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A possibilidade do conhecimento: O Cepticismo

Esta perspectiva filosófica defende que não existe possibilidade do


conhecimento; duvida da verdade das representações e não admite nenhum
critério do conhecimento.

A sua argumentação consiste em afirmar que as nossas percepções dadas pelos


sentidos podem corresponder a ilusões, não sendo reais como por exemplo,
quando estamos “emersos” em nervosismo antes de um encontro que temos
marcado, já julgamos ver a pessoa de que estamos à espera em todo o lado.
Além disso, como nem todos sentimos do mesmo modo, nem o mesmo, essas
percepções podem ser apenas alucinações individuais, porque se não fossem,
todos sentiriam de igual modo (exemplo: a mim pareceu-me ter ouvido um
carro a apitar, já a Cátia não ouviu nada).

Outro argumento é o do conhecimento científico estar dependente do avanço


tecnológico, estando constantemente a ser revisto (“O que é verdade hoje, pode
já ser mentira amanhã”) e sendo por isso muito relativo (bastar pensar na teoria
geocêntrica que acabou por ser substituída pela teoria heliocêntrica).

A metafísica é também muito contestada por esta perspectiva já que não


existem provas concretas e rigorosas de que sejam reais (como posso eu provar
que temos alma?, ou, como posso eu corroborar de que existe vida depois da
morte? ).

E por último mas não menos importante, os princípios da vida quotidiana são
também muito “contrariados” pelo cepticismo, senão vejamos: cada sociedade
tem as suas regras, as suas leis, punições, condutas (…) e estas são por isso
muito relativas. Seguindo o exemplo do apedrejamento de mulheres até à
morte, este é visto em Portugal como desumano e imoral até, enquanto em
várias sociedades/ países ainda continua hoje em dia a ser praticado quando a
mulher trai o marido.

No entanto, são levantadas contra o cepticismo algumas objecções. Comecemos


por aquela que diz que este é impraticável. Se um céptico põe em causa todo e
qualquer tipo de conhecimento, então o simples facto de pensar em questões
como “será que devo comer?”, “para quê comer?” ou até mesmo “será que
existe o acto de comer?”, obter-se-iam sempre respostas inconclusivas que
acabariam por conduzir o indivíduo à morte já que este nem se daria então ao
trabalho de se alimentar.
Para além da impraticabilidade, existe uma contradição nesta perspectiva: um
céptico ao pôr tudo em causa afirmando a inexistências de verdades e certezas,
reconhece então ter pelo menos uma certeza (a de que não existem certezas),
acabando deste modo por se “anular”.

Concluo assim, reafirmando que o cepticismo é uma perspectiva filosófica que


põe em causa todo o tipo de conhecimento.

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