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Aula

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Assuntos ANOTAÇÕES

1. O Multímetro
1.1 Apresentação, componentes e aplicações
1.2 Analógico x Digital
1.3 Seleção de Grandeza e Escala
1.4 Cuidados com o multímetro
1.5 Utilização prática do multímetro

Objetivos
Neste último capítulo de nosso curso de Eletricidade Básica, temos
por objetivos:
» Apresentar o multímetro padrão, ressaltando suas potencialidades
na reparação automotiva;
» Saber operar as funções básicas desse instrumento e os cuidados
que devemos ter ao utilizá-lo;
» Interpretar os valores apresentados em seu mostrador (display).

Introdução
Na prática, os aparelhos de medição apresentados no capítulo 6, exceto
o wattímetro, são reunidos em um único aparelho chamado
multímetro.

Assim, através de uma chave seletora no próprio equipamento, pode-


mos escolher a unidade elétrica que desejamos medir, fazendo-o operar
como voltímetro, ou amperímetro, ou ainda como um ohmímetro.

Essa jóia dos equipamentos de medição elétrica é, por sua versatilidade,


utilidade, portabilidade e custo reduzido dependendo do modelo, o
equipamento mais utilizado pelo técnico automotivo, especializado em
sistemas eletroeletrônicos.

Hoje é possível encontrar no comércio uma infinidade de marca e


modelos de multímetros, sendo que, os que possuem pelo menos as
funções básicas, podem ser obtidos por valores abaixo do R$40.

É tão imprescindível que, cada especialista em eletricidade automotiva


deve ter o seu.
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LEMBRETE 1.1 Apresentação, componentes e aplicações


No multímetro digital, o O multímetro costuma caber na palma da mão e pesar menos de 500g,
mostrador mostra dígitos e o que o torna muito portátil e prático.
no analógico um ponteiro
aponta para o valor medido.

ANOTAÇÕES

Figura 1: Multímetro digital típico.

A foto de um multímetro típico é mostrada a seguir.

Figura 2: Multímetro analógico típico.

Completando o multímetro, temos as chamadas “pontas de prova”,


conectadas ao aparelho através de fios. Na figura, podemos visualizar as
pontas de prova em preto e vermelho.
Fundamentos de Físico-Química Aplicados 65

1.2 Analógico x Digital


Existem dois tipos de multímetros: Os analógicos e os digitais.

Apesar de ainda ser o mais indicado para alguns tipos de leituras, os


multímetros analógicos são cada vez menos comuns, mas, no caso da
eletricidade automotiva, o digital atende às necessidades específicas
exigidas atualmente.

1.3 Seleção de Grandeza e Escala


Independente do tipo de multímetro, sempre iremos encontrar uma
chave seletora, que nos permite escolher que grandeza elétrica iremos
medir: tensão, corrente ou resistência elétrica.

Ao observarmos as inscrições marcadas no multímetro, para orientar a LEMBRETE


posição da chave seletora, teremos a opção de medirmos:
» Tensão alternada em volts. Sempre verifique se o limite
máximo de corrente que o
» Tensão contínua em volts. aparelho utilizado suporta
» Corrente alternada em amperes. é compatível com valor
» Corrente contínua em amperes. medido, evitando danos ao
» Resistência elétrica em ohms. aparelho e riscos à segurança
do operador.
É importante realizar a seleção correta da chave do multímetro em fun-
ção da leitura que estamos realizando, tanto para obtermos resultados
corretos das leituras, como para evitar danos ao multímetro.

Se quisermos ler a tensão na tomada elétrica de nossa casa, a chave


seletora do multímetro deve estar em tensão alternada que, como sabe-
mos, é o tipo que temos em nossas tomadas.

Além de selecionar corretamente a grandeza elétrica a ser medida,


um outro aspecto muito importante é saber escolher, corretamente, a
escala no multímetro. Não apenas para uma correta leitura, mas tam-
bém para evitar danos ao instrumento.

Está difícil de visualizar? Não se preocupe, vamos considerar uma situ-


ação prática que, certamente, irá ajudá-lo a compreender melhor essa
questão.

Imagine que você irá utilizar um multímetro para verificar se a tensão


elétrica em uma determinada tomada de sua casa está correta. Primeiro
considere a figura simplificada do multímetro abaixo:
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ANOTAÇÕES

Figura 3: Multímetro simplificado.

Observe que o primeiro passo será a escolha correta da unidade a ser


medida, que no caso é a tensão na tomada de sua casa. Como você já
sabe a tensão na tomada é do tipo alternada, então, o primeiro passo
será considerar o posicionamento do botão seletor do multímetro no
campo de medição de tensão alternada. Veja abaixo como seria:

Figura 4: Chave seletora posicionada para medir tensão alternada.

A chave seletora deve estar no quadrante que possuir a indicação V~,


ou seja, tensão alternada.
Fundamentos de Físico-Química Aplicados 67

É só isso? Não! Como dissemos, a escolha da escala é fundamental e


deve ser realizada antes de efetuarmos a medição.

Em cada quadrante marcado em um multímetro, temos a leitura de um


tipo de grandeza elétrica, porém, dentro de um mesmo quadrante, a
chave seletora pode ser posicionada em mais de uma posição.

E agora? Fique tranquilo e você verá que, com as devidas considera-


ções, a escolha do correto posicionamento da mesma é simples. INTERESSANTE

Suponha que, o multímetro que você está utilizando, apresenta duas Alguns multímetros mais
sofisticados selecionam a
posições de seleção no quadrante para medição de tensão elétrica escala automaticamente.
alternada, como as seguintes indicações: 600V e 200V como mostrado
na figura a seguir:

Figura 5: Opções de seleção para tensão alternada.

Agora você deve levar em conta o que quer medir. Lembra qual é a
tensão na tomada de sua casa? Pois é, sempre devemos ter em mente
os valores esperados para aquela medição, para escolhermos a escala.
Como na região Nordeste do Brasil a tensão é 220V, devemos escolher
a posição de 600V, uma vez que a outra opção (200V) é menor do que
a tensão esperada, não sendo suficiente para medir a grandeza.

Na verdade, mesmo que o valor esperado seja menor do que o limite de


determinada posição do botão seletor, devemos sempre guardar uma
boa folga, visando minimizar os riscos de segurança e danos ao multí-
metro.

Costuma-se usar uma escala bem maior do que a grandeza e baixá-la


um passo de cada vez até se obter uma leitura ideal.
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É importante dizer que, quando desconhecemos os valores esperados


ANOTAÇÕES
de uma determinada medição, nossa cautela deve ser máxima, colo-
cando, inicialmente, o multímetro na maior escala possível. Nos casos
de equipamentos de altas tensões e correntes, as leituras não devem ser
feitas, pois há o risco de seus valores serem maiores do que a capaci-
dade de medição do multímetro que estamos utilizando.

Não se esqueça de estudar os multiplicadores que vimos no capítulo 3


e que serão fundamentais para a correta utilização do multímetro.

1.4 Cuidados com o multímetro


Além dos cuidados já mencionados de correta seleção da grandeza
a ser medida e a escala coerente em relação ao seu valor, destacamos
mais alguns:
» Evitar exposição ao sol e a temperaturas elevadas.
» Evitar quedas e pancadas.
» Jamais exceder sua capacidade de leitura.
» Trocar sua bateria interna sempre que houver indicação de
necessidade em seu mostrador.

1.5 Utilização prática do multímetro


Na parte inferior do multímetro, são montados conectores para a
conexão dos fios das pontas de prova. Podem ser duas, três ou mais
conexões.

Já sabemos que são duas pontas de prova. Onde devemos conectá-las?

A ponta de prova preta (-) é bem simples e estará sempre conectada no


mesmo ponto. Para facilitar sua compreensão, vamos tomar, por exem-
plo, o multímetro de três conexões, que é o mais comum.
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ANOTAÇÕES

Figura 6: Conexões para pontas de prova no multímetro.

A ponta de prova preta (-) deve ser ligada na conexão do centro, onde
lemos “COM” de comum.

Bem, agora vem a decisão, só temos mais uma ponta de prova (+), mas
existem, ainda, duas conexões livres no multímetro. Onde ligá-la?

É simples, depende da leitura que você irá realizar. Veja que, no


conector da direita, temos (Ω, V e 200mA), ou seja, se formos medir
resistência, tensão elétrica ou ainda correntes elétricas pequenas (nesse
exemplo até 200mA), devemos usá-lo para conectar a ponta de prova.

Se o que pretendemos medir for corrente elétrica de maior intensidade


(>200mA nesse exemplo) até o máximo de 10A (limite do multíme-
tro considerado), devemos utilizar o conector da esquerda onde está
marcado 10A.

Assim, considerando tudo o que vimos nesse curso, fazemos as seguin-


tes considerações sobre o uso do multímetro:

a) Devemos ter conhecimento prévio do tipo de grandeza que iremos


medir e sempre que possível, saber os valores padrão da mesma para o
que estamos medindo.

Exemplos: Pilha de rádio comum (tensão contínua, 1,5V), bateria


automotiva padrão (tensão contínua, 12V), rede elétrica monofásica
padrão (tensão alternada, 110V ou 220V), etc.

b) A partir do item “a” devemos colocar a chave seletora do multímetro


no quadrante correspondente à grandeza medida na posição da escala
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que seja cerca de 50% maior do que o valor médio esperado. Exemplo:
ANOTAÇÕES
Se formos medir a tensão de bateria em um automóvel, o botão deve
estar em tensão contínua em 20V.

c) Ao utilizar as pontas de prova, considerar as observações realizadas


no capítulo 6 que são:
» Medida de tensão: Realizada em paralelo, com o componente
energizado.
» Medida de corrente: Realizada em série, com o componente
energizado.
» Medida de resistência: Realizada em paralelo, com o componente
desligado.

Resumo
» Existem dois tipos de multímetros: Os analógicos e os digitais.
» Independente do tipo de multímetro, sempre iremos encontrar
uma chave seletora, que nos permite escolher que grandeza elé-
trica iremos medir: tensão, corrente ou resistência elétrica.
» Na parte inferior do multímetro, são montados conectores para
a conexão dos fios das pontas de prova. Podem ser duas, três ou
mais conexões.
» Quando desconhecemos os valores esperados de uma deter-
minada medição, nossa cautela deve ser máxima, colocando,
inicialmente, o multímetro na maior escala possível.

Referências
Andrey, João Michel – Eletrônica Básica: Teoria e Prática –São Paulo: Editora
Rideel ,1999.

Forrest M. Mims, III – Eletrônica: Iniciação Prática –São Paulo: Editora McGraw-
Hill, 1988.

CHOLLET, H.M. – Curso Prático Profissional para Mecânicos de Automóveis – O


Veículo e Seus componentes – São Paulo:Hemus Livraria Editora Ltda.,1981.

FIAT Automóveis – Sistemas Elétricos I – Brasília, SENAI/DN, 2000.

SENAI – Sistema Elétrico II – Eletricidade de Automóveis – Brasília, 1997.

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