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RESUMO
A luta revolucionária desde primeiros momentos não foi apenas para derrocada de batista,
mas desde que chegou as serras cubanas a revolução desencadeava a luta incessante da
conscientização da população, a busca pela a aceitação de uma nova estrutura social que
buscava naquele momento. Nos anos da revolução a primeira aproximação foi com os
camponeses que naquele momento estava próximo ao embate entre a vanguarda guerrilheira e
o exército de batista. Passado os anos, após a vitória a luta continuava, mas em outro patamar,
sendo ela a consciência do povo que naquele momento ainda havia resquícios da ideologia
dominante na população. Embora haja semelhanças no socialismo de Cuba e da União
Soviética, Cuba tem seus avanços e consegue superar a União Soviética, prova disso é que já
são os anos de revolução e, mesmo com a queda da União Soviética sua força motriz superou
tempos anteriores. As condições objetivas que está na economia é o alicerce para manter a
estabilidade de Cuba e a consciência política do povo constitui os pilares da manutenção da
revolução conduzida pela vanguarda. Cinquenta anos após o rompimento com o capitalismo
não se pode intitular Cuba socialista, uma vez que não se socializa miséria, mas não se pode
esconder ou negar os avanços deste país comparando com os demais países da América
Latina, Cuba tem como prioridade o ser humano e é neste sentido que todas as ações,
investimentos, planos estão voltadas prioritariamente para o ser humano.
Toda a situação de exploração sofrida pela população contribuiu para que a cada
momento um camponês se somasse as fileiras da guerrilha. Por um simples ideal, porém, a
partir das vitórias já conquistadas pelos guerrilheiros que fazia parte do exército
revolucionário, com a incorporação de novas forças mais próxima se visualizava a vitória que
acontecera de fato no dia primeiro de janeiro do ano de 1959.
A disciplina é um outro fator que se deve levar em consideração para vitória da
revolução. Qualquer movimento social que tem objetivos definidos, se não levar em
consideração a disciplina esta condenado ao fracasso. Mas, a disciplina não é o fim em si
mesmo, porque são normas de condutas, no caso da guerrilha, que nem tinha como meta a
destruição do poder arbitrário da ditadura de Fugêncio Batista e seus aliados econômicos:
Cubanos e Estadunidenses.
Note-se a rígida disciplina, mas que ainda não estava associada a uma doutrina
revolucionária no sentido lato do termo. Parece contradição afirmar que uma revolução não
tinha princípios revolucionários, contudo, faz-se necessário uma análise teórica sobre o
caráter de uma revolução orientada por uma doutrina revolucionária.
Segundo Marx e Engels os Estados Nacionais não são outra coisa senão o comitê
para gerir os negócios da burguesia. “O executivo no Estado moderno não é senão um comitê
para gerir os negócios comuns de toda classe burguesa” (Marx e Engels, 2005 p. 42).
Naquele momento o Estado Nacional Cubano não era outra coisa senão um território em
disputa para gerenciar os negócios da cana de açúcar. A miséria da população campesina
contribuiu para somar força contra o poder, mas essa situação não definiu uma doutrina que
orientasse a revolução em favor de um projeto histórico da verdadeira emancipação da
população. As condições subjetivas que são orientadas pelo grau da consciência da população
foram se construindo com o desenrolar do processo revolucionário. Neste sentido, a revolução
cubana se orientou em primeiro momento por interesses econômicos e não por princípios
revolucionários que tem na essência o ser humano como elemento central de uma doutrina.
Pois por grandes períodos na ditadura de Batista a repressão aumentava a todo o
momento chegando a situações desumanas no corte de abastecimento nas regiões onde a
guerrilha se encontrava. Não levando em consideração a população que se encontrava nos
arredores das serras, passando pelas mesmas dificuldades em que a vanguarda naquele
momento se encontrava, mas havia o apoio dos camponeses à guerrilha, assim se iniciou o
auxilio aos guerrilheiros com abastecimento daquilo que os camponeses ainda estavam
produzindo.
Houve um momento em que a guerrilha foi direcionada para atender também as
reivindicações dos camponeses com a incorporação dos mesmos ao exército revolucionário. A
partir daí a revolução começa ter caráter de massa e o governo central começa ceder em
alguns pontos específicos como a lei da reforma agrária.
A Lei da reforma agrária pode ser considerada como medida de concessão. Como a
velha tática: ceder um pouco para não perder o poder. Mas assim, a luta guerrilheira cubana
estava ganhando força. A incorporação dos camponeses tinha objetivos específicos, mas foi
conduzida pela direção da revolução para um projeto estratégico, ajustando os interesses
econômicos dos mesmos com as táticas da revolução.
Veja-se que num primeiro momento o “povo” é apenas um aliado. Então, a
revolução tinha objetivos de derrubar o governo do poder, a população era considerada como
força indispensável, mas não estava como partícipe do processo. A força que vinha dos
camponeses somando-se ao exército era sempre considerada como força de aliados. A tática
construída pela vanguarda da revolução, entre eles Fidel e Guevara que entendiam a adesão
dos camponeses como ajuda no processo estabelecendo uma relação de vantagens do exército
revolucionário sobre o poder oficial do Estado.
“Ou seja, que as revoluções não nascem da mente dos homens. Os homens
podem interpretar uma lei da história, um momento determinado do
desenvolvimento histórico. Fazer uma interpretaçãso correta é dar impulso
a esse movimento, sobre a avaliação de uma série de condições objetivas
(...)”(O.R apud HARNECKER, 2000 p. 45)
...Fidel não se limita a constatar que em Cuba existiam condições para fazer
a revolução, nem a esperar que estas amadureçam por si mesmas, mas que,
como vanguarda, atua sobre as próprias condições objetivas aguçando as
contradições existentes e criando outras novas, isto é, permitindo, com sua
ação, que as condições objetivas e subjetivas cheguem a sua plena
maturidade, com o que, de fato, acelerou-se o processo revolucionário neste
país.” (p 49)
E em terceiro lugar, a única força que Fidel julgava capaz de alavancar a revolução
era a massa, o povo cubano.
Foi esse povo no qual Fidel acreditou ser o a única força hábil a revolucionar que
pagou o preço com a vitória da Revolução, com privações até mesmo de meios de
subsistência, alimentação, material escolar, combustível, energia elétrica... Tudo foi racionado
para que todos sobrevivessem, concomitantemente, muitas medidas foram tomadas em prol da
classe operária, a primeira delas foi a “expropriação dos expropriadores” e depois muitas
outras: reforma agrária, nacionalização do capital estrangeiro, nacionalização geral da
indústria, vários confiscos além de:
Com a queda da URSS em 1991, Cuba passa novamente por uma crise sem
precedente. O grau de consciência da população é posto a prova novamente. Mas o país agora
vem se restabelecendo criando cooperativas regionais em todo o setor produtivo para que a
distribuição principalmente dos alimentos seja mais eficiente e econômica. Está se produzindo
gado para o consumo da carne, o que antes era só para a produção do leite e, portanto só
criança e idosos comiam carne bovina; o governo está trocando os ventiladores que vieram
ainda da URSS e consomem muita energia; essas e outras medidas têm contribuído para a
qualidade de vida do povo cubano minimizando os impactos da crise resultado da queda da
URSS e criando nova base para a economia. Fazendo uma comparação com os países da
América Latina, do ponto de vista do subdesenvolvimento, nenhum deles se equipara às
conquistas de Cuba uma vez que ela inverte a lógica de economia de mercado e passa a ter o
ser humano como prioridade.
Entendendo a Revolução Cubana como uma contínua luta que ainda não se findou, é
possível compreender que é pela subjetividade que Cuba eleva cada vez mais a consciência do
povo cubano e causa impacto mundial experimentando e provando que é possível a
manutenção de uma revolução cada vez mais amadurecida rumo ao socialismo. Embora
havendo uma tese recorrente que “Cuba não é socialista, porque não se socializa miséria”, há
que se considerar que geograficamente Cuba está situada em uma ilha carente de riquezas
naturais. Contudo houve muitos avanços na educação, na saúde pública e nas ciências
médicas.
A educação política do povo se deu através da promoção de uma consciência
revolucionária dessa condição de explorados e da própria revolução. E é através desta
organização conduzida por Fidel Castro que Cuba avança no conhecimento político do povo.
É a ditadura do proletariado consciente. “Uma coisa é a conquista do povo. Outra, o que se
faz ou se pode fazer com ele” (p 27).
Florestan Fernandes explica o que representa o episódio da Revolução Cubana:
Cuba rompe essa cultura entrando em combate contra as condições reais em busca
das condições ideais: a unidade das forças. Para obter essa unidade a vanguarda da Revolução
partia de metas mínimas, às vezes algumas medidas emergenciais precisam ser tomadas; além
disso, a estratégia traçada contra o oponente era mais apropriada que qualquer outra da forças
revolucionárias; e por fim a valorização era igualitária a todos que participavam da
Revolução, não se levava em conta o número de militantes da organização tampouco o grau
de participação.
Contudo, observa-se um grande investimento dos donos dos meios de comunicação
e literatura em geral dos países capitalistas para disseminar no plano das idéias uma
compreensão distorcida do que é o socialismo em Cuba e alienar o proletariado utilizando de
um vocabulário ambíguo para legitimar as condições de explorados e exploradores.
Em Cuba os meios de comunicação estão a serviço da educação, mas nos outros países
subdesenvolvidos, a educação é quem fica a mercê dos meios de imprensa. A educação não é
anunciada, mas se educa para anunciar formando mão de obra, inclusive para trabalhar nos
meios de comunicação nos moldes da própria escola legitimadora do Estado. Tendo em vista
que o capitalismo esta para reproduzir o sistema de exploração.
Nos países capitalistas, o Brasil, por exemplo, o teatro é para a classe alta, a novela é
o pêndulo de hipnose de toda a população, a indústria cinematográfica ianque alastra seu
veneno mental e ainda cobra por isso, a música da vez a fazer sucesso é escolhida pelos
fabricantes de disco e locutores de rádio, a obras abstratas de pintores e escultores atuais nada
representa o interesse da classe trabalhadora, no fim, o que resta é arte circense onde o
respeitável público vê todos os dias o anfitrião do picadeiro no espelho.
Enfim, a Revolução cubana, ou qualquer revolução que se pretenda desencadear, não se
atém a mudar o modelo econômico e político de um país, mas a transformar todas as relações
sociais colocando em contradição qualquer resquício da velha ordem social a fim de eliminá-
la e consequentemente coloca em choque a concepção liberal de democracia que em nada se
parece com a origem grega da palavra: o poder do povo pelo povo.
BIBLIOGRAFIA
MARX E ENGELS. Manifesto Comunista, Ed. Boitempo, 2005 São Paulo SP.
FERNANDES. Florestan. Da Guerrilha ao Socialismo: a Revolução Cubana, Ed. Expressão
Popular, 2007 São Paulo SP.
SADER, Eder. Che Guevara: Política, Ed. Expressão Popular, 2004 São Paulo SP.
RODRIGUES & Outros, Che. Reflexões Sobre a História Cubana, Ed. Edições Populares,
Volume 10 1981 São Paulo SP.Tradução Ronaldo Antonelli - Série Nossa Historia,
Nossos Problemas - Coleção América Latina.
HARNECKER, Marta. Fidel: A Estratégia Política da Vitória, Ed Expressão Popular 2000
São Paulo SP.