
co

que tem eficiência precária. O melhor é aprender a lidar com o sofrimento inerente
ar
M

ao trabalho em saúde de forma solidária na equipe (ou seja, criando condições


para que se possa falar dele quando ocorrer).
Diante dessa tendência, é importante no PTS uma certa crença de que a
pessoa tem grande poder de mudar a sua relação com a vida e com a própria
doença. A herança das revoluções na Saúde Mental (Reforma Psiquiátrica),
experimentando a proposta de que o Sujeito é construção permanente e que pode
produzir “margens de manobra”, deve ser incorporada na Clínica Ampliada e no
PTS. À equipe cabe exercitar uma abertura para o imprevisível e para o novo e lidar
com a possível ansiedade que essa proposta traz. Nas situações em que só se
enxergava certezas, podem-se ver possibilidades. Nas situações em que se
enxergava apenas igualdades, podem-se encontrar, a partir dos esforços do PTS,

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grandes diferenças. Nas situações em que se imaginava haver pouco o que fazer,
pode-se encontrar muito trabalho. As possibilidades descortinadas por este tipo
de abordagem têm que ser trabalhadas cuidadosamente pela equipe para evitar
atrope- lamentos. O caminho do usuário ou do coletivo é somente dele, e é ele que
dirá se e quando quer ir, negociando ou rejeitando as ofertas da equipe de saúde.
Uma anamnese para a Clínica Ampliada e o PTS
A concepção de Clínica Ampliada e a proposta do PTS convidam-nos a
entender que as situações percebidas pela equipe como de difícil resolução são
situações que esbarram nos limites da Clí- nica Tradicional. É necessário, portanto,
que se forneçam instrumentos para que os profissionais possam lidar consigo
mesmos e com os Sujeitos acometidos por uma doença de forma diferente da

54
tradicional.

2:
:1
Se todos os membros da equipe fazem as mesmas perguntas e conversam

04
da mesma forma com o usuário, a reunião de PTS pode não acrescentar grande

0
02
coisa. Ou seja, é preciso fazer as perguntas da anamnese tradicional, mas dando

/2
03
espaço para as ideias e as palavras do usuário. Exceto que ocorra alguma urgência

8/
-2
ou dúvida quanto ao diagnóstico orgânico, não é preciso direcionar demais as

om
perguntas e muito menos duvidar dos fatos que a(s) teoria(s) não explica(m) (“só
.c
dói quando chove, por exemplo”). Uma história clínica mais completa, sem filtros,
ok

tem uma função terapêutica em si mesma, na medida em que situa os sintomas na


tlo
ou

vida do Sujeito e dá a ele a possibilidade de falar, o que implica algum grau de


@

análise sobre a própria situação. Além disso, esta anamnese permite que os
09
bs

profissionais reconheçam as singularidades do Sujeito e os limites das


-m

classificações diagnósticas. A partir da percepção da complexidade do sujeito


1

acometido por uma doença, o profissional pode perceber que muitos


-7
41

determinantes do problema não estão ao alcance de intervenções pontuais e


.9
34

isoladas. Fica clara a necessidade do protagonismo do Sujeito no projeto de sua


.7

cura: autonomia.
17
-0

A partir da anamnese ampliada o tema da intervenção ganha des- taque.


a

Quando a história clínica revela um sujeito doente imerso em teias de relações


lv
Si

com as pessoas e as instituições, a tendência dos profissionais de saúde é de


o
un

adotar uma atitude “apostólica” (BALINT, 1988). Propomos que não predomine
Br

nem a postura radicalmente “neutra”, que valoriza sobremaneira a não-


s
co

intervenção, nem aquela típica na prática biomédica, que pressupõe que o Sujeito
ar
M

acometido por uma doença seja passivo diante das propostas.


Outra função terapêutica da história clínica acontece quando o usuário é
estimulado a qualificar e situar cada sintoma em relação aos seus sentimentos e
outros eventos da vida (modalização). Exemplo: no caso de um usuário que
apresenta falta de ar, é interessante saber como ele se sente naquele momento:
com medo? Conformado? Agitado? O que melhora e o que piora os sintomas? Que
fatos aconteceram próximo à crise? Isso é importante porque, culturalmente, a
doença e o corpo podem ser vistos com um certo distanciamento e não é
incomum a produção de uma certa “esquizofrenia”, que leva muitas pessoas ao
serviço de saúde como se elas estivessem levando o carro ao mecânico: a doença
(e o corpo) fica dissociada da vida. Na medida em que a história clínica traz para

| 28
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

perto dos sintomas e queixas elementos da vida do Sujeito, ela permite que haja
um aumento da consciência sobre as relações da “queixa” com a vida. Quando a
doença ou os seus determinantes estão “fora” do usuário, a cura também está
fora, o que possibilita uma certa passividade em relação à doença e ao
tratamento.
O que chamamos de história “psi” em parte está misturado com o que
chamamos de história clínica, mas aproveitamos recursos do campo da saúde
mental para destacar aspectos que nos parecem essenciais.
• Procurar descobrir o sentido da doença para o usuário: respeitar e
ajudar na construção de relações causais próprias, mesmo que não
sejam coincidentes com a ciência oficial. Exemplo: por que você

54
acha que adoeceu? É impressionante perceber as portas que essa

2:
:1
pergunta abre na Clínica: ela ajuda a entender quais redes de

04
causalidades o Sujeito atribui ao seu adoecimento. Em doenças

0
02
crônicas como o diabete, quando a sua primeira manifestação está

/2
03
associada a um evento mórbido, como um falecimento de familiar

8/
-2
ou uma briga, as pioras no controle glicêmico estarão muitas vezes

om
relacionadas a eventos semelhantes (na perspectiva do Sujeito
.c
acometido pela diabete). Ao fazer esta pergunta, muitas vezes
ok

damos um passo no sentido de ajudar o Sujeito a reconhecer e


tlo
ou

aprender a lidar com os “eventos” de forma menos adoecedora.


@

• Procurar conhecer as singularidades do Sujeito, perguntando


09
bs

sobre os medos, as raivas, as manias, o temperamento, seu sono e


-m

sonhos. São perguntas que ajudam a entender a dinâmica do


1

Sujeito e suas características. Elas têm importância terapêutica,


-7
41

pois possibilitam a associação de aspectos muito singulares da vida


.9
34

com o projeto terapêutico.


.7

• Procurar avaliar se há negação da doença, qual a capacidade de


17
-0

autonomia e quais os possíveis ganhos secundários com a doença.


a

Na medida em que a conversa transcorre, é possível, dependendo


lv
Si

da situação, fazer estas avaliações, que podem ser muito úteis na


o
un

elaboração do projeto terapêutico.


Br

• Procurar perceber a chamada contratransferência, ou seja, os


s
co

sentimentos que o profissional desenvolve pelo usuário durante os


ar
M

encontros; procurar descobrir os limites e as possibilidades que


esses sentimentos produzem na relação clínica. Existem muitas
pessoas e instituições falando na conversa entre dois Sujeitos. O
profissional está imerso nestas forças. Perceber a raiva, os
incômodos, os rótulos utilizados (bêbado, poliqueixoso, etc.), ajuda
a entender os rumos da relação terapêutica, na medida em que, ato
contínuo, pode-se avaliar como se está lidando com estas forças.
Num campo menos sutil, é importante também analisar se as
intenções do profissional estão de acordo com a demanda do
usuário. O profissional pode desejar que o Sujeito use preservativos
e não se arrisque com DST ou uma gravidez indesejada. O Sujeito

| 29
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SEMAD-Goiânia 2020
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

pode estar apaixonado. O profissional quer controlar a glicemia, o


Sujeito quer ser feliz. Enfim é preciso verificar as intenções, as linhas
de força que interferem na relação profissional-usuário para
produzir algum caminho comum.
• Procurar conhecer quais os projetos e desejos do usuário. Os
desejos aglutinam uma enorme quantidade de energia vital e
podem ser extremamente terapêuticos, ou não. Só não podem ser
ignorados.
• Conhecer as atividades de lazer (do presente e do passado) é muito
importante. A simples presença ou ausência de atividades
prazerosas é bastante indicativa da situação do usuário; por outro

54
lado, conhecer os fatores que mais desencadeiam transtornos no

2:
:1
usuário também pode ser decisivo num projeto terapêutico. São

04
questões que em um número muito razoável de vezes apontam

0
02
caminhos, senão para os projetos terapêuticos, pelo menos para o

/2
03
aprofundamento do vínculo e da compreensão do Sujeito.

8/
-2
• Fazer a história de vida é um recurso que pode incluir grande parte

om
das questões propostas acima. Como demanda mais tempo, deve
.c
ser usado com mais critério. Muitas vezes requer também que haja
ok

um vínculo e um preparo anterior à conversa, para que seja


tlo
ou

frutífera.
@

Por último, em relação à inserção social do Sujeito, acreditamos que as


09
bs

informações mais importantes já foram ao menos aventadas no decorrer das


-m

questões anteriores, visto que o usuário falou da sua vida. No entanto, nunca é
1

demais lembrar que as questões relativas às condições de sobrevivência (moradia,


-7
41

alimentação, saneamento, renda, etc.) ou da inserção do Sujeito em instituições


.9
34

poderosas, como religião, tráfico, trabalho, frequentemente estão entre os


.7

determinantes principais dos problemas de saúde e sempre serão fundamentais


17
-0

para o Projeto Terapêutico.


a

A partir de todo este processo, chega-se a uma proposta, que deve começar
lv
Si

a ser negociada com o usuário. Se o objetivo é que o projeto seja incorporado pelo
o
un

usuário, essa negociação deve ser flexível, sensível às mudanças de curso e atenta
Br

aos detalhes. É importante que haja um membro da equipe que se responsabilize


s
co

por um vínculo mais direto e acompanhe o processo (coordenação). Geralmente


ar
M

esta pessoa deve ser aquela com quem o usuário tem um vínculo mais positivo.

A Reunião de Equipe
É preciso reconhecer que a forma tradicional de fazer gestão (CAMPOS,
2000) tem uma visão muito restrita do que seja uma reunião. Para que a equipe
consiga inventar um projeto terapêutico e negociá-lo com o usuário é importante
lembrar que:
Reunião de EQUIPE NÃO É um espaço apenas para que uma pessoa da
equipe distribua tarefas às outras. Reunião é um espaço de diálogo e é preciso que
haja um clima em que todos tenham direito à voz e à opinião. Como vivemos
numa sociedade em que os espaços do cotidiano são muito autoritários, é comum

| 30
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

que uns estejam acostumados a mandar e outros a calar e obedecer. Criar um


clima fraterno de troca de opiniões (inclusive críticas), associado à objetividade
nas reuniões, exige um aprendizado de todas as partes e é a primeira tarefa de
qualquer equipe.

PTS e Gestão
As discussões para construção e acompanha- mento do PTS são uma
excelente oportunidade para a valorização dos trabalhadores da equipe de saúde.
Haverá uma alternância de relevâncias entre os diferentes trabalhos, de forma que
em cada momento alguns membros da equipe estarão mais protagonistas e
criativos do que outros (já que as necessidades de cada usuário variam no tempo).

54
No decorrer do tempo vai ficando evidente a interdependência entre todos na

2:
:1
equipe. A percepção e o reconhecimento na equipe desta variação de importância

04
é uma forma importante de reconhecer e valorizar a “obra” criativa e singular de

0
02
cada um.

/2
03
O espaço do PTS também é privilegiado para a equipe construir a

8/
-2
articulação dos diversos recursos de intervenção que ela dispõe (fazer um

om
cardápio com as várias possibilidades de recursos disponíveis, percebendo que em
.c
cada momento alguns terão mais relevância que outros). Dessa forma é um
ok

espaço importantíssimo para avaliação e aperfeiçoamento desses mesmos


tlo
ou

recursos (“por que funcionou ou não esta ou aquela proposta?”).


@

Outra importante utilidade gerencial dos encontros de PTS é o


09
bs

matriciamento com (outros) especialistas. Na medida em que a equipe consegue


-m

perceber seus limites e suas dificuldades (e esta é uma paradoxal condição de


1

aprendizado e superação), ela pode pedir ajuda. Quando existe um interesse sobre
-7
41

determinado tema, a capacidade de aprendizado é maior. Portanto, este é


.9
34

potencialmente um excelente espaço de formação permanente. Por outro lado, é


.7

um espaço de troca e de aprendizado para os apoiadores matriciais, que também


17
-0

experimentarão aplicar seus saberes em uma condição complexa, recheada de


a

variáveis que nem sempre o recorte de uma especialidade está acostumado a


lv
Si

lidar. Este encontro é tanto mais fecundo quanto mais houver um contrato na rede
o
un

assistencial de que haja equipes de referência e apoio matricial.


Br

Para as reuniões funcionarem é preciso construir um clima favorável ao


s
co

diálogo, em que todos aprendam a falar e ouvir, inclusive críticas. O


ar
M

reconhecimento de limites, como dissemos, é fundamental para invenção de


possibilidades. Mas é preciso mais do que isso, é pre- ciso que haja um clima de
liberdade de se pensar “o novo”. O peso da hierarquia, que tem respaldo não
somente na organização, mas também nas valorizações sociais entre as diferentes
corporações, pode impedir um diálogo real em que pensamentos e sentimentos
possam ser livremente expressados.
Fonte: CLÍNICA AMPLIADA, EQUIPE DE REFERÊNCIA E PROJETO TERAPÊUTICO
SINGULAR. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico
da Política Nacional de Humanização. 2008.

| 31
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

11. Preceptoria no SUS.


Preceptor é o professor responsável por conduzir e supervisionar, por meio
de orientação e acompanhamento, o desenvolvimento dos médicos residentes nas
especialidades de um hospital.
Sobre esse assunto, o Ministério da Saúde fala2:
Plano Nacional de Formação de Preceptores
O Plano Nacional de Formação de Preceptores foi lançado como um dos
eixos do Programa Mais Médicos, com o objetivo de subsidiar e assegurar
instrumentos para o processo de expansão de vagas de residência em Medicina

54
Geral de Família e Comunidade. Entre os principais objetivos estão:

2:
• Fortalecer a atenção primária à saúde no País;

:1
04
• Capacitar o médico em formação na área de Medicina Geral de Família e

0
Comunidade como multiplicador da formação e aperfeiçoamento na

02
/2
Atenção Primária;

03
• Fortalecer a Política de Educação Permanente em Saúde com a integração

8/
-2
dos profissionais médicos ao modelo de formação e aperfeiçoamento

om
ensino-serviço; .c
ok
• Estimular a realização de pesquisas em saúde no campo da Atenção
tlo

Primária.
ou
@
09
bs

Se partirmos direto para o Plano, teremos3:


-m

1. O que é o Plano Nacional de Formação de Preceptores (PNFP)?


1
-7

O Plano Nacional de Formação de Preceptores (PNFP) integra o eixo de


41
.9

formação do Programa Mais Médicos. O objetivo do Plano é formar preceptores


34

em número suficiente para viabilizar a expansão, com qualidade, de vagas de


.7
17

residência de Medicina Geral de Família e Comunidade, de modo a assegurar a


-0

universalização do acesso a esta modalidade de pós- graduação aos egressos de


a
lv

medicina a partir de 2019, conforme a Lei no 12.871 de 22 de outubro de 2013, que


Si

institui o Programa Mais Médicos para o Brasil.


o
un

Os médicos-residentes que ingressarem nos Programas de Residência em


Br

Medicina de Família e Comunidade (RMFC), no período de 2016 até 2018, poderão


s
co

aderir à especialização em preceptoria. A especialização será realizada de modo


ar
M

concomitante à Residência Médica e, ao final do curso, estarão capacitados para


atuar como preceptores de graduação e Residência.
2. Quais os principais objetivos do Plano Nacional de Formação de Preceptores
(PNFP)?
O principal objetivo do PNFP é garantir que a oferta de médicos preceptores,
com formação específica em preceptoria, seja suficiente para garantir a expansão,

2
Fonte: https://www.saude.gov.br/noticias/sgtes/45458-ministerio-da-saude-oferece-
formacao-para-preceptores
3
Fonte: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2016/janeiro/14/faq-Plano-Nacional-
de-Formacao-de-Preceptores.pdf

| 32
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

com qualidade, da Residência em Medicina Geral de Família e Comunidade. Além


disso, por meio do PNFP, pretende-se:
• Aprimorar a formação médica no Brasil, assegurando maior experiência
prática durante esse período;
• Promover a capacitação do médico em formação na área de Medicina Geral
de Família e Comunidade como multiplicador da formação e
aperfeiçoamento na Atenção Básica;
• Fortalecer a Política de Educação Permanente em Saúde com a integração
dos profissionais médicos ao modelo de formação e aperfeiçoamento
ensino-serviço;
• Capacitar profissionais médicos nas políticas públicas de saúde do Brasil e

54
nos mecanismos de funcionamento do SUS;

2:
:1
• Estimular a realização de pesquisas em saúde no campo da atenção básica;

04
• Aprimorar a educação médica por meio da integração ensino, serviços e

0
02
comunidade,

/2
03
garantindo a produção e a sistematização do conhecimento.

8/
-2
3. Quem se beneficia com a implementação do PNFP?

om
Os municípios, programas de residência, profissionais da rede de atenção
.c
básica e, principalmente, os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) serão
ok

beneficiados pelo intercâmbio de conhecimento, formação e expansão de


tlo
ou

residentes e futuros profissionais em MGFC, que terão como plano pedagógico de


@

sua formação o cumprimento parcial de suas atividades assistenciais nos


09
bs

municípios interessados, fortalecendo a rede de atendimento e promoção da


-m

saúde em benefício da população.


1

4. Quem é o público-alvo do Plano?


-7
41

O Plano Nacional de Formação de Preceptores para Programas de Residência


.9
34

em Medicina Geral de Família e Comunidade necessita adesão dos gestores


.7

municipais e gestores dos programas de residência. Podem participar da


17
-0

capacitação para preceptores:


a

• Profissionais médicos-residentes que ingressarem nos Programas de


lv
Si

Residência em Medicina Geral de Família e Comunidade no período


o
un

compreendido entre os anos de 2016 e 2018;


Br

• Profissionais médicos que exerçam ou passem a exercer a atividade de


s
co

preceptoria nos Programas de Residência de Medicina Geral de Família e


ar
M

Comunidade.
5. Como o município pode aderir ao Plano?
A adesão do município ou distrito federal ao Plano é regulamentada
pela portaria no 60 de 12 de janeiro de 2016 e deverá ser feita até o dia 15
de fevereiro de 2016, através do endereço eletrônico
http://sigresidencias.saude.gov.br
Deverá ser anexado no SIGRESIDÊNCIAS, obrigatoriamente, em
formato PDF ou JPEG, (com capacidade de armazenamento máxima de 1,5
MB por arquivo), o Termo de Compromisso assinado pelo gestor do
município/Distrito Federal ao qual está(ão) vinculado(s) o(s) Programa(s),
conforme modelo disponibilizado no SIGRESIDÊNCIAS.

| 33
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

6. Quais são as vantagens para o município?


Além de garantir a formação adequada dos preceptores e dos
residentes para realização das atividades de formação em serviço,
melhorando a atenção à saúde prestada à população, os municípios
receberão um incentivo financeiro para valorização da preceptoria.
7. Qual é o valor do incentivo?
O valor do incentivo é de R$ 1.000,00 (mil reais), por mês, para cada
três vagas de residente de 1o ano (R1) de Medicina Geral de Família e
Comunidade na rede de Atenção Básica municipal.

Questões

54
2:
1. CONSULPLAN - 2010 - Prefeitura de Santa Maria Madalena - RJ -

:1
04
Enfermeiro

0
Considerando a Política Nacional de Humanização e a construção de uma

02
/2
política de qualificação do SUS, é correto afirmar que:

03
a) A humanização deve ser adotada como diretriz política transversal, entendida

8/
-2
como um conjunto de princípios e diretrizes que se traduzem em ações nas

om
diversas práticas de saúde. .c
ok
b) A qualificação deve ser entendida como estudo em sistema presencial regular.
tlo

c) O Programa na forma transversal reduzirá as informações.


ou

d) O fortalecimento das ações para a humanização da saúde através do SUS.


@
09

e) O controle de qualidade no caso da humanização faz parte de uma rede


bs

integrada, que de forma generalizada, complementa os interesses primários.


-m
1
-7

2. CONSULPLAN - 2010 - Prefeitura de Resende - RJ - Médico cardiologista -


41
.9

Plantonista
34

Na busca de uma política de qualidade para humanização do SUS, tendo como


.7
17

diretriz uma política transversal entendida como uma construção coletiva, a


-0

estratégia de alcance deverá ser:


a
lv

a) Aplicação e operacionalização de normas descontextualizadas.


Si

b) Ações pautadas em índices e metas.


o
un

c) Operação no conjunto das relações entre profissionais e usuários de forma


Br

metódica e individualizada
s
co

d) Atenção integral, equânime, com responsabilização e vínculo.


ar
M

e) Controle social como forma de democratização, independente da gestão


compartilhada.

3. CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Enfermagem - Específicos


Em relação à saúde da mulher, julgue os itens seguintes.
A humanização do parto e do nascimento, que é vista como um processo
compreendido desde a pré-concepção até o puerpério, em que as pessoas que o
estão vivenciando influenciam e são influenciadas pelo contexto sociocultural,
pode ser entendida como o conjunto de condutas e procedimentos que visam a
promoção do parto e nascimento saudáveis e a prevenção da morbimortalidade
materna, fetal e perinatal, com a utilização de tecnologia apropriada.

| 34
Professor Alyson Barros
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

( ) Certo ( ) Errado

4. FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Enfermagem - do


Trabalho
O acolhimento é recurso importante para a humanização dos serviços de
saúde e requer uma nova atitude de mudança no fazer em saúde, considerando:
I. a reorganização do serviço de saúde a partir da problematização
dos processos de trabalho, de modo a possibilitar a intervenção de
toda a equipe multiprofissional, encarregada da escuta e da
resolução do problema do usuário;
II. as mudanças estruturais na forma de gestão do serviço de saúde,

54
ampliando os espaços democráticos de discussão, de escuta, trocas

2:
:1
e decisões coletivas;

04
III. a postura de escuta e compromisso em dar respostas às

0
02
necessidades de saúde trazidas pelo usuário, valorizando a cultura,

/2
03
saberes e a capacidade de avaliar riscos.

8/
-2
É correto o que consta em

om
a) I e II, apenas.
.c
b) II, apenas.
ok

c) III, apenas.
tlo
ou

d) II e III, apenas.
@

e) I, II e III.
09
bs
-m

5. CESPE - 2013 - DEPEN - Técnico de enfermagem


1

Com relação às unidades de saúde nas instituições prisionais, julgue os


-7
41

próximos itens. Nesse sentido, considere que a sigla SUS, sempre que empregada,
.9
34

refere- se ao Sistema Único de Saúde.


.7

O acolhimento é uma etapa da política de humanização do SUS que


17
-0

favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários


a

com os profissionais de saúde.


lv
Si

( ) Certo ( ) Errado
o
un
Br

6. CESPE - 2013 - MPU - Técnico de enfermagem


s
co

Considerando a Política Nacional de Humanização (PNH), implementada pelo


ar
M

Ministério da Saúde, julgue os itens a seguir.


Com a humanização da saúde, busca-se, entre outros objetivos, valorizar
diretamente o trabalho e o trabalhador.
( ) Certo ( ) Errado

7. CESPE - 2013 - DEPEN - Técnico de enfermagem


Com relação às unidades de saúde nas instituições prisionais, julgue os
próximos itens. Nesse sentido, considere que a sigla SUS, sempre que empregada,
refere- se ao Sistema Único de Saúde.

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Professor Alyson Barros
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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

O acolhimento é uma etapa da política de humanização do SUS que favorece a


construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários com os
profissionais de saúde.
( ) Certo ( ) Errado

8. CESPE - 2013 - UNIPAMPA - Enfermeiro


Com relação à vigilância em saúde e à estratégia de saúde da família,
julgue os itens que seguem.
O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde e
de atender a todos os que procuram os serviços mediante uma postura capaz de
acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas aos usuários.

54
( ) Certo ( ) Errado

2:
:1
04
9. CESGRANRIO - 2014 - Banco do Brasil - Enfermeiro do Trabalho

0
02
Como dispositivo técnico-assistencial e guia orientador para atenção e

/2
03
gestão nas urgências, o acolhimento inclui a(o)

8/
-2
a) Notificação Compulsória

om
b) Vigilância Epidemiológica
.c
c) Classificação de Risco
ok

d) Chefia e Liderança
tlo
ou

e) Apoio Institucional
@
09
bs

10. IBFC - 2014 - TRE-AM - Técnico de enfermagem


-m

___________ é oferecer atendimento com qualidade articulando os avanços


1

tecnológicos com acolhimento, com melhoria nos ambientes de cuidado e das


-7
41

condições de trabalhos dos profissionais.


.9
34

Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna.


.7

a) Classificação de Risco.
17
-0

b) Gestão do Cuidado.
a

c) Humanização da Assistência.
lv
Si

d) Qualidade Gerencial.
o
un
Br
s
co
ar
M

Questões Comentadas e Gabaritadas

1. CONSULPLAN - 2010 - Prefeitura de Santa Maria Madalena - RJ -


Enfermeiro
Considerando a Política Nacional de Humanização e a construção de uma
política de qualificação do SUS, é correto afirmar que:
a) A humanização deve ser adotada como diretriz política transversal, entendida
como um conjunto de princípios e diretrizes que se traduzem em ações nas
diversas práticas de saúde.

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Professor Alyson Barros
SEMAD-Goiânia 2020
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

b) A qualificação deve ser entendida como estudo em sistema presencial regular.


c) O Programa na forma transversal reduzirá as informações.
d) O fortalecimento das ações para a humanização da saúde através do SUS.
e) O controle de qualidade no caso da humanização faz parte de uma rede
integrada, que de forma generalizada, complementa os interesses primários.
Gabarito: A
Comentários: A humanização é uma política transversal, entendida como um
conjunto de princípios e diretrizes que se traduzem em ações nos diversos
serviços, nas práticas de saúde e nas instâncias do sistema, caracterizando uma
construção coletiva. Por ser uma política transversal, pressupõe a interligação de
vários setores das grandes áreas da saúde e da organização dos serviços de saúde.

54
Como política, a Humanização deve traduzir princípios e modos de operar no

2:
:1
conjunto das relações entre profissionais e usuários, entre os diferentes

04
profissionais, entre as diversas unidades e serviços de saúde e entre as instâncias

0
02
que constituem o SUS. O confronto de ideias, o planejamento, os mecanismos de

/2
03
decisão, as estratégias de implementação e de avaliação, mas principalmente o

8/
-2
modo como tais processos se dão, devem confluir para a construção de trocas

om
solidárias e comprometidas com a produção de saúde, tarefa primeira da qual não
.c
podemos nos furtar.
ok
tlo
ou

2. CONSULPLAN - 2010 - Prefeitura de Resende - RJ - Médico cardiologista -


@

Plantonista
09
bs

Na busca de uma política de qualidade para humanização do SUS, tendo como


-m

diretriz uma política transversal entendida como uma construção coletiva, a


1

estratégia de alcance deverá ser:


-7
41

a) Aplicação e operacionalização de normas descontextualizadas.


.9
34

b) Ações pautadas em índices e metas.


.7

c) Operação no conjunto das relações entre profissionais e usuários de forma


17
-0

metódica e individualizada
a

d) Atenção integral, equânime, com responsabilização e vínculo.


lv
Si

e) Controle social como forma de democratização, independente da gestão


o
un

compartilhada.
Br

Gabarito: D
s
co

Comentários: A humanização deve ser aplicada para melhorar a relação entre


ar
M

profissionais e usuários, e deve ser feita de forma constante e organizada para que
o usuário saia com um acolhimento próprio (individualizado). O paciente não deve
mais ser tratado no “atacado”, ser um número em um protocolo ou não ser o fim
dos serviços de saúde.

3. CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Enfermagem - Específicos


Em relação à saúde da mulher, julgue os itens seguintes.
A humanização do parto e do nascimento, que é vista como um processo
compreendido desde a pré-concepção até o puerpério, em que as pessoas que o
estão vivenciando influenciam e são influenciadas pelo contexto sociocultural,
pode ser entendida como o conjunto de condutas e procedimentos que visam a

| 37
Professor Alyson Barros
SEMAD-Goiânia 2020
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

promoção do parto e nascimento saudáveis e a prevenção da morbimortalidade


materna, fetal e perinatal, com a utilização de tecnologia apropriada.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito: C
Comentários: Toda questão coerente e que descrever a melhora humanizada de
qualquer processo estará certa à luz da humanização.

4. FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Enfermagem - do


Trabalho
O acolhimento é recurso importante para a humanização dos serviços de
saúde e requer uma nova atitude de mudança no fazer em saúde, considerando:

54
I. a reorganização do serviço de saúde a partir da problematização

2:
:1
dos processos de trabalho, de modo a possibilitar a intervenção de

04
toda a equipe multiprofissional, encarregada da escuta e da

0
02
resolução do problema do usuário;

/2
03
II. as mudanças estruturais na forma de gestão do serviço de saúde,

8/
-2
ampliando os espaços democráticos de discussão, de escuta, trocas

om
e decisões coletivas;
.c
III. a postura de escuta e compromisso em dar respostas às
ok

necessidades de saúde trazidas pelo usuário, valorizando a cultura,


tlo
ou

saberes e a capacidade de avaliar riscos.


@

É correto o que consta em


09
bs

a) I e II, apenas.
-m

b) II, apenas.
1

c) III, apenas.
-7
41

d) II e III, apenas.
.9
34

e) I, II e III.
.7

Gabarito: E
17
-0

Comentários: Todas estão absolutamente corretas.


a
lv
Si

5. CESPE - 2013 - DEPEN - Técnico de enfermagem


o
un

Com relação às unidades de saúde nas instituições prisionais, julgue os


Br

próximos itens. Nesse sentido, considere que a sigla SUS, sempre que empregada,
s
co

refere- se ao Sistema Único de Saúde.


ar
M

O acolhimento é uma etapa da política de humanização do SUS que


favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários
com os profissionais de saúde.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito: C
Comentários: Toda questão coerente e que descrever a melhora humanizada de
qualquer processo estará certa à luz da humanização.

6. CESPE - 2013 - MPU - Técnico de enfermagem


Considerando a Política Nacional de Humanização (PNH), implementada pelo
Ministério da Saúde, julgue os itens a seguir.

| 38
Professor Alyson Barros
SEMAD-Goiânia 2020
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Com a humanização da saúde, busca-se, entre outros objetivos, valorizar


diretamente o trabalho e o trabalhador.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito: C
Comentários: Mesmo que você não domine 100% da Política Nacional de Saúde,
recomendo que use sempre o bom senso para responder as questões dessa área.
Sabemos que a humanização possui dois usuários finais: os pacientes e os
trabalhadores. Assim, é coerente falar em melhora da qualidade de ambiente de
trabalho dos profissionais de saúde através de sua valorização.

7. CESPE - 2013 - DEPEN - Técnico de enfermagem

54
Com relação às unidades de saúde nas instituições prisionais, julgue os

2:
:1
próximos itens. Nesse sentido, considere que a sigla SUS, sempre que empregada,

04
refere- se ao Sistema Único de Saúde.

0
02
O acolhimento é uma etapa da política de humanização do SUS que favorece a

/2
03
construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários com os

8/
-2
profissionais de saúde.

om
( ) Certo ( ) Errado
.c
Gabarito: C
ok

Comentários: Novamente digo que toda questão coerente e que descrever a


tlo
ou

melhora humanizada de qualquer processo estará certa à luz da humanização.


@
09
bs

8. CESPE - 2013 - UNIPAMPA - Enfermeiro


-m

Com relação à vigilância em saúde e à estratégia de saúde da família,


1

julgue os itens que seguem.


-7
41

O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde e


.9
34

de atender a todos os que procuram os serviços mediante uma postura capaz de


.7

acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas aos usuários.


17
-0

( ) Certo ( ) Errado
a

Gabarito: C
lv
Si

Comentários: Adivinha o que vou falar... Toda questão coerente e que descrever a
o
un

melhora humanizada de qualquer processo estará certa à luz da humanização.


Br
s
co

9. CESGRANRIO - 2014 - Banco do Brasil - Enfermeiro do Trabalho


ar
M

Como dispositivo técnico-assistencial e guia orientador para atenção e


gestão nas urgências, o acolhimento inclui a(o)
a) Notificação Compulsória
b) Vigilância Epidemiológica
c) Classificação de Risco
d) Chefia e Liderança
e) Apoio Institucional
Gabarito: C
Comentários: A classificação de risco está dentro do acolhimento na rede de
saúde. Ela serve para organizar a fila de espera na ordem de urgência, e não na
ordem de chegada.

| 39
Professor Alyson Barros
SEMAD-Goiânia 2020
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

10. IBFC - 2014 - TRE-AM - Técnico de enfermagem


___________ é oferecer atendimento com qualidade articulando os avanços
tecnológicos com acolhimento, com melhoria nos ambientes de cuidado e das
condições de trabalhos dos profissionais.
Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna.
a) Classificação de Risco.
b) Gestão do Cuidado.
c) Humanização da Assistência.
d) Qualidade Gerencial.
Gabarito: C

54
Comentários: Eeeeeeita que questão fácil! Estamos tratando aqui da

2:
:1
humanização do atendimento.

04
0
02
/2
03
8/
-2
om
.c
ok
tlo
ou
@
09
bs
-m
1
-7
41
.9
34
.7
17
-0
a
lv
Si
o
un
Br
s
co
ar
M

| 40

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