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Ministério da Educação
Fernando Haddad
P rojeto Gráfico
Cícero Monteferrante - monteferrante@hotmail.com
C
oordenador Geral de Articulação Institucional em
Educação a Distância
Webster Spiguel Cassiano R evisão
Adriana A. L. Scrok
S
ecretária de Educação Especial
Cláudia Pereira Dutra I
mpressão e Acabamento
Gráfica e Editora Cromos - Curitiba - PR - 41 3021-5322
C
oordenação Geral de Articulação da Política de Inclusão
Denise de Oliveira Alves Marcus Vinícius Silva (13 anos)
Maria Clara Souza Freitas (14 anos)
Mariana Oliveira Gomes (12 anos)
Paulo Alberto Fontes Rocha (14 anos)
Wesley Alonso de Oliveira (21 anos)
Danilo Rischiteli Bragança Silva - Professor em Libras
Elaine Cristina B. de Paula Bragança - Instrutora de Libras
Fabíola da Costa Soares - Professora de Língua Portuguesa
I
lustrações da capa
Alunos da APAE de Contagem - Minas Gerais
A
educação escolar
ar do aluno com surdez é um desafio que estamos demonstrando, por meio
do trabalho de uma escola que abraçou a inclusão, sem restrições e incondicionalmente.
O
que transparece na sua
apresentação são as
possibilidades de os
alunos com surdez aprenderem nas
turmas comuns de ensino regular,
tendo a retaguarda do Atendimento
Educacional Especializado – AEE.
E
sse atendimento é explicitado
detalhadamente e nos faz
conhecer o que se propõe
para quebrar barreiras lingüísticas e
pedagógicas que interferem na inclusão
escolar dos alunos com surdez.
Coordenação do Projeto.
SUM˘RIO
CAP¸TULO I
EDUCAÇ‹O ESCOLAR INCLUSIVA PARA PESSOAS COM SURDEZ ............................................................ 13
Para saber mais... ................................................................................................................................................................. 16
CAP¸TULO II
TEND¯NCIAS SUBJACENTES ¤ EDUCAÇ‹O DAS PESSOAS COM SURDEZ ............................................... 19
Para saber mais... ................................................................................................................................................................. 22
CAP¸TULO III
O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA OS ALUNOS
COM SURDEZ: UMA PROPOSTA INCLUSIVA..................................................................................................... 25
Momento Didático-Pedagógico: O Atendimento Educacional Especializado em Libras na Escola Comum ............................. 26
Momento Didático-Pedagógico: O Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras ........................................ 32
Momento Didático-Pedagógico: O Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa................. 38
Para saber mais... ................................................................................................................................................................. 46
CAP¸TULO IV
O PAPEL DO INTÉRPRETE ESCOLAR ................................................................................................................... 49
Para saber mais... ................................................................................................................................................................. 52
Educação Escolar Inclusiva para Pessoas com Surdez1
E
studar a educação escolar das pessoas com social e o reconhecimento do potencial de cada ser
surdez nos reporta não só a questões humano. Poker (2001) afirma que as trocas
referentes aos seus limites e possibilidades, simbólicas provocam a capacidade representativa
como também aos preconceitos existentes nas desses alunos, favorecendo o desenvolvimento do
atitudes da sociedade para com elas.1 pensamento e do conhecimento, em ambientes
heterogêneos de aprendizagem. No entanto, existem
As pessoas com surdez enfrentam inúmeros
posições contrárias à inclusão de alunos com surdez
entraves para participar da educação escolar,
nas turmas comuns, em decorrência da compreensão 13
decorrentes da perda da audição e da forma como se
estruturam as propostas educacionais das escolas.
Muitos alunos com surdez podem ser prejudicados
importante é buscar nos confrontos promovidos na simples adoção dessa língua não é suficiente para
relação entre as diferenças, novos caminhos para a escolarizar o aluno com surdez. Assim, a escola
vida em coletividade, dentro e fora das escolas e, comum precisa implementar ações que tenham
sendo assim, como seria atuar com alunos com sentido para os alunos em geral e que esse sentido
surdez, em uma escola comum que reconhece e possa ser compartilhado com os alunos com surdez.
valoriza as diferenças? Que processos curriculares e Mais do que a utilização de uma língua, os alunos
pedagógicos precisam ser criados para atender a essa com surdez precisam de ambientes educacionais
diferença, considerando a escola aberta para todos estimuladores, que desafiem o pensamento,
e, portanto, verdadeiramente inclusiva? explorem suas capacidades, em todos os sentidos.
Não se trata de trocar a escola excludente Se somente o uso de uma língua bastasse
especial, por uma escola excludente comum. Ocorre para aprender, as pessoas ouvintes não teriam
que alguns discursos e práticas educacionais ainda problemas de aproveitamento escolar, já que entram
não conseguiram, responder às questões acima na escola com uma língua oral desenvolvida. A
aquisição da Língua de Sinais, de fato, não é garantia contemplando o ensino de Libras, o ensino em Libras
de uma aprendizagem significativa, como mostrou e o ensino da Língua Portuguesa.
Poker (2001), quando trabalhou com seis alunos com
surdez profunda que se encontravam matriculados
Ao optar-se em oferecer uma educação bilíngüe, a
na primeira etapa do Ensino Fundamental, com
escola está assumindo uma política lingüística em
idade entre oito anos e nove meses e 11 anos e nove
que duas línguas passarão a co-existir no espaço
meses, investigando, por meio de intervenções
escolar. Além disso, também será definido qual
educacionais, as trocas simbólicas e o desenvolvimento
será a primeira língua e qual será a segunda língua,
cognitivo desses alunos.
bem como as funções em que cada língua irá
Segundo esta autora, o ambiente em que a representar no ambiente escolar. Pedagogicamente,
pessoa com surdez está inserida, principalmente o
a escola vai pensar em como estas línguas estarão
da escola, na medida em que não lhe oferece
acessíveis às crianças, além de desenvolver as
condições para que se estabeleçam trocas simbólicas
demais atividades escolares. As línguas podem
com o meio físico e social, não exercita ou provoca
estar permeando as atividades escolares ou serem
a capacidade representativa dessas pessoas,
conseqüentemente, compromete o desenvolvimento objetos de estudo em horários específicos
do pensamento. A pesquisadora constatou que nesse dependendo da proposta da escola. Isso vai 15
caso, a natureza do problema cognitivo da pessoa depender de „como‰, „onde‰, e „de que forma‰ as
com surdez está relacionado à: crianças utilizam as línguas na escola. (MEC/
SEESP, 2006)
A
s tendências de educação escolar para Já a comunicação total considera as
pessoas com surdez centram-se ora na características da pessoa com surdez utilizando todo
inserção desses alunos na escola comum e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim
e/ou em suas classes especiais, ora na escola de potencializar as interações sociais, considerando
especial de surdos. Existem três tendências as áreas cognitivas, lingüísticas e afetivas dos alunos.
educacionais: a oralista, a comunicação total e a Os resultados obtidos com a comunicação total
são questionáveis quando observamos as pessoas
abordagem por meio do bilingüismo.
com surdez frente aos desafios da vida cotidiana. A 19
As escolas comuns ou especiais, pautadas linguagem gestual visual, os textos orais, os textos
no oralismo, visam à capacitação da pessoa escritos e as interações sociais que caracterizam a
O
trabalho pedagógico com os alunos principalmente de termos científicos. Este
com surdez nas escolas comuns, deve ser trabalhado é realizado pelo professor e/
desenvolvido em um ambiente bilíngüe, ou instrutor de Libras (preferencialmente
ou seja, em um espaço em que se utilize a Língua de surdo), de acordo com o estágio de
Sinais e a Língua Portuguesa. Um período adicional desenvolvimento da Língua de Sinais em
de horas diárias de estudo é indicado para a execução que o aluno se encontra. O atendimento
do Atendimento Educacional Especializado. Nele
deve ser planejado a partir do diagnóstico
destacam-se três momentos didático-pedagógicos:
do conhecimento que o aluno tem a 25
respeito da Língua de Sinais.
• Momento do Atendimento Educacional
Especializado em Libras na escola
Alunos explorando
maquetes dos
conteúdos
Professor explorando conteúdos curriculares em Libras curriculares sobre
com os devidos recursos didáticos historicidade
Maquete sobre a antiguidade oriental clássica Recursos pedagógicos para estudo dos sólidos
geométricos
30
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
31
33
Pr
Professores expressando e
desenhando os sinais
de
Sinal criado para 35
expressar a idéia
do termo papiro
36
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
39
40
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
Professora
P f de
d Língua
Lí
Portuguesa ensinando a Língua
Portuguesa escrita para os
alunos com surdez
A
Aluno com surdez elaborando
ffrases sobre o conteúdo estudado
O professor de Língua Portuguesa em dicionário ilustrado e livros técnicos. Organiza
parceria com os professores da sala comum e os termos específicos em um glossário ilustrado,
da Libras, realiza estudos dos termos específicos conforme pode ser visto nas ilustrações abaixo:
do conteúdo curricular, utilizando toda fonte Exemplo de glossário com termos específicos
de pesquisa bibliográfica possível, em especial, ilustrados1.
41
42
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
O Atendimento Educacional Especializado
deve ser organizado para atender também alunos que
optaram pela aprendizagem da Língua Portuguesa na
modalidade oral. Nesse caso, o professor de português
oferece aos alunos as pistas fonéticas para a fala e a
leitura labial.
Elaboração e interpretação de textos em
Língua Portuguesa:
43
O aluno com surdez precisa aprender a frases conectadas formam orações; orações transpostas
incorporar no seu texto as regras gramaticais da escrita por meio de conectivos formam períodos e assim
na Língua Portuguesa. por diante, até chegar ao texto. Assim, se inicia o
A Língua Portuguesa estrutura-se a partir da trabalho com os alunos, paralelamente à ampliação
combinação de vocábulos que conectados corretamente do vocabulário, a elaboração de tópicos frasais.
dão sentido: palavras combinadas formam frases; Veja exemplo:
44
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
Com o objetivo de alcançar estruturas Em resumo, podemos afirmar que:
gramaticalmente corretas, insere-se no trabalho
regras gramaticais propriamente ditas, que os alunos
• O Atendimento Educacional Especializado
ouvintes, facilmente compreendem, por terem como
para aprendizagem da Língua Portuguesa
canal comunicativo à língua oral. No caso dos alunos
exige que o profissional conheça muito bem
com surdez, faz-se necessário criar o canal que os
a organização e a estrutura dessa Língua,
leva a essas compreensões. Esta situação é observada
bem como, metodologias de ensino de
na análise morfológica – flexão de gênero, número e segunda língua.
grau de substantivos e adjetivos, bem como nas
• O uso de recursos visuais é fundamental
flexões verbais de modo, tempo e pessoa, ao
para a compreensão da Língua Portuguesa,
estabelecerem nas frases e textos, a concordância
seguidos de uma exploração contextual
verbal e nominal.
do conteúdo em estudo;
Por isto a necessidade de iniciar este
• O atendimento diário em Língua
trabalho nos primeiros anos de escolarização, pois Portuguesa, garante a aprendizagem dessa
uma vez que iniciados tardiamente neste processo, língua pelos alunos. 45
mais obstáculos encontrarão na conquista da
• Para a aquisição da Língua Portuguesa, é
habilidade comunicativa escrita.
preciso que o professor estimule,
No Atendimento Educacional Especializado permanentemente, o aluno, provocando-
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Educação Escolar de POKER, Rosimar Bortolini. Troca simbólica e desenvolvimento
Pessoa com Surdez: uma proposta inclusiva. Campinas: cognitivo em crianças surdas: uma proposta de intervenção
Universidade Estadual de Campinas, 2005. 117 p. Tese de educacional. UNESP, 2001. 363p. Tese de Doutorado.
Doutorado. REBELO, Ana Paula S. R.; COZER, Maria Beatriz R.;
DORZIAT, Ana; FIGUEIREDO, Maria Júlia F. Problematizando PINHEIRO, Neusa Maria S.; COSTA, Jucelino. Pistas
o ensino de Língua Portuguesa na educação de surdos. Revista sinestésicas: uma estratégia facilitadora para a alfabetização de
Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 18/19, p. 32-41, dezembro/2002- pessoas surdas. Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 18/19,
julho/2003. p. 106-111, dezembro/2002-julho/2003.
FARIA, Mirlene Ferreira Macedo. Rendimento escolar dos SVARTHOLM, Kristina. Aquisição de segunda língua por
portadores de surdez na escola regular em classe comum do surdos. Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 9, p. 38-45,
ensino fundamental. Espanha: Universidade de Salamanca, janeiro-junho, 1998.
1997. 148 p. Dissertação de Mestrado.
O Papel do Intérprete Escolar2
Atuação do tradutor/intérprete
em palestras, debates, discussões,
52 reuniões de colegiado e eventos
da escola
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez