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OS

GRANDES

EDUCADORES

Profª Magali Alves Pereira - professora de Língua Portuguesa da EE Brasil

Janeiro 2011
É unânime dizerem “as crianças e os jovens não querem e não se interessam mais pelos estudos”.
Onde está a falha? Por que a grande maioria dos alunos não consegue entender o que leem? Por que
tanta dificuldade no raciocínio lógico matemático?
Eles são inteligentes, espertos, curiosos por natureza, mas por que não conseguimos motivá-los ao
ponto de fazê-los, por exemplo, ler uma obra literária, pois preferem ler os resumos encontrados na
internet ou em apostilados de escolas particulares.
Com tantas perguntas sem respostas resolvi pesquisar sobre “EDUCAÇÂO” iniciando por Comenius
até o momento atual.
Talvez possa, em meio a tantas tentativas de reformas, encontrar algo que seja viável à nossa realidade,
tão necessitada de conhecimentos, de cultura, de “educação” no sentido mais amplo da palavra.
Jan Amos Comenius – o maior pedagogo do século XVII – O Pai da Didática Moderna. Uma
voz quase solitária em seu tempo, defendia a escola como “locus” fundamental da educação do homem,
sintetizando seus ideais educativos na máxima: “Ensinar tudo a todos” .
Seu modelo de escola é de “escola bem ordenada” na qual “todos são instruídos plenamente”. Nela há
lugar para os ideais da sapiência, da honestidade e da piedade; a educação se realiza com a máxima
delicadeza e doçura, sem nenhuma severidade e coerção; a cultura dispensada é verdadeira e sólida, não
aparente nem superficial, e tampouco cansativa.
Comenius defendia a ideia de que a aprendizagem se inicia pelos sentidos, pois as impressões sensoriais
obtidas através da experiência com objetos seriam internalizados e mais tarde, interpretadas pela razão.
Seu método didático constitui-se basicamente de três elementos: compreensão, retenção e práticas.
Através delas se pode chegar a três qualidades fundamentais: erudição, virtude e religião, as quais
correspondem três faculdades que é preciso adquirir: intelecto, vontade e memória.
O método deve seguir os seguintes momentos:
- tudo o que se deve saber deve ser ensinado;
- qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua aplicação prática, no seu uso definido;
- deve-se ensinar de maneira direta e clara;
- ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo das suas causas.
- explicar primeiro os princípios gerais;
- ensinar as coisas em seu tempo certo;
- não abandonar nenhum assunto até sua perfeita compreensão;
- dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas.
Em sua Didática Magna, Comenius defende o método único para a educação.”Não se consegue de uma
só semente produzir a mesma árvore?” De um só método farei alunos capazes”.
Eis as razões pelas quais, para ele, o uso de um só método se justifica:
- o fim é o mesmo: sabedoria, moral e perfeição;
- todos são dotados da mesma natureza humana, apesar de terem inteligências diversas;
- a diversidade das inteligências é tão somente um excesso ou deficiência da harmonia natural;
- o melhor momento para remediar excessos e deficiências acontece quando as inteligências são novas.
François de Salignac de La Mothe Fénelon (1651-1715). De família nobre , homem de Igreja
e diretor de uma congregação feminina fundada para converter ao catolicismo as mulheres hunguenotes.
A concepção educativa de Fénelon é extremamente significativa, referente às características específicas
da idade infantil que todo educador deve conhecer e ter constantemente presentes se quiser tornar eficaz a
própria obra.
Para ele, a infância se caracteriza pela “maciez do cérebro”, que faz que tudo nele se imprima
facilmente, pela curiosidade, por movimento fácil e contínuo e por uma irriquietude que deve ser
constantemente orientada se quiser utilizá-la para fins educativos. O educador deve, por isso, contentar-se
em seguir e secundar a natureza, sem estimular demais a criança, mas explorando a curiosidade que é uma
disposição natural que procede e prepara a instrução.
A educação para Fénelon deve então ser indireta: deve ocorrer através da relação com situações
diversas, capazes de estimular a atenção da criança, e através do exemplo por parte do adulto. Ao mesmo
tempo, é preciso procurar todos os meios para tornar agradável à criança tudo aquilo que se exige dela e
mostrar-lhe sempre a utilidade daquilo que lhe é ensinado.
Suas faltas devem ser corrigidas sem repreensões, através de raciocínios embrionários e, sobretudo
com o exemplo. Até o “temor” útil para educar os rapazes “duros e indóceis”, só deve ser assumido como
critério educativo, depois de ter experimentado pacientemente todos os outros remédios.
Para ajudar nesse sistema de ensino, Fénelon recomenda o uso de historietas cômicas e das fábulas
curtas e engraçadas, tornando-se assim agradável o ensino, especialmente no campo moral. Ele aconselha
a escolher “fábulas de animais que sejam engenhosas e inocentes” a mostrar o seu lado sério e a esperar
que a criança peça antes de contar outras, para chegar depois às histórias expressamente escolhidas,
ministradas a intervalos e contadas em tons vivos e animados. Pouco a pouco, será a própria criança quem
quererá contar e o educador intervirá apenas para corrigir e polir a sua narrativa, até chegar à sua forma
melhor.
O uso da narrativa deve ser destacado como uma preparação para a conversação, assim como para a
aprendizagem de preceitos morais e para a formação de um gosto literário alinhado com a educação
formal.
John Locke(1632-1704) foi o fundador do empirismo.
Locke desenvolve um empirismo explícito e radical, contrapondo-se a todo inatismo e a toda
predestinação, tão caros ao pensamento tradicional. Nos seus textos pedagógicos move uma constante e
dura polêmica contra o autoritarismo e punições corporais como métodos educativos, exaltando, em
compensação, os princípios da liberdade e da autonomia dos educandos.
Põe constantemente em relevo a validade intrínseca da educação (da concepção do homem virtuoso),
inclusive sob o perfil social, e a conveniência de que a família e a escola a realizem o quanto mais
possível:“Educar bem os próprios filhos é dever e preocupação para os pais, e o bem estar e a
prosperidade da Nação.
Para Locke as crianças sabem raciocinar desde quando começam a falar e gostam de ser tratadas como
criaturas racionais, muito antes do que se imagina. Esta é uma ambição que deve ser cultivada nelas, para
tornar-se tanto quanto possível, o instrumento mais válido de sua educação.
A virtude estimulada pelo exemplo e favorecida por um atento estudo das disposições da criança por
parte do educador, caracteriza-se como “respeito”, como consciência das regras da justiça, como “força de
ânimo” e “coragem”, como compaixão e oposição à mentira, e encontra fundamento no verdadeiro
conceito de Deus, como Ser supremo e independente, autor e criador de todas as coisas, do qual
recebemos todo o nosso bem.
Dentro desse conceito, deve-se concentrar na “Boa educação”, no “conhecimento do mundo”, na
“virtude”, na “atividade” e no “amor da reputação”.
Quanto ao método e conteúdos, deve-se partir da leitura e da escrita ensinadas, porém “jogando com
dados ou outros brinquedos” e do contato com livros simples agradáveis, como As fábulas de Esopo e
algumas passagens da Bíblia, para passar depois ao desenho e a estenografia (abreviação de palavras) útil
para escrever depressa aquelas coisas que queremos lembrar.
Sucessivamente estudam-se as línguas modernas, sem o embaraço das regras, através da conversação,
da leitura de textos fáceis e agradáveis e traduções que tenham cognições úteis.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) – O Pai da Pedagogia Contemporânea.
O pensamento pedagógico de Rousseau pode ser articulado segundo dois modelos, o do Emílio, em
que são centrais as noções de educação negativa e de educação indireta, como também o papel particular
que assume o educador e Do Contrato Social, que versa sobre uma educação totalmente socialista
regulada pela intervenção de Estado.
Emílio é a história de um menino educado segundo as leis da natureza, afastado dos seus
coetâneos(contemporâneos), em um tranqüilo vilarejo no campo em contato direto com o ambiente natural
e sob os cuidados de um educador discreto.
O mestre, com efeito, não deve ensinar ninguém de modo direto, mas limitar-se a facilitar o
desenvolvimento espontâneo do aluno. Assim, estimulando a instintiva curiosidade em relação aos
fenômenos naturais, o educador conseguirá transmitir o pensamento científico sem destruir a natural
bondade do jovem, que progredirá, inclusive sob o ponto de vista ético, simplesmente refletindo sobre as
próprias experiências.
Para Rousseau tudo é bom quando sai das mãos do Autor das coisas, tudo degenera nas mãos do
homem:
- a civilização torna o mundo artificial, corrompe o ambiente natural, altera o equilíbrio ecológico;
- a pressão social manipula a mente do indivíduo desde o nascimento;
- todas as cognições nascem da relação com o ambiente.
Logo, é a educação que forma as mentes. Por isso há três espécies de professores:
1. A natureza, que educa os sentidos;
2. O ensino, que educa a mente
3. A experiência, que educa o comportamento.
E também três momentos educativos:
1. Decadência moral: a história não produziu progresso, mas sim regresso do gênero humano,
particularmente do ponto de vista ético.
A 1ª. Etapa dessa decadência moral foi produzida pela introdução da propriedade privada com o
consequente nascimento da inveja, do furto, da política e das revoluções; a 2ª. Etapa foi a da invenção da
magistratura; a 3ª. , a transformação do poder soberano legítimo em uma atitude autoritária.
2. Bom selvagem: para Rousseau, o homem natural, ou seja, o indivíduo hipotético que vive isolado
no estado da natureza – é superior ao civilizado do ponto de vista ético. O que o torna melhor é o perfeito
equilíbrio que mantém com a natureza e o ambiente, além da falta de todas as outras necessidades
supérfluas que angustiam o homem moderno. Posto que um tal selvagem desejaria somente as coisas que
conhece, não poderia ser infeliz e não conheceria os vícios produzidos pela decadência moral da
sociedade. Como exemplos do mito do bom selvagem temos a história de Tarzan e Mogli.
3. Educação negativa:
É a ideia guia da pedagogia de Rousseau, segundo a qual se aprende somente por si mesmo. O educador,
portanto, não deve transmitir nenhum saber, mas....
1) evitar que o aluno entre em contato com as perniciosas influências morais da sociedade humana;
2) satisfazer sistematicamente a sua natural curiosidade em qualquer âmbito;
3) predispor situações de vida adequadas a favorecer o seu crescimento espontâneo.
John Henrich Pestalozzi (1746-1827) – Nascido em Zurique, filho de um pastor protestante de
origem italiana.
Foi influenciado – fase juvenil – pelo pensamento de Rousseau e por alguns aspectos do movimento
romântico.
No centro do pensamento pedagógico de Pestalozzi colocam-se três teorias:
1ª. A da educação como processo que deve seguir a natureza, retomada de Rousseau, segundo a qual o
homem é bom e deve ser apenas assistido no seu desenvolvimento, de modo a liberar todas as suas
capacidades morais e intelectuais. Para tanto a educação deve desenvolver harmonicamente. Segundo
Pestalozzi – como também para Rousseau – a criança já tem em si todas as faculdades da natureza
humana: ela é como um botão que ainda não se abriu, mas quando se abre cada pétala se expande e
nenhuma permanece no seu interior e assim deve ser o processo da educação.
2ª. A da formação espiritual do homem como unidade de coração, mente e mão (arte) que deve ser
desenvolvida por meio da educação moral, intelectual e profissional; a formação do homem é um processo
complexo que se efetua em torno da “observação intuitiva da natureza”.
3ª. A da instrução , no ensino, é necessário sempre partir da intuição, do contato direto com as diversas
experiências que cada aluno deve concretamente realizar no próprio meio. Partindo da intuição, Pestalozzi
desenvolve uma educação elementar que parte dos elementos da realidade, tanto no ensino linguístico
como no matemático, analisando-os segundo o número, a forma e a linguagem. Essa didática intuição
segue as próprias leis da psicologia, a infantil em particular que procede gradativamente da intuição de
simples objetos para a sua denominação e desta para a determinação das propriedades, isto é, a capacidade
da sua descrição e desta para a capacidade de formar-se um conceito claro, isto é, defini-los.
Friedrich Fröbel (1782-1852) - É o pedagogo do romantismo. O mundo inteiro para ele é a
imagem sensível do devir ( está sendo) do espírito humano.
Na sua concepção, as ideias de Rousseau e Pestalozzi nascem para uma nova vida.
Quanto à concepção da infância, Fröbel parte de um pressuposto religioso, que vê Deus imanentemente
presente e coincidente com a natureza, mas também transcendente a ela como sua unidade e seu centro
motor. Com base em tal pressuposto – que ele define como “cristão” – a natureza é sempre boa e o é
enquanto partícipe da obra divina. E o é de maneira mais nítida quando se subtrai às manifestações da
sociedade, quando é mais genuína e espontânea, como na criança. Se na infância está depositada a voz de
Deus, a educação deve apenas deixá-la se desenvolver, agindo de modo que se reconheça como “o divino,
o espiritual, o eterno”, por meio de uma comunicação profunda com a natureza e a constituição de uma
harmonia entre o eu e o mundo. É necessário, portanto, reforçar na criança a sua capacidade criativa, a sua
vontade de mergulhar no mundo – natureza, de conhecê-lo, dominá-lo, participando da sua atividade
criativa como o sentimento e pela arte (com cores, ritmos,sons, figuras etc).
Os jardins de infância para Fröbel são locais, não só de recolhimento de crianças(abrigos), mas também
espaços aparelhados para o jogo e o trabalho infantil, para atividades de grupo(canto), organizados por
uma professora especializada que orienta as atividades, sem que estas jamais assumam uma forma
orgânica e programática, como ocorre nas escolas tradicionais. No jardim, é a “intuição das coisas”que é
colocada no centro da atividade, é o jogo que predomina. No jardim existem canteiros e áreas verdes, de
modo a estimular as mais variadas atividades na criança, sob a orientação do educador.
Olvide Decroly (1871-1932). Médico belga. Chegou aos problemas educativos partindo da
pedagogia diferencial (dos deficientes) da qual se tinha ocupado desde 1901. Estendeu depois esses
métodos educativos também aos rapazes “normais”.
Como psicólogo, interessado numa elaboração “quantitativa” da pedagogia, Decroly estudou
longamente a psique infantil, partindo justamente dos anormais, que ele considerava muito interessante
para a educação, em vista não só de sua recuperação através de um ensino “acurado” e “prolongado”, mas
também conhecer melhor “a criança em geral”. Conhecendo melhor a criança, será possível de fato iniciar
em educação aquele processo de individualização (que é totalmente estranho à escola tradicional, sempre
uniforme demais nos programas e verbalista no ensino) capaz de respeitar tanto as épocas de
amadurecimento das várias crianças quanto os comportamentos afetivo-cognitivos típicos da mente
infantil.
A característica dominante da psique da criança, e que se manifesta em toda a sua atividade é a
“globalização”. Por isso toda atividade educativa deve partir do concreto para o abstrato, do simples para
o complexo, do conhecido para o desconhecido, e, portanto, todo processo de simbolização deve ser
aprendido através de um contato prolongado com a realidade e com seus dados empíricos. Também
devem ser desenvolvidos os assuntos que se referem à relação da criança com os outros homens (família,
cidade, Estado, pátria e humanidade) e com a natureza (animais, plantas, solo, sol, astros). Assim, “a
criança não só adquirirá noção sob a forma mais concreta, mas a relacionará às outras noções que já
possui”.
Para Decroly os processos de aprendizagem se desenvolve em três momentos fundamentais:
- a observação: que é o ponto de partida de todo conhecimento, cujo lema deve ser “poucas palavras,
muitos fatos”.
- a associação: que organiza, embora de forma elementar, o ambiente que a criança observou na
direção do espaço e do tempo, dando lugar aos conhecimentos fundamentais da geografia e da história.
- a expressão: que pode ser concreta ou abstrata: a primeira refere-se aos trabalhos manuais, à
modelagem e ao desenho: a segunda, à linguagem, ou seja, à leitura e a escrita.
O “método global” de Decroly consiste em associar a imagens escritas das coisas às próprias coisas:
facilitar a decomposição das palavras para ajudar o reconhecimento das imagens da linguagem escrita.
Não se deve partir das letras para passar às sílabas, depois às palavras e à frase, mas realizar o processo
inverso. A criança, primeiro conhece as coisas, depois compreende as frases e, enfim, isola as palavras.
O ensino da leitura deve ocorrer através de jogos educativos que servem para tornar ativo e agradável
o esforço de apoderar-se dos símbolos alfabéticos e da linguagem escrita.
Maria de Montessori (1870-1952). Nascida em Chearavalle (Ancona), formou-se em Roma, onde
se diplomou em medicina, dedicando-se depois ao tratamento de crianças portadoras de necessidades
especiais
Na base do “método Montessori” está um estudo experimental da natureza da criança que dá ênfase, em
particular, às atividades senso-motoras da criança, que devem ser desenvolvidas, seja por meio de
exercícios de vida prática (vestir-se, lavar-se, comer etc), seja por meio de um material didático
cientificamente organizado (encaixes sólidos, blocos geométricos, materiais para o exercício do tato, do
senso cromático, do ouvido etc). Além da atividade de organizadora de escolas para a infância e de
promotora de uma renovação dos métodos ortofrênios (destinados à reeducação de portadores de
necessidades especiais).
Fez também uma reflexão mais geral sobre a educação que se desenvolveu em torno dos princípios da
“liberação da criança”, do papel formativo do ambiente e da “concepção da mente infantil como mente
absorvente”. A criança deve desenvolver livremente suas próprias atividades para amadurecer todas as
suas capacidades e atingir também um comportamento responsável, mas tal liberdade para Montessori,
não deve ser confundida com espontaneísmo.
A “liberação” é o crescimento rico e harmonioso, desenvolvimento da pessoa e, portanto deve ocorrer
sob a direção atenta, embora não coercitiva, do adulto, que deve estar cientificamente consciente das
necessidades das crianças e dos obstáculos que se interpõem à sua liberação. Assim, o papel do ambiente,
embora fundamental é indubitavelmente secundário nos processos de crescimento e de aprendizagem.
Todavia, a sua importância permanece central e é, portanto, oportuno que ele seja “adaptado” à criança,
reorganizado segundo as suas exigências físicas e psíquicas. O próprio equipamento escolar deve ser
projetado sob medida para a criança, de modo que ela possa diretamente manejá-lo e movê-lo,
compreendendo também aqueles materiais por meio dos quais se efetua a autoeducação da criança,
embora sob a vigilância atenta, mas não opressiva, do professor.
Segundo Montessori, de fato, a criança deve agir por si e receber estímulos e solicitações, sobretudo do
ambiente e não diretamente do adulto. A “mente absorvente”, dotada de um extraordinário poder de
assimilação, muitas vezes inconscientes, e também de participação-comunicação, que se manifesta na
“imaginação criativa”, no prazer das narrativas, no apego às pessoas, no jogo.
Sob a criança inquieta e egoísta encontra-se outro aspecto mais profundo, uma outra natureza, primitiva
e normal, que deve ser valorizada na educação para formar homens melhores.
John Dewey - Nasceu em Burlington, Vermont (EUA) em 1859.Foi o maior pedagogo de século
XX.
Sua filosofia articula-se em torno de uma “teoria da experiência”, vista como o âmbito do intercâmbio
entre sujeito e natureza, intercâmbio ativo, que transforma ambos os fatores e que permanece
constantemente aberto, já que caracterizado por uma crise, por um desequilíbrio sobre o qual intervém o
pensamento como meio de reconstrução de um equilíbrio (novo e mais orgânico), mas submetido por sua
vez a novas crises e a novas buscas de ulterior equilíbrio. Se a natureza é dada na experiência, esta
introduz na natureza o princípio da integração racional, que justamente na ciência moderna encontra sua
mais articulada expressão.
O pensamento pedagógico de Dewey está profundamente entrelaçado com a elaboração da sua filosofia
da qual extrai os conceitos fundamentais e caracterizado, como ocorre com a própria filosofia, por um
desenvolvimento constante para perspectivas cada vez mais amplas e orgânicas, mas também capazes
muitas vezes de rever e ampliar as posições atingidas.
Em geral, a pedagogia de Dewey caracteriza-se:
1. Como inspirada no pragmatismo e, portanto, num permanente contato entre o momento teórico e o
prático, de modo tal que o “fazer” do educando se torne o momento central da aprendizagem.
2. Como entrelaçada intimamente com as pesquisas das ciências experimentais, às quais a educação
deve recorrer para definir corretamente seus próprios problemas e em particular à psicologia e à sociologia
3. Como empenhada em construir uma filosofia da educação que assume um papel importante também
no campo social e político, enquanto a ela é delegado o desenvolvimento democrático da sociedade e a
formação de um cidadão dotado de uma mentalidade moderna, científica e aberta à colaboração.
Ele acredita que de fato, a escola não deve apenas adequar-se as transformações ocorridas no âmbito
do social, mas deve promover na sociedade um incremento progressivo de democracia, isto é, de
capacidade por parte dos indivíduos de participar como protagonistas da vida social e de inserir-se nela,
com uma mentalidade capaz de dialogar com os outros e de colaborar em objetivos comuns, livremente
escolhidos.
Dewey destaca também a valorização da “vida da criança” no âmbito escolar, isto é, de seus reais
interesses e da sua necessidade de atividade. Para tanto as crianças deverão encontrar um espaço adequado
aos quatro interesses fundamentais:
- para a conversação ou comunicação;
- para a pesquisa ou descoberta das coisas;
- para fabricação ou construção das coisas;
- para expressão artística, e todo o trabalho deverá ser renovado à luz dessa “revolução copérnica”,
introduzindo ao lado dos laboratórios, espaços para a criação artística e para o jogo.
À escola, portanto, é confiado o papel de transformar até politicamente a face da sociedade, de torná-la
cada vez menos repressiva e autoritária e de desenvolver os momentos de participação e colaboração.
Nesse processo o professor é um guia que organiza e regula os processos de pesquisa da classe, um
animador das várias atividades escolares.
O docente não está na escola para impor certas ideias à criança ou para formar nela certos hábitos, mas
está ali como membro da comunidade para selecionar as influências que agirão sobre a criança e para
ajudá-la a reagir convenientemente a essas influências.
A escola projetada por Dewey apresenta características profundamente democráticas não só no âmbito
didático, mas também no âmbito de organização administrativa. Nela, o corpo docente é chamado a
participar, diretamente ou através de representantes democraticamente eleitos, da formação das metas
diretivas, dos métodos e dos materiais da escola da qual faz parte. A democracia, segundo Dewey,deve
atuar em todos os níveis, não só no político, mas em particular no nível da vida cotidiana, e é tarefa da
escola adestrar os jovens para esse tipo de comportamento pela organização genuinamente democrática
que ela deve realizar no seu próprio interior.
Jean Piaget(1896-1980) – Foi o teórico da epistemologia genética(um setor da psicologia que estuda
as estruturas lógicas da mente e os processos cognitivos através dos quais elas amadurecem, entrelaçando
epistemologia e psicologia evolutiva).
Segundo Piaget, a mente infantil é caracterizada por uma inteligência, que parte de comportamentos
animistas e subjetivistas, mas descobre e se adapta, gradativamente, à objetividade e a um uso formal cada
vez mais abstrato dos conceitos lógicos, regulando o próprio processo de desenvolvimento através dos
princípios biológicos da “assimilação” e da “acomodação”, que ligam estreitamente a mente infantil ao
ambiente.
O pensamento infantil divide-se em quatro fases (ou estágios)
1. a fase senso-motora:(0-3 anos), caracterizada pelo pensamento egocêntrico e pela indistinção entre
o sujeito e as coisas, pela ausência de causalidade e pela ignorância do futuro, na qual, através da ação, a
criança começa a colher as primeiras e elementares relações formais entre as coisas(desmontando e
remontando objetos, por exemplo);
2. a fase intuitiva(3-7 anos), na qual a criança distingue entre si e o mundo(e vice-versa), mas dá do
mundo explicações animistas, assim como pensa de modo egocêntrico, sem reconhecer os outros;
3. a fase operatório-concreta:(7-11 anos), em que o pensamento interage com as coisas, supera o
egocentrismo e a linguagem se dispõe ao reconhecimento de regras e de relações formais entre as coisas;
4. a fase hipotético-dedutiva:(11-14 anos), em que o pensamento se faz adulto, fixa o valor do
símbolo e se torna abstrato, definindo as relações formais que regulam a atividade do próprio
pensamento(categorias lógicas) e o tornam capaz de elaborar hipóteses e de proceder por via dedutiva.
Para Piaget, a pedagogia contemporânea deve uma nova concepção da mente infantil e a
individualização das suas estruturas cognitivas (bem menos ou quase nada das afetivas), elementos
necessários para impostar uma educação do pensamento que leve em conta, no trabalho didático, as
efetivas capacidades, linguísticas e lógicas, da criança.
Vygotski(1896-1934), psicólogo soviético, influenciado pelo pensamento revolucionário(pela
pesquisa para a edificação do homem novo), estudou tanto os problemas dos portadores de necessidades
especiais quanto os da aprendizagem escolar, sublinhando a centralidade da criatividade e da superação
das condições dadas pelo desenvolvimento mental da criança. Ele afirma que o jogo estimula a invenção
e a imaginação além de adestrar para o respeito das regras.
Para Vygotski, a mente infantil é sem dúvida lógica, mas antes ainda, inventiva e imaginativa. Ele
afirma que o pensamento verbal não é inato, mas “é determinado por um processo histórico natural” e
pertence à área da psicologia social.
Vygotski reconhece muito mais que Piaget um papel ativo ao ensino no desenvolvimento da mente e
reclama um tipo de ensino mais consciente dessa sua finalidade produtiva de novas capacidades e de
“mais altos níveis de desenvolvimento”. A aprendizagem vem assumir um papel mais central na reflexão
de Vygotski e a escola ocupa uma função crucial no desenvolvimento cognitivo da criança.
Jerome Seymour Bruner(1915) – Um psicopedagogo americano, professor em Harvard e atento
estudioso dos processos cognitivos, influenciado por Piaget e por toda psicologia cognitiva americana.
Para ele ação, imaginação e linguagem simbólica devem ser as três trajetórias do ensino nos diversos
estágios do desenvolvimento infantil. E a escola deve organizar-se segundo uma “teoria da instrução” que
tenha conta da “progressão da aprendizagem”, que se estruture em torno do princípio de “reforço”(através
de procedimentos capazes de tornar autocorretiva a aprendizagem), que estimule a “vontade de aprender”,
através da curiosidade e a valorização da competência e através dos intercâmbios recíprocos entre os
membros ativos na comunidade de aprendizagem. Sobre tais bases deve ser construído o “programa” e a
avaliação da sua assimilação por parte dos estudantes.
O estruturalismo psicopedagógico de Bruner produziu uma série de aprofundamentos no âmbito da
pedagogia cognitiva:
- o papel fundamental do simbólico e a sua variedade de formas;
- as implicações escolar-instrutivas dessas descobertas cognitivas;
- a necessidade de operar uma radical transformação da didática, reformulando-a justamente em
termos estruturais;
- a possibilidade de traduzir qualquer idéia de qualquer idade escolar.
Paulo Freire(1921-1997) – Se formou em Direito, mas descobriu sua vocação de educador. Porém
um educador para a liberdade.
Para Freire a educação é um ato político que reeduca todos os sujeitos envolvidos. É mais que
transmissão de conteúdos. Envolve postura e atitude do mundo e do outro.
A pedagogia freireana é uma pedagogia radical, que propõe subverter a ordem social vigente em todos
os seus níveis: pessoal, micro e macroestrutural.
Serve para qualquer lugar do mundo, onde existam oprimidos e opressores.
Para Paulo Freire, sua teoria da ação dialógica pressupõe dois momentos fundamentais: o
reconhecimento da desumanização e o engajamento em um processo de humanização. Porém a maioria
das pessoas prefere levar uma vida medíocre porque não quer correr riscos.
A construção do novo exige ousadia, criatividade. Exige romper com práticas e costumes cristalizados.
Talvez o principal dos princípios pedagógicos de Freire é a “dialogicidade” porque para ele o diálogo é
a matriz da democracia. O segundo é o trabalho coletivo e o respeito ao conhecimento de-experiência-
feito: ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, as pessoas se educam entre si, mediatizadas
pelo mundo. “Podemos acrescentar: a ética, a tolerância, a política, a esperança, a indignação e a
autonomia. Todos esses princípios constituem tijolos na construção do protagonismo e da emancipação
popular e não podem ser pensados isoladamente, mas de forma integrada e totalizante.
Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869) – Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdon
(Suíça), tornou-se um dos seus discípulos mais eminentes e um dos mais zelosos propagadores do seu
sistema de educação, que exerceu uma grande influência sobre a reforma dos estudos na Alemanha e na
França.
De 1835 a 1840, fundou em seu domicílio, cursos gratuitos, onde ensinava química, física, anatomia
comparada, astronomia etc.
Preocupado em tornar atraentes e interessantes os sistemas de educação, inventou ao mesmo tempo, um
método engenhoso para aprender a contar e um quadro mnemônico da história da França.
De 1828 a 1849 publicou muitas obras para facilitar a compreensão dos conteúdos de diversas
disciplinas.
Rivail dizia que os meios próprios para se educar a juventude são uma ciência bem distinta, que se
deveria estudar para ser educador, como se estuda a medicina para ser médico.
Tanto em Pestalozzi quanto em Rivail, espalham-se as concepções: assim como o sujeito-educador
deve usar os recursos empíricos, filosóficos, mas também os afetivos, religiosos e éticos. Também o
sujeito-educando deve ser visto e formado, integralmente:”a medida da educação consiste no
desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais.
Posteriormente, Rivail passou a denominar-se Allan Kardec, conhecido como o Codificador da
Doutrina Espírita.
Eurípedes Barsanulfo(1880-1918) – Foi através dele que tivemos a primeira experiência de
Pedagogia Espírita no Brasil, na cidade de Sacramento-MG.
O Colégio Allan Kardec prosperou em alunos e se tornou célebre em toda a região – um verdadeiro
“milagre” ante os preconceitos da época.
Eurípedes estabeleceu as classes mistas (o que era raro para a época -1907).
Castigos e recompensas eram abolidos, seguia plenamente a linha de Rousseau e Pestalozzi. Havia uma
relação afetuosa entre professores e alunos, restringindo-se as correções a advertências amistosas.
Se não havia punições também não havia recompensas.
A avaliação era contínua, os professores sabiam da capacidade, da assiduidade, do conhecimento de
cada um. Havia boletins mensais, mas com conceitos, para acompanhar o aproveitamento do aluno. No
final do ano eram feitos os exames gerais que não tinham efeitos de retenção ou aprovação. Os alunos
mudavam de um período para o outro de acordo com a observação dos professores.
Nos exames finais, os pais e amigos eram convidados a participar. Promovia-se uma discussão ampla
com os alunos sobre os temas estudados durante o ano e a própria assistência participava com perguntas e
apartes.
Era apresentada uma peça de teatro, pelos alunos que representava o resultado de sucessivos debates
durante o ano.
Eurípedes desenvolvia a eloquência e a argumentação lógica, convocando os alunos a debates
semanais, em que cada qual devia propor questões ao outro, para desafiar a réplica. A racionalidade dos
argumentos era altamente enfatizada.
Era sumamente analítico e exigia, nos seus contatos com seus alunos, sempre o porquê de tudo.
O objetivo de Eurípedes não era dar a seus alunos a ciência, mas ensiná-los a adquiri-la, quando
necessário, de fazê-la, estimá-la no que ela vale e fazê-los amar a verdade acima de tudo.
Parte das aulas eram expositivas, em forma de explicações, mas em todos os setores, convocava-se a
ação do aluno. Para aula de ciências, dissecação de animais, para aula de astronomia, observação dos
astros. Para desenvolver o corpo, ginásticas diárias, exercícios respiratórios, aulas-passeio, para
desenvolver a alma, a prática da fraternidade e da oração. Para apurar a inteligência, exercício de
racionalidade, observação atenta da natureza, reflexão crítica.
A questão da educação moral dos alunos de Eurípedes é determinante em seu programa pedagógico.
Tornara-se ele o centro de um vasto trabalho de ajuda à comunidade.
Tomás Novelino(1901-2000) – Nascido em Delfinópolis-MG. Foi um homem ativo e polivalente.
Médico cirurgião, médico homeopata, astrônomo amador, construtor, fundador e diretor de escolas,
jardineiro de rosas e orquídeas, fabricante de sapatos para exportação, orador eloquente e, acima de tudo,
educador.
Direcionou todos os seus talentos para a causa da educação espírita, juntamente com a esposa.
Fundou o Educandário Pestalozzi, na cidade de Franca, tendo como objetivo abrigar crianças de todos
os credos, sob a bandeira da tolerância e da fraternidade.
As diferenças do Educandário Pestalozzi se focalizam nas áreas de estudo mais amplas (música, cursos
profissionalizantes etc), consolidando uma proposta de educação integral; envolvimento afetivo com as
crianças, fundamento da própria pedagogia pestalozziana; aulas optativas de Espiritismo e os passes
diários (imposição de mãos e oração para transmissão de energia) dadas pelo próprio Dr. Tomás e seus
colaboradores.
Ney Lobo(1919) – Continua militando pela Pedagogia Espírita, escrevendo e dando cursos pelo
Brasil.
Ney Lobo nasceu em Curitiba, em 1919, fez carreira militar, formou-se em Letras em 1936. Licenciou-
se depois em Filosofia em l964.
Como Pestalozzi, Lobo não partiu da teoria para a prática, mas extraiu a teoria da prática. Primeiro
experimentou, atuou, criou métodos e depois expôs tudo em suas obras escritas, sobretudo nos cinco
volumes de Filosofia Espírita da Educação.
No Instituto Lins de Vasconcellos (Curitiba), onde atuou como diretor, a atividade dos alunos era
garantida de todas as maneiras e com os mais diversos objetivos pedagógicos. Nas séries iniciais(1ª. a 4ª.
séries) as crianças aprendiam a vida da comunidade adulta, vivenciando-a concretamente, de maneira
lúdica, mas com seriedade de uma verdadeira comunidade, orientadas para isso pelos educadores
responsáveis.
Em todas as áreas foram abolidas as aulas tradicionais. Em vez de aulas, foram estabelecidas “sessões
de trabalho”, nas quais havia sempre um trabalho individual (TI) e um trabalho coletivo (TC), não
deixando, porém, de atender as carências e aptidões de cada educando,pois estará a individualização
promovendo, com mais sucesso, a evolução do Espírito de cada um...
Ainda em consonância com o princípio da cooperação desaparecem as provas periódicas e os exames
finais. A avaliação era contínua, através de trabalhos individuais e coletivos.
A proposta de avaliação no Instituto era a seguinte: “o educador avaliaria o educando não o
comparando com os demais, mas comparando com ele mesmo em duas épocas diferentes(auto-superação).
Nessa proposta cabe ao educador avaliar, mas cabe ao educando auto-superar-se. O processo educativo
se torna uma parceria fraterna entre educador – educando e educando – educando.
Na escola espírita, todos os funcionários e artífices que nela trabalham são considerados como tendo
encargos educativos a cumprir junto aos alunos nos seus contatos eventuais.
Por outro lado, todos(diretores, professores, funcionários e trabalhadores) são considerados educandos,
de conformidade com os princípios da doutrina espírita. Além disso, o diretor é instituído como educando
nº 1, como o mais necessitado de educação (autoeducação) face aos seus encargos da mais alta
responsabilidade.
Sendo assim o objetivo deve ser sempre educativo, para despertar um sentido de autodisciplina. Sendo
o educador também um educando, não lhe cabe o direito de punir, porque a educação não é um ato de
força e coerção. Nesse sentido Ney Lobo abole, terminantemente, punições e recompensas no Instituto.
Entretanto, isso não significa que os educadores não devem ou não possam contribuir para que o
educando atinja níveis de comportamento mais nobres, dignos e virtuosos, vencendo e evitando
conscientemente atitudes anti-éticas e anti-sociais. Para isto, Ney Lobo propõe o princípio da reparação. O
aluno reconheceria a falta cometida e consertaria o dano causado.
Isto quer dizer que o educador precisa saber como despertar a vontade e a consciência moral no
educando. É justamente o vínculo afetivo entre educando e educador, e a autoridade moral deste, que
garantem o desabrochar de uma “vontade do bem”.
Ney Lobo compreende que o ato moral, para ser válido e aperfeiçoar de fato aquele que o pratica, deve
ser necessariamente voluntário. Para que um ser humano possa influenciar o outro é necessário amá-lo e
ser ele mesmo um modelo contagiante de elevação moral.
Para que essa proposta tenha o sucesso esperado Lobo enfatiza a necessidade de autoeducação do
educador.
José Herculano Pires (1914-1979) – Foi jornalista profissional, filósofo por formação e
vocação(licenciou-se em Filosofia pela USP em 1957), professor universitário(ensinou Filosofia da
Educação na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara), conferencista, poeta, romancista
premiado e autor de um novo gênero literário “ficção científica paranormal”.
Para Herculano Pires, “a criança é o ser que se projetou na existência, disparado como um projétil que
deve transpassá-la do começo ao fim, furando a barreira da morte para atingir a transcendência. Vem ao
mundo com a sua maleta invisível, carregada de suas aquisições anteriores em vidas sucessivas.”
E por isso mesmo que encarada numa perspectiva espírita, a Educação nos apresenta dois aspectos
fundamentais: o processo de integração das novas gerações na sociedade e na cultura do tempo, mas
também o processo de desenvolvimento das potencialidades do ser na existência, com vistas ao seu
destino transcendente.
A experiência espírita mostra que o problema das novas dimensões da educando não se resume às
faculdades individuais. Há um problema de relações extra-sensoriais e de comunicação a ser enfrentado.
Assim sendo, a individualização do processo pedagógico indica que cada ato educativo é único,
porque único é o educando. Podem-se propor princípios e metodologias gerais, com metas pedagógicas
gerais ou específicas, mas cada educando tem de ser visto em sua herança do passado e sua proposta
existencial para o presente – traduzindo-se tudo isso em forma de ideias e potencialidades, virtudes e
tendências inatas e ao mesmo tempo em intuições e percepções... O educador deve observar e intuir para
orientar e estimular, no sentido do educando tomar plena posse de si mesmo.

Conclusão

Concluindo essa pesquisa temos o princípio da Educação – Nada muda se Eu não mudar – leva o
indivíduo a perceber as suas ações e não a cobrar ações do outro.
Mudanças de hábitos, postura coletiva, respeito ao outro, atitudes educativas em todos os setores da
sociedade, partindo sempre do princípio de que tenho meus direitos, mas acima de tudo tenho meus
deveres, fará com que a Educação alcance grupos sociais sem discriminação.

Bibliografia
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. 1ª. edição. São Paulo, UNESP,1999.
INCONTRI, Dora. Pedagogia Espírita, um projeto brasileiro e suas raízes. 2ª. edição. Bragança Paulista,
SP. Comenius, 2006.

PIRES, José Herculano.Curso Dinâmico de Espiritismo, O grande Desconhecido.1ª. edição. São Paulo
Paideia,1979.

KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 7ª. edição. Araras, SP. Instituto de Difusão Espírita,1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 13ª. edição. Paz e Terra, 1983

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