Você está na página 1de 28

#3

MATERIAL EXCLUSIVO PARA


OS INSCRITOS DA TERCEIRA EDICÃO
NÃO É MAIS BÔNUS 

Este bônus já não é mais novidade. Já estava lá,


no Tinder Literário 2.0. Já é parte da experiência de
quem viveu o último Tinlí e é uma parte importante
da minha história também, compartilhada com
vocês.

Talvez seja o exercício mais importante do


Tinlí. E tem a ver com teus sonhos.

Mas, primeiro, uma história. Quando eu e a


Ludmilla estávamos procurando mais uma música
para o primeiro desafio – além da conhecida música
do Chopin –, nós havíamos acabado de voltar de um
funeral. Nós nos sentamos tristes e tentamos
lembrar de algo que pudesse casar com o Prelúdio a
uma Gota, mas nossa cabeça simplesmente parecia
não funcionar.

Nós havíamos perdido uma pessoa muito


importante, mas o trabalho continuava e vocês ainda
nos esperavam aqui. Mesmo assim: encerramos o dia
sem concretizar quase nada.

Mesmo assim, os dias continuavam. E o que nós


dois extraímos disso?

20
NÃO É MAIS BÔNUS 

Primeiro que tão certo quanto a morte é a


instantânea sensação de arrependimento que ela
carrega consigo. É provável que a maioria de vocês já
tenha perdido alguém querido. E, diante da perda,
sabemos também que no meio daquele turbilhão de
sentimentos, incessantes hipóteses e por quês
ecoaram na sua cabeça: quanta coisa poderia ter sido
diferente.

Certo. Mas, afinal de contas, o que isso tem a ver


com o Tinlí?

Veja bem: a nossa capacidade de esquecimento


chega a ser quase fascinante. Passado o torpor da
perda, atrelamo-nos novamente à rotina. Ignorando a
iminência da morte, voltamos a viver agarrados às
frivolidades; frivolidades que às vezes damos até ares
de importância, mas que diante da finitude da vida
representam muito pouco.

Que significa estar diante do chefe, da


professora, ou nossas frescuras, se um dia estaremos
diante do fim de tudo?

21
NÃO É MAIS BÔNUS 

Tente se lembrar quando foi a última vez que você


reparou no quanto sua mãe fica bonita sorrindo.

Ou da última visita aos seus avós. Ou, ainda,


recorde-se dos seus relacionamentos passados.

Quantos momentos não teriam sido melhores


vivenciados se viessem acompanhados do aviso: isso
nunca mais acontecerá.

Sabemos que o amor nos remete à eternidade:


queremos que aquele que amamos perdure para
sempre. Mas – paradoxo dos paradoxos – este desejo
de eternidade nasce dos acontecimentos cotidianos,
dos milhares de aqui e agora que nunca voltam mais.

Não estamos dizendo isso pelo remorso da nossa


perda ou para vê-los tristes e acabrunhados.
Estamos dizendo isso porque a recordação da morte
é também uma fonte de inspiração, de exigências.

Quem recorda o fim aproveita melhor o momento.

22
NÃO É MAIS BÔNUS 

Uns dias depois, a Lud me mandou uma


mensagem com La Vie en Rose: ele gostava muito
dessa música. Era a música certa. A perda trouxe
algo - um retorno da atenção às exigências, o
retorno da atenção até mesmo àquela presença,
agora resistente na memória. Mas apenas na
memória. Podemos compartilhar essa marca que a
presença dele deixou em nós, mas não podemos
mais resgatar a sua presença. Entendem?

Não é a nossa intenção despertar seu lado


adolescente de 15 anos, fiel seguidor do Carpe
Diem. Queremos apenas que vocês incorporem no
dia-a-dia pequenos momentos de agradecimento.
Agradeçam a Deus pelas pequenas coisas. As mais
simples possíveis. Aprendam a observar o cotidiano
com amor.

Carregue esse exercício para cada uma das suas


relações. Para os futuros matches. Antes de se ater
a besteiras e picuinhas, pondere se é dessa maneira
que você gostaria de desfrutar, quem sabe, os
últimos momentos ao lado de uma pessoa
importante.

23
DESAFIO #4

ESCREVA SEU NECROLÓGIO AMOROSO.

Tá, mas o que é um necrológio?

Imagine que você acabou de morrer e o seu


melhor amigo está contando a vida que você
viveu. Você vai escrever isso que ele fala sobre
a vida que foi a sua vida.

Isso é o seu necrológio.

Mas – péra – você não vai escrever sobre essa


vida aí que você está vivendo. Você vai escrever
como se tivesse vivido a melhor vida possível, a
vida que você realmente deseja viver, com tudo
o que você quer fazer e ser plenamente
desenvolvido.

Faça seu necrológio focando exclusivamente na


sua vida amorosa. Imagine que você teve a vida
amorosa mais perfeita e conte-a como se fosse
seu melhor amigo.
UM BÔNUS DE
VERDADE
UM BÔNUS DE VERDADE

Faz pouco mais de um ano que vivemos o


primeiro Tinlí. Tudo começou mais ou menos como
uma brincadeira, porque sempre aparecia um ou
outro desesperado. Então minha esposa um dia teve
a idéia: por que vocês não fazem um Tinder
Literário?

E aqui estamos nós.

Por que estou contando isso? Porque o Tinlí


nasceu de uma companhia. Não fosse a Iza, O
Nemias, a Sabryna, a Vivi e aqueles primeiros
seguidores insistentes, nada disso teria acontecido.

E a experiência do Tinlí trouxe mais e mais


companhia – para mim. Cada uma com um rosto.
Uma história. Sim, para mim. Cada uma um sinal
que exige de mim algo a mais: mais atenção, mais
disponibilidade, mais ordem, mais presença. E que
exatamente assim, na exigência dos seus rostos,
sorrisos, conversas e presença se tornam mais
companhia.

Não vou falar o nome de ninguém. Vocês sabem


quem vocês são. Alguns deles estão aqui, agora,
mantendo o barco do Tinlí em sua rota.

26
UM BÔNUS DE VERDADE

Por causa do Tinlí visitei amigos e fui visitado


por eles. Ganhei afilhados. Fui a casamentos.
Confrontei-me com fraquezas e esperanças (minhas
e deles, nossas) - e tive até vislumbres de santidade.

E, se é mesmo que TUDO É GRAÇA


IMERECIDA, como dizia o poeta Bruno Tolentino, (e
para mim está na cara que é) quem sou eu para que
a Graça se releve em companhia?

Quem são vocês, tantos que eu não conheço e


nunca irei conhecer, que me mantém acordado à 1
da manhã escrevendo este texto?

Bem, vocês e eu somos sinais dessa Graça


Imerecida. Sinais que só podem ser encontrado em
companhia. Entenderam por que o Tinlí é
importante? Tão importante para vocês quanto para
mim.

Portanto, esse e-book não se encerra com mais


um desafio – mas com um agradecimento. Obrigado
por poder olhar para vocês e saber, na companhia
dos seus rostos, sorrisos, conversas, chatices
(sobretudo chatices) que eu sou Tu que me fazes.

27

Você também pode gostar