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Bioquímica

Material Teórico
Ácidos Nucleicos: Estrutura e Função

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Kelly Cristina de Oliveira Bermar

Revisão Textual:
Prof. Esp. Luciano Vieira Francisco
Ácidos Nucleicos: Estrutura e Função

• Introdução;
• Nucleotídeos;
• Ácidos Nucleicos;
• Ácido Desoxirribonucleico (DNA);
• Ácido Ribonucleico (RNA);
• Replicação do DNA.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer a estrutura e função dos ácidos nucleicos, assim como o
processo de replicação do DNA.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
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Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
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as redes sociais.

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Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Ácidos Nucleicos: Estrutura e Função

Introdução
Os nucleotídeos são os monômeros com ações mais diversas no organismo hu-
mano; primeiramente, são constituintes básicos de dois polímeros importantes, o
Ácido Desoxirribonucleico (DNA) e o Ácido Ribonucleico (RNA), responsáveis pela
transmissão e expressão, respectivamente, da informação genética. A informação
genética é responsável pelas características físicas do indivíduo, assim como pela re-
gulação do metabolismo e de todas as funções celulares. Além disso, os nucleotídeos
estão envolvidos em reações de óxido-redução, transferência de energia e desempe-
nham funções estruturais, catalíticas e de sinalização intracelular (ALBERTS et al.,
2006; VOET; VOET; PRATT, 2014). Assim, nesta Unidade estudaremos a estrutura
química dos nucleotídeos, as suas funções e os seus polímeros DNA e RNA.

Nucleotídeos
Os nucleotídeos são constituídos quimicamente por uma pentose, um açúcar,
formado por cinco carbonos, ligado a uma base nitrogenada – anéis carbônicos
contendo nitrogênio – e a um ou mais grupos fosfato. Em relação ao tipo de açú-
car, existem dois tipos de nucleotídeos: os ribonucleotídeos, que possuem uma
ribose; e os desoxirribonucleotídeos, que possuem uma desoxirribose.
As bases nitrogenadas podem ser derivadas da purina – composta por dois anéis
nitrogenados – ou da pirimidina – composta por um anel nitrogenado. As purinas
são a Adenina (A) e Guaninia (G), enquanto as pirimidinas são a Citosina (C),
Uracila (U) e Timina (T) (ALBERTS et al., 2006; VOET; VOET; PRATT, 2014).

Purines
pentose

Base

glycosidic bond
Adenine Guanine
OH = ribose
H = deoxyribose Pyrimidines
nucleoside
nucleoside monophosphate
nucleoside diphosphate
R
nucleoside triphosphate Cytosine Uracil Thymine
Figura 1 – Estrutura básica de um nucleotídeo
Fonte: Wikimedia Commons

A maior parte dos nucleotídeos está presente nas células na forma de polímeros,
DNA ou RNA, porém, alguns livres desempenham papel importante, tal como o
Trifosfato de Adenosina (ATP) (Figura 2), que contém adenina, uma ribose e um

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grupo trifosfato. O ATP é um transmissor de energia por meio da transferência de
um ou dois grupos fosfato para outra molécula (VOET; VOET; PRATT, 2014) –
veremos essas reações com mais detalhes na quarta Unidade.

Figura 2 – Estrutura química do ATP


Fonte: Wikimedia Commons

Ácidos Nucleicos
Os ácidos nucleicos são polímeros formados pela união de nucleotídeos, ligados
por pontes de fosfato ou ligações fosfodiéster entre os açúcares, nas posições 3´ e
5´. A unidade terminal cujo carbono 5´ (C5´) está livre é denominada extremidade
5´ (linha), enquanto que a unidade terminal cujo carbono 3´ (C3´) está livre é
chamada de extremidade 3´ (linha). O DNA é um polímero formado pela união de
nucleotídeos que possuem o açúcar desoxirribose, enquanto que o RNA apresenta
o açúcar ribose (ALBERTS et al., 2006; VOET; VOET; PRATT, 2014).

Ácido Desoxirribonucleico (DNA)


O DNA é formado por duas cadeias polinucleotídicas, conhecidas como cadeias
de DNA ou fitas de DNA, encontrando-se no núcleo celular e apresentando as
seguintes características (ALBERTS et al., 2006; VOET; VOET; PRATT, 2014):
• As duas cadeias estão em dupla-hélice, ou seja, uma molécula helicoidal (Figura 3);
• As duas cadeias são antiparalelas, ou seja, estão em direções opostas – uma
segue a direção 5´-3´e a outra 3´-5´ (Figura 4);
• As bases nitrogenadas estão no centro da hélice e se ligam por pontes de
hidrogênio, segundo o pareamento de bases complementares, que se trata
do fato de que as bases não pareiam ao acaso – a Adenina (A) pareia com a
Timina (T) por duas pontes de hidrogênio, enquanto a Citosina (C) pareia com
a Guanina (G) por três pontes de hidrogênio (Figura 4); este pareamento é
denominado pares de bases.

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UNIDADE Ácidos Nucleicos: Estrutura e Função

Que tal assistir a um vídeo para relembrar as estruturas de uma célula? Então acesse:
Explor

https://youtu.be/tBn0MQa7A6Q

Figura 3 – DNA dupla-fita ou dupla-hélice


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Timina
Adenina
5' terminal
O O
_
O
NH 2 3' terminal
P
N OH
_O O HN
N N
O N
N O O

O O_
O NH 2 O P O
O P N
O
_O O
N HN N
O N
N
O
O H2N

O O_
Esqueleto de O O H2N
N
P O
O
fosfato- P
O
O
_O
-desoxiribose O N
NH N N

N
O
O

O O_
H2N P
O O
O
O P
N O
_O O N
NH N

O N
N O O
NH 2

O O_
OH P
3' terminal Citosina _O
O

Guanina 5' terminal

Figura 4 – Estrutura química da molécula de DNA evidenciando


a direção oposta das fitas e a complementariedade das bases A-T e C-G
Fonte: Wikimedia Commons

O DNA humano é uma molécula considerada grande, com aproximadamente


três bilhões de pares de bases; encontra-se no núcleo celular e tem a função de
carregar e transmitir as informações genéticas, estas que são sequências de nucle-
otídeos com informação para gerar proteínas denominadas genes.

As informações genéticas são transmitidas de uma geração para outra por meio
do processo de replicação do DNA – e que veremos mais adiante. O conjunto de
genes de um indivíduo denominamos genoma. Ademais, por meio dos processos
de transcrição e tradução, os genes indicam a sequência de aminoácidos de uma
proteína (VOET; VOET; PRATT, 2014).

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O DNA humano está compactado e condensado na forma de cromossomos,
porém, em diferentes graus de condensação, dependendo da fase do ciclo celular.
Cada cromossomo é formado por DNA e histonas, complexo que denominamos
cromatina; observamos a condensação máxima da cromatina na metáfase (Figura
5) (ALBERTS et al., 2006; VOET; VOET; PRATT, 2014).

Considerando que metáfase é uma das fases da mitose, processo de divisão celular no qual
Explor

uma célula-mãe gera duas células-filhas, que tal você ler um pouco sobre esse processo em:
https://bit.ly/2Lvfqsy

Nos seres humanos encontramos 46 cromossomos, ou 23 pares, numerados de 1


a 22 e classificados como cromossomos autossomos, que carregam informações ao
desenvolvimento e funcionamento de órgãos somáticos e que não estão ligados ao
sexo; e um par identificado pelas letras X e Y, classificado como cromossomos sexuais,
com a função de definir o sexo do indivíduo, de modo que as mulheres apresentam o
par de cromossomos XX e os homens, o par XY (Figura 6) (ALBERTS et al., 2006).
Explor

Órgãos somáticos: órgãos comuns entre os sexos, por exemplo, baço, fígado, pulmão.

Figura 5 – Diferentes níveis de condensação do DNA, sendo: A) Cadeia de DNA em dupla hélice;
B) Filamento de cromatina (DNA com histonas); C) Cromatina condensada na forma de cromossomos; e
D) Condensação máxima da cromatina (cromossomos de metáfase)
Fonte: Wikimedia Commons

Figura 6 – Distribuição dos cromossomos autossomos e sexuais, 1 a 22 cromossomos autossomos, sendo:


A) cromossomos XY característicos do sexo masculino; e B) cromossomos XX característicos do sexo feminino
Fonte: iStock/Getty Images

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UNIDADE Ácidos Nucleicos: Estrutura e Função

Ácido Ribonucleico (RNA)


O RNA também é formado pela união de nucleotídeos, assim como o DNA,
porém, ocorre como fita simples e há uma substituição da timina pela Uracila (U)
(Figura 7). Pode parear com fitas complementares de RNA ou DNA, onde a uracila
pareia com a Adenina (A) e a Guanina (G) pareia com a Citosina (C) (ALBERTS et
al., 2006; VOET; VOET; PRATT, 2014).

Ademais, podemos dividir o RNA em dois grupos (ALBERTS et al., 2006):


• RNA mensageiro (RNAm): RNA com informação para a construção de uma
proteína específica;
• RNA funcional: com atribuições biológicas, a saber: RNA transportador
(RNAt), responsável pelo transporte de aminoácidos que serão incorporados
na proteína do citoplasma ao ribossomo; RNA ribossomal (RNAr), faz parte da
estrutura do ribossomo, organela responsável pela construção das proteínas;
pequenos RNA nucleares (snRNA), envolvidos no processamento – splincing
– do RNAm e microRNA e RNA de interferência (siRNA) com papel impor-
tante na regulação gênica.

Cytosine Cytosine
Nucleobases

Guanine Guanine

Base pair
Adenine Adenine

Uracil Thymine

helix of
sugar-phosphates

Nucleobases Nucleobases
of RNA of DNA
RNA DNA
Ribonucleic acid Deoxyribonucleic acid

Figura 7 – Estrutura química do RNA Figura 8 – Comparação entre as fitas de DNA e RNA
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons

Replicação do DNA
A duplicação do DNA, processo conhecido como replicação do DNA, garante a
transmissão das informações genéticas de geração a geração e a cópia do genoma
a cada divisão celular com uma precisão extraordinária. Esse processo ocorre no
núcleo celular e é realizado por um grupo de proteínas que formam a máquina de
replicação (ALBERTS et al., 2006).

A principal característica deste processo que garante a hereditariedade – infor-


mações passadas de geração a geração – é que se trata de um padrão semicon-

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servativo, isto porque cada fita do DNA atua como molde para a construção das
novas fitas e, ao final do processo, a molécula de DNA gerada é composta por uma
fita antiga e uma fita nova (Figura 9) (ALBERTS et al., 2006).

Figura 9 – Esquema do processo de replicação demonstrando o modelo semiconservativo


Fonte: Wikimedia Commons

Como podemos ver na Figura 9, para o processo de replicação acontecer é neces-


sária a separação das fitas que formam o DNA; o local onde ocorre a abertura inicial
chamamos de origens de replicação (Figura 10) e são regiões caracterizadas por uma
sequência específica de nucleotídeos e que atraem as proteínas envolvidas no processo
de replicação. No genoma humano existem, aproximadamente, 10.000 origens de
replicação, permitindo que esse processo seja bem rápido (ALBERTS et al., 2006).

Figura 10 – Abertura de uma fita de DNA na origem de replicação para que ocorra o processo homônimo
Fonte: Adaptada de Alberts e colaboradores, 2006

Quando a proteína iniciadora se liga ao DNA na origem de replicação e provoca


a abertura da fita, um conjunto de proteínas, denominado máquina de replicação,
é atraído para essa região, cada qual desempenhando um papel específico. A
região do DNA onde ocorre a replicação é chamada de forquilha de replicação.

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UNIDADE Ácidos Nucleicos: Estrutura e Função

A replicação é um processo bidirecional, pois duas forquilhas de replicação são for-


madas a partir das origens desse processo. No centro da máquina de replicação está o
DNA polimerase, enzima responsável pela criação das novas fitas de DNA, utilizando
a fita antiga como molde. Essa enzima possui uma característica importante: adiciona
nucleotídeos sempre na extremidade 3´, comprometendo a criação da fita 3´-5´.
A partir da fita molde 3´-5´ será construída uma nova fita na direção 5´-3´, ou
seja, os nucleotídeos sempre serão adicionados na extremidade 3´, o que não é
nenhum problema ao DNA polimerase, porém, com a fita molde 5´-3´ a nova fita
terá a direção 3´-5´; assim, os novos nucleotídeos deveriam ser adicionados à extre-
midade 5´, processo que o DNA polimerase não consegue executar. Para resolver
isto, a enzima faz um processo de “costurar para trás”.
A fita 3´-5´é construída em pequenos fragmentos, denominados fragmentos de
Okazaki, pois o DNA polimerase polimeriza – une – os nucleotídeos na direção
5´-3´, ou seja, polimerizando-os para trás, não seguindo a direção da fita. Por
esse motivo, a fita 5´-3´ é construída continuamente, sendo chamada de fita líder,
enquanto a fita 3´-5´ é construída em fragmentos, de forma descontinuada, sendo
chamada de fita retardada (Figura 11) (ALBERTS et al., 2006).
O DNA polimerase não consegue iniciar uma fita totalmente nova, necessitando de
um nucleotídeo pareado para principiar a polimerização. Assim, para auxiliar nesse
processo, a enzima primase sintetiza uma pequena molécula de RNA, denominada
iniciador ou primer, que pareia com a fita molde na origem de replicação. Na fita líder
apenas um primer é necessário; porém, na fita retardada novos primers são requisita-
dos sempre que um novo segmento for produzido (Figura 11) (ALBERTS et al., 2006).

Figura 11 – Esquema da construção das fitas líder e retardada (fragmentos de Okazaki)


no processo de replicação e presença dos primers
Fonte: Wikimedia Commons

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Além do DNA polimerase e da primase, outras proteínas são essenciais para que
a replicação aconteça de forma eficiente (Figura 12), vejamos:
• Helicase: promove a abertura da dupla hélice ao longo da fita de DNA ao rom-
per as pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas, expondo do DNA
molde ao DNA polimerase;
• Proteína de ligação à fita simples: impede a reformação de pares de bases na
fita aberta pela helicase;
• Grampo deslizante: mantém o DNA polimerase ligado à fita de DNA molde;
• Ligase: retira os primers, substituindo por nucleotídeos de DNA e faz a ligação
entre os quais e os fragmentos de Okazaki;
• Toposoimerase: alivia a força de tensão fora das forquilhas de replicação.

Figura 12 – Esquema da máquina de replicação com todas as enzimas envolvidas no processo


Fonte: Wikimedia Commons

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
InfoEscola
Texto sobre a estrutura dos cromossomos
https://bit.ly/2LmoxiC
SO Biologia
Texto sobre as estruturas do DNA e RNA
https://bit.ly/2uIXkw4

 Vídeos
Animação sobre a Replicação do DNA
Vídeo sobre a replicação do DNA
https://youtu.be/T3RK7w0nfOc
Ciclo Celular - Mitose
Vídeo sobre mitose e processo de divisão celular
https://youtu.be/-49ob_duCcM

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Referências
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 2. ed. Porto Alegre, RS:
Artmed, 2006.

VOET, D.; VOET, J. G.; Pratt, W. Fundamentos de Bioquímica: a vida em nível


molecular. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014.

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