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1.

Introdução
Etimologicamente, a palavra psicopatologia deriva das expressões gregas
psychê que significa “alma”; pathos, que significa “paixão”, “excesso”; e logos que
significa “estudo”, “conhecimento”; ou seja, o termo psicopatologia pode ser
entendido, de forma simplória, como o estudo sobre o excesso da alma.
No presente trabalho estão presentes as principais psicopatologias, que
interessam à disciplina da Psicologia Jurídica. Cabe salientar que o conhecimento
de tais patologias, bem como as consequências desses transtornos, são
fundamentais para que o operador do Direito possa atuar de maneira preventiva ou
repressiva, quando for o caso.
2. Ansiedade
Tida como um dos transtornos psicológicos mais comuns, a ansiedade está
relacionada ao estresse. Entre os principais sintomas estão: alterações da memória,
insônia, dificuldade de concentração, expectativa de algo pior possa acontecer, além
de tensão, irritação e impossibilidade de relaxar com facilidade.
A ansiedade pode ocorrer simultaneamente a outros transtornos
psiquiátricos. É comum que a pessoa que sofre de ansiedade tenha pensamentos
repetitivos sobre situações que vivenciou ou que acredita que irá vivenciar. Alguém
que presenciou situações de violência física na infância, pode desenvolver esse
transtorno, sempre que se recordar das agressões, o que pode ser frequente;
apresentando alguns dos sintomas citados.
3. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
Este é um tipo de transtorno que também está relacionado ao estresse. Algo
bem comum às pessoas que sofrem com TOC são os rituais. Muito comum entre
pessoas que sofreram ou presenciaram algum ato de violência. A mente, ao reviver
o episódio, desloca a imagem para a prática de um ritual, como forma de defesa.
Segundo Fiorelli e Mangini (2015, p. 119), a obsessão é uma “persistência
patológica de um pensamento ou sentimento irresistível”; já a compulsão, “um
comportamento ritualístico de repetir procedimento estereotipado”. Os rituais são
como uma purificação: o corpo faz aquilo que a mente não pode realizar. Uma vítima
de um estupro, por exemplo, pode desenvolver esse tipo de transtorno ao lavar as
mãos sempre que se recorda da violência sofrida.
4. Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)
Como o nome sugere, esse transtorno pressupõe um trauma; porém, as
consequências surgem apenas de forma tardia ao evento. Dentre elas estão:
paralisação repentina de atividades rotineiras ou dificuldade de reiniciar a prática de
tarefas habituais; bem como alterações comportamentais que afetam diretamente
em relacionamentos. Uma pessoa que sofreu um acidente de trânsito, causado por
alguém embriagado, pode reviver esse momento sempre que olhar as cicatrizes, por
exemplo.
Além disso o trauma pode ocasionar agressividade, comportamentos de
evitação, mudanças de personalidade e desenvolvimento de outros transtornos
mentais, tais como ansiedade e depressão.
5. Transtornos Dissociativos
De acordo com Fiorelli e Mangini (2015, p. 122), os transtornos dissociativos
ocasionam “perda total ou completa da integração normal entre memórias do
passado, consciência de identidade e sensações imediatas e controle dos
movimentos corporais”. Entre os sintomas estão: amnésia, principalmente
relacionada a eventos recentes; fuga; transe ou possessão; e personalidade
múltipla.
Uma pessoa acometida por esse transtorno pode, por exemplo, cometer um
crime e logo depois não lembrar-se disso.
6. Psicose Puerperal
Consiste em uma síndrome clínica que acomete mulheres em estado
puerperal. Caracteriza-se por delírios e depressão graves; além disso, a mulher tem
uma vontade constante de ferir o recém-nascido, instigada por vozes que a ordenam
em matar o bebê. Geralmente, esse transtorno mental está associado à crenças
sobre ser mãe, tais como impedimento de ter uma carreira profissional de sucesso
ou impossibilidade de criar um filho sem a presença do pai. Dessa forma, a paciente
desloca sua frustração para a criança, a fim de vingar-se de algo ou alguém.
7. Depressão
As pessoas acometidas por esse transtorno costumam encarar os
acontecimentos ao seu redor como ruins, de modo a perceber ou antecipar o
fracasso. Muito mais do que apenas tristeza, a depressão resulta na incapacidade
de realizar tarefas simples, por receio de fracassar. Entre os sintomas estão: visão
de mundo distorcida, insônia, contínua tristeza e infelicidade. Quando em estágio
grave, pode resultar em suicídio.
8. Drogadição
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa é
dependente de uma droga quando o seu uso é prioridade, diante de qualquer outra
tarefa. Entre as substâncias psicoativas têm-se o álcool, bem como as drogas ilícitas
tais como crack, maconha e cocaína.
Essas substâncias afetam as funções orgânicas, comprometendo a memória
recente, a concentração, a autopercepção, o foco e a atenção; além disso, alteram o
estado da consciência, alteram hábitos de higiene e tornam o apetite excessivo ou
escasso. Observa-se ainda um aumento na agressividade, imediatismo e
dissimulação, o que pode levar ao cometimento de crimes.
9. Transtorno Factício
O paciente acometido por esse transtorno tem uma necessidade de estar
doente; para isso, inventa sintomas, repetidas vezes. Geralmente, se origina na
infância, quando, em uma simulação, conseguia alcançar recompensas. Trata-se de
uma dissimulação que pode levar ao cometimento de furtos ou golpes diversos.
10. Transtorno de Preferência Sexual ou Parafilia
A parafilia ou perversão sexual, de acordo com Fiorelli e Mangini (2015, p.
137) “consiste em fantasias, anseios sexuais ou comportamentos recorrentes,
intensos e sexualmente excitantes envolvendo objetos não humanos ou situações
incomuns”.
As mais conhecidas são: incesto, quando ocorrem relações sexuais entre
parentes consanguíneos; pedofilia, quando há preferência sexual por crianças; e
exibicionismo, conhecida penalmente como ato obsceno, quando há uma tendência
a expor os órgãos genitais em lugares públicos.
11. Conclusão
O presente trabalho acadêmico objetivou apresentar, de forma resumida, as
principais psicopatologias, que possam interessar ao estudo da Psicologia Jurídica;
não para que o operador do Direito possa diagnosticar essas patologias, mas para
que possa identificá-las, podendo, dessa forma, atuar da maneira mais adequada a
cada caso.
Referências Bibliográficas
FIORELLI, J.; MANGINI, R. Psicologia jurídica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

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