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REORIENTAÇÃO

CURRICULAR
FÍSICA
Materiais Didáticos
REORIENTAÇÃO CURRICULAR - EQUIPE UFRJ

Direção Geral
Profª. Angela Rocha
Doutora em Matemática – Instituto de Matemática da UFRJ

Coordenação Geral
Profª. Maria Cristina Rigoni Costa
Doutora em Língua Portuguesa – Faculdade de Letras da UFRJ

Coordenação de Disciplina
Marta F. Barroso
Doutora em Física – Instituto de Física – UFRJ

Professores Orientadores
Ana Maria S. Breitschaft
Doutora em Física – Instituto de Física – UFRJ

Antonio Carlos Fontes dos Santos


Doutor em Física – Instituto de Física – UFRJ

Marcelo Shoey de Oliveira Massunaga


Doutor em Física – Laboratórios de Ciências Físicas, CCT, UENF

Tatiana da Silva
Doutora em Física – Instituto de Física – UFRJ

Professores Autores
Alexandre Brandão C.E. Dr. Adino Xavier
Andreia Garcia C.E. Leopoldina da Silveira e C.E. Agostinho Neto
Dilma Seixas Menezes C.E. Barão de Macaúbas
Edison de Souza Almeida C.E. Alda Bernardes Santos Tavares
Eliane Tavares C.E. José de Souza Marques
Elisabete Conceição dos Santos C.E. Fagundes Varela
Eloisa Elena Renó Grilo E.E. Guanabara
Erica Pinheiro da Silva C.E. Frei Tomás
Gilberto Nobre I.E. Clelia Nanci
Heli Vieira da Silva C.E. Hilton Gama
Iracema Garcia Teixeira CIEP 998 São José de Sumidouro
Izilda Maria Coutinho C.E. Aurelino Leal
Joabe Nunes Costa E.E. Zumbi dos Palmares e C.E. Eduardo Breder
João Bosco Santana C.E. André Maurois
Julio Facina C. E. Machado de Assis
Juscelene Petizero CIEP 119 Austin
Manoel Coelho da Silva Neto CIEP 286 Murilo Portugal
Mara Lucia G. Fernandes E.E. Alfredo Pujol
Márcia Medeiros Couto CIEP 129 José M. Nanci e CIEP 953 Dr Milton Rodrigues Rocha
Marcílio S. Nascimento C.E. Prefeito Francisco Fontes Torres
Marco Aurélio Gouveia Ignácio dos Santos C.E. Clóvis Monteiro
Maria Inês Lavinas Pereira C.E. Barão do Rio Bonito
Mario Eduardo G. Fraga C.E. Mato Grosso
Maurício Cesar Fernandes CIEP 320 Ercilia Antonia da Silva
Maurício Sávio Dias de Souza C.E. Januário de Toledo Pizza
Nilzete Duarte Vasconcellos C.E. Frei Tomás
Reginaldo Ferreira Bruno C.E. Casimiro de Abreu
Soraia Berbat C.E. Nilo Peçanha
Thales José Quimer Maia E.E. Frei Tomás
Waldemar Petri C.E. Conselheiro Macedo Soares

Capa
Duplo Design www.duplodesign.com.br

Diagramação
Aline Santiago Ferreira Duplo Design - www.duplodesign.com.br
Marcelo Mazzini Coelho Teixeira Duplo Design - www.duplodesign.com.br
Thomás Baptista Oliveira Cavalcanti Tipostudio - www.tipostudio.com.br
Prezados (as) Professores (as)

Visando promover a melhoria da qualidade do ensino, a Secretaria de Estado de Educação do


Rio de Janeiro realizou, ao longo de 2005, em parceria com a UFRJ, curso para os professores
docentes de diferentes disciplinas onde foram apropriados os conceitos e diretrizes propostos
na Reorientação Curricular. A partir de subsídios teóricos, os professores produziram materiais
de práticas pedagógicas para utilização em sala de aula que integram este fascículo.

O produto elaborado pelos próprios professores da Rede consiste em materiais orientadores


para que cada disciplina possa trabalhar a nova proposta curricular, no dia a dia da sala de aula.
Pode ser considerado um roteiro com sugestões para que os professores regentes, de todas
as escolas, possam trabalhar a sua disciplina com os diferentes recursos disponibilizados na
escola. O material produzido representa a consolidação da proposta de Reorientação Curricular,
amadurecida durante dois anos (2004-2005), na perspectiva da relação teoria-prática.

Cabe ressaltar que a Reorientação Curricular é uma proposta que ganha contornos diferentes
face à contextualização de cada escola. Assim apresentamos, nestes volumes, sugestões que
serão redimensionadas de acordo com os valores e práticas de cada docente.

Esta ação objetiva propiciar a implementação de um currículo que, em sintonia com as novas
demandas sociais, busque o enfrentamento da complexidade que caracteriza este novo século.
Nesta perspectiva, é necessário envolver toda escola no importante trabalho de construção
de práticas pedagógicas voltadas para a formação de alunos cidadãos, compromissados com a
ordem democrática.

Certos de que cada um imprimirá a sua marca pessoal, esperamos estar contribuindo para
que os docentes busquem novos horizontes e consolidem novos saberes e expressamos os
agradecimentos da SEE/RJ aos professores da rede pública estadual de ensino do Rio de
Janeiro e a todo corpo docente da UFRJ envolvidos neste projeto.

Claudio Mendonça
Secretário de Estado de Educação
SUMÁRIO

13 Física no Ensino Médio


15 Apresentação
22 A Reorientação Curricular para o Estado do Rio de Janeiro: Física
no Ensino Médio
31 Termologia e Calor
31 Introdução
33 Roteiro 1: Quente ou frio?
35 Roteiro 2: A influência da pressão na temperatura de ebulição

36 Ótica
36 Introdução
38 Roteiro 3: A luz se propaga em linha reta
42 Roteiro 4: Raios de luz vão e voltam pelo mesmo caminho
45 Roteiro 5: Os raios de luz não se misturam
47 Roteiro 6: A luz se reflete
50 Roteiro 7: A luz se reflete virtualmente
52 Roteiro 8: As imagens num espelho plano
56 Roteiro 9: Reflexão e refração numa lente
60 Roteiro 10: A moeda no fundo da piscina do computador
61 Roteiro 11: A reflexão total e as fibras óticas
64 Roteiro 12: Uma lâmpada vira uma lente convergente
68 Roteiro 13: A construção de um banco ótico

69 Mecânica
69 Introdução
71 Roteiro 14: Corridas e gráficos
75 Roteiro 15: A arruela giratória
78 Roteiro 16: A mesa de forças
82 Roteiro 17: As leis da mecânica e a resolução de problemas
88 Roteiro 18: A lei de Hooke
93 Roteiro 19: Oscilando harmonicamente

95 Eletricidade e Magnetismo
95 Introdução
97 Roteiro 20: Atrações e Repulsões
105 Roteiro 21: Circuitos Simples
115 Roteiro 22: Magnetismo

120 Ondas
120 Introdução
121 Roteiro 23: Medindo o diâmetro de um fio de cabelo
125 Roteiro 24: Experimento de interferência da luz
FÍSICA

FÍSICA
Ensino Médio

Janeiro de 2006
Física

APRESENTAÇÃO
Durante o ano de 2006, professores de física do ensino médio da rede pública estadual do
Estado do Rio de Janeiro e professores da UFRJ e da UENF discutiram a implementação da
proposta de orientação curricular para o ensino de Física no nível médio.

Os trabalhos começaram com a leitura da proposta de orientação curricular para a física no


ensino médio1, e em particular do trecho:
“A proposta curricular apresentada a seguir pressupõe um ensino de Física que enfatize
a compreensão qualitativa de conceitos e não a memorização de fórmulas, e que esteja
baseado na discussão de fatos cotidianos e demonstrações práticas feitas em aula, e não
na realização repetitiva de exercícios pouco relevantes. Também é essencial que a Física
não seja apresentada aos estudantes como um conhecimento meramente introdutório,
que só ganhará sentido e utilidade posteriormente nos cursos universitários, que talvez
nunca cheguem. Sem abandonar a construção de bases para estudos mais avançados,
o ensino de Física deve assumir o caráter de terminalidade que é atribuído à escola
média.
A estrutura curricular proposta tem uma ordenação que foge um pouco da tradicional
– na primeira série são abordados Temperatura, Calor e Ótica. Esta opção deve-se à
facilidade com que esses temas podem ser relacionados a fenômenos da vida cotidiana,
à possibilidade de se realizar muitas demonstrações práticas, e ao uso de uma linguagem
matemática relativamente simples. A Mecânica, que envolve conceitos mais abstratos e
difíceis, foi deixada para a segunda série, quando os alunos já têm uma certa maturidade
e conseguem usar a matemática com maior segurança. Esta escolha também torna
possível tratar a Mecânica de forma um pouco mais profunda que a usual. Os temas
estudados na terceira série são mais tradicionais: Eletromagnetismo e Ondas. Apesar da
seriação pouco comum, existem vários livros-texto de boa qualidade e ampla utilização
que podem ser adotados sem problemas na implementação da proposta curricular.
A presente proposta afasta-se um pouco da orientação sugerida nos Parâmetros
Curriculares Nacionais no que diz respeito à organização dos conteúdos em temas

1
Carlos E. Aguiar, Eduardo A. Gama e Sandro M. Costa, Física no Ensino Médio, em Reorientação Curricular para a Rede
Pública Estadual do Rio de Janeiro, Livro II, texto apresentado na íntegra no Capítulo 2.

Apresentação 15
estruturadores. Uma das razões para isso é a pequena disponibilidade de material
didático realmente compatível com os PCN, o que torna mais difícil a adaptação da
prática docente a uma reformulação que atinge não apenas os conteúdos, mas também
os enfoques e formas de apresentação.
A Física Moderna não foi incluída no currículo proposto, contrariando algumas tendências
recentes. Esta opção deve-se em boa parte ao fator tempo, pois tal inclusão só poderia
se dar com o sacrifício de tópicos essenciais à própria compreensão do tema.

Seriação:

1a série 2a série 3a série


Temperatura e Calor Mecânica (100%) Eletricidade e
(~60%) Magnetismo (~60%)
Ótica (~40%) Ondas (~40%)

(O número entre parênteses indica a parcela do tempo total dedicada a cada tema.)”

Na área de física, o foco sugerido é a compreensão de conceitos e a aplicação desses conceitos


a situações concretas. Este foco norteou nossas atividades.

A partir das discussões, foram elaborados cadernos de sugestões didáticas para uso em sala
de aula. Estes materiais têm como pressupostos que o estudante tem que desempenhar um
papel ativo no processo de aprendizagem, que suas capacidades de observação de fenômenos,
de manipulação de instrumentos, de seleção e organização de dados, de raciocínio, de reflexão
e de argumentação devem ser explicitamente incentivadas e exigidas, e que o trabalho coletivo,
em grupos de colegas, é fundamental para o crescimento individual de cada aluno.

O aprendizado de todos grandes temas da proposta (termologia, ótica, mecânica,


eletromagnetismo e ondas) foram discutidos, em maior ou menor profundidade. No entanto,
nem todas as discussão culminaram com a apresentação de roteiros. A produção coletiva
apresentada aqui reflete os interesses e possibilidades do momento dos professores participantes
do processo.

Os cadernos didáticos constituem-se de roteiros de atividades, roteiros de leituras, exemplos


de uso de recursos computacionais, e outros. Eles sugerem algumas atividades, que podem ser
modificadas, adaptadas ou mesmo usadas na íntegra. São sugestões, não imposições.

Estes cadernos são apresentados segundo os temas do documento de reorientação: Termologia


e calor, Ótica (primeira série), Mecânica (segunda série), Eletricidade e magnetismo, e Ondas
(terceira série).

16 Ensino Médio
Física

O papel dos experimentos


A Física é uma ciência experimental: modelos, teorias, hipóteses, todas devem ser confrontadas
com a realidade, muitas vezes não apenas com observações qualitativas, mas com medidas
quantitativas.

Por isso o uso de experimentos no ensino é fundamental. Em geral, este uso pode ser classificado
em dois grandes grupos: as experiências demonstrativas e as atividades de laboratório, com
medidas experimentais. Cada uma delas tem o seu papel no processo de aprendizagem, em
momentos diferenciados. E quase todos os roteiros sugerem atividades experimentais.

Mas não basta montar experimentos em sala de aula. Esse é um passo importante, exigindo
dos alunos observações, manipulação de instrumentos de medida e outros. O passo seguinte
conclui o processo: é necessário que o experimento seja discutido, comparado com modelos e
teorias, colocado dentro de um quadro teórico mais geral.

A formalização e sistematização das idéias


O processo de discussão dos experimentos envolve o que se costuma denominar de modelagem
em ciências. E para isso, utilizamos a linguagem matemática, a linguagem própria para expressar
as idéias da ciência, pois ela elimina boa parte das imprecisões e ambiguidades da linguagem
usual.

A ligação entre a física e a matemática permite atuações conjuntas entre os professores de física
e de matemática, como foi esboçado em algumas das atividades propostas nestes cadernos.

Medidas e incertezas
O trabalho científico está quase sempre associado à realização de medidas. Não conseguir
expressar o valor de uma grandeza numericamente quase sempre implica que não conhecemos
o suficiente a respeito dela.

E fazer uma medida não é apenas determinar um número. Uma medida experimental
determina da melhor maneira possível um valor da grandeza física, cujo valor exato é sempre
desconhecido. Portanto, a maneira como o resultado de uma medida é expresso deve indicar
este fato: é sempre um número (o melhor valor para a grandeza) associado a uma incerteza
experimental (informando a respeito da faixa dentro da qual este valor pode flutuar).

Já passamos por situações em que a repetição de uma experiência em idênticas condições não
fornece resultados idênticos, a não ser que nossos instrumentos de medida sejam “grosseiros”
– insensíveis a pequenas variações. Um exemplo: podemos medir o período de um pêndulo
(um pequeno objeto pendurado num fio). Se utilizarmos um cronômetro, ou um relógio digital,

Apresentação 17
provavelmente duas medidas seguidas (ou duas pessoas) não encontrarão o mesmo resultado.
Se usarmos um relógio comum, com ponteiro de segundos, sempre o valor encontrado será o
mesmo. Ou seja, existem variações se nosso instrumento nos permitir observá-las. E nenhuma
das medidas feitas com o cronômetro é “melhor”. É intrínseco ao processo de medida, à
construção (humana) dos instrumentos de medida e dos experimentos para fazer uma
determinação experimental, a existência dessas pequenas variações, “flutuações” em torno de
um valor.

A incerteza em uma medida representa, entre outras, a impossibilidade de construção de


instrumentos absolutamente precisos (por exemplo, uma régua que leia bilionésimos de
centésimos de milímetro, ou menores) e de existência de observadores absolutamente exatos.

A idéia principal é que ao realizar uma medida experimental não determinamos um valor
exato, e sim uma faixa de valores (com convenções a respeito do significado de cada um dos
elementos que compõem essa faixa). Se escolhermos a notação mais usada para uma medida,
por exemplo, (1,7 ± 0,1) unidades, estamos informando de maneira clara e inequívoca que o
valor medido está com grande probabilidade entre 1,6 e 1,8. Podemos escrever este valor como
1,7; jamais podemos escrever 1,70000 como aparece no visor de uma calculadora.

Estes assuntos são árduos no ensino médio; acabam se transformando no que não deveria
ocorrer, num conjunto de regras a serem decoradas a respeito de algarismos significativos.
Mas o conceito deve ser discutido, pois é simples e fundamental. Em alguns dos roteiros, esta
compreensão permite a conclusão a contento da atividade.

Outros recursos didáticos


Muitas vezes um experimento não pode ser realizado em sala de aula. Este é uma das utilidades
para vídeos didáticos: substituir observações experimentais. Existem muitos vídeos apropriados
para uso em sala de aula, e discutimos vários deles durante as atividades.

Outro recurso está associado à utilização de computadores. O uso pode ocorrer de diversas
maneiras: como uma ferramenta de facilitação de trabalhos (editor de textos para escrever
trabalhos, planilhas para fazer contas mais rapidamente, softwares gráficos para preparar
gráficos mais facilmente), como uma ferramenta de ensino (alguns aplicativos encontrados na
internet, com caráter mais ou menos interativo, estão nesta categoria), ou como uma ferramenta
de programação (na qual o estudante precisa modelar o problema que está resolvendo). Todas
estas ferramentas são úteis, desenvolvendo habilidades diferentes; nas discussões, utilizamos
muitos desses recursos e sugerimos alguns roteiros de utilização de aplicativos para o ensino.

18 Ensino Médio
Física

Citamos novamente o documento de reorientação:


“Simulações em computador podem ajudar os estudantes a formar modelos mentais de
conceitos abstratos ou de fenômenos de difícil visualização. Mais importante ainda, o
computador permite que os estudantes tenham acesso a instrumentos de modelagem
matemática poderosos e fáceis de usar. Com isso eles podem desenvolver e explorar
seus próprios modelos de fenômenos físicos, tornando-se participantes mais ativos na
construção de seu conhecimento. Existem programas de modelagem de ótima qualidade,
gratuitos, com documentação e material de apoio em português, e que podem ser
obtidos via Internet. Um exemplo bem conhecido é o Modellus (http://phoenix.sce.fct.
unl.pt/modellus).”.

Sugestões metodológicas para o professor


Para facilitar seu trabalho em sala de aula, temos algumas sugestões.

• Ao utilizar roteiros para os alunos, leve cópias para todos e entregue uma a cada estudante,
para que a participação efetiva seja incentivada, evitando que apenas alguns entre eles sintam-se
responsáveis pelo desenvolvimento das atividades.

• Estimule o trabalho em grupo, dividindo a turma em equipes, e incentive que eles discutam e
tirem conclusões entre eles antes de recorrer a você.

• Lembre que o professor ocupa um papel de mediador no processo de construção de


conhecimentos e desenvolvimento de conceitos. Esse processo talvez seja facilitado se você fizer
parte dos grupos de trabalho, sentando junto ao grupo. Pode parecer um detalhe insignificante,
mas o fato de estar sentado junto ao grupo faz com que os estudantes se sintam mais à vontade
para argumentar, propor estratégias, lançar conjecturas, uma vez que você assume a postura de
um membro da equipe. Além disso, este tipo de organização física leva os alunos a perceberem
que você está ocupado orientando um determinado grupo, o que contribui para que os alunos
respeitem o tempo de orientação destinado a cada grupo, facilitando, por conseguinte, o seu
trabalho.

• Utilize um caderno para anotações. Como você já deve ter percebido ao longo dos seus anos
de trabalho, durante o desenvolvimento de atividades experimentais os alunos freqüentemente
propõem estratégias e argumentos, e ocorrem dificuldades muitas vezes não previstas. Tais
elementos contribuem para enriquecer a prática e reorientar o fazer docente. Não deixe a
cargo de sua memória tantas informações.

• Nem sempre você terá equipamentos ou instrumentos de medidas para todos os alunos.
Mesmo assim, você pode desenvolver estratégias que façam com que todos os estudantes
manipulem esses materiais.

Apresentação 19
Sugestões de leitura para o professor
Do documento de reorientação curricular, enfatizamos a necessidade de uso das revistas para
professores de física. Em português, podemos citar novamente

Física na Escola, revista dedicada aos professores do ensino médio, editada pela Sociedade
Brasileira de Física. Versões eletrônicas dos artigos estão disponíveis na Internet, em
http://www.sbfisica.org.br.

Revista Brasileira de Ensino de Física, revista dedicada aos professores do ensino médio e superior,
editada pela Sociedade Brasileira de Física. Versões eletrônicas dos artigos estão disponíveis na
Internet, em http://www.scielo.br/rbef ou http://www.sbfisica.org.br.

Caderno Brasileiro de Ensino de Física, revista dedicada aos professores do ensino médio e superior,
editada na Universidade Federal de Santa Catarina. Os resumos dos artigos estão na Internet,
em http://server.fsc.ufsc.br/ccef/.

Outras leituras sugeridas são:

BARTHEM, Ricardo B. O que é a luz? (Coleção Temas Atuais da Física). São Paulo: Editora
Livraria da Física: Sociedade Brasileira de Física, 2005.

GREF – Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Física 1 – Mecânica. São Paulo: EDUSP
– Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

GREF – Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Física 2 – Física Térmica e Óptica. São
Paulo: EDUSP – Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

GREF – Grupo de Reelaboração do Ensino de Física. Física 3 – Eletromagnetismo. São Paulo:


EDUSP – Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

PSSC – PHYSICAL SCIENCE STUDY COMMITTEE. Física. Traduzido por Abrahão de


Moraes e outros. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 1963.

VALADARES, EDUARDO DE CAMPOS. Física mais que divertida: inventos eletrizantes baseados
em materiais reciclados e de baixo custo. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2000.

VUOLO, J. H. Fundamentos da teoria de erros, 2a. edição. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda,
1998.

Muitas experiências e atividades são propostas nos livros didáticos de Física publicados no
Brasil e no exterior. Uma leitura cuidadosa de alguns deles (o que inclusive serve ao professor
para escolher um livro didático para utilizar) permite a preparação de muitas atividades em sala
de aula.

Há também muitos sites da internet que fornecem um grande apoio ao professor, e que podem
ser encontradas facilmente utilizando mecanismos de buscas. Alguns deles são citados nestes
cadernos didáticos, por terem sido utilizados durante as atividades.

20 Ensino Médio
Física

Referências bibliográficas
Além das referências já citadas no documento de Reorientação Curricular:

TIBERGHIEN, A.; LEONARD JOSSEM, E.; BAROJAS, J. (ed.) Connecting research in physics
education with teacher education. International Comiision on Physics Education, 1998, consultado
on line em www. physics.ohio-state.edu/~jossem/ICPE/, em outubro de 2005.

McDERMOTT, L. C. Millikan Lecture 1990: What we teach and what is learned – Closing the gap, em
American Journal of Physics, 1991, volume 59, número 4, pág. 301.

Agradecimentos
A Francisco Sousa de Oliveira, funcionário do Instituto de Física, que forneceu todo o apoio
técnico necessário para o desenvolvimento das atividades.

À revista Física na Escola, pela autorização para uso de artigos.

Ao LADIF – Laboratório Didático do Instituto de Física da UFRJ, pela cessão de experimentos


e vídeos durante as discussões.

Apresentação 21
A REORIENTAÇÃO CURRICULAR PARA O ESTADO DO RIO DE
JANEIRO: FÍSICA NO ENSINO MÉDIO
Carlos Eduardo Aguiar
Eduardo Gama
Sandro Monteiro Costa

POR QUE ENSINAR FÍSICA NA ESCOLA MÉDIA?


A Física é, em muitos aspectos, a mais básica de todas as ciências naturais (pelo menos é o que
os físicos acham). Ela tem uma abrangência notável, envolvendo investigações que vão desde
a estrutura elementar da matéria até a origem e evolução do Universo. Usando uns poucos
princípios físicos, podemos explicar uma grande quantidade de fenômenos naturais presentes
no cotidiano, e compreender o funcionamento das máquinas e aparelhos que estão à nossa
volta. A inclusão da Física no currículo do ensino médio dá aos estudantes uma oportunidade
de entender melhor a natureza que os rodeia e o mundo tecnológico em que vivem.

Tão importante quanto conhecer os princípios fundamentais da Física é saber como chegamos
a eles, e porque acreditamos neles. Não basta ter conhecimento científico sobre a natureza;
também é necessário entender como a ciência funciona, pois só assim as características e limites
deste saber podem ser avaliados. O estudo da Física coloca os alunos da escola média frente a
situações concretas que podem ajudá-los a compreender a natureza da ciência e do conhecimento
científico. Em particular, eles têm a oportunidade de verificar como é fundamental para a
aceitação de uma teoria científica que esta seja consistente com evidências experimentais. Isso
lhes permitirá distinguir melhor entre ciência e pseudociência, e fazer sua própria avaliação
sobre temas como astrologia e criacionismo. Eles poderão também reconhecer as limitações
inerentes à investigação científica, percebendo que existem questões que não são colocadas
nem respondidas pela Física.

Um terceiro fator é que, ao ter contato com a Física, os alunos da escola média farão uso
de linguagens e procedimentos de aplicação muito ampla. Objetos e métodos utilizados
corriqueiramente o estudo de Física – sistemas de unidades, gráficos, modelos matemáticos,
tratamento de erros experimentais – fazem parte da maioria dos processos produtivos
modernos, e a familiaridade com eles é um requisito importante para o acesso a mercados de
trabalho de base tecnológica.

22 Ensino Médio
Física

O QUE OS ALUNOS DEVEM APRENDER NO CURSO DE FÍSICA?


Ao terminar o ensino médio, o aluno deverá:

• Conhecer conceitos e princípios da Física, e ser capaz de usá-los para explicar fenômenos
naturais e entender o funcionamento de máquinas e aparelhos.

• Conhecer a definição operacional e o significado das grandezas físicas mais importantes, e


familiarizar-se com suas unidades. Identificar essas grandezas em situações concretas.

• Reconhecer que a definição de uma grandeza física não é arbitrária, mas têm raízes em
experiências e idéias prévias, e é justificada por sua utilidade.

• Estar familiarizado com procedimentos básicos de medida e registro de dados, e com os


instrumentos de medida mais comuns.

• Compreender que a medida de uma grandeza física tem sempre um grau de incerteza, e ser
capaz de estimar este erro em situações simples.

• Ser capaz de estimar o valor de grandezas físicas em situações práticas.

• Saber ler e interpretar expressões matemáticas, gráficos e tabelas. Ser capaz de descrever uma
relação quantitativa nessas formas, e de passar de uma representação para outra.

• Compreender como modelos simplificados podem ser úteis na análise de situações


complexas.

• Reconhecer que teorias científicas devem ser consistentes com evidências experimentais,
levar a previsões que possam ser testadas, e estar abertas a questionamento e modificações.

• Compreender em que sentido os princípios da Física são provisórios e mutáveis, e perceber


como eles são aperfeiçoados e estendidos por aproximações sucessivas.

• Reconhecer que explicações sobre o mundo natural baseadas em crenças pessoais, fé religiosa,
revelação mística, superstições ou autoridade podem ter utilidade pessoal e relevância social,
mas não são explicações científicas.

• Compreender que os métodos da Ciência não são os únicos que devem ser usados para
explorar os múltiplos aspectos do mundo em que vivemos. Reconhecer o papel que a Filosofia
e as Artes desempenham na descoberta e interpretação de universos tão importantes ao ser
humano quanto o dos fenômenos físicos.

• Ser capaz de comunicar de forma precisa e eficiente o resultado de suas atividades relacionadas
à Física. Isto inclui organizar dados e escolher uma forma adequada para apresentá-los, fazer
diagramas e esquemas gráficos, e expressar-se de maneira lógica e bem estruturada.

A Reorientação Curricular para o Estado do Rio de Janeiro: Física no Ensino Médio 23


ESTRUTURA CURRICULAR
A proposta curricular apresentada a seguir pressupõe um ensino de Física que enfatize a
compreensão qualitativa de conceitos e não a memorização de fórmulas, e que esteja baseado
na discussão de fatos cotidianos e demonstrações práticas feitas em aula, e não na realização
repetitiva de exercícios pouco relevantes. Também é essencial que a Física não seja apresentada
aos estudantes como um conhecimento meramente introdutório, que só ganhará sentido e
utilidade posterior mente nos cursos universitários, que talvez nunca cheguem. Sem abandonar
a construção de bases para estudos mais avançados,o ensino de Física deve assumir o caráter
de ter minalidade que é atribuído à escola média.

A estrutura curricular proposta tem uma ordenação que foge um pouco da tradicional – na
primeira série são abordados Temperatura, Calor e Ótica. Esta opção deve-se à facilidade com
que esses temas podem ser relacionados a fenômenos da vida cotidiana, à possibilidade de se
realizar muitas demonstrações práticas, e ao uso de uma linguagem matemática relativamente
simples. A Mecânica, que envolve conceitos mais abstratos e difíceis, foi deixada para a
segunda série, quando os alunos já têm uma certa maturidade e conseguem usar a matemática
com maior segurança. Esta escolha também torna possível tratar a Mecânica de forma um
pouco mais profunda que a usual. Os temas estudados na terceira série são mais tradicionais:
Eletromagnetismo e Ondas. Apesar da seriação pouco comum, existem vários livros-texto de
boa qualidade e ampla utilização que podem ser adotados sem problemas na implementação
da proposta curricular.

A presente proposta afasta-se um pouco da orientação sugerida nos Parâmetros Curriculares


Nacionais no que diz respeito à organização dos conteúdos em temas estruturadores. Uma das
razões para isso é a pequena disponibilidade de material didático realmente compatível com os
PCN, o que torna mais difícil a adaptação da prática docente a uma refor mulação que atinge
não apenas os conteúdos, mas também os enfoques e formas de apresentação.

A Física Moderna não foi incluída no currículo proposto, contrariando algumas tendências
recentes. Esta opção deve-se em boa parte ao fator tempo, pois tal inclusão só poderia se dar
com o sacrifício de tópicos essenciais à própria compreensão do tema.

Seriação
1ª série 2a série 3a série
Temperatura e Calor Mecânica Eletricidade e Magnetismo
(~60%) (100%) (~60%)
Ótica Ondas
(~40%) (~40%)

(O número entre parênteses indica a parcela do tempo total dedicada a cada tema)

24 Ensino Médio
Física

Detalhamento
No que se segue, apresentamos os conteúdos de Física em detalhe. Os itens marcados com
um asterisco (*) são opcionais – em cada série, o professor deverá escolher pelo menos um deles.
Um conjunto de orientações gerais para a aplicação deste programa pode ser encontrado na
próxima seção.

1. Temperatura e Calor
• Temperatura; termômetros; escalas termométricas.
• Dilatação térmica.
• Calor e energia interna.
• Transferência de calor: condução, convecção, radiação.
• Calor específico.
• Calor latente e mudança de fase.
• Trocas de calor e equilíbrio térmico.
• A equação de estado dos gases ideais.
• Interpretação molecular da pressão e temperatura dos gases.
• Trabalho e a Primeira Lei da Termodinâmica. *

2. Ótica
• Emissão, propagação, reflexão e absorção da luz.
• Raios de luz; sombra.
• A lei de reflexão da luz.
• Formação de imagem por um espelho plano.
• Espelhos curvos. *
• A velocidade da luz; índice de refração.
• Refração; a lei de Snell.
• Formação de imagens por refração.
• Reflexão interna total.
• Dispersão; luz branca.
• Lentes. *
• O olho humano; defeitos de visão. *
• Instrumentos óticos. *

A Reorientação Curricular para o Estado do Rio de Janeiro: Física no Ensino Médio 25


3. Mecânica
A descrição do movimento
• Posição e tempo; trajetória.
• Velocidade e aceleração.
• Representações gráficas do movimento.

Forças
• Intensidade, direção e sentido das forças. Vetores.
• A soma de forças.
• Exemplos: forças de contato e atrito, peso, forças eletromagnéticas.
• Ação e reação.
• Equilíbrio.

Força e movimento
• As leis de Newton
• O conceito de massa.
• Movimento de uma partícula livre.
• Movimento sob uma força constante; projéteis
• Movimento circular. *
• Gravitação universal. *
• Movimento oscilatório. *

Conservação da energia
• Trabalho e potência.
• Energia cinética.
• Energia potencial.
• Conservação da energia mecânica.

Conservação da quantidade de movimento *


• Impulso.
• Quantidade de movimento.
• A terceira lei de Newton e a conservação da quantidade de movimento.

26 Ensino Médio
Física

Hidrostática *
• Pressão em fluidos.
• O princípio de Pascal.
• Empuxo e o princípio de Arquimedes.

4. Eletricidade e Magnetismo
• A carga elétrica.
• Materiais condutores e isolantes.
• Força e campo elétrico.
• Corrente elétrica.
• Diferença de potencial.
• A lei de Ohm; resistência elétrica.
• Baterias e outras fontes de tensão elétrica; força eletromotriz.
• Circuitos simples.
• Potência; o efeito Joule.
• Ímãs e campo magnético; linhas de campo; o campo magnético terrestre.
• A experiência de Oersted; eletroímãs.
• Força magnética sobre uma corrente; motores elétricos. *
• Indução eletromagnética; geradores elétricos e transformadores. *

5. Ondas
Fenômenos ondulatórios
• Ondas mecânicas e eletromagnéticas.
• Velocidade de propagação.
• Freqüência e comprimento de onda.
• Princípio da superposição e interferência.
• Ondas estacionárias. *
• Reflexão e refração de ondas.
• Difração.

A Reorientação Curricular para o Estado do Rio de Janeiro: Física no Ensino Médio 27


Luz
• Natureza ondulatória da luz.
• O espectro eletromagnético.

Som
• A velocidade do som.
• Intensidade, altura e timbre. Escalas musicais. Ultrasom.
• Instrumentos musicais. *
• Efeito Doppler. *

ORIENTAÇÕES GERAIS
As orientações abaixo são princípios gerais que se aplicam a todos os conteúdos da disciplina.
O objetivo não é enunciar um conjunto de regras, mas oferecer ao professor de Física subsídios
para uma reflexão sobre sua prática docente.

• O ensino de Física deve enfatizar a compreensão de conceitos e a aplicação destes a situações


concretas, e desestimular práticas como a memorização de fórmulas e sua utilização repetitiva
em exercícios numéricos artificiais.

• Os alunos aprendem de forma muito mais eficiente se o que lhes for ensinado estiver baseado
no que eles já sabem. O ensino de Física deve ser planejado de forma que o conhecimento dos
estudantes possa crescer de forma lógica e ordenada, tornando-se mais profundo, e não apenas
mais extenso, a cada passo.

• Ao entrar em contato com a Física, os estudantes já trazem concepções sobre o mundo natural
que são razoáveis e úteis a eles. Em alguns casos essas concepções diferem significativamente dos
conceitos e princípios físicos que se deseja ensinar, e atuam como barreiras a um aprendizado
efetivo. O reconhecimento e explicitação desses conflitos deve ser parte fundamental da prática
pedagógica no curso de Física.

• A introdução de conceitos abstratos deve partir da análise de situações concretas, de


preferência ligadas à experiência cotidiana dos alunos. Isto não apenas facilita a aprendizagem
desses conceitos, mas principalmente estabelece uma ponte entre o mundo da teoria e aquele
vivenciado pelos estudantes.

• Demonstrações em sala de aula e atividades de laboratório permitem que os estudantes


compreendam melhor os conceitos físicos e os fenômenos aos quais eles se aplicam, e façam
experimentos que coloquem a teste as teorias que lhes foram apresentadas. Estas atividades
dão aos alunos familiaridade com aparelhos e procedimentos de medida, desenvolvendo

28 Ensino Médio
Física

habilidades que são de grande importância para estudos posteriores ou para a inserção no
mundo do trabalho.

• Simulações em computador podem ajudar os estudantes a formar modelos mentais de conceitos


abstratos ou de fenômenos de difícil visualização. Mais importante ainda, o computador permite
que os estudantes tenham acesso a instrumentos de modelagem matemática poderosos e fáceis
de usar. Com isso eles podem desenvolver e explorar seus próprios modelos de fenômenos
físicos, tornando-se participantes mais ativos na construção de seu conhecimento. Existem
programas de modelagem de ótima qualidade, gratuitos, com documentação e material de
apoio em português, e que podem ser obtidos via Internet. Um exemplo bem conhecido é o
Modellus (http://phoenix.sce.fct.unl.pt/modellus).

• O material de estudo que os alunos utilizam fora de sala de aula não pode restringir-se a
anotações de caderno e apostilas. É essencial a uma aprendizagem sólida de Física que os
estudantes usem sistematicamente um livro-texto, e que este não seja apenas uma coleção de
fórmulas e problemas retirados de exames vestibulares.

• Uma grande quantidade de material didático de boa qualidade está disponível na Internet.
Esses recursos são de fácil acesso e podem complementar o material de estudo usado na
escola.

• É importante que o ensino de Física esteja articulado ao de Matemática, Química e Biologia,


de modo a dar aos estudantes uma visão integrada dessas disciplinas e de como elas podem
contribuir, cada uma a sua maneira, para o estudo comum de problemas concretos.

• Também é importante que os estudantes tenham uma perspectiva histórica do desenvolvimento


da Física, de modo a perceber como estruturas sociais, econômicas e culturais podem influenciar,
e ser influenciadas, pela evolução da Ciência. Eles devem aprender a ver o conhecimento
passado dentro de seu contexto histórico, e não de forma depreciativa à luz do conhecimento
atual.

• Os estudantes devem ser estimulados a comunicar a colegas, professores e outros, em


diferentes formas e mídias, o resultado de suas atividades relacionadas à Física.

• As revistas especializadas em ensino de Física podem dar uma contribuição importante ao


aperfeiçoamento da prática docente. Elas trazem desenvolvimentos recentes de materiais e
metodologias educacionais, discutem tópicos atuais de Física e descrevem novas formas de
ensinar temas tradicionais. Essas revistas são um meio de comunicação importante dentro
comunidade de professores de Física, e sua utilização pode ajudar a superar o isolamento
profissional em que muitos se encontram. Algumas têm versões eletrônicas disponíveis
gratuitamente na Internet, como a Física na Escola e a Revista Brasileira de Ensino de Física, ambas
editadas pela Sociedade Brasileira de Física. O Caderno Brasileiro de Ensino de Física também está
na Internet, mas apenas com o resumo dos artigos.

A Reorientação Curricular para o Estado do Rio de Janeiro: Física no Ensino Médio 29


SUGESTÕES DE LEITURA PARA O PROFESSOR
1. Física na Escola, revista dedicada aos professores do ensino médio, editada pela Sociedade
Brasileira de Física. Versões eletrônicas dos artigos estão disponíveis na Internet, em
http://www.sbfisica.org.br.

2. Revista Brasileira de Ensino de Física, revista dedicada aos professores do ensino médio e superior,
editada pela Sociedade Brasileira de Física. Versões eletrônicas dos artigos estão disponíveis na
Internet, em www.scielo.br/rbef ou www.sbfisica.org.br.

3. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, revista dedicada aos professores do ensino médio e
superior, editada na Universidade Federal de Santa Catarina. Os resumos dos artigos estão na
Internet, em server.fsc.ufsc.br/ccef/.

4. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, resolução CEB/CNE/MEC de 26 de


junho de 1998.

5. PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais
(MEC/SEMTEC, 2002).

6. A Contribuição da Física para o Novo Ensino Médio, M. R. G. Kawamura e Y. Hossoume, Física


na Escola, v. 4, n. 2, pp. 22/27 (2003).

7. National Science Education Standards, National Research Council (U.S.), disponível em


books.nap.edu/html/nses/.

30 Ensino Médio
Física

TEMPERATURA E CALOR

INTRODUÇÃO
A Física no ensino médio começa com o tema “Temperatura e Calor”. Segundo o documento
de reorientação curricular,
“na primeira série são abordados Temperatura, Calor e Ótica. Esta opção deve-se à
facilidade com que esses temas podem ser relacionados a fenômenos da vida cotidiana,
à possibilidade de se realizar muitas demonstrações práticas, e ao uso de uma linguagem
matemática relativamente simples.”

Os tópicos sugeridos estão listados a seguir. Os itens marcados com asterisco são opcionais,
uma escolha a ser feita pelo professor, e pelo menos um deles deve ser abordado.
• Temperatura; termômetros; escalas termométricas.
• Dilatação térmica.
• Calor e energia interna.
• Transferência de calor: condução, convecção, radiação.
• Calor específico.
• Calor latente e mudança de fase.
• Trocas de calor e equilíbrio térmico.
• A equação de estado dos gases ideais.
• Interpretação molecular da pressão e temperatura dos gases.
• Trabalho e a Primeira Lei da Termodinâmica. *

Neste tema, apresentamos um roteiro de atividades para o primeiro tópico, temperatura,


termômetros e escalas termométricas, e um artigo propondo uma atividade que discute a
influência da pressão na temperatura1.

1
A influência da pressão, de F.L. A. Pena, da seção “Faça você mesmo”, Física na Escola, volume 4, 2003, número 1, página 18.

Temperatura e Calor 31
Este momento, o da iniciação ao curso de física, merece uma atenção especial. O planejamento
das aulas deve ter o seu foco na compreensão de conceitos e na aplicação desses conceitos
a situações concretas, situações do dia-a-dia do aluno. Freqüentemente, observamos que
existe uma grande preocupação quanto à resolução de exercícios de conversões de escalas
termométricas. Tal atenção deve ser minimizada, pois conversão de escalas termométricas
pode ser pensada como um exercício matemático, apesar de seu estudo ter importância pelos
diversos usos das diferentes escalas.

Há muitas possibilidades de desenvolvimento de atividades interdisciplinares neste (e nos


outros) temas. Especialmente com a matemática, onde a abordagem das escalas termométricas
é uma oportunidade de revisão de razões e proporções, as trocas de calor são formuladas
como equações de primeiro grau, entre outros; mas também com a Química, por exemplo
relacionando a interpretação microscópica da pressão com os conceitos de composição da
matéria, e com a Biologia através da discussão dos mecanismos de trocas de calor (energia).

32 Ensino Médio
Física

ROTEIRO 1: QUENTE OU FRIO?

Roteiro do Professor 1
Ao abordar temperatura, termômetros e escalas termométricas, podemos começar pela
realização de um experimento bem simples, mas que permite discutir diversos aspectos das
ciências naturais, como por exemplo a necessidade de utilização de instrumentos de medidas.
A primeira atividade é chamada de “experiência dos três potes de água”. Três recipientes
contendo água a temperaturas diferentes – água fria, água morna e água quente – são dispostos
de forma que o aluno possa experimentar as sensações causadas nas mãos quando elas são
imersas nesses três recipientes. O recipiente com água morna deve ser colocado no meio dos
dois.

Pedimos ao aluno que coloque uma mão no recipiente com água fria e a outra mão no recipiente
com água quente. Após trinta segundos, pedimos ao aluno que retire as mãos dos recipientes
e coloque-as no recipiente com água morna. Então solicitamos que o aluno nos diga se a água
está quente ou fria baseando-se na sensação térmica de cada uma das mão.

Com esse experimento simples, abordarmos a necessidade estabelecimento de um padrão para


medida de temperatura, pois os nossos sentidos podem nos enganar ao tentarmos determinar
o que está quente ou frio.

Esta atividade pode ser aproveitada para discutir o porquê de não podermos usar as mãos, ou
os nossos sentidos, para medir a temperatura. Vejamos o exemplo: quando colocamos a mão
em um objeto metálico, temos a sensação de frio, e quando colocamos a mão em um objeto
de madeira, o objeto não nos parece frio. Apesar de sabermos que tanto o objeto metálico
quanto o de madeira estão à mesma temperatura, a temperatura ambiente, temos a sensação
de frio e de não tão frio. O que ocorre é uma transferência de calor entre a nossa mão e os dois
objetos, o metálico e o de madeira. Usualmente, nossos corpos estão à temperatura acima da
temperatura ambiente. Ao tocarmos em um objeto metálico ocorre a transferência de calor
da nossa mão para o objeto, e como metais são bons condutores de calor essa transferência
é eficiente; a perda de calor da nossa mão é que nos faz sentir a sensação de frio. Quando
tocamos um objeto de madeira, ocorre também a transferência de calor da nossa mão para o
objeto; mas a madeira conduz mal o calor, e a transferência não é tão eficiente, transmitindo a
sensação que a madeira não está tão fria quanto o metal.

A atividade 2 sugere a discussão das propriedades da matéria (dilatação térmica) que permite a
construção dos termômetros. Na terceira atividade, sugere-se a construção dos conceitos que
permitem a transformação entre as escalas termométricas.

Temperatura e Calor 33
Roteiro do aluno 1 - Quente ou frio?

Atividade 1 - “A experiência dos três potes de água”:


Três recipientes estão a sua frente. Você vai experimentar as sensações causadas nas suas mãos
ao serem imersas neles.

Coloque uma das mãos no recipiente mais à esquerda e a outra mão no recipiente mais à direita
de você. Espere trinta segundos, retire as mãos dos recipientes e coloque-as (as duas mãos) no
recipiente do meio.

Descreva o que você sentiu com as mãos em relação às temperaturas dos três recipientes.

Atividade 2: Como funciona um termômetro


Você sabe com funciona o termômetro da figura 1?

Figura 1

Atividade 3: Escalas Celsius e Fahrenheit


Na Figura 1, temos um termômetro com duas escalas termométricas, a Escala Fahrenheit à
esquerda, e Escala Celsius à direita. É possível estabelecer alguma relação numérica entre as
duas escalas? Se possível, qual seria?

34 Ensino Médio
Física

ROTEIRO 2 – A INFLUÊNCIA DA PRESSÃO NA TEMPERATURA DE


EBULIÇÃO
Incluimos a seguir uma atividade proposta na revista Física na Escola, vol. 4, número 1 (2003),
página 18, na seção “Faça Você Mesmo”.

Esta atividade está relacionada à discussão de mudança de fase e interpretação molecular da


pressão dos gases.

Temperatura e Calor 35
ÓTICA

INTRODUÇÃO
A ótica é a parte da física que estuda a luz e os fenômenos luminosos. A percepção da luz
desempenha um papel muito importante na nossa interação com o mundo, na construção da
representação da natureza.
O desenvolvimento histórico da resposta à pergunta “o que é a luz?” constitui um exemplo
bastante interessante para a compreensão dos processos de desenvolvimento das idéias
em ciência. Modelos, como o modelo geométrico da luz (ou ótica geométrica), que exigem
conhecimentos básicos de matemática associados à geometria, e que explicam boa parte dos
fenômenos com os quais nos deparamos em nosso dia a dia, devem ser substituídos em algumas
situações – e que também fazem parte de nosso cotidiano – por modelos mais elaborados, o
modelo ondulatório da luz e a ótica quântica. A compreensão de que os modelos científicos
têm regiões de validade, e que a construção de um modelo mais geral não nos impede de
continuar a utilizar o modelo mais simples nas situações em que ele é válido são instrumentos
que permitem ao estudante ter um vislumbre do “modo de fazer ciência”.

Os tópicos sugeridos dentro do tema são:


• Emissão, propagação, reflexão e absorção da luz.
• Raios de luz; sombra.
• A lei de reflexão da luz.
• Formação de imagem por um espelho plano.
• Espelhos curvos. *
• A velocidade da luz; índice de refração.
• Refração; a lei de Snell.
• Formação de imagens por refração.
• Reflexão interna total.
• Dispersão; luz branca.
• Lentes. *
• Olho humano; defeitos de visão. *
• Instrumentos óticos. *

36 Ensino Médio
Física

Para o estudo destes temas, todos associados ao modelo da ótica geométrica, são necessários
conhecimentos de geometria euclidiana. A formação dos conceitos de como os raios se
propagam, a idéia de que linhas geométricas nos permitem ter idéia dos tamanhos das imagens,
entre outras, devem ser cuidadosamente construídos, pois as imagens usuais nos textos e
trabalhos de ótica não são óbvios para os alunos. Os conceitos devem ser construídos com
base em observações experimentais, seguidas de sistematizações das observações e discussão,
de preferência com exigência de argumentação, pelos alunos.

A ótica geométrica é uma das áreas da Física com importantes aplicações práticas, como fibras
óticas, lentes/óculos, lupas, projetores de cinema, fotografia, microscópios, telescópios e outros
instrumentos óticos. Além disso, é possível compreender com modelos simplificados como é
fundamental para a aceitação de uma teoria científica que esta seja consistente com evidências
experimentais.

Ótica 37
ROTEIRO 3 – A LUZ SE PROPAGA EM LINHA RETA

Roteiro do professor 3
A idéia básica é observar experimentalmente que a luz se propaga em linha reta em um meio
homogêneo. Antes da realização de experimentos, é imprescindível fazer perguntas específicas
aos estudantes para que eles reflitam sobre os conceitos de:
fonte de luz
mecanismo de propagação da luz
meio homogêneo
percepção da luz
raio luminoso (representação geométrica)
interação da luz com a matéria (processos luminosos)
Para isso, é proposto um conjunto de perguntas a serem respondidas (por escrito), seguido de
uma atividade experimental.

Material
• Três blocos de madeira perfurados idênticos ou três dobradiças de porta idênticas
• Caneta laser
• Pó de giz
• Anteparo (papel A4, parede)

Atividade Experimental
Alinhe os três blocos ou três dobradiças, como mostrado na figura. Se os blocos estiverem
alinhados, a luz do laser pode incidir no anteparo. Para alinhá-los, sugerimos usar uma folha de
papel A3 milimetrado, ou traçar uma linha reta sobre a superfície em que estiver trabalhando,
ou ainda utilizar um dos lados de sua mesa como referência para o alinhamento (direto e
imediato).

38 Ensino Médio
Física

De uma das extremidades, faça o laser atravessar os orifícios dos blocos ou das dobradiças. Ao
desalinhar o orifício de um dos blocos nada será observado no anteparo! A luz se propaga em
linha reta em um meio homogêneo (ar). Verifique se todos os estudantes sabem expressar o
que estão observando.

Discuta também a questão da necessidade do anteparo para a observação. O facho da luz


laser se propaga pelo ar até atingir um obstáculo (bloco de madeira, anteparo), e não pode ser
visto num ambiente em que não haja partículas, por exemplo de poeira, que reflitam essa luz
difusamente (em todas as direções). Uma demonstração pode ser feita jogando pó de giz em
cima da luz laser que sai da caneta. Outras alternativas são talco, farinha ou até mesmo soprar
fumaça de cigarro!

Ótica 39
Roteiro do aluno 3 – A luz se propaga em linha reta

Responda
1. O que são fontes de luz?
2. Olhe ao seu redor e faça uma lista de objetos que se comportam como fontes de luz.
3. Quando dizemos que uma fonte de luz é pontual ou puntiforme?
4. E quando dizemos que uma fonte de luz é extensa?
5. O que é um raio luminoso?
6. O que acontece com a luz ao encontrar um objeto opaco?

Material
• Três blocos de madeira perfurados idênticos ou três dobradiças de porta idênticas
• Caneta laser
• Pó de giz ou talco ou farinha de trigo
• Anteparo (papel A4, parede)
• Papel milimetrado

Atividade Experimental
1. Alinhe os três blocos ou três dobradiças, como mostrado na figura. Para isso, sugerimos que
você use uma folha de papel A3 milimetrado, ou que trace uma linha reta sobre a superfície
em que está trabalhando, ou ainda que utilize um dos lados de sua mesa como referência para
o alinhamento (direto e imediato).

2. De uma das extremidades, faça o laser atravessar os orifícios dos blocos ou das dobradiças.

3. O que você observa no anteparo?

40 Ensino Médio
Física

4. Agora, desalinhe o orifício de um dos blocos.

5. O que você observa no anteparo?

6. O que você pode concluir sobre a propagação da luz no ar?

7. Você consegue observar o facho da luz laser que se propaga pelo ar até atingir o obstáculo
(bloco de madeira, anteparo)?

8. Com a ajuda de alguém, jogue pó de giz em cima da luz laser que sai da caneta. O que
acontece? Você consegue observar o facho da luz laser que se propaga pelo ar até atingir o
obstáculo (bloco de madeira, anteparo)?

Ótica 41
ROTEIRO 4 – RAIOS DE LUZ VÃO E VOLTAM PELO MESMO CAMINHO

Roteiro do professor 4
Esta atividade pretende mostrar que a trajetória da luz independe do sentido do percurso, ou
seja, que o caminho de ida é igual ao caminho de volta. Este fenômeno costuma ser chamado
de “princípio da reversibilidade dos raios luminosos”.

Material
• Dois espelhos planos
• Folha de papel
• Caneta laser
• Régua
• Caneta

Atividade Experimental
O uso da representação geométrica da luz como um segmento de reta orientado (raio luminoso)
mostra que a trajetória de um raio luminoso independe do sentido em que ele se propaga.

O experimento, descrito na figura abaixo, utiliza um feixe luminoso emitido por uma caneta
laser e refletido em dois espelhos. Marcando os pontos de incidência do feixe em cada um dos
espelhos e em pontos externos (a posição da caneta laser e a posição, verificada colocando-
se um anteparo como a mão, da direção de saída do raio) permite o traçado, em papel, dos
segmentos de reta que representam a trajetória do raio de luz. A troca de posição da caneta laser
permite a verificação que as trajetórias do feixe coincidem, demonstrando experimentalmente
o princípio da reversibilidade do dos raios luminosos.

42 Ensino Médio
Física

Roteiro do aluno 4 – Raios de luz vão e voltam pelo mesmo caminho

Responda
1. O que são espelhos?
2. Quais os tipos de espelho que você conhece? Faça uma lista.
3. De que forma a luz se comporta ao interagir com um meio transparente e polido?
4. Quais as leis que regem a interação da luz com um meio transparente e polido?

Material
• Dois espelhos planos
• Folha de papel
• Caneta laser
• Régua
• Caneta

Atividade Experimental
1. Coloque dois espelhos planos dispostos verticalmente sobre uma folha branca, como na
figura 1.

2. Faça o feixe da caneta laser incidir em um dos espelhos.

3. O que acontece com o raio luminoso emitido pela caneta ao encontrar o espelho?

4. O que acontece com o raio luminoso que sai desse espelho e encontra o segundo espelho?

5. Trace as trajetórias dos raios sobre a folha usando segmentos de reta que indicam o sentido
de propagação como mostra a figura.

6. Em seguida, faça o feixe incidir no sentido oposto, ou seja, primeiro no espelho 2 (figura
2).

7. Trace a trajetória na mesma folha com uma caneta de cor diferente, indicando o sentido de
propagação.

8. O que você pode dizer sobre as trajetórias desenhadas? São diferentes ou idênticas?

Ótica 43
44 Ensino Médio
Física

ROTEIRO 5 – OS RAIOS DE LUZ NÃO SE MISTURAM

Roteiro do professor 5
Esta atividade pretende mostrar que quando dois raios de luz se cruzam, um não interfere na
trajetória do outro, cada um se comportando como se o outro não existisse; esse é o chamado
“princípio da independência dos raios de luz”.

Material
• Duas folhas de papel celofane de cores diferentes (por exemplo, vermelha e azul)
• Duas lanternas
• Fita adesiva
• Tesoura

Atividade Experimental
1. Para simplificar a demonstração, propomos o uso de folhas de papel celofane colorido. O
papel celofane, dependendo de sua qualidade, funciona como um filtro cromático. Cubra a
saída da luz de cada lanterna com uma das folhas de papel celofane colorido. Obtém-se, então,
fachos de luz coloridos.

2. Aponte-os para um anteparo de preferência branco (parede, folha de papel) de tal forma que
os feixes se cruzem, como na figura.

3. O aluno deve observar o que ocorre e descrever – por escrito, para colegas do grupo, ou
oralmente para a turma, a sua observação.

4. O feixe de luz vermelha não sofre nenhuma interferência do feixe de luz azul. Um não desvia
o outro, cada um conservando suas características iniciais.

Ótica 45
Roteiro do aluno 5 – Os raios de luz não se misturam

Pergunta
O que acontece quando dois feixes de luz, vindos de lanternas diferentes, se cruzam?

Material
• Duas folhas de papel celofane de cores diferentes (por exemplo, vermelha e azul)
• Duas lanternas
• Fita adesiva
• Tesoura

Atividade Experimental
1. Cubra a saída da luz de cada lanterna com uma das folhas de papel celofane colorido. O
papel celofane, dependendo de sua qualidade funciona como um filtro cromático. Obtém-se,
então, fachos de luz coloridos.

2. Aponte-os para um anteparo de preferência branco (parede, folha de papel) de tal forma que
os feixes se cruzem.

3. Observe o que ocorre e descreva sua observação. Responda à pergunta inicial.

46 Ensino Médio
Física

ROTEIRO 6 – A LUZ SE REFLETE

Roteiro do professor 6
Nesta atividade, exploramos experimentalmente um dos aspectos da interação da luz com a
matéria, a reflexão da luz. Isso permite fazer uma discussão importante com os alunos sobre
procedimentos experimentais, medidas, incertezas, comparação entre medidas, algarismos
significativos.

Material
• Espelho plano
• Folha de papel milimetrado
• Caneta laser
• Régua
• Caneta
• Transferidor

Atividade Experimental
1. Coloque o espelho plano sobre uma folha de papel milimetrado.

2. Faça o feixe da caneta laser incidir no espelho em uma direção oblíqua. O raio luminoso
emitido pela caneta reflete nesse espelho.

3. Trace a trajetória do raio sobre a folha usando segmentos de reta que indiquem o sentido de
propagação, como no Roteiro 4.

4. Trace a normal ao espelho no ponto de incidência. Aqui, deve ser discutido o conceito de
reta normal a um plano, e que os ângulos de incidência e de reflexão são medidos a partir desta
normal.

5. Com o transferidor meça os ângulos de incidência θINC e reflexão θREF .

6. Os valores que você encontrou são idênticos? Pergunte aos seus colegas sobre as medidas que
eles obtiveram. Você se surpreende com valores diferentes que tenham sido medidos para esses
ângulos? Ao medir os ângulos de incidência θINC e de reflexão θREF dificilmente encontramos
valores que coincidem exatamente. Aproveite para discutir com os alunos que todo e qualquer
processo de medida não é perfeito. Procure incentivá-los a enunciarem as possíveis fontes de
incertezas experimentais dessa atividade. Peça que observem a largura do feixe da caneta laser,
a qualidade do transferidor, o olho do observador, a posição de observação, a escolha do ponto
de incidência do laser no espelho (referência para traçar a normal) entre outras. Compare as

Ótica 47
medidas de alguns alunos. Eles verificarão que em geral existe uma diferença de alguns graus e
que é razoável considerarmos que a Lei da Reflexão foi verificada se as medidas de e diferirem
de aproximadamente 30.

48 Ensino Médio
Física

Roteiro do aluno 6 – A luz se reflete


Existe uma “lei da reflexão” que nos permita prever como muda a trajetória de um raio de luz
ao atingir um espelho plano? Se existe, qual é?

Material
• Espelho plano
• Folha de papel milimetrado
• Caneta laser
• Régua
• Caneta
• Transferidor

Atividade Experimental
1. Coloque o espelho plano sobre uma folha de papel milimetrado.

2. Faça o feixe da caneta laser incidir no espelho em uma direção oblíqua. O raio luminoso
emitido pela caneta reflete nesse espelho.

3. Trace a trajetória do raio sobre a folha usando segmentos de reta que indiquem o sentido de
propagação, como no Roteiro 4.

4. Trace a normal ao espelho no ponto de incidência.

5. Com o transferidor meça os ângulos de incidência θINC e reflexão θREF.

6. Os valores que você encontrou são idênticos? Pergunte aos seus colegas quais as medidas
que eles obtiveram. Você se surpreende com valores diferentes que tenham sido medidos para
esses ângulos?

Ótica 49
ROTEIRO 7 – A LUZ SE REFLETE VIRTUALMENTE

Roteiro do professor 7
Você pode explorar com seus alunos, se houver acesso à rede mundial de computadores
(internet), alguns aplicativos preparados para ensino de Física. Há muitos deles disponíveis, em
geral escritos em dois tipos de linguagem específicos para páginas de internet: Flash e Java.

Vamos aqui indicar um exemplo de como o Roteiro 6, de uma atividade experimental sobre a lei
da reflexão da luz em espelhos planos, pode ser feita de forma interativa com os estudantes.

Lembre-se que quando este tipo de material é produzido, o programador faz o modelo e ele
fica invisível para o usuário. Isto é, o material é preparado para “dar certo” – a lei da reflexão
certamente vai ser observada se o programador fez o programa de maneira a que ela funcione!
Então, este tipo de atividade serve para motivar os alunos, para brincar, para aprender de uma
forma diferente e interativa, mas não é uma “verificação experimental” da lei da reflexão!

Material
Computador com acesso à internet, e um programa de navegação (“browser” – o Internet
Explorer, Mozilla ou outro) instalado. No caso do aplicativo sugerido, o “plug-in” do Flash
deve estar instalado – o computador vai indicar caso não esteja.

Procedimento
Acesse a página da internet www.if.ufrj.br/~marta/aplicativos/aplicativo.html e clique no
texto em azul “reflexão” no tema “ótica geométrica” – ou então acesse diretamente a página
www.if.ufrj.br/~marta/aplicativos/leidareflexao.html (sem acentos). Se a figura não aparecer
inteira, e você estiver utilizando o Internet Explorer, aperte a tecla F11. A figura reproduz a
tela.

50 Ensino Médio
Física

Nesta figura, os dois “botões” à direita e à esquerda servem para mover o espelho e a posição
da lanterna. O transferidor desenhado marca intervalos de 5o. Com isso, você pode propor
várias medidas aos estudantes de ângulos de incidência e ângulos de reflexão.

Ótica 51
ROTEIRO 8 – AS IMAGENS NUM ESPELHO PLANO

Roteiro do professor 8
O espelho plano é o único tipo de espelho cuja imagem formada independe da posição do
observador e encontra-se à mesma distância do espelho que o objeto. Essa prática permite ao
aluno realizar as medidas dessas distâncias e compará-las.

Novamente, é importante discutir o procedimento experimental para realizar as medidas e para


compará-las. Como faremos uso de um corpo extenso (vela) e de uma base de madeira espessa,
as incertezas mais relevantes para a realização das medidas estão na dificuldade em escolher
um ponto da vela para referência da medida e a escolha do “centro” do espelho.

Material
• 1 base de madeira de 40 x 30 x 2 cm (base de um porta-retrato)
• 1 placa de vidro plano comum, transparente, de (30 x 25 x 0,2) cm
• 1 vela
• fósforo
• papel milimetrado
• lápis

Atividade Experimental
1. Os alunos devem responder às perguntas propostas antes de começarem a experiência.

2. A montagem do espelho e a preparação para a realização de medidas deve ser feita na


seqüência a seguir: determine a origem C no papel milimetrado do centro da placa de vidro,
coloque o vidro no suporte, alinhe o vidro no suporte com a origem determinada no papel
milimetrado.

3. Marque com o lápis no papel milimetrado a posição do objeto O em relação ao vidro


(espelho) C.

4. Coloque a vela (objeto) na posição escolhida e acenda a vela.

5. Posicione-se de frente para a vela e olhe a sua imagem através da placa de vidro.

6. Marque com o lápis no papel milimetrado a posição do centro da imagem formada I.

7. Leia no papel milimetrado o valor das distâncias di (entre a imagem formada e o vidro/
espelho) e do (entre o objeto e o vidro/espelho).

52 Ensino Médio
Física

8. Compare os valores obtidos. Eles são idênticos?

O papel milimetrado facilita bastante a realização das medidas das distâncias bem como a
determinação da origem C do centro do espelho.

Na comparação dos valores obtidos, novamente, os alunos se confrontarão com o fato das
medidas obtidas não serem exatamente iguais. Aqui, você verá que é razoável encontrar valores
para essas distâncias diferindo de aproximadamente 5cm.

Uma outra alternativa apresentada em alguns materiais didáticos é a realização apenas qualitativa
dessa atividade, usando uma outra vela idêntica à primeira, mas apagada. O aluno, olhando
através do espelho, movimenta a vela apagada até que ela coincida com a imagem da vela acesa.
Nessa posição, ele terá a impressão que a vela apagada está acesa! Poderá, então, concluir que
a imagem fornecida pelo espelho é do mesmo tamanho que a que está acesa e simétrica a ela
em relação ao espelho.

Uma “brincadeira” usual, é colocar um copo com água na posição da imagem da vela acesa,
tendo-se a impressão que a vela fica acesa dentro da água! A foto a seguir mostra esta
brincadeira...

Ótica 53
Roteiro do aluno 8 – As imagens num espelho plano

Perguntas
1. O que é uma imagem virtual?
2. O que é uma imagem real?
3. Quantos raios luminosos são emitidos por um ponto luminoso?
4. Quantos raios são necessários para formar a imagem de um ponto?
5. Esses raios podem ser quaisquer ou devem guardar alguma relação entre si?
6. Qual o tipo de imagem formada por um espelho plano?
7. Qual é a relação entre as distâncias do objeto ao espelho e do espelho até a imagem?
8. Num espelho plano, a posição e o tamanho da imagem dependem da posição do observador
em relação ao espelho?
9. Quais as características das imagens formadas em espelhos planos?
10. Como localizamos as imagens formadas por um espelho plano?

Material
• 1 base de madeira de 40 x 30 x 2 cm (base de um porta-retrato)
• 1 placa de vidro plano comum, transparente, de (30 x 25 x 0,2) cm
• 1 vela
• fósforo
• papel milimetrado
• lápis

Atividade Experimental
1. Determine a origem C no papel milimetrado do centro da placa de vidro.
2. Coloque o vidro no suporte.
3. Alinhe o vidro no suporte com a origem determinada no papel milimetrado.
4. Marque com o lápis no papel milimetrado a posição do objeto O em relação ao vidro
(espelho) C;
5. Coloque a vela (objeto) na posição escolhida.
6. Acenda a vela.
7. Posicione-se de frente para a vela e olhe a sua imagem através da placa de vidro.

54 Ensino Médio
Física

8. Marque com o lápis no papel milimetrado a posição do centro da imagem formada I.

9. Leia no papel milimetrado o valor das distâncias di (entre a imagem formada e o vidro/
espelho) e do (entre o objeto e o vidro/espelho).

10. Compare os valores obtidos. Eles são idênticos?

Ótica 55
ROTEIRO 9 – REFRAÇÃO E REFLEXÃO NUMA LENTE

Roteiro do professor 9
Nesta atividade, verificamos o que acontece com um feixe de luz quando ele muda de meio – do
ar para dentro de uma placa de acrílico. Observamos a refração da luz, e podemos aproveitar
este experimento para discutir uma série de situações interessantes, desde a observar objetos
dentro da água até discutir como animais conseguem localizar presas na água ou de dentro da
água no ar.

Novamente, a questão da medida se coloca – é difícil conseguir, com os dados experimentais


obtidos (e suas incertezas), uma “verificação experimental” quantitativa da lei da refração. No
entanto, podemos estudá-la semi-quantitativamente, e discutir mais uma vez o significado de
medidas e suas incertezas em ciência.

Material utilizado
• lente de acrílico semicircular (ou com outra forma)
• papel milimetrado
• caneta laser
• lápis
• transferidor
• placa de isopor
• alfinetes
• régua

Atividade Experimental
1. Utilize uma sala pouco iluminada para enxergar melhor os raios. Tome cuidado para definir
a normal à superfície na qual existe a mudança de meio no qual a luz se propaga, a superfície
da lente; defina raio incidente como o que chega a essa superfície, raio refletido ao raio que
continua no ar (sem penetrar na lente); e raio refratado como o que penetra na lente. Preocupe-
se em observar que todos os ângulos são medidos a partir da direção da normal à superfície da
lente pelo ponto onde o raio de luz atinge esta superfície.

2. Utilize uma placa de isopor com uma folha de papel (de preferência milimetrado) presa
sobre ela com alfinetes. Coloque a lente semi-circular sobre a folha de papel, deitada sobre
ele, de forma que seu diâmetro coincida com uma das linhas do papel. Desenhe no papel o
contorno da lente, e marque o seu centro O.

56 Ensino Médio
Física

3. Marque sobre o papel a direção da normal que passa pelo ponto O. Trace uma linha que
corresponda a um ângulo de 60o com a normal.

4. Faça a luz da caneta laser incidir sobre o centro O da lente, de forma tal que a direção do
raio luminoso seja a da direção que você traçou sobre o papel. O ângulo de incidência então
corresponde a θINC = 60 .
o

5. Para marcar as direções dos raios (incidente, refletido e refratado), use alfinetes. Coloque um
no centro da lente, outro sobre um dos pontos da reta que define o raio incidente, um terceiro
sobre um dos pontos da reta que define o raio refletido e um último para marcar a reta que
define o raio refratado (com isso você melhora a exatidão experimental). Talvez seja necessário
mover ligeiramente a caneta laser para que todos os raios tornem-se visíveis.

6. Desenhe cuidadosamente os raios refletido e refratado a partir dos alfinetes marcados.

7. Meça os ângulos refletido θREFL e refratado θREFR .

8. Você poderia medir o índice de refração do material da lente? Discuta a questão da determinação
da incerteza experimental neste índice de refração, já que ele é uma medida indireta; não é
possível fazer uma leitura num instrumento e estimar a incerteza imediatamente.

9. E que tal melhorar esta medida, repetindo as medidas para outros ângulos de incidência?
(Cuidado para não transformar este experimento numa atividade muito cansativa.)

10. Observe especialmente o que ocorre quando o ângulo de incidência é nulo (o raio incidente
tem a direção da normal).

11. Faça o contrário – coloque a caneta laser emitindo a luz a partir da superfície semicircular.
Verifique se sempre é possível observar um raio saindo do lado plano da superfície da lente.

Ótica 57
Roteiro do aluno 9 – Refração e reflexão numa lente

Objetivo
Observar o que acontece com um feixe de luz quando ele passa do ar para uma placa de acrílico
(muda o meio de propagação).

Material utilizado
• lente de acrílico semicircular (ou com outra forma)
• papel milimetrado
• caneta laser
• lápis, transferidor, alfinetes e régua
• placa de isopor

Atividade Experimental
1. Utilize uma placa de isopor com uma folha de papel (de preferência milimetrado) presa
sobre ela com alfinetes. Coloque a lente semi-circular sobre a folha de papel, deitada sobre
ele, de forma que seu diâmetro coincida com uma das linhas do papel. Desenhe no papel o
contorno da lente, e marque o seu centro O (veja a figura).

2. Marque sobre o papel a direção da normal que passa pelo ponto O. Trace uma linha que
corresponda a um ângulo de 60o com a normal.

3. Faça a luz da caneta laser incidir sobre o centro O da lente, de forma tal que a direção do raio
luminoso seja a da direção que você traçou sobre o papel. Quanto vale o ângulo de incidência
θINC ?
4. Para marcar as direções dos raios (incidente, refletido e refratado), use alfinetes. Coloque um
no centro da lente, outro sobre um dos pontos da reta que define o raio incidente, um terceiro
sobre um dos pontos da reta que define o raio refletido e um último para marcar a reta que
define o raio refratado (com isso você melhora a exatidão experimental). Talvez seja necessário
mover ligeiramente a caneta laser para que todos os raios tornem-se visíveis.

5. Desenhe cuidadosamente os raios refletido e refratado a partir dos alfinetes marcados.

6. Meça os ângulos refletido θREFL e refratado θREFR .

7. Você poderia medir o índice de refração do material da lente?

8. E que tal melhorar esta medida, repetindo as medidas para outros ângulos de incidência?

58 Ensino Médio
Física

9. Observe especialmente o que ocorre quando o ângulo de incidência é nulo (o raio incidente
tem a direção da normal).

10. Faça o contrário – coloque a caneta laser emitindo a luz a partir da superfície semicircular.
Verifique se sempre é possível observar um raio saindo do lado plano da superfície da lente.

Ótica 59
ROTEIRO 10 – A MOEDA NO FUNDO DA PISCINA DO COMPUTADOR
Roteiro do professor 10
Aqui está outro aplicativo (como no Roteiro 7) a ser usado na internet.

A idéia é ver como percebemos uma moeda no fundo de uma piscina – onde nossos olhos
vêem a imagem da moeda. Mexendo no aplicativo, verifica-se que a posição da moeda depende
de onde nossos olhos estão.

Material
Computador com acesso à internet, e um programa de navegação (“browser” – o Internet
Explorer, Mozilla ou outros) instalado. No caso do aplicativo sugerido, o “plug-in” do Flash
deve estar instalado – o computador vai indicar caso não esteja.

Procedimento
Acesse a página da internet www.if.ufrj.br/~marta/aplicativos/aplicativo.html e clique no texto
em azul “imagem por refração” no tema “ótica geométrica” – ou então acesse diretamente a
página www.if.ufrj.br/~marta/aplicativos/dioptro.html. Se a figura não aparecer inteira, e você
estiver utilizando o Internet Explorer, use a tecla F11. A figura reproduz a tela.

Neste aplicativo, você pode mudar o índice de refração da água (alto, à direita), a posição
do observador (cursor no alto), a abertura entre dois raios para formar a imagem (alto, à
esquerda, com ajuste fino) e o que você quer mostrar: um raio apenas, dois raios, a normal, a
imagem. Para este roteiro, não há o guia do aluno – a idéia é que ele descubra o que pode fazer,
discutindo com os colegas e com o professor. É absolutamente fundamental a discussão para
formalizar o que está sendo visto.

60 Ensino Médio
Física

ROTEIRO 11 – A REFLEXÃO TOTAL E AS FIBRAS ÓTICAS

Roteiro do professor 11
As fibras óticas são extremamente utilizadas para transmitir voz, televisão e sinais de dados por
ondas de luz. Seu princípio básico de funcionamento é a reflexão total.

A luz ao se propagar dentro das fibras – um meio que tem índice de refração maior do que o
ar – sofre múltiplas reflexões totais, ficando “aprisionada” dentro da fibra. O experimento a
seguir permite a observação desse fenômeno.

Material
• Tubo de ensaio
• Caneta laser
• Rolha
• Detergente

Atividade Experimental
1. As perguntas iniciais referem-se aos conceitos que devem ter sido anteriormente trabalhados
com os alunos. O que é reflexão total? Quais as condições para que ela aconteça? Reflexões
totais têm a seu ver alguma aplicação prática? Qual? A discussão dessas questões antes e depois
da atividade cumpre o papel de fazer com que o aluno reflita sobre o que está observando.

2. Montagem do experimento: preencha o tubo de ensaio com detergente e vede a extremidade


aberta do tubo com a rolha sem deixar ar no interior do tubo (veja a foto).

Ótica 61
3. Incida a luz da caneta laser pela extremidade oposta a da rolha. Descreva sua observação.
Varie o ângulo de incidência. Existe alguma posição em que a luz não se refrata? Por quê?
Escureça o ambiente para facilitar a observação.

4. Incidindo a luz laser pela extremidade oposta à da rolha e variando-se o ângulo de incidência
pode-se ver que para a luz num meio (detergente) cujo índice de refração é maior do que o do
ar existe um ângulo limite a partir do qual ela fica “presa”, fazendo múltiplas reflexões totais,
sem conseguir passar para o ar. O ambiente escurecido facilita a visualização.

62 Ensino Médio
Física

Roteiro do aluno 11 – A reflexão total e as fibras óticas

Responda
1. O que é reflexão total?

2. Quais as condições para que ela aconteça?

3. Reflexões totais têm a seu ver alguma aplicação prática? Qual?

Material
• Tubo de ensaio
• Caneta laser
• Rolha
• Detergente

Atividade Experimental
1. Preencha o tubo de ensaio com detergente.

2. Vede a extremidade aberta do tubo com a rolha sem deixar ar no interior do tubo.

3. Incida a luz da caneta laser pela extremidade oposta a da rolha. Descreva sua observação.

4. Varie o ângulo de incidência. Existe alguma posição em que a luz não se refrata? Por quê?

Escureça o ambiente para facilitar a observação.

Ótica 63
ROTEIRO 12 – UMA LÂMPADA VIRA UMA LENTE CONVERGENTE

Roteiro do professor 12
Neste roteiro, vamos mostrar a observação de imagens reais e virtuais usando uma lente
biconvexa convergente. Essas lentes são convergentes quando o índice de refração do meio
que a envolve é menor do que o do material que a constitui. Quando um objeto encontra-se
além do seu foco, os raios de luz refratados se cruzam. As imagens formadas são reais.
Quando um objeto encontra-se antes do seu foco, os raios de luz refratados não se cruzam.
As imagens formadas são virtuais.

Material
• 1 lâmpada de 40 W
• alicate de ponta fina ou de corte e chave de fenda pequena
• 200 ml de água
• folhas de jornal
• vela e fósforo

Atividade Experimental
1. As perguntas introduzem os assuntos que vão ser discutidos na atividade. O que são imagens
reais? O que são imagens virtuais? O que são lentes? O que são lentes convergentes? Cite
exemplos. Quais as aplicações práticas das lentes?

2. A montagem experimental exige um trabalho prévio, de construção da lente. O professor


deve decidir, antecipadamente, se vai fazer a construção sozinho ou se vai deixá-la a cargo da
turma, e com isso decidir o tempo que vai usar na atividade.

3. A construção da lente: forre uma mesa ou o chão com jornal; descole e retire a placa circular
de latão que fica sobre o lacre preto da lâmpada com o alicate. Quebre e retire o lacre preto.
Quebre o tubinho de vidro que apóia o filamento e o restante do vidro com a chave de fenda.
Retire toda a sujeira do interior do bulbo da lâmpada. Encha a lâmpada com água.

4. Observação de imagens: Acenda a vela. Varie sua posição em relação à lente para observar
as imagens formadas. No caso das lentes convergentes, quando o objeto encontra-se afastado
da lente, além do seu foco, os raios de luz refratados se interceptam. As imagens formadas são
reais. Como você sabe que a imagem é real? Quando o objeto se encontra bem próximo da
lâmpada, a imagem é virtual. Por quê?

5. Variando a posição de um objeto em relação à lente, pode-se mostrar a observação de


imagens reais e virtuais formadas pela lente bioconvexa. No caso das lentes convergentes,

64 Ensino Médio
Física

quando o objeto encontra-se afastado da lente, além do seu foco, os raios de luz refratados se
interceptam. As imagens formadas são reais. Quando o objeto se encontra bem próximo da
lâmpada, a imagem é virtual.

Imagem real
da vela acesa

Vela acesa

Ótica 65
Roteiro do aluno 12 – Uma lâmpada vira uma lente convergente

Objetivo
Observar imagens reais e virtuais utilizando uma lente biconvexa convergente.

Responda
1. O que são imagens reais?
2. O que são imagens virtuais?
3. O que são lentes?
4. O que são lentes convergentes? Cite exemplos.
5. Quais as aplicações práticas das lentes?

Material
• 1 lâmpada de 40 W
• Alicate de ponta fina ou de corte
• Chave de fenda pequena
• 200 ml de água
• Folhas de jornal
• Vela
• Fósforo

Atividade Experimental
Construção da lente:

1. Forre uma mesa ou o chão com jornal

2. Descole e retire a placa circular de latão que fica sobre o lacre preto da lâmpada com o
alicate.

3. Quebre e retire o lacre preto.

4. Quebre o tubinho de vidro que apóia o filamento e o restante do vidro com a chave de
fenda.

5. Retire toda a sujeira do interior do bulbo da lâmpada.

6. Encha a lâmpada com água.

66 Ensino Médio
Física

Observação de imagens:

7. Acenda a vela

8. Varie sua posição em relação à lente para observar as imagens formadas. No caso das lentes
convergentes, quando o objeto encontra-se afastado da lente, além do seu foco, os raios de luz
refratados se interceptam. As imagens formadas são reais. Como você sabe que a imagem é
real?

9. Quando o objeto se encontra bem próximo da lâmpada, a imagem é virtual. Por quê?

Imagem real
da vela acesa

Vela acesa

Ótica 67
ROTEIRO 13 – A CONSTRUÇÃO DE UM BANCO ÓTICO
A seguir, apresentamos um artigo da seção “Faça você mesmo” da revista Física na Escola, do
volume 5, número 1 (2004), página 15.
Neste artigo, é sugerida a construção de um banco ótico de baixo custo.

68 Ensino Médio

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