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Pastor Paulo Marcelo

Vencendo as

Tempestades
da Vida

1ª Edição - 2020
Vila Velha - ES

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Uziel de Jesus
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Revisão
Laryssa Fazolo Couto

Capa
Above Publicações

Pré-Impressão
Above Editora

Diagramação Editora Above


Above Editora www.aboveonline.com.br
Prefácio

Ainda na infância descobrimos que não


somos super-heróis, que não sabemos voar,
controlar a natureza, que não podemos erguer
pesos monumentais nem alcançar grandes ve-
locidades. Brincamos de uma lista de coisas que
sabemos não passar de enredo para gibis e de-
senhos animados.

No entanto, ao longo da vida, mesmo não


mais crendo em poderes extraordinários, conse-
guimos superar dificuldades e dilemas diversos
com habilidades humanas que possuímos ou po-
demos desenvolver. Há momentos, no entanto,
em que nossas forças não são suficientes para
encarar a situação, sentimo-nos diante de um

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abismo, sem métodos ou sequer coragem para
seguir.

Enquanto escrevo estas linhas, estamos


no meio de uma grande crise de saúde mundial.
O aparecimento da COVID-19, acabou tomando
proporções inimaginável levando o mundo todo
a temer e se precaver. Os países entraram em
quarentena sanitária forçando o fechamento
dos comércios e isolando a maioria da popula-
ção em suas casas.

Momentos como esses são chamados de


diversas maneiras na bíblia, termos poéticos
como desertos, vales, secas e afins. Aqui, em-
pregaremos o nome “tempestade” — palavra-
chave em nosso texto base — para designar as
situações desesperadoras em questão.

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Texto bíblico

E logo ordenou Jesus que os seus


discípulos entrassem no barco, e fossem
adiante para o outro lado, enquanto des-
pedia a multidão.

E, despedida a multidão, subiu ao


monte para orar, à parte. E, chegada já
a tarde, estava ali só.

E o barco estava já no meio do mar,


açoitado pelas ondas; porque o vento era
contrário;

Mas, à quarta vigília da noite, di-


rigiu-se Jesus para eles, andando por
cima do mar.

E os discípulos, vendo-o andando


sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É
um fantasma. E gritaram com medo.

Jesus, porém, lhes falou logo, dizen-

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do: Tende bom ânimo, sou eu, não te-
mais.

E respondeu-lhe Pedro, e disse: Se-


nhor, se és tu, manda-me ir ter contigo
por cima das águas.

E ele disse: Vem. E Pedro, descendo


do barco, andou sobre as águas para ir
ter com Jesus.

Mas, sentindo o vento forte, teve


medo; e, começando a ir para o fundo,
clamou, dizendo: Senhor, salva-me!

E logo Jesus, estendendo a mão, se-


gurou-o e disse-lhe: Homem de pouca fé,
por que duvidaste?

E, quando subiram para o barco,


acalmou o vento.

Então aproximaram-se os que esta-


vam no barco, e adoraram-no, dizendo:
És verdadeiramente o Filho de Deus.

Mateus 14:22-33
Introdução

Por esta terra, e por este mundo, já pas-


saram centenas de milhares de pessoas. Pes-
soas que marcaram suas épocas e a história.
Homens que, quando por aqui caminharam,
deixaram um legado. Suas histórias são conta-
das por meio de biografias. Temos milhares de
biografias de reis, estadistas, políticos, poetas
etc. Homens que dedicaram a vida à literatura,
à arte, à poesia etc. Temos muitos homens que
nós admiramos por meio de seus feitos, mas ne-
nhum homem, nesta terra, pode ser comparado
a pessoa de Jesus Cristo. 

Jesus é, sem sombra de dúvidas, o maior


de todos os personagens que já passaram por

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este mundo. Ele é o centro da nossa fé. 

Este mundo é dividido em duas Eras:


aqueles que viveram antes de Jesus, e aqueles
que vivem depois de Jesus.

Eu leio Sua história em Mateus, Marcos,


Lucas e João e percebo que lá está uma literatu-
ra simples, de fácil entendimento, mas, ao mes-
mo tempo, de uma profundidade inesgotável.

Quando eu caminho pelas páginas dos


Evangelhos, eu penso na perfeição da história
de Jesus.

Mateus e João contam a história de Je-


sus de uma forma; Marcos e Lucas contam de
outra maneira.

Mateus e João, por exemplo, contam a


história de Jesus dizendo:

— Eu estava lá! Eu era um dos doze. Sou


testemunha ocular dos milagres de Jesus.

Quando eles estão escrevendo os Evan-


gelhos, estão dizendo assim:

— Não foi ninguém que me contou. Não

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foi uma história que ouvi. Não foi uma lenda.
Eu estava presente quando aconteceu. 

Mateus e João podem dizer:

— Não foi alguém que me contou, eu


senti o cheiro do milagre. Eu estava lá quando
ouvi a voz do mudo falar. Eu estava lá quando
o cego voltou a enxergar e quando o paralítico
saltou e começou a caminhar e gritar: ‘Jesus é o
Senhor dos céus e da terra.’

Diferentemente, Marcos e Lucas não ti-


veram esse tipo de experiência, porque eles não
foram um dos doze, não andaram com Jesus,
não caminharam com Ele. 

Contudo, Marcos tem um privilégio que


ninguém teve: João Marcos é filho de Maria, e
na casa dele foi inaugurada a primeira Igreja
cristã desta Terra, porque foi na casa de João
Marcos onde se realizou a última ceia e também
onde aconteceu a descida do Espírito Santo no
dia de Pentecostes.

Lucas é o único dos quatro que não teve


nenhum desses privilégios. Nasceu três anos

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depois de Cristo e, portanto, não conheceu Je-
sus, não andou com Jesus, não esteve com Je-
sus. Por esse motivo, ele não é uma testemunha
ocular, ele é um historiador. 

Ele conta a história que os discípulos lhe


contaram. Fato é que os quatro evangelistas
montam, então, o cenário do principal homem
que esta terra já conheceu.

E quando Ele por aqui esteve — e com


“aqui” me refiro às terras áridas da Palestina
—, quando Jesus por lá andou, nos desertos da
Judeia e da Galileia, Ele deixou uma história
e um legado, mostrando que se tornou o maior
gestor de pessoas que a Terra já conheceu.

11
Capítulo 1

Jesus o Mestre dos mestres

Jesus administrava caráter, administra-


va ambições e Ele tinha três características que
nenhum líder jamais teve, três características
que nenhum homem possui, três características
que ninguém conseguiu ter e só Ele possui.

A primeira característica que só Jesus


tem é que:

Ele falava como ninguém


nunca falou.

A Bíblia diz que os soldados, quando fo-


ram prendê-lo, chegaram aonde Jesus estava
falando, sentaram-se, tiraram o elmo, a coura-
ça, a espada e a lança deixaram no chão e ajoe-

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lharam-se, e em lágrimas, quando terminado o
culto, voltaram sem Jesus.

Ao perguntarem:

— Não trouxeram aquele nazareno que


está espalhando uma heresia no meio de Israel?,
— eles responderam — Não tem como prendê-
lo. — Novamente questionaram: —Por que não
podem prendê-lo? — disseram — Porque nós
nunca vimos, jamais, alguém falar como esse
Homem fala. Ele tem algo que ninguém tem.

Jesus tinha uma segunda característica


que ninguém nunca possuiu:

Ele olhava como ninguém


jamais olhou.

Em um dia, ajoelhado, escrevia na areia


quando os acusadores chegaram e disseram:
“Esta mulher adúltera pecou, errou. Ela merece
a morte. Condenada está. Temos de apedrejá-
la.”

Quando Jesus levanta o seu olhar, os


acusadores esticam os olhares e partem em re-

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tirada, porque eles não suportaram a troca de
olhares com Jesus, pois, na troca de olhares, Je-
sus estava dizendo:

— Quais dos senhores nunca errou? Di-


ga-me, e então podem acusar esta mulher.

Todavia, ao mesmo tempo, Jesus encon-


tra Pedro quando termina o seu julgamento.
Enquanto está sendo levado à Via Dolorosa, Pe-
dro está saindo angustiado e chorando, porque
havia negado Jesus. Na troca de olhares alguém
pensa que Jesus está dizendo:

— Pedro, eu te avisei.

Não, na troca de olhares, Jesus estava


dizendo:

— Calma, Pedro, eu conheço você. Eu sa-


bia que você ia errar, mas fica tranquilo. Eu vou
ali, vou vencer a morte e daqui a três dias eu te
encontro na praia, porque você vai apascentar
as minhas ovelhas. Eu sou o Deus da segunda
oportunidade.

Jesus tinha uma terceira característica

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que ninguém jamais teve:

Ele foi o maior vendedor


de sonhos que esta
terra já conheceu.

Jesus escolhe doze desacreditados e vai


ter que injetar na fé deles, na vida deles, na
história deles uma capacidade que eles não ti-
nham, uma habilidade que eles não possuíam.

Jesus vai ter que preparar os doze e di-


zer para eles:

— Eu só vim passar pela terra. Eu tenho


só três anos e meio de Ministério, mas vocês, os
doze, vão continuar a história, vão levar o lega-
do, vão mostrar para o mundo o que é o cristia-
nismo e depois de vocês virão mais doze, mais
trinta, mais cem, milhões.

Os doze agora vão entrar em um mo-


mento particular com Jesus.

Quando passamos por um momento di-


fícil — e nós passamos por momentos difíceis
—, algumas vezes precisamos entender que são

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momentos que Deus permite; outros são momen-
tos que talvez não tenhamos tido acesso à infor-
mação necessária, mas são momentos que nós
temos de passar.

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Capítulo 2

Ele acredita em você

Nos momentos que estamos enfrentando


situações difíceis, momentos que às vezes não
entendemos, e que às vezes a nossa fé se abala,
particularmente, eu olho no espelho e me per-
gunto:

— Será que realmente eu fui escolhido


para este grande propósito?

Eu vejo as minhas limitações, a minha


incapacidade, eu vejo quem eu sou, eu vejo as
minhas debilidades e fraquezas, eu vejo o ho-
mem que ali está.

Quando eu termino de olhar para mim,

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às vezes em lágrimas, vou para a Bíblia, e quan-
do eu leio a palavra, encontro a história dos
doze, e toda vez que me sinto fraco na fé, eu leio
a história de Pedro, Tiago, João, André, Felipe,
Tomé, Bartolomeu, Tadeu e Judas. Assim que
termino de ler estas histórias, vou de novo para
a frente do espelho, seco as lágrimas, aponto o
dedo e digo:

— Estou tranquilo, porque se Jesus con-


seguiu usar aqueles doze, eu também posso ser
usado por ele.

Eu imagino Jesus dizendo:

— Venha, Pedro, eu tenho um projeto


para você. Eu vou te vender um sonho, um so-
nho que ninguém vai acreditar, só você. Um so-
nho que eu vou te vender e vou colocar no seu
coração, e não tem preço, é de graça. Eu vou fa-
zer você ver o que ninguém viu, conhecer o que
ninguém conheceu, ir aonde ninguém chegou e
desfrutar do que ninguém tem.

Mas Pedro não era um homem prepara-


do, não era um Ph.D. em qualquer conhecimen-

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to científico. Ele não havia estudado em Har-
vard, ou outra famosa universidade. Não era
um homem que eu escolheria para andar comi-
go, porque ele tinha três características vistas
como ruins pelos homens: explosivo, bipolar e
desequilibrado. Mas ele era o homem de con-
fiança de Jesus.

A Bíblia nos leva a entender que ele era


“ou oito, ou oitenta”. Ele ouviu Jesus pregando
sobre amor o tempo todo, mas andava armado
ao lado de dEle.

Pedro, então, era aquilo que era, mas Je-


sus olhava para ele e dizia:

— Eu vejo algo de valioso em você, eu


vou mudar a sua vida.

Pedro era aquele que dizia:

— Senhor, eu vou contigo até o fim. —


mas no outro dia Jesus precisava falar — Cala-
-te, porque hoje é Satanás que está falando pela
sua boca. — Porém, no outro dia, Jesus dizia
— Quem te revelou foi o santo de Israel, o Deus
Eterno. — Esse era Pedro!

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Então, se Jesus usou Pedro, por que você
está todo desconfiado dos propósitos dele para
sua vida?

Contudo alguém pode dizer:

— Mas João era preparado, perfeito, ma-


ravilhoso. João não tinha defeitos.

Até podia parecer, mas João, na verda-


de, não era, como todos chamavam, melancóli-
co. Eu estudei a personalidade de João, através
das paginas da Bíblia, e discordo de quem diz
que ele era melancólico. João era fleumático,
daqueles mais difíceis de lidar.

Um dia Jesus entra em Samaria com


João e os samaritanos não quiseram recebê-lo.
Jesus olha para João e pergunta:

— João, o que a gente faz? Volta ama-


nhã, vem depois, tenta convencê-los?

João diz:

— Não, Mestre, eu tenho uma ideia me-


lhor: fala com seu Pai, pede para ele mandar
fogo do céu. Queima Samaria, acaba com os sa-

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maritanos de uma vez e está tudo resolvido. —
Esse era João.

Se Jesus conseguia usar João, por que


você está lutando tanto contra o chamado que
ele tem na sua vida?

Jesus escolheu André e Felipe — porque


André e Felipe até eram os mais preparados
para algumas áreas, mas não para todas! Eram
mais inteligentes, os mais rápidos, mas ao mes-
mo tempo eram racionais demais.

André e Felipe, se estivessem aqui hoje,


estariam dando aula de estatística, lógica, ma-
temática, porque eles eram bons em cálculos.

Jesus disse:

— André e Felipe, deem comida para o


povo.

Ao invés de alimentar a multidão, eles


pegaram suas prancheta e começaram a contar
o povo o dia inteiro. Quando era tardezinha, já
terminando o dia, chegaram cansados e disse-
ram:

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— Mestre, está tudo resolvido. Já conta-
mos o povo, fizemos o cálculo e tem praticamen-
te quinze mil pessoas, entre mulheres, jovens,
crianças. Se dividirmos o preço do pão pelo
denário do dia, dá para alimentar a multidão.
Só tem um problema, Senhor Jesus, o dinhei-
ro está na bolsa de Judas, mas a logística para
ir buscar o pão até voltar é um problema, pois,
quando chegarmos aqui, já estará noite. Mande
o povo embora.

Jesus disse:

— André e Felipe, eu não trabalho com


lógica, estatística e matemática. O meu negócio
é fé! Dê-me cinco pães e dois peixes, que eu vou
alimentar este povo todo!

Se Jesus usava Tomé, que dizia — Eu só


acredito vendo. — por que Ele não acreditaria
em nós?

22
Capítulo 3

Lembre-se, você está no


mar por instrução divina

Jesus, após alimentar a multidão, orde-


na que seus discípulos entrem em um barco e si-
gam até a outra margem, ao passo que ele segue
despedindo a multidão.

Jesus dá uma ordem. Nessa ordem de


Jesus, no versículo 22, Ele não deixa variações
que você possa contestar. Precisa apenas obe-
decer.

Jesus disse:

—Passai para o outro lado e eu vou en-

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contrar vocês.

No que Jesus queria com os doze? Ele


coloca os doze no mesmo barco que Ele havia
colocado semanas antes. Mas, semanas antes,
Jesus estava junto, dormindo no porão do barco,
e, quando veio o vendaval e a tempestade, foi
fácil, pois sabiam que era só chamar o Mestre e
Ele acalmaria o vento e a tempestade.

Só que quando Jesus disse:

— Passai, que eu vou subir no monte


para orar e encontro vocês na história. — os
onze olharam para Pedro. Essa é a interpreta-
ção que tenho quando leio esta passagem.

Pedro era o homem que tinha acesso


mais fácil a Jesus. Ele andava com doze discí-
pulos, mas só três eram mais próximos: Pedro,
Tiago e João.

Na passagem sobre o Monte da Transfi-


guração estavam: Pedro, Tiago e João; na pas-
sagem sobre Getsêmani: Pedro, Tiago e João;
quem se sentou ao lado de Jesus: Pedro, Tiago
e João.

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Jesus tinha mais intimidade com os três.
então creio eu que, quando alguém queria falar
com Jesus, Mateus avisava: — Fale com Tiago.
Assim, Tiago falava com João, E este falava com
Pedro que tinha “um parafuso a menos”, era
mais doido, e falava direto com Jesus. Lembre-
-se: Deus escolheu as coisas loucas desta terra.

Então, os onze olharam para Pedro e


disseram:

— Pedro, fala com o Mestre. Se semana


passada com Ele já foi difícil, imagine sem Ele!
— Pedro disse — Hoje não está bom para falar
com Ele, porque só pelo jeito de andar eu estou
vendo que ele está mal-humorado.

Não teve jeito. Os onze, com Pedro, en-


traram no barco. Quatro deles eram pescadores
da Galileia, conheciam aquele mar praticamen-
te como a gente conhece a nossa casa.

Jesus não vai com eles no barco, vai orar


no monte, sozinho. O mar em questão, na ver-
dade é um grande lago, o tão famoso mar da
Galiléia, no qual tantos outros acontecimentos

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bíblicos tiveram lugar. É nesse mar tão conhe-
cido que Jesus põe seus discípulos.

Certamente os discípulos não compreen-


deram a razão daquilo. A Palavra diz que Jesus
obrigou-os a entrar no barco. Após horas reman-
do, em vento contrário, eles estavam cansados.
A palavra diz que se encontravam no meio do
caminho, em um ponto do mar no qual não era
mais possível enxergar a praia. Em largura o
mar da Galiléia possui cerca de 13km, o que
significa dizer que o barco dos discípulos estava
aproximadamente a 6,5 km da praia. Imagino
que àquela altura as mentes dos apóstolos es-
tavam preenchidas com a mesma dúvida: “Por
que estamos aqui? Por que Jesus nos enviou
para cá?”.

Assim muitas vezes é conosco, por vezes


nos encontramos em tempestades diversas da
vida imaginando o porquê de tais acontecimen-
tos. Muitas vezes vêm ideias como: “Eu dou o dí-
zimo, busco ao Senhor. Por que estou passando
por isto, Pai?”. Ou por vezes você pode se dizer:

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“Eu obedeço ao Senhor, sigo os mandamentos
dEle, isto não deveria estar acontecendo.”, mas
saiba que os discípulos também estavam em
meio à tempestade por ordenança do Mestre.

De todos os lados somos pressiona-


dos, mas não desanimados; ficamos per-
plexos, mas não desesperados; somos
perseguidos, mas não abandonados;
abatidos, mas não destruídos. (2 Corín-
tios 4:8-9)

Mesmo sem entender a razão eles não


podiam parar de remar, a situação pedia esfor-
ço constante; fica aqui uma lição para nossas
vidas: não importa se você entende ou não,..
Não importa quão difícil a situação esteja... Não
pare de remar!

É necessário compreender que o Senhor


não os pôs lá para morrer, mas para mostrar-
lhes algo novo. Se Deus permitiu que você en-
trasse em uma situação adversa talvez Ele só
deseje te testar, ver tua fé e ao mesmo tempo te
fazer perceber até onde ela vai.

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Filhinhos, vocês são de Deus e os
venceram, porque aquele que está em
vocês é maior do que aquele que está no
mundo. (1 João 4:4)

Se os discípulos tivessem um motor de


popa consigo, poderiam tê-lo acionado a toda
força para vencer aquela dificuldade. Mas, não
existia um naquele momento, eles nem conhe-
ciam o que era isto, nem velas podiam usar, pois
o vento era contrário. O que eles tinham eram
os remos e o que podiam fazer, fizeram: eles re-
maram o quanto foi possível. Não espere por re-
cursos superiores ou fantásticos, use o que você
tem, não pare de remar!

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Capitulo 4

Deus sabia exatamente


o que fazia com eles

Nenhum dos discípulos entrou no barco


sem a permissão de Jesus. Através da palavra
do Mestre tudo aconteceu. A presença deles na
tempestade nos mostra que se você está em
meio a um problema é porque Deus deixou você
estar aí.

Quando Deus permite a entrada de um


dos Seus em uma situação ruim é com uma ra-
zão, geralmente a de revelar algo que não seria
revelado em outra situação.

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Deus sempre sabe exatamente o que faz
e como faz. Pode ser em meio a um aconteci-
mento ruim, em meio à ruína ou uma grande ex-
pectativa, Ele sabe o que está fazendo. Quando
Jesus permitiu a entrada dos apóstolos naquele
barco ele já havia determinado o que sucederia
a partir dali; Jesus não pensou em momento al-
gum: “O que fazer agora?”, Pois ele tinha todo o
controle desde o início.

Mesmo em meio a pandemia do CO-


VID-19 precisamos lembrar que Deus está no
controle. Lembre-se que fomos alertados pelo
próprio Jesus que passaríamos por situações
adversar. Ele disse também que haveriam si-
nais claros da sua segunda vinda.

E ouvireis de guerras e de rumores


de guerras; olhai, não vos assusteis, por-
que é mister que isso tudo aconteça, mas
ainda não é o fim. Porquanto se levan-
tará nação contra nação, e reino contra
reino, e haverá fomes, e pestes, e terre-
motos, em vários lugares. Mas todas es-

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tas coisas são o princípio de dores.

Mateus 24:6-8

Um dos sinais mencionado, pestes, está


muito evidente no contexto atual com o apareci-
mento deste vírus. A principio ele parecia insig-
nificante, mas tomou uma proporção catastrófi-
ca e foi capaz de parar a economia mundial. A
morte passou a rondar a terra. Aviões pararam
de voar. Países fecharam suas fronteiras. As
pessoas amedrontadas não saiam mais de suas
casa. E assim como Deus fez com a saída dos he-
breus do Egito, Ele está preparando a saída dos
seus filhos. Mesmo no meio desta pandemia,
Deus está no controle da sua vida.

A Palavra de Deus afirma que nenhuma


folha cai de sua árvore sem a permissão dEle,
se Ele é tão poderoso e detalhista com Suas ár-
vores, que dirá com Seus servos aos quais Ele
permitiu tais situações e tanto ama.

Logo, os discípulos olhando para o vento,


disseram:

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— Vai ser difícil, mas nós temos que ir.

João e Tiago, que eram homens da ética,


do equilíbrio, da equidade, eu tenho certeza de
que deram uma palavra de fé, mas Tomé, lá no
cantinho do barco, disse:

— Eu acho que vai afundar.

E eles entram no barco.

Nessa época, os barcos tinham uma ca-


racterística, segundo os historiadores, de terem
quatro remos, ou seja, eram doze homens, então
quatro teriam que remar e oito teriam que espe-
rar. E eles precisaram remar, pois a Bíblia diz
que o vento era contrário. Portanto, se o vento
é contrário ao barco, não tem como levantar a
vela, porque, se levanta a vela, o barco não vai
para frente, vai para trás. Então tem que estiar
a vela, pegar o remo e remar.

Portanto, imagine quatro dizendo:

— Vamos lá! — e oito lá atrás dizendo:

— Não vai dar certo.”

Podemos fazer aqui uma analogia entre

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a travessia e a nossa vida. É a sua história, a
minha história, a nossa história.

As histórias de vida das pessoas mudam


em alguns detalhes, mas todas elas começam do
mesmo jeito e terminam do mesmo jeito.

Nós começamos todos no mesmo lugar:


em uma maternidade. Todos nós tivemos de
nascer. E vivemos. E se Jesus não voltar em
tempo, todos nós conheceremos a morte. Por-
tanto, você pode ter dinheiro, ser culto, ser radi-
cal, ser extremista, ser eclético ou sábio. Todos
nós começamos do mesmo jeito e terminamos do
mesmo jeito.

Vamos nascer, viver, conquistar, com-


prar, vender, deixar de ter, amar, odiar, per-
seguir, envolver-nos, e vamos terminar dentro
de um caixão, com alguém chorando por nós, se
não for o arrebatamento da Igreja.

Então, podemos entender que todas as


histórias têm algo em comum.

Há alguns anos aconteceu algo que foi


uma explosão de alegria: você enrolado em uma

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manta no braço da sua mamãe, e seu papai
entrou na maternidade pela primeira vez; ela
levantou você e disse: “aqui está a alegria da
família”.

Você foi para casa e lá estava um quar-


tinho montado, um berço, toda uma estrutura
para te receber, e daquele dia em diante você se
tornou o centro das atenções daquela casa.

Um dia sua mamãe, bem linda, tomada


banho, estava na frente do portão balançando
você nos braços, esperando o seu papai chegar
do trabalho. Quando ele chega, ela grita: — Ele
está falando pela primeira vez! — Ele pergunta
O quê? — e ela diz —Papai.

E um dia você comia papinha, mama-


va, engatinhava, até que você se tornou uma
criança. Corria de bicicleta, de skate, quebra-
va vidraça, jogava bola, saía para lá e para cá,
arranjou algumas cicatrizes dos tombos, já ma-
chucou um dedo, quebrou uma perna, teve um
arranhãozinho aqui e ali, mas você se lembra
da sua infância. Você se lembra dos seus ami-

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gos, do seu colégio, da sua história, da sua vida.

Aí você sai da infância e entra na juven-


tude e o barquinho da vida vai continuando. E
nesse barquinho você vai colocando pessoas na
sua história. E você vai envolvendo pessoas que
fazem parte de você até hoje; outras que entra-
ram no barco, desistiram e pularam dele, mas
você continua, porque a vida vai continuando e
não tem como voltar para trás , uma vez que en-
trando no barco da vida, você entra no cenário
do tempo e tempo só tem três estações: passado,
presente e futuro.

O vento pode ser contrário, do jeito que


for, mas o leme e os remos não vão desistir ja-
mais, e você não vai voltar para o passado, por-
que o passado pertence a Satanás. O presente
pertence aos homens, mas o futuro pertence a
Deus.

Satanás estava urrando o vento para


você voltar a ser quem era, para você fazer o
que você fazia, para você voltar para aquela
vida sombria e todos vão dizer:

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“Voltou, porque o que ele tinha era
um sonho de mentira, e esse Jesus que
acreditou nele não era de verdade.”

No entanto, preciso dizer que há alguém


ao seu lado remando. Satanás pode mandar
vento contrário do jeito que for, que seu barco
não vai voltar para trás. Você vai chegar aonde
há promessas!

Se tiver alguém fraquinho ao seu lado,


pensando em largar o remo, mostre para ele
que ele você não vai desistir.

O presente pertence aos homens, porque


os homens nunca vão perguntar para onde você
vai. Os homens só perguntam de onde você veio.
Os homens não estão interessados no que você
vai conquistar. Os homens querem saber o que
você tem hoje. Se tem hoje, serve, se não tem
hoje, manda de volta para o passado. Mas tem
alguém que está no futuro e no futuro o Satanás
não pode ir. No futuro os homens não podem en-
trar. No futuro está Deus dizendo: “Eu dei uma
ordem. Atravesse o mar da vida, porque a hora

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que acabar todas as tuas forças, eu vou apare-
cer no meio da história, porque eu já estou no
seu futuro e o seu futuro é muito melhor do que
o seu presente.”

Quando o médico não pode mais resolver,


quando o juiz não pode mais resolver, quando o
advogado não pode mais resolver, quando o ofi-
cial de Justiça não pode mais resolver, quando o
agiota não pode mais resolver, quando o gerente
do banco não pode mais resolver, quando a Igre-
ja não pode mais resolver, quando o seu pastor
não pode mais resolver, é quando ninguém mais
pode resolver que Ele entra na história, porque
Ele está chegando no meio da tua história hoje.
Quem está preparado para o milagre?

Sabe qual é o problema? A gente vai re-


mando, e a vida continua. Você sai da adoles-
cência e entra na juventude. E pela primeira
vez você troca olhares, e na troca de olhares o
seu coraçãozinho acelera. Então você se apai-
xona pela primeira, ilude-se, desilude-se, ama,
deixa de amar, conquista, deixa de conquistar,

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até que Deus prepara alguém e você se casa.

Você percebe, então, que você tem res-


ponsabilidades e a tua vida muda completamen-
te, porque você deixa de viver para você para
viver por quem você ama. Abre mão dos teus
sonhos para viver o sonho de quem você ama.
Você deixa de estudar para cuidar do seu espo-
so. Você deixa de jogar videogame para comprar
uma televisão para sua esposa.

A vida continuou, e daqui a pouco você


percebe que a vida vai ficar ainda mais mara-
vilhosa, porque um dia, às seis da tarde, você
chega em casa e sua esposa grita assim: — Está
aqui! — Ela abre o exame e diz: — Estou grávi-
da! Parabéns, papai!

Aí você vai para aquele quartinho das


bagunças, das coisas que você tinha quando era
solteiro, e começa a tirar tudo, porque aquele
quartinho que era seu vai virar o quartinho da
pessoa mais especial da sua casa. Então você
coloca um berço lá dentro e viveu a vida ago-
ra, porque você percebe que vai deixar de viver

38
para você para viver para aquela criança, e a
vida continua.

E nesse barco você começa a colocar dois


tipos de problemas: os problemas que a vida traz
e os problemas que você traz para vida.

O que a vida traz não tem como fugir,


você tem que aceitar.

Você está em casa em um domingo à tar-


de, assistindo ao Faustão e seu telefone toca da
delegacia, ou é do hospital, ou é da Polícia Rodo-
viária Federal, uma tragédia, um acidente.

Na frente do espelho, em um dia normal,


você sente alguma coisa no seu corpo que não é
seu. Você toca, apalpa, vai fazer um exame, uma
biópsia e de repente encontraram um tumor e
esse tumor é maligno e a tua vida muda.

Uma dor nas costas aparece e você pensa


que dormiu mal, mas um exame de rotina mostra
que o seu rim está parando e você está, de repen-
te, numa mesa de hemodiálise e você pensa que
acabou. Acabou nada! Você tem que continuar!

Daqui a pouco você está na quimiote-

39
rapia, daqui a pouco você está esperando uma
transfusão, um transplante, mas você não pode
parar.

De repente seu casamento termina e


numa manhã de domingo você vai visitar sua fa-
mília, sua ex-família, seus filhos, que nunca dei-
xarão de ser seus filhos, mas quando você para
em frente ao portão, você vê que lá, quem está
usando a sua churrasqueira é outra pessoa e os
seus filhos estão chamando-o de pai e você se
desespera, angustia-se, dói dentro da sua alma,
mas você não pode parar, porque o barco não vol-
ta para trás, você vai ter que continuar.

Quinze, dezoito, trinta anos trabalhan-


do numa empresa, e de repente o RH, numa
segunda-feira, joga em cima da sua mesa uma
demissão, porque está saindo um jovem bem-
-preparado da faculdade agora, com doutorado e
mestrado, vai assumir o seu lugar recebendo a
metade do que você recebe. Então você pensa: “E
agora? E os meus sonhos?”

Uma empresa pela qual você fez tudo,

40
mas teve de fechá-la.

Então a vida vai trazendo catástrofes,


mas tem problemas que você traz. Você envolve
a sua família numa sociedade e depois você colo-
ca a culpa em Deus, no diabo, mas foi você quem
escolheu o seu sócio. A culpa é sua.

Uma noite de aventura, um relaciona-


mento extraconjugal parecia perfeito, mas agora
virou uma tragédia no seu casamento.

Um negócio errado, o dinheiro que pa-


recia fácil, mas era ilícito, e agora um problema
para você resolver.

Você trouxe para o seu barco. Não tem


como reclamar. Só que no barco não entra nin-
guém que você não conheça. Só entra gente que
você conhece. Infelizmente será necessário dizer
uma verdade: tem gente dentro do seu barco que
não está torcendo por você. Infelizmente tem
gente ao seu lado que está desejando que o seu
barco fique à deriva.

É por isso que resolvi escrever este livro,


para trazer uma palavra para você: Está chegan-

41
do ajuda extra no meio da história, porque eu
estou vendo um clarão surgindo ali no meio da
tempestade, do vendaval.

Ele está chegando. “Está na Bíblia: quar-


ta vigília da noite, das 18h às 21h, primeira vigí-
lia; das 21h à meia-noite, segunda vigília; meia-
-noite às 3h da manhã, terceira vigília; 3h01
começa a quarta vigília até às 6h da manhã.

42
Capitulo 5

Jesus só chega quando


ninguém mais acredita

Três horas da manhã, eles estão reman-


do. Você já imaginou Jesus chegando naquela
cena?

Quando Jesus vai pisar, acontecem três


fenômenos. 

Primeiro: três da manhã estava com ne-


voeiro;

Segundo: o vento contrário, e as ondas


vinham. Quando a onda chegava, diziam: “É o
Mestre.” Elas viravam um tapete, solidificavam

43
e Jesus pisava.

O Terceiro fenômeno: lá embaixo das


águas os peixes dividiram metade para um lado
e metade para o outro, porque por ali passaria
o Rei da Glória.

De longe Tomé gritou:

— É um fantasma!

Pedro então perguntou:

— Quem és tu?

Jesus disse:

— Sou eu.

— Eu quem? — perguntou Pedro.

— Eu, Pedro. — afirma Jesus — Eu não


disse que viria? Eu só mandei você começar,
mas quem vai terminar a história da sua vida
sou eu. Eu só mandei você ter coragem de en-
trar nesse projeto, porque quem vai levar você
nesse projeto sou eu. Eu só mandei você tomar
a primeira iniciativa, porque quem vai arreben-
tar as cordas e os grilhões sou eu, quem vai tra-
zer investimento sou eu, quem vai fazer o mila-

44
gre sou eu, quem vai mudar de história sou eu,
quem vai mostrar para quem não acreditava
sou eu, quem vai propagar o seu nome sou eu,
quem vai te dar a mensagem sou eu, quem vai
te dar o hino sou eu, quem vai mudar a sua vida
sou eu!

Se você está lendo esta mensagem, acre-


dite, este é o divisor de águas na sua vida. Acre-
dita que o seu milagre está chegando. Acredite
que Jesus chegou na tua história para mudar
tudo que precisa ser mudado.

Coloca para fora o que dói, tira de dentro


de você o que está te matando! Pedro disse a
Jesus:

— Se és tu, manda-me andar contigo so-


bre as águas!

Jesus respondeu:

— Venha viver o que você nunca viveu.


Venha conhecer o que você não conhece ainda,
porque eu vou te levar aonde ninguém imaginou
que você ia chegar. Venha, Pedro, porque a par-
tir de hoje você não vai mais contar a história

45
de ninguém. Você vai ter história para contar.

O que tiraram de você nos últimos dez


anos o meu Jesus vai trazer de volta nos próxi-
mos 10 meses.

Pense no seu último ano. Faça uma re-


flexão sobre o que você fez e o que você deixou
de fazer. O ano passou e não aconteceu nada.
Você deixou o tempo passar e só ficou mais ve-
lho. Nada aconteceu. Nada para mudar tua
vida. Você está acostumado a viver nesse barco.

A escolha sempre será sua, ou fica nesse


barquinho com pessoas frustradas dizendo que
vai dar tudo errado, ou, venha para o sonho, ve-
nha para o extraordinário, venha para o mila-
gre.

Ele vai tirar você do aluguel, Ele vai ti-


rar você dessa miséria, Ele vai tirar você desse
analfabetismo, você vai voltar a estudar, Ele
vai tirar você dessa inadimplência, Ele vai re-
tribuir a sua história, Ele vai mudar a tua vida.

Você vai sair da zona do conforto e vai


mergulhar no milagre!

46
O vento pode estar contrário, mas agora
Deus vai cuidar, porque você vai ser usado por
Ele.

Diga para si mesmo: eu não aguento mais


ficar neste barquinho acreditando nos homens,
nas coisas da terra.

Mesmo que não dê certo, mesmo que eu


afunde no meio da história, é melhor afundar ao
lado dEle do que continuar com onze derrotados
dentro de um barco!

Chegou a hora de ver o que ninguém nun-


ca viu, porque, quando terminar a história, eu
vou ter alguma coisa para contar.

Eu acreditei naquele sonho, eu acreditei


naquela promessa, eu vou abrir aquela empre-
sa, eu vou fazer aquele concurso, eu vou entrar
naquela faculdade, eu vou chegar àquele país,
eu vou construir a minha casa, eu vou construir
uma família!

Agora você está preparado para deixar o


barco de derrotas da sua vida!

47
Capítulo 6

Quando remar estiver difícil,


lembre-se das migalhas

Quando Jesus passou ao lado do barco os


apóstolos não creram nele. Conta o evangelho de
Mateus no mesmo relato que Pedro — o consi-
derado mais afoito dos doze — pediu para ir até
Jesus nas águas. Ainda assim não havia fé em
seu coração.

No verso 52 do capítulo 6 de Marcos está


escrito:

“Pois não tinham compreendido o mi-


lagre dos pães; antes o seu coração estava
endurecido.”

48
Por vezes acabamos nos esquecendo da
capacidade de Deus, como se esquecêssemos de
tudo aquilo que Ele já operou em nossas vidas.
Os discípulos jamais deveriam duvidar ao ver Je-
sus caminhando sobre as águas porque haviam
acabado de vê-lo alimentando uma multidão; ha-
viam presenciado, participado de um momento
no qual uma refeição para duas pessoas — cinco
pães de cevada e dois peixes — deu para milha-
res e sobrou.

Quantas vezes isso não ocorre? Pouco


após viver a manifestação do poder de Deus o
cristão duvida do resgate do Pai, questiona Sua
misericórdia, não crê no sobrenatural.

Imagino os discípulos remando, em meio


à tempestade, perguntando o porquê de Jesus
haver lhes enviado para aquele problema, ima-
gino as indagações deles, como as nossas, mui-
tas vezes. Os apóstolos deveriam ter se lembrado
das migalhas:

— Pedro, que cheiro é este?

— Cheiro? Ah, este cheiro em minhas

49
mãos. É peixe. Sem dúvidas, é cheiro de peixe.

— E esses farelos na sua roupa?

— Ah, isto são migalhas de pão...

— De onde?

— Não sei. Mas... peixe, pão... Isto é do


milagre que Jesus fez ali atrás!

Você, amado leitor, pode se perguntar:


“como assim”? É simples, basta lembrar-se do
que o Senhor já fez em tua vida; se Ele já reali-
zou tão grandes obras, teu problema atual não
é nada perante Ele! Ainda temos migalhas na
gola, as mãos ainda cheiram a peixe, de forma
alguma há espaço para descrença; Ele fez gran-
des milagres, fará outros em nossas vidas!

É surpreendente percebermos o quanto


as obras que Deus fez e faz em nossas vidas são
grandes; ainda mais surpreendente é notarmos
o quão rapidamente muito das maravilhas é es-
quecido. Por vezes o cristão sai de uma experiên-
cia fantástica com o Senhor e reincorpora toda
a velha descrença, como se deixasse de lado o
obrar do Deus vivo em sua vida.

50
No Velho Testamento, ao determinar uma
lei ou dar uma ordem, Deus costumava dizer:
“Eu sou o Senhor” ou “Eu sou o Senhor que te ti-
rou da terra do Egito” ou “da casa da servidão.”.
Deus falava alguma de Suas maravilhas ou um
de Seus títulos para lembra ao povo quem Ele
era, certamente, sabia Deus em Sua onisciência,
o povo tinha coração duro e poderia se desviar ou
duvidar dEle ao esquecer-se do Seu poder.

51
Capítulo 7

Mesmo que tu não vejas o


Senhor, Ele continua te olhando

A bíblia diz:

“E vendo que se fatigavam a remar,


porque o vento lhes era contrário, perto
da quarta vigília da noite aproximou-
-se deles, andando sobre o mar, e queria
passar-lhes adiante.”.

Marcos 6: 48.

Jesus viu os apóstolos em meio à dificul-


dade, ele sabia onde estavam os seus e os vigia-
va, ele viu seu cansaço.

52
O Senhor sempre vê, a distância para ele
é irrelevante, tanto que avistou seus homens a
km da praia. Grave em seu coração, diga para
Deus:

“Mesmo que eu não te veja, Senhor,


mesmo que eu não sinta um arrepio na
espinha, sei que me olhas. Eu sei que o
Senhor está me olhando e contempla a
minha dor, mesmo que eu ainda não te
veja.”.

Deus é cuidadoso para com os Seus, Ele


é zeloso em todos os aspectos. A bíblia diz que
tocar o povo de Deus é como tocar na menina
de seu olho; somos a menina dos olhos de Deus.
“Menina do olho” é uma expressão para a pupila,
a parte preta, no centro de todo olho.

A palavra “pupila” em si vem do latim pu-


pilla, que quer dizer ”menininha”.

A pupila é talvez a parte mais frágil do


corpo, aquela que se protege a todo o momento,
é instintivo: quando cai algo perto de alguém,
quando há barulho, susto ou movimento brusco,

53
é comum fechar os olhos como forma de defesa.

Deus compara Seu povo com Sua pupila,


mostrando que está disposto a protegê-la até o
fim, de todo perigo.

54
Capítulo 8

Jesus vê teu esforço

É necessário ressaltar a forma como Je-


sus viu seus discípulos, eles se fatigavam a re-
mar; o cansaço havia tomado conta, mas eles não
desistiram, não podiam. Há momentos nos quais
a vontade é de desistir, como se diz “chutar o bal-
de”, quase todos passam por momentos assim,
porém é necessário ser forte. Cristo disse que o
servo de Deus que põe a mão no arado não pode
olhar para trás, não podemos vacilar. Nestas ho-
ras é importante lembrar que você não pode de-
sistir, não importa quão grande seja o problema,
não importa o que esteja ocorrendo, saiba que o
Senhor olha para você. Não pare de remar!

55
É em momentos difíceis que o cristão ati-
va sua fé.

“Senhor, não sei se consigo chegar ao


outro lado, não vejo um palmo a minha
frente, não sei para onde vou... mas con-
tinuarei remando, pois sei que está comi-
go!”.

A fé é ferramenta do cristão, sem ela não


é possível sair do lugar.

Para atravessar situações críticas é es-


sencial fazer o que Paulo fez na prisão, ou Davi
na angústia da guerra: louvar ao Senhor, adorar
é a chave. Se a situação está difícil, você rema
com cânticos de adoração ao Senhor, pois seu
louvor engrandece ao nome do Todo Poderoso e
mostra a satanás que ele não pode te abalar.

56
Capítulo 9

Você não descobre o quanto Ele


é fiel até entrar na tempestade

Pensemos nos momentos de dificuldade


como oportunidades para crescimento espiritu-
al através da oração; são as situações difíceis da
vida que mais nos aproximam de Deus. Nenhu-
ma bonança é capaz de te levar para tão perto do
Pai quanto uma tempestade. É aqui que gostaria
de dizer algo que pode chocar, mas é de grande
importância: talvez Deus tenha te posto em um
problema para te fazer orar mais.

Você pode achar isto um absurdo, “Como


assim, pastor?”, mas entendamos a luz da pala-

57
vra.

Os discípulos davam grandes gritos ao


ver um homem andando — que não sabiam ser
Jesus — por sobre as águas. A bíblia não diz,
porém, é possível pensar que gritavam a Deus,
no desespero de alguém que, por não entender
algo além das capacidades humanas, recorre ao
Senhor, assustado. Ao não saber o que fazer ou
como agir, é comum da parte do cristão recor-
rer ao Senhor em oração, jejum, dedicação total
ao Pai, buscá-lo como se sua vida dependesse
disto. E depende. Enfrentando a dificuldade tu
precisas ainda mais de Deus, é onde Ele se mos-
tra e te faz entender o porquê de tanto se dizer
“Deus é fiel.”.

Deus não costuma mostrar o sobrenatu-


ral a alguém sem ter o aval deste, e é no mo-
mento de angústia que se costuma buscar pelo
auxílio dEle.

Por vezes o Pai não obra grandes coisas


na vida dos Seus por vê-los encarar problemas
sozinhos, na certeza da autossuficiência, assim

58
Ele não mostra que é fiel, pois não recebe o espa-
ço necessário. Não basta dizermos que queremos
o agir de Deus se a porta não for aberta para a
entrada dEle; Ele também não entra em portas
entreabertas, é imprescindível abrir tudo. Jesus
não entraria no barco se não fosse convidado, ele
não vem sem ser chamado.

59
Capítulo 10

Tudo parece vir contra

Muitas vezes a tempestade parece vir


quando se tenta resolver um problema. Por vezes,
você começa um jejum buscando intimidade com
o Senhor. O jejum começa, passam os primeiros
dias, e tu aguentas, mas em menos de dez dias
você não tem mais forças, a tentação é grande, e
você não vê resultados... Por vezes pode ocorrer
de tentar ofertar na casa do Senhor, ser fiel nos
dízimos, mas tudo conspira contra, ser santo se
torna difícil demais.

O pensamento que pode vir à mente é de


que tudo está errado na tentativa de fazer o cer-

60
to, sua carne tenta lhe desencorajar. Mas, se você
estiver ligado ao Senhor e prestar atenção, pode-
rá ouvir o Espírito Santo de dentro da sua alma
dizendo: “Rema, rema! Não para de remar!”.

É necessário ter fé para atravessar situa-


ções críticas da caminhada cristã. O combustível
que move o servo de Deus é a fé, esta deve ser
a fonte da perseverança cristã, mesmo que tudo
pareça estar contra — e, por vezes, estará —.

Na carta aos Hebreus, no capítulo 11, o


autor afirma:

“Ora, a fé é o firme fundamento das


coisas que se esperam, e a prova das coi-
sas que não se veem.”

Portanto, mesmo que nada do que se bus-


ca pareça ao alcance, persevera, não cessa de re-
mar.

Uma coisa de suma importância sobre a


fé é que ela não é descoberta ao falar-se sobre
ela. Fé nem é adquirida, é desenvolvida no ato;
não basta citar Hebreus 11; falar de Abraão, o
pai da fé; nem dos ensinamentos de Cristo, se o

61
cristão não exercita a fé, jamais terá experiên-
cias sobrenaturais com Deus.

Fé deve ser constante na vida do filho de


Deus, Pedro, ao entrar na água, teve fé, mas em
seguida descreu; isto o levou a afundar. Note as
palavras de Jesus para Pedro:

“Homem de pouca fé”.

Se Pedro, que andou sobre as águas de


um mar revolto — na direção de alguém de quem
ele não tinha provas de que realmente era Cristo
— tinha pouca fé, imagina os demais que fica-
ram no barco apavorados.

Quando olhamos para nós mesmos e com-


paramos a nossa fé com a dos homens da bíblia é
que temos uma noção de como devemos agir.

Quantos têm a coragem de se lançar por


pura fé, como Pedro? Pois saiba que Deus pode
estar permitindo a tua entrada em alguma situ-
ação para testar a tua fé.

Quando se tem conhecimento da exten-


são do poder de Deus não há barreiras, pois a fé

62
as rompe sem dificuldades; esse conhecimento,
no entanto, muitas vezes não está presente no
povo de Deus.

63
Capitulo 11

Eles nunca verão o que você verá

Jesus, ao enviar os seus naquele barco,


já tinha total certeza do que sobreviria, a tem-
pestade estava nos planos, e o susto vivido pelos
discípulos também.

Se você está no centro da vontade de


Deus, você sempre está no lugar certo, na hora
certa, como os apóstolos estavam. Isto pode pa-
recer estranho:

— Como assim? Desta forma parece que


a tempestade foi uma bênção!

A tempestade em si não foi a bênção,


mas o que nela ocorreu, sem dúvidas foi: ali os

64
homens de Cristo presenciaram um milagre.

Lembre-se também de que nem toda a


situação complicada representa um problema,
no sentido de precisar de solução. Se é alguma
coisa que não pode ser mudada, então é neces-
sário fazer um outro tipo de ajuste. Quando o
apóstolo Paulo esteve preso, ele sabia que não
poderia mudar a situação. Daquela vez, Deus
não o tirou de lá (Atos 16.24-26),como havia fei-
to anteriormente em seu ministério.

Não obstante Paulo cria que Deus faria


tudo para cooperar para o seu bem. E de fato, o
resultado é que Deus o usou maravilhosamente
para anunciar o evangelho, até mesmo na pri-
são, quando se converteu o carcereiro e todos os
seus (Atos 16.31-34).

Entenda uma coisa de Deus: se você en-


tregou seu caminho nas mãos dEle, você está
exatamente onde Ele quer que você esteja. Em
outras palavras, se você está em meio a um pro-
blema, Ele te pôs aí, não é erro seu; o que há
para ocorrer aí talvez Ele te mostre depois.
Após realizar a multiplicação dos ali-
mentos e alimentar a multidão, Jesus toma um
grupo seleto dos seus e os põe no barco. A bíblia
diz que ele ordenou a entrada deles ali, e des-
pediu aos demais. Com os apóstolos já no barco
ocorre o fato: a tempestade os alcança e Jesus
os socorre.

Se Deus te pôs na tempestade, Ele quer


te mostrar algo; o plano dEle talvez não seja de
bênção, mas Ele revelar-te-á algo grandioso que
você não veria em nenhuma outra situação, só
ali.

Problemas fazem pensar, buscar ao Se-


nhor, meditar na Palavra de Deus; muitas ve-
zes só em meio ao caos o cristão dá ao Espírito
Santo de Deus chance de revelar algo magnífi-
co. Aos discípulos, por exemplo, foi revelada a
extensão do poder de Jesus.

Então aproximaram-se os que esta-


vam no barco, e adoraram-no, dizendo:
És verdadeiramente o Filho de Deus.

Mateus 14:33

66
Após presenciar o milagre, em Mateus
14: 33, dizem os discípulos que verdadeiramente
Jesus era o Filho de Deus. Aqueles que ficaram
na praia não viram este milagre. A conclusão de
que Jesus verdadeiramente era o filho do Altís-
simo veio após a tempestade, para aqueles que
atravessaram o pior.

Portanto, se tua rotina tem sido crítica,


tem bom ânimo, pois o Mestre pode estar para te
revelar algo que os demais não verão!

Diga a si mesmo:

“Eu verei algo maior enquanto eles


arrotam peixe e pão”.

A revelação do algo maior de Deus poderá


mudar teu relacionamento com o Pai, fazendo-
-te enxergá-lo de modo diferente. Pedro estava
no barco durante a tempestade, andou sobre as
águas e, ao receber Jesus com os demais, consta-
tou “... verdadeiramente tu és o Filho de Deus.”,
e foi Pedro que afirmou dois capítulos depois —
sem duvidar — quem era Jesus.

67
Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que
eu sou?

E Simão Pedro, respondendo, disse:


Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Mateus 16:15,16

O milagre aconteceu em Mateus capítulo


14, e em Mateus capítulo 16, quando Jesus faz as
conhecidas indagações:

— Quem dizem os homens que é o Filho


do Homem? — após muitas especulações, Pedro
fala com absoluta certeza — Tu és Cristo, o filho
do Deus vivo.

A certeza sobre Jesus veio no momento


crítico, os que descansavam após comer peixe e
pão não viram isto. Os demais curados por Cris-
to também não. Assim, se está difícil remar, fala
para ti mesmo:

“Deus vai revelar algo, verei o que as


pessoas na praia não conseguem ver!”.

68
Capítulo 12

Lembre-se de sempre convidar


Jesus para o seu barco

Os versículos 49 e 50 contam que Jesus


só entrou no barco quando ouviu os gritos dados
pelos apóstolos. É possível trazer isto para nos-
sa realidade hoje; é importante afirmar que você
precisa chamar Jesus para seu barco sempre.

Muitas vezes cremos que Jesus está ven-


do nosso barco, tudo ficará bem, ele sabe onde
estamos. Sim, ele nos vê e está disposto a vir
em socorro, mas ele deve ser chamado, ter carta
branca para agir.

Permita-me perguntar:

69
Quem é o piloto do seu barco?

Você já o deixou entrar em sua vida e to-


mar o controle?

Muitas vezes o milagre está a um chama-


do de distância e é perdido.

Lembre-se do cego Bartimeu; Jesus pas-


sava por ele, talvez o visse, mas foi quando Bar-
timeu clamou que Jesus veio até ele.

Talvez a mudança da sua história esteja


a um grito de distância; quando tu clamares:

“Jesus, filho de Davi, tem misericór-


dia de mim”

Tu verás o sobrenatural do Pai em tua


vida. Conhecer O Senhor é muito bom, ser visto
por ele é fantástico, porém, nada se compara a
tê-lo no controle do seu barco, sendo seu guia.

No capítulo 37 de Salmos está escrito:

“Entrega o teu caminho ao Senhor;


confia nele, e o mais Ele fará.”.

Davi já tinha consciência da necessidade

70
de se ter Deus no controle de sua vida, ele manti-
nha em seu coração a Palavra de Deus e buscava
viver de acordo com a vontade dEle.

Esse pensamento deveria ser o de todos.


Como é importante poder clamar pelo resgate do
Senhor, sem este não vivemos; mas, para que o
Mestre faça morada em nós é necessário chamá-
lo para entrar em nosso barco.

Desejo de todo coração que Jesus seja o


piloto do seu barco e Senhor da sua vida, porque
assim, com certeza “a tempestade vai passar.”

71
Conclusão

Qual historia você vai contar?

Então aproximaram-se os que esta-


vam no barco, e adoraram-no, dizendo:
És verdadeiramente o Filho de Deus.

Mateus 14:33

Todos os discípulos chegaram do outro


lado são e salvos. Acredito que eles contaram
esta historia inúmeras vezes, no decorrer de
suas vidas.

Ao relatarem esta fantástica experiência,


com certeza, mencionavam a audácia do amigo e
Pedro.

72
Mas somente Pedro podia contar o que re-
almente tinha acontecido, e todas as sensações
que ele havia experimentado ao pular na água e
andar sobre ela.

Creio que todos nós passaremos pelas


tempestades desta vida, porque estamos sendo
cuidados por Deus. Mas que historia você vai
contar quando chegar do outro lado?

Suas próprias historias de fé e superação


com Deus? Ou o testemunho dos outros?

Onde você quer estar? Com quem você


quer estar? E o que você quer ter feito daqui a
vinte anos?

Lembre-se, as decisões que você tomar


hoje irão definir como a sua historia vai termi-
nar. A decisão é sua de ter uma história para
contar, de poder dizer que andou com Ele, que vi-
veu com Ele, que experimentou o extraordinário.

Com Ele você tem inúmeras oportunida-


de de desbravar o novo. Você pode escrever um
livro, compor uma linda canção ou preparar o
mais belo sermão. Quem sabe construir a casa

73
dos seus sonhos, montar uma empresa de suces-
so, estudar na faculdade almejada e realizar o
que para muitos, não passa de um sonho.

Ele já tem o controle de toda a situação,


mas você ainda precisa tomar uma grande deci-
são:

Ficar no barco com os que só reclamam,


frustrados e pensando que está tudo acabado?

Ou pular na água?

E Ele disse: Vem... (Mateus 14:29)

Jesus esta te chamando hoje, vem viver o


extraordinário, caminhar sobre as águas e expe-
rimentar o seu milagre.

74
Publicando sonhos!
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