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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem

Direito Civil

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Civil

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Direito Civil
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Sumário

Aula 09/11/2023 – Turno da noite ................................................................................................ 4


Aula 14/11/2023 – Turno da manhã........................................................................................... 36

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Aula 09/11/2023 – Turno da noite

1. Parte geral: pessoa natural

Resolva a questão a seguir:

1) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Maurício, ator, 23 anos, e Fernanda, atriz, 25 anos, diagnosticados com Síndrome de Down, não
curatelados, namoram há 3 anos. Em 2019, enquanto procuravam uma atividade laborativa em sua área,
tanto Maurício quanto Fernanda buscaram, em processos diferentes, a fixação de tomada de decisão
apoiada para o auxílio nas decisões relativas à celebração de diversas espécies de contratos, a qual se
processou seguindo todos os trâmites adequados deferidos pelo Poder Judiciário. Assim, os pais de

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Maurício tornaram-se seus apoiadores e os pais de Fernanda, os apoiadores dela. Em 2021, Fernanda e
Maurício assinaram contratos com uma emissora de TV, também assinados por seus respectivos
apoiadores. Como precisarão morar próximo à emissora, o casal terá de mudar-se de sua cidade e, por
isso, está buscando alugar um apartamento. Nesta conjuntura, Maurício e Fernanda conheceram Miguel,
proprietário do imóvel que o casal pretende locar. Sobre a situação apresentada, conforme a legislação
brasileira, assinale a afirmativa correta.

A) Maurício e Fernanda são incapazes em razão do diagnóstico de Síndrome de Down.


B) Maurício e Fernada são capazes por serem pessoas com deficiência apoiadas, ou seja, caso não
fossem apoiados, seriam incapazes.
C) Maurício e Fernanda são capazes, independentemente do apoio, mas Miguel poderá exigir que os
apoiadores contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado.
D) Miguel, em razão da capacidade civil de Maurício e de Fernanda, fica proibido de exigir que os
apoiadores de ambos contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado.

2. Parte geral: pessoa jurídica


*Para todos verem: esquema.

Direito público – art. 41 e 42,


CC

Direito privado – art. 44, CC


Atos constitutivos

Personalidade jurídica - art.


Registro no CRCPJ
45, CC
Pessoa jurídica

Registro no Registro
Se por pessoa jurídica
Público de Empresas
empresária
Mercantis

Sócio
Personalidade separada – art. 49-A, CC
Pessoa jurídica

Confusão
patrimonial
Desconsideração Abuso da
Art. 50
da personalidade personalidade
Desvio de
finalidade

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Resolva a questão a seguir:

2) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é separado de Letícia, mãe de Olívia, e não detém a
guarda da criança. Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a título de pensão alimentícia
em favor de Olívia. Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses e, ajuizada uma
ação de execução contra ele, não foi possível encontrar patrimônio suficiente para fazer frente às
obrigações inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias
Ltda., sociedade que tem patrimônio considerável. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.

A) Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios, não é possível,
em nenhuma hipótese, que, na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da pessoa jurídica Paulo
Compra e Venda de Joias Ltda.
B) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de se atingir o patrimônio da
sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar configurada a situação
de abuso da personalidade jurídica.
C) Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a legislação apenas reconhece a hipótese
de desconsideração direta da personalidade jurídica, não se admitindo a desconsideração inversa, razão
pela qual não é possível que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias
Ltda.
D) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia atinja o patrimônio
da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo praticou desvio de
finalidade ou confusão patrimonial.

Resolva a questão a seguir:

3) FGV - 2023 - OAB – 37º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


A Associação Atlética de uma renomada instituição de ensino jurídico brasileira, que possui mais de
seiscentos associados, publica edital em seu site e, também, nas redes sociais, de convocação para uma
Assembleia Geral, a ser realizada por meio eletrônico, trinta dias após a publicação, tendo como pauta a
aprovação das contas dos diretores relativas ao exercício financeiro anterior e a alteração do estatuto.
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.

A) A convocação de Assembleia Geral feita pela Associação Atlética apresenta um vício formal que
conduz à nulidade absoluta, haja vista a impossibilidade da realização de Assembleia Geral por meio
eletrônico.
B) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é possível juridicamente, desde que respeitada
a participação e a manifestação dos associados, salvo para alteração estatutária, que deverá ser feita por
reunião presencial, de modo que o edital da Associação Atlética é nulo, admitindo-se a conversão.
C) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é válida, desde que garantida a participação e
a manifestação dos associados, além do respeito às normas estatutárias, inclusive, para a finalidade de
alteração dos estatutos.
D) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é anulável, por falta de previsão legal, admitindo-
se, por conseguinte, a convalidação.

3. Direito das coisas: posse


Veja o esquema na página a seguir...

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*Para todos verem: esquema.

É o domínio físico que alguém tem sobre a coisa,


que vem a ser protegido pelo Direito, sendo,
portanto, concedido efeitos jurídicos a este
domínio.

É o exercício de fato de um dos poderes


inerentes a propriedade.

Posse: o sujeito que possui o domínio


físico da coisa age como se dono fosse.
Posse x O detentor tem a
POSSE detenção Detenção: o sujeito possu o domínio coisa em razão de
físico da coisa, mas sabe que a coisa uma situação de
não é sua e pretende devolvê-la após o dependência
uso. econômica ou de
subordinação.
Direta e posse indireta – art. 1.197, CC

Justa e injusta – art. 1.200, CC

Classificação Boa e má-fé - art. 1.201, CC

Com título e sem título

Nova e posse velha

3.1. Efeitos da posse


O Código Civil estabelece, dos arts. 1.210 ao 1.222 os efeitos da posse. Tais efeitos
podem ser de ordem material ou processual.
Os efeitos materiais dizem respeito a percepção dos frutos e suas consequências, ao
direito a indenização e retenção das benfeitorias, as responsabilidades e ao direito de usucapião.
Já os efeitos processuais dizem respeito a possibilidade de utilização dos interditos
possessórios, as ações possessórias e a legítima defesa da posse e do desforço imediato.

3.2. Percepção dos frutos


Quanto a percepção dos frutos, deve-se, por primeiro, considerar se a posse é de boa ou
má-fé. Assim, o Código Civil prevê os seguintes dispositivos quanto ao recebimento (ou não) dos
frutos.

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Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são
separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (colhidos). Já os frutos pendentes
(ainda não colhidos) devem ser restituídos, assim como aqueles que tenham sido colhidos por
antecipação.
O possuidor de má-fé deve devolver todos os frutos colhidos ou pendentes, bem como
aqueles que deixou de colher por culpa sua (art. 1.216, CC), devendo, neste último caso, ser
responsabilizado no caso de perecimento do frutos não colhidos por sua culpa (reparação de
danos – responsabilidade civil). Mas tem direito, o possuidor de má-fé a ser indenizado pelas
despesas de produção e custeio.
Os frutos naturais são aqueles provenientes da coisa principal (frutas, por exemplo).
Estes, tão logo sejam separados da coisa principal consideram-se colhidos.
Os frutos industriais são aqueles que derivam de uma atividade humana (tudo o que venha
a ser produzido em uma fábrica, por exemplo). Estes, assim, como os naturais, logo após
separados consideram-se colhidos.
Os frutos civis derivam de uma relação jurídica ou econômica (rendimentos de aplicações
financeiras, aluguel de imóveis, por exemplo). Estes são percebidos na data prevista para
vencimento do aluguel ou do “aniversário” da aplicação financeira.

3.3. Retenção e indenização das benfeitorias: art. 1.219 a 1.222


Conforme estudado na parte geral, as benfeitorias são acessórios que se agregam a coisa
principal, ou seja, obras artificiais, realizadas pelo homem, na estrutura da coisa principal – já
existente – com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Estas benfeitorias podem
ser classificadas em necessárias, úteis e voluptuárias.
São necessárias as benfeitorias realizadas para evitar um estrago iminente ou
deterioração da coisa principal (reparos realizados na viga; troca do telhado).
São úteis aquelas realizadas com o objetivo de facilitar a utilização da coisa (abertura de
uma nova entrada para servir de garagem para a casa).

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São voluptuárias aquelas feitas para o mero prazer, sem aumento da utilidade da coisa
(decoração do jardim) - art. 96, CC.
Benfeitorias necessárias: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a
estas benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas. O possuidor
de má-fé tem direito de ser ressarcido apenas quanto a estas benfeitorias (aquele que tiver o
dever de indenizar tem direito de optar entre o valor atual da coisa e o custo dela), não possuindo
direito de retenção.
Benfeitorias úteis: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas
benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas.
Benfeitorias voluptuárias: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a
estas benfeitorias ou de retirá-las, desde que não haja detrimento da coisa (que não haja a
desvalorização do imóvel, por exemplo), caso não lhes sejam pagas. O possuidor de má-fé não
tem direito a levantar as benfeitorias voluptuárias.

3.4. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa


Os arts. 1.217 e 1.218, CC tratam da responsabilidade do possuidor com relação a perda
ou deterioração da coisa:

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a
que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse
do reivindicante.

Pela redação dos dispositivos, percebe-se que essa responsabilidade é somente do


possuidor de má-fé, que deverá indenizar o proprietário em razão da perda ou da deterioração
da coisa, mesmo que acidentais. Essa responsabilidade somente será afastada havendo prova
de que a perda ou deterioração ocorreria mesmo que a coisa estivesse na posse do reivindicante
(art. 1.218, 2ª parte).
Exemplo: João se apossa do cavalo de Pedro. Neste caso, se o cavalo morrer na posse
de João por ter ingerido veneno, ele deverá indenizar a Pedro. Contudo, se a morte do animal
ocorrer por uma doença cardíaca grave, ou seja, mesmo que estivesse na posse de Pedro ele
morreria, não terá João o dever de indenizar. Cuidado, pois, neste caso, depende de PROVA!

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3.5. Proteção possessória


Dentro dos efeitos da posse encontra-se a possibilidade que o possuidor tem de se utilizar
das ações possessórias (ou interditos possessórios) para proteção e defesa de sua posse.
Importante observar que as ações possessórias tanto podem ser exercidas pelo proprietário
detentor da posse, como também por aquele que, embora não tenha a propriedade, se encontra
na posse da coisa.
Quanto a proteção possessória, o CC prevê os seguintes dispositivos:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1° O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2° Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de
outro direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das
outras por modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o
terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes,
salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou
daqueles de quem este o houve.

3.6. Ações possessórias


Interdito proibitório: caso de ameaça ou risco ao exercício da posse do titular. Proteção
de perigo iminente.
Ação de manutenção de posse: caso de turbação ou perturbação à posse, ou seja,
houve um atentado à posse, mas sem retirá-la do possuidor. Preservação da posse.
Ação de reintegração de posse: caso de esbulho ou retirada da posse, quando o
atentado se concretiza e o possuidor é destituído da sua posse. Devolução da posse. Cabível
sempre que houver invasão, mesmo que parcial, do imóvel.

Resolva a questão a seguir:

4) FGV - 2019 - OAB – 29º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o
imóvel a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005,
o imóvel foi alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação, por
um período de 6 anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma ação reivindicatória movida por Elisabeth,
que pleiteia a retomada do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de
locação, desde o momento da sua celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como

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a verdadeira proprietária do imóvel em 10/10/2011, pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao


recebimento de todos os aluguéis recebidos por Aloísio?

A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria contestação automaticamente transforma a


posse de Aloísio em posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores recebidos
pelo possuidor devem ser ressarcidos.
B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma sentença favorável ao pedido de
Elisabeth, na reivindicatória, é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que
caracterizaria a transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé. Como o possuidor de má-fé tem
direito aos frutos, Aloísio não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação.
C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a
posse de Aloísio passa a ser qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento em
que Aloísio tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais
condições, a devolução dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de
locação.
D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer
valor, pois, sendo possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de veracidade
quanto a sua boa-fé.

Resolva a questão a seguir:

5) FGV - 2015 - OAB – 16º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho,
Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu
a concessão de medida liminar em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar
o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra,
a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por Mélvio já se
encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de
retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A respeito do pleito de
Mélvio, assinale a afirmativa correta.

A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de má-fé e as benfeitorias,
ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de
reintegração de posse transitou em julgado.
B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser
indenizado por Cassandra com base no valor delas.
C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias, mas deve ser
indenizado por Cassandra com base no valor delas.
D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser
indenizado pelo valor atual delas.

4. Família: regime de bens


Mutabilidade do regime de bens: pedido motivado ao juiz, feito por ambos os cônjuges
e com a garantia do direito de terceiros – art. 1.639, § 2.º, CC.
Pacto antenupcial: escritura pública; antes da habilitação (encaminha junto com a
habilitação); dispor de regras patrimoniais (art. 1.653, CC).

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Não havendo convenção, ou sendo esta nula ou ineficaz (pelo estabelecimento de


cláusulas que não sejam possíveis). Regime da CPB (art. 1.640, CC).
Sem o pacto antenupcial o regime que deve constar no casamento é o regime legal
(comunhão parcial de bens).
Outorga conjugal: regra = necessidade de autorização conjugal. Arts. 1.647 a 1.650 do
CC.
Exceção:
• No regime da separação convencional de bens;
• Na separação obrigatória a Súmula 377 do STF é aplicada;
• No regime da participação final nos aquestos, quando o casal convencionar a
livre disposição dos bens.

4.1. Comunhão parcial de bens


Bens incomunicáveis: constituem o patrimônio pessoal dos consortes (arts. 1.659 e
1.661).
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância
do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em
sub-rogação dos bens particulares;
III - As obrigações anteriores ao casamento;
IV - As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior
ao casamento.

Bens comunicáveis: integram o patrimônio comum (art. 1.660). Entram na comunhão:

I - Os bens adquiridos na constância do casamento por títutlo oneroso, ainda que só em


nome de um dos cônjuges;
II - Os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior;
III - Os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
IV - Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na
constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

4.2. Comunhão universal de bens incomunicáveis

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

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I - Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados


em seu lugar;
II - Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizada a condição suspensiva;
III - As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus
aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

Os casados sob esse regime, não podem constituir sociedade entre si (art. 977, CC).

4.2.1. Participação final nos aquestos


Existem cinco universalidades de patrimônios:
1. Os bens particulares que cada um possuía antes de casar;
2. Os bens que o outro já possuía;
3. O patrimônio adquirido por um dos cônjuges, em nome próprio, após o
matrimônio;
4. Os adquiridos pelo outro, em seu nome, após o casamento;
5. Os bens comuns, adquiridos pelo casal.

Arts. 1.672 e seguintes, CC: por este regime, cada cônjuge conserva como de seu
domínio os haveres que trouxe para o casamento, e os conseguidos ao longo de sua duração,
administrando-os e aproveitando os seus frutos. Mas, na época da dissolução do vínculo
conjugal procede-se à divisão do acervo adquirido a título oneroso.

4.3. Separação de bens


Cada um possui o seu patrimônio (bens e dívidas anteriores e posteriores ao
matrimônio). Existem dois patrimônios bem separados: o do marido e o da mulher. Não há
qualquer comunicação de bens.
Qualquer dos cônjuges pode alienar ou gravar seus bens sem anuência do outro
cônjuge.
Separação obrigatória – incidência da Súmula 377 do STF.

Resolva a questão na página a seguir...

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Resolva a questão a seguir:

6) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Arnaldo, publicitário, é casado com Silvana, advogada, sob o regime de comunhão parcial de bens.
Silvana sempre considerou diversificar sua atividade profissional e pensa em se tornar sócia de uma
sociedade empresária do ramo de tecnologia. Para realizar esse investimento, pretende vender um
apartamento adquirido antes de seu casamento com Arnaldo; este, mais conservador na área negocial,
não concorda com a venda do bem para empreender.
Sobre a situação descrita, assinale a afirmativa correta.

A) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois destina-se ao
incremento da renda familiar.
B) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária, por conta do regime da comunhão
parcial de bens.
C) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois se trata de bem
particular.
D) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária e decorre do casamento,
independentemente do regime de bens.

Resolva a questão a seguir:

7) FGV - 2023 - OAB – 37º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Pedro e Joana casaram-se pelo regime da comunhão parcial de bens. Na constância do casamento,
Pedro herdou ações e comprou um carro, enquanto Joana recebeu de doação um apartamento e ganhou
um prêmio de loteria.
Com base nessas informações, assinale a opção que indica, em caso de divórcio, os bens que devem
ser partilhados.

A) As ações e o apartamento.
B) O carro e o prêmio de loteria.
C) O carro e o apartamento.
D) As ações e o prêmio de loteria.

5. Sucessões: morte

Veja o esquema na página a seguir...

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*Para todos verem: esquema.

- Real
MORTE
- Presumida

Presumida com decretação


de ausência (art. 6º, 2ª parte Presumida sem decretação Transmissão da herança aos
+ art. 22 e ss., CC + art. 774, de ausência (art. 7º, CC) herdeiros
CPC)

- Ausente: art. 22;


- Aquele que desaparece de Quando o corpo do de cujus
seu domicílio sem dar não é encontrado. Hipóteses:
- Princípio da saisine;
notícias, sem deixar - Extremamente provável a
representante ou procurador morte de quem estava em - Todo unitário e indivisível;
para administrar-lhe o perigo de vida; - Aplicação das regras do
patrimônio; - Pessoa envolvida em condomínio;
- A lei prevê 3 fases: campanha militar ou feito - Possibilidade de utilização
curadoria dos bens do prisioneiro, não sendo das ações possessórias.
ausente, sucessão provisória encontrado até dois anos
e sucessão definitiva (art. após o término da guerra.
744 e ss do CPC).

Resolva a questão a seguir:

8) FGV - 2019 - OAB – 29º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Gumercindo, 77 anos de idade, vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não
atingissem sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração de seu enfermeiro,
conseguiu evadir-se da casa em que residia. A despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi
encontrado, e já se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora, seus parentes lidam com as
dificuldades relativas à administração e disposição do seu patrimônio. Assinale a opção que indica o que
os parentes devem fazer para receberem a propriedade dos bens de Gumercindo.

A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a decretação de sua morte e a
transferência da propriedade dos bens para os herdeiros.
B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de curador dos bens, e, após um ano,
a sucessão provisória; a sucessão definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá
ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão
provisória.
C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já teria mais de oitenta anos de idade,
e as últimas notícias dele datam de mais de cinco anos.
D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, por ele se
encontrar desaparecido há mais de dois anos, abrindo-se, assim, a sucessão.

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6. Aceitação e renúncia
*Para todos verem: esquema.

Confirma a Expressa Por documento


transmissão
ocorrida no
momento da Atos próprios de
morte Tácita
herdeiro
Espécies
Art. 1807, CC -
interessado em
Aceitação
que o herdeito Nesse caso, o
aceite requer silêncio é
ao juiz, para
Presumida interpretado
que lhe intime a
como
dizer, em prazo
manifestação
não superior a
da vontade
30 dias se
Direta aceita ou não a
Formas herança
Herança
Indireta
Repúdio a
herança

Tem-se por não


verificada a
transmissão
Escritura
pública
Sempre de forma
Renúncia
expressa
Termo judicial

Parte do herdeiro
renunciante acresce
aos herdeiros de
Efeitos mesma classe

Ninguém representa
herdeiro renunciante

7. Exclusão da sucessão
*Para todos verem: tabela comparativa.

INDIGNIDADE DESERDAÇÃO
Decorre de lei. Decorre da vontade do autor da herança.

Hipóteses: art. 1.814, CC. Hipóteses: art. 1.814 + art. 1.962 + art. 1.963,
CC.

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Independe de manifestação. Necessita de manifestação da vontade do autor


da herança, em testamento.

Alcança o herdeiro legítimo e o testamentário Só atinge aos herdeiros necessários –


(instituído ou legatário). descendentes, ascendentes e cônjuge.

A exclusão depende da ação de indignidade. A exclusão depende da ação de deserdação.


Deve indicar a causa da deserdação no
Art..1.815-A. Em qualquer dos casos de testamento.
indignidade previstos no art. 1.814, o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória
acarretará a imediata exclusão do herdeiro ou
legatário indigno, independentemente da
sentença prevista no caput do art. 1.815 deste
Código.

Prazo – 4 anos – abertura da sucessão. Prazo – 4 anos – abertura do testamento.

Admite reabilitação, mediante perdão do Não comporta perdão, pois o ato correspondente
ofendido. é praticado em testamento (ato de última
vontade). Pode, contudo, novo testamento
revogar o anterior.

Nem sempre os fatos são anteriores à morte do Os suportes fáticos são anteriores à morte do
autor da herança. autor da herança.

Resolva a questão a seguir:

9) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Juliana, Lorena e Júlia são filhas de Hermes, casado com Dóris. Recentemente, em razão de uma doença
degenerativa, Hermes tornou-se paraplégico e começou a exigir cuidados maiores para a manutenção de
sua saúde. Nesse cenário, Dóris e as filhas Juliana e Júlia se revezavam a fim de suprir as necessidades
de Hermes, causadas pela enfermidade. Quanto a Lorena, esta deixou de visitar o pai após este perder
o movimento das pernas, recusando-se a colaborar com a família, inclusive financeiramente. Diante desse
contexto, Hermes procura você, como advogado(a), para saber quais medidas ele poderá tomar para
que, após sua morte, seu patrimônio não seja transmitido a Lorena. Sobre o caso apresentado, assinale
a afirmativa correta.

A) A pretensão de Hermes não poderá ser concretizada segundo o Direito brasileiro, visto que o
descendente, herdeiro necessário, não poderá ser privado de sua legítima pelo ascendente, em nenhuma
hipótese.
B) Não é necessário que Hermes realize qualquer disposição ainda em vida, pois o abandono pelos
descendentes é causa legal de exclusão da sucessão do ascendente, por indignidade.
C) Existe a possibilidade de deserdar o herdeiro necessário por meio de testamento, mas apenas em
razão de ofensa física, injúria grave e relações ilícitas com madrasta ou padrasto atribuídas ao
descendente.
D) É possível que Hermes disponha sobre deserdação de Lorena em testamento, indicando,
expressamente, o seu desamparo em momento de grave enfermidade como causa que justifica esse ato.

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8. Sucessão legítima
*Para todos verem: esquema.

Falecido solteiro

DESCENDENTES
- Mais próximos excluem os mais remotos;
- Existe direito de representação;
- Filhos sucedem por cabeça;
- Outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se
achem ou não no mesmo grau.

ASCENDENTES
- Mais próximos excluem os mais remotos;
- Não há direito de representação;
- Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os
ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a
outra aos da linha materna.

COLATERAIS
- Mais próximos excluem os mais remotos;
- Ordem: 1º irmãos - 2º sobrinhos - 3º tios - 4º demais colaterais;
- Existe direito de representação – FILHOS DE IRMÃOS: irmão
unilateral – peso 1 - irmão bilateral – peso 2.

*Para todos verem: tabela comparativa.

Falecido casado ou convivente em união estável

Descendentes em Ascendentes em concorrência Sobrevivente como herdeiro


concorrência com o com o sobrevivente universal
sobrevivente
Condicionado ao regime de Independentemente do regime Não havendo descendentes,
bens. de bens. nem ascendentes.
Regra: há ocorrência. Meação sobre bens comuns. Direito real de habitação sobre o
imóvel em que o casal residia.
Exceção: CUB, SOB, CPB, Herda sobre a totalidade da
s/BP. herança (outra metade dos bens
comuns + totalidade de bens
particulares).
Meação sobre bens comuns. % de concorrência.
Herança sobre bens 1/3 se concorrer com pai e mãe.
particulares.
% de concorrência. ½ se concorrer só com pai ou só
com mãe ou se maior for o grau.

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Divisão igualitária – qualquer


número de filhos individuais.
Reserva de ¼ da herança –
mais de 3 filhos comuns.

9. Direito das obrigações: adimplemento e extinção das obrigações


9.1. Do pagamento
Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação é
necessário que se cumpra o pagamento com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se paga,
o que se paga, onde se paga e quando se paga. Uma vez cumpridas tais exigências, teremos a
extinção da obrigação através do pagamento. Se uma delas não for cumprida, poderá ser
aplicado o ditado de que: “quem paga mal, paga duas vezes.”
*Para todos verem: esquema.

Quem paga;

Para quem se paga;

Objeto do pagamento;

Lugar do pagamento;

Tempo do pagamento.

9.1.1. De quem deve pagar: artigos 304-307


Outras pessoas, além do devedor, podem pagar e outras pessoas além do credor podem
receber. Quem pode pagar:
• Devedor;
• Terceiro interessado (por exemplo: fiador): ao pagar, se sub-roga nos direitos do
credor primitivo;
• Terceiro não interessado (amigo, por exemplo): ao pagar, não se sub-roga, mas
tem direito de regresso contra o devedor, caso tenha feito o pagamento em seu
nome;
• Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor
se opuser poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento.

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Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em
oposição ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se este
último tinha meios para ilidir a ação.

9.1.2. Para quem se paga


O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este credor.
• Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado
que depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309);
• Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade,
mas se provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será
válido (artigo 310).

9.1.3. Objeto de pagamento e sua prova: artigos 313-326


Objeto do pagamento: art. 313 a 318 do Código Civil.
Prova: art. 319 a 326 do Código Civil.
Objeto:
• Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a
pagar ou receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais
valiosos. Da mesma forma, sendo a obrigação divisível, não podem
credor/devedor partilhar a prestação se assim não se estipulou;
• Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato
superveniente:

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o
valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a
pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

Prova: o devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se
não lhe for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se
encontram no artigo 320:

Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o
valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo
e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se
de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

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Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os requisitos do


“caput” do artigo 320. Contudo, caso não possua todos requisitos, poderá ainda assim o
pagamento ser comprovado por outros meios, como estipula o parágrafo único do art. 320 do
CC.

9.1.4. Do lugar do pagamento: artigos 327-330


Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor.
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado
o pagamento.

Muito importante:

“Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.”
Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação
da “supressio” e da “surrectio”.
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do
tempo.
Já a “surrectio” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo, perde o
direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo domicílio
para efetuar o pagamento.

9.1.5. Do tempo do pagamento: artigos 331-333


Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver
data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá ser exigido à vista (cuidar o contrato de
mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC).
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso
ocorre:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro
credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou
reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

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Resolva a questão a seguir:

10) FGV - 2020 - OAB – 31º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai,
José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e
declarou que temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da
irmã, Laura procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio,
o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele
mês, assinale a afirmativa correta.

A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de
Jacira, inclusive a garantia fidejussória.
B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira.
C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas
não quanto à garantia fidejussória.
D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira.

9.2. Da consignação em pagamento: artigos 334-345


A consignação é o depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que
consiga se liberar da obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no Código de
Processo Civil, artigos 539 e seguintes do CPC.
Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do devedor, que
não será inadimplente e, assim, não terá contra ele as consequencias do inadimplemento.
As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335:

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse


realizado o pagamento, para que a consignação tenha então força de pagamento, é necessário
que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os
quais não é válido o pagamento.

9.3. Do pagamento com sub-rogação: artigos 346-351

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A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por outra,
realizada através do pagamento.
O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do devedor, para
que não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o credor sai da relação
obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador passa a ser o novo credor do devedor
(que não pagou e então continuará devendo, mas agora para o novo credor, que era seu antigo
fiador).
Importante destacar que na sub-rogação não há a extinção da dívida e sim a substituição
de uma pessoa por outra através do pagamento. A sub-rogação transfere ao novo credor todos
os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.
Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional.

*Para todos verem: esquema.

Sub-rogação legal ou automática Sub-rogação convencional (deriva


(deriva da lei). Está no artigo 346: do contrato). Está no artigo 347:

I - quando o credor recebe o


I - do credor que paga a dívida do devedor pagamento de terceiro e
comum; expressamente lhe transfere todos os
seus direitos;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, II - quando terceira pessoa empresta


que paga a credor hipotecário, bem como ao devedor a quantia precisa para
do terceiro que efetiva o pagamento para solver a dívida, sob a condição
não ser privado de direito sobre imóvel expressa de ficar o mutuante sub-
(alguém pode pagar a dívida para se rogado nos direitos do credor
afastar de eventual evicção); satisfeito.

III - do terceiro interessado, que paga a


dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte.

9.4. Da imputação em pagamento: artigos 352-355


Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com
um mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual
delas ele quer pagar.

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Requisitos para a imputação:


• Mesmo credor e devedor;
• Plural de dívidas;
• Líquidas e vencidas;
• Débitos da mesma natureza.

Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se o
devedor nada fizer e a quitação for omissa quanto ao pagamento, então teremos a imputação
legal, ou seja, a lei, no seu artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas:

Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas
forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

Assim:
1. Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros;
2. A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar;
3. Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na
mais onerosa.

9.5. Dação em pagamento: artigos 356-359


A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do contratado.
Assim, se exige uma obrigação previamente criada e um acordo posterior em que o credor aceita
receber objeto diverso do contratado.
Muito importante:

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a


obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros.

9.6. Novação: artigos 360-367


Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de uma nova.
O principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus acessórios e garantias.
Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o for feita
novação sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado.

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Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O animo de novar está expresso
no artigo 361.
Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367). Assim, a
obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação.

9.7. Compensação: artigos 368-380


Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora umas das
outras, extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem.

9.8. Confusão: artigos 381-384


A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confunde as figuras de credor e devedor.
Pode ocorrer por um ato “inter vivos” ou “causa mortis”. Ela pode ser total ou parcial, ou seja,
ocorrer com relação a toda a dívida ou somente de parte dela.

9.9. Remissão de dívidas: artigos 385-388


A remissão é o perdão da dívida que é concedida pelo credor ao devedor. No entanto,
para que se tenha a liberação do devedor, é necessário que ele aceite o perdão. Assim, é um
negócio jurídico bilateral. A remissão pode recair sobre a dívida inteira ou sobre parte dela. Há
formas de perdão expresso (escrito) e também tácito. Um exemplo de remissão tácita ocorre no
artigo 386, em que o credor devolve o título da obrigação (cheque, por exemplo) ao devedor. No
entanto, se devolver, restituir o objeto empenhado (garantia do penhor) não significa que perdoou
a dívida, mas sim que não quer mais a garantia – artigo 387.

10. Direito das obrigações – inadimplemento


Temos dois tipos de inadimplemento:
*Para todos verem: esquema.

Inadimplemento relativo, parcial ou


Inadimplemento total ou absoluto
mora

Descumprimento parcial Descumprimento total

Obrigação ainda pode ser adimplida Obrigação não pode mais ser cumprida

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10.1. Cláusula penal: arts. 408-416


Cláusula penal é uma punição, penalidade de natureza civil e tem a ver com o
inadimplemento obrigacional.
Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do contrato. É uma
obrigação acessória. A cláusula penal pode ser classificada em: cláusula penal moratória e
cláusula penal compensatória.

10.1.1. Cláusula penal moratória


Caso de inadimplemento parcial, em que ainda é possível o cumprimento. Serve para a
punição de quem está em mora.

Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da
pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.

Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento da
obrigação e o cumprimento da clausula penal moratória.

10.1.2. Cláusula penal compensatória


Ocorre no caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função de antecipar as perdas
e danos.
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.

Se a cláusula penal tiver um valor muito alto, deverá o juiz reduzir.

Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar a


incidência da cláusula penal.

Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.

Ainda que o prejuízo exceda o previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como

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mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. Assim, não se pode
cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos decorrentes do
inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver previsto tal possibilidade, a multa
compensatória será já o mínimo de indenização. Cabe ao credor então comprovar o prejuízo
excedente.

Resolva a questão a seguir:

11) FGV - 2017 - OAB – 22º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Festas Ltda., compradora, celebrou, após negociações paritárias, contrato de compra e venda com
Chocolates S/A, vendedora. O objeto do contrato eram 100 caixas de chocolate, pelo preço total de R$
1.000,00, a serem entregues no dia 1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário
de 50 anos de existência da sociedade. No contrato, estava prevista uma multa de R$ 1.000,00 caso
houvesse atraso na entrega. Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu entregar
as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois. Festas Ltda., dizendo que a comemoração
já havia acontecido, recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua vez, Chocolates S/A não
aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias não justificava sua cobrança e que o produto
vendido era o melhor do mercado. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.

A) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação e
a multa é uma cláusula penal compensatória.
B) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idêntico ao valor
da prestação principal, é abusiva.
C) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada deve a título
de multa.
D) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código de
Defesa do Consumidor.

11. Direito contratual – evicção: arts. 447-457


Evicção é a perda total ou parcial de um bem, em regra, por meio de uma sentença judicial
ou ato administrativo. A sentença judicial atribui a outra pessoa o bem. Funda‑se no mesmo
princípio da garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios.

11.1. Requisitos da evicção

Veja o esquema na página a seguir...

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*Para todos verem: esquema.

Perda total ou
parcial da
propriedade

Anterioridade do
Aquisição
direito daquele
realizada de
que ganhou a
forma onerosa
ação judicial

11.2. Direitos do eviccto


A sentença judicial atribui a outra pessoa o bem. Funda‑se no mesmo princípio da garantia
em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios.
Responsabilidade total (artigo 450 do CC): salvo estipulação em contrário, o evicto tem
direito:

*Para todos verem: esquema.

Indenização Pelos
Indenização Custas
Restituição dos frutos prejuízos que
pelas judiciais e
integral do que tiver sido diretamente
despesas dos honorários do
preço obrigado a resultarem da
contratos advogado
restituir evicção

Responsabilidade parcial (artigo 449 do CC): podem as partes excluir a


responsabilidade pela evicção? Sim, expressamente. Contudo, mesmo com a existência de tal
cláusula, se a evicção se der, tem direito o evicto (aquele que perdeu a coisa) a recobrar o preço
que pagou pela coisa evicta, com algumas condições:
• Se não soube do risco da evicção;
• Se informado, não assumiu o risco da evicção.

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Isenção da responsabilidade pelo vendedor (artigo 457 do CC): quando o comprador


sabe que está adquirindo bem alheio ou litigioso, caso venha a perder, não poderá demandar
contra quem lhe vendeu.

Resolva a questão a seguir:

12) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta.
Esta, na condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta,
Joana (legatária). Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a
coleção de clássicos franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil
reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de
ação que corria na Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava
impugnar a validade do testamento e, por conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca)
recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o respectivo preço.
Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta.

A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela
evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa.
B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na
data da avença, Renata não sabia da existência de litígio.
C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que
recebeu em legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela
evicção.
D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória,
pois Marta soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção.

12. Direito contratual – contrato de compra e venda: arts. 481-532


São dois os elementos da compra e venda: coisa e preço.
a) Preço: o preço deve sempre ser pago em dinheiro ou redutível a dinheiro (cheque,
cartão etc.). Há vários modos que o preço pode ser estabelecido.
• A fixação do preço pode ser dada a taxa de mercado ou bolsa, em certo e
determinado dia e lugar;
• Pode ser estabelecido que terceiro fixe o preço;
• Pode ser fixado em função dos índices ou parâmetros.

Observação: preço que sua fixação fica ao livre arbítrio da outra parte - nulo, segundo
artigo 489 do CC.
b) Coisa: pode ser a venda de algo que já existe ou de bens que virão a existir (coisa
futura) conforme artigo 483 do CC.

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*Para todos verem: esquema.

Atual
Coisa
Futura

Terceiro
Elementos

Mercado/ bolsa

Preço Índices/
parâmetros

Costumes

Outra parte - será


nulo

12.1. Limitações ao contrato de compra e venda


12.1.1. Venda de ascendente a descendente

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros


descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o
regime de bens for o da separação obrigatória.

Caso não tenha o consentimento, será passível de anulação. Os legitimados para a


propositura da ação anulatória são os outros descendentes e o cônjuge do alienante.
O prazo para ajuizamento da ação anulatória é de 2 anos, segundo o artigo 179 do Código
Civil.

Resolva a questão a seguir:

13) FGV - 2020 - OAB – 31º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Antônio, divorciado, proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado
semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que
mostrou interesse na aquisição por valor próximo ao de mercado.
No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos do pretendente comprador), um deles, Carlos,
opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a atitude de Carlos, seu filho que não concordou
com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno.

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Direito Civil

Em face do exposto, assinale a afirmativa correta.

A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser impedida pelos demais descendentes
e pelo cônjuge, se a oposição for unânime.
B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de contrato de compra e venda de pai para
filho, motivo pelo qual a oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio.
C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos, promover a doação do bem para um
de seus filhos (Bruno), sendo tal contrato nulo de pleno direito.
D) É legítima a doação de ascendentes para descendente, independentemente da anuência dos demais,
eis que o ato importa antecipação do que lhe cabe na herança.

12.1.2. Venda de parte indivisa de condomínio


O condômino não pode alienar sua parte indivisa a terceira pessoa, se o outro condômino
a quiser, tanto por tanto. O condômino que quiser pode exercer seu direito de preferência ou
preempção, ajuizando ação no prazo decadencial de 180 dias contados da data em que teve
ciência da alienação. No momento do ajuizamento, deve o condômino, efetuar a consignação do
valor que deseja pagar. A ação pode ser ação adjudicatória, a fim de obter o bem para si.

13. Direito contratual: contrato estimatório


É um contrato que também é chamado de consignação. O consignante entrega bens
móveis à outra pessoa, chamado de consignatário, para que este os venda pelo preço ajustado.
Ao ser vendido, o consignatário deve pagar o preço ao consignante. Caso não venda, deverá
devolver o bem ao consignante.

14. Direito contratual: contrato de empréstimo – arts. 579-585


Duas são as espécies de empréstimos: mútuo e comodato.

14.1. Contrato de comodato


Comodato é o empréstimo para uso, gratuito de coisas infungíveis. Pode ser bens móveis
ou imóveis, mas precisa ser infungível. O contrato se perfectibiliza com a tradição da coisa.

14.1.1. Características do comodato


a) Gratuidade do contrato. Se fosse oneroso, seria o contrato de locação;
b) Infungibilidade do bem: restituição do mesmo objeto recebido como empréstimo;

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Direito Civil

c) Contrato real, já que o aperfeiçoamento do contrato se dá com a tradição (e não


com a aceitação);
d) Contrato unilateral, já que após a tradição, só há obrigações para uma das partes,
que é o comodatário (restituir a coisa) e não há obrigações para o comodante;
e) Contrato não solene, já que não necessita forma especial para a sua celebração.

14.1.2. Obrigações do comodatário


a) Conservar a coisa – art. 582: o comodatário deve conservar a coisa como se fosse
sua. Deve responder pelas despesas de conservação;
b) O comodatário não pode nunca tentar cobrar do comodante as despesas comuns,
feitas com o uso e gozo da coisa emprestada;
c) Uso da coisa de forma adequada: responde por perdas e danos se usar o bem
fora do que foi contratualmente previsto, além de, também poder ser causa de
resolução do contrato;
d) Restituir a coisa: deve ser restituída a coisa no prazo convencionado e não
havendo este prazo, finda a razão pela qual ocorreu, o empréstimo deve ser
restituído (empresta livros para o trabalho de conclusão de curso, e quando
passado o evento, deverão ser devolvidos, por exemplo.

14.2. Contrato de mútuo


O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O bem é emprestado para consumo. O
mutuário se obriga a restituir ao mutante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade. É empréstimo para consumo, pois o mutuário não está obrigado a
devolver o mesmo bem, do qual se torna dono. Ex.: dinheiro.
Neste tipo de empréstimo, o mutuante transfere o domínio, a propriedade, do bem ao
mutuário. Isso não acontece no comodato. Além disso, o mutuário se torna proprietário da coisa,
correndo por conta desse, todos os riscos da tradição.

14.2.1. Características do mútuo


O mútuo é temporário, se entende que em algum momento o que foi emprestado será
devolvido. Mas e se não houver prazo para a restituição do bem? O CC determina que:
• Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas;

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Direito Civil

• De 30 dias, pelo menos, se o mútuo for de dinheiro;


• Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.

Obs.: mútuo para um menor. O Código Civil protege o menor, dizendo que quem empresta
para um menor, não poderá reaver o que emprestou. Contudo, há várias exceções, de quando
o mutuante pode, portanto, reaver o que foi emprestado. São elas:
a) O representante do menor ratificar o empréstimo;
b) Se o menor, em caso de ausência do representante, se viu obrigado a contraí‑lo
para os seus alimentos habituais;
c) Se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, caso em que a execução do
credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
d) Se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
e) Se este obteve o empréstimo maliciosamente.

Resolva a questão a seguir:

14) FGV - 2017 - OAB – 23º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Cássio, mutuante, celebrou contrato de mútuo gratuito com Felipe, mutuário, cujo objeto era a quantia de
R$ 5.000,00, em 1º de outubro de 2016, pelo prazo de seis meses. Foi combinado que a entrega do
dinheiro seria feita no parque da cidade. No entanto, Felipe, após receber o dinheiro, foi furtado no
caminho de casa.
Em 1º de abril de 2017, Cássio telefonou para Felipe para combinar o pagamento da quantia emprestada,
mas este respondeu que não seria possível, em razão da perda do bem por fato alheio à sua vontade.
Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta.

A) Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do
devedor, Felipe.
B) Cássio tem direito à devolução do dinheiro e ao pagamento de juros, ainda que a perda da coisa não
tenha sido por culpa do devedor, Felipe.
C) Cássio tem direito somente à devolução de metade do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa
do devedor, Felipe.
D) Cássio não tem direito à devolução do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor,
Felipe.

15. Responsabilidade civil


A responsabilidade civil subjetiva é baseada na “teoria da culpa”, já que é necessária
a verificação de culpa, para que se possa configurar tal requisito.

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Direito Civil

Assim, para a verificação da responsabilidade civil subjetiva é necessário: conduta


humana, culpa, nexo causal e dano. Já para a responsabilidade objetiva são necessários:
conduta humana, nexo causal e dano.
Iremos nos deter na responsabilidade objetiva e nos casos previstos no CC.

15.1. Casos de responsabilidade objetiva


15.1.1. Responsabilidade civil por atos de terceiros

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia.

O artigo 933 do CC prevê expressamente que a responsabilidade é objetiva, já que


informa que os terceiros serão responsabilizados, ainda que não haja culpa por parte deles.
De acordo com o artigo 934 se o empregador, por exemplo, pagar a indenização, terá
direito de regresso contra o empregado que causou o dano.
Há uma exceção: relações entre ascendentes e descendentes incapazes não haverá
direito de regresso. Assim, o ascendente não tem regresso contra o descendente, se este for
incapaz.
Um ponto muito importante diz respeito à solidariedade entre todos os sujeitos do artigo
942, já que o parágrafo único informa que são solidariamente responsáveis com os autores os
co-autores e as pessoas designadas no artigo 932.
Observação: responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC). De acordo com o referido
artigo, a responsabilidade do incapaz é subsidiária. Assim, primeiro respondem os responsáveis
pelo incapaz. Se estas pessoas não tiverem condições financeiras ou não forem obrigadas a
tanto, então se irá responsabilizar o incapaz. Mesmo assim, de acordo com o parágrafo único, a
indenização deverá ser equitativa e, se privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do
seu sustento, então tal indenização não terá lugar.

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Direito Civil

15.1.2. Responsabilidade civil por fato de animal


Prevista no art. 936 do CC:

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.

Atentar para as excludentes: nas quais o dono/detentor não será responsabilizado: culpa
da vítima e força maior.

15.1.3. Responsabilidade civil do dono de edifício ou construção pela


sua ruína
O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta, consoante artigo 937 do CC.
A responsabilidade é do dono do edifício ou da construção.

15.1.4. Responsabilidade por objetos caídos ou lançados do prédio


Prevista no art. 938 do CC:

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Ponto muito importante a ser verificado que a responsabilidade é de quem habita o


prédio. Assim, seriam responsáveis o locatário, comodatário, proprietário, enfim, quem estiver
habitando o prédio.
Caso não se saiba de onde partiu o objeto caído ou lançado, os tribunais têm entendido
pela responsabilização do condomínio que, após (e caso) identificado o responsável, poderá
ajuizar regresso contra o ofensor.

Resolva a questão a seguir:

15) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase
Henrique, mecânico da oficina Carro Bom, durante a manutenção do veículo de Sofia, deixado aos seus
cuidados, arranhou o veículo acidentalmente, causando danos materiais à mesma. Ciente de que
Henrique não tinha muitos bens materiais e que a execução em face de Henrique poderia ser frustrada,
Sofia pretende ajuizar ação indenizatória em face da oficina Carro Bom. A esse respeito, é correto
afirmar que Carro Bom responderá

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Direito Civil

A) pelos danos causados a Sofia, devendo-se perquirir se houve culpa em eligendo pela oficina de um
preposto desqualificado.
B) subsidiariamente pelos danos causados por Henrique, caso este não tenha bens suficientes para
saldar a execução.
C) objetivamente pelos danos, sendo vedado o regresso em face do mecânico que atuou culposamente,
pois a oficina não poderá repassar o risco de seu negócio a terceiros.
D) objetivamente pelos danos, sendo permitido o regresso em face do mecânico que atuou culposamente.

Aula 14/11/2023 – Turno da manhã

1. Parte geral: bem de família


*Para todos verem: esquema.

Vários bens

Até 1/3 patrimônio líquido

Escritura pública ou testamento

Voluntário Registro no CRImóveis

Enquanto o casal existir ou os filhos forem


menores de 18 anos

Impenhorabilidade quanto a dívidas posteriores


a instituição

Salvo: derivadas do próprio bem – impostos e


condomínio
BEM DE FAMÍLIA
Lei nº 8.009/90

Único bem

Regra: impenhorabilidade

Legal Exceção: art. 3º, Lei n° 8.009/90

Protege imóveis de pessoas solteiras, casadas


ou viúvas – Súmula 364 do STJ

Box de garagem – se tiver matrícula própria


pode ser penhorado – Súmula 449 do STJ

Se imóvel estiver locado a terceiro – Súmula


486 do STJ – mantém a impenhorabilidade

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Direito Civil

2. Direito contratual: contrato de doação – arts. 538-564


É o contrato em que o doador transfere bens ou vantagens para o donatário.

2.1. Natureza jurídica


*Para todos verem: esquema.

Unilateral: somente um dos lados se obriga a alguma coisa;

Gratuito: há perda patrimonial para somente um dos lados;

Consensual: é perfeito com a aceitação;

Solene: é a regra. Em caso de bens móveis de pequeno valor


e que a tradição ocorra de forma imediata, será não solene
(art. 541 do CC).

2.2. Restrições à doação


Doação da parte inoficiosa: é nula a parte que exceder ao que poderia dispor em
testamento, segundo o artigo 549 do CC. A título de exemplo, se o doador tem o patrimônio de
R$ 100.000,00 e faz uma doação de R$ 70.000,00, o ato será válido até R$ 50.000,00 (parte
disponível) e nulo nos R$ 20.000,00.
Doação de todos os bens do doador: é a chamada doação global ou universal, em que
não pode todos os bens do doador serem doados, sem que fique algo para a sua subsistência.
Caso isso aconteça, teremos nulidade.
Doação do cônjuge adultero a seu cúmplice – artigo 550 do CC: pode ser anulada a
doação pelo cônjuge ou pelos herdeiros necessários. Prazo de 2 anos depois de dissolvida a
sociedade conjugal.

2.3. Revogação da doação


Há duas razões pelas quais é possível a revogação da doação: ingratidão do donatário
e por descumprimento de encargo, conforme artigo 555 do CC.
a) Por ingratidão do donatário: as hipóteses se encontram nos arts 557 e 558 do CC.
• Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio
doloso contra ele;

37
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Civil

• Ofensas físicas cometidas pelo donatário contra o doador;


• Se o injuriou gravemente ou o caluniou;
• Podendo o donatário auxiliar com alimentos ao doador, e não o faz.

Muito importante: quando o ofendido não for o doador, mas cônjuge, ascendente,
descendente, ou irmão deste, ou descendente adotivo, também pode o doador pleitear a
revogação da doação, de acordo com o artigo 558 do CC.
b) Por descumprimento de encargo: especialmante previsto no art. 562 do CC:

Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a
obrigação assumida

Resolva a questão a seguir:

16) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Maria descobre que seu marido João possui um relacionamento extraconjugal com Carla. Também ficou
sabendo que há mais de 10 anos João fez diversas doações para Carla. Ao tomar conhecimento sobre a
situação Maria procura você como advogado para que possa auxiliá-la, especialmente com relação aos
bens que foram doados para Carla. Com base no enunciado assinale a opção correta:

A) Maria poderá pedir a nulidade das doações feitas por João, já que negócio jurídico nulo não é passível
de convalidação.
B) As doações realizadas por João para Carla são passíveis de anulação, em um prazo de até dois anos
da dissolução da sociedade conjugal.
C) O prazo para pedir a anulação das doações feitas por João para Carla é de dois anos a partir da
celebração do negócio jurídico tendo, portanto, o prazo já expirado.
D) Maria nada poderá fazer com relação às doações feitas por João, já que não são oriundas da legítima
de João.

3. Direito contratual: contrato de fiança – arts. 818-839


O conceito de fiança está no art. 818 do CC: “pelo contrato de fiança uma pessoa garante
satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, se este não a cumpra”.
Benefício de ordem: o benefício de ordem consiste em um privilégio, conferido ao
fiador, de exigir que os bens do devedor principal sejam excutidos antes dos seus. O fiador que
alegar o benefício de ordem deve nomear bens do devedor situados no mesmo município, livres
e desembaraçados. Há alguns casos, no entanto, que o fiador não pode invocar tal benefício:
a) Se o fiador renunciou expressamente ao benefício;
b) Se o fiador se obrigou como principal pagador ou devedor solidário;
c) Se o devedor for insolvente ou falido.

38
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Civil

Benefício da divisão: segundo o art. 829 do CC: “a fiança conjuntamente prestada a


um só debito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se
declaradamente não se reservarem o benefício da divisão”.
Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em
proporção, lhe couber no pagamento. Portanto, se houver especificação – benefício da divisão
– cada um paga somente o que afiançou.

Resolva a questão a seguir:

17) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Karine solicitou um empréstimo, modalidade mútuo, para sua amiga Fernanda, no valor de R$500.000,00
(quinhentos mil reais). Fernanda informou que somente celebraria o contrato caso Karine trouxesse algum
tipo de garantia. Karine, então solicita ao seu amigo, Fernando, que possa garantir, pessoalmente, a sua
dívida, através da fiança, pelo qual Fernando concorda. Com base no enunciado, assinale a opção
correta.

A) A garantia prestada por Fernando para Karine é do tipo subsidiária, ou seja, primeiro os bens de Karine
serão demandados e, caso insuficientes, então os bens de Fernando poderão ser demandados.
B) Há responsabiidade solidária entre Fernando e Karine, já que ambos estarão devendo para Fernanda.
C) O benefício de ordem não decorre automaticamente da lei, devendo ser expressamente colocado no
contrato entabulado entre as partes.
D) A fiança, por ser uma garantia real, não incide sobre todo o patrimônio do fiador, mas sim somente
sobre os bens para tanto designados.

4. Responsabilidade civil: arts. 927-954


4.1. Indenização
Nos artigos 944 até 954 do CC, é tratado a respeito da indenização. Configurado o dever
de indenizar, previsto nos artigos anteriores do CC, se passa então para a indenização.
Segundo o artigo 944 a indenização mede-se pela extensão do dano. Assim, quem
estiver obrigado a reparar o dano causado deverá fazê-lo. Assim, se diz que o obrigado deve
satisfazer integralmente os deveres resultados de sua ofensa. A indenização, sempre que
possível, deverá recolocar a vítima na posição anterior, a compensando pelos danos sofridos.
No artigo 945 o Código Civil fala sobre culpa concorrente: se a vítima tiver concorrido
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Em algumas situações, a vítima
também é parcialmente culpada pelo evento, juntamente com o ofensor. Será então verificada
a participação da vítima para o evento danoso a fim de verificar a quem toca contribuir com cota
maior ou menor de indenização.

39
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Civil

Importante: vale lembrar que se a culpa for exclusiva da vítima, não teremos
responsabilização do ofensor, já que é causa que quebra o nexo causal.
Observação:

Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização
devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência,
imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe
lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

Responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais, em especial da área da saúde


(art. 951).

Resolva a questão a seguir:

18) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Flávia dirigiu-se até um médico dermatologista, profissional liberal, com o intuito de verificar o excessivo
ressecamente de sua pele. Informou ao médico Leonardo Santos que possuía diversos tipos de alergias,
sendo sua pele muito sensível. O médico Leonardo Santos sem dar ouvidos à Flávia iniciou uma série de
procedimentos utilizando, exatamente, os produtos alergênicos que Flávia tinha se referido. Desta forma,
Flávia sofreu grave reação alérgica, precisando ser levada ao hospital para medicação e internação de
urgência. Com base no enunciado, assinale a opção correta.

A) A responsabilidade do médico é do tipo objetiva, ou seja, não necessita a comprovação de culpa para
a configuração do dever de indenizar.
B) Leonardo Santos irá responder pelo regime da responsabilidade subjetiva, de forma que Flávia precisa
demonstrar a culpa do causador do dano.
C) Para que haja a configuração do dever de indenizar, por ser responsabilidade objetiva, Flávia precisa
somente demonstrar o dano sofrido.
D) Flávia não faz jus a nenhum tipo de indenização, já que a obrigação do médico não é de resultado e,
por isso, eventuais danos podem ocorrer em decorrência do tratamento médico.

5. Direito das coisas: condomínio

Veja o esquema na página a seguir...

40
Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Civil

*Para todos verem: esquema.

Estabelecido pelas partes

Voluntário Cada um possui uma quota


ideal - pro indiviso

Cada um possui um quinhão


real - pro diviso

Paredes, cercas, muros e valas


divisórias dos imóveis
Necessário
Incidência das normas do direito
de vizinhança Ato entre vivos

Testamento
Unidades autônomas + partes
comuns
Idenficação da fração
ideal
Instituição
Finalidade

Lei interna do condomínio


Condomínio

Edilício Convenção de condomínio

Deve ser registrada

Aquisação de todas as
unidades por uma só
Extinção pessoa

Destruição do imóvel

Desapropriação
Forma de condomínio edilício, mas sem
construção, onde existem partes de
De lotes propriedade exclusiva e partes comuns.
Seria a regulamentação dos chamados
"condomínios fechados"

Forma de condomínio, geralmente


utilizada para locais de lazer, em que
divide a utilização do imóvel em tempo
Multipropriedade ou
fixo, ou seja, é estabelecido o tempo/
"time sharing"
período de utilizaçaõ de cada condômino
e, durante aquele período, ele exerce
com exclusividade

41
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Direito Civil

Resolva a questão a seguir:

19) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


João e Maria adquirem três frações de tempo em regime de multipropriedade imobiliária em imóvel na
Praia do Forte, litoral da Bahia. Os multiproprietários podem utilizar o imóvel durante o período de 15 de
dezembro até 29 de janeiro, de forma fixa. Em 13 de dezembro de 2022, às vésperas de ingressar no
imóvel, a fim de usufruir seu período, o casal descobre estar com COVID, impedindo-os de viajar. Assim,
oferecem o período inicial de dez dias a um casal de amigos que buscava lugar para a passagem do Ano
Novo, que prontamente acorda quanto ao pagamento de aluguel. Ao chegar ao local, os amigos de João
e Maria são barrados, sob o argumento de que somente os proprietários poderiam utilizar o período de
multipropriedade. Na situação narrada, assinale a assertiva correta.

A) De fato não podem os amigos de João e Maria utilizar o imóvel, pois o regime de multipropriedade, ao
contrário do condominial, é personalíssimo.
B) Como houve cessão da fração de tempo através de aluguel, o casal de amigos não poderá acessar o
imóvel, já que o regime de multipropriedade admite apenas a cessão gratuita a terceiros.
C) No regime de multipropriedade, podem usar o imóvel João e Maria, diretamente, ou, então, terceiros
a quem eles tenham cedido a fração de tempo, seja em forma de locação ou de comodato.
D) Como João e Maria não poderão usar o imóvel desde o início de sua fração de tempo, não poderão
ceder a terceiros, mas poderão estender seu período sobre a próxima fração de tempo.

6. Alimentos
*Para todos verem: esquema.

ALIMENTOS

Dever
Pressupostos Sujeitos da Obrigação Mudança = Alimentos
Parentesco familiar de de fixação Art. 1.695
obrigação alimentar revisionais gravídicos
sustento

Necessidade
Pelo seu
x
possibilidade trabalho ou Para a
Ascendentes Divisível;
Vínculo ≠ x
bens não Majoração
pode custear pais, avós... não solidária gestante
proporcionali
as despesas
dade

Idosos – Não cabe


solidária: cumular com
Descendentes
Alimentos filhos, netos... art. 12 Redução investigação
Estatuto do de
Idoso paternidade

Exoneração:
- Constituição de Fixados, com
nova família, por o nascimento
si só, não do filho,
Irmãos autoriza
convertem-se
exoneração;
- Maioridade não automaticame
é suficiente para nte
exonerar.

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Civil

Súmula 596 do STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e
subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu
cumprimento pelos pais.
Súmula 621 do STJ: Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante
do pagamento retroagem à data da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.

Resolva a questão a seguir:

20) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Maria, solteira, após a morte de seus pais em acidente automobilístico, propõe demanda por alimentos
em face de Pedro, seu parente colateral de segundo grau. Diante dos fatos narrados e considerando as
normas de Direito Civil, assinale a opção correta.

A) Como Pedro é parente colateral de Maria, não tem obrigação de prestar alimentos a esta, ainda que
haja necessidade por parte dela.
B) Pedro só será obrigado a prestar alimentos caso Maria não possua ascendentes nem descendentes,
ou, se os possuir, estes não tiverem condições de prestá-los ou complementá-los.
C) A obrigação de prestar alimentos é solidária entre ascendentes, descendentes e colaterais, em
havendo necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante.
D) Pedro não tem obrigação de prestar alimentos, pois não é irmão de Maria.

7. Liberdade de testar, rompimento de testamento x redução de


disposições testamentárias
Princípio da liberdade limitada de testar: existe um percentual que não está sujeito à
vontade do testador, quando existirem herdeiros necessários.
Havendo herdeiros necessários – art. 1.789 – dispõe da metade da herança. Herdeiros
necessários: art. 1.845 – descendentes, ascendentes e cônjuge.
Deve ser respeitada a metade disponível aos herdeiros necessários: art. 1846, CC
(herança ≠ legítima).
*Para todos verem: esquema.
Quando houver herdeiros
necessários (descendentes,
ascendentes, cônjuge)

Pode dispor apenas de 50% da


RESTRITA
herança

Outros 50% é a reserva da


LIBERDADE DE DISPOR legítima

Quando não houver herdeiros


necessários
PLENA
Havendo apenas colaterais, pode
testar a totalidade, sem os
contemplar

43
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*Para todos verem: esquema.


Art. 1.966, CC
Redução de disposições testamentárias

Autor da herança testa; Autor da herança testa;


Sabendo da existência de Sem saber existência de
herdeiro necessário; herdeiro necessário;
Autor da herança ultrapassa o Herdeiro necessário aparece
limite da liberdade de dispor; após testamento;
Autor da herança falece; Autor da herança falece;

Rompimento de testamento
TESTAMENTO É CUMPRIDO TESTAMENTO NÃO É
= mas com redução das CUMPRIDO = rompe-se;
disposições ao limite da parte Sucessão será exclusivamente
disponível; legítima.
Sucessão será legítima – 50%

Art. 1.973, CC
e testamentária – 50%.

Resolva a questão a seguir:

21) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


João, casado com Maria e Pai de Roberto e Joana, resolve dispor de seu patrimônio por testamento,
beneficiando Alice, uma sobrinha. Analise as situações abaixo e assinale a assertiva correta.

A) poderá dispor de 15% de seu patrimônio para Alice, apenas pela forma pública.
B) poderá dispor da totalidade de seu patrimônio para Alice, seja por instrumento público, particular ou
cerrado.
C) poderá dispor de até metade da sua herança para Alice, apenas por instrumento público.
D) poderá dispor de até metade de seu patrimônio para Alice, por qualquer forma de testamento.

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Direito Civil

Gabaritos das questões:

1–C 2–D 3–C 4–C 5–A 6–B 7–B

8–C 9–D 10 – B 11 – A 12 – A 13 – D 14 – A

15 – D 16 – B 17 – A 18 – B 19 – C 20 – B 21 – D

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