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REGINA CÉLIA GONÇALVES DE SOUZA

FISIOTERAPIA APLICADA NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA


EM GESTANTES:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Cuiabá

2020
regina célia gonçalves de souza

FISIOTERAPIA APLICADA NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA


EM GESTANTES:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Projeto apresentado ao Curso de Fisioterapia


da Instituição Universidade de Cuiabá UNIC.
Como requisito parcial para a obtenção do
título de graduação em Fisioterapia.

Orientador: Ludmilla de Oliveira

Cuiabá
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................9

2.1 GESTAÇÃO E INCONTINÊNCIA URINÁRIA

2.2 ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DA IUE

2.3 BENEFICIOS DA FISIOTERAPIA NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA

3 METODOLOGIA......................................................................................................16

4 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO...........................................................17

5 REFERÊNCIAS........................................................................................................19
1 INTRODUÇÃO

Comumente é fácil de entender que a Incontinência Urinária (IU) é a perda


involuntária de urina. Este sintoma já é considerado como um problema de saúde
pública, por ocasionar sérias implicações médicas, físicas, sociais, psicológicas, até
mesmo econômicas para o indivíduo.
Diante da vasta literatura sobre o tema identificou-se três definições para IU:
1) é a perda involuntária de urina pela uretra, devido ao aumento da pressão
abdominal, na ausência de contração do detrusor, acarretando problemas sociais à
paciente (JÚNIOR e RODRIGUES, 1999).
2) é uma disfunção do trato urinário inferior, podendo acontecer quando há
alteração no processo fisiológico da micção ou nas estruturas envolvidas no suporte
e na sustentação dos órgãos responsáveis pela micção (MARQUES, et. al. 2011).
3) é uma perda involuntária de urina, objetivamente demonstrável, que
ocasiona um problema social ou higiênico a mulher (MORENO, 2009).
A incontinência urinária (IU) pode ser classificada de acordo com seus
sintomas, em três tipos mais comuns: Incontinência urinária de esforço (IUE),
Incontinência urinária de urgência (IUU), Incontinência urinária mista (IUM). Essa é
uma afecção que atinge boa parte da população feminina e, considerando o relato
de Polden e Mantle (2002), a incontinência urinária é um sinal e um sintoma, não
uma doença.
Na gestação como há constantes transformações, que estão relacionadas
com alterações funcionais da bexiga e/ou uretra, é comum encontrar mulheres com
esse problema e de acordo com a Sociedade Internacional de Continência (ISC)
69% das mulheres apresentam Incontinência Urinária (IU) na gravidez, que persiste
até o pós-parto imediato ou tardio que leva ao comum quadro de Incontinência
Urinária de Esforço (IUE).
A abordagem desta pesquisa é entorno do papel que a fisioterapia possui
nesses casos de incontinência na gravidez, evidenciando o trabalho preventivo e o
tratamento desse distúrbio. Moreno (2004) descreveu que em 1992, a Sociedade
Internacional de Continência (SIC) tornou válidas as técnicas de reabilitação
fisioterapêutica do assoalho pélvico para o tratamento de distúrbios perineais, e,
estabelecendo dessa forma o reconhecimento e a valorização destes
procedimentos, o que a partir de então gerou crescimento do seu uso.
7

Valancogne (2001) afirma que o fisioterapeuta pode atuar em todos os níveis


de prevenção sobre os sintomas urinários, desde informar e sensibilizar a população
até reduzir as consequências funcionais dos distúrbios instalados através dos
exercícios perineais.
Observando tudo isso, tem-se claro que a incontinência urinária se tornou um
problema em relação à saúde da mulher, principalmente na gravidez onde as
mudanças são constantes e os cuidados redobrados, então verifica-se a
necessidade de orientação prevenção e nos casos já instalados (e graves) o
tratamento, tendo em vista a importância da fisioterapia, atuando de uma forma não
invasiva, segura e confortável para a mulher.
Um dos métodos de prevenção/tratamento é a fisioterapia para o treinamento
do assoalho pélvico (exercícios com movimentos voluntários repetidos) que
promoverão aumento da força muscular, seus efeitos benéficos incluirão;
desenvolvimento muscular, restauração ou manutenção da força e da resistência,
mobilidade, flexibilidade, coordenação e habilidade de relaxamento muscular,
através dos movimentos.
Esta pesquisa foi realizada através da revisão da leitura de artigos, nas
plataformas online Pedro, Pubmed, Medline e Scielo publicados entre os anos de
2000 a 2019. Foram incluídos os trabalhos publicados nas línguas: portuguesa e
inglesa. Os artigos foram traduzidos utilizando o Google Tradutor. Na busca pelas
publicações foram utilizadas as seguintes categorias de descritores: “Incontinência
urinária na gravidez”, “Incontinência urinária de esforço”, “Incontinência urinária de
urgência”,
“Incontinência urinária mista”, “papel da fisioterapia” e “Tratamento
fisioterapêutico para IU”. E foram filtradas pelos anos de sua publicação de 1990 ao
ano de 2017.
A pesquisa está dividida em três capítulos: o primeiro capítulo apresenta os
aspectos anatômicos do assoalho pélvico e suas alterações durante a gravidez. O
segundo capítulo conceitua a incontinência urinária e apresenta as características
dos principais tipos de IU presentes na gravidez.
E finalmente o terceiro capítulo apresenta uma revisão sobre como a IU afeta
a qualidade de vida da mulher no período gestacional e identifica a atuação da
fisioterapia e suas contribuições para prevenção, tratamento e orientações gerais
8

para promover a adequada assistência e minimizar os impactos negativos na


qualidade de vida dessas mulheres.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi de identificar na literatura a atuação da


fisioterapia na incontinência urinária no período gestacional. Para isso, trará as
técnicas mais utilizadas para tratamento e os métodos preventivos com intuito de
mostrar a importância de procurar um profissional da área, competente o bastante
para recomendar os exercícios específicos para o assoalho pélvico, o tipo de
exercício para cada paciente e mostrar as outras técnicas e os cuidados que a
gestante tem que adotar, e assim, contribuindo para sua prevenção, reabilitação e
melhoria da sua qualidade de vida.
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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 GESTAÇÃO E INCONTINÊNCIA URINÁRIA

A gestação e o parto estão intimamente relacionados com as estruturas


anatômicas e os componentes funcionais e fisiológicos da pelve feminina, e mais
especificamente com o assoalho pélvico (AP). O AP é o conjunto das partes moles
que fecham a pelve e suportam as vísceras na posição vertical. Estabiliza o tronco, o
sacro e o cóccix; preserva e/ou reduz o ângulo anorretal; serve de apoio ao reto
durante a evacuação; mantém a pressão responsável pelo fechamento da uretra e
do ânus durante as diferentes atividades como tosse, espirro e riso; tem maior força
de contração do que o músculo detrusor da bexiga durante a fase de
armazenamento e serve de suporte durante a gestação e o parto. Os músculos do
AP são compostos por fibras musculares estriadas esqueléticas do tipo I, de
contração lenta ou tônica (70%) e as demais, do tipo II, de contração rápida ou
fásica. (SILVA, 2012).

As fibras de contração lenta são responsáveis pela manutenção do tônus e


as de contração rápida, com baixa resistência, são as fibras musculares que mais
sofrem a ação da movimentação voluntária do AP, que promove hipertrofia,
potencializando sua função contrátil. Contrariamente aos músculos estriados em
outras áreas do corpo, os músculos do AP estão em constante estado de contração,
o que permite um posicionamento eficiente da junção uretrovesical. Nas mulheres, a
contração dos músculos do AP ocorre simultaneamente com o aumento na pressão
abdominal, como uma contração involuntária automática ou inconsciente. O corpo
perineal, localizado entre o introito vaginal e o esfíncter anal externo, é de grande
importância clínico-funcional, pois serve de suporte da região anorretal à pelve e da
vagina à fáscia pélvica; previne a expansão do hiato urogenital; funciona como
barreira fisiológica entre a vagina e o reto e preserva a continência urinária e fecal.

A gravidez normal promove modificações orgânicas funcionais cujos


mecanismos e interferências fisiológicas não estão bem estabelecidos: aumento do
10

peso corpóreo, distúrbios no metabolismo da água, perturbações vasculares,


alterações metabólicas, respiratórias e histológicas. As mudanças da gravidez são,
principalmente, resultados diretos da interação de quatro fatores: as mudanças
hormonais mediadas no colágeno e na musculatura involuntária; aumento do volume
total e do fluxo sanguíneo, principalmente para o útero e rins; crescimento do feto
resultando na consequente ampliação e deslocamento do útero e, finalmente,
aumento do peso e adaptações do centro de gravidade e postura corporais.

A principal modificação gestacional - o aumento de massa corporal - também


produz maiores forças internas e torques articulares como resultado de uma
alteração na localização do centro de massa corporal total, com a região da sínfise
púbica deslocando-se anteriormente aumentando a sobrecarga no períneo. O
aumento do índice de massa corpórea (IMC) durante a gestação, a multiparidade, o
tempo prolongado do segundo período do parto e a episiotomia, são fatores que
podem diminuir a função muscular do assoalho pélvico (FMAP).(PERNOLL;
BENSON, 2001).

Na gestação, a parede abdominal torna-se flácida pelo estiramento,


afastamento e diástase dos músculos reto e transverso abdominais, e dos oblíquos
interno e externo. A recuperação da tonicidade da musculatura da parede abdominal
no pós-parto ocorre lenta e, às vezes, imperfeitamente e que parece similar ao que
também ocorre com a musculatura do AP, como evidenciado por Barbosa et al.
(2005). Não apenas o estiramento do AP causado pela passagem do feto, mas a
embebição gravídica, a distensão da musculatura da parede abdominal causada
pelo útero gravídico, o peso do feto também distendendo a parede abdominal e o
AP, parecem alterar a musculatura do AP.

Na gestação, fatores hormonais e mecânicos favorecem o aumento dos


sintomas urinários e a incidência de perdas urinárias gestacionais, sendo mais
comum o aumento da frequência miccional, bem como a piora da urgência
miccional, da urge-incontinência e da incontinência urinária aos esforços (IUE)
prévios à gestação, que podem persistir em 50% das mulheres após o parto. Essas
e outras complicações podem ser prevenidas antes da mulher engravidar, na própria
gestação ou período do pós-parto evitando problemas urinários mais complexos na
11

idade madura, através de exercícios de contração perineal para o fortalecimento e


manutenção da musculatura perineal.

Assim, a gestação, o trabalho de parto e o parto promovem mudanças na


posição anatômica da pelve, na forma da musculatura pélvica, nas vísceras e no
períneo, e em especial, no trato urinário, podendo resultar em alteração na função,
manifestada pelo surgimento das perdas urinárias6 e IUE. Estudos demonstram que
a FMAP de primíparas diminuiu 4-6 meses após o parto, com aumento da
prevalência de DMAP dois anos após parto. A DMAP pode favorecer a ocorrência de
IU, distopias genitais e problemas com a sexualidade. Desde 2002, a IU é definida
pela Internacional Continence Society como qualquer perda urinária involuntária.
Este sintoma acomete milhares de mulheres em várias partes do mundo, e muitas
vezes são ignoradas pelos profissionais da saúde e mesmo pela mulher
incontinente, vista como um processo fisiológico natural. (OLIVEIRA; LOPES,
2006).

A IU feminina é uma condição estressante e limitante que pode acarretar


problemas sociais, sexuais, econômicos, profissionais e emocionais para a mulher.

IUE TIPO I: é quando ocorre a perda urinária discreta e ocasional, e que se


manifesta quando a paciente está de pé e faz muito esforço. IUE TIPO II: ocorre
quando existe a perda urinária moderada, quando a bexiga e uretra estão caídas,
ela se produz sistematicamente quando se faz um esforço de pé. IUE TIPO III: que
ocorre quando há a perda urinária severa por lesão na uretra. Nesta fase a bexiga e
a uretra podem estar no lugar, porém, perdem a capacidade de contrair,
permanecendo a uretra sempre aberta e a perda urinária ocorre em qualquer
situação de esforço.

Segundo Agostinho et al. (2005), a IUE acomete mais de 50% das mulheres,
sobretudo as mais jovens, sendo os sintomas agravados com decorrer do avanço da
idade e já é considerado um problema de Saúde Pública de acordo com os índices
elevados de incidência e prevalência e em decorrência dos custos que acarreta e do
comprometimento acentuado da qualidade de vida dessas mulheres.

Conforme Lima et al. (2007), os fatores de risco para a IUE vão desde a
gravidez, ao parto inadequado, a menopausa, a obesidade e cirurgias ginecológicas,
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como a histerectomia, sendo a gravidez e o parto os principais responsáveis por


essa afecção.

A incontinência urinária é um sintoma bastante prevalente na mulher, porém,


poucas procuram ajuda para solucionar o problema, devido à carência de
informação sobre possíveis tratamentos e por acreditarem ser um processo natural.
Evidências apontam que as mulheres incontinentes no período gestacional podem
apresentar redução na função muscular do assoalho pélvico no pós-parto, não
apenas favorecendo a ocorrência de incontinência urinária tardia, como também o
desenvolvimento de distopias genitais e distúrbios sexuais. Essas complicações
podem ser prevenidas antes, durante e depois da gestação através de intervenções
fisioterapêuticas, utilizando-se de exercícios para fortalecimento dos músculos do
assoalho pélvico, com o objetivo de prevenir os problemas urinários mais complexos
e suas morbidades.

4.2 ATUAÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NO TRATAMENTO DA IUE

Há poucos anos acreditava-se que o tratamento da incontinência urinária de


esforço era restritamente cirúrgico. Hoje já existem trabalhos que mostram
resultados diversos, nos quais foram observados que por meio da cirurgia a retirada
da parede vaginal posterior permitia que a mulher passasse a ter urgência em urinar.
Atualmente o tratamento é realizado de acordo com a classificação da incontinência,
ou seja, leve, moderada ou acentuada.

Neste último caso, certamente haverá cirurgia enquanto que na moderada e


na leve nem sempre a cirurgia será necessária. O objetivo da cirurgia é a
restauração da continência urinária, sem a criação da obstrução ao fluxo de urina.
Entretanto, o tratamento cirúrgico pode não ser efetivo em todos os casos,
ocorrendo recidiva dos sintomas antes de cinco anos. Martins et al. relatam ainda
que a cirurgia pode causar complicações como retenção urinária temporária e
infecção do trato urinário. Porém, nos casos em que a incontinência é considerada
severa, o tratamento com terapias conservadoras não apresenta resultados
satisfatórios, sendo recomendado o tratamento cirúrgico. Segundo Modotte et al. o
tratamento cirúrgico ficou restrito àquelas pacientes que não responderam ao
tratamento conservador.
13

A IUE vem sendo tratada de acordo com seu tipo. A fisioterapia poderá atuar
isoladamente ou associada ao tratamento cirúrgico ou farmacológico, sendo que em
qualquer situação, serão utilizados basicamente eletroestimulação e exercícios
perineais, através da cinesioterapia perineal; ou associado aos dispositivos
intravaginais, conhecidos como cones vaginais. (REZENDE; MONTENEGRO, 2003).

De acordo com Magaldi, Araújo e Pacetta ,a Organização Mundial da Saúde,


2000. recomenda que a incontinência urinária seja tratada primeiramente através da
fisioterapia. Apenas após três meses de intervenção fisioterapêutica, é que será
avaliada a necessidade de um tratamento cirúrgico ou farmacológico. Sendo
indicado o tratamento cirúrgico corretivo para incontinência urinária e prolapso dos
órgãos pélvicos, a fisioterapia de rotina pré e pós-cirúrgica melhora as condições
físicas e a qualidade de vida das mulheres submetidas à cirurgia.

O tratamento da incontinência urinária de esforço por eletroestimulação


compreende uma avaliação do desempenho muscular vaginal, através de um
perineômetro digital, que indica o grau de força da musculatura do assoalho pélvico
antes do início da eletroestimulação, e avaliações periódicas no decorrer das
sessões, medindo a evolução do quadro. O tipo de frequência utilizado é a
alternada, já que esta apresenta as seguintes vantagens em relação às outras
correntes: melhor aceitação, evita acomodação, atinge tecidos profundos, permite
maior intensidade de estímulo, estimula seletivamente as fibras musculares, melhora
a força e a resistência muscular, contribui para a reiteração local, evita super
estimulação de um só tipo de fibra e evita aquecimento local. Apesar dessas
vantagens, é preciso estar atento quanto ao seu uso, pois algumas pacientes
poderão relatar desconforto. O uso frequente prolongado pode causar fadiga e a
assepsia incorreta do eletrodo pode levar a infecções. (STEPHENSON; O’
CONNOR, 2004).

Os efeitos da eletroestimulação são: analgesia, inibição do detrusor, ganho de


força da musculatura estriada e melhora do controle voluntário. Para que ocorra
essa melhora do controle voluntário, a eletroestimulação segue um mecanismo onde
é realizada uma estimulação intravaginal ou intra-anal das fibras aferentes do nervo
pudendo. Este estímulo segue para as fibras eferentes do nervo hipogástrico
(sistema nervoso parassimpático) causando assim a inibição da bexiga.
14

A cinesioterapia tem sido muito aplicada na reabilitação da IUE. Os exercícios


no assoalho pélvico podem melhorar o quadro devido à fisiologia muscular dessa
região. Os músculos da região perineal são fisiologicamente iguais aos estriados
esqueléticos possuindo assim fibras lentas do tipo I e rápidas do tipo II. Trabalhando
as fibras do tipo II com sobrecarga, aumentasse o volume dessas fibras resultando
numa hipertrofia muscular, que tornará a pressão de fechamento uretral positiva,
promovendo continência urinária. A uretra é importante nesse mecanismo visto que
a sua musculatura estriada sobrepõe-se a lisa havendo uma somatória de suas
atividades. O esfíncter externo possui uma porção que é composta de fibras de
contração lenta e está em contato com a uretra e que em atividade permanente
mantém o tônus. A outra porção pertence ao músculo elevador do ânus e produz
contrações voluntárias das fibras tipo II.

A intervenção fisioterapêutica através de exercícios de fortalecimento de


assoalho pélvico reduz as chances da paciente sofrer incontinência urinária, mesmo
em parto do tipo fórceps, ventosas ou em caso em que o bebê é grande para a
idade gestacional. Bo e Morkved acreditam que o exercício seja uma das formas
mais eficazes de tratamento da IU. Para Modotte et al. devem ser realizados
exercícios monitorados que envolvem o fortalecimento da musculatura acessória e
do assoalho pélvico (glúteos máximo, médio e mínimo, obturador interno, piriforme,
pubococcígeo, íleococcígeo, coccígeo, ligamento largo, diafragma pélvico, reto
abdominal, oblíquos internos e externo, adutor e abdutor da coxa).

Os exercícios de Kegel também têm sido referência no tratamento da IUE.


Tratam de uma modalidade terapêutica que utiliza contrações voluntárias dos
músculos perineais trabalhados diariamente várias vezes ao dia. A propriocepção
desse grupo muscular é de fundamental importância para o resultado terapêutico. O
procedimento consiste em educar a paciente a utilizar a musculatura estriada do
assoalho pélvico adjacente à uretra para melhorar o controle da perda urinária
atuando principalmente nas fibras musculares estriadas do tipo II dos diafragmas
urogenital e pélvico. Realiza-se 10 contrações voluntárias da musculatura do
assoalho pélvico, mantidas pelo menos por três segundos, realizadas cinco vezes ao
dia, sendo que o número de contrações deverá ser aumentado em cinco por
semana. Carrière já relata que para que haja o re-treinamento dos músculos do
15

assoalho pélvico o terapeuta precisa criar condições para que o paciente consiga
influir de forma voluntária na força muscular durante os exercícios e adquirir
percepção consciente do assoalho pélvico. (OLIVEIRA; RODRIGUES; PAULA,
2007).

O paciente deve conhecer a localização e extensão dos músculos do


assoalho pélvico e ser capaz de visualizar sua posição; compreender a ação dos
músculos do assoalho pélvico; ser capaz de acompanhar as mudanças. Em um
estudo comparativo entre cinesioterapia e eletroestimulação endovaginal, as duas
técnicas mostraram-se efetivas no tratamento da incontinência urinária de esforço,
porém, entre as duas técnicas, a cinesioterapia apresentou uma tendência para ser
o tratamento de escolha çaso na função dos músculos com um quadro interno
concreto.

Vários autores citaram que o cone vaginal pode ser um meio simples e prático
de tratar a incontinência urinária de esforço. Sanz et al. relatam que os cones
vaginais parecem ser úteis no tratamento da incontinência urinária de esforço,
porém não substituem os exercícios de Kegel, somente auxiliam para que os
exercícios sejam realizados corretamente. No geral, os cones são confeccionados
em material plástico lavável, contendo um fi o na extremidade para facilitar a
remoção, de cinco a nove, de tamanhos iguais e pesos diferentes (20 a 100 g). De
início, os exercícios são realizados com o cone subsequente ao cone que se
mantém por mais de um minuto no interior da vagina (considerado o cone com força
gravitacional menor que a força muscular mínima). Os exercícios são realizados
duas vezes ao dia, por 15 minutos, até que a paciente consiga permanecer mais de
três dias sem a perda do cone, seguindo-se para uma de maior peso. De acordo
com Piato, o programa deve ser mantido após sucesso terapêutico, pois a tonicidade
muscular depende de sua constante atividade, principalmente se as fibras
musculares apresentaram algum grau de disfunção.

Para as mulheres que apresentam traumas ou atrofia muscular considerável


na região do períneo, é muito difícil ter a percepção cinestésica da contração dessa
musculatura. O biofeedback ajuda a melhorar a percepção do movimento a ser
realizado, permitindo que a mulher tenha uma consciência maior, além de ser um
importante recurso durante o tratamento. O biofeedback, que através de estímulos
16

visuais ou auditivos, faz com que a paciente identifique a musculatura que está
sendo solicitada, desempenhando desta forma uma contração efetiva. A avaliação
urodinâmica é fundamental para a monitorização das pressões abdominal, vesical e
uretral e da atividade da musculatura pélvica (eletromiografia). (OLIVEIRA;
RODRIGUES; PAULA, 2007).

As orientações dadas à paciente com incontinência urinária de esforço são de


suma importância para o tratamento. As informações mais importantes tratam sobre
a necessidade de ingerir uma quantidade moderada de líquidos (1 a 1,5 l/dia) e que
evite substâncias como cafeína e álcool. O treinamento da musculatura pélvica com
o fisioterapeuta é recomendado para prevenir a incontinência urinária durante a
gravidez e no período pós-parto. Os exercícios recomendados pelo fisioterapeuta
apresentam resultados benéficos na massa óssea, bem como na redução de quedas
e risco de fraturas.

A incontinência urinária de esforço pode ser uma complicação comum no


período pós-parto em decorrência de uma lesão muscular ou nervosa no aparelho
geniturinários. Diante disso, é importante que todo profissional envolvido na área de
obstetrícia, tanto médicos como fisioterapeutas, psicólogos dentre outros, tenha
conhecimento desta alteração. Antes de escolher o tratamento mais adequado, é
importante que seja realizada uma avaliação minuciosa para que seja descoberta a
causa da incontinência urinária e como a mesma ocorre. A fisioterapia tem mostrado
eficiência e engloba diversos tipos de tratamento, que podem trazer, além da
melhora, a cura da incontinência. Uma das modalidades utilizadas é a
eletroestimulação, que traz benefícios que resultam em melhora do quadro da
paciente. O biofeedback também é citado como um recurso adequado ao ser
utilizado isoladamente ou associado a outras técnicas. Um grande benefício
observado no biofeedback é que a pessoa que faz uso dele consegue ter uma maior
percepção da área a ser trabalhada. Os cones vaginais assim como os outros
dispositivos mecânicos (pessários vaginais, diafragmas) também são tidos como
bons recursos, porém alguns autores relatam que, para maior eficácia do
tratamento, estes recursos devem ser utilizados juntamente com outra técnica. Em
algumas pesquisas, a cinesioterapia, ao ser comparado com outros tipos de terapia
17

(cinesioterapia e eletroestimulação; cinesioterapia, eletroestimulação e cones


vaginais) demonstra ser a técnica mais apropriada. (RUBINSTEIN, 2001).

4.3 BENEFICIOS DA FISIOTERAPIA NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA

O benefício da atuação fisioterapêutica no tratamento da incontinência


urinária no período gestacional, com base nos argumentos científicos apresentados,
manifesta-se evidente a sua validade e efetividade na solução deste tipo de
distúrbio, cuja incidência é crescente dentre as mulheres, exatamente em função
das alterações fisiológicas inerentes à gravidez. Como a gestação, por si só, é um
fator de risco para a incontinência urinária, faz-se necessária a efetivação de um
programa de treinamento para os músculos do assoalho pélvico com o objetivo de
diminuir os distúrbios urinários e garantir um período gestacional de melhor conforto
e qualidade para a mulher, com finalidade de ajudar na prevenção da incontinência
urinária no pós-parto. Como vimos em Amaro et al. (2002), a gravidez tem
proeminência dentre as principais determinantes do enfraquecimento dos músculos
e do tecido pélvico ao redor da uretra, causando a IUE, visto que, em condições
normais a uretra suporta o aumento da pressão abdominal por sua própria
constituição fisiológica. Também foi observada a importância e, mesmo,
necessidade, da atuação terapêutica preventiva à IUE na gravidez, dado que a
prática de exercícios fortalece o tônus muscular e, aplicados de forma específica ao
trato do assoalho pélvico, permitem a sua restauração, resistência, mobilidade,
flexibilidade, relaxamento e coordenação da habilidade (RUBINSTEIN, 2002). Os
exercícios de Kegel auxiliam a fortalecer os músculos pélvicos, atuando como fator
preventivo à incontinência urinária de esforço. Consistem em exercícios simples,
cuja prática dispensa maiores necessidades, podendo ser realizados em qualquer
lugar (KISNER E COLBY, 2002).

O estudo também evidenciou a importância da cinesioterapia durante a gestação,


visto que o método não possui contraindicação, além de ser de baixo custo e fácil
aplicabilidade (MORENO, 2004).

A cinesioterapia do assoalho pélvico feminino já se tornou um importante


complemento para inúmeros programas de tratamento empregados na fisioterapia
uroginecológia. Muitos autores (CARRIÉRE,1999; GROSSE & SENGLER, 2002;
18

MORENO, 2004; SANTOS, 2004; SOUZA. 2002; STEPHENSON, 2004) defendem o


recurso fisioterapêutico na prevenção de distúrbios, lesões e patologias que
acometem o assoalho pélvico, mediante o fortalecimento muscular.

Além de sua praticidade e baixo custo, e da inexistência de efeitos colaterais, a


atuação fisioterapêutica oferece menos riscos em relação às intervenções cirúrgicas.
A validação das técnicas de reabilitação terapêutica do assoalho pélvico para
tratamento de distúrbios perineais, em 1992, pela Sociedade Internacional de
Continência valorizou o procedimento, disseminando o seu uso desde então. A
pesquisa confirmou os benefícios da cinesioterapia do assoalho pélvico, bem como
a efetividade dos exercícios Kegel no tratamento da hipotonia do assoalho pélvico
(SANTOS, 2004), dentre os quais, podemos listar: Ampliação vascular na região
pélvica; Revigoramento muscular do assoalho pélvico; Restabelecimento do controle
neural da região pélvica. Tais fatores contribuem de forma incisiva na facilitação do
trabalho de parto, na preservação da integridade da musculatura envolvida, e na
consequente prevenção de distúrbios posteriores, quando o avançar da idade
propicia o enfraquecimento do músculo pubococcígeo.

O estudo ressalta a possibilidade material, bem como os benefícios e vantagens da


atuação terapêutica no tratamento pré-natal, como instrumento de prevenção aos
distúrbios urinários causados pelas alterações inerentes à gravidez. Conclui-se que
a fisioterapia possui vários recursos que podem ser utilizados no tratamento da
incontinência urinária de esforço no período pós-parto com resultados evidentes,
sendo que a escolha do tipo do tratamento ideal dependerá do caso de cada
paciente.

Regina, precisa colocar os anos das publicações usadas em seu trabalho,


precisa formatar conforme as normas da ABNT.

Peço que sempre apresente o trabalho no formato ao qual é critério da


avaliação.
19

5 METODOLOGIA

Este trabalho é uma revisão bibliográfica, com pesquisas em sites de busca


da internet, Google, livros e artigos científicos. Os descritores utilizados para a
pesquisa foram: incontinência urinária, pós-parto, fisioterapia no pós-parto,
fisioterapia na incontinência urinária, distúrbios no pós-parto, gestação, gravidez,
biofeedback, cones vaginais, exercícios de Kegel e cinesioterapia pós-parto, com
suas variações na língua inglesa: urinary incontinence, pregnancy, exercises post-
delivery, physiotherapy post-delivery.
20

6 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

2020 2020
ATIVIDADES AN EV AR BR AI UN UL GO ET UT OV EZ

scolha do tema.
Definição do problema
de pesquisa

efinição dos objetivos,


justificativa.

efinição da
metodologia.

esquisa bibliográfica e
elaboração da
fundamentação teórica.

ntrega da primeira
versão do projeto.

ntrega da versão final


do projeto.

evisão das referências


para elaboração do
TCC.

laboração do Capítulo
1.

evisão e reestruturação
do Capítulo 1 e
elaboração do Capítulo
2.

evisão e reestruturação
dos Capítulos 1 e 2.
Elaboração do Capítulo
3.

laboração das
considerações finais.
Revisão da Introdução.

eestruturação e revisão
de todo o texto.
Verificação das
referências utilizadas.

laboração de todos os
elementos pré e pós-
textuais.

ntrega da monografia.

efesa da monografia. X
21

REFERÊNCIAS

BARACHO, E. Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia. Aspectos de Ginecologia e


Neonatologia. In: VALADARES, J.D. Adaptações Fisiológicas da Gestação. 3 ed.
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