Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3. Fiscalização da Constitucionalidade
Exige mais, pois omitir a aplicação de normas constitucionais, quando a Constituição assim a
determina, também constitui conduta inconstitucional (SILVA, 2010).
Neste sentido podemos concluir, dos ensinamentos dos autores supracitados, que o controle de
constitucionalidade tem por escopo garantir a supremacia da Constituição de Moçambique
mediante a extirpação do mundo jurídico de acto normativo contrário a ela e, se necessário,
provocar a actuação do legislativo ou do executivo para que eles adoptem a medida até então
omitida: a edição de lei ou prática do ato necessário para tornar aplicável a norma constitucional.
A fiscalização e controlo do cumprimento da constituição são fundamentais num Estado de
Direito e é uma tarefa que pode ser levada a cabo por dois tipos de órgãos:
Órgãos políticos; e
Órgãos jurisdicionais
A fiscalização pode, assim, ser jurisdicional ou politica, consoante seja efectuada por órgãos
jurisdicionais ou políticos, os quais têm formas próprias de agir e critérios bem diferenciados
(ROCHA et all, pp.210).
No nosso ordenamento jurídico, a fiscalização da constitucionalidade cabe essencialmente aos
órgãos jurisdicionais. Porem, a Assembleia da Republica através do presidente assembleia e um
terço, pelo menos dos deputados pode solicitar a inconstitucionalidade. Mas de facto, é essencial
aos tribunais que compete o poder e trata-se de um poder-dever, já que esse poder constitui uma
verdadeira obrigação de solicitar apreciar a inconstitucionalidade, de recuar a aplicação de
normas inconstitucionais e de destruir todos os efeitos que estas eventualmente tenham
produzido conforme o disposto no artigo 213.⁰ da CRM.
Evidentemente que é o Concelho Constitucional que cabe o papel mais importante de
fiscalização da inconstitucionalidade, cabendo-lhe em exclusivo a declaração de
inconstitucionalidade de qualquer norma (n.⁰2 do art. 241⁰ da CRM).
Ou seja, os tribunais judiciais não podem aplicar normas que julguem inconstitucionais (art.
213.⁰ da CRM), mas a declaração dessa inconstitucionalidade cabe em exclusivo ao concelho
constitucional (n.⁰2 do art. 241⁰ da CRM).
5
Além disso, considerando que o Presidente da República é, por um lado, o chefe do partido
maioritário no Parlamento, por outro, chefe do Governo, percebe-se que ele, ao solicitar a
verificação preventiva da constitucionalidade, assume-se como Chefe do Estado e garante da
Constituição, distanciando-se, deste modo, do seu partido e do Poder Executivo.
O exercício reiterado, pelo Presidente da República, da iniciativa de fiscalização preventiva da
constitucionalidade de leis, aprovadas pela maioria parlamentar com que se identifica
politicamente, é um sinal não só de confiança ao Conselho Constitucional como também de um
clima de bom relacionamento entre os dois órgãos.
O procedimento no Conselho Constitucional tem natureza contraditória, mas não oral. Como foi
antes referido, a Lei Orgânica prevê a notificação do órgão autor da norma cuja declaração de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade se pede, para se pronunciar, inquerindo, nos limites do
prazo legal (artigo 51).
O princípio da oralidade parece mais vantajoso quando se trata de aumentar a transparência do
tribunal, porém pode, de certa forma, não favorecer a independência dos juízes constitucionais,
mormente, em contextos de democracias pluralistas incipientes, como é o caso de Moçambique.