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REDAÇÃO

ETAPA 1
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

Curso de Redação
Centro Universitário Leonardo da Vinci

Organização
Elisabeth Penzlien Tafner

Autora
Iara de Oliveira

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge

Revisão
Jóice Gadotti Consatti
APRESENTAÇÃO

O homem é um ser social. Ele não vive isoladamente no mundo, relaciona-se com
outros e interage com os ambientes em que se insere. Tais relações se efetivam por meio
de textos, os quais se valem quer da linguagem verbal, quer da linguagem não verbal,
ou seja, constantemente somos intimados a produzir, analisar e interpretar os mais
variados gêneros de textos, com os quais efetivamos nossos discursos e nos inserimos
nos contextos sociais e comunicativos de que fazemos parte.

Na sociedade em que vivemos estamos rodeados de textos na modalidade escrita.


Esses textos vão desde os panfletos entregues no semáforo, passando pelos outdoors,
rótulos de comidas, bulas de remédios, e-mails, WhatsApp, pichações nos muros até
chegarmos aos textos profissionais e acadêmicos. Esses últimos sempre nos parecem mais
“difíceis”, de elaboração e interpretação mais complexa, exigindo mais conhecimento.

Com o intuito de aprofundar os conhecimentos, habilidades e competências que


permitem a elaboração, a leitura e a interpretação de textos escritos, surge este Curso de
Redação. Nele, apresentamos questões que facilitam a compreensão do que é esse objeto
(o texto) com o qual lidamos diariamente, bem como elementos que nos possibilitam
elaborá-los e interpretá-los de forma adequada.

Desse modo, este curso se divide em cinco unidades. A primeira dedica-se ao


estudo do objeto texto. São discutidas questões referentes ao conceito de texto, a diferença
entre texto e discurso e as especificidades do texto escrito. Além das questões teóricas,
há exemplos que ilustram os conceitos e exercícios que promovem uma fixação dos
conhecimentos construídos.

A segunda unidade aborda a textualidade, elemento responsável por tornar


um objeto escrito em texto. Nela, estudaremos os fatores de textualidade, tanto os
que se relacionam diretamente com o texto como os que envolvem o seu contexto e
o seu “recebedor”. Aqui, enfatizaremos a coesão e coerência, mas também veremos
a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a
intertextualidade.

Já na Unidade 3, nos dedicaremos aos gêneros textuais e aos níveis de linguagem.


No que se refere aos gêneros, procuraremos estabelecer a diferença entre tipo textual e
gênero discursivo, enfatizando os gêneros notícia, artigo de opinião, crônica e editorial.
Sobre os níveis de linguagem, destacaremos os níveis adequados para a produção de
textos escritos, principalmente os profissionais e acadêmicos.

A Unidade 4, por sua vez, focaliza a leitura e a interpretação de textos, tanto verbais
quanto não verbais. Além disso, apresentará as habilidades e competências necessárias
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para uma compreensão adequada dos textos que lemos, principalmente aqueles que
dizem respeito ao nosso ambiente de estudo e ao nosso ambiente profissional. Assim,
questões como a observação, análise, identificação, inferência, dedução, contextualização
e interpretação serão trabalhadas, contribuindo para a construção de conhecimentos
que aprimorem nosso ato de ler e interpretar.

A última unidade aborda as especificidades do texto acadêmico. Nela, veremos


as características deste gênero do discurso, ou seja, quais são os elementos que o
constituem como tal. Procuremos nos deter em alguns gêneros mais comuns em nossas
disciplinas, como o fichamento, o resumo, a resenha e o paper. Igualmente, como nas
demais unidades, haverá exemplos e atividades para facilitar o processo de assimilação.

Por fim, desejamos que este curso seja um instrumento valioso para sua produção
textual, trazendo-lhe informações e conhecimentos necessários para auxiliá-lo nos atos
de escrever, ler e interpretar, os quais são frequentes em nossas práticas sociais diárias.
Bom trabalho e bom proveito!!

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UNIDADE 1: O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES

Ao final deste Capítulo, você será capaz de:


• Reconhecer as especificidades do texto para melhor analisá-lo e interpretá-lo.
• Diferenciar texto e discurso.
• Analisar os elementos que constituem e caracterizam o texto escrito.

Este capítulo apresenta-se dividido em três tópicos para facilitar a compreensão


do conteúdo. Ao final, há atividades as quais servirão para revisar, fixar e ajudar a
construir seu conhecimento sobre o tema.

Tópico 1: O texto
Tópico 2: O texto e o discurso
Tópico 3: O texto escrito

INTRODUÇÃO

Para que possamos, acadêmico, atingir o objetivo de reconhecer as especificidades


do texto para melhor analisá-lo e interpretá-lo, iniciaremos nossos estudos buscando
entender o que é o texto. Por isso, deteremo-nos, neste primeiro capítulo, no conceito de
texto, uma vez que o entendimento de suas dimensões é fundamental para uma prática
textual adequada. Veremos também a diferença entre texto e discurso, bem como o que
caracteriza um texto escrito. Vamos, lá?

1.1 O TEXTO

Imagine a seguinte situação:

Pedro e Paulo são amigos que acabaram de se encontrar. Estão colocando


a conversa em dia, falando de amigos que não veem há bastante tempo e, em um
determinado momento, Pedro diz:
- Nossa! Faz tempo que não vejo o Antônio. Tem o número dele?
- Anota aí: 55328952

Na situação que acabamos de retratar, temos: Pedro, produtor da fala, por isso
chamado de enunciador; Paulo, aquele que está ouvindo e, portanto, considerado
o enunciatário; e o que foi dito, chamado de texto. Observe que a fala de Pedro está
inserida em um contexto de comunicação: uma conversa entre amigos, a lembrança de
um amigo que não é visto com frequência, a solicitação de um meio para reestabelecer o
contato. No entanto, se lermos novamente o texto de Pedro com atenção, perceberemos

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que há algo além das palavras “ditas/escritas”, permitindo o entendimento de toda a
situação comunicativa. Se nos fixarmos exclusivamente no que está “dito/escrito”, sem
considerarmos o que está nas “entrelinhas”, Paulo poderia apenas dizer “Tenho” e não
passar o número do telefone, afinal, a pergunta foi “Tem o número dele?”. No entanto,
dentro deste contexto comunicacional, de acordo com os conhecimentos prévios que
cada um dos participantes tem, percebe-se a intenção clara do enunciador: obter o
número do amigo distante.

A intenção com que o texto é produzido (solicitar, ordenar, afirmar, interrogar


etc.), o contexto que envolve a produção e recepção desse texto é o que chamamos de
enunciação. “A situação comunicativa como um todo, que envolve interlocutores, o
assunto, o espaço e o tempo da comunicação, é chamada de enunciação e se relaciona com
o discurso, que é a faceta dinâmica, viva do ato comunicativo” (SANTOS, 2010, p. 13).

No exemplo, a enunciação fica entendida na pergunta, mas ela poderia estar


claramente expressa na fala se ele dissesse:

- Nossa! Faz tempo que não vejo o Antônio. Quero que, por favor, você me forneça o
número de telefone dele. Quem sabe ligo ou mando uma mensagem para ele.

Todos nós, usuários da comunicação verbal, temos um conjunto de conhecimentos


prévios, os quais são chamados por alguns autores de repertório, acumulados ao longo de
nossa trajetória como falantes de uma língua, que nos permite compreender as intenções
dos textos. Entendemos que, muitas vezes, uma pergunta significa indiretamente um
pedido: “Você tem algum dinheiro?”, “Tem horas?”. Em outras, é de fato uma indagação:
“Ela sabia?”, “A que horas ela chega?” Ou há casos em que a pergunta é um auxiliar
na comunicação, uma forma de reforçar o que está sendo dito e permitir que se siga
adiante: “Sério?”, “Não é?”.

Como fica evidente no que vimos anteriormente, de que um texto não pode ser
entendido apenas como um conjunto de palavras, temos que o texto (escrito ou oral) se
concretiza como parte de um processo maior que é a própria comunicação. Ele precisa
de um enunciador, um enunciatário, uma intenção, um contexto (elemento primordial
para sua significação) etc., para ganhar sentido, ter significação.

Vamos imaginar outra cena:

Pedro está em um ônibus, não há nenhum conhecido, senta ao seu lado um


senhor e se estabelece a seguinte conversação:
- Está quente hoje! – diz o senhor.
- Sim, está e faz tempo que não vejo o Antônio. Tem o número dele?

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Parece conversa de malucos, não é? Então, vamos analisá-la mais detidamente.


Há o enunciador, Pedro; há o enunciatário, senhor; mas qual é a intenção? Qual contexto
gerou esta produção? Esses elementos não estão presentes, não existe um contexto
enunciativo que possamos regatar, reconstruir. A que conclusão chegamos, considerando
o que mencionamos no início deste tópico? Não temos um texto no que lemos acima.

É importante enfatizar que o texto se concretiza com base em um conjunto de


fatores. Reunir palavras não é o suficiente. “A criação de um texto envolve uma intenção,
e seu entendimento envolve não apenas o conteúdo semântico – aquilo que o texto diz
– mas a interpretação da intenção de quem o produziu” (ABREU, 2008, p. 11).

Tudo o que vimos até agora deixa clara a perspectiva de que o texto é um ato
comunicativo, não uma produção descontextualizada. Entendendo esta primeira
dimensão, podemos aprofundar um pouquinho mais o seu conceito. Sigamos em frente!

1.1.1 O CONCEITO DE TEXTO E SUAS IMPLICAÇÕES

Os estudos sobre o texto avançaram significativamente nas últimas décadas. Com


eles, o texto deixou de ser visto como um elemento escrito composto por palavras e
frases inter-relacionadas e passou a ser compreendido como algo mais amplo, dinâmico
e como parte integrante de nosso dia a dia, de nosso processo de comunicação, de nossa
inserção na sociedade.

ÇÃO!
ATEN

A palavra texto vem de textum (latim) e significa tecido. Como qualquer


tecido no qual os fios são tramados para constituí-lo, também o texto é
entrelaçamento de fios (palavras e orações) que formam o tecido (texto).

Para entender melhor a ideia de que os textos são parte integrante de nosso
cotidiano, observe os elementos a seguir:

FIGURA 1 – PROIBIDO FUMAR

FONTE: Disponível em: <http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.


php?conteudo=719>. Acesso em: 29 mar. 2016.

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FIGURA 2 – CARTAZ SOBRE DENGUE E CHIKUNGUNYA

FONTE: Disponível em: <http://www.todamateria.com.br/texto-de-campanha-comunitaria/>. Acesso


em: 29 mar. 2016.

FIGURA 3 – GRÁFICO SOBRE A PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA DOS ALUNOS DO 3º


ANO DO ENSINO MÉDIO, NA CIDADE DE SÃO PAULO

FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/veja-os-graficos-de-comparacao-da-


distribuicao-dos-alunos-nos-niveis-de-proficiencia>. Acesso em: 29 mar. 2016.

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FIGURA 4 – CHARGE SOBRE A ESCRITA DA LÍNGUA PORTUGUESA

FONTE: Disponível em: <http://morfossintaxeaps.blogspot.com.br/2012/11/sugestoes-de-textos-


humoristicos.html>. Acesso em: 29 mar. 2016.

FIGURA 5 – EMOTICON DE MEDO

FONTE: Disponível em: <http://br.depositphotos.com/63462997/stock-illustration-scared-emoticon-


smiley-cartoon.html>. Acesso em: 29 mar. 2016.

Responda rapidamente: quais das figuras expostas anteriormente você classificaria


como um texto? Acertou quem afirmou TODAS. Veja que na figura 1, mesmo não
havendo “palavras” todos conseguimos perfeitamente interpretá-la: no ambiente em
que esta imagem se localiza é expressamente proibido fumar. Ela foi colocada lá pelas
pessoas que trabalham, que vivem naquele ambiente, portanto, os enunciadores do
texto, sendo direcionada para todos os que circulam por aquele local, os enunciatários.
O mesmo acontece com a figura 5, há uma carinha expressando medo, utilizada para
representar este sentimento nas conversações pela internet. Quando a colocamos em
algum lugar, estamos dizendo a alguém: “estou com medo”. Nos dois exemplos não
foram utilizadas palavras, apenas imagens, temos, dessa forma, um texto não verbal.

As figuras 2, 3 e 4 misturam imagens e palavras que se associam para criar


o sentido do texto. Na figura 2, temos as informações fornecidas pelas autoridades
competentes de como evitar a proliferação dos mosquitos transmissores da Dengue da
Chikungunya. Seu enunciatário é a população brasileira. Todos aqueles que se deparam
com o cartaz e convivem com a questão entendem o que significa e qual sua intenção.

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Na figura 3, temos os dados de uma pesquisa e que são destinados a conhecer melhor
um determinado objeto de estudo, neste caso, a proficiência em língua portuguesa dos
alunos do final do ensino médio em São Paulo. Já a figura 4 ironiza o emprego de palavras
escritas de forma inadequada nos textos em geral e que vêm levantando polêmicas e
discussões principalmente nos meios acadêmicos.

Note que, ao observamos qualquer uma das figuras anteriores, conseguimos


construir seu significado e nos apropriarmos das informações nelas contidas. Todas
apontam para uma situação comunicativa, ou seja, fazem sentido e estabelecem
comunicação dentro de um determinado contexto, recuperado facilmente pelo
enunciatário. Por isso, esses objetos são claramente reconhecidos como textos.

Se ampliarmos essa dimensão, diremos que as interações humanas ocorrem por


meio de textos dos mais variados gêneros. Como afirma Antunes (2010, p. 30, grifo do
autor): “Por mais que esteja fora dos padrões considerados cultos, eruditos ou edificantes,
o que falamos ou escrevemos, em situações de comunicação, são sempre textos”. Assim,
podemos entender o texto como:

[...] uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que
é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma
situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido
e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida,
independentemente de sua extensão (KOCH; TRAVAGLIA, 1992, p. 8-9).

Resumindo o que estudamos até o momento, o texto se define como qualquer


produção (oral ou escrita) com uma finalidade, que estabeleça comunicação em um
determinado contexto, envolvendo um enunciador e um enunciatário. Tratemos, agora,
de estabelecer as diferenças entre texto e discurso.

IMPO
RTAN
TE!

Neste curso, por questões didáticas e em virtude de sua finalidade (auxiliar
acadêmicos em suas produções textuais escritas), nos concentraremos nos
textos escritos.

IMPO
RTAN
TE!

Para aprofundar seus conhecimentos sobre texto, recomendamos o livro:
ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo:
Parábola, 2010. (Série estratégias de ensino, 21).

Assista ao vídeo do professor: José Luiz Fiorin sobre a enunciação.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RQzJaFYiqhc>.
Acesso em: 29 mar. 2016.

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1.2 O TEXTO E O DISCURSO

Uma questão de suma importância para entendermos melhor o texto e, desse


modo, aprimorarmos nossa produção e interpretação de textos, é distinguir texto e
discurso. Há autores que afirmam serem ambos iguais, têm o mesmo significado. No
entanto, preferimos a linha de pensamento que vê o texto como a “materialidade” do
discurso. Vejamos o que isto quer dizer.

Você certamente já ouviu ou leu a frase “O ser humano não é uma ilha”. Ela
serve para mostrar que o sujeito não vive isolado, ele vive em sociedade e nas relações
que estabelece com os demais sujeitos. Cada sociedade, por sua vez, apresenta ideais,
ideologias, aspectos culturais, normas, princípios que são seus, que a marcam como
tal. Assim, as sociedades são diferentes, mas inter-relacionam-se. Elas representam o
contexto em que a comunicação se estabelece, afinal, como você já sabe, a comunicação
é um ato social. Ninguém vive em sociedade sem estabelecer comunicação, por isso
utilizamos os textos, como vimos no tópico anterior.

Toda vez que nos comunicamos, ou seja, que produzimos um texto, nele se
inserem todos os elementos que marcam uma determinada sociedade (formas de pensar,
aspectos culturais, ideologias, marcas etnográficas, históricas, espaciais etc.). Para que
o enunciatário possa compreender o texto e concretizar a situação comunicativa, fará
uso dos conhecimentos que construiu nessa sociedade em que se insere, conhecimentos
prévios e de mundo.

Observemos o exemplo que segue:

FIGURA 6 – MAFALDA E MANOLITO

FONTE: Disponível em: <http://portugues.uol.com.br/redacao/texto-discurso.html>. Acesso em: 2 abr.


2016.

Os quadrinhos 1 e 2 da tirinha mostram o contexto: dois personagens, Mafalda e


Manolito, encontram-se no bairro onde vivem e estudam, e começam uma conversação

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acerca do fragmento de jornal que Manolito tem nas mãos. Temos dois indivíduos
que desempenham papéis sociais, inseridos em uma sociedade em um determinado
tempo e espaço, procurando interagir. Ainda no quadrinho 2, aparece a informação
sobre mercado de valores, o que gera as perguntas do quadrinho 3, demonstrando que
Mafalda está preocupada com as questões éticas, morais, sociais, para as quais dá o
devido valor. No entanto, o quadrinho 4, ao trazer a afirmação “dos que servem para
alguma coisa”, revela a crítica de que em um mundo capitalista, voltado para o mercado
e o lucro imediato, valores éticos, morais ou humanos não são apreciados e, portanto,
são descartados. A tirinha é um texto que materializa, em palavras e imagens, o contexto
sócio-cultural-ideológico (sociedade ocidental, capitalista, do século XX) em que foi
produzido, ou seja, transforma em um objeto concreto o discurso que o gerou. Nessa
concretude (texto) estão as marcas do que o locutor pensa sobre o mundo em que vive,
as características da sociedade em que se insere e suas posições político-ideológicas
sobre este seu “estar em sociedade”.

Vejamos um outro texto. Ele foi publicado na revista Housekeeping Monthly,


em 1955.

O guia da boa esposa

1. Tenha o jantar sempre pronto. Planeje com antecedência. Esta é uma maneira de
deixá-lo saber que se importa com ele e com suas necessidades.
2. A maioria dos homens estão com fome quando chegam em casa, e esperam por
uma boa refeição (especialmente se for seu prato favorito), faz parte da recepção
calorosa.
3. Separe 15 minutos para descansar, assim você estará revigorada quando ele chegar.
Retoque a maquiagem, ponha uma fita no cabelo e pareça animada.
4. Seja amável e interessante para ele. Seu dia foi chato e pode precisar que o anime
e é uma das suas funções fazer isso.
5. Coloque tudo em ordem. Dê uma volta pela parte principal da casa antes do seu
marido chegar. Junte os livros escolares, brinquedos, papel, e em seguida, passe
um pano sobre as mesas.
6. Durante os meses mais frios você deve preparar e acender uma fogueira para ele
relaxar. Seu marido vai sentir que chegou a um lugar de descanso e refúgio. Afinal,
providenciando seu conforto, você terá satisfação pessoal.
7. Dedique alguns minutos para lavar as mãos e os rostos das crianças (se eles forem
pequenos), pentear os cabelos e, se necessário, trocar de roupa. As crianças são
pequenos tesouros e ele gostaria de vê-los assim.
8. Minimize os ruídos. Quando ele chegar desligue a máquina de lavar, secadora ou
vácuo. Incentive as crianças a ficarem quietas.
9. Seja feliz em vê-lo. O receba com um sorriso caloroso, mostre sinceridade e desejo

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REDAÇÃO 11

em agradá-lo. Ouça-o.
10. Você pode ter uma dúzia de coisas a dizer para ele, mas sua chegada não é o
momento. Deixe-o falar primeiro, lembre-se, os temas de conversa dele são mais
importantes que os seus.
11. Nunca reclame se ele chegar tarde, sair para jantar ou outros locais de entretenimento
sem você. Em vez disso, tente compreender o seu mundo de tensão e pressão, e a
necessidade de estar em casa e relaxar.
12. Seu objetivo: certificar-se de que sua casa é um lugar de paz, ordem e tranquilidade,
onde seu marido pode se renovar em corpo e espírito.
13. Não o cumprimente com queixas e problemas.
15. Deixe-o confortável. Faça com que ele se incline para trás numa cadeira agradável
ou deitar-se no quarto. Dê uma bebida fria ou quente pronta para ele.
16. Arrume o travesseiro e se ofereça para tirar os sapatos dele. Fale em voz baixa,
suave e agradável.
17. Não faça-lhe perguntas sobre suas ações ou que questionem sua integridade.
Lembre-se, ele é o dono da casa e, como tal, irá sempre exercer sua vontade com
imparcialidade e veracidade. Você não tem o direito de questioná-lo.
18. Uma boa esposa sabe o seu lugar.

FONTE: GUIA da boa esposa. Housekeeping Monthly, 1955. Disponível em: <http://awebic.com/
cultura/guia-boa-esposa-1950/>. Acesso em: 2 abr. 2016

O texto, como você pode notar durante a leitura, reflete a forma de pensar de uma
sociedade (Estados Unidos, década de 50, do século XX, mas aplicável às sociedades
ocidentais da época) sobre a mulher. Fica evidente que a proposta deste escrito é mostrar
às mulheres que elas devem ocupar-se da casa, dos filhos e do marido, não se envolvendo
com qualquer outra atividade ou pensamento que as afastem disso, ou seja, os redatores
da revista defendem a visão de que o lugar da mulher é em casa, submissa ao marido
e a transmitem em seu “guia”. Não se esqueça de que na década de 50 do século XX, já
havia movimentos buscando igualdade entre homens e mulheres, equidade de direitos
e deveres, uma maior atuação da mulher nos postos de trabalho e nas questões sociais.
O texto, então, traz o discurso de uma parcela da sociedade (ainda maioria naquele
momento) que, contrária às mudanças, segue vendo a mulher como uma espécie de
“organizadora” da casa, responsável pela harmonia doméstica e totalmente alheia ao
que ocorre além dos portões de seu quintal. Uma verdadeira “Rainha do Lar” como foi
“carinhosamente” denominada por tanto tempo.

Se fossemos adiante nesta ilustração, poderíamos verificar como essa visão foi
se modificando nos textos das décadas seguintes, chegando às perspectivas que hoje
circulam em nossas sociedades. No entanto, nosso foco aqui não é discutir a visão da
mulher e sua emancipação (embora este seja um tema tão relevante quanto tantos outros
em nossa esfera social), mas mostrar como os discursos se materializam nos textos que

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12 REDAÇÃO
produzimos.

Desse modo, podemos conceber discurso como a produção e as trocas de efeitos


de sentido, ocorridas em um dado contexto social, orientadas para uma determinada
intenção comunicativa. Isso significa dizer que o discurso é dinâmico, pois é interativo
e dialógico, estabelece vínculo com outros discursos; estabelece-se dentro de uma
esfera social (familiar, de trabalho, jornalística, publicitária etc.); envolve sujeitos que
desempenham papéis sociais; é constituído histórica e geograficamente, traz as marcas
da época e do lugar em que é/foi produzido; é regulamentado pelas normas sociais
de conduta; orienta-se para um determinado objetivo comunicacional. Questões que
pudemos verificar na tirinha e no texto que trouxemos como exemplos.

Sendo o discurso o processo mencionado anteriormente: uma atividade social,


histórica e geográfica de produção de enunciados; precisa materializar-se em um
instrumento que concebemos como texto. Por isso, a importância de estudarmos o texto
e suas relações.

Resumindo o que vimos neste item, trazemos as afirmações de Abreu (2008, p. 11):

[...] podemos dizer que o texto é um produto de enunciação, estático, definido


e, muitas vezes, com algumas marcas da enunciação que nos ajudarão na tarefa
de decodificá-lo.
O discurso, entretanto, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o pro-
cesso de textualização e só termina quando o destinatário cumpre sua tarefa
de interpretação. Nesse sentido, podemos dizer, também, que o discurso é
histórico. Ele é feito, em princípio, para uma ocasião e público determinado.

Como neste curso nos preocupamos um pouco mais com a escrita, passaremos,
a seguir, a estudar o texto escrito e seus componentes.

1.3 O TEXTO ESCRITO

Os textos podem ser produzidos tanto de forma oral quanto de forma escrita.
No entanto, cada um deles possui dimensões que lhes são próprias e as distinguem uns
dos outros. Ao dizer isso, não estamos de modo algum afirmando que os textos escritos
são melhores que os orais ou vice-versa, estamos única e exclusivamente expondo que
são duas modalidades diferentes de produção textual. Em virtude dessa perspectiva,
comecemos por estudar as diferenças entre eles.

1.3.1 O TEXTO ORAL E O TEXTO ESCRITO

Já vimos que nos comunicamos por meio de textos. Esses textos podem ser falados
ou escritos, dependendo das situações comunicativas das quais participamos. Se, por
exemplo, estamos caminhando em um lugar desconhecido, estamos um pouco perdidos

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REDAÇÃO 13

e precisamos chegar a um local específico, paramos alguém e lhe pedimos informação.


Esse é um texto falado, pois no contexto exposto não vamos escrever e entregar o papel
para a pessoa esperando que ela escreva a resposta, não é mesmo? Da mesma forma,
quando em sala de aula o professor nos pede para que façamos uma redação, mesmo
que depois a leiamos em voz alta, ela está na modalidade escrita.

É conveniente que saibamos as diferenças entre essas duas modalidades de


produção textual, porque cada uma delas tem características que lhes são próprias e
por mais que tentemos aproximar uma da outra, não podemos confundi-las ou misturá-
las. Quando um de nossos professores nos pede algum tipo de produção escrita,
ele não espera encontrar elementos como: “né?”, “tipo”, “então..., então..., então...”,
“daí...” porque eles são típicos de produções orais. Nossos professores esperam um
texto planejado, com um vocabulário adequado para o contexto acadêmico, com uma
linguagem mais formal e uma correção textual.

Vale destacar que textos orais e textos escritos não são opostos, como já
mencionamos anteriormente, não estão em polos diferentes. Lembre-se de que existem
níveis de linguagem e gêneros discursivos para cada situação comunicativa, questões
que veremos mais adiante neste curso. Há os textos orais, produzidos “face a face”,
que ocorrem em uma interação entre enunciador e enunciatário, os quais trazem
repetições, fragmentações etc., mas há textos orais, como os que ocorrem em palestras,
conferências, em que o texto oral se aproxima da escrita. Igualmente, há textos escritos
que se aproximam da oralidade, como os que vemos em alguns blogs ou em seções
específicas de jornais e revistas, ou seja, em conformidade com o contexto, os textos,
quer orais, quer escritos, sofrem adequações.

Veja como Marcuschi aborda a questão dos textos orais e escritos na figura a
seguir:

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14 REDAÇÃO
FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DO CONTÍNUO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NA FALA E NA
ESCRITA

FONTE: Marcuschi (2003, p. 41).

1.3.1.1 O texto oral

Koch e Elias (2009) afirmam que durante bastante tempo esteve vigente a ideia
de que linguagem oral e linguagem escrita (estendendo a perspectiva para textos orais
e escritos) eram opostas, surgindo, inclusive, uma espécie de quadro de diferenças que
as autoras reproduziram em seu livro e que mostraremos a seguir:

QUADRO 1 – DIFERENÇA ENTRE FALA E ESCRITA

Fala Escrita
Contextualizada Descontextualizada
Implícita Explícita
Redundante Condensada
Não planejada Planejada
Predominância do modus pragmático Predominância do modus sintático
Fragmentada Não fragmentada
Incompleta Completa
Pouco elaborada Elaborada
Pouca densidade informacional Densidade informacional
Predominância de frases curtas, simples e Predominância de frases complexas, com
coordenadas subordinação abundante
Pequena frequência de passivas Emprego frequente de passivas

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REDAÇÃO 15

Poucas nominalizações Abundância de nominalizações


Menor densidade lexical Maior densidade lexical
FONTE: Koch; Elias (2009, p. 16).

Observando o quadro mais detidamente, notamos que as características de cada


uma das modalidades se apoia em opostos: maior/menor; pouco/muito; pequena/
grande; completa/incompleta. Já sabemos, pelo que vimos nos tópicos anteriores e
por nossos conhecimentos prévios, que essa dicotomia/oposição não procede. As
próprias autoras afirmam que o quadro não representa a realidade porque algumas das
características apresentadas são aplicáveis às duas modalidades e porque tais atributos
foram estabelecidos, tendo os textos escritos como referência, considerados durante
um longo tempo nos estudos gramaticais e linguísticos, como ideais, como “corretos”
(KOCH; ELIAS, 2009).

Para elucidar a questão, as mesmas autoras apresentam as características próprias


da oralidade, visíveis nos textos orais:

• [...] é relativamente não planejável de antemão, o que decorre de sua natureza


altamente interacional; isto é, ela necessita ser localmente planejada, ou seja,
planejada e replanejada a cada novo lance do jogo da linguagem;
• o texto falado apresenta-se em se fazendo, isto é, em sua própria gênese,
tendendo, pois, a por a nu o próprio processo da sua construção. Em outras
palavras, ao contrário do que acontece com o texto escrito, em cuja elaboração
o produtor tem maior tempo de planejamento, podendo fazer rascunhos, pro-
ceder revisões e correções, modificar o plano previamente traçado, no texto
falado planejamento e verbalização ocorrem simultaneamente, porque ele
emerge no próprio momento da interação;
• o fluxo discursivo apresenta descontinuidades frequentes, determinadas por
uma série de fatores de ordem cognitivo-interacional, as quais têm, portanto,
justificativas pragmáticas de relevância;
• o texto falado apresenta uma sintaxe característica, sem, contudo, deixar de
termo como pano de fundo a sintaxe geral da língua;
• a escrita é resultado de um processo, portanto, estática, ao passo que a fala é
processo, portanto, dinâmica. (KOCH; ELIAS, 2009, p. 16-17).

Desse modo, considerando as afirmações de Koch e Elias (2009), o texto oral se


concretiza de imediato, seu sentido é verificado concomitantemente a sua produção.
Já está inserido em um contexto e o interlocutor, enunciatário da mensagem ou da
informação está presente, é participante, ajuda a construí-lo. Sua interpretação ocorre
quase ao mesmo tempo em que sua produção. Inclusive, as repetições, correções,
hesitações que ocorrem ao longo de uma conversação são recursos próprios desta
modalidade e responsáveis por parte de sua estruturação. Em virtude disso, devem ser
considerados quando analisamos um texto oral.

Reproduzimos, a seguir, um fragmento de fala, transcrito apenas para ilustrar o


que acabamos de estudar sobre os textos orais:

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16 REDAÇÃO
[...] como no texto anterior...se bem que vocabulário deve ser trabalhado da
mesma forma...não se esqueçam de trabalhar o vocabulário sempre dentro do
contexto... pra que seja escolhida a acepção que mais couber dentro do contexto..
outros aspectos que a gente poderia pensar em...em destacar aqui nesse texto...
seriam aqueles aspectos de linguagem...que saltam diretamente aos olhos desde
que a gente analisa... (SANTOS; CABRERA; GÓES, 2008, p. 7).

Note que o texto citado traz repetições, lacunas, marcadores de oralidade como
“se bem que”, “a gente”, “saltam...aos olhos”, os quais são adequados ao texto oral,
porque, como vimos, esta modalidade apresenta uma estrutura que permite tais recursos.
O que não ocorre na modalidade escrita, como veremos a seguir.

S!
DICA

Para saber mais sobre a diferença entre a escrita e a fala, assista ao vídeo
do professor Marcuschi. Disponível em: <https://www.youtube.com/watc
h?v=XOzoVHyiDew&nohtml5=False>.

1.3.1.2 O texto escrito

Houve um tempo em que a escrita era para poucos. Somente um pequeno


grupo da sociedade detinha o conhecimento da escrita e, portanto, era-lhe conferido o
poder. Hoje, todos temos acesso à escrita e somos diariamente convocados a praticá-
la. Pense em quanto tempo por dia você leva lendo e respondendo e-mails, conversas
pelo WhatsApp, Skype ou qualquer outro comunicador instantâneo, atualizando suas
redes sociais, alimentando-as com novos textos, lendo e interpretando placas, cartazes,
anúncios publicitários on-line etc.

Por conta dessa “socialização” da escrita ao longo dos tempos, a forma de


concebê-la também passou por transformações. Uma corrente de pensamento, normativa
e tradicionalista, concebia a escrita com foco na língua. Para escrever bem, dominar a
escrita, era necessário conhecer as normas gramaticais e ter um amplo vocabulário.
Essa visão continha uma perspectiva de linguagem como um sistema fechado, pronto e
acabado. O texto, portanto, era tido como o produto de uma codificação. Outra corrente
concebia a escrita com foco no escritor. Nela, a escrita é a expressão do pensamento. O
texto é visto como fruto do pensamento, como resultado de uma atividade “por meio da
qual aquele que escreve expressa seu pensamento, suas intenções, sem levar em conta
as experiências e os conhecimentos do leitor ou a interação que envolve esse processo”
(KOCH; ELIAS, 2009, p. 33). Por fim, a corrente que vigora hoje, a qual nos parece mais
adequada a concepção de texto mantida na atualidade, é a escrita com foco na interação.

[...] a escrita é vista como produção textual, cuja realização exige do produtor a

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REDAÇÃO 17

ativação de conhecimentos e a mobilização de várias estratégias. Isso significa


dizer que o produtor, de forma não linear, “pensa” no que vai escrever e em
seu leitor, depois escreve, lê o que escreveu, revê e reescreve o que julga neces-
sário em um movimento constante e on-line guiado pelo princípio interacional
(KOCH; ELIAS, 2009, p. 34).

Desse modo, a escrita é entendida como não apenas o domínio das regras
gramaticais e vocabulário, ou dos pensamentos do escritor, mas fruto da interação entre
enunciador-contexto-enunciatário-intenção comunicativa.

Todo texto é relacional e coletivo. É produzido num determinado tempo histó-


rico por um enunciador para um enunciatário real ou virtual com base em toda
a experiência textual que aquele tem na projeção que faz de seu interlocutor.
Por outro lado, a interpretação do texto depende também do cálculo de sentido
feito pelo enunciatário a partir de sua experiência de leitor e de produtor de
textos (SANTOS, 2010, p. 14).

Como fica evidente nas palavras de Santos (2010), o texto escrito também se insere
em um contexto específico, articula-se com um propósito e dirige-se a um público, o
qual, por sua vez, faz um esforço de interpretação. Sobre este último elemento (público/
leitor), destacamos que há uma dinâmica diferenciada da escrita em relação à fala:
“escrever quer prever o outro, isto é, prever um leitor. O texto está sendo produzido
para alguém lê-lo, seu amigo, seu professor ou o cliente da empresa para a qual você
trabalha” (TAFNER, 2009, p. 12). Nosso enunciatário não está presente no momento
em que escrevemos, ele não interage no exato momento da produção. É apenas uma
imagem, uma projeção de quem imaginamos que lerá o que escrevemos. Sob certos
aspectos, construímos, idealizamos o leitor de nosso texto, definimos que conhecimentos
ele deve ter para compreender o que tentamos transmitir.

Dito isso, podemos mencionar uma outra dimensão importante do texto escrito:
a autonomia. Um texto escrito pode chegar onde a fala não alcança e ultrapassar as
barreiras de tempo e espaço. Portanto, nele deverá existir uma amplitude de marcas e
pistas que permitam ao enunciatário reestabelecer o contexto comunicacional e, desse
modo, depreender a mensagem nele contida. O texto escrito, uma vez enviado a seu
destino não pode mais ser “corrigido”, não haverá a possibilidade do “o que eu quis
dizer...”. Ele deve ser claro e estruturado de tal forma que diga o que deve dizer e chegue
a quem se destina.

Perceba que nas interações orais sempre há a possibilidade de “dizer novamente”,


explicar, dizer com outras palavras. Podemos utilizar os recursos que estão disponíveis,
gestos, expressões faciais e corporais, aumentar ou diminuir a velocidade da fala. Na
escrita, no entanto, esses recursos não estão disponíveis. É preciso dispor exclusivamente
dos recursos linguísticos para que o texto de fato cumpra seu objetivo e se faça inteligível.

Segundo Koch e Elias (2009, p. 43), ao escrevermos precisamos fazer uso de


algumas estratégias:

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18 REDAÇÃO
• [...] ativação de conhecimentos sobre os componentes da situação comunica-
tiva (interlocutores, tópico a ser desenvolvido e configuração textual adequada
à interação em foco);
• seleção, organização e desenvolvimento das ideias, de modo a garantir a
continuidade do tema e sua progressão;
• “balanceamento” entre informações explícitas e implícitas; entre informações
“novas” e “dadas”, levando em conta o compartilhamento de informações como
o leitor e o objetivo da escrita;
• revisão da escrita ao longo de todo o processo guiada pelo objetivo da pro-
dução e pela interação que o escritor pretende estabelecer com o leitor.

Em termos práticos, quando produzimos textos escritos, devemos considerar:


a) Intenção ou finalidade: o que queremos com este escrito? Com que intenção
produzimos este texto? Queremos informar? Questionar algo? Defender um ponto de
vista? Anunciar um produto? Reclamar de algo? Apresentar os resultados de alguma
pesquisa? Relatar um feito? Elogiar alguém?
b) Gênero discursivo: qual o gênero de texto melhor se enquadra ao propósito do texto?
Um anúncio? Uma charge? Um e-mail? Uma carta do leitor?
c) Interlocutores: para quem estamos dirigindo nosso texto? Quem será o leitor deste
texto? Está dirigido para um leitor específico? Que características ou conhecimentos
prévios supomos que este leitor deve ter?
d) Lugar de circulação: em que lugar o texto estará? Em uma revista? Jornal? Panfleto?
Nas redes sociais? Nos comunicadores instantâneos?

Observemos o que foi mencionado em um exemplo:

STEPHEN KING VOLTA À VELHA BOA FORMA COM “MR. MERCEDES”

O primeiro capítulo de "Mr. Mercedes" reúne as melhores páginas que o


americano Stephen King, 68, escreveu nos últimos 20 anos. Flagra um grupo de
pessoas passando uma madrugada muito fria numa calçada. É uma fila para novas
vagas de emprego.
Essa introdução chega a lembrar "filmes-catástrofe" dos anos 1970, como
"Terremoto" ou "Inferno na Torre", que dedicavam sua parte inicial a apresentar os
personagens que, em seguida, lutariam pela vida diante de terríveis infortúnios.
Mas aqui King prega uma peça. Os tipos interessantes que ele esboça nas
conversas da madrugada vão desaparecer de cena no capítulo seguinte. Morrem ali,
atropelados por um Mercedes. O carro, roubado de uma viúva rica, é largado perto
dali. Nada se sabe de seu motorista.
Não, King não fez mais um "Christine - O Carro Assassino", um de seus clássicos
do terror dos anos 1980 adaptados para o cinema. O motorista existe, é um sociopata
e vai guiar a história que se segue.
Mas, apesar de o sr. Mercedes ser tão ignóbil, as atenções do leitor vão se desviar
para seu antagonista, o policial aposentado Bill Hodges.
Depois de vender mais de 300 milhões de livros e deixar seus seguidores

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REDAÇÃO 19

arrepiados, King finalmente preenche uma lacuna em sua extensa galeria de tipos.
Para quem já criou cachorros e outros animais possuídos pelo demônio, máquinas
com desejos assassinos, bonecos vingativos e outras entidades bizarras, faltava a ele
o personagem mais comum e reverenciado da literatura de suspense e mistério: o
detetive. Bill Hodges é tratado com muito carinho por seu criador.
"Mr. Mercedes" foi anunciado como o primeiro livro de uma trilogia de
aventuras com o ex-policial. E King já manifestou o desejo de produzir uma série de
TV para ele.
O escritor é venerado por muitos fãs por sua criatividade. Com justiça, embora
sua produção prolixa e irregular dos últimos anos às vezes comprometa a percepção
de sua obra extraordinária na literatura de terror e suspense do século passado.
Por isso, muitos fãs devem estar esperando para ver quais as características
que vão marcar o detetive de King. E aí vem a surpresa.
No lugar do recurso habitual de criar alguma bossa para um herói detetive –
traumas familiares, alcoolismo, sede de vingança, hobbies esquisitos, coisas assim –,
King rascunhou Hodges como um tipo bem comum. Bebe, sim, mas pouco, apenas
para atenuar o tédio da aposentadoria. Tem lá seus probleminhas com o passado, mas
nada que interfira na ação.
Hodges é apenas um veterano de investigações, um cara que conhece bem as
ruas de sua cidadezinha no meio-oeste americano. Quando o sr. Mercedes envia ao
ex-policial uma carta na qual assume a autoria dos atropelamentos e promete matar
novamente, Hodges vai atrás dele porque é só isso que sabe fazer na vida: caçar e
prender os caras maus.
"Mr. Mercedes" não é uma história de mistério. Sabemos quem é o assassino,
o que ele fez e como fez logo no primeiro terço da narrativa. O que vale mesmo é a
maneira tensa como King vai estabelecendo o confronto entre mocinho e bandido. O
mestre do terror ainda sabe contar muito bem uma história.

FONTE: Thales de Menezes, Folha Ilustrada, Folha de São Paulo, 2 abr. 2016. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/04/1756627-stephen-king-volta-a-velha-boa-
forma-com-mr-mercedes.shtml>. Acesso em: 2 abr. 2016.

No texto é possível verificar que a intenção do escritor é apresentar o novo livro


de Stephen King. Para alcançar tal propósito, utilizou o gênero artigo de opinião, uma
vez que mostra a opinião que o crítico tem sobre a nova obra do autor mencionado; está
dirigido para todos aqueles que leem o jornal Folha de São Paulo e são conhecedores e
apreciadores das obras de Stephen King, bem como foi produzido para circular em um
jornal. Perceba que o escritor se dirige a um público que já conhece a obra de King porque,
ao longo do texto, faz referência a outras obras do autor e aspectos de suas produções,
as quais, supõe, sejam do conhecimento de seus já leitores. Ao mesmo tempo, emite sua
avaliação sobre a obra, apresentando os argumentos que consolidam seu julgamento.

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20 REDAÇÃO
Quando lemos o texto, fazemos um esforço de interpretação: buscamos reconstruir
o contexto comunicacional, retomamos os conhecimentos que já temos sobre o assunto
(neste caso específico, o que sabemos sobre Stephen King e sua produção), confrontamos
as opiniões do autor do artigo com as nossas, analisamos seus argumentos etc., ou seja,
interagimos com o texto, fazemos parte do processo, não apenas decodificamos o que
está escrito, também nos apropriamos das informações ali contidas e as somamos aos
conhecimentos que já construímos ao longo de nossa trajetória de leitores.

Além das questões levantadas até o momento, também é importante destacar que
para cumprir os propósitos do texto, seu escritor precisará de um bom conhecimento da
ortografia, da gramática e do léxico de sua língua. Dominar esses recursos permite uma
escolha de vocabulários adequados à finalidade do texto, a dar transparência ao texto.

Sob uma perspectiva interacional, obedecer às normas ortográficas é um re-


curso que contribui para a construção de uma imagem positiva daquele que
escreve, porque, dentre outros motivos, demonstra: i) atitude colaborativa do
escritor no sentido de evitar problemas no plano da comunicação; ii) atenção
e consideração dispensadas ao leitor (KOCH; ELIAS, 2009, p. 37).

Ainda, finalizando as questões sobre o texto escrito, é importante destacar


algumas características que todo texto escrito deve apresentar para que alcance seu
leitor e seja devidamente compreendido por ele.

a) Clareza: apresentação das informações de modo fácil, simples, em uma ordem que
facilite a compreensão. Muitas vezes, a clareza do texto se perde porque o autor
tem muita familiaridade com o tema e, em virtude disso, deixa de mencionar dados
importantes para a reconstrução de sentido, realizada por um leitor que não tem o
mesmo domínio do assunto. Há, ainda, situações em que o escritor não tem dados
suficientes sobre o tema, deixando em sua escrita lacunas que dificultam a compreensão
da mensagem. Também o uso excessivo de termos técnicos pode comprometer sua
clareza, bem como alguns termos que podem gerar ambiguidade.

Gold (2002 apud TAFNER, 2009) destaca que para a obtenção da clareza em
nossos escritos, faz-se necessário: a) organizar a forma como o assunto será apresentado,
estabelecendo uma lógica em sua sequencialização; b) empregar parágrafos de extensão
curta, na qual se perceba a ideia central e as ideias secundárias; c) utilizar as frases
em sua ordem direta; d) empregar uma linguagem simples, respeitando, entretanto, a
formalidade e as normas gramaticais aplicáveis àquela produção específica; e) observar
a relação que se estabelece entre as informações, evitando ambiguidades ou mal-
entendidos.

Para ilustrar o que acabamos de expor, leia o fragmento que segue:

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REDAÇÃO 21

Por tudo o que restou até aqui exposto, considerada a legislação tributária de
regência, e tendo em vista o atual panorama da jurisprudência aplicável à hipótese
em foco, fica claro que a embargante realmente merece ver inteiramente cancelada,
nesses autos de embargos contra execução fiscal, a insustentável e inaceitável exigência
de ICMS objeto da malsinada CDA aqui guerreada pela empresa.

FONTE: FONSECA, Pedro Leal. Fim do juridiquês: Falta de clareza em textos faz juiz pular
parágrafos. Consultor Jurídico. 2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-
mar-31/falta-clareza-textos-juridicos-faz-juiz-estafado-pular-paragrafos>. Acesso em: 2 abr.
2016.

Como você notou durante sua leitura, o fragmento não apresenta clareza. A
utilização de termos técnicos, a extensão excessiva das frases, bem como a distribuição
das informações dificultam a compreensão. Agora, leia o fragmento reescrito:

Pelo que foi exposto, considerada a legislação tributária, e tendo em vista a


jurisprudência aplicável à hipótese, fica claro que a embargante merece ver cancelada
a exigência de ICMS objeto da CDA aqui combatida.

FONTE: FONSECA, Pedro Leal. Fim do juridiquês: Falta de clareza em textos faz juiz pular
parágrafos. Consultor Jurídico. 2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-
mar-31/falta-clareza-textos-juridicos-faz-juiz-estafado-pular-paragrafos>. Acesso em: 2 abr.
2016.

Respeitando as especificidades deste que é um texto jurídico (com termos que


são próprios à área), percebemos que a reescrita deixou-o mais claro. A utilização de
frases mais curtas, permitiu que houvesse maior transparência e, com isso, a informação
é mais facilmente compreendida.

b) Concisão: qualidade de expressar a informação, fazendo uso de um número mínimo


de vocabulários. É a famosa perspectiva do “dizer muito em poucas palavras”.
Lembre-se, porém, que ser conciso não significa tirar a riqueza do texto, significa
fazer uso de vocabulários que permitam passar a mensagem de forma condensada.

Voltemos aos fragmentos acima. No primeiro fragmento foram utilizadas 60


palavras, no segundo 35 palavras. Toda a informação contida, de forma pouco clara,
no primeiro fragmento, foi mantida e tornada mais transparente no segundo, com
praticamente metade dos vocabulários.

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22 REDAÇÃO

S!
DICA

Para dar concisão ao texto evite a utilização de expressões desnecessárias


como “hoje em dia”; uso excessivo de adjetivos; repetição de ideias; uso
de clichês.

Observe, ainda, este outro texto:

É proibida a entrada, circulação, permanência, uso dos aparelhos e recursos da


instituição por pessoas que não foram autorizadas pela direção.

A mesma mensagem pode ser passada assim:

É proibida a entrada de pessoas não autorizadas.

Note que não houve perda de informação, apenas uma escolha vocabular que
permitiu dizer tudo que era necessário em poucos termos.

Ç ÃO!
ATEN

Em textos profissionais e acadêmicos, a concisão é um fator de suma


importância para a garantia de um texto adequado à situação comunicativa.

c) Objetividade: “[...] relaciona-se a identificar que ideias são relevantes ao expressarmos


nosso pensamento. Se conseguimos diferenciar as ideias principais das secundárias,
não distraímos nosso leitor” (TAFNER, 2009, p. 54). Para atingirmos a objetividade,
precisamos identificar qual é a ideia principal, quais são as ideias secundárias e dentre
estas quais as que podem ser dispensadas ou devem ser mantidas.

Vejamos na prática:

Prezados Senhores,

É com imensa satisfação que entramos em contato para comunicar que, em


virtude da qualidade de seus serviços, devidamente confirmada por seus usuários,
bem como do ótimo atendimento, também positivamente avaliado pelos clientes,

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REDAÇÃO 23

conferimos a esta tão bem conceituada empresa o prêmio Empresa TOP10.


Entraremos novamente em contato para confirmar a presença de um de seus
representantes no local e hora a serem ainda definidos.
Parabenizando-os por esta conquista e certos de que manterão seu alto índice
de aproveitamento e satisfação, despedimo-nos.

Atenciosamente,

Na correria de nosso dia a dia também os textos precisam ser de fácil depreensão.
Não cabem mais textos escritos como o que lemos acima. Sua falta de objetividade faz
com que tenhamos a tendência de fazer saltos na leitura, procurando identificar a ideias
mais importantes. Observemos, agora, como é possível com objetividade, transformar
o texto:

Prezados Senhores,

Informamos que sua empresa recebeu o Prêmio TOP10 pela qualidade nos
serviços e no atendimento.
Assim que a data e local do evento de premiação sejam definidos, entraremos
em contato.

Atenciosamente,

Temos, no exemplo, um texto objetivo, direto, elegante, sem supérfluos. Ele não
apenas é objetivo, mas também claro e conciso.

Por fim, não nos esqueçamos de que a correção gramatical também é importante
para garantir que o texto escrito esteja adequado à situação comunicativa da qual é
representante. Questão que já mencionamos antes. Escrever corretamente as palavras,
fazer uso adequado das estruturas sintáticas e lexicais garante as relações necessárias
para a constituição e a recepção do texto.

Como vimos ao longo de todo este capítulo, nos comunicamos por meio de textos,
orais ou escritos, verbais ou não verbais. Eles concretizam os discursos e apresentam
características que os tornam modalidades diferentes, mas com um mesmo propósito:
estabelecer comunicação nas mais variadas situações. No próximo capítulo, nos
dedicaremos a estudar a textualidade, elemento fundamental para a constituição do
texto.

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24 REDAÇÃO
RESUMO

Neste capítulo vimos:


• Enunciador: produtor do texto.
• Enunciatário: recebedor do texto.
• Enunciação: interação entre intenção do texto, contexto comunicacional, enunciador
e enunciatário.
• Texto é uma unidade de sentido que estabelece comunicação em uma determinada
situação, envolvendo enunciador e enunciatário.
• O texto materializa/concretiza o discurso.
• Discurso é a produção e a troca de sentido ocorridas em um contexto social e orientadas
para uma determinada situação comunicativa.
• Textos orais e textos escritos constituem duas modalidades diferentes.
o Textos orais configuram-se como produções não planejáveis que ocorrem
durante as interações entre falante e ouvinte.
 Sua interpretação acontece quase ao mesmo tempo em que sua produção.
o Textos escritos são produções planejáveis nas quais se evidenciam o contexto
de produção, a finalidade, o público a quem se destina.
 O leitor não está fisicamente presente no ato da produção.
 O leitor precisa reconstruir o sentido do texto a partir das pistas nele
presentes.
 O texto escrito é autônomo e deve apresentar clareza, concisão,
objetividade e correção gramatical.

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REDAÇÃO 25


IDADE
ATIV
AUTO

1 Leia a tirinha que segue:


FONTE: Disponível em: <http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/
volumes/32/htm/comunica/ci144_arquivos/image002.jp>.
Acesso em: 2 abr. 2016.

Da leitura é possível afirmar:


I- A pergunta de Helga tem o próposito de saber se Hagar quer que lhe
sirva um pouco de café.
II- Hagar compreende perfeitamente a intenção da pergunta e a responde
de maneira adequada.
III- Hagar interpreta a pergunta de maneira diferente do que espera Helga,
causando o efeito de humor na tirinha.
Levando em consideração o que estudamos no tópico 1 deste
capítulo, está(ão) CORRETA(S):
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I, II e III.
e) ( ) Somente I.

2 Leia as afirmativas que seguem, julgando-as falsas ou verdadeiras de


acordo com o que foi estudado no tópico 1 do Capítulo.
( ) O texto pode ser definido como uma reunião de palavras ou frases,
desvinculadas do contexto comunicacional.
( ) A interação entre os seres sociais pode ocorrer de diversas formas,
uma delas é por meio de textos.
( ) O texto é um ato social, comunicativo e, portanto, totalmente
relacionado à situação comunicativa em que foi gerado.
( ) Cabe ao enunciador interpretar o texto, atribuindo-lhe o significado
adequado ao contexto em que foi produzido.
A sequência que CORRETA é:

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26 REDAÇÃO

a) ( ) F, F, V, F.
b) ( ) V, F, V, F.
c) ( ) V, V, F, V.
d) ( ) F, V, V, F.
e) ( ) F, F, V, V.

3 Leia o texto a seguir:


Como ter uma boa noite de sono

O sono é o período de descanso do corpo e da mente. É o momento


de relaxar nossos músculos e memorizar tudo o que aprendemos durante
o dia. Além disso, várias funções biológicas são realizadas durante a noite.
Nosso sistema imunológico produz substâncias fundamentais para o bom
funcionamento do nosso organismo, além do hormônio do crescimento e
do hormônio leptina (que causa sensação de saciedade), que também são
secretados durante a noite.
Algumas pessoas não conseguem ter uma boa noite de sono, e
isso afeta diretamente na qualidade de suas vidas. Por isso listaremos
aqui algumas dicas básicas para uma boa noite de sono, que resultará em
corpo e mente descansados.
• Refrigerantes, café e chá-preto são bebidas que devem ser evitadas antes
do sono, pois contêm cafeína e xantina em sua composição e essas
substâncias estimulam o sistema nervoso central, podendo atrapalhar
o sono.
• Evite o consumo de frituras e comidas gordurosas que possam provocar
má digestão e azia, prejudicando o sono.
• Não se deite logo após as refeições.
• Não pratique atividades físicas até 4 horas antes de dormir.
• Recomenda-se tomar uma xícara de leite morno com mel antes de
dormir, pois o leite contém triptofano, um aminoácido essencial, que
aumenta o nível de serotonina, um calmante natural do cérebro. E o
mel, por ser um carboidrato, facilita a entrada de triptofano no cérebro.
• Manter um ritmo de sono é importante. Tente se deitar e acordar no
mesmo horário todos os dias, mesmo em finais de semana.
• Evite fazer anotações, ler, estudar, trabalhar e assistir TV na cama.
• Durma em um local onde esteja tudo calmo e escuro.
• Nunca se deite com fome. Uma fruta é uma boa opção para enganar a
fome e não dormir de barriga vazia.
• Um banho morno relaxa o corpo e ajuda a prepará-lo para uma boa
noite de sono.

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REDAÇÃO 27

• Se tiver muita dificuldade para dormir à noite, é bom evitar dormir


durante o dia.
• Esqueça todos os problemas na hora de dormir.
• Evite dormir com a TV ligada, pois isso impede que a pessoa chegue
à fase do sono profundo.
• O tabaco é estimulante, por isso evite fumar horas antes de se deitar.
• Se você se deitar e não conseguir dormir, levante-se e faça alguma
atividade relaxante, como ouvir músicas calmas.
• Manter uma rotina de atividades físicas colabora para boas noites de
sono.
• Tenha colchão e travesseiros confortáveis.

Essas são algumas dicas que resultarão em uma excelente noite


de sono. Basta segui-las para melhorar seu sono e sua qualidade de vida.
Bons sonhos!
FONTE: MORAES, Paula Louredo. Como ter uma boa noite de sono.
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/saude-
bem-estar/como-ter-uma-boa-noite-sono.htm>. Acesso em: 2
abr. 2016.

Os textos possuem um contexto de uso, uma função social e um


objetivo comunicativo. Após a leitura do texto, podemos concluir que
sua função é:
a) ( ) Expor a opinião da autora sobre o ato de dormir bem.
b) ( ) Orientar os leitores sobre os cuidados que devem ter para que
consigam dormir bem.
c) ( ) Criticar os leitores que não conseguem ter uma boa noite de sono.
d) ( ) Divulgar um produto que promete ajudar pessoas que não
conseguem dormir bem.
e) ( ) Apresentar como funciona o sono do ponto de vista biológico.

4 Analise as seguintes afirmações:


I- O texto escrito é uma modalidade de produção textual superior ao texto
oral, por isso, deve ser utilizado de forma prioritária.
II- Os textos orais são considerados não planejáveis porque ocorrem
durante as situações comunicativas, na interação direta entre falantes
e ouvintes.
III- Os textos escritos utilizam-se apenas do aparato linguístico, ao
contrário dos textos orais que podem fazer uso também de gestos,
expressões faciais etc.
IV- Os enunciatários dos textos escritos não precisam fazer um esforço de

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28 REDAÇÃO

interpretação porque essa função cabe exclusivamente ao enunciador.


Estão CORRETAS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e III.
c) ( ) II e III.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) I e IV.

5 Analise os seguintes textos:


Texto 1
“Eles acham que não chateia, mas machuca de verdade“,
disse, “Vim representar as pessoas que não têm dinheiro para pagar um
advogado (…) Esse ódio gratuito das pessoas, de não pensar no próximo…
E eu falei: “cara, eu não posso deixar isso passar impune”. (Depoimento
da cantora Ludmilla à revista Todateen sobre o racismo que sofreu nas
redes sociais).

FONTE: Disponível em: <http://todateen.com.br/souassimtt/ludmilla-


sofre-com-racismo-desabafa-machuca-de-verdade/>. Acesso
em: 10 jun. 2016.

Texto 2
“BF: E o que deu o start para colocar o livro em andamento? Houve um
episódio, um fato curioso?
R
​ Q: Na época, eu trabalhava numa revista feminina e pintou uma
reportagem sobre o tema. Sou apaixonada por música, toco piano e adoro
cantar MPB, Bossa Nova etc. A pauta caiu para mim e eu pirei... fiquei um
mês atrás das histórias, e me encantei muito especialmente com a Lígia
do Tom. Tom Jobim é um ícone para mim. Desde a publicação dessa
matéria, já imaginei que daria um livro, e nunca mais abandonei o assunto.
Só que, nesse meio tempo, o mundo roda, a vida também, trabalho pela
sobrevivência, então não podia parar para fazer um projeto independente.
Nos últimos três anos, contudo, coloquei como prioridade, me virei nos
30 e fiz, de maneira independente, mas já com uma editora interessada na
publicação”. (Entrevista com a jornalista Rosane Queiroz sobre seu livro
Musas e música – a mulher por trás da canção para a revista Bons Fluídos).

FONTE: Disponível em: <http://bonsfluidos.uol.com.br/noticias/


entrevista/livro-reune-depoimentos-de-mulheres-que-
inspiraram-as-mais-belas-cancoes-da-mpb.phtml#.
V11ZCLsrLMx>. Acesso em: 10 jun. 2016.

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REDAÇÃO 29

Sobre os textos é correto afirmar:


a) ( ) Ambos são textos representantes da modalidade escrita,
evidenciada pelo uso de pontuação e vocabulário simples, mas
formal.
b) ( ) O primeiro é um texto representante da modalidade oral, e o
segundo é um texto representante da modalidade escrita, dada sua
extensão.
c) ( ) Ambos os textos são representantes da modalidade oral, verificável
pelo uso de expressões como “cara”, “pintou”, “pirei”.
d) ( ) Os dois não podem ser definidos como textos, pois não apresentam
sentido no contexto comunicativo em que se apresentam.
e) ( ) Apenas o segundo texto é representante da modalidade escrita
porque é dotado de clareza, objetividade, concisão e correção
gramatical.

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30 REDAÇÃO
GABARITO DAS AUTOATIVIDADES

1C

2 A (F, F, V, F)

3B

4C

5C

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REDAÇÃO 31

REFERÊNCIAS

ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2008.

ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola,


2010. (Série estratégias de ensino, 21).

KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1992.

______; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São
Paulo: Contexto, 2009.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 4.


ed. São Paulo: Cortez, 2003.

SANTOS, Gerson Tenório dos. Texto e textualidade. São Paulo: Unicastelo, 2010.

SANTOS, Flávia Andreia dos; CABRERA, Lúcia Gandarillas; GÓES, Vera Lúcia.
Retextualização do texto oral. Revista Anagrama, São Paulo, ano 1, ed. 4, p. 1-14,
junho/agosto 2008. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.
php/anagrama/article/viewFile/6278/5696>. Acesso em: 7 abr. 2016.

TAFNER, Elisabeth Penzlien. Redação na vida acadêmica e profissional. Blumenau:


Nova Letra, 2009. (Coleção Estudos Independentes).

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