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METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01 - 05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

INCERTEZA DE MEDIÇÃO NA CALIBRAÇÃO DINÂMICA


DE SENSORES DE TEMPERATURA

, João Nildo S. Vianna1 , Michael E. K. de Almeida2 , Alberto C.G.C. Diniz1 , Alessandro B.S. Oliveira3
1
Laboratório de Metrologia Dinâmica da Universidade de Brasília, Brasília, Brasil.
2
EMBRAER, São José dos Campos, Brasil
3
Ecole National Superieure d’Arts et Metiers , Paris, França

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo apresentar um como um canal de comprimento infinito, com possibilidade
metodologia preliminar para o cálculo da incerteza de de variar o número de Reynolds e velocidade de
medição sensores de temperatura em regime dinâmico. Para desmascaramento, para assegurar que o tempo de formação
este estudo utilizou-se um termopar com o elemento do degrau não interfira no tempo de resposta do sensor.Com
sensível exposto, uma vez eu este tipo de sensor responde estes recursos técnicos foi possível proceder a uma rigorosa
com um sistema de primeira ordem quando submetido a caracterização metrológica da cuba rotativa, estabelecendo
uma entrada do tipo degrau. Para geração do sinal de entrada procedimentos operacionais que asseguram a repetitividade
utilizou-se uma cuba rotativa com um dispositivo de dos ensaios e que habilitam a cuba rotativa como um
desmascaramento especialmente desenvolvido para este fim. instrumento de confiabilidade metrológica. Com estes
As incertezas de medição de todos os componentes da recursos disponíveis é possível se propor e testar uma
cadeia de medição foram considerados. Os resultados metodologia consistente para cálculo da incerteza de
experimentais mostram que a metodologia proposta é medição.
adequada para determinação das incertezas de medição na O objetivo deste trabalho é apresentar o desenvolvimento de
fase transiente do processo de calibração. um método para cálculo da incerteza de medição na
calibração dinâmica de sensores de temperatura, tipo
Palavras chave : calibração dinâmica, sensores de termopar com o elemento sensível exposto e submetido a
temperatura, termopares, calibração de temperatura. um degrau. O estudo é realizado na base de tempo e tem
como referência as normas internacionalmente aceitas para
1. INTRODUÇÃO calibração estática (5) e (6).

Apesar da calibração dinâmica ser um ramo da metrologia


relativamente novo, muitos estudos tem sido realizados em 2. MODELO MATEMÁTICO DO SENSOR
importantes centros de pesquisa na área de pressão. O tubo O modelo matemático geral de um sensor é uma equação
de choque e o dispositivo de abertura rápida estão diferencial linear com coeficientes constantes que relaciona
universalmente consagrados como meios de calibração os sinais de entrada E com os de saída S, Eq. 1.
dinâmica de sensores de pressão cobrindo, com
confiabilidade, praticamente todas as faixas de freqüência e
dnS dn−1S dS dnE dn−1E dE
amplas faixas de amplitude.
an⋅ +a ⋅
n n−1 n−1
+K +a1⋅ +a0 ⋅S=bn ⋅ +b ⋅ +K +b1⋅ +b0 ⋅E (1)
n n−1 n−1
Entretanto, no que diz respeito a calibração dinâmica de dt dt dt dt dt dt
sensores de temperatura,embora um esforço sistemático
tenha sido empreendido nos últimos anos (1), (3), (4),(6), o Para um termopar de ponta exposta os termos de ordem
avanço tem sido relativamente tímido e muitas questões superior da Eq. 1 podem ser eliminados e modelo do
metrológicas ainda estão em aberto. elemento sensível é bem representado por um sistema de
Entres as principais dificuldades para realizar a calibração primeira ordem:

dS (t )
dinâmica de sensores de temperatura pode-se citar aquelas
oriundas do acoplamento do sensor com o meio, as a1 ⋅ + a0 ⋅ S (t ) = b0 ⋅ E(t ) (2)
dificuldades em determinar suas características intrínsecas, dt
as dificuldades para gerar um degrau exterior de qualidade
dS (t )
metrológica e a conseqüente inexistência de normas ou : τ ⋅ + S (t ) = κ ⋅ E(t ) (3)
específicas para tratar deste tema. Um avanço no sentido de dt
superar alguma destas dificuldades são discutidas nos
trabalhos de Henriques et al (2002) e Almeida et al (2003) onde τ é constante de tempo e κ a sensibilidade estática do
que apresentam a caracterização metrológica de uma cuba sensor. A constante de tempo, Eq.4, é formada pelas
rotativa destinada a gerara um degrau de temperatura para variáveis de acoplamento, o coeficiente global de
calibração em meio líquido. Esta cuba na verdade funciona transferência de calor U e área de transferência de calor As ,
e pelas propriedades intrínsecas do elemento sensível M s , a Observando-se a curva de resposta de um termopar
massa da ponta do sensor e Cs o calor específico do sensor. submetido a um degrau, Figura 1, verifica-se que o início da
M S ⋅ CS resposta dinâmica apresenta derivada não-nula. Portanto, a
τ= (4). função derivada temporal do sinal dinâmico deve apresentar
U ⋅ AS uma descontinuidade no instante de tempo em que ele tem
seu início, possuindo valor nulo em qualquer instante
A solução da Eq.3 mostra a variação da temperatura do anterior. No entanto, ruído existente torna a derivada
termopar S(t) quando submetido a um degrau R. A Eq.5 temporal um sinal aleatório nos intervalos de tempo em que
descreve, então, a resposta dinâmica elemento sensível do a entrada é constante. Desta forma, a descontinuidade não
termopar S(t), a exc itação de amplitude constante R: fica bem caracterizada. Uma maneira de destacar o início da
resposta dinâmica é fazendo-se a derivada segunda. Como a
S (t )  descontinuidade da derivada primeira representa uma
=  1 − e τ 
−t
(5) variação infinitamente rápida da função, ela é detectada pela
κ⋅ R   derivada segunda no ponto de valor máximo da mesma.

Calibrar dinamicamente um sensor é obter


experimentalmente a curva, que para os sistemas de primeira
ordem, é representada pelo modelo da Eq.5. Conhecendo-se
a sensibilidade estática κ, esta curva permite determinar a
constante de tempo τ e a função de transferência do sensor.

3. PROCEDIMENTO PARA CÁLCULO DA


INCERTEZA
Em geral, e neste caso em estudo, a curva de resposta do
sensor é construída a partir de um conjunto de pontos
adquiridos segundo uma taxa de captura realizada por um
sistema de aquisição de dados. Neste trabalho, propõe-se a
considerar cada ponto adquirido com um ponto da
calibração estática. Assim, essa adaptação consiste em Fig. 1 – Resposta dinâmica de um termopar de ponta exposta e as
considerar a resposta dinâmica do sensor como um 1a e 2a derivadas temporais.
conjunto de pontos de medição estática, e aplicar os
procedimentos de cálculo de incerteza para cada um desses O ponto marcado sobre a curva de resposta no tempo de 0,1
pontos no tempo. Existem dois problemas, relativos ao segundo corresponde ao máximo da 2a derivada,
caráter dinâmico da medição, os quais representam representando o inicio do sinal. A curva resposta é, então
dificuldades para que essa adaptação seja realizada alinhada com este ponto passando a representar o tempo 0
corretamente: a) a caracterização do tempo t=0 da resposta segundo da aquisição.
dinâmica que serve de base para uniformizar no tempo, os
Para uniformizar a escala da Fig. 1 valores experimentais de
pontos de todas as leituras de resposta dinâmica; b) não
tensão V foram normalizados segundo a expressão:
existe um sensor cuja resposta dinâmica sirva de referência
para os sensores do mesmo tipo, impossibilitando a
calibração por comparação com um padrão de referência. V − Vmín
(6)
Almeida [5] apresenta propostas alternativas para supera Vmáx − Vmín
estas duas dificuldades e viabilizar o cálculo da incerteza de
medição associada à calibração dinâmica de sensores de Os valores da derivada primeira do sinal de tensão V em
temperatura. A determinação do tempo zero por meio do relação ao tempo t foram obtidos por meio da seguinte
cálculo das derivadas e considerar a resposta teórica do expressão:
sensor como referência.
 dV  Vi +1 − Vi
3.1 Determinação do tempo zero   = (7)
 dt  i t i +1 − t i
Para fazer corretamente a adaptação dos métodos de cálculo
da incerteza de medição em calibração estática para o caso A derivada segunda foi calculada utilizando a Equação (7),
dinâmico, considerando a resposta dinâmica de um sensor substituindo V por (dV/dt). Nos dois casos, assumiu-se que
como uma série de medições estáticas, é necessário garantir, no último ponto da aquisição as derivadas são iguais às do
para o conjunto de realizações independentes do mesmo penúltimo ponto, uma vez que o sinal encontra-se na fase
experimento, que os valores de tempo de todas as amostras estabilizada.
possuam uma origem comum e bem definida, permitindo
assim a obtenção do valor da grandeza em um mesmo
instante de tempo para todas as realizações.
3.2 Resposta teórica para referência medição. Embora não seja generalizado e prático como os
métodos citados anteriormente, pois busca caracterizar de
O cálculo da incerteza de medição, associada a uma forma completa a cadeia de medição e suas imperfeições,
calibração estática, tem uma componente proporcional à
este método tem a vantagem de associar à cada ponto no
diferença entre o valor medido pelo sensor a ser calibrado e tempo da resposta dinâmica do sensor calibrado uma
o valor medido pelo sensor de referência [6]. A adaptação incerteza determinada estatisticamente, válida como medida
desse procedimento de cálculo para a calibração dinâmica
de dispersão e como parâmetro de desempenho.
exige que essa componente de incerteza seja substituída por
um equivalente, metrologicamente rigoroso e repetitivo. As principais fontes de erro na medição de temperatura com
Para este caso, em que o sensor se comporta como um termopares são [6]: variação espacial e temporal da
sistema de 1a ordem, a referência é o modelo expresso pela temperatura da fonte térmica; variação de temperatura na
Eq.5, para uma saída S(t) normalizada e com o degrau R junta fria; tensões parasitas associadas à utilização de cabos
unitário. A constante de tempo τ é obtida a partir dos de extensão ou compensação, ou de chaves seletoras;
resultados experimentais, verificando o tempo em que a interferência eletromagnética; tensões mecânicas ou
amplitude do sinal é 63,12% do degrau (1- e-1 ). Este tempo deformações, não-homogeneidades, oxidação e efeitos de
e igual a τ. A Fig. 2 mostra o resultado teórico e os liga do material do sensor; má condução de calor ao longo
resultados experimentais com o zero ajustado. do termopar (imersão insuficiente na fonte térmica).
Com as observações a cima e a consideração feita
anteriormente, onde o processo dinâmico é um conjunto de
processos estáticos de temperaturas diferentes pode-se então
e desenvolver a função modelo. Este modelo se baseia na
calibração de um termopar de junta exposta na cuba rotativa
que será caracterizada mais adiante. A fonte térmica é a
Teórica
água da cuba rotativa, Fig. 3, a junta fria é imersa em um
Experimental
banho de gelo fundente, a tensão do termopar é alimentada
em um amplificador operacional, e o sinal amplificado é
introduzido em um analisador de sinais dinâmicos.
A função modelo preliminar desenvolvida relaciona a tensão
produzida nos terminais de um termopar com as demais
grandezas de influência da medição.

VL δT δT δT δV
Figura 2 - Resposta dinâmica de um sensor de 1a ordem, VT = − VO + dif + U − f + R − γ ⋅ δTamb (8)
experimental e teórica, calculada pela Eq. 5. G κq κq κf G
onde:
4. MODELO MATEMÁTICO DA MEDIÇÃO DE VT = tensão produzida pelo termopar [mV];
TEMPERATURA VL = tensão lida no analisador de sinais dinâmicos
[mV];
A função modelo da medição [8], ou modelo matemático é G = ganho de tensão proporcionado pelo amplificador
a base do cálculo de incerteza de medição, pois define as [mV/mV];
componentes de incerteza que devem ser calculadas, e VO = offset na tensão de entrada no amplificador
estabelece correções para as fontes de erro presentes na [mV];
cadeia de medição. δTdif = diferença entre a temperatura de um sensor de
Na literatura [2] são apresentados métodos de cálculo do referência e a temperatura medida, em um
erro associado à medição dinâmica, baseados nas funções de dado instante de tempo [°C];
transferência dos elementos da cadeia de medição. δTU = erro associado à não-uniformidade da
Conhecidas as características dinâmicas de todos esses temperatura do líquido na seção de teste da
elementos, essa abordagem permite determinar de maneira cuba rotativa [°C];
simples a relação entre a saída e a entrada da cadeia de δTf = desvio da temperatura da junta fria em relação
medição, em função do tempo. Entretanto, o modelo ao ponto de referência 0°C [°C];
resultante, geralmente obtido por meio de uma κq = sensibilidade estática do termopar na
transformação inversa de Laplace, fica restrito à combinação temperatura da junta quente [°C/mV];
das respostas dinâmicas teóricas dos elementos da cadeia de κf = sensibilidade estática do termopar na temperatura
medição. Por ser uma abordagem puramente teórica, este da junta fria [°C/mV];
método não considera as fontes de erro presentes na cadeia δVR = erro devido à resolução limitada do analisador
de medição. de sinais [mV];
γ = coeficiente de temperatura do amplificador
Neste trabalho é desenvolvido um método de cálculo de
[mV/°C]; δTamb = erro associado a variações na
incerteza, realizado no domínio do tempo e baseado na
temperatura ambiente [°C].
observação e detecção das fontes de erro associadas à
A grandeza de saída dessa função modelo é VT, e as O planejamento da coleta de dados experimentais para
grandezas de entrada são VL, VO , δTdif , δTU , δTf , δVR e δTamb . análise baseou-se primordialmente na intenção de
aperfeiçoar o cálculo da incerteza de medição e na análise de
O coeficiente de sensibilidade c associado a cada grandeza correlação entre as grandezas de influência da medição. A
de entrada é dado por: para VL, c1 =1/G; para VO , c2 =-1; análise de correlação entre duas grandezas de influência
para δTdif , c3 =1/κq ; para δTU , c4 =1/κq ; para δTf , c5 =1/κf ; exige a coleta simultânea de dados referentes a cada uma
para δVR , c6 =1/G; para δTamb , c7 =γ. delas, originando pares independentes de observações
A incerteza combinada associada a VT é calculada pelas repetidas. Observando a função modelo da medição
contribuições das sete componentes de incerteza associadas dinâmica de temperatura na cuba rotativa, representada pela
às grandezas de entrada, e depois calcula-se a incerteza Equação (8), foi determinado de forma prática quais as
expandida aplicando um fator de abrangência à incerteza grandezas de entrada que poderiam ser medidas
combinada. A incerteza expandida determina um intervalo simultaneamente em uma seqüência de realizações
de confiança com uma dada probabilidade de que o valor experimentais. Para tanto, foram feitos dez ensaios na cuba
correto da grandeza medida esteja dentro dele. rotativa, utilizando instrumentação descrita anteriormente. A
temperatura da água foi fixada em 60°C para todos os
ensaios, assim como a pressão no dispositivo de
5. APARATO EXPERIMENTAL E METODOLOGIA desmascaramento (5), igual a 5 bar, e a velocidade de
DE ENSAIOS rotação do motor elétrico que aciona a cuba, igual a 250
rpm. A freqüência de aquisição do analisador foi de 2,5 kHz.
Os principais elementos da cadeia de medição dinâmica de
temperatura com a cuba rotativa, Fig. 3, e os respectivos
erros associados são: 6. METODOLOGIA DE CÁLCULO DAS
INCERTEZAS DE MEDIÇÃO
- termopar do tipo K, utilizado na medição da temperatura
da água contida na cuba (termopar auxiliar) - δTU = 0,000°C De acordo com (6), (7), e (8), para se determinar qual das
± 0,035°C; leis de propagação da incerteza será utilizada no cálculo da
- mostrador digital de temperatura para termopares -δTK = incerteza combinada padronizada é necessário avaliar o grau
0°C ± 1°C; de correlação entre as varáveis. Este valor varia de 0 a 1,
- termopar do tipo K utilizado no dispositivo de sendo que este último indica uma forte correlação entre as
desmascaramento (termopar a ser calibrado dinamicamente), variáveis. O grau de correlação entre duas grandezas é dado
e seu cabo de extensão - δVc = 0,000 mV ± 0,005 mV; por:

[u (x , x )]
- fonte fria de referência a 0°C - δTf = 0,0°C ± 0,1°C;
r (xi , x j ) =
- amplificador operacional de tensão - VO = 50,49 mV ± i j

u( x ) ⋅ u (x )
(9)
2,30 mV , G = 101,66 mV/mV e γ = 0,005 mV/°C;
i j
- analisador de sinais dinâmicos - δVR = 0,0000 mV ±
0,0427 mV ;
- termômetros de bulbo de mercúrio para medição da A covariância entre duas grandezas pode ser determinada
experimentalmente por meio de observações simultâneas
temperatura ambiente (δTamb é diferença entre a temperatura
ambiente média medida durante a calibração do das duas variáveis. Sendo xi a média das observações de xi
amplificador e a média das temperaturas lidas durante cada e x j a média das observações de xj , a covariância pode ser
experimento–resolução±0,05°C).
- estimada por:

u (xi , x j ) = (
∑ (( xi ) k − xi ) ⋅ (x j )k − x j )
n
1
n (n −1) k =1
(10)

Como no primeiro conjunto de dados foi possível


observar apenas os valores de VL, δTamb e δTdif , foram
estimadas três covariâncias: u(VL,δTamb ), u(VL,δTdif ) e
u(δTamb ,δTdif ). Como VL e δTdif variam em função do tempo,
as covariâncias tiveram de ser calculadas para todos os
pontos no tempo, durante a resposta dinâmica do termopar.
Os valores dos coeficientes calculados estão apresentados na
Tabela 1 na página seguinte.

-
Fig. 3. Desenho esquemático do sistema de cuba ro tativa [10].
por:
Tabela 1 – Coeficientes de correlação médios
uc4 ( y )
νeff = N 4
Grandezas analisadas r (xi , x j ) ui ( y ) (15)
V L e δTamb 0,770425 ∑
i =1 νi
V L e δTdif 0,999988
δTamb e δTdif 0,770036 O cálculo da incerteza utilizada, para cada
conjunto de 10 pontos no tempo t, consiste nos seguintes
Como pode ser visto na Tabela 1 , as três grandezas passos:
analisadas possuem graus de correlação significativos entre -Determinação das estimativas das grandezas de entrada xi
si, principalmente VL e δTdif .. Desta forma a incerteza da função modelo da medição, Equação (8), e suas
padronizada combinada associada a VT é calculada por: respectivas incertezas padronizadas u(x i );
-Determinação dos coeficientes de sensibilidade ci da
u c2 ( y ) = ∑ ci2 ⋅ u 2 ( xi ) + 2 ⋅ ∑ ∑ ci ⋅ c j ⋅ u ( xi ) ⋅ u (x j )⋅ r(xi , x j ) (11)
N N −1 N
Equação (8);
i =1 i =1 j=i +1 -Cálculo da incerteza padronizada combinada u c(y) segundo
a Equação (11);
onde incerteza padronizada u(x i ) associada à estimativa de -Expressão da incerteza expandida U segundo a Equação
entrada xi é o desvio padrão experimental da média s(X i ) , (14) para um k=2;
-Disposição dos resultados em forma de curva de resposta
que é a raiz quadrada positiva da variância experimental da dinâmica da média e das incertezas e em uma tabela,para um
média: tempo t determinado, contendo todas as estimativas de
1  1 2
s2 (X i ) = ⋅ ∑ (( X i )k − X i ) 
n grandezas de entrada e componentes de incerteza associadas.
⋅ (12)
n  n − 1 k =1 
7. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
A média aritmética X i dos valores n observados (Xi ) k: A metodologia desenvolvida consiste em aplicar as normas
n e recomendações dos modelos estáticos a cada tempo da
⋅ ∑ ( X i )k
1
xi = X i = (13) amostragem do processo dinâmico. Como o zero do
n k =1 processo dinâmico de cada conjunto de 10 realizações é
ajustado segundo o método proposto da segunda derivada, a
A incerteza expandida U é obtida multiplicando-se a cada instante são geradas 10 amostras estáticas de tensão do
incerteza padronizada combinada u c(y) pelo fator de termopar que são relacionadas com as demais grandezas de
abrangência k: influência do sistema de medição. A Tabela 2 apresenta os
U = k ⋅ uc y ( )
(14) resultados de todos os cálculos de um ponto da amostragem
equivalente ao tempo de 0,55430 segundos, aos quais são
associados as incertezas do tipo A e do tipo B, bem como o
O número de graus de liberdade efetivos νeff é determinado valor de tensão estimado pela função modelo da Eq. (8).

Tab. 2 -Cálculo das grandezas de influência e da incerteza associada à tensão do termopar em um ponto no tempo (t = 0,55430 seg.)

Incerteza Coeficiente de Contribuição de


Grandeza Estimativa Tipo de avaliação
padronizada sensibilidade incerteza
Xi xi da incerteza
u(x i) ci u i(y)
VL 196,80945 mV 1,10404 mV A 0,00985 0,01087
VO 0,07756 mV 0,00109 mV B -1,00000 -0,00109
δTdif 0,15628 °C 0,09975 °C A 0,04039 0,00403
δTU 0,02518 °C 0,00450 °C A 0,04039 0,00018
δTf 0,00000 °C 0,05774 °C B -0,03900 -0,00225
δV R 0,00000 mV 0,00462 mV B 0,00985 0,00005
δTamb 0,00000 °C 0,34641 °C B -0,00500 -0,00173
VT 1,86886 mV u c (V T) 0,01199 mV
U 0,02896 mV
A freqüência utilizada no analisador dinâmico de sinais foi 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de 2,5 kHz, na resolução gráfica máxima. Isto equivale a um [1] Andrade, F. E. M., 1993, “Dynamical Calibration of
tempo de aquisição de 0,8 segundo. O experimento Temperature Sensors”, Graduation Project, Department of
apresentado na Tabela 2 é de número 1423. O valor Mechanical Engineering, University of Brasilia, Brasilia, Brazil.
estimado da voltagem neste ponto é 1,86886 mV ± 0,02896
[2] Bentley, J. P., 1988, “Principles of Measurement Systems”,
mV, para um fator de abrangência 2 e um nível de confiança
Longman Scientific & Technical, Essex, England.
95% considerando uma distribuição normal.
[3] Henrique, R. R. R., 2001, “Dynamical Calibration of
É o conjunto de todos os pontos no intervalo de 0,8 segundo, Temperature Sensors in Liquid”, Graduation Project, Department
determinados da mesma forma que o no. 1423, que gera a of Mechanical Engineering, University of Brasilia, Brasilia, Brazil.
resposta dinâmica do termopar com sua respectiva incerteza.
Na Figura 4 estão apresentadas as curvas da resposta [4] Almeida, M. E. K., Vianna, J.N.S., Henriques, R.R.R, Oliveira,
Dynamical Calibration o f Temperature Sensor – COBEM 2003.
dinâmica do sensor e a incerteza de medição representada
pelos intervalos de confiança. Pode-se observar que a [5] Almeida, M. E. K. “Dynamical Calibration of Temperature
medida que a curva se aproxima do regime permanente a Sensors“.Graduation Project, Department of Mechanical
curva da incerteza também muda sua lei de formação, uma Engineering (ENM), University of Brasilia, Brasilia, Brazil, 2003.
vez que cessam de intervir os efeitos transientes do processo [6] European Cooperation for Creditation ”Espressão da Incerteza
de transferência de calor. de Medição . 1999
[7] INMETRO -“Expressão da Incerteza de Medição”, Norma
NIT-DICLA n o 021, 1999
[8] “Guia para a Expressão da Incerteza na Medição”, 1 a edição,
ISO/TAG 4/WG 3, Genebra, Suíça, 1993
[9] NIST- The NIST Reference on Constants, Units, and
Uncertainty – Uncertainty of Measurement Results: International
and U.S. Perspective on Measurement Uncertainty”,– 2002.
[10] Neto, A. C., 1995, “Dynamical Calibration of Temperature
Sensors – Rotating Tank”, Graduation Project, Department of
Mechanical Engineering, University of Brasilia ,Brasilia, Brazil.
[11] Taylor, Barry N., Kuyatt, Chris E., “Guidelines for Evaluating
and Expressing the Uncertainty of NIST Measurement Results”,
NIST Technical Note 1297, USA, 1994.
[12] Vianna, J. N. S., Andrade, F. E. M., 1993, “Analysis of the
Fig. 4 - Resposta dinâmica média do termopar, com os intervalos Influence of the Coupling Variables in the Dynamical Response of
de confiança determinados pela incerteza expandida, para um k=2. Temperature Sensors”, XII COBEM Brasilia, 1993.
[13] Vianna, J. N. S., Oliveira, A. B. S., Neto, A. C. “Contribution
to the Study o f Dynamical Calibration Processes for Temperature
8. CONCLUSÕES
Sensors”, III Annual Congress of La Somim, Mexico, 1995.
O desenvolvimento deste trabalho e a posterior análise dos
resultados mostram que:
a) a metodologia proposta é metrologicamente consistente e Autores:
universalmente válida porque incorpora todas as João Nildo S. Vianna, Doutor em Engenharia Mecânica,
recomendações diretivas da ISO/TAG 4/WG 3, da Norma vianna@unb.br, & Alberto Carlos Guimarães Castro Diniz,
NIT-DICLA no. 21 do INMETRO e a EAL-G31 da EA; Doutor em Engenharia Mecânica, adiniz@unb.br
Laboratório de Metrologia Dinâmica, Departamento de Engenharia
b) embora o processo de cálculo exija um grau de Mecânica, Universidade de Brasília, Campus Universitário Darcy
complexidade teórica e guarde em seu interior Ribeiro – Gleba A – Faculdade de Tecnologia – Bloco F, CEP
peculiaridades inerentes aos sensores que respondem como 70910-900, Brasília, Brasil, fone: +55 (61) 307-1643
um sistema de primeira ordem, o método de cálculo pode ser
Michael E. Katayose de Almeida, Eng o. Mecânico,
entendido para sensores de ordem superior, com as EMBRAER, Av. Brigadeiro Faria Lima, 2170, CEP:12227-901 -
adaptação às suas peculiaridades construtivas; São José dos Campos – SP – Brasil, katayose@unb.br,
c) considerar como sensor de referência o modelo teórico, Alessandro Borges S. Oliveira, Mestre em Engenharia Mecânica,
com a mesma constante de tempo de sensor a ser calibrado, ENSAM – Ecole National Superieure d’Arts et Metiers 151,
é uma boa estratégia para os modelos de primeira ordem boulevard de l'hôpital , 75013 - Paris – France,
uma vez que supera as dificuldades para a determinação alessandro.oliveira@paris.ensam.fr,
precisa das propriedades intrínsecas do elemento sensível.

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