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Resumo Disciplina Psicolinguística

Psicolinguística é composta pelos domínios de aquisição da fala e compreensão da linguagem, de


percepção da fala, de produção oral e escrita, de leitura, de distúrbios da linguagem e de linguagem e
pensamento. O desenvolvimento da Psicolinguística ocorreu a partir dos anos 1950, fundando-se sobre a
fusão de duas outras disciplinas, a Linguística e a Psicologia. Apesar da Psicolinguística constituir-se a partir
da Psicologia e da Linguística, possui características próprias.

Linguagem: Capacidade dos seres humanos de se comunicar por signos; precisa ser apreendida
em forma de uma língua que se manifesta por atos de fala; serve para informar; é uma forma de ação.

Série de sistemas fisiológicos especializados que possibilitam a atividade verbal nos seres humanos.

Não é novidade que o cérebro humano possui uma estrutura muito complexa que é dividida em duas
grandes regiões — o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito — que se especializam em habilidades
diferentes.
As evidências de lateralização da linguagem provêm de estudos de pacientes com afasia, de
testagem de avaliação para neurocirurgia e da observação por meio de tecnologia de imagem e da ativação
cerebral.
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Uma das funções da Psicolinguística é compreender e explicar como as crianças aprendem a falar e
a entender a língua, sendo esse um fenômeno muito complexo.

As teorias de aquisição da língua materna


Behaviorismo: (em inglês: Behaviorism, de behavior = comportamento, conduta), também designado de
comportamentalismo, ou às vezes comportamentismo, é o conjunto das teorias psicológicas que postulam
o comportamento como o mais adequado, objeto de estudo da Psicologia.
Inatismo na teoria gerativa, hipótese segundo a qual a estrutura da linguagem estaria inscrita no código
genético da natureza humana e seria ativada pelo meio após o nascimento do homem.
Interacionismo: é a interação entre o indivíduo e a cultura, onde, para Vygotsky, é fundamental que o
indivíduo se insira em determinado meio cultural para que aconteçam mudanças no seu desenvolvimento.

Fases de desenvolvimento da linguagem da criança

Crianças em poucos anos alcançam o domínio de sua língua materna e a Psicolinguística busca
compreender e explicar como as crianças aprendem a falar e a entender a linguagem.
Primeiras semanas de vida: Nesse momento o choro e outros sons que a criança emite não são
intencionais, são condicionados fisiologicamente.

Elaborado por Anielle Botto Resumo da Disciplina Psicolinguística


Dois a quatro meses: É quando a criança começa a produzir outros sons que exigem mais do aparelho
fonador, distingue sons vocálicos e consonantais e associa a voz de sua mãe com sensações agradáveis.
Quatro a sete meses: É a fase do balbucio (vital para o desenvolvimento da fala; treino fonético) e das
primeiras séries de sílabas (facilidade articulatória das combinações iguais em todas as línguas: pa-pa, ma-
ma, ba-ba, da-da). E, também, de responder com balbucio à voz de um adulto (início do envolvimento com
a comunicação verbal).
Doze e dezoito meses: Nesse período muitas crianças proferem claramente palavras conhecidas e utilizam
palavras-frases ou holófrases — em que as palavras podem referir-se a mais de um objeto ou indivíduo,
como au-au que pode significar: um cachorro; outro bicho; tenho medo desse cachorro; vem aqui, cachorro.
Dezoito e vinte e quatro meses: Fala telegráfica, em que o desenvolvimento da linguagem não se restringe
à aquisição da estrutura da língua. É quando as crianças aprendem que a linguagem permite lidar com
diferentes tipos de pessoas em diversas situações.
Dez e doze anos: Em condições normais, nos sentidos biológico e social, é o período em que a aquisição
da linguagem se completa.
Treze e quatorze anos: Considerado o período crítico, que limita a possibilidade de surgimento e
desenvolvimento da linguagem. Nessa fase o processo de aquisição da língua materna se dá de acordo
com estágios diferenciados, pelos quais passam todas as crianças.

Os traços próprios do manhês são: a pronúncia mais cuidada, o timbre elevado, a entonação exagerada e
o ritmo mais lento que o habitual — com pausas mais longas e numerosas —, a enunciação repetida três
vezes e de forma mais breve que o habitual, o menor número de sentenças subordinadas e sem verbo.
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As dificuldades na aquisição de linguagem referem-se às alterações no processo de


desenvolvimento da expressão e recepção verbal e/ou escrita.
Quando o aluno apresenta alguns problemas — de ordem social, individual e dialetal— na aquisição
da linguagem escrita pode, consequentemente, apresentar dificuldades no domínio da leitura também.
É importante saber que o processo de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de quatro
sistemas interdependentes:
O pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem em um contexto social.
O fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar palavras.
O semântico, respeitando as palavras e seu significado.
O gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases
compreensíveis (SCHIRMER et al. 2004).

Esquizofrenia: O termo esquizofrenia significa "mente dividida", pois o indivíduo nega a realidade
para entrar na fantasia, desconsiderando evidências dos seus sentidos e substituindo a realidade por falsas
percepções ou alucinações que expressam enganos ou crenças falsas.

Elaborado por Anielle Botto Resumo da Disciplina Psicolinguística


Afasias: É uma lesão na região da divisão superior da artéria cerebral média do hemisfério esquerdo
que resulta sistematicamente em deficiências na produção linguística. Por exemplo, traumatismos causados
na área de Broca produzem desordens da produção (fala entrecortada, articulações defeituosas), enquanto
os traumatismos ocorridos no lóbulo temporal (lateral), conhecido como área de Wenicke, originam
desordens da percepção e a incapacidade para entender a linguagem oral ou escrita.

Dislexia superficial: São pessoas que leem qualquer palavra desde que se ajuste às regras
grafema-fonema; mas não conseguem distinguir homófono, como sexta e cesta.

Dislexia fonológica: São pessoas que apresentam dificuldades para ler palavras infrequentes e
pseudopalavras e cometem erros visuais que os obrigam a substituir a palavra escrita por outra visualmente
semelhante e usada com maior frequência, como conceito substituída por conselho.

Dislexia profunda: São pessoas que são incapazes de ler pseudopalavras, como consequência da
destruição da via fonológica, e produzem erros semânticos (de significado), por exemplo, ler capitão, onde
está escrito coronel.
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A escrita surgiu por volta de 5.000 anos atrás, com a escrita pictográfica, ou seja, por meio de
imagens. A partir desses pictogramas ocorreu o surgimento dos logogramas, resultando no aparecimento
de estilos diferentes em cada escrita.
A fala e a escrita são modos opostos de comunicação, mas modalidades complementares.
O processo de aquisição da escrita é explicado por diferentes paradigmas, entre eles o behaviorista,
o cognitivista e o sociocultural; enquanto a leitura, possui diferentes modelos como o ascendente, o
descendente e o interativo.

Behaviorista: A teoria behaviorista da linguagem parte do pressuposto de que o processo de


aprendizagem consiste numa cadeia de estímulo-resposta-reforço. O ambiente fornece os estímulos - neste
caso, estímulos linguísticos - e a criança fornece as repostas - tanto pela compreensão como pela produção
linguística. A criança, por esta teoria, durante o processo de aquisição linguística, é recompensada ou
reforçada na sua produção pelos adultos que a rodeiam.
Cognitivista: Aborda a linguagem a partir da relação da experiência humana com o mundo,
concebendo a linguagem não como uma entidade autônoma, mas como “manifestações de capacidades
cognitivas gerais, da organização conceptual, de princípios de categorização, de mecanismos de
processamento e da experiência cultural, social e individual”.
Sociocultural: A linguagem corrente corresponde à norma, ou seja, é o nível de língua mais
acessível e usado. Apresenta uma linguagem simples, fazendo uso de palavras, expressões e construções
mais usuais de uma língua.

Elaborado por Anielle Botto Resumo da Disciplina Psicolinguística


Ascendente: Guia a compreensão sem experiências e expetativas do leitor, junta as letras até
produzir o sentido da frase, as letras são transformadas em sons e dão origem aos métodos Sintáticos,
favorecendo a decifração.
Descendente: Prevê o significado do texto e questiona sobre o texto com base no seu conhecimento.
Aprende-se a ler, lendo. É uma leitura visual, na qual se reconhece as palavras sem passar pela
correspondência grafo/fonológica. Estes modelos dão origem aos métodos Analíticos Globais.
Interativo: São modelos em constante interação com os dois modelos anteriores. Neste modelo
verifica-se claramente que a Leitura é um processo que requer a interação de muitas fontes de
conhecimento. É uma fonte intermédia, Organiza a informação em função de conhecimentos prévios e dá
origem aos métodos Semi-Globais ou Analítico- Sintéticos. É um modelo funcional com bons leitores, não
em fases iniciais de aprendizagem da leitura.

A leitura e escrita são indispensáveis no mundo em que vivemos, em que há grande demanda por
competências de comunicação em diferentes níveis. Assim, a apropriação desses conhecimentos, de como
se processam a escrita e a leitura, podem constituir ferramentas mais amplas para o ensino de língua
materna.
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Entre as décadas de 1940 e 1970, o behaviorismo teve grande influência no ensino de segundas
línguas. Nesse período utilizava-se muito a metodologia áudio lingual, em que as atividades enfatizavam a
repetição e a memorização, pois acreditava-se que ao estudar uma segunda língua, as pessoas partiriam
dos hábitos formados na primeira língua e estes interfeririam nos novos hábitos necessários para as
segundas línguas.

Hipótese da Aquisição/Aprendizagem: A aquisição se dá em um ambiente natural, sem o estudo


consciente do sistema linguístico e a aprendizagem acontece em ambiente escolar, com o estudo consciente
das regras da língua.
Hipótese do Monitor: O que foi aprendido pode atuar como monitor para o aprimoramento do uso
da língua, já aquilo que foi adquirido vai promover a fluência.
Hipótese da Ordem Natural: A aquisição se dá em uma sequência regular, parecida com a ordem
de aquisição da L1.
Hipótese do Insumo: Parte da ideia de que a aquisição só acontece quando o aprendiz recebe
insumo (input) compreensível, o que Krashen chama de i+1 (entende-se um insumo ou mensagem
compreensível acrescido de alguma informação nova).
Hipótese do Filtro Afetivo: Situações extralinguísticas, como ansiedade e motivação, se negativas,
podem criar um filtro, impedindo a aquisição da linguagem.
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Elaborado por Anielle Botto Resumo da Disciplina Psicolinguística


As estratégias de aprendizagem, além de incentivar o desenvolvimento da responsabilidade do
aprendiz por sua aprendizagem, o ensino das estratégias promove uma aprendizagem eficiente, aumenta a
motivação dos alunos e a quantidade de tempo que eles passam utilizando o idioma.

Oxford caracteriza as estratégias de aprendizagem como instrumentos que permitem um melhor


autodirecionamento ao estudante, uma vez que são geralmente usadas para resolver um problema para ser
solucionado e são centradas no “como fazer” e não “o que fazer”.
A categorizações das estratégias de aprendizagem de idiomas de Oxford (1990) divide as estratégias
em duas classes principais, diretas e indiretas.
Diretas: aquelas envolvidas diretamente no aprendizado da língua. Memória, Cognitivas e Compensação.
Indiretas: aquelas que ajudam a levar em frente o processo de aprendizagem. Metacognitivas, as Afetivas
e Sociais.
Diretas
Memória: Criar conexões mentais; Aplicar imagens e sons; Revisar bem; Empregar a ação.
Estratégias cognitivas: Praticar; Receber e enviar; Analisar e raciocinar; Criar uma estrutura para material
de entrada e de saída.
Estratégias de compensação: Adivinhar com inteligência; Vencer limitações ao falar e ao escrever.
Indiretas
Metacognitivas: Focar a aprendizagem; Organizar e planejar a aprendizagem própria; Avaliar a
aprendizagem própria.
Afetivas: Diminuir a ansiedade; Estimular a si próprio; Avaliar a aprendizagem.
Sociais: Fazer perguntas; Cooperar e simpatizar com os demais.
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Referências

GODOY, E.; DIAS, L. S. Psicolinguística em foco: linguagem – aquisição e aprendizagem. Curtitiba:


InterSaberes, 2014.

Elaborado por Anielle Botto Resumo da Disciplina Psicolinguística

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