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LIVE 17/09 às 19:00hrs

O ESGOTAMENTO MENTAL DO TRABALHADOR EM TEMPOS


DE PANDEMIA E O QUE SUA EMPRESAPODE FAZER PARA
EVITAR ESSE PROBLEMA

1. O QUE É ESGOTAMENTO MENTAL


O esgotamento mental é o cansaço excessivo sentido pela mente. Também chamado de
estafa mental, o esgotamento pode indicar o início de uma síndrome de Burnout e se
diferencia do estresse no trabalho, pois o estresse é caracterizado por ser apenas uma
reação fisiológica do corpo a circunstâncias frustrantes.
Para melhor visualização, imaginemos uma escada onde cada degrau representa uma
fase. Nesse caso, o estresse está no primeiro degrau, o esgotamento mental, no segundo
e o burnout, no último.

1.1 Esgotamento mental no trabalho


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos mentais e
comportamentais estão entre as principais causas de faltas ao trabalho no mundo.
A maior parte do nosso tempo é dedicado ao trabalho. Nós passamos, em média, 1.737
horas trabalhando no ano, o que corresponde a 20% do tempo total de vida de uma
pessoa em um ano, isso sem contar o tempo gasto no deslocamento entre a casa e o local
de trabalho.
O bem-estar no trabalho começa pela escolha da profissão. Apesar de nem sempre ser
viável e possível, é muito importante que a pessoa respeite sua vocação e trabalhe
naquilo que gosta de fazer. E no meio dessa loucura entre pagar contas e ser “alguém”
muitos profissionais, na busca por uma colocação no mercado de trabalho, acabam
exercendo atividades com as quais não se identificam, o que, a longo prazo, pode vir a
causar problemas psíquicos.
Em uma sociedade e mercado de trabalho cada vez mais competitivos, o acúmulo de
pressões torna-se um peso. Diante deste cenário, a busca por uma carreira estável está,
muitas vezes, associada a estresse, ansiedade e outros tipos de sofrimentos mentais.

1.2 Síndrome de Burnout: o esgotamento profissional


A síndrome de burnout, é a uma doença decorrente de condições estressantes de
trabalho associadas a determinadas características individuais.
É, portanto, um distúrbio psíquico resultante de tensão emocional e estresse crônicos
provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.

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Foi recentemente incluída na classificação internacional de doenças pela OMS, no rol


de doenças relacionadas ao trabalho, desemprego e doenças que se relacionam ao
fenômeno ocupacional.
No ambiente de trabalho, não raras as vezes, a síndrome é desencadeada pela cobrança
abusiva e excessiva de metas por parte de gerentes e diretores que não sabem como
realizar essas cobranças, e, inconscientemente, acabam gerando competitividade
exagerada entre os colaboradores, ambiente de trabalho exaustivo e estressante, muitas
vezes ligado, inclusive, a casos de assédio moral.
Os sintomas mais frequentes da síndrome são, pensamentos negativos, insônia,
dificuldade para se concentrar, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo
generalizado e sensação de fracasso e desesperança.
O tratamento se dá por meio de psicoterapia e, eventualmente, a prescrição de
antidepressivos.

2. O QUE PODE CAUSAR O ESGOTAMENTO MENTAL


A exposição, por muito tempo, em ambientes de trabalho pesado, competitivo e
estressante, situações onde o empregado se cobra por perfeccionismo, a realização de
funções que não lhe são prazerosas, a dedicação intensa ao trabalho, longas horas de
trabalho exaustivo, onde o empregado acaba emendando os fins de semana para
trabalho, sem interrupção e consequentemente, sem descanso, logos períodos sem tirar
férias, atividades que exijam nível de responsabilidade exagerada, excesso de horas
extras e ausência de lazer e atividades prazerosas são exemplos de situações que podem
expor o empregado ao esgotamento mental.

3. O HOME OFFICE NA PANDEMIA: LONGAS JORNADAS DE TRABALHO


E A VIDA PARTICULAR EM UM MESMO AMBIENTE
Nesse período de pandemia, pessoas que estavam acostumadas a trabalhar nos
escritórios corporativos, dentro das empresas, viram sua rotina mudar bruscamente de
uma hora para outra.
A necessidade de distanciamento social fez com que diversas empresas adotassem o
estilo de trabalho em home office ou o teletrabalho. O que não se esperava, no entanto,
é que as notícias de esgotamento mental ocasionadas pelo trabalho se tornassem tão
frequentes.
Realizadas por videoconferência, as reuniões passaram a ser mais recorrentes nesse
período e, apesar de terem se tornado mais objetivas, a quantidade de reuniões
realizadas em um dia pode chegar a assustar.

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O constante envio e recebimento excessivo de mensagens no Whatsapp acabam gerando


a subordinação invisível e excessiva por parte da empresa. Isso por que a simples
confirmação de visualização da mensagem no aplicativo sem o rápido retorno faz com
que surjam as ligações mascaradas de monitoramento.
Em tempos de home office, há também a inobservância da jornada de trabalho pelos
superiores e o desrespeito ao direito de desconexão. Ligações, mensagens e e-mails
agora costumam chegar a qualquer horário do dia e da noite, causando no empregado a
sensação de ter que estar de prontidão a todo momento.
A Falta de equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e a falta de contato com os
colegas de trabalho podem, a longo prazo, ocasionarem acúmulo de estresse e,
consequentemente o esgotamento mental, podendo, inclusive, desencadear no
empregado, uma síndrome de Burnout.

4. QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS PARA O TRABALHADOR

As consequências mais imediatas sentidas pelo empregado são a falta de atenção,


dificuldade de memorização, perda de concentração, pensamento mais lento, desânimo,
alterações no sono, cansaço excessivo e crônico e mudanças repentinas de humor.
Por diversas vezes o cansaço mental é tão intenso que pode ser sentido fisicamente, com
manifestação de dores no corpo, dores de cabeça e até problemas gastrointestinais. Por
isso muitos estudos demonstram que o esgotamento mental pode ser até mesmo mais
grave do que o físico, pois pode causar danos tanto corporais como emocionais.
O grande perigo reside no fato de que muitas vezes, o esgotamento mental ele é
ignorado e, dessa forma, o cansaço se acumula e as consequências vão se agravando.
Não raras as vezes o empregado pode começar a desenvolver sentimentos negativos
onde a simples notificação mensagem no WhatsApp já me dava raiva ou até mesmo
acordar com o despertar passa ser algo pesado e torturante.

5. O ESGOTAMENTO MENTAL E O BURNOUT – CONSEQUÊNCIAS PARA


AS EMPRESAS
5.1 CONDENAÇÕES NA JUSTIÇA DO TRABALHO

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A justiçado trabalho tem cada vez mais reconhecido a existência da síndrome de


Burnout decorrente de ambiente de trabalho desgaste e, as condenações possuem altos
valores.
As ações trabalhistas versam sobre pagamento de indenização por danos morais e
materiais, nulidade de demissões após descoberta da síndrome, reintegrações ao cargo
na empresa.
Caso emblemático: Izabela Camargo – jornalista da Globo – Justiça ordenou a
reintegração da jornalista na emissora
Demais casos:
Santander é condenado por metas abusivas e adoecimento mental de bancários. A
Justiça do Trabalho condenou o Banco Santander S.A. a pagar uma indenização de R$
274 milhões por estabelecer metas abusivas aos trabalhadores, além de provocar o
adoecimento mental deles).
Mantida indenização a bancário aposentado aos 31 anos por síndrome de Burnout. O
HSBC Bank Brasil S.A. Banco Múltiplo foi condenado a pagar R$ 475 mil em
indenização por danos morais a um ex-bancário que se aposentou aos 31 anos, vítima de
síndrome de burnout.
Empregado do Ceará com síndrome do esgotamento profissional ganha direito à
indenização. A sentença de mérito julgou procedente o pedido de indenização
estabilitária em razão de doença de natureza ocupacional reconhecida após a dispensa
dele, pois tinha a garantia de permanecer no trabalho 12 meses após o fim do auxílio-
doença acidentário, o que não ocorreu. Condenou, ainda, no pagamento de R$ 40 mil a
título de indenização por danos morais para reparar o sofrimento causado ao empregado
pelo acometimento da “Síndrome do Esgotamento Profissional” ou “Síndrome de
Burnout”, além de outras verbas trabalhistas. O valor arbitrado do total da condenação
foi de R$ 90 mil.
Analista com síndrome de burnout será reintegrada e receberá indenização por dano
moral. A DSND Consub S.A. terá de reintegrar ao trabalho e pagar indenização por
dano moral a uma empregada dispensada quando estava acometida pela síndrome de
Burnout. A relatora, ministra Delaíde do TST, votou pelo restabelecimento da sentença,
que declarou a nulidade da dispensa, mas, considerando o esgotamento do período da
estabilidade, afastou a reintegração e determinou o pagamento das verbas do período
estabilitário (salários, férias acrescidas de 1/3, 13º salário, FGTS e multa de 40%), bem
como a indenização por danos materiais e morais.
Confecção indenizará costureira com Síndrome de Burnout em razão do estresse no
trabalho. A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Guararapes
Confecções S.A., de Natal (RN), ao pagamento de R$ 15 mil a uma costureira
diagnosticada com a Síndrome de Burnout, que teve como causa, entre outros fatores, o
estresse no trabalho.

5.2 AS CONSEQUÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E FINANCEIRAS

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O funcionário diagnosticado com esgotamento mental que desencadeou um Burnout


será afastado do trabalho e, posteriormente, reintegrado. Nesse meio tempo a empresa
terá:
- Gastos com novo funcionário para ocupar o lugar do funcionário afastado;
- O funcionário é afastado e tem 2 benefícios – aux. doença comum (sem estabilidade.
Nesse, pode mandar embora quando do retorno, no entanto, tomar cuidado para que não
seja considerada dispensa discriminatória, pois na JT pode ser revertida e reintegração é
cara para a empresa) aux. doença acidentário (estabilidade 12 meses)
- Direitos do trabalhador reintegrado: receber salário de períodos afastados / reajuste
salarial que ocorreram no período de afastamento / recolhimento pelo empregador de
IR, INSS e FGTS de todo período afastado / condições de trabalho
- O INSS pode, ainda, entrar com ação regressiva contra a empresa, a fim de buscar
ressarcimento dos valores pagos pela instituição ao funcionário durante o período de
afastamento.

6. COMO A EMPRESA PODE PREVINIR CASOS DE ESGOTAMENTO


MENTAL
A empresa deve respeitar os limites dos funcionários. Oferecer um ambiente salubre
para o exercício do trabalho, não apenas com cadeira e mesa adequadas, mas com boa
iluminação e arejado. Ambiente amistoso é essencial.
Diante de um quadro instalado, a empresa deve encaminhar a um serviço especializado,
modificar os fatores estressores identificados e o funcionário do setor estressante. Ela
deve priorizar a saúde física e mental do trabalhador.
Do ponto de vista dos investidores ou proprietários, as políticas que promovem a saúde
mental são boas não apenas para as pessoas que trabalham para a organização, mas
também para seu desempenho financeiro.
Um guia publicado pelo Fórum Econômico Mundial elenca 7 ações que as empresas
podem tomar para prevenir a ocorrência de doenças mentais no ambiente
organizacional:
1 - Estar ciente do ambiente de trabalho e como ele pode ser adaptado
- implementar práticas que apoiem a saúde e segurança, incluindo a identificação
de perigo e doenças, fornecendo recursos para gerenciá-los
- deixar claro para todos os funcionários que a empresa fornece esse suporte
- garantir o envolvimento dos funcionários por meio de maior autonomia e
participação na tomada de decisões
- apoiar práticas que ajudem os funcionários a equilibrar as demandas
profissionais e não profissionais

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- apoiar o crescimento e desenvolvimento dos funcionários por meio de


treinamento e desenvolvimento de carreira oportunidades
- reconhecimento do funcionário e formas de recompensá-lo
2 - Aprender com os fatores que motivaram outros líderes organizacionais e
funcionários a tomarem a ação de prevenir doenças mentais no ambiente organizacional
3 – Estar ciente de quais medidas outras empresas tomaram para que houvesse a
melhora no ambiente de trabalho e como elas fizeram isso. Não invente desculpas!
4 - Entender as necessidades e oportunidades dos funcionários e da empresa
5 – Tomada de medidas práticas para ajudar a empresa
- Materiais educacionais
- Programas de treinamento na empresa
- Ferramentas de diagnóstico de doenças mentais
- Intervenções de saúde mental e bem-estar
- Estratégias de saúde mental e bem-estar
- Gerenciamento de uma boa cultura de saúde mental e bem-estar
6 – Informar e orientar aonde ir se um funcionário precisar de ajuda
7 – Aja! A partir das orientações anteriores, é hora de colocar em prática as ações de
saúde e bem estar no trabalho!
E o Compliance Trabalhista pode ser um grande aliado da empresa nesses casos pois
ajuda a promover uma mudança de cultura no ambiente organizacional, instrui e treina
os gestores e líderes a aplicarem corretamente a cobrança de metas, promove a
conscientização da alta gestão ao fazer com que passem a olharem com mais
sensibilidade o ambiente de trabalho e clima organizacional.

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