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MOMENTOS

CONTRATUAIS

AULA 3 – Prof. Fernanda Sell de Souto Goulart Fernandes


MOMENTOS
CONTRATUAIS
• Conforme aduz Amanda Cruz Vargas, “a relação contratual não consiste
somente na celebração de um contrato e no seu respectivo cumprimento”,
pois “ela envolve diversas fases, diferentemente caracterizadas”.
MOMENTOS
CONTRATUAIS

FASE PRÉ- FASE FASE PÓS-


CONTRATUAL CONTRATUAL CONTRATUAL
FASE PRÉ-CONTRATUAL

• De acordo com Pablo Stolze


Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho,
“o nascimento de um contrato segue
um verdadeiro iter ou processo de
formação”.
FORMAÇÃO DO
CONTRATO

FASE DE NEGOCIAÇÕES
FASE DE PROPOSTA
PRELIMINARES FASE DE ACEITAÇÃO
(OFERTA OU
(FASE DE (OBLAÇÃO)
POLICITAÇÃO)
PUNCTUAÇÃO)
• Consiste no período de negociações preliminares, anterior à formação do contrato.

FASE DE • É a fase das tratativas iniciais, em que os negociantes estabelecem expectativas para a formação
de um eventual contrato.
NEGOCIAÇÕES • As negociações não impõem às partes o dever de contratar. Porém, as tratativas iniciais já se
PRELIMINARES sujeitam aos efeitos do princípio da boa-fé (art. 422 do Código Civil: Os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.)
FASE DE
PROPOSTA
• Consiste na oferta de contratar que uma parte faz à outra, com
vistas à celebração de determinado negócio (daí, aquele que
apresenta a oferta é chamado de proponente, ofertante ou
policitante).
• A proposta tem força vinculante (força obrigatória), então se o
proponente a realizou, deve cumpri-la e, caso se recuse a cumprir
a proposta realizada, pode ser compelido ao cumprimento, pela
via judicial. Exceção a esta regra está disposta no art. 429 do
Código Civil - A oferta ao público equivale a proposta quando
encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário
resultar das circunstâncias ou dos usos.
A proposta deixará de ser
obrigatória (art. 428):

(ii) se, feita sem prazo


a pessoa ausente,
(i) se, feita sem prazo
6ver decorrido tempo
a pessoa presente,
suficiente para chegar
não foi
a resposta ao
imediatamente aceita;
conhecimento do
proponente;

(iv) se, antes dela, ou


(iii) se, feita a pessoa simultaneamente,
ausente, não 6ver chegar ao
sido expedida a conhecimento da
resposta dentro do outra parte a
prazo dado; e retratação do
proponente.
CDC – Art. 35
• O fornecedor de produtos ou serviços não poderá́ deixar de cumprir o
constante da oferta, seja ela formal, seja por simples publicidade ou
apresentação do produto.
a mera existência de oferta
permite ao consumidor o
direito de optar dentre as
seguintes situações:

rescindir o contrato, com


exigir o cumprimento aceitar outro produto ou direito à res=tuição de
forçado da obrigação, prestação de serviço qualquer quan=a
conforme foi ofertado equivalente antecipada, somada a
perdas e danos.
FASE DE
ACEITAÇÃO
• Por meio da aceitação, o aceitante (oblato) adere ao conteúdo da
proposta formulada. O aceitante não pode mudar o conteúdo da
proposta, senão isso não é uma aceitação, é uma contraproposta
(nova proposta).
• Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou
modificações, importará nova proposta.
• AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.
RESCISÃO CONTRATUAL. COMISSÃO DE CORRETAGEM. TRANSFERÊNCIA
DA OBRIGAÇÃO AO CONSUMIDOR. DEVER DE INFORMAÇÃO. AUSÊNCIA.
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
• 1. É indevido o pagamento da comissão de corretagem pelos promitentes compradores de
imóvel, na hipótese de não haver destaque, nem mesmo na fase pré-contratual, do valor
decorrente da despesa de intermediação imobiliária em relação ao preço total da unidade
autônoma (inobservância do dever de informação). Orientação firmada em repetitivo
(Tema 939/STJ).
• 2. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1802385/SP, Rel. Ministro
RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 20/08/2019, DJe 09/09/2019)
• RECURSO ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚM. 211/STJ. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA.
IMÓVEL ADQUIRIDO PELO SFH. ADESÃO AO SEGURO HABITACIONAL OBRIGATÓRIO.
RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA. VÍCIOS DE CONSTRUÇÃO (VÍCIOS OCULTOS).
BOA-FÉ OBJETIVA. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO. JULGAMENTO: CPC/15. [...] 6.
Assim como tem o segurado o dever de veracidade nas declarações prestadas, a fim de possibilitar a
correta avaliação do risco pelo segurador, a boa-fé objetiva impõe ao segurador, na fase pré-
contratual, o dever, dentre outros, de dar informações claras e objetivas sobre o contrato, para
permitir que o segurado compreenda, com exatidão, o verdadeiro alcance da garantia contratada, e,
nas fases de execução e pós-contratual, o dever de evitar subterfúgios para tentar se eximir de sua
responsabilidade com relação aos riscos previamente determinados. 7. Esse dever de informação do
segurador ganha maior importância quando se trata de um contrato de adesão - como, em regra, são
os contratos de seguro -, pois se trata de circunstância que, por si só, torna vulnerável a posição do
segurado. 8. A necessidade de se assegurar, na interpretação do contrato, um padrão mínimo de
qualidade do consentimento do segurado, implica o reconhecimento da abusividade formal das
cláusulas que desrespeitem ou comprometam a sua livre manifestação de vontade, enquanto parte
vulnerável. [...] 12. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido. (REsp
1804965/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/05/2020, DJe
01/06/2020)
FASE CONTRATUAL
• Existem diversas teorias que visam a delimitar um momento especí́fico
para a formaçã̃o do contrato entre partes que não estejam
simultaneamente presentes para manifestar a sua vontade.
Sistemas que apontam
a formação da relação
contratual

Sistema da Sistema da
Cognição Declaração
SISTEMA DA COGNIÇÃO

• o contrato torna-se perfeito no momento em que o proponente


tem efetivo conhecimento da aceitação da proposta.
• Nos contratos epistolares, isso faz com que o mesmo não se
forme enquanto o proponente leia a mensagem que confirma o
aceite.
• principal vantagem desse sistema reside na restrição ao fato de
que alguém venha a ser vinculado a contrato sem o seu
conhecimento.
• desvantagens parecem sobrepujar a referida vantagem, uma vez
que se torna muito dificultoso estabelecer um momento preciso
para a formação do vínculo contratual. Adicionalmente, esse
sistema confere poder desmesurado ao proponente, que pode
postergar a ciência do aceite.
SISTEMA DA DECLARAÇÃO

SISTEMA DA
DECLARAÇÃO

TEORIA DA
TEORIA DA TEORIA DA
DECLARAÇÃO
EXPEDIÇÃO RECEPÇÃO
PROPRIAMENTE DITA
TEORIA DA DECLARAÇÃO
PROPRIAMENTE DITA

• Também chamada de teoria da simples aceitação.


• Considera o contrato formado no instante em que o oblato declara a sua
vontade no sentido de aceitar a proposta.
• Segundo essa teoria, independe a formação do contrato tanto da expedição
do aceite como de seu conhecimento pelo proponente.
• Novamente existe dificuldade em precisar com exatidão o momento de
formação do contrato.
• O inconveniente dessa teoria é retratado de forma contundente por Orlando
Gomes ao afirmar que o oblato “ao escrever a carta de aceitação, concluiria
o contrato; destruindo- a, o desfaria; tudo isso sem que o proponente
tivesse sequer a possibilidade de saber o que se passa.”
TEORIA DA
EXPEDIÇÃO
• Considera o contrato formado não quando o oblato aceita, mas sim quando a
aceitação é expedida.
• A principal vantagem dessa teoria reside no fato de retirar do aceitante o
desfazimento, a todo e qualquer momento, do contrato, sem qualquer
conhecimento do proponente.
• Art. 434 - Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a
aceitação é expedida, exceto:
• I - no caso do artigo antecedente; (Art. 433. Considera-se inexistente a
aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do
aceitante.)
• II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
• III - se ela não chegar no prazo convencionado.
TEORIA DA
RECEPÇÃO
• A manifestação de vontade do aceitante apenas forma o contrato
quando o proponente recebe o aceite, independentemente do seu
conhecimento
• Essa teoria vigora no direito brasileiro para fins de retratação, ou
seja, o contrato não será formado se a retratação chegar ao
proponente antes ou simultaneamente à aceitação.
• Aqui não importa o conhecimento de ambas as manifestações de
vontade: basta que a retratação seja recebida em conformidade
com o artigo 433 do Código Civil.
FASE PÓS-CONTRATUAL

• A responsabilidade civil pós-contratual insere-se no


âmbito da função integrativa da boa-fé objetiva como
um dever lateral de lealdade. Os deveres laterais de
conduta inerentes à boa-fé são deveres funcionalizados
ao fim do contrato e, como tal, surgem e se superam no
desenvolvimento da situação contratual como uma
totalidade, autonomizando-se em relação ao dever de
prestação principal, para assegurarem o correto
implemento do escopo do contrato. Assim, subsistem
deveres pós-eficazes ao término do adimplemento do
contrato, no interesse da correta consecução deste.
Atividade
• Uma grande empresa privada abre um processo seletivo para preenchimento do cargo de
Diretor de Relaçõess Externas. Um candidato é selecionado. As partes acordam o salá́rio,
demais condições de contrataçã̃o e é fixada a data para a admissão. Intempestivamente, sem
motivar, a empresa desiste da contratação. O candidato ajuíza em face dela ação de danos
materiais e morais. Discorra sobre a fundamentação jurídica dessa pretensã̃o e sua
possibilidade de êxito judicial.

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