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CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

PROFESSOR DR RUI DE OLIVEIRA, Engº Civil, MEng., PhD

FUNDAMENTOS DO
SANEAMENTO BÁSICO
Genética SAÚDE É O BEM-ESTAR FÍSICO,
Idade MENTAL E SOCIAL (OMS).
Gênero
Escolhas de estilo de vida
Influências da comunidade
Nível de renda DETERMINANTES
Localização geográfica
Cultura
DA SAÚDE
Fatores ambientais
Condições de trabalho
Educação
Acesso a serviços de saúde
Estabilidade política
Direitos civis
Degradação ambiental
Pressão do aumento
populacioanal
Urbanização
Desenvolvimento do pais de 2
residência 21:18 Fonte: Dahlgren G. and Whitehead M. 1991
MEIO AMBIENTE,SANEAMENTO E
SAÚDE PÚBLICA
O saneamento ambiental é o controle de todos os
fatores do meio ambiente que podem causar efeito deletério
sobre a saúde humana.

Ações de saneamento ambiental: Abastecimento de água,


esgotamento sanitário, destinação adequada dos resíduos
sólidos, drenagem urbana, saneamento dos alimentos,
controle de artrópodes, controle de roedores, etc...

Saneamento básico é o capítulo do saneamento ambiental que


cuida das quatro primeiras ações, consideradas de
fundamental importância para a promoção da saúde, isto é,
21:18 ações básicas.3
IMPORTÂNCIA DO SANEAMENTO
BÁSICO

IMPORTÂNCIA SANITÁRIA: Relacionada ao


desenvolvimento de hábitos de higiene e ao
controle de doenças.

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA:
Relacionada à economia de recursos para a cura de
doenças e à maior produtividade das pessoas.

“Mais torneiras, menos leitos de hospitais”(Abel Wolman)


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SANEAMENTO NO MUNDO
A SITUAÇÃO DA SAÚDE

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SANEAMENTO NO MUNDO
A SITUAÇÃO DA ÁGUA

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SANEAMENTO NO MUNDO
A SITUAÇÃO DO ESGOTAMENTO
SANITÁRIO
2,5 bilhões de pessoas (36%) vivem sem esgotamento sanitário adequado, 71% desse total
estão em áreas rurais.
A cobertura de esgotamento sanitário adequado aumentou de 49% em 1990 para 64% em
2012.
Meta do Milênio para o esgotamento sanitário tem como objetivo a redução da proporção
da população sem esse serviço, de 51% em 1990 para 25% em 2015.
Entre 1990 e 2012, quase 2 bilhões de pessoas ganharam acesso ao esgotamento sanitário.
De acordo com as projeções atuais, em 2015 ainda haverão 2,4 bilhões de pessoas sem
esgotamento sanitário adequado.
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PRINCIPAIS NÚMEROS DO
SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

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SANEAMENTO É RENDA

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GANHOS DO SANEAMENTO BÁSICO
PARA O CIDADÃO E O PAÍS
Ao ter acesso à rede de esgoto, um trabalhador aumenta a sua produtividade
em 13,3%, permitindo assim o crescimento de sua renda na mesma proporção.
Com a universalização do acesso a rede de esgoto, a estimativa é que a massa de
salários, que hoje gira em torno de R$ 1,1 trilhão, se eleve em 3,8%, provocando
um aumento na renda de R$ 41,5 bilhões por ano.
A universalização do acesso a rede de esgoto pode ainda proporcionar uma
valorização média de até 18% no valor dos imóveis.
A valorização dos imóveis pode alcançar R$ 74 bilhões, valor 49% maior que o
custo das obras de saneamento avaliado em R$ 49,8 bilhões (considerando
apenas novas ligações).
Em longo prazo, o acesso à rede de esgoto implicaria um aumento na
arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na mesma
proporção do valor médio dos imóveis, um ganho estimado de R$ 385 milhões
ao ano. Já no Imposto Sobre Transferência de Bens de Imóveis (ITBI) o
crescimento esperado é superior a R$ 80 milhões por ano.
Fonte: Pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro – Instituto Trata
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21:18 Brasil/FGV, 2010.
SANEAMENTO É CIDADANIA

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SANEAMENTO É SAÚDE (2)

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CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE VEICULAÇÃO
HÍDRICA

No planejamento dos sistemas de saneamento básico


torna-se conveniente classificar as doenças segundo
categorias ambientais cuja transmissão está ligada
com o saneamento, ou com a falta de infraestrutura
adequada.

O entendimento da transmissão das doenças


relacionadas com o saneamento passa a constituir um
instrumento de planejamento das ações.

Classificação individual;
21:18 Classificação unitária (Mara & Feachem, 1999). 18
Classificação unitária das infecções relacionadas com o saneamento (água e excretas)
Categoria Estratégias de controle e exemplos (organismo ou doença)
A - Doenças do tipo feco-oral (transmissão Melhora da quantidade, disponibilidade e confiabilidade da
hídrica ou relacionada com a higiene . Ex. água (abastecimento de água), no caso das doenças
Hepatite A, E e F, poliomielite, cólera, disenteria relacionadas com a higiene; Melhora da qualidade da água
bacilar, amebíase, diarréia por Escherichia coli e (tratamento da água), para as doenças de transmissão hídrica;
rotavirus, febre tifóide, giardíase e ascaridíase. Educação sanitária.

B - Doenças do tipo não feco-oral Melhora da quantidade, disponibilidade e confiabilidade da


(relacionadas com a higiene). Ex. Doenças água (abastecimento de água), no caso das doenças
infecciosas da pele e dos olhos e febre transmitida por relacionadas com a higiene; Educação sanitária.
pulgas.
C – Helmintíases do solo. Ex. Ascaridíase e Tratamento das excretas ou esgotos antes da aplicação no solo;
ancilostimíase. Educação sanitária.
D – Teníases. Ex. Teníase. Tratamento das excretas ou esgotos antes da aplicação no solo;
Educação sanitária; Cozimento e inspeção da carne.
E – Doenças baseadas na água . Ex. Leptospirose, Diminuição do contato com águas contaminadas; Melhora de
Esquistossomíase. instalações hidráulicas; Sistemas de coleta e tratamento de
esgotos antes de seu lançamento ou reuso; Educação sanitária.
F – Doenças transmitidas por inseto vetor Identificação e eliminação de locais adequados para procriação;
Ex. Malária, dengue, febre amarela, filaríase e Controle biológico e utilização de mosquiteiros; Melhora da
infecções transmitidas por baratas e moscas drenagem de águas pluviais.
relacionadas com excretas.
G – Doenças relacionadas com vetores Controle de roedores; Educação sanitária; Diminuição do
roedores. Ex. Leptospirose, e doenças transmitidas contato com águas contaminadas.
por vetores roedores. 19
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CÓLERA NOS ANOS 1800S
CÓLERA: A
DOENÇA
Entrada: oral
Colonização:
intestino
delgado
Sintomas:
náusea, diarréia,
cãimbras
musculares,
desidratação,
choque e morte
CÓLERA: A DOENÇA
CÓLERA: A DOENÇA
PRIMEIRA PANDEMIA DE CÓLERA
SEGUNDA PANDEMIA DE CÓLERA
JOHN SNOW E UM CERTO
CHAFARIZ
Muitos atribuem a John Snow
o desenvolvimento do
moderno campo da
Epidemiologia.
Médico inglês,
higienista e pioneiro na
adoção de anestesia,
considerado um dos pais
Deve-se a ele o estabelecimento
da Epidemiologia
moderna devido ao seu
da relação entre
trabalho em traçar a abastecimento de água e a
origem de um surto de
cólera no bairro epidemia de cólera em 1854,
londrino do Soho em
1854. 21:18
em Londres.
OBSERVAÇÕES DE JOHN SNOW

As pessoas com cólera desenvolviam problemas


digestivos imediatos, particularmente diarréia,
cólicas e vômito;
Face, pés e mãos murchos e arroxeados;
Morte em menos de um dia;
Provavelmente espalhada pelo vômito e pela
diarréia;
Relação da localização do chafariz com as mortes
por cólera nos primeiros 3 dias da epidemia de 1854.
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O MAPA DE PONTOS DE JOHN
SNOW

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O MAPA DE PONTOS DE JOHN
SNOW

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O GRANDE EXPERIMENTO DE
JOHN SNOW

Duas companhias de água abasteciam a área


central de Londres:
Lambeth Company: captava água a
montante do emissário de esgotos no Rio
Tâmisa;
Southwark & Vauxhall Company: captava
água a jusante do emissário.
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O GRANDE EXPERIMENTO DE JOHN SNOW

Os clientes de ambas compartilhavam a


mesma vizinhança;
O Dr. Snow foi de porta em porta para
perguntar que companhia abastecia a
edificação e relacionou as respostas com os
dados da epidemia de cólera.

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O GRANDE EXPERIMENTO DE JOHN
SNOW

Empresa Casas Mortes Mortes/100000hab

Southwark
& Vauxhall 40046 1263 315
Company

Lambeth
Company
26107 98 37

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O GRANDE EXPERIMENTO DE JOHN
SNOW

Snow convenceu o Conselho


local a deixá-lo remover o
braço da bomba;
Os novos casos de cólera
diminuiram dramaticamente.
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A CÓLERA NOS ANOS 1990

Epidemia no Peru em 1991, iniciou na costa e


se propagou para o interior;
Os casos de 1991 a 1994:
CASOS: 1 041 422;
MORTES: 9642 (0,9%)

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EPIDEMIA (PANDEMIA) MUNDIAL DE
21:18 CÓLERA, ANOS 2000
POR QUE A CÓLERA REAPARECEU?

Deterioração das instalações sanitárias


por causa da migração de populações
para favelas;
(Trujullo, Peru) Medo de câncer por
causa da cloração da água;
(África) Migrações de camponeses
causadas por guerras civis e secas.
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A LEGISLAÇÃO E
A CONSTRUÇÃO
DA CIDADANIA

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POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO
MARCO REGULATÓRIO DO SETOR DE SANEAMENTO

Lei 8987/1995 - Lei de Concessões (Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de
serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências).
Lei 10257/2001 - Estatuto das Cidades (Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal,
estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências)
Lei 11107/2005 – Lei dos Consórcios Públicos (Dispõe sobre normas gerais de contratação de
consórcios públicos e dá outras providências. Um consórcio público é uma pessoa jurídica criada por lei com a
finalidade de executar a gestão associada de serviços públicos, onde os entes consorciados, que podem ser a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no todo em parte, destinarão pessoal e bens essenciais à
execução dos serviços transferidos)
Lei 11.445/2007 – Lei do Saneamento Básico (Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666,
de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá
outras providências)
Leis Setoriais ( Saúde, Meio Ambiente e Recursos Hídricos)
Decreto 5440/2005 – Informação ao Consumidor (Estabelece definições e procedimentos
sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos
para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano)
Decreto 6017/2007 - Regulamentação da Lei dos Consórcios
Portaria MS 2914/2011 – Qualidade da Água para Consumo Humano
Resoluções CONAMA
PARA ESTUDAR EM Resoluções CNRH
Resoluções CNS ;
21:18 CASA entre outras
POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO
LEI DO SANEAMENTO BÁSICO

LEI 11.445/07
Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política
federal de saneamento básico.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
Universalização do acesso;
Integralidade;
Componentes: abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo
de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais urbanas;
Articulação com outras políticas públicas;
Eficiência e sustentabilidade econômica;
Transparência das ações (sistema de informações);
Controle social;
Segurança, qualidade e regularidade;
Integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos
recursos hídricos.
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POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO
O DESAFIO DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 11.445/2007

Elaboração do Plano Nacional de Saneamento


Básico;
Incentivo a estados e municípios para a elaboração de
seus respectivos planos;
Incentivo à criação de consórcios (Lei 11.107/05) e
ao estabelecimento de parcerias com o setor privado;
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC -
Saneamento)
Regulamentação da Lei de Saneamento
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POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO
PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO - PNSB

Objetivos e metas nacionais e regionais de curto,


médio e longo prazos para a universalização dos
serviços;
Diretrizes para o equacionamento das questões de
natureza político-institucional, legal e jurídica;
Proposição de programas, projetos e ações para
atingir as metas da Política Federal de Saneamento
Básico, com identificação das respectivas fontes de
financiamento.
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OS BRASILEIROS CONHECEM O TEMA DO
PARA LER EM CASA SANEAMENTO?
Com o objetivo de verificar o nível de conhecimento do brasileiro sobre os serviços de
saneamento básico, o Instituto Trata Brasil realizou junto com o IBOPE uma pesquisa de
opinião (1008 pessoas em 26 grandes municípios - com população acima de 300 mil
habitantes):
81% dos entrevistados souberam relacionar saneamento com os 4 serviços da área (água,
esgotos, resíduos sólidos e drenagem)
31% citaram o saneamento (Esgoto + Limpeza Pública + Coleta de Lixo + Abastecimento de
água) como a área mais problemática, ficando atrás somente de saúde (61%), segurança
(46%) e drogas (40%).
Metade dos entrevistados disse que se pudesse não pagaria para ter seu domicílio ligado à
rede coletora de esgotos. Outros resultados explicam: 58% afirmaram que o valor pago pela
água / esgoto é caro em relação à qualidade do serviço prestado.
Sobre as melhorias nos serviços de saneamento no bairro onde moram, 41% afirmaram que
houve melhora, 44% que permaneceram iguais e 11% que pioraram.
A maioria dos entrevistados (68%) sabe que o Prefeito é o principal responsável pelos
serviços da área de saneamento básico. No que se refere à fiscalização, a maior parte dos
entrevistados (55%) diz caber também à Prefeitura e 18% ao governo do Estado. A Agência
Reguladora, órgão realmente responsável, foi citada por apenas 1% dos entrevistados. 13% das
pessoas não sabem.
Fonte: A percepção do brasileiro quanto ao saneamento básico e a responsabilidade do poder público -
21:18 Instituto Trata Brasil/Ibope, 2012.

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