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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
1. FERRAMENTAS DE ANÁLISE ECONÔMICA .................................................... 5
1.1. Microeconomia x Macroeconomia .............................................................. 6
1.2. Custo de Oportunidade ............................................................................... 7
1.3. Equilíbrio de Mercado: Lei da Oferta e da Demanda................................. 7
1.4. Elasticidade-Preço da Demanda e da Oferta ............................................. 9
1.5. Conceitos de Inflação e Deflação ............................................................. 11
1.6. A Influência do Câmbio na Inflação .......................................................... 12
1.7. Flutuação Cambial ..................................................................................... 13
1.8. Balanço de Pagamentos ............................................................................ 16
2. INDICADORES ECONÔMICOS ........................................................................ 19
2.1. Produto Interno Bruto (PIB) ...................................................................... 19
2.2. Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)...................................... 20
2.3. Índice Geral de Preços (IGP) ..................................................................... 22
2.4. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) ........................... 23
2.5. Certificado de Depósitos Interbancários (CDI) ........................................ 26
3. PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .......................................... 28
3.1. O Administrador Financeiro ...................................................................... 29
3.2. Tipos de Sociedades Empresariais .......................................................... 31
3.3. Governança Corporativa ........................................................................... 33
4. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ....................................................................... 36
4.1. Fatores de Decisão .................................................................................... 36
4.1.1. Rentabilidade ......................................................................................... 37
4.1.2. Liquidez ................................................................................................. 38
4.1.3. Risco ...................................................................................................... 39
4.2. Métodos de Análise.................................................................................... 41
4.2.1. Payback Simples ................................................................................... 41
4.2.2. Valor Presente Líquido (VPL) ................................................................ 42
4.2.3. Taxa Interna de Retorno (TIR) ............................................................... 43
4.2.4. Payback Descontado ............................................................................. 44
4.2.5. Break Even Point ................................................................................... 47
5. TIPOS DE INVESTIMENTOS ............................................................................ 49
5.1. Benchmark.................................................................................................. 50
5.2. Renda Fixa .................................................................................................. 50
5.3. Renda Variável ........................................................................................... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 53
INTRODUÇÃO

Economia é uma ciência que apresenta grande complexidade, mas que é


imprescindível para compreendermos o ambiente de atuação das entidades
governamentais e privadas do país. Em essência, as relações materiais realizadas
nos mercados são o objeto de estudo da economia.

A presente disciplina objetiva trazer conhecimento a cerca dos principais conceitos


econômicos, interligando-os a situações que ocorrem dia-a-dia em nossas vidas e,
que, muitas das vezes não temos fundamentação para optarmos pelas melhores
escolhas. Isso vale, evidentemente, para decisões sobre investimentos, mas também
para tomada de empréstimos e financiamentos, bem como para entender quais são
os bons e maus momentos para se adquirir um bem de alto valor econômico, entre
outros.

O autor reconhece que não será possível abranger tudo o que engloba a economia,
porém destaca que os pontos de discussão escolhidos deverão trazer os
conhecimentos necessários para facilitar as decisões cotidianas de cada um.

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1. FERRAMENTAS DE ANÁLISE ECONÔMICA

Fonte:https://www.shutterstock.com/

Oriunda do grego oikos (casa) e nomos (leis/costumes), economia é a ciência que


estuda a produção, a distribuição e o consumo de bens ou serviços. Esta ciência está
ligada profundamente ao comportamento humano, no que tange as necessidades das
pessoas e o que há disponível para satisfazê-las.

O principal problema econômico e também o principal objetivo de ajustes econômicos,


trata-se de entender: o que, quanto, quando e para quem produzir. Essas questões
são primordiais para o combate à desigualdade social, que podemos classificar como
sendo a diferença econômica entre grupos distintos em uma sociedade.

Dentre as causas da desigualdade social, podemos destacar a inadequada


distribuição de renda, falha na administração de recursos por parte do Estado, falta
de investimento em saúde, cultura e educação, corrupção e desemprego. Todas
essas razões contribuem para que um país como o Brasil, por exemplo, não seja
capaz de atender as necessidades básicas de boa parte de seu povo.

Neste sentido, definir que a principal preocupação da economia é com a falta de


recursos e com o funcionamento dos mercados, emana-se um amplo material de

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estudo. Inicialmente, este campo de estudo é dividido em duas partes: microeconomia
e macroeconomia.

1.1. Microeconomia x Macroeconomia

Embora descrito nos prefixos de ambas as palavras os termos “micro” e “macro”, que
sugerem que a microeconomia atua em pequenos mercados, enquanto a macro atua
nos grandes mercados, as divergências entre micro e macroeconomia são mais
amplas.

Podemos dizer que, em geral, a microeconomia atua em mercados definidos de forma


específica. Por exemplo, uma análise realizada sobre o mercado imobiliário do Rio de
Janeiro, é uma análise tipicamente microeconômica. Por outro lado, uma análise
relacionada a inflação do Brasil é macroeconômica, já que se refere a análises de um
conjunto de bens e serviços, não de um específico bem ou serviço.

Deste modo, podemos definir microeconomia como sendo o ramo da economia


responsável por buscar entender comportamentos dos consumidores e entidades, e
como é a relação entre eles.

Costumam-se dividir a microeconomia em três teorias:

 Teoria do Consumidor: teoria microeconômica que tem como foco analisar os


fatores que influenciam as decisões de compra dos consumidores e também
como eles se comportam diante das constantes mudanças em seu ambiente.
Seu objetivo é determinar a curva da demanda.
 Teoria da Firma: teoria que estuda os fatores de produção de empresas com
fins lucrativos e seu objetivo é determinar a curva de oferta.
 Teoria da Produção: teoria que estuda o processo de transformação dos bens
adquiridos pelas empresas e transformados em produtos a serem consumidos
no mercado. O objetivo da teoria de produção é determinar as curvas de custo
a serem empregadas nas empresas para melhorar os volumes da oferta.
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Já a macroeconomia, podemos defini-la como sendo o ramo da economia com foco
em estudar a economia de forma global ou regional. A macroeconomia visa o
crescimento, seja ele através do pleno emprego, da estabilidade da inflação ou da
expansão econômica como um todo.

1.2. Custo de Oportunidade

Um dos termos frequentemente utilizados na economia, o custo de oportunidade


representa a relação básica entre escolha e escassez. Tal custo participa diariamente
do nosso cotidiano, em qualquer tomada de decisão, seja ela uma escolha entre beber
refrigerante ou suco, ou até mesmo numa decisão de comprar ou não um terreno.
Podemos dizer, então, que quando um consumidor efetua uma compra de um bem ou
serviço em detrimento de outro, ele incorreu em um custo de oportunidade, já que o
que foi comprado pode satisfazer suas necessidades, porém o que ele deixou de
comprar, também poderia ter lhe dado satisfação e não o fez por conta de sua escolha.

Como exemplo, uma empresa de tecnologia que desenvolve smarthphones incorre


em um custo de oportunidade quando opta por produzir um determinado aparelho e
isso, consequentemente, a obriga a reduzir a produção de outro. No mundo
empresarial, todas as decisões geram consequências impactantes e por isso todo o
cenário deve ser previamente analisado. É importante que sejam levantados os
benefícios da decisão que foi tomada e da que poderia ter sido e, assim, constatar
que a escolha para aquele momento foi a mais apropriada.

1.3. Equilíbrio de Mercado: Lei da Oferta e da Demanda

Lei da oferta e da demanda é um termo utilizado em economia para representar a


relação entre a deliberação de preços e a quantidade dos produtos oferecidos no
mercado. As duas variáveis, a oferta e a demanda, são as responsáveis por propiciar
o funcionamento do mercado.

Quando falamos de oferta, tratamos especificamente da disponibilidade de produtos


ou serviços a serem ofertados pelas empresas e quem a determina são as empresas
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(os vendedores). Seus principais fatores de influência são o preço do produto no
mercado, a tecnologia e os insumos envolvidos na produção.

Por sua vez, a demanda é definida pelo consumidor. Ela é a quantidade de produtos
ou serviços pelos quais os consumidores têm interesse em comprar. Evidentemente,
essa procura será influenciada pelo preço do produto, mas também será motivada
pelo poder aquisitivo das pessoas, a existência de concorrência daquele produto, as
necessidades, entre outros.

A curva de demanda é negativamente inclinada da esquerda para direita. Isso significa


que, quando o preço de determinado produto ou serviço aumenta, a demanda diminui,
enquanto os produtos que têm seu preço reduzido, têm uma demanda maior. Ou seja,
os fatores preço e disponibilidade se alteram conforme um ou outro se movimenta.

No entanto, a finalidade do movimento da curva entre oferta e demanda é o equilíbrio.


Este equilíbrio é alcançado quando todos os consumidores se dispõem a comprar ao
preço estabelecido, além de os produtores estarem dispostos e terem mercadoria
suficiente para vender. A figura a seguir mostrará o ponto exato de equilíbrio entre
oferta e demanda, o ponto “E”.

Fonte: https://br.depositphotos.com/

De modo geral, podemos dizer que no ponto “E”, o preço de um determinado produto
não está muito alto nem muito baixo, agradando a quem compra e também a quem

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produz. Por exemplo, um aparelho de celular vendido a R$ 50,00 pode ser um
excelente negócio para o consumidor, mas pode não ser um bom negócio para o
produtor, por isso a curva entre oferta e demanda não representará equilíbrio. Quando
o negócio for bom para as duas partes, a curva estará equilibrada.

1.4. Elasticidade-Preço da Demanda e da Oferta

Os conceitos de elasticidade são de extrema importância na análise de


comportamento entre oferta e demanda, pois visam mensurar a sensibilidade de uma
variável (ex. demanda) em relação às mudanças de outra variável (ex. preço).

Para calcular a elasticidade-preço da demanda, utilizamos a seguinte fórmula:

Elasticidade-Preço da Demanda = variação % na quantidade demandada


Variação % no preço

Por exemplo: o preço do quilo do arroz subiu 10% enquanto sua demanda diminuiu
20%, temos:

Elasticidade-Preço da Demanda = 20
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Logo, a elasticidade-preço da demanda será = 2. Assim, pode-se dizer que para cada
variação de 1% no preço, a quantidade demandada variará em 2%.

Como exemplo contrário, temos: o preço do arroz era de R$ 20,00 e caiu para R$
16,00 enquanto a demanda saiu de 30 para 39.

Calculando a variação de preço:

Variação do preço do arroz = preço novo – preço antigo


preço antigo
Variação do preço do arroz = 16 – 20
20
Variação do preço do arroz = - 20%

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Calculando a variação da demanda:

Variação da demanda do arroz = demanda nova – demanda antiga


demanda antiga
Variação da demanda do arroz = 39 - 30
30
Variação da demanda do arroz = 30%

Calculando a elasticidade-preço da demanda:

Elasticidade-preço da demanda = 30%


-20%
Elasticidade-preço da demanda = - 1,5

Logo, podemos dizer para cada 1% de variação no preço, a demanda varia em 1,5
vezes. Isto é, se o preço tivesse diminuído 5%, a demanda teria aumentado 7,5%.
Como diminuiu 20%, a demanda aumentou 30% (20% x 1,5).
Podemos dividir a elasticidade em 3 grandes categorias:

 Elástica: quando seu resultado é maior que 1. Quando o preço de um bem ou


serviço se altera em 1%, a quantidade procurada se altera em mais de 1%
 Inelástica: quando o resultado é menor que 1. Quando o preço de um bem ou
serviço se altera em 1%, a quantidade procurada se altera em menos de 1%
 Unitária: quando o resultado é igual a 1. Quando a alteração do preço de um
bem ou serviço não interfere em sua demanda.

Para calcular a elasticidade-preço da oferta, devemos utilizar a seguinte fórmula:

Elasticidade-Preço da Oferta = % variação na quantidade ofertada


% variação no preço

Suponhamos que uma mesa é vendida por R$ 200,00 e, por esse preço, 100 unidades
são ofertadas no mercado. Quando o preço aumenta para R$ 250,00, são ofertadas
150 unidades no mercado. Vamos calcular a sensibilidade dos preços:

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Calculando a variação de preço:

Variação do preço = preço novo – preço antigo


preço antigo
Variação do preço = 250,00 – 200,00
200,00
Variação do preço = 25%

Calculando a variação da oferta:

Variação da oferta = oferta nova – oferta antiga


oferta antiga
Variação da oferta = 150 – 100
100
Variação da oferta = 50%

Calculando a elasticidade-preço da oferta:

Elasticidade-preço da oferta = 50%


25%
Elasticidade-preço da oferta = 2

Neste caso, podemos dizer que, pra cada 1% de aumento no preço, há um aumento
de 2% na quantidade ofertada.

1.5. Conceitos de Inflação e Deflação

Na economia de um país, é comum acontecerem variações nos preços por conta dos
movimentos entre a oferta e a demanda dos seus bens e serviços. Essas variações
são normais devido aos inúmeros fatores que podem influenciar as movimentações
desta curva entre demanda e oferta.

Contudo, quando ocorre o aumento generalizado nos preços de produtos e serviços


de um país, este movimento configura-se como inflação. A inflação significa
exatamente isso, o aumento de forma global dos preços, que pode ser contínuo ou

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ocasional, pode ocorrer durante um período e depois se estagnar, o que pode fazer o
nível dos preços subir de patamar.
A deflação atua de forma inversa a inflação, isto é, ao invés de representar o aumento
dos preços, representa a queda nos preços. Normalmente, pensando de forma
individual, sempre será interessante que o preço do arroz e do feijão, por exemplo,
estejam baixos. Entretanto, as causas da deflação normalmente são promovidas por
maus momentos econômicos do país.

Os preços caem em situações onde sobra mercadoria e falta consumidor com poder
aquisitivo para comprá-la. Como não se consegue vender os produtos como
anteriormente, as empresas se veem obrigadas a reduzir ainda mais os preços.
Consequentemente, com a diminuição dos preços, as empresas precisam manter sua
lucratividade e por isso diminuem sua produtividade e demite os funcionários.

Diante disso, é importante que a administração pública busque o equilíbrio, controle o


desemprego, distribua bem a renda e sempre estimule o crescimento do país.

1.6. A Influência do Câmbio na Inflação

Em um grande país como o Brasil, estão presentes em sua economia bens e serviços
domésticos, ou seja, bens que não são comercializados internacionalmente, e,
também, bens internacionais, isto é, aqueles em que seus preços são formados por
mercados externos.

A equação utilizada para conversão direta do valor do bem internacional para a moeda
brasileira é:

Preço no Exterior (Em moeda estrangeira) x taxa de câmbio (R$/Moeda estrangeira)


= Preço em Reais

O petróleo, por exemplo, tem cotação internacional em dólar e seu preço de venda
praticado no Brasil é idêntico ao seu preço em dólar, multiplicando a taxa de câmbio.
Supondo que em determinado momento a cotação do petróleo seja US$ 30,00 e US$
1,00 equivalha a R$ 3,00, o barril de petróleo custará R$ 90,00. Caso a cotação mude
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de R$ 3,00/US$ para R$ 4,00/US$, o barril passará a custar R$ 120,00, ou seja, um
aumento de R$ 30,00.

Embora, no Brasil, tenhamos diversos bens precificados por moedas estrangeiras,


principalmente pelo dólar, a flutuação cambial não tem uma influência muito relevante,
o que permite ao país adotar o regime de câmbio flutuante1, que não permite que a
inflação seja desestabilizada de forma considerável.

1.7. Flutuação Cambial

O preço é considerado por muitos como a variável mais importante na aquisição de


bens e serviços, seja ela por empresas ou por pessoas físicas. Em especial na
microeconomia, o preço é quem dita as decisões dos consumidores e o planejamento
das companhias. No entanto, quando tratamos de relações comerciais internacionais,
isto é, entre diferentes países, esbarra-se em uma dificuldade: os preços dos bens e
serviços em outros países são estipulados em moedas diferentes da praticada no
Brasil.

Nestas situações, a conversão dos valores em moedas estrangeiras para moeda


nacional é necessária para se achar o real valor de venda daquele bem ou serviço.
Por exemplo, suponhamos que, em uma viagem à Alemanha, um turista brasileiro
deseja adquirir um produto de vestuário que custa € 30,00. No Brasil, há um produto
similar com preço fixado em R$ 100,00. A decisão entre comprar na Alemanha e
comprar no Brasil passará pela conversão entre as moedas, que é o que chamamos
de taxa de câmbio. Se a taxa de conversão for de R$ 3,00 p/ cada € 1,00, podemos
dizer que a camisa na Alemanha custa R$ 90,00 (sem considerarmos nenhum tipo de
encargo sobre a conversão de valores), ou seja, um valor menor do que pagaria se
adquirisse o produto no Brasil.

Portanto, pudemos perceber o quão importante é a taxa de câmbio, já que ela está
presente nas transações do mercado internacional. Entretanto, eis a questão que

1Câmbio Flutuante: Sistema adotado pelo Brasil, onde quem estabelece a taxa de câmbio entre uma
moeda e outra é o mercado, não é uma taxa fixada.
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muito nos perguntamos: o que faz a taxa de câmbio oscilar? Ou melhor, o que faz
uma moeda se valorizar ou desvalorizar ante outra?

Fonte: https://www.shutterstock.com/

Outra vez recaímos sobre a questão da oferta e da demanda, isto é, quanto maior for
o interesse na troca do real pelo dólar, mais caro será o dólar, e vice-versa. Desta
forma, existem diversas razões, internas e externas, que podem fazer o real oscilar
entre subida e queda. Isto vale para qualquer moeda.

Como fator interno, podemos destacar as inúmeras incertezas sobre a perspectiva


econômica do país como um todo, não apenas em âmbito eleitoral. A não realização
das reformas necessárias e a excessiva corrupção andam na contramão do
crescimento. Exemplificando, entre os dias 17/05/2017 e 18/05/2017 a cotação do
dólar fechou, no primeiro dia, a 3,1337 reais e no segundo, 3,43. Essa considerável
oscilação na taxa cambial se dá pois o dia 18/05/2017 coincide com a data em que o,
na época presidente, Michel Temer teve uma conversa comprometedora divulgada.

Em relação às variáveis externas, podemos destacar que há um movimento mundial


para a valorização do dólar perante a moeda de países emergentes como o Brasil.
Outra causa é o aumento dos juros americanos, que tornam os investimentos nos
Estados Unidos mais atrativos e isso impacta o mundo todo, pois perde-se o interesse
por investir em outros países.
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A seguir, faremos um comparativo entre o real e o dólar para facilitar entendimento
sobre a lógica da valorização e da desvalorização de uma moeda frente a outra. Para
isso, utilizaremos a cotação oficial do dólar em 2018, apresentada abaixo:

Mês Compra Variação Venda Variação Mínimo Máximo


01/2018 3,17930 - 0,13410 3,18030 - 0,04046 3,13940 3,25880
02/2018 3,24210 0,06250 3,24280 0,01965 3,16900 3,30230
03/2018 3,29940 0,05730 3,33010 0,01767 3,21050 3,33140
04/2018 3,50290 0,20340 3,50350 0,06163 3,31270 3,50350
05/2018 3,73520 0,23320 3,73670 0,06656 3,52400 3,73960
06/2018 3,87570 0,14060 3,87730 0,03763 3,70650 3,92580
07/2018 3,75280 - 0,12250 3,75480 - 0,03159 3,70220 3,93440
08/2018 4,07140 0,31760 4,07240 0,08459 3,70710 4,14630
09/2018 4,03610 - 0,03530 4,03710 - 0,00867 3,99430 4,19570
10/2018 3,72070 - 0,31440 3,72270 - 0,07788 3,65460 4,01830
11/2018 3,85480 0,13310 3,85580 0,03575 3,69430 3,91750
12/2018 3,87500 0,01990 3,87570 0,00516 3,84230 3,92150

Como podemos ver, em janeiro, quem desejasse comprar 1 dólar utilizando a moeda
brasileira, o real, precisaria desembolsar 3,17930, ao passo que a mesma compra em
dezembro do mesmo ano custaria 3,87500, ou seja, uma variação de 0,69570 reais.
Essa variação nos permite dizer que o real se desvalorizou frente ao dólar, pois em
dezembro precisa de mais reais para se comprar 1 dólar. Além disso, evidentemente,
podemos dizer que o dólar se valorizou frente ao real.

Ainda, a oscilação acima nos permite dizer que a valorização do dólar frente ao
favorece as exportações (vendas) do país. Isto porque, quando o país exporta mais,
recebe como forma de pagamento a moeda estrangeira, que poderá ser utilizada para
pagar as importações, que são as compras feitas pelo país no mercado estrangeiro.

Na hipótese de que tivesse ocorrido o contrário, isto é, em janeiro o dólar custasse R$


3,87500 e em dezembro R$ 3,17930, poderíamos dizer que o real se valorizou frente
ao dólar e que o dólar se desvalorizou frente ao real. Além disso, pode-se dizer que a

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valorização do real frente ao dólar favorece as importações (compras) do país, já que
fará o país comprar mais do que compraria se a cotação do dólar estivesse maior.

Essa movimentação entre exportações e importações é chamada de balança


comercial, que pode ser definida como a combinação entre os bens e serviços que
são exportados e importados por países.

Fonte: http://5gs.com.br/

Para encontrar o saldo da balança fazemos a seguinte conta:

Saldo da Balança = Exportações – Importações

Quando importações são maiores do que exportações, a balança comercial tem um


déficit. Já quando as exportações são maiores do que as importações, tem-se um
superávit.

1.8. Balanço de Pagamentos

O balanço de pagamentos é uma ferramenta contábil de um país que tem como


principal objetivo registrar as transações entre o país e demais países em que há uma
relação comercial.

É um importante instrumento de análise macroeconômica que mede a capacidade do


país comercializar bens e serviços com os demais países, além de auxiliar o Banco
Central do Brasil (BACEN) interferindo no câmbio.

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Podemos estruturar o Balanço de Pagamentos da seguinte maneira:

I – Transações Correntes: nas transações correntes, temos a balança comercial, que


resulta de todas as exportações de bens deduzidas das importações de bens; a
balança de serviços, que resulta das exportações de serviços deduzidas das
importações de serviços; rendimentos primários, resultado da subtração entre receitas
e despesas; as transferências unilaterais, que representam o saldo da diminuição das
transferências recebidas e realizadas para (do) exterior.

II – Transações de Capital: as contas de capital agrupam todas as operações de


capital, que são: investimento estrangeiro direto; empréstimos; financiamentos;
capitais de portfólio.

O resultado das transações correntes é a soma dos resultados de cada uma das
transações correntes. Quando esta soma resulta em valores positivos, podemos
destacar algumas possibilidades (somadas ou não):

1ª – O país exporta mais bens do que importa;


2ª – O país exporta serviços cujos valores são superiores aos importados;
3ª – Tem-se mais fatores produtivos nacionais sendo utilizados fora do país com
valores superiores aos fatores produtivos estrangeiros sendo utilizados no país;
4ª – Quando são registrados recebimentos de doações advindas do exterior maiores
do que as doações remetidas para o exterior.

Portanto, podemos concluir que todas estas possibilidades levam ao entendimento de


que, para que o saldo das transações correntes de um país, seja positivo, ele deverá
estar exportando mais para o exterior do que recebendo. Contudo, neste caso,
existirão menos bens e serviços à disposição do investidor e consumidor doméstico.

Por exemplo: supondo que, em milhões, o PIB dos EUA sejam 100 e que o saldo entre
suas exportações e importações seja de 10 milhões negativos, ainda, que os demais
tipos de transações correntes estejam zerados. Neste caso o saldo do balanço de
pagamentos dos EUA é negativo (o que já acontece há anos). Isso pode significar que

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o nível de consumo e investimento doméstico do país é maior do que sua produção,
isto é, maior do que seu Produto Interno Bruto (PIB).

Desta forma, quando há déficit (resultado negativo) no balanço de pagamentos, o país


está mais apto a investir e crescer sem ter que sacrificar de maneira excessiva o
consumo de sua população. Quando o resultado do balanço de pagamentos é
superavitário, esse comportamento é o inverso, já que o país enviará mais bens ao
exterior do que receberá.

Com o déficit no balanço de pagamentos, os EUA ou qualquer outro país, deverá


financiar esse resultado utilizando o saldo positivo das transações de capital
financeiro, registradas na conta de capital do balanço. Caso não haja saldo positivo,
o país acaba perdendo reservas em divisas internacionais.

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2. INDICADORES ECONÔMICOS

Indicadores econômicos são fatores que objetivam avaliar os níveis de crescimento


econômico de um país. No Brasil, são diversas as pesquisas realizadas com esse
cunho, cada uma com seu método e com sua amostragem. Esses índices podem
consistir em avaliações sobre o país, por exemplo, mas também podem ser avaliações
específicas, sobre empresas, regiões, entre outros.
Nos tópicos seguintes, destacaremos alguns dos índices considerados como os mais
relevantes para a economia.

2.1. Produto Interno Bruto (PIB)

Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno


Bruto (PIB) é um dos principais índices macroeconômicos do país, e tem como
atribuição fundamental medir o desenvolvimento econômico de determinada região.
Seu resultado se dá através da soma de todos os bens e serviços finais produzidos
por uma região em determinado momento.

Analisando o comportamento de uma determinada região, é preciso ressaltar a


diferença entre PIB real e PIB nominal. No caso do PIB real, este é calculado com
base no valor constante dos bens e serviços, de acordo com o ano escolhido. Em
relação ao PIB nominal, seus cálculos são realizados com base no preço atual.

Por isso, torna-se relevante que a composição do PIB seja embasada pelo cálculo
real, onde excluem-se os efeitos advindos da inflação.

A representação gráfica a seguir mostrará as variações anuais do PIB desde o ano de


2000 e nos permitirá enxergar o comportamento do desenvolvimento econômico do
Brasil durante este período.

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Fonte: Dados do site do IBGE. Gráfico elaborado pelo autor.

2.2. Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional


de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) procura mensurar a inflação através da
análise de preços de um conjunto de bens e serviços consumidos pelas famílias do
Brasil no mercado varejista.

Dentre as famílias que participam da contagem do IPCA estão as que residem em


territórios urbanos e que têm uma renda familiar entre 1 e 40 salários mínimos
mensais, seja o recebimento de carteira assinada ou por outro meio.

Já em relação aos bens que compõem o IPCA, estão entre eles: alimentação e
bebidas, artigos de residência, comunicação despesas pessoais, educação habitação,
saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário. Para cada uma das categorias,
há um peso, ou seja, um item é mais relevante do que o outro.

Todos os dados são coletados nas principais regiões metropolitanas do Brasil, tais
como: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador,

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Curitiba, Goiânia e Distrito Federal. Como no peso por categoria, a mesma
segregação é feita por peso de cada região.

Anualmente, o governo federal estabelece os objetivos a serem alcançados durante


os próximos 12 meses. Entre esses objetivos, ressaltamos o mais importante: manter
o equilíbrio inflacionário do país. Para alcançar qualquer objetivo, se traça um plano,
um caminho a ser percorrido. No governo não é diferente, estipula-se uma meta de
inflação anual, ou seja, o máximo de inflação que o país deve ter durante o ano, e
todos os esforços devem ser feitos para que essa meta seja cumprida.

O controle da meta de inflação é feito pelo índice oficialmente escolhido pelo Conselho
Monetário Nacional, o IPCA.

Em 2018, por exemplo, a meta da inflação definida pelo governo foi de 4,5%, tendo
como limite máximo de tolerância 1,5% para mais ou para menos, o que significa que
o governo reconheceria como aceitável uma inflação acumulada entre 3% e 6%. O
resultado da inflação neste período esteve dentro da meta estipulada, 3,75%. Vejamos
a seguir o resultado da inflação ano a ano desde 2000:

Ano Presidente IPCA (Inflação) Meta Teto da Meta


2000 Fernando Henrique 5,97% 6,00% 8,00%
2001 Fernando Henrique 7,67% 4,00% 6,00%
2002 Fernando Henrique 12,53% 3,50% 5,50%
2003 Lula 9,30% 4,00% 6,50%
2004 Lula 7,60% 5,50% 8,00%
2005 Lula 5,69% 4,50% 7,00%
2006 Lula 3,14% 4,50% 6,50%
2007 Lula 4,46% 4,50% 6,50%
2008 Lula 5,90% 4,50% 6,50%
2009 Lula 4,31% 4,50% 6,50%
2010 Lula 5,91% 4,50% 6,50%
2011 Dilma 6,50% 4,50% 6,50%
2012 Dilma 5,84% 4,50% 6,50%
2013 Dilma 5,91% 4,50% 6,50%
2014 Dilma 6,41% 4,50% 6,50%
2015 Dilma 10,67% 4,50% 6,50%
2016 Temer 6,29% 4,50% 6,50%
2017 Temer 2,95% 4,50% 6,00%
21
2018 Temer 3,75% 4,50% 6,00%
Fonte: Dados retirados do site do IBGE. Planilha do autor

2.3. Índice Geral de Preços (IGP)

Diferentemente do IPCA, o IGP é divulgado pela instituição privada Fundação Getúlio


Vargas e, embora não seja o índice oficial de mensuração da inflação do país, é um
indicador de muita credibilidade no meio econômico. O IGP trabalha com duas
modalidades distintas: o IGP-DI (disponibilidade interna) e o IGP-M (do mercado),
ambos possuem objetivos semelhantes, porém metodologias diferentes.

Enquanto o IGP-DI realiza o cálculo da inflação entre os dias 01 e 30 de cada mês, o


IGP-M realiza o mesmo cálculo com parâmetros entre os dias 21 de um mês e 20 do
mês seguinte.

O IGP-DI começou a ser divulgado durante o ano de 1947, apesar de estar disponível
em sua série histórica dados retroativos a 1944. Ao longo do tempo, o IGP-DI integrou
novos componentes a sua composição, são eles: o Índice Nacional de Custo da
Construção (INCC), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice de Preços por
Atacado (IPA). Os três se juntaram ao IGP-DI para agregar detalhes às pesquisas
sobre inflação. Em ordem de relevância, temos:

 IPA – Compõe 60% do IGP-DI e refere-se ao valor adicionado da produção de


bens agropecuários e industriais no comércio;
 IPC – Compõe 30% do IGP-DI e refere-se ao valor adicionado pelo setor
varejista e pelos serviços de consumo;
 INCC – Compõe 10% do IGP-DI e refere-se ao valor adicionado pela indústria
de construção civil.

O surgimento do IGP-DI teria sido devido a um grande período de instabilidade


econômica do Brasil, quando as taxas de inflação eram altíssimas e oscilavam
repentinamente e com certa frequência. Na época, por falta de credibilidade e
confiança nas instituições públicas, era importante a criação de um índice feito por
22
empresa privada, pois assim era possível examinar a veracidade das informações
dadas pelo governo.

Quanto as atribuições do IGP, destacamos:

 Mensurar a evolução de preços;


 Ser um índice de correção de preços nos contratos;
 Ser o índice utilizado para identificar movimentos reais.

Na representação gráfica a seguir, visualizaremos o comportamento do IGP-DI e do


IPCA durante o período de 2000 até 2018.

Comportamento IGP-DI e IPCA

30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
-5%
2011
2006

2010

2014

2018
2000
2001
2002
2003
2004
2005

2007
2008
2009

2012
2013

2015
2016
2017

IGP-DI IPCA

Fonte: Dados retirados dos sites do IBGE e da FGV. Gráfico do autor

2.4. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic)

O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia é um sistema de custódia (guarda)


de títulos públicos federais, bem como a emissão, a compra e a venda de novos
títulos.

23
Fonte: http://5gs.com.br/

A atuação do Selic é especificamente ligada aos títulos do Tesouro Direto, que são
emitidos pelo Tesouro Nacional como uma forma de captação de recursos. Estes
títulos praticamente não contemplam riscos ao investidor que os adquire, já que as
chances de o governo federal não honrar com o compromisso de pagá-los com a
devida correção são ínfimas.

Sabendo que o volume das transações financeiras dos bancos diariamente é


considerável, o Banco Central exige que cada banco encerre o expediente com o caixa
equilibrado. Tal exigência serve para reduzir o volume de moeda em circulação e
ajudar no combate à inflação. No entanto, nem sempre será possível encerrar o dia
com o caixa equilibrado e, por isso, os bancos fazem empréstimos entre si com
garantia em títulos públicos federais. Em cada um desses empréstimos há a incidência
de juros, estes chamados de taxa Selic Overnight.
Por representar um índice utilizado na remuneração entre as instituições financeiras,
a taxa Selic ganhou um papel importante na economia do Brasil: tornou-se a taxa
básica de juros do país, que normalmente é representada em sua forma anual, por
252 dias úteis e é apurada com base nos últimos 12 meses.

Sob outra ótica, a taxa Selic Meta é aquela que sempre ouvimos nos noticiários. É
uma ferramenta importante de controle da inflação e, com base nela que os bancos
determinam a taxa de juros dos empréstimos diários entre eles. Divulgada pelo Comitê
de Política Monetária (Copom) através de reunião de seus membros a cada 45 dias,
a taxa Selic Meta pode ser um fator de estímulo ou enfraquecimento da inflação, isto
24
porque o seu crescimento ajuda a reduzir a inflação, enquanto sua redução facilita o
aumento da inflação.

O consumo das famílias é a base para as oscilações da inflação do país. Quando a


taxa básica de juros da economia está alta, as taxas de cartões de crédito crescem,
de financiamentos imobiliários e de empréstimos pessoais, por exemplo, as famílias
deixam de tomar recursos emprestados e consequentemente deixam de consumir.
Com a diminuição da demanda, a oferta dos bens e serviços cai, juntamente com seus
preços.

Por outro lado, quando a taxa básica de juros da economia está baixa, ocorre a
situação inversa, ou seja, financiamentos imobiliários, de veículos e taxas de cartão
de crédito diminuem, estimulando o consumo das famílias e o inevitável crescimento
dos preços.

Contudo, em situações de alta da taxa Selic, as instituições financeiras terão um custo


maior com juros nas operações interbancárias. Assim, além de os bancos cobrarem
mais para liberar crédito, também remunerarão mais quando os clientes aplicarem
seus recursos em operações de investimento. Portanto, para quem tem recursos
disponíveis para investir, a taxa Selic em alta pode ser um atrativo interessante, já que
o rendimento em operações de renda fixa será melhor. Ao passo que, para quem não
tem disponibilidade de recursos e precisa de dinheiro emprestado, a alta da taxa Selic
é consideravelmente prejudicial.

Vejamos a seguir o resultado das reuniões do Copom entre janeiro de 2013 até
dezembro de 2018:

Data Reunião Selic Meta Data Reunião Selic Meta Data Reunião Selic Meta
12/12/2018 6,50 30/11/2016 13,75 03/12/2014 11,75
31/10/2018 6,50 19/10/2016 14,00 29/10/2014 11,25
19/09/2018 6,50 31/08/2016 14,25 03/09/2014 11,00
01/08/2018 6,50 20/07/2016 14,25 16/07/2014 11,00
20/06/2018 6,50 08/06/2016 14,25 28/05/2014 11,00
16/05/2018 6,50 27/04/2016 14,25 02/04/2014 11,00
21/03/2018 6,50 02/03/2016 14,25 26/02/2014 10,75

25
07/02/2018 6,75 20/01/2016 14,25 15/01/2014 10,50
06/12/2017 7,00 25/11/2015 14,25 27/11/2013 10,00
25/10/2017 7,50 21/10/2015 14,25 09/10/2013 9,50
06/09/2017 8,25 02/09/2015 14,25 28/08/2013 9,00
26/07/2017 9,25 29/07/2015 14,25 10/07/2013 8,50
31/05/2017 10,25 03/06/2015 13,75 29/05/2013 8,00
12/04/2017 11,25 29/04/2015 13,25 17/04/2013 7,50
22/02/2017 12,25 04/03/2015 12,75 06/03/2013 7,25
11/01/2017 13,00 21/01/2015 12,25 16/01/2013 7,25

2.5. Certificado de Depósitos Interbancários (CDI)

Outro indicador que serve de parâmetro para o rendimento de diversos investimentos


no Brasil é o Certificado de Depósitos Interbancários (CDI), que tem como finalidade
ajudar no equilíbrio do fluxo financeiro dos bancos.

A Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP) foi


fundada em 1986 e atua de forma semelhante ao sistema Selic, já demonstrado
anteriormente. O que caracteriza os dois sistemas é seu lastro, um é lastreado em
títulos privados e outro em títulos públicos.

Por isso, a taxa do CDI também se parece com a taxa Selic e seu resultado é alinhado
com o resultado da taxa Selic. O que caracteriza diferença entre as duas taxas é que
a Selic é usada pelo governo para remunerar os bancos em operações de empréstimo
entre eles com garantia em títulos públicos federais, enquanto a taxa CDI é utilizada
nas mesmas operações, porém sem lastro em títulos públicos.

Muito se confunde o CDI com o CDB. De fato, os dois se assemelham, já que ambos
são títulos emitidos pelos bancos com a mesma finalidade: captar recursos. A
diferença é que o CDI é comercializado apenas entre instituições financeiras,
enquanto o CDB é comercializado com outros investidores.

A seguir, veremos o comportamento a taxa do CDI anualmente, desde 2000:

26
Comportamento do CDI

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00
2001
2002

2012
2000

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

2013
2014
2015
2016
2017
2018
2011
CDI

Fonte: Dados retirados do site da CETIP. Gráfico do autor

27
3. PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Inevitavelmente, as finanças fazem parte do dia-a-dia das pessoas físicas, seja no ato
de gerenciar os recursos disponíveis, seja ao solicitar um empréstimo ou até mesmo
realizar investimentos. Em diversas situações, é importante tomar decisões
importantes relacionadas ao dinheiro, em especial, quando faltam recursos
disponíveis.

Por isso, entender de finanças é essencial para que as pessoas possam manter uma
vida financeira saudável, onde os recursos disponíveis são suficientes para cobrir
todos os custos e, ainda há recursos excedentes que podem ser utilizados como
reservas a serem utilizadas para emergências ou para conquistar objetivos futuros.

Tratando-se de empresas especificamente, esse conceito não é diferente. É


imprescindível que os conhecimentos de finanças sejam praticados dentro das
empresas, pois é através destas noções que os gestores estarão aptos a avaliar sua
situação econômica, bem como compreender os níveis de endividamento,
inadimplência, entre outros.

Deste modo, podemos definir a administração financeira como sendo a área de


atuação empresarial onde se procura meios eficazes de planejamento financeiro,
análise de investimentos, administração de fluxo de caixa, análises de empréstimos
para financiar a atividade empresarial, entre outros. Todas essas atividades devem
sempre ser executadas com duas finalidades: desenvolvimento e continuidade. O
desenvolvimento é importante pois o mercado é competitivo e se transforma
rapidamente, por isso as entidades precisam sempre estar atentas ao que acontece
no Brasil e no mundo e buscar aprender e crescer com isso. Em relação à
continuidade, administrar financeiramente uma empresa inevitavelmente recai a
sobrevivência da mesma, isto é, nenhuma empresa é criada com vida útil, todas
precisam sobreviver, ter continuidade, longevidade.

Diante disso, podemos atestar a relevância da administração financeira para as


empresas, seja ela feita de forma individual ou por uma equipe de controladoria capaz

28
para tal. Quando não se faz o uso de técnicas de administração financeira, o dono do
negócio corre o risco de:
 Não saber o saldo de caixa, valor do contas a receber e a pagar ou até mesmo
do estoque;
 Não ter controle diário do seu fluxo de caixa e não poder organizá-lo de maneira
saudável;
 Em situações de sobra de recursos, não saber onde aplicá-la;
 Optar por uma operação de empréstimo mais onerosa do que o normal,
prejudicando a empresa;
 Não estipular os preços com base no que impõe o mercado;
 Não saber a quanto corresponde o patrimônio da empresa;
 Não ter controle sobre a inadimplência.

3.1. O Administrador Financeiro

Fonte: https://www.shutterstock.com/

Um profissional que atua como administrador financeiro terá diversas funções a


exercer em uma empresa. Entretanto, estas funções poderão ser distintas, conforme
demanda cada empresa. Empresas de grande porte, por exemplo, comumente têm
uma equipe gestora de controladoria que faz todo o acompanhamento de mercado e
planeja estrategicamente a usabilidade de recursos da empresa. Já nas empresas de
pequeno porte, muitas vezes as funções do administrador financeiro são realizadas
29
por uma única pessoa, seja um contador, um administrador, um analista financeiro,
ou até mesmo o dono do negócio.

Evidentemente, um administrador financeiro pode ser graduado em Ciências


Contábeis, porém também pode ser formado em Administração de Empresas,
Economia e áreas afins. Entretanto, há uma diferença essencial entre o administrador
financeiro e o contador: o primeiro baseia-se no princípio do regime de caixa, ou seja,
registra como despesa e receita quando da saída e entrada de recursos do caixa,
enquanto o segundo respeita o princípio da competência, onde registra-se receitas e
despesas no ato em que os serviços/compras são prestados/realizados, não apenas
quando sai ou entra recursos do caixa. Por isso, a tendência é que os resultados
encontrados por ambos os profissionais sejam diferentes, já que utilizam metodologias
diferentes.

Podemos destacar também como uma diferença relevante entre as duas profissões o
fato de o contador estar focado em levantar dados financeiros e apresentá-los,
enquanto o administrador financeiro visa avaliar estes dados e, com base neles, tomar
decisão. O administrador financeiro precisa enxergar a empresa de forma ampla,
global e entender como ela se relaciona com o mercado, seu desenvolvimento, sua
concorrência. É através do mercado que o administrador financeiro, por exemplo,
estipulará os preços de seus produtos/serviços disponíveis, independente dos custos
envolvidos na produção e suas tributações.

As áreas essenciais dentro da administração financeira são: controladoria e


tesouraria.

O gerente de controladoria (ou controller) é o profissional responsável por fazer a


gestão econômica, financeira e patrimonial de uma empresa. A controladoria presta
informações financeiras de relevância para a tomada de decisão da direção da
empresa.

Em relação à área de tesouraria, esta é a área da empresa responsável por armazenar


as transações em dinheiro. Outra atribuição de extrema importância da tesouraria é

30
controlar o fluxo de caixa empresarial e, com isso, auxiliar na tomada de decisões
estratégicas.

3.2. Tipos de Sociedades Empresariais

No tópico anterior, notou-se a grande relevância que tem a atuação do administrador


financeiro nas empresas, de modo geral. Em um mundo globalizado, onde tudo se
conecta, é impossível sobreviver no mercado corporativo sem que o dinheiro seja
administrado de forma eficaz. Esse é um dos principais motivos para que, mais de
25% das empresas não sobrevivam aos seus dois primeiros anos de existência, de
acordo com dados estatísticos do Sebrae.

Contudo, entendidos os conceitos sobre a atuação do administrador financeiro, é


preciso compreender de forma mais específica em quais tipos de sociedades
empresariais ele poderá atuar, pois dependendo destes as funções do profissional de
finanças poderão ser diferentes.

Quando há interesse em abrir um negócio próprio, uma das primeiras questões a


serem sanadas é a escolha do tipo de sociedade empresarial daquela entidade. O tipo
de sociedade empresarial indica a atividade econômica da empresa de maneira
organizada e profissional e, um fato relevante é que independente do tipo de empresa,
todas devem sempre visar o lucro/resultado positivo. Nenhuma empresa se sustenta
sem lucro, mesmo que ela seja uma entidade sem fins lucrativos, já que é através do
lucro que a empresa poderá continuar crescendo e honrando com seus
compromissos.

Por fim, os tipos de sociedades empresariais são:

I – Sociedade Simples: é onde se concentram o maior número de empresas, por ser


o modelo mais comum, evidentemente. Normalmente, é utilizada por profissionais
liberais ou prestadores de serviços que atuam em atividades com cunho científico,
intelectual, artístico ou literário. Em geral, seus sócios são profissionais das áreas de
atuação da sociedade. Uma peculiaridade da sociedade simples é que a mesma só é
autorizada a prestar serviços, sendo proibida a comercialização de bens;
31
II – Sociedade em Nome Coletivo: neste tipo de sociedade fica determinado que cada
sócio responderá pelas obrigações financeiras e tributárias. Entretanto, por ter seu
contrato social registrado na junta comercial, neste tipo de sociedade é permitido que
os sócios estabeleçam previamente em contrato as suas responsabilidades.

III – Sociedade em Comandita Simples: os sócios são divididos por categorias, sendo
os comanditados os responsáveis pelas obrigações tributárias e os comanditários que
são responsáveis apenas pelos valores de sua participação no capital social da
empresa;

IV – Sociedade Limitada: neste tipo de sociedade, cada sócio participará de acordo


com a parcela do capital a que tem direito. Obrigatoriamente deve haver mais de um
sócio para que uma sociedade Ltda exista.

V – Sociedade Anônima: é o modelo empresarial mais abrangente, mais complexo,


pois, de modo geral, trata-se de negócios já maturados, bem estabelecidos no
mercado. Nas sociedades anônimas, o capital social não está associado a nomes e a
ações, que são frações do capital, e, no mínimo devem existir 7 diferentes donos das
ações. Neste caso, as atribuições e responsabilidades dependerão do percentual de
participação no capital social da empresa.

VI – Sociedade Comandita por Ações: é uma mistura entre a Comandita Simples e a


Sociedade Anônima, isto é, ainda assim o capital social é dividido por ações mas as
responsabilidades sociais não estão a cargo dos donos das ações e sim de um ou
mais diretores nomeado(s) para exercer esta atribuição.

VII – Sociedade Cooperativa: neste modelo, é exigido que, no mínimo, 20 pessoas


formem a sociedade e permite participação livre de todos os seus cooperados, porém
com seus direitos e responsabilidades sendo respeitados.

32
VIII – Sociedade em conta de Participação: formada por pelo menos 2 participantes,
esta sociedade é exclusiva para atividades comerciais. A sociedade não precisa de
formalização, assim apenas os sócios são afetados pelo contrato.
IX – Sociedade de Advogados: este tipo de sociedade é utilizado por advogados e
deve seguir o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ao
invés de registrar o contrato social da sociedade na junta comercial, esse registro
ocorre na Seccional da OAB de atuação da empresa.

3.3. Governança Corporativa

Com o passar do tempo e a evolução tecnológica, os processos e fluxos de


informações de empresas tornaram-se mais rápidos. Em contrapartida, também
ficaram mais complexos e passaram a influenciar ainda mais no andamento dos
negócios.

Na gestão empresarial, diversos fatores afetam os agentes envolvidos nas decisões


das empresas. Em sociedades com administração coletiva, por exemplo, podem haver
diferentes situações em que um grupo se sente prejudicando por conta da estratégia
traçada ou de uma decisão tomada, mesmo que em conjunto.

Nem sempre os rumos de um negócio serão de agrado de todos os envolvidos. Por


isso, com a intenção de prevenir este tipo de situação, veio a ideia de criação de
normas de conduta e práticas que tornam as organizações mais transparentes. Daí
surgiu o conceito de governança corporativa.

Podemos conceituar a governança corporativa como um conjunto de práticas que


objetivam, de modo geral, melhorar o desempenho da gestão empresarial. Com esse
fim, a governança cria procedimentos técnicos de controle das atividades interna e
externa do negócio, além de criar diferentes ferramentas de compartilhamento de
informações acerca do negócio.

A governança corporativa usualmente é norteada por quatro princípios básicos, que


são:

33
 Transparência: todos os processos e decisões devem ser transmitidos de
maneira coesa e objetiva aos stakeholders (todos os que estão envolvidos com
a empresa).
 Equidade: o conceito de equidade está relacionado ao tratamento igualitário
que deve ser estimulado entre todo o corpo diretivo, de gestores, investidores,
funcionários e demais stakeholders.
 Prestação de Contas: o conceito de prestação de contas, evidentemente, está
ligado à transparência, porém mais do que isso, este conceito é utilizado como
um instrumento que melhora o controle sobre os processos e potencializa o
planejamento estratégico.
 Responsabilidade Corporativa: este conceito estabelece que os envolvidos
conheçam a relevância da atuação da empresa perante à sociedade e entenda
que suas ações têm impacto na imagem que foi construída no mercado.

É compreensível que uma empresa que deseje enraizar a governança corporativa em


sua gestão não consiga fazê-lo apenas baseando-se pelos 4 princípios acima
descritos. Existem diversas práticas que devem ser colocadas a prova e, dentre elas,
podemos destacar a principal: estabelecimento hierarquia de forma clara.

O organograma, que é o instrumento responsável por representar hierarquicamente


os cargos de uma instituição, é variável de empresa para empresa. Não há uma
explicação científica para afirmar qual é o modelo hierárquico mais correto em uma
empresa, mas é imprescindível que todos da instituição o compreendam e saibam a
quem se reportar, saibam identificar os líderes de cada área e entendam como
funciona o fluxo de processos da instituição.

Dentro de diversas práticas para implementação da governança corporativa nas


instituições, podemos destacar o as dimensões dos 8 “Ps”, que serão destrinchados
na sequência:

34
Propriedade Princípios Propósitos Papéis

Pessoas Perenidade Práticas Poder

Propriedade: relaciona-se com a razão de ser da instituição e com os rumos


estratégicos da entidade;

Princípios: relaciona-se aos princípios éticos da instituição, é interessante que os


sócios determinem a hierarquia dos princípios utilizando como base os 4 princípios já
abordados;

Propósitos: relaciona-se ao alinhamento de todos com relação à razão de existir da


empresa, sua visão e missão;

Papéis: é importante que todos compreendam qual o papel de cada um dentro da


instituição. A estrutura deve ser clara e de fácil entendimento;

Poder: neste quesito é fundamental a segregação de autoridade e autoritarismo, onde


um é um líder legítimo, reconhecido pelas pessoas, e o outro é egocêntrico, não sabe
tratar as pessoas, comportamento que não deve existir em empresas com governança
corporativa;

Práticas: relaciona-se à sistematização dos processos, ou seja, toda as decisões e


rumos tomados devem ser embasados em dados integrados;

Perenidade: relaciona-se com a continuidade, longevidade da empresa. Nenhuma


empresa é iniciada com vida útil, e por isso em cima deste conceito os envolvidos
deverão trabalhar para manter a instituição viva;

Pessoas: neste quesito a ideia é mensurar a qualidade dos recursos humanos da


empresa e se atua de forma estratégica ou não.
35
4. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Focadas em melhorar seu desempenho, as empresas cada vez mais buscam adquirir
novos equipamentos, softwares e soluções tecnológicas para as diversas áreas. Com
diversas necessidades, é imprescindível que seja analisada não somente a qualidade
dos ativos a serem comprados, mas também se seus preços são compatíveis com o
orçamento. Por isso, ao longo do tempo foram criadas ferramentas de análise que
facilitam que o profissional de finanças possa verificar as melhores alternativas de
investimentos. Com estes instrumentos, o profissional se habilita a analisar o
rendimento esperado, a ter informações acerca do tempo em que se levará para que
haja retorno ou até mesmo entender se um investimento realizado está dando retorno
ou não.
Não menos importantes do que os métodos de análises, as variáveis que envolvem
um investimento precisam ser compreendidas por todo profissional do ramo.

4.1. Fatores de Decisão

Fonte: https://www.shutterstock.com/

36
Em tomadas de decisão relacionadas a investimentos, é imprescindível que se
conheçam as três principais variáveis impactantes. São elas: Rentabilidade, Liquidez
e Segurança.

4.1.1. Rentabilidade

O primeiro e principal fator que deve ser considerado é, evidentemente, a


rentabilidade (retorno). Afinal, qualquer investimento realizado tem como objetivo
principal capitalizar o dinheiro aplicado, seja em uma operação financeira ou na
aquisição de novas máquinas.
Em aplicações financeiras, por exemplo, todos os fatores decisórios estão
interligados. De modo geral, pode-se dizer que quanto maior o prazo, maior o risco.
Quanto maior o risco, maior a rentabilidade esperada. A liquidez também afeta a
rentabilidade, muitas vezes.

Por exemplo: na compra de um Certificado de Depósitos Bancários (CDB) no valor de


R$ 5.000,00 com prazo de 5 anos, os bancos costumam oferecer menor rentabilidade
para as operações com maior liquidez, ou seja, aquelas que permitem que o investidor
faça o resgate do seu dinheiro de forma mais rápida.

Em operações bancárias, sejam elas empréstimos ou investimentos, o regime de


capitalização utilizado pelas instituições é o de juros compostos. Portanto, para
calcular a rentabilidade sempre deverá ser feito o cálculo dos juros compostos.

Por exemplo: qual o valor de resgate de um investimento de R$ 10.000,00 aplicados


a uma taxa de 1% ao mês após 10 meses?

A fórmula dos juros compostos é:

Montante = Capital x (1 + Taxa de Juros) prazo

Então:

37
Montante = 10.000 x (1 + 0,01) 10
Montante = 10.000 x (1,104622)
Montante = 11.046,22

4.1.2. Liquidez

As pessoas tendem a confundir liquidez com rentabilidade, porém a única semelhança


entre as duas variáveis é o fato de ambas serem de extrema importância no momento
de se optar por um investimento em detrimento de outro.

Evidentemente, sempre será importante a busca pelo melhor investimento. Mas é


comum pensar que o melhor investimento é aquele que nos proporciona o melhor
retorno. No entanto, nem sempre é interessante ter a melhor rentabilidade sem que
seja possível utilizar o dinheiro.

Por isso, o conceito de liquidez pode ser definido como a facilidade de transformar um
ativo em dinheiro. Seu objetivo é mensurar o grau de agilidade com que esse
investimento é convertido em dinheiro sem que haja uma perda significativa de seu
valor.

Para melhor entendimento, veremos a seguir alguns tipos de investimentos e seus


níveis de liquidez:

 Poupança: liquidez alta, pois quando há necessidade de resgatar os valores


existentes na conta poupança, o investidor receberá o dinheiro
instantaneamente.
 Imóveis: liquidez baixa, pois quando se deseja transformar o valor dos imóveis
em dinheiro, o investidor precisa anunciar o imóvel e nem sempre irá encontrar
um comprador disposto a pagar o que se espera receber, isso pode demorar
dias ou meses.
 Ações: em geral, liquidez alta, pois é comum encontrar compradores quando
se deseja vender as ações, exceto quando são papéis que não são usualmente
negociados no mercado, por isso a procura por elas é baixa.

38
 CDB de liquidez diária: liquidez alta, já que neste tipo de investimento é
possível realizar o resgate do valor com seus devidos rendimentos a qualquer
momento;
 CDB a prazo: liquidez baixa, pois neste caso o investidor deverá esperar
chegar no vencimento do investimento para que possa realizar o saque;
 Fundos de Investimentos: liquidez entre média e alta, pois existem diversos
tipos de fundos e cada um tem suas particularidades. Em alguns a liquidez é
imediata, enquanto em outros o saque dos recursos pode levar entre 1 a 4 dias.

4.1.3. Risco

Como pudemos notar nos tópicos anteriores, em decisões sobre investimentos


analisar tudo que envolve as formas de capitalizar o dinheiro é essencial. Como em
tudo na vida, na hora de escolher o melhor investimento, há dois lados que precisam
ser estudados antes de qualquer decisão.

A primeira questão é a que trata de quanto se espera receber e a facilidade em que


se converte esta rentabilidade em disponibilidade para uso. A outra questão é a que
trata dos riscos envolvidos no negócio. Caberá ao investidor definir o grau de risco
que ele estará disposto a assumir para conquistar uma melhor rentabilidade.

Entre os perfis dos investidores, temos:

Perfil Conservador: o perfil pelo qual o investidor está menos disposto a correr
qualquer tipo de riscos. Costuma optar por investimentos como poupança, tesouro
direto, imóveis (aluguéis) e CDBs (rentabilidade baixa);

Perfil Moderado: tem perfil moderado o investidor que aceita parcialmente assumir
riscos. Costuma optar por investimentos como fundos de investimentos
multimercados, debêntures, títulos em geral sem cobertura do fundo garantidor de
crédito (rentabilidade média);

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Perfil Arrojado: o perfil pelo qual o investidor se disponibiliza a fazer apostas que
envolvam um certo risco. Costuma optar por investimentos como ações, fundos de
ações (rentabilidade alta);

Embora, de modo geral, quanto maior o risco mais se espera retorno, não é possível
afirmar que em qualquer investimento de alto risco o investidor terá um retorno maior
do que um de médio ou baixo risco. O que se deve levar em consideração é que a
expectativa de receber é maior, isto porque, um investimento de alto risco como a
compra de ações ou a participação em fundos de ações, normalmente é feito em longo
prazo.

As operações de longo prazo são, obrigatoriamente, mais arriscadas que as de menor


prazo. Isto ocorre, pois quanto maior tempo em que o dinheiro está sob posse da
instituição financeira, maior será o tempo de exposição às mudanças econômicas do
país. Por isso, um investimento que obriga o investidor a resgatá-lo somente após o
prazo de seu vencimento normalmente é mais rentável do que um investimento cuja
liquidez é diária.

Para facilitar o entendimento acerca dos riscos, podemos subdividi-los em 4 tipos


básicos:

Risco de Mercado: é o risco atrelado à economia, ou seja, é o risco de haver alguma


mudança drástica no mercado que pode reduzir consideravelmente o rendimento ou
até mesmo gerar perda. Por exemplo: um investimento em tesouro direto atrelado a
taxa Selic para 5 anos e no primeiro ano a taxa está em 14% a.a, já nos anos seguintes
essa taxa cai para 5% a.a, a rentabilidade diminuirá consideravelmente.

Risco de Crédito: o risco de crédito é o famoso risco do calote, ou o risco de não


receber de volta o dinheiro. Por exemplo: investimento em um título de banco e este
banco quebra e não consegue honrar com a devolução dos valores investidos.

40
Risco de Liquidez: é o risco ligado a dificuldade de conseguir resgatar a aplicação e
seus rendimentos. Por exemplo: em compras de imóveis, nem sempre há
compradores dispostos a pagar o que se pede.

Risco Operacional: é o risco ligado a capacidade de um gestor do seu dinheiro gerar


a rentabilidade esperada. Por exemplo: participações em fundos de ações e o gestor
do fundo não consegue capitalizar o dinheiro como se espera.

4.2. Métodos de Análise

4.2.1. Payback Simples

Fonte:https://www.shutterstock.com/

Payback é o instrumento mais básico e talvez o mais utilizado como forma de analisar
a viabilidade de um investimento. Sua finalidade é calcular o tempo necessário para
se recuperar o investimento inicial realizado e parte do princípio de que quanto maior
for o tempo necessário para se recuperar o dinheiro investido, menor a atratividade
do investimento.

41
Para calcular o payback basta somar os rendimentos esperados periodicamente até
que esse valor acumulado se iguale ou supere o montante investido.

Exemplo de cálculo de payback:


Uma empresa adquire uma nova máquina cujo valor é R$ 100.000,00. Considerando
que, com a compra desta máquina estima-se que seja gerado um fluxo de caixa de
R$ 15.000,00 mensais. O payback deste investimento é:

R$ 15.000,00 + R$ 15.000,00 + R$ 15.000,00 + R$ 15.000,00 + R$ 15.000,00 + R$


15.000,00 + R$ 15.000,00 = R$ 105,000,00
Logo, o total esperado necessário para que o investimento feito seja ressarcido é de
aproximadamente 7 meses.

Outra forma de se achar o resultado é dividindo o total do investimento pelo fluxo de


caixa esperado periodicamente, tal como:
R$ 100.000,00 / R$ 15.000,00 = 6,66 meses

Apesar de ser o método de análise mais comum, o payback por si só é uma


metodologia que não apresenta com exatidão a realidade esperada, já que ele não
considera, por exemplo, taxas de juros, inflação ou até mesmo o custo de
oportunidade. Sua principal desvantagem é justamente essa, não levar em
consideração o valor da moeda com o passar do tempo. Outra desvantagem é a não
prever o crescimento do resultado do fluxo de caixa futuro.

Em relação às vantagens do payback simples, podemos destacar a fácil forma de


cálculo, e também o fato de dar uma razoável ideia acerca dos graus de risco e
liquidez do investimento.

4.2.2. Valor Presente Líquido (VPL)

Outra ferramenta importante na avaliação de projetos de investimentos, é o cálculo do


Valor Presente Líquido (VPL) que, sobretudo, visa trazer a valor presente os
pagamentos futuros, com dedução do custo de capital.

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Sua fórmula de cálculo integra as principais variáveis presentes nos cálculos de
investimentos, que são: o fluxo de caixa, o período de investimento e a taxa de
desconto. Vejamos a seguir como funciona seu cálculo:

VPL = Fluxo de Caixa Período 0 + Fluxo de Caixa Período 1 / (1 + Taxa) (Prazo +1) + Fluxo de
Caixa Período 2 / (1 + Taxa) (Prazo + 2) + ....

Considerando um projeto com duração de 3 anos, com investimento inicial de R$


100.000,00 e um fluxo de caixa futuro anual de R$ 50.000,00 e custo de capital de
6,5% ao ano, teríamos:

VPL = -100.000 + 50.000/(1 + 0,065)1 + 50.000/(1 + 0,065)2 + 50.000/(1 + 0,065)3


VPL = -100.000 + 46.948,36 + 44.082,96 + 41.392,45
VPL = 32.423,77

Em valor nominal, em 3 anos de projeto com os fluxos de caixa projetados a R$


50.000,00 anuais, teríamos um resultado positivo de R$ 50.000,00, tendo em vista
que este valor multiplicado por 3, teríamos R$ 150.000,00. Trazendo os fluxos de caixa
dos 3 anos a valor presente, encontramos o valor total de R$ 132.423,77, ou seja, um
valor real esperado R$ 17.576,23 menor.

4.2.3. Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa de desconto que retorna um Valor Presente
Líquido (VPL) de um investimento igual a zero. De modo geral, a objetivo da TIR é
mensurar o percentual de retorno sobre um investimento.

A TIR é muito importante para analisar casos em que há dúvida entre, por exemplo,
expandir operações em andamento ou criar novas. Neste caso, embora ambas
escolhas possam ser vantajosas para a empresa, a que apresentar a melhor TIR
deverá ser a decisão tomada pela empresa.

O cálculo da TIR tem um grau de complexidade maior do que dos demais métodos e,
assim como os outros, é interessante o entendimento em planilhas excel ou
43
calculadoras financeiras, pois quanto maior for o período abordado, maior o tamanho
do cálculo e a possibilidade de erros. A fórmula da TIR é:

Valor Presente = Valor do Investimento + Fluxo de Caixa Período 1 / (1 + TIR)Prazo 1 + ...


Fluxo de Caixa Período 2 / (1 + TIR)Prazo 2

Utilizaremos como base para fazer os cálculos a seguinte situação: Uma empresa
deseja realizar um projeto cujo investimento inicial necessário é R$ 50.000,00. Estima-
se que ao final de um ano, já tenha sido recuperado o capital aplicado, com um fluxo
de caixa de R$ 55.000,00. Vamos encontrar a Taxa Interna de Retorno deste projeto:
Valor Presente = 0 (sempre zero)
Valor do Investimento = R$ 50.000,00 (iniciar com sinal negativo sempre)
Prazo = 1 ano
Fluxo de Caixa período 1 = R$ 55.000,00

Logo temos:

0 = - 50.000 + 55.000 / (1 + TIR)1


0 = - 50.000(1 + TIR) + 55.000
50.000(1 + TIR) = 55.000
(1 + TIR) = 55.000 / 50.000
(1 + TIR) = 1,10
TIR = 1,10 – 1
TIR = 0,10 ou 10%.

4.2.4. Payback Descontado

Como visto anteriormente, o payback é uma ferramenta importante na avaliação de


riscos de investimentos, que atua sob a lógica de que quanto mais cedo o capital
investido for recuperado mais atraente será o investimento realizado.

Entretanto, o uso do payback simples como base para a tomada de decisões sobre
investimentos é, nem sempre, uma ferramenta consistente, que representa a
realidade. Essa ferramenta gera um embasamento interessante, porém em situações
44
mais complexas é imprescindível que outras análises sejam realizadas para que se
retrate uma realidade futura mais coerente.

Entre os demais métodos de avaliação de investimentos, destacaremos a seguir o


payback descontado, que é a soma do payback simples e do custo de capital. Esta
metodologia visa agregar ao cálculo simples uma variável que pode influenciar
consideravelmente nas decisões, que é a taxa de capital (custo de capital). A inclusão
do custo de capital nos cálculos é relevante pois este evidencia a desvalorização do
dinheiro durante o período do projeto. Afinal, hoje a moeda tem um poder de compra,
em 5 anos o poder de compra não será mais o mesmo.
Para calcular o payback descontado é imprescindível que se conheça o
funcionamento do VPL, que é a razão pela qual os resultados entre os modelos
simples e composto são diferentes.

Hipoteticamente, uma empresa deseja realizar um investimento de R$ 100.000,00 e


segundo seu payback simples, o tempo necessário para que esse capital seja
recuperado é de 3 anos. Em um longo período como esse, a tendência é de que a
moeda tenha uma desvalorização, por conta da inflação do período. Como
consequência disso, os R$ 100.000,00 inicialmente investidos, ao final dos 3 anos,
certamente não terão o mesmo valor que hoje. Se, durante este período, a
desvalorização da moeda for de 25%, o valor que deveria ser resposto ao final dos 3
anos seria de R$ 25.000,00. Chama-se esta diferença de custo de capital.

Vejamos a seguir como funciona o cálculo do payback descontado utilizando o


seguinte exemplo:
Investimento a ser realizado: R$ 100.000,00
Fluxo de caixa futuro anual: R$ 30.000,00
Considerando uma inflação anual de: 6,5%

Inicialmente, para calcular o payback descontado, devemos utilizar o método do VPL


em todos os pagamentos. A fórmula a ser utilizada é a seguinte:

Valor Presente = Valor Futuro / (1 + taxa) prazo

45
Ano 1:

Valor Presente = 30.000,00 / (1 + 6,5%) 1


Valor Presente = 30.000,00 / (1,065) 1
Valor Presente = 28.169,01

Ano 2:

Valor Presente = 30.000,00 / (1 + 6,5%) 2


Valor Presente = 30.000,00 / (1,065) 2
Valor Presente = 26.449,78

Ano 3:

Valor Presente = 30.000,00 / (1 + 6,5%) 3


Valor Presente = 30.000,00 / (1,065) 3
Valor Presente = 24.835,47

Ano 4:

Valor Presente = 30.000,00 / (1 + 6,5%) 4


Valor Presente = 30.000,00 / (1,065) 4
Valor Presente = 23.319,69

Ano 5:

Valor Presente = 30.000,00 / (1 + 6,5%) 5


Valor Presente = 30.000,00 / (1,065) 5
Valor Presente = 21.896,43

Representando estes valores em planilha temos:

46
Ano Fluxo de Caixa Fluxo Descontado Saldo
0 - 100.000,00 - 100.000,00 - 100.000,00
1 30.000,00 28.169,01 - 71.830,99
2 30.000,00 26.449,78 - 45.381,21
3 30.000,00 24.835,47 - 20.545,73
4 30.000,00 23.319,69 2.773,96
5 30.000,00 21.896,43 24.670,38

Conforme levantamento realizado, identificamos que o payback encontra-se entre os


anos 3 e 4. Então, vamos ao cálculo do payback:

Payback = Ano 3 + (Saldo Ano 3 / Fluxo Descontado Ano 4)


Payback = 3 + (20.545,73 / 23.319,69)
Payback = 3 + 0,88
Payback = 3,88

Então, podemos dizer que em 3,88 anos, considerando o custo de capital envolvido
na operação, haverá a recuperação do capital investido.

4.2.5. Break Even Point

Mais uma ferramenta bastante utilizada nas análises financeiras, o Break Even Point
(ponto de equilíbrio) tem como principal função estabelecer o ponto dos negócios em
que há equilíbrio, isto é, não há perda nem ganho. Seu cálculo é realizado para saber
quanto uma empresa precisa arrecadar para que ela consiga bancar sua operação e
seus custos sem que tenha um prejuízo.

A partir do momento em que uma empresa encontra seu ponto de equilíbrio, isso
significa que as despesas e custos se igualam as receitas, o que não representa nem
lucro nem prejuízo para a empresa. Quando seus resultados estiverem acima do
ponto de equilíbrio, estes serão superavitários. Por outro lado, se estes resultados
estiverem abaixo do ponto de equilíbrio, a empresa tem um déficit.

Vejamos a seguir como funciona o cálculo do ponto de equilíbrio:

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Ponto de Equilíbrio = Custos Fixos + Despesas Fixas / Margem de Contribuição

Por exemplo: empresa vende um produto ao preço de R$ 100,00 enquanto para


produzir cada unidade esse produto (custo variável), ela gasta R$ 50,00. Suas
despesas fixas com aluguel, energia elétrica e folha administrativa totalizam R$
20.000,00 mensais. Qual o seu ponto de equilíbrio?

Inicialmente, devemos encontrar a margem de contribuição:

Margem de Contribuição unitária = Custo variável / Valor de Venda

Assim, temos uma margem de contribuição de 50% para cada um dos produtos
produzidos pela empresa. Portanto, agora que temos todas as informações, vamos
aplicar a fórmula do ponto de equilíbrio:

Ponto de Equilíbrio valor = 20.000 / 0,5


Ponto de Equilíbrio valor = 40.000

Este resultado significa que a empresa precisa vender um total de produtos que gerem
uma receita de R$ 40.000,00 para que ela não tenha prejuízo.

Sabendo o valor da receita necessária e também o preço de cada produto, há a


possibilidade de encontrarmos a quantidade de produtos que devem ser vendidos no
mercado ao preço que foi estabelecido para que a empresa chegue ao ponto de
equilíbrio. Vejamos:

Ponto de Equilíbrio quantidade = Ponto de Equilíbrio valor / Preço do produto


Ponto de Equilíbrio quantidade = 40.000 / 100
Ponto de Equilíbrio quantidade = 400

Isto é, 400 unidades precisam ser vendidas a R$ 100,00 para que a empresa equilibre
suas contas, não tenha prejuízo nem lucro.

48
5. TIPOS DE INVESTIMENTOS

No Brasil, existem diversas opções de investimentos para as pessoas físicas ou


jurídicas que desejam crescimento de patrimônio, planejar a aposentadoria, adquirir
um imóvel ou até mesmo poupar para emergências. Embora ainda, em pleno século
XXI, existam muitas pessoas que guardam dinheiro em casa, debaixo do colchão,
essa prática vem sendo extinta ao longo dos anos. Primeiro por conta da questão da
segurança e segundo porque dinheiro parado é dinheiro perdido.

Em geral, os investimentos financeiros no Brasil são intermediados por bancos,


entretanto, existem diversas instituições que trabalham especificamente na
capitalização de dinheiro de seus clientes. É comum que as pessoas tenham o
costume de investir suas economias em ativos com baixo risco, isto é, serem avessas
a operações em que há risco de perda do dinheiro aplicado. Afinal, são essas reservas
que irão garantir um futuro, seja para a aquisição de um novo software da empresa,
seja a faculdade tão sonhada dos filhos ou para a solução de um problema de saúde.

No entanto, existem opções no mercado que podem gerar maiores rentabilidades e,


com um portfólio (carteira) de investimentos diversificado, bem distribuído, as
ameaças e os riscos podem ser minimizados.

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5.1. Benchmark

O benchmark é um termo comumente utilizado no mercado financeiro para indicar


uma referência do mercado para que se acompanhe os resultados obtidos nas
aplicações financeiras realizadas.
No nosso país, existem diversos benchmarks que embasam os investidores em
relação às suas aplicações. Um deles é o CDI, que normalmente está presente no
mercado de renda fixa, justamente por sua semelhança à taxa básica de juros da
economia, ele serve como um parâmetro para que se avalia a performance dos títulos
de renda fixa. Um outro exemplo, que normalmente é o índice mais representativo,
com maior rentabilidade, é o Ibovespa. Este está presente no mercado de renda
variável, então normalmente é utilizado para analisar a performance das ações ou
fundos de ações.

Abordaremos a seguir as principais operações de investimentos, sendo estas


segregadas por dois grandes grupos de títulos: os de renda fixa e os de renda variável.

5.2. Renda Fixa

Os títulos de renda fixa são aqueles pelos quais o rendimento ou o cálculo dos
rendimentos são definidos já na contratação. De modo geral, os ativos de renda fixa
são títulos de dívidas dos bancos, logo, no momento em que o investidor aplica suas
economias, ele está emprestando o seu dinheiro ao banco, por isso ele será
remunerado em troca.

Podemos subdividir os títulos de renda fixa em duas classificações: títulos pré-fixados


e títulos pós-fixados.

 Títulos pré-fixados são aqueles em que, no ato da contratação, são sabidos


os rendimentos futuros, através de uma taxa de retorno mensal/anual ou do
valor final do capital informado.
 Títulos pós-fixados são aqueles indexados a algum índice. No ato da
contratação é sabida a forma de cálculo, porém não é possível saber quanto
irá se receber pelo título por conta das oscilações do indicador.
50
São ativos de renda fixa:

 Certificado de Depósito Bancário (CDB): pode ser pré ou pós-fixado. Incide


IR sobre os rendimentos com base na tabela regressiva. Tem cobertura do
FGC2.
 Títulos públicos Federais: podem ser pré ou pós fixados. Incide IR sobre os
rendimentos com base na tabela regressiva. Têm cobertura do FGC
 Letras de Crédito Imobiliário (LCI): pós fixados. Não há incidência de IR
sobre os rendimentos. Têm cobertura do FGC
 Letras de Crédito do Agronegócio (LCA): pós fixados. Não há incidência de
IR sobre os rendimentos. Têm cobertura do FGC
 Debêntures: pós fixados. Incide IR sobre os rendimentos com base na tabela
regressiva. Não têm cobertura do FGC.
 Poupança: parte pré-fixada (em 0,5% a.m) e parte pós-fixada (+ Taxa
Referencial). Não há incidência de IR sobre os rendimentos. Tem cobertura do
FGC
 Fundos de Investimentos em Renda Fixa: pós fixados. Incide IR sobre os
rendimentos com base na tabela regressiva + taxa administrativa. Têm
cobertura do FGC.

Tabela Regressiva do IR:

Prazo IR (%)
Até 180 dias 22,5%
De 181 até 360 dias 20%
De 361 até 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15%

2 Segundo o BACEN, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sem fins
lucrativos, que administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores, que
permite recuperar os depósitos ou créditos mantidos em instituição financeira, até determinado valor,
em caso de intervenção, de liquidação ou de falência. O total de créditos de cada pessoa contra a
mesma instituição associada, ou contra todas as instituições associadas do mesmo conglomerado
financeiro, será garantido até o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).
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Na grande maioria dos investimentos em renda fixa há a incidência do Imposto sobre
os Rendimentos. A tabela acima demonstra que, o investidor adquira um ativo de
renda fixa com vencimento para 2 anos e ele resgate o seu capital ao final desse
período, terá de pagar 15% de IR sobre o valor acrescido ao seu montante inicial. Se
esse resgate fosse feito com menos de 180 dias, o percentual de imposto seria 22,5%.
Para evitar grandes perdas com o IR, é interessante que as aplicações em renda fixa
durem ao menos 1 ano.

5.3. Renda Variável

Os títulos de renda variável são aqueles ativos pelos quais não se conhece o valor a
ser resgatado no futuro e este valor pode ser igual, maior ou até inferior ao que foi
investido inicialmente. Não são aconselháveis aos investidores com perfis moderados
e conservadores, que não têm tolerância a correr certos tipos de riscos. Entretanto,
são os títulos que têm possibilidades de serem os mais rentáveis do mercado.

São títulos de renda variável:

 Ações: menor fração do capital de uma empresa. Ao adquirir uma ação, o


investidor passa a ser sócio daquela companhia. Está isento de IR o investidor
que vendeu até 20 mil reais no mês em ações. Quando este valor for
ultrapassado há incidência de 15% de imposto.
 Fundos de Ações: tipo de investimento em que o investidor adquire uma
parcela de participação em um fundo, que possui um gestor (PF ou PJ)
especializado no negócio. É ele que escolherá os investimentos a serem feitos.
O investidor somente irá esperar os rendimentos ou perdas. Há incidência de
IR – Alíquota de 15%;
 Câmbio: investimento em troca de moedas de um país por outra.
Normalmente investidores compram dólar e esperam por sua valorização
frente ao real. Não há incidência de IR;
 Opções: o investidor que adquire uma opção está comprando o direito de
comprar ou vender um ativo por um determinado valor. Há incidência de IR –
Alíquota de 15%;

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 Bitcoin: investimento com base na valorização de moeda virtual. Não há
incidência de IR.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2011;

GONÇALVES, Antônio Carlos Pôrto. Economia Aplicada. Rio de Janeiro: FGV, 2010;

GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo:


Pearson, 2009;

SILVA, B.W. Os objetivos da Administração Financeira. Disponível em:


https://administradores.com.br/artigos/objetivos-da-administracao-financeira.
Acessado em: 17/04/2019

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